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Maria Flávia de Monsaraz

COSMOS ORDEM MATRIZ

A Astrologia como linguagem iniciática

Simbólica. Sagrada. Divina.

Reveladora de uma Ordem Maior.

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Portugal experimenta hoje um desabrochar colectivo - tardio na opinião de alguns,
superficial na opinião de outros - para o reconhecimento de disciplinas e linguagens que
aprofundam o contacto com as dimensões superiores do Ser.

Entre estas disciplinas, a Astrologia emerge como uma luz-guia para o auto-
conhecimento, geradora de uma compreensão profunda do significado dos ciclos e da
pulsação universal.

Mais: A Astrologia, enquanto Conhecimento dos Ciclos, convida a uma integração


harmoniosa, progressiva porque no tempo, entre o psiquismo terrestre - realidades em
evolução - e os Arquétipos. Neste sentido a Astrologia contém um potencial
psicoterapêutico poderoso, ao lado de instrumentos como a Psicosíntese ou a Psicologia
Esotérica. Um potencial ainda hoje ignorado.

Por outro lado, uma disciplina fascinante numa época de procura popular estimula a
tendência para o imediatismo e para a improvisação. Começando por existir (e resistir)
como aparente contra-cultura, o contributo de Maria Flávia de Monsaraz representa, hoje,
30 anos de experiência e prática astrológica inquestionáveis mas, principalmente, Maria
Flávia representa um caso ímpar de consciência astrológica.

Dizemos consciência astrológica, não apenas conhecimento, porque a Consciência,


sendo o resultado de uma gradual Conquista de Equilíbrios, de uma gradual harmonia entre
opostos e solução de tensões ocultas, encontra em Maria Flávia uma amadurecida
combinação de intelecto com compaixão, de análise com compromisso, de visão abstraem
com Coração Aberto, enfim, de saber com sentir.

Quem conhece o seu trabalho no Quiron - o Centro Português de Astrologia - sabe que
Maria Flávia é um dos raros seres que transpira naturalmente o ponto essencial entre
erudição e simplicidade, entre precisão conceptual e generosidade emocional, entre
impessoalidade e empatia.

Nos raros astrólogos de vocação sacerdotal, como é o caso, a Astrologia é libertada da


sua patética "condição moderna", que a classifica como um humanismo exótico e menor, e
reassume, perante a civilização, a sua função original dentro da Tradição Primordial:
Iniciação à consciência do Tempo-Qualidade, enunciado rigoroso do Tempo Sagrado,
guardiã de chaves para a Ascensão do Homem, revelada finalmente como instrumento de
reintegraçào cósmica.

Como Maria Flávia de Monsaraz - Sagitário particularmente intenso - elevemos nossas


flechas ao Centro da Via Láctea e saibamos OUSAR, penetrando no fogo libertador.

André
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O que significa um Tema Natal?

O que significa um Tema Natal?

Um Tema, um Horóscopo,
ou um Mapa de Nascimento,
é um registro gráfico da posição relativa
dos Planetas do Sistema Solar
para o ponto da Terra
em que uma pessoa nasce,
no minuto da sua primeira respiração.
Nascemos, e ao nascer respiramos.

A ASTROLOGIA ensina-nos que ao respirar,


não só começamos o nosso Ciclo-de-Vida
sobre a Terra,
como ficamos dentro,
no sentido de participantes
do jogo-de-forças do Universo
onde acabámos de chegar.

Ao nascer obviamente não se dá por isso


e infelizmente ao crescer o comum das pessoas
continua a não saber.
Quer saibam quer não,
do ponto de vista do Universo
isso é irrelevante.

Os Ciclos cumprem-se, as energias inter-agem,


e a cada momento nos condicionam,
estimulam e pressionam para o Futuro.
Futuro que é o nosso Futuro e o do Universo.

Importa pois saber um pouco


que Universo é este.
Que Leis o regem, qual a sua intenção.
Para que a Vida sobre a Terra possa ter
significado e as crises que vamos atrair no
quotidiano possam ser entendidas na sua
verdadeira dimensão.
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Que Universo é este?

Um imenso Campo Unitário


de energia vibratória.

Todo o Universo é energético.


Não há nada que não seja
uma qualquer forma de energia manifestada.
Para haver Energia tem de haver Movimento.
Todo o Movimento resulta de dois pólos,
opostos e complementares, em tensão.

Catorze gerações de Mestres Taoístas,


dos quais os últimos viveram 2.000 anos AC.,
chamaram a estes dois pólos,
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na origem de todas as Leis Universais,
o pólo YANG e o pólo YIN do Mundo.

Definiram o pólo YANG como o Criativo


o expansivo, o masculino.
Luminoso, Diurno,
motor de todo o Movimento.

No Sistema Solar o pólo YANG é o SOL.


Definiram o pólo YIN
como o seu oposto c complementar.

Pólo passivo, acumulativo, receptivo,


nocturno, feminino.
Capaz de captar
a potência do criativo
e de a transformar.
Capaz de gerar uma nova realidade.

No Sistema Solar, o pólo YIN,


o pólo receptivo,
são obviamente os Planetas.

Os Planetas captam a Luz do Sol,


recebem a sua Força, transformam-na
e devolvem ao Sistema uma nova vibração,
a sua aura,
produto da relação do Planeta com o Sol.

Essa aura ou nova vibração energética


emanada pelo Planeta
vai Física e Ciclicamente inter-agir,
passando informação ao Sistema como um Todo.

O Universo é organizado em Sistemas.


Sistemas dentro de Sistemas dentro de Sistemas.
Do Micro ao·Macro-Cosmos.

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COSMOS quer dizer Ordem.

Um Sistema é um Todo Ordenado


composto de Partes
em que as Partes não estão soltas
mas participam na Vida do Todo que as integra.

Um Sistema é um Todo Vibratório,


algo em aberto.
Vem de um Passado,
caminha inexoravelmente
para um Futuro.

No sentido do Macro-Cosmos,
o Sistema Solar gira em torno de um Sistema
mais vasto que se supõe ser o centro da Galáxia,
que por sua vez gira em torno
dum outro Sistema mais vasto ainda.

No sentido do Micro-Cosmos,
os Planetas são Sistemas.
A Terra é igualmente um Sistema
um todo composto de partes em expansão.

O Ser Humano é um Micro-sistema.


É um Todo composto de Partes,
igualmente em expansão.
A cada momento troca informação vibratória
com tudo o que o rodeia.

Os nossos Órgãos são Sistemas.


Trabalham para a totalidade daquilo que somos.
As nossas células são Sistemas
que agem sobre os nossos órgãos.
E assim por diante, até às mais Ínfimas partículas
sub-atômicas.

Os nossos Órgãos como Sistemas que são,


inter-relacionam-se,
agindo sobre um Todo mais vasto
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que somos nós.

LEIS ENERGÉTICAS IMUTÁVEIS


regem toda esta interacção.

A Lei mais antiga,


legada por Hermes Trimegistus
à Tradição Alquímica do Ocidente,
diz o seguinte:

o que está em baixo


é igual ao que está em cima.

É a LEI da CORRESPONDÊNCIA
ou LEI
da SINCRONICIDADE VIBRATÓRIA.

Um Jogo-de-Forças de um Macro-sistema
repete-se rigorosamente
por correspondência vibratória
no Micro-sistema que dele faz parte.

As relações energéticas
são idênticas em qualidade vibratória.
Dos Sistemas Maiores aos Menores.

É a ORDEM CÓSMICA
revelada pela ASTROLOGIA,
na origem de toda a sua informação.

Permite-nos dizer
que ao respirar pela primeira vez,
trazemos para a Vida a relação-energética
que nesse momento se passava no Céu,
referenciada ao lugar da Terra
em que vamos nascer.

Somos o MINI-SISTEMA-SOLAR
do minuto da nossa primeira respiração.
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Qualquer pessoa quando nasce
traz para a Vida,
um jogo de energias
que é idêntico
por correspondência vibratória,
ao que se passava no Céu daquele momento,
para aquele ponto da Terra.

Trazemos contida em nós, algures,


nos registros subtis e misteriosos
do nosso código genético,
toda a inter-relação das forças do Mundo.

O Todo está na Parte.


É a nossa grandeza e dimensão.

O Tema de nascimento é a
expressão e confirmação dessa incrível realidade.
Somos um Micro-Cosmos
definido na hora do nascimento.

Alguém chamou a esta tensão polarizada,


o drama do UNIVERSO.

Somos um Micro-Drama.
À nossa escala repetimos um Drama-Cósmico,
o drama da Luz e da Matéria.

LUZ e MATÉRIA que se atraem,


que se polarizam,
que dão origem aos Ciclos Cósmicos.
Estes por sua vez,
dão origem à Vida sobre a Terra e a todos nós.

A VIDA É MATÉRIA ILUMINADA.

A primeira síntese dos Opostos,


uma nova Realidade.
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A ASTROLOGIA
ensina que há uma Intenção-Inteligente
para as coisas serem o que são.

A essa Intenção-Inteligente
pode chamar-se EVOLUÇÃO.

EVOLUÇÃO significa
transformação qualitativa de energia.
Obriga a uma mutação
da sua frequência vibratória.

A EVOLUÇÃO é, em última análise,


a ascenção da Matéria,
a sua lenta subida para o espírito.

Quanto mais rápida for a sua vibração,


assim a energia se manifesta
de uma forma mais Luminosa,
mais Subtil e mais Inteligente.

Ao nível do Ser Humano,


a Evolução manifesta-se
por uma maior capacidade de entendimento
e auto-expressão.
O que representa uma expansão-de-Consciência.

Tudo são níveis de vibração


que continuamente se inter-comunicam.

Tudo é Energia,
tudo são fenómenos
de relacionamento energético.

O ampliar de uma Consciência Humana


é igualmente um fenómeno
de inter-acção vibratória.

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Ter disto consciência
traduz um salto qualitativo
no Plano Mental.

Irá actualizar uma Nova-Cultura,


a cultura da chamada nova Era
ou Era de AQUÁRIO.

Quando uma Nova Humanidade intuir


que não há Matéria separada do Espírito,
mas apenas dois Pólos Complementares
de uma mesma realidade,
em níveis diferentes de vibração.

Neste sentido, a MATÉRIA


é o suporte vibratório
do ESPÍRITO.

Por um processo evolutivo,


as nossas células podem vibrar
em frequências cada vez mais altas.
O que nos permite progressivamente
inteligir cada-vez-mais o Mundo.

O Universo é direccionado.
Expande-se de um Passado para um Futuro.

O Universo é dividido, polarizado.

A sua Intenção Evolutiva


é unir-o-dividido.

A palavra Universo
quer dizer versus-Uno,
para a UNIDADE.

É algo que os Homens do séc. XX esqueceram.


Terão que relembrar.
Se quiserem inteligir novamente
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o sentido da Vida.

Como podemos nós, à nossa micro-escala,


ir no sentido da UNIDADE,
entrar em Ordem?

Como podemos realizar em nós


esta intensão Evolutiva e Unitária?

Ensina-nos a ASTROLOGIA
que isso é possível,
se resolvermos as tensões contidas
nas quadraturas e oposições,
ou seja, nos aspectos não-harmoniosos
do nosso Tema de nascimento.

Estes aspectos conflituais


vão estar na origem
das circunstâncias críticas do nosso Destino.

Nada nos acontece por acaso.


Trazemos ao nascer um determinado
potencial vibratório,
que através dos ciclos do Tempo
iremos projectar na Vida.

Pela Lei-da-Ressonância,
a frequência que vamos emanar
vai atrair da parte dos outros
uma resposta de frequência complementar:
consonante ou dissonante.

Dessa complementaridade
nascem todos os acontecimentos
da nossa Vida..

Quando um determinado Planeta passa


sobre um ponto sensível da nossa Carta Natal
provoca uni acréscimo de energia.
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Isso chama-se
astrologicamente, um Trânsito.

Sempre que passa um Trânsito


há uma nova Relação-de-Forças
entre o Planeta-em-trânsito e o Planeta transitado.
Se isso activar um ponto do Tema Natal
onde havia um aspecto harmonioso,
a pessoa em causa sente-se bem.
Com mais força, com mais energia.

Se o Trânsito bater num ponto


onde havia ao nascer um Conflito-Potencial,
uma Quadratura ou uma Oposição,
então esse conflito irá emergir
das profundezas da nossa memória,
materializando-se
numa qualquer circunstância difícil
das nossas Vidas.

Circunstância obviamente crítica que


então se manifesta
para que possamos ver e perceber
o que em nós ainda não é harmonioso.

Perante uma qualquer situação crítica


da nossa Vida,
não temos que culpar o Destino,
culpar os outros, nem a nós-próprios.
Devemos apenas perguntar com humildade,
porque e que atraímos o que atraímos.
Esta pessoa, esta determinada situação?

Nada nos acontece que não nos seja


devolvido por ressonância.
De acordo com a qualidade ou não-qualidade
da nossa própria vibração.

A compreensão desta Lei Taoísta,


na origem de todos os relacionamentos
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e de todas as situações, é fundamental.
Se quisermos entender a Vida,
os outros, e nos-propnos.

Posso entrar em empatia com alguém


ou sentir que uma pessoa não me é simpática.
Isso significa que entrei em consonância
ou dissonância
com a Onda da pessoa.

Tudo são ONDAS.


Tudo se comunica por inter-acção vibratória.

Vibrar baixo é exprimir sentimentos pesados


como a Raiva, o Ciúme,
qualquer forma de violência
ou de agressividade.
São sentimentos que nascem do Medo.

O Medo é um vazio energético, não vibra.

Tudo o que nasce do Medo


ainda não é inteligente.

O que não é inteligente vibra baixo,


vibra próximo da Matéria,
a forma mais densa e menos Inteligente
de comportamento energético.

Se vibrarmos baixo e exprimirmos ondas lentas,


não inteligentes, a Vida responde-nos
no mesmo nível vibratório.

Se projectar Violência atraio Violência.


Se projectar agressividade atraio agressividade.
Se projectar indecisão
a Vida fecha-me as portas.
Se projectar desequilíbrio emocional
crio a maior confusão à minha volta.
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Neste sentido dizem os Orientais,
que o Destino
é a consequência das energias
que cada um transporta.

A ASTROLOGIA
ensina-nos que importa vencer os Medos.
Subir frequências de vibração.

Ao subir frequências de vibração


entramos numa Onda mais leve.
Essa Onda vai atrair da parte da Vida
uma outra e mais leve resposta.

Temos poder de mudar o nosso Destino


se nos mudarmos a nós próprios.

Como podemos subir o nosso nível vibratório?

Pela transformação energética que a Vida,


pelas suas crises, nos impõe.

Mudamos ao aceitar
as experiências difíceis do nosso Destino.

É uma Alquimia psicológica.

Aceleramos a nossa vibração,


ao fluir com as dificuldades próprias,
ao saber abrir mão do desejo.
Ao denunciar ilusões, equívocos,
projecções emocionais,
comportamentos obsessivos.
Ao aceitar enfrentar formas de medo
que ainda animam o comportamento
e se exprimem em ondas
de baixa frequência.

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Se nos apercebemos disso e aceitamos
situações impostas pela Vida mas não desejadas,
ficamos menos obsessivos,
menos egocentrados, mais leves.

Se formos no sentido
que esse movimento propõe,
vamos no sentido de um futuro
mais Inteligente,
mais Consciente do Mundo em que vivemos,
ao encontro
da plena expressão da nossa identidade.
Isso é Ser-Livre.
Não há outra Liberdade possível.

LIBERDADE é a fidelidade
à Ordem dinâmica do Universo,
ao seu poder de transformação.
Implica inteligir cada experiência de Vida.
Aprender de experiência em experiência.
Cada momento da nossa Vida é único.
Contém uma informação que só a ele pertence.
A informação que nos irá acrescentar algo
ao conhecimento de nós-próprios,
se a soubermos entender.

Há que aceitar a dinâmica de transformação


que nos é proposta em cada minuto
do nosso dia a dia.

Fazê-lo, é acertar o passo


com a Intenção Inteligente
dos Ciclos do Universo.

Não se evolui quando se quer,


mas quando se pode.

Por vezes devemos esperar


que passe um Trânsito,
que passe um dado Planeta
sobre um ponto sensível
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do Tema de Nascimento.

Esse Planeta vai desencadear


um acréscimo de energia,
que por sua vez vai obrigar
um determinado conflito potencial
a manifestar-se.
É a vivência desse conflito
que nos permite denunciar algo
que em nós ainda não é conforme
à Ordem das coisas.

Não são os Planetas que nos mudam,


mas a capacidade de inteligir as crises
que eles desencadeiam.

Um dia disse a alguém:


"se não se puser em causa
aproveitando a crise desencadeada
por determinado Planeta em quadratura,
o Planeta passa, e você fica, perde
uma oportunidade".

Assim é.
Não vale a pena procurar uma
informação astrológica
se não quisermos conscientemente
participar no nosso processo de transformação.

Sem ser numa perspectiva


de auto-conhecimento,
a Astrologia só pode alimentar Ilusões.
Só pode confundir-nos
ao fazer-nos crer que os Astros
são os únicos responsáveis
pelas situações que vamos atrair.

Os Planetas passam no Tempo certo


e provocam quando da sua passagem,
as crises que nos trazem a oportunidade
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de nos pormos em causa
para que possamos mudar.

Somos livres de aceitar ou não


a mudança que nos sugerem.

Essa é a margem do nosso Livre Arbítrio.

A Astrologia referencia-nos
quanto ao significado de uma dada Crise
e quanto ao Tempo que irá durar.

Esta informação é da maior importância


pois permite-nos,
sem cair em possíveis equívocos,
denunciá-la, integrá-la e finalmente transcendê-la.

Tudo é Movimento,
Transformação,
Evolução.

Transformação Inteligente,
direccionada, VIVA.

A Vida é a essência Unitária


de toda a Evolução.

Nascemos divididos num Universo dividido.

A Vida, pela experiência que proporciona,


permite-nos sair da Divisão-do-Mundo.

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O Universo é Cósmico.

Cosmos quer dizer Ordem.

O que significa que obedece


a Leis energéticas rigorosas.

Há um "vazio", algo falta ao Universo.


Por isso os Pólos se atraem e se afastam.

O Universo é um pulsar.
Uma imensa respiração.

Como somos um Micro-Cosmos,


um Micro-Universo.

Trazemos igualmente para a Vida


um vazio interior,
uma "brecha na Ordem".

Algo que nos falta, algo que ainda não somos.


Algo que devemos vir-a-Ser.

Esse vazio Cósmico


revela-se em termos psíquicos
como uma área de insegurança,
de fragilidade, de carência, de descompensação,
de desadaptação à Vida,
de Imaturidade.

Ensina-nos a Astrologia
que essa área de desconforto
se identifica no Tema de Nascimento
com o Elemento, com o Signo, com a Casa,
onde a Lua se encontra.

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Esse vazio, é um vazio Lunar.

Porquê a Lua?

Porque a Lua é um Planeta Morto.

Não capta, como os outros Planetas,


energia do Sol.
Espelha o Sol, reflecte-o,
mas não é por ele energizada.

A Lua vai pesar sobre a Terra,


sobre toda a água da Terra.

Condiciona os Oceanos,
o movimento das marés.
Condiciona igualmente
a Água do Corpo Humano.

Ao nível do Corpo Humano


a Água capta a memória-do-Sentir.

A Água é o mundo da memória.

Sempre que vivo uma experiência


sinto-a de algum modo.
Esse sentir fica registrado
nas minhas moléculas de Água.
A Água registra, sente,
mas não entende, não sabe dar-sentido.
Guarda na memória,
medos, traumas, inseguranças.
Tudo o que no Passado foi Sentimento.

A Água contém a lembrança


do vivido não-inteligido.
Identifica-se com o Inconsciente.

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A memória da Água
prende às experiências do Passado.

Devemos libertar-nos do peso da memória


que nos prende às experiências do Passado
e nos rouba energia e disponibilidade
para as experiências do Presente.
Há que evaporar essa Água.

Transformar a Água em Ar,


pela acção do Fogo.

É uma Mutação Energética,


uma Alquimia-Psicológica.

ALQUIMIA significa
transformação qualitativa
de Energia.

Quando, pela dinâmica de inter-acção


dos Elementos,
determinada estrutura energética
acelera a sua vibração.
Passa de baixa a mais alta frequência.

O processo Alquímico
é a essência
da experiência psicanalítica.
Nele se cumpre o objectivo
da existência humana.

Jung foi o primeiro que disso se apercebeu.

Importa lembrar que a Psicanálise


nasceu num Tempo Cultural
que não tinha uma visão Cósmica.
Tempo aleanado de uma Visão Unitária
e de uma Ordem Maior.

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A Psicanálise nasceu dissociada
da consciência das Leis Universais.

Não menosprezando a importância da sua


contribuição na evolução da Humanidade,
com tudo o que trouxe de verídico, dinâmico
e revolucionário,
importa no entanto denunciar
que ao afirmar os seus Princípios,
a Psicanálise não se apercebeu
que eles reproduzem à dimensão da Psique,
PADRÕES IMUTÁVEIS
mais vastos
e TransPessoais.

Padrões de comportamento
que revelam Leis Eternas Universais.
Leis que condicionam os Ciclos Cósmicos
sem os quais a própria realidade Psíquica
não poderia sequer existir.

Ciclos que suportam


no Espaço e no Tempo, a
expansão do Universo.

Movimentam toda a realidade.


Dinamizam tudo o que é Vivo.
Revelam a correspondência
do Micro e do Macro-Cosmos.

Somos o resultado
da inter-relação
dos QUATRO ELEMENTOS
que manifestam formas específicas
de Energia Universal.

Somos TERRA:
o nosso Corpo Físico,
a nossa forma de mais pesada vibração.

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Somos ÁGUA:
o Mundo-do-sentir,
o nosso Psiquismo,
esse obscuro e subtil registro interior
que é a Memória.

Somos FOGO:

a nossa capacidade de expansão,


de Identificação,
de intervenção no Mundo.

Somos AR:
o nosso Poder Mental,
a capacidade de pensar,
verbalizar, comunicar, inteligir.

A Memória contida
nas nossas células de Água,
esse mundo de "ausência presente",
identifica-se com a Lua,
com os medos que não resolvemos,
com tudo que ao Passado ainda nos prende:

inseguranças, perdas, carências, nostalgias.


O sub-mundo de sentimentos retidos
e armazenados algures nas nossas células,
que nos reduzem a receptividade
a cada momento de Vida.

Libertar da memória-própria,
não é esquecer o vivido,
mas conscientemente integrá-lo.

Só é possível quando se cria


distância emocional das experiências
que estão na origem dessa memória.
Enquanto não as soubermos inteligir e aceitar
ficamos sempre, de algum modo,
prisioneiros de experiências dolorosas.
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Libertarmo-nos da Memória
é libertarmo-nos do peso Passado
que reduz disponibilidade ao Presente.

Libertar do Passado
não é esquecer esse Passado,
mas dar sentido
ao que anteriormente foi vivido.

Dar sentido,
é situar as experiências passadas
na dinâmica da nossa transformação.
E perceber que, por muito dolorosas
que tenham sido essas experiências,
elas agiram sobre nós.
De algum modo nos transformaram.

Fizeram de nós Seres menos agressivos,


menos ansiosos, mais livres, mais receptivos...

Dar Sentido é aceitar


o Poder Redentor e Alquímico do Sofrimento.

É um Processo Oculto
de transmutação de energia.

Por vezes é difícil, no momento da Crise,


intuir o seu significado.
Só o Tempo o pode revelar.
Quando nos apercebemos
da acção transformadora que teve uma Crise
ou uma experiência de perda na nossa Vida.

Quando nos damos conta


da importância de tal experiência
para o nosso crescimento interior,
só então lhe podemos dar Sentido.

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Ao dar sentido a uma experiência não desejada,
em vez dela nos reduzir, liberta-nos.

Deixa de ser uma situação negativa do Passado,


uma memória dolorosa e presente,
para ser a grande segurança
da experiência vivenciada.
A experiência da Vida.

Quando posso dizer:


Antes não sabia, mas agora já sei.

Esse saber activa urna mudança,


uma outra resposta do Ser à Vida.
Mais capaz, mais segura, mais experimentada.

Porque algo foi vivido.


Algo que fez de mim urna nova Pessoa,
essa que devo-vir-a-Ser.
É uma conquista Evolutiva.
Uma expansão de Consciência.

A expansão da Consciência
como libertação
de prisões emocionais inconscientes
é a essência do dinamismo Psíquico de cada um.

A Astrologia chama-lhe
a relação da Lua e do Sol.

Todos temos uma Lua.


Um lado carente, frágil
e imaturo da personalidade.
Traduz aquilo que ainda não sabemos
de nós próprios.

Por isso, na área onde a nossa Lua natal


se encontra,
sentimo-nos inseguros e desadaptados.
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o Sol num Tema natal é
exactamente o oposto.
Revela o saber de mim próprio,
o que já conquistei para mim.
A área onde o Sol se encontra
é onde já sei quem sou.

Onde me identifico comigo.


Onde exprimo uma energia que me define.
Onde posso ser Eu.
Onde afirmo a minha Vontade,
a minha Identidade,
o meu poder de realização.

O Sol simboliza a Consciência.


A Lua, o Inconsciente.

A Lua identifica-se
com aquilo que os antigos chamavam
Alma inferior
ou o vazio da Alma.

O Sol identifica-se
com o que sempre se chamou
Consciência.

A Consciência,
é a capacidade
de nos inteligirmos a nós próprios
e ao Mundo.

A Matéria e o Espírito
polarizam-se, são complementares.

A Alma inferior, ou Lua,


é o vazio psíquico
entre o Espírito e a Matéria.

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A Alma inferior, ou Lua, é O que me falta,
e por isso me possibilita ser receptivo
e atrair as experiências de Vida
na Matéria.

A ALMA é a forma própria


de receber o MUNDO.

Ao nível individual,
ESPÍRITO incarnado,
pode identificar-se
com a progressiva expansão da Consciência.

A Consciência que vou tendo de quem Sou,


através da receptividade Lunar.
Pela experiência
que essa receptividade me proporciona.

Somos
Espírito, Alma e Matéria.

O Espírito revela-se na Matéria pela Luz,


a Luz da Consciência.

Sempre que o Inconsciente é Iluminado.

Somos uma Eterna Respiração.


Algo dividido,
expressão de um Micro-Universo
personalizado.

Temos que aceitar essa divisão


e saber fluir com os dois pólos
da nossa personalidade.

Só assim nos podemos


verdadeiramente conhecer e encontrar.

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As pessoas julgam que se conhecem
quando afirmam
uma determinada auto-imagem
que criaram para si próprias.

Identificam-se, na maioria dos casos,


com o seu Sol natal,
com a área da sua Consciência.

Acham que são o que afirmam de Si,


mas esquecem o vazio Lunar
que também as habita.

Desconhecem a sua Lua própria:


essa área de medo, imaturidade e desconforto
que também são.

A Astrologia ensina
que não somos apenas o nosso Sol
ou a nossa Lua,
mas algo em movimento
da Lua para o Sol.

Algo dinâmico,
entre aquilo que não sabemos de nos próprios
e aquilo que, com a experiência
que o Tempo nos proporciona,
progressivamente conquistamos
à nossa Lua Ancestral.

"Brecha Cósmica"
que nos habita e que se desvanece
à medida que os medos se vão vencendo.

O movimento Cósmico e psíquico


da-Lua-para-o-Sol
é quotidiano, permanente.
Cada minuto de vida
tem poder de acrescentar alguma coisa
a essa compreensão.
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Quando um Planeta, na sua relação com o Sol,
volta ao mesmo ponto,
o Sistema Solar como um Todo já avançou.
O mesmo ponto, nunca é o mesmo ponto.
No Universo tudo se repete
sem nunca nada se repetir.

De igual modo,
cada minuto da Vida é único
e jamais se repete.

Se estivermos aqui amanhã, ou daqui a um mês,


já não somos as mesmas pessoas.
Outras coisas nos aconteceram,
já houve situações que nos mudaram.
Nada volta a ser igual.
Por isso há que estar muito atentos
e disponíveis em cada minuto de vida.
Para que ele nos revele a informação
que contém.
Essa que só aquele minuto nos pode trazer,
aqui e agora.
Experiência que só aquele momento
nos pode ensinar.

Quem não estiver atento e disponível,


perde a Vida.
As experiências passam, sem sentido.
Sem resolver aquilo que supostamente
deveria ter sido resolvido.

O nosso Psiquismo
é esse movimento Cósmico entre a
Personalidade, a Alma e o Espírito
que a ilumina.

Entre a Lua e o Sol.


Entre o Inconsciente e o Consciente.

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O Espírito é a Luz
que permite a passagem
do Inconsciente para a Consciência.

Na primeira etapa da existência,


este processo ainda é desconhecido.
Chegar à sua compreensão
é já uma conquista da Personalidade.

Assim, numa primeira fase da Vida,


porque me sinto carente,
insegura, descompensada,
vou procurar atrair experiências
que me devolvam segurança.

A Terra é o palco,
o território onde essas experiências
me acontecem.

Nesta fase, o vazio Lunar ainda domina a Vida.


Então o Sol,
o que já conquistei como Consciência,
vai tentar perceber a razão da experiência,
iluminar a Lua.

Vai procurar entender


que medo ou insatisfação existia em mim,
que me levou a atrair aquela pessoa
ou aquela situação.
Vai denunciar a imaturidade
que deu origem a determinada situação.

Sempre que o Sol percebe a Lua,


reduz a "brecha lunar",
e amplia a capacidade de entendimento.

Esta é a dinâmica psíquica


que suporta
a Evolução da Humanidade.

30
A razão que nos fez nascer,
o objectivo básico da nossa existência,
é resolvermos totalmente
a nossa Lua particular.

Até chegar ao ponto


em que não há mais medo,
nem mais insegurança interior.
Quando a motivação dos nossos actos
já não é o mal-estar,
mas uma total adesão à Vida
onde já se exprime a alegria de viver.

Quando a Alma,
enfim pacificada,
irradia o Espírito
que a anima.

A Consciência
é a grande conquista de Liberdade
em relação à Vida.

A medida que a Lua se vai resolvendo,


o Sol vai-se expandindo.

Numa primeira fase


todos temos tendência a fugir da Lua.
Porque não a conhecemos,
não sabemos sequer que ela existe.
Não nos foi dito
que ela pede uma reconciliação.

Assim, procuramos fugir.


Através do desejo, de dependências emocionais,
de formas de poder,
de atitudes de afirmação pessoal.
Numa tentativa inconsciente de superar
essa insegurança básica que nos condiciona.

O sentimento de posse
31
é igualmente
uma ilusória forma de compensação.

Há sempre um dia
em que a Vida nos obriga a parar.
O dia em que não podemos fugir mais.

Há sempre um momento
em que algo ou alguém nos tira o tapete
dessa ilusória segurança.
Então, somos finalmente
obrigados a enfrentar o medo
de que há tanto Tempo fugiamos.

Caímos desamparados nessa Lua carente,


o vazio existencial da nossa Alma.

Alguém escreveu um livro chamado


"Voyage au Bout de la Nuit",
Viagem ao Fim da Noite.

Assim se pode igualmente chamar


a grande Viagem Cósmica,
a tão assustadora e tão Íntima Viagem Interior.
Ela é o inicio do Processo Alquímico.

O Processo interior, sub til e biológico


onde se invertem polaridades.

Quando a Personalidade passa de activa,


animada pelas energias da Terra,
a passiva e receptiva,
animada pela Luz da Alma,
pelo Espírito do Céu.

O Céu,
que até aí era passivo,
torna-se activo.
Inspira, Guia, Ilumina.
32
O que é muito extraordinário e misterioso,
é que ao chegar a esse fundo de não existência,
descobrimos que existimos em plenitude.

No fundo do não-Ser, o Ser revela-se.

Quando se aceita abrir mão da auto-defesa,


ao aceitar não sermos nada,
nesse momento,
é como se a evidência da Vida-em-nós
nos revelasse o seu poder
e nos fizesse sentir
que somos Vida
que Ser Vida é Ser tudo.

Ser Vida é estar presente na Eternidade.

É ter plena Consciência


da Eternidade que nos habita.

SER VIDA É SER ETERNO.

Quando se aceita atravessar a Morte,


a Vida sempre emerge Plena,
como Força Interior Incondicional.
É um novo Nascimento.

O Medo não tem mais poder sobre a Alma.

A Vida então situa-nos na totalidade do Ser,


indefeso e totalmente pacificado.

Revela a sua Sacralidade,


o seu poder Unitário.

O Mundo continua conflitual e dividido.

33
Nós não.

O conflito básico do comum das pessoas


é não amar a Vida.
Querem que a Vida seja
o que gostariam que a Vida fosse.
Para o comum das pessoas,
a Vida é uma guerra, uma permanente tensão,
uma luta pela auto-afirmação.
As pessoas não aceitam
incondicionalmente a Vida.

Não aceitando a Vida,


não se acertam a si próprias,
não se amam.
Como não se amam,
não podem amar os outros.

É um impasse.
Vivem de desejo em desejo,
a querer que as coisas
lhes dêem respostas impossíveis,
pois o que procuram não vem de fora para
dentro mas de dentro para fora.

O verdadeiro Mundo é Interior.


Fora, é uma espécie de palco
onde se vai ganhar experiência,
mas Tudo se passa no Mundo do Sentir
do Pensar Maior,
o Mundo da Alma.

Quem não souber fluir bem


com o que dentro sente,
com o Mundo-da-Alma,
com o bem estar ou o mal estar
daquilo que dentro habita,
quem não se souber resolver a esse nível,
não pode ser feliz.
De ilusão em ilusão procura sem encontrar.

34
A Astrologia ensina-nos
que enfrentar o vazio da Lua,
ir ao Fundo-da-Alma,
não é quando se quer mas quando se pode.

Quando as condições Cósmicas


do nosso Destino
assim o proporcionam.

Trânsitos, Quadraturas

ou Oposições específicas,
dizem-nos qual o momento
de nos confrontarmos com a Lua.
Aí, percebemos que não há mais por onde fugir.
Fugir, no sentido de querer resolver
insegurança,
em áreas onde não pode ser resolvida.

Ninguém nos resolve a carência da Alma.

Há sempre um momento
em que o Destino nos diz que é a altura
de atravessar essa "brecha cósmica".
Quando o Ego se rende.
Quando pára os mecanismos de defesa.

Enquanto nos projectamos na Vida


com esquemas de auto-protecção e defesa
não estamos ainda a viver mas a sobreviver.

Dizia o Buda,
que nascemos e morremos
em cada minuto de Vida.

Cada minuto é único, não volta jamais.


Temos sempre de largar alguma coisa
desse minuto que nunca mais virá,
para estarmos receptivos
ao minuto seguinte,
35
que nos traz sempre algo de novo.

Há que saber fluir com a Morte.


Ou seja, aceitar perder.

Largar o Passado,
abrir mão de posses, de coisas ou de pessoas,
que não são mais criativas no Presente.

Deixar o que já não nos ensina.


Só então fluímos em Movimento Evolutivo
vamos no sentido da Liberdade.

Ser livre é fazer "surf" com a Vida.


Ir na onda,
deixar que a onda nos leve à praia...
Sem nos querermos agarrar.

Há o momento
em que a Vida nos obriga a optar.
Se optarmos pela segurança,
contra o risco de um destino mais livre
optamos por uma defesa saturnina
que nos toma rígidos e cristalizados.

Toda a defesa excessiva


nos faz perder o Movimento,
perder o sentido da Evolução.

Viver obriga-nos a correr riscos.


O risco, quando vivido
no Momento Cósmico certo,
tem sempre um potencial de Criatividade,
de descoberta, de acréscimo de Consciência.

Há que não ter medo de estar em movimento.


Mesmo que esse movimento
nos obrigue a largar situações
que aparentemente nos davam uma ilusão
36
de estabilidade.

A relação da Lua e do Sol


repetem à escala individual
o Drama do Universo.

Enquanto não aceitarmos viver


esse Drama, essa divisão,
e não nos apercebermos que a partir da divisão
pode nascer um dia a Unidade,
essa identificação do Ser
com o em-si Absoluto, Divino, Uno,
não iremos nunca intuir o Sentido da Vida,
nem a razão porque nascemos.

O Sentido último da Vida


é simbolizado pela seta do Sagitário.
A seta que liga a Terra ao Céu.

Quando o Ser perde o medo.


Quando aceita o Vazio Primordial
e se rende interiormente à Unidade.

Tendo em conta que o Universo é dividido,


produto da tensão
de dois Pólos Complementares,
a Luz e a Matéria,
a primeira célula viva pode considerar-se
a Matéria Iluminada.

A Vida na Matéria
é a Matéria onde vibra a Luz do Sol.

A VIDA
é a primeira síntese dos opostos.

A Vida é algo único,


milagroso.
Inicia sobre o Planeta
37
uma outra Etapa da Evolução.

Com a Vida
as energias começam a subir
da Terra para o Céu.
Num contínuo acelerar e subtilizar
Das suas frequências de vibração,
Numa Imensa Espiral Ascendente
de retorno à Unidade.

Vida, através da Matéria,


cumpre um lento e doloroso
percurso de Ascensão.
Pela progressiva complexidade
da própria Matéria
que actua como Suporte Vibratório da Vida
que a anima.

Assim, a Vida manifesta-se na Terra.


Já presente no Reino Vegetal,
no Reino Animal,
mais subtil que a natureza Vegetal,
e finalmente, através de profundas mutações
ao longo dos séculos, ,
a Vida chega ao Homem,
ou dizendo melhor, o Homem chega à Vida.

O Homem é, sobre o Planeta,


a etapa mais evoluída da Vida na Matéria.
Há, com ele, um "salto qualitativo".

O Homem tem como função Cósmica


Unir a Terra ao Céu.
Como Homem
surge algo misteriosíssimo,
luminoso,
Divino.
Uma altíssima- frequência-dc-vibração
a que chamamos auto-Consciência.

38
A auto-Consciência é O poder de percepção
de um Eu autónomo e Inteligente,
capaz de se desdobrar,
em observador e observado.

A Consciência é a conquista do Eu
sobre o em-Si,
com poder de se pensar-a-si-próprio.

Ao ganhar Consciência
daquilo que nos era Inconsciente
actualizarnos a nossa Evolução.

A Mente como Gérmen de Inteligência


já se encontra na primeira Célula Viva.
Há algo Inteligente nas Plantas,
há obviamente algo Inteligente nos Animais.

No entanto os animais
ainda não são individualizados e criativos.
Ainda não possuem
a Consciência de si mesmos.
Não se pensam a si-próprios.
Não podem, como o Ser Humano,
acrescentar ao Mundo
a expressão do seu olhar único
sobre as coisas.

A auto-Consciência é própria do Homem,


revela a sua maior Dimensão.
Situa-o entre o Céu e a Terra.
Ponte Cósmica entre o Animal e o Divino.
Entre o Instinto e o Espírito.

A Consciência
é um dos Pólos do Psiquismo Humano.
O outro Pólo é obviamente o Inconsciente.

Em Astrologia
a Consciência identifica-se com o Sol.
39
O Inconsciente com a Lua.

Da sua inter-relação surge o Movimento


que suporta a Evolução da Personalidade,
ao encontro da Alma.

Assim, a Consciência é dinâmica,


amplia-se no Tempo.

Sempre que se vence um medo


e se denuncia o que de si até então se ignorava,
o Inconsciente revela-se à Consciência,
o Sol ilumina a Lua.

A auto-Consciência
é uma Alta Vibração presente na Matéria.

Afirma no Mundo da Matéria


uma Dimensão Imaterial.

No Projecto Evolutivo do Universo,


a Consciência Humana aparece
como o Terceiro termo do Conflito Cósmico.
Frequência vibratória com poder
de dar sentido à divisão-do-Mundo,
significado
a forças e energias aparentemente contrárias.
Só então as integra numa Nova Síntese
e assim as unifica.

Conhecer é sempre
ir além-do-conflito.
Denunciá-lo, dar-lhe sentido.

Ensina a Tradição Esotérica


que a Humanidade evolui
segundo o quarto raio da Criação
que se define
como a Harmonia através do Conflito.
40
Não devemos rejeitar os conflitos
do nosso Destino.
Ouso dizer que devemos amá-los,
pois só eles viabilizam a nossa transformação.

41
O Processo Evolutivo é Conflitual.

Os Conflitos estão na origem


do nosso crescimento Interior
e de toda a Evolução.

Quando finalmente se consegue dar sentido


a situações emocionalmente contraditórias,
a Consciência amplia-se,
ao perceber porque é que as coisas acontecem.

As Crises da nossa vida


são sempre
oportunidades de auto-Conhecimento.

A Consciência e a Mente
exprimem-se pela Palavra.

Podem exprimir-se também


em formas, plásticas e outras,
mas a Palavra é "a forma mais directa
e imediata de Expressão Mental.

Na Bíblia, a primeira frase do Génesis diz:


"No princípio era o Verbo e o Verbo era Deus"

A Palavra é Misteriosíssima.
A Palavra é Invisível, Oculta.
A Palavra não pertence
ao Mundo-da-Matéria,
nem ao Mundo do Instinto.

No entanto a Palavra é poderosíssima.


A Palavra acorda as Consciências,
une ou desune os Homens.
Tem Poder de construir a História,
de criar ou destruir Impérios,
42
quando mal utilizada.

Neste Mundo dividido de Luz e de Matéria,


a Palavra revela a presença
de algo Inteligente e Imaterial.

"O Pensamento
é a pura energia divina"

43
Entre o CÉU·e a TERRA, o HOMEM.

Assim os Mestres chineses sempre o situaram.


Intermediário entre Forças contrárias.
Entre duas Dimensões.

O HOMEM,
Ser-Cósmico,
entidade onde coabitam
dois níveis limite de Frequência Vibratória:

o Corpo,
a Matéria, que o prende à Terra
e ao passado da Terra,
e o Espírito,
a Consciência, que lhe permite
pela denúncia dos seus próprios medos,
libertar-se da Matéria
e do peso do seu passado ancestral.

Movimento-Interior-de- Transformação,
encaminha-o
para formas cada vez mais Subtis
de entendimento-de-Si e do Mundo.

A CONSCIÊNCIA aparece como a obra


de um grande Laboratório Alquímico
de Transformação energética.

Onde cada um vai subir o seu nível vibratório


e passar para áreas cada vez mais libertas
da acção redutora de um Passado
não-Inteligido.

Passado próximo ou distante.


Passado familiar, os Medos da Personalidade,
ou Passado Remoto, Ancestral,
a nossa mais Antiga Memória.
44
Os primeiros Homens,
já dotados de Palavra,
ainda se projectavam de uma forma instintiva
e agressiva no Mundo.
Animados por uma grande carga de violência,
ainda os habitava um nível de Consciência
muito limitado.
Eram Homens Primitivos.

Esses Homens Primitivos,


podem situar-se na Pré-História
ou em qualquer outro momento do Tempo.
Podem ser árabes, americanos,
podem passar por nós na rua...

Sempre que um Homem


se projecta violentamente
contra outro Homem,
é Primitivo.
Prisioneiro de pulsões irracionais,
condicionado pelo Medo e pela insegurança.

Entre esse Homem-Primitivo o Ser-Iluminado


vai uma imensa e lentíssima etapa de ascensão:

Da Violência para a não-Violência.


Da não-Liberdade,
quem projecta Violência não é Livre,
para a Liberdade.
Da não-Inteligência para a Inteligência.
Da desunião,
quem agride desune,
para a União.

Universo,
igual a Versus-Uno,
para a Unidade.

É a Intenção Inteligente
45
presente no sentido da Vida.

O Ser Iluminado
é aquele que harmonizou todos os seus conflitos.
Subiu de tal modo
a onda interior das suas células,
que o seu corpo vibra na Luz
em ressonância com a Unidade da Vida.

O Iluminado é alguém que já saiu


da divisão-do-Mundo.

AMAR É UNIR.

A Mente não chega


para Unir-o-EU-aos-outros.
O Corpo não chega igualmente.
Só a emoção de Amor tem o poder de Unir.

A Iluminação
é o estádio último da Evolução do Homem
sobre o Planeta.

Algo nos falta.


Todos sentimos a dor
do nosso Eu solitário e separado d
e um Todo de que somos parte.

Num estado último de Evolução,


ascendemos à Consciência desse Todo
como sendo nós-próprios.

A Grande Viagem que é a subida das Energias,


do Homem primitivo ao Ser Iluminado.

É o Projecto Crístico da Humanidade.

Todos nela participamos.


46
Todos nascemos "programados"
num mesmo Plano Cósmico.

Todos trazemos algures,


nos nossos mais antigos registros de Memória,
uma mesma Intenção Evolutiva.
Uma idêntica carência ancestral.
Um mesmo apelo de Absoluto.

A Astrologia revela e torna evidente


esta afirmação.

Trazemos todos algo desse Homem Primitivo


ainda por resolver.
Um longo cortejo de fantasmas, Medos,
violência, obsessões.
Ainda que o não saibamos,
todos caminhamos para um Fim Colectivo.

Chama-nos a todos um apelo de Amor,


uma fusão emocional libertadora.

Só é possível desfazer o Nó Existencial


que separa o Eu dos outros
pela aprendizagem do Amor.
Pela Identificação-Amorosa
com cada vez maior número de pessoas,
coisas e situações.

O Amor aparece como a única vibração


capaz de libertar o Homem
da sua Solidão-Interior.

Nascemos divididos.
A alegria de Amar
é a alegria de retorno à Unidade.

Quando nos identificamos


com aquilo que amamos,
47
vivemos um sentimento de expansão do Eu.

Ao Amar, cada um sai verdadeiramente de Si.


Liberta o seu Eu-separado.
Acaba energeticamente unido
àquilo que ama.

o Amor é a expressão da Lei Cósmica


de Unidade.

Ensina a Tradição Esotérica


que o Sistema Solar corresponde
ao segundo Raio da Criação,
O Amor-Sabedoria.

ALEI DO AMOR
REGE A INTENÇÃO UNITÁRIA
DO MUNDO.

Quanto mais pontes de União


se tecem,
mais o Eu se expande e se liberta.
Mais está com os outros,
mais está bem, neste Mundo.

Amplia a Vida,
vive o encantamento de estar vivo.
Intui a Verdade da Existência.

A Mente só por si, a Vibração Mental,


não tem poder de Unir.

O que une é o Coração.


A emoção que só o coração sabe exprimir.
Podem pensar-se incríveis coisas,
ter-se muita informação, saber comunicá-la,
mas, sem a vibração do coração,
permanece-se solitário, separado,
enclausurado no sentir,
48
fechado numa privacidade interior.

A emoção de Amor
nasce de um Centro vibratório,
o CHAKRA DO CORAÇÃO.

Situado no centro do peito,


o Chakra do Coração,
quando abre, harmoniza
e unifica as energias do Ser.

O Coração liga dois Mundos:

o Mundo da Sobrevivência,
do Instinto, da carência, do Medo, do desejo,
e o Mundo da Percepção,
das Ideias, da compreensão, do entendimento.

Por isso o Chakra do Coração


é simbolizado pela Estrela de seis pontas,
a Estrela de Salomão:
o triângulo inferior
e o triângulo Superior
harmoniosamente interlaçados.

O triângulo inferior, de vértice para cima,


simboliza as forças que vêm da Terra.
O triângulo Superior, de vértice para baixo,
simboliza as forças que vêm do Céu.

No Coração, ambas se encontram,


em equilíbrio.

Quando algo em nós se defende,


não abrimos o Coração.
O Eu permanece dividido.
Com áreas Instintivas e áreas Mentais
dissociadas do verdadeiro sentir da Alma.

49
Algo então nos falta.
Há um vazio emocional,
que alimenta uma dualidade psíquica.
As pessoas vivem numa tensão esquizóide.

A cultura do Ocidente,
tal como o séc. XX a traduz,
tende a criar nos Seres Humanos essa divisão.
Não valoriza o Amor,
o encantamento, a Emoção.

As pessoas tornam-se hiper-críticas,


dominadas pela Razão, pelo Mental Inferior,
incapazes de lidar bem com o seu-Sentir,
com a sua fragilidade,
com a sua forma Yin de Ser,
com a sua receptividade aos outros e ao Mundo.

O comum das pessoas perdeu-se da sua Alma.


Esqueceram que não é apenas expirar,
mas também inspirar.

Já não sabem Centrar-se,


ganhar a tranquilidade interna,
aderir emocionalmente
à sua realidade interior,
abrir o Coração.

Temos três Nós específicos


que impedem o Chakra do Coração de abrir.
Três Nós que devem ser trabalhados
até não mais nos reduzirem.

São eles: a Culpa, o Julgamento e o Medo.

Enquanto um deles existir,


permanecemos fechados, não receptivos,
defendidos dos outros, sós.

50
Se me culpo de alguma coisa
não me aceito, não me amo.
Se não me amo a mim mesmo,
não amo incondicionalmente a Vida que sou.

O Chakra do Coração não é activado.


Vivo a rejeitar-me.
Enquanto assim for o Amor não me habita.

Se o Amor não me habita,


não posso amar ninguém.

Se culpo os outros
ou os julgo de algum modo,
rejeito identificar-me com eles,
crio uma barreira mental
entre eles e o meu Eu.
O Chakra do Coração
não abre, igualmente.
Os outros ficam emocionalmente fora de mim,
exteriores, inacessíveis, ausentes.
O que me faz permanecer prisioneiro
da minha triste condição de Ego Separado
e Solitário.

Se me culpo
é porque há ainda algum medo
que tenho de exorcizar.
Se julgo alguém
é porque há um outro medo qualquer.
Medo esse que devo igualmente vencer.
Ali, onde a pessoa que julgo me assusta,
me toca nalguma insegurança
que não quero enfrentar.

Pode haver infinidades de outros medos.


O medo de falar em público, por exemplo.
É necessário vencê-lo,
para que a Palavra se solte
e a Personalidade se possa exprimir
incondicionalmente,
51
com toda a sua Alma.

Quem fala pelo fundo da Alma,


sem nenhum véu de resistência emocional
entre o Eu e os outros,
torna-se carismático,
com poder de fascinar multidões.
Porque a Transparência do seu falar
toca igualmente o fundo da Alma alheia.

Então a Palavra torna-se Unitária,


Unificadora, poderosa.
Capaz de acordar em cada um Memórias
Arquetípicas de Universalidade.
Porque nasce de uma postura indefesa,
de uma entrega, de uma Fonte interna
onde o medo já foi exorcizado.

Quando se perde o Medo de falar em público


por íntima fidelidade a algo que se comunica
e em que se acredita,
a Palavra transcende
as defesas proteccionistas do Eu,
“cospe-se um Caroço Kármico”.

Todos temos um Nó Kármico-próprio


específico, da nossa Personalidade.
Um nó de medo
a desfazer.

Astrologicamente pode-se identificar esse Nó


com o início da Casa XII,
com o Signo e Planeta que lhe correspondem.

O Planeta que rege a décima segunda Casa


do nosso Tema de nascimento
contem a "chave"
que abre a porta da Alma.

Por razões obscuras e misteriosas


52
do nosso Destino e do nosso Passado,
esse Planeta prende-nos ao último Nó-de-Medo
que importa dissolver.

Enquanto houver um medo,


basta um pequeno medo,
instintivamente protegemo-nos,
criamos uma defesa,
activamos uma separação.

Essa separação actua como um fosso


entre nós e os outros, como uma divisão.
Impede-nos de nos sentirmos acompanhados.

O comum das pessoas


guarda o seu potencial amoroso
para alguns seres privilegiados,
a família, os filhos, os amigos...
Os restantes Humanos
habitam fora das muralhas do Coração.
Algures, numa esfera emocional distanciada,
num Mundo exterior ameaçador e hostil.

Enquanto os Homens assim viverem


reduzem o seu poder de expressão emocional
a uma ínfima parte do potencial
que trazem para a Vida ao nascer,
como projecto de existência.

A Vida em nós,
uma vez aceite incondicionalmente,
jorra como Fonte de Amor.

Fonte Eternamente presente,


sem Fim e sem Começo.

Enquanto não atingirmos


a Vibração deste nível de Consciência,
permanecemos aquém

53
de quem podemos vir-a-Ser.

Por isso nos sentimos insatisfeitos


não totalmente realizados, pobres,
como se a nossa Vida não bastasse
para satisfazer a Dimensão que nos habita.

A Astrologia ensina
que a Vida tem como intenção última
proporcionar experiências
que se destinam a fazer-nos perder os medos.
Medos que são um remanescente Kármico.
Aprisionam a Alma de cada um.

O Livre-arbítrio consiste
na capacidade que cada Ser Humano tem
de optar ou não
por vencer os seus próprios medos.

O medo ninguém o vence por nos.


Nem os seres mais próximos,
nem mesmo os Astros.

MEDOS SÃO MEMÓRIAS.

Ninguém entra
no Mundo da Memória.
Só o próprio o pode enfrentar.
Obriga a uma opção voluntária.

MEDOS SÃO FANTASMAS.

Ao atravessar o medo, o medo desvanece.


Uma vez vencido um determinado medo,
perguntamo-nos muitas vezes:
afinal tinha medo de quê?

Medos são experiências passadas


que ainda nos habitam.
54
Algures nos recônditos obscuros
do nosso Inconsciente.

Medos são experiências anteriores


esquecidas mas presentes.

Deixaram marcas.
Exprimem-se como resistências terríveis
redutoras da Liberdade. '

Há que ultrapassar tais marcas, tais memórias,


se quisermos ser livres.
Há que novamente senti-las
e trazê-las à Consciência.
Para lhes retirar
a carga emocional negativa
onde o não-Tempo interior as cristalizou.

Pela visão do Presente,


essa Carga Emocional pode desvanecer-se.
As memórias tornam-se então inofensivas,
desactivadas.
Já sem força reactiva nem poder redutor.

Só então, o melhor que há em nós-próprios,


pode fluir desimpedido.

No entanto, não é em qualquer momento


que se vence um Medo.
Não é quando se quer, mas quando se pode.

Há que esperar por determinadas experiências


que a Vida nos proporciona.
Quando, no exacto momento Cósmico,
somos confrontados com algo
a que não podemos fugir.

A Astrologia diz-nos
que se deve aguardar um determinado Trânsito,
55
a passagem de um determinado Planeta.
Essa passagem irá proporcionar uma Crise
que torna possível a denúncia do medo
a enfrentar.

Não podemos nem acelerar


nem retardar esse momento.

É um Tempo próprio do nosso Destino,


um Tempo Cósmico.

Um Tempo
que não nos pertence activar ou anular.

Tempo que se define


pelo cumprir dos Ciclos deste Universo.

Para lá do nosso Destino personalizado,


o Tempo Cósmico obriga-nos igualmente,
num mesmo programa de Evolução,
a ser Solidários
com um Destino Colectivo.

Neste sentido, somos todos iguais.

Na imensa Viagem do Caos para o Cosmos,


todos temos um Passado comum.
Vimos todos do mesmo Caos irracional
de Medo e Sobrevivência.

Espera-nos um mesmo Futuro:

o Cosmos, a Ordem conquistada,


a Harmonia além do Conflito,
a Unidade.

O Sentimento Crístico
de Fraternidade Universal.
56
A Fusão Emocional na Vida Una.

A palavra Fraternidade não tinha sentido


se o Projecto Cósmico não fosse um só.
Se não fosse um único e idêntico
Programa Evolutivo.
Um programa de toda a Humanidade.

Encontra-se inscrito
nos arquivos ancestrais das nossas células,
nas moléculas do ADN.
No Génesis mais profundo da Vida.
Nas mais profundas memórias do Ser.

Faz de cada um de nós pessoas idênticas,


irmãos,
Seres onde habita o Cristo interno.

Somos todos iguais.


No entanto somos igualmente
todos diferentes.
Únicos, criativos,
Individualizados.

Temos todos um Destino comum,


um mesmo programa Evolutivo
vivido através de uma sucessão
de diferentes Personalidades.

De Vida em Vida,
a Consciência personalizada
actualiza esse Programa
de acordo com a sua Visão do Mundo.

Visão mais ou menos evoluída.

Nesta Imensa Viagem Cósmica


da subida das energias,
57
cada um de nós chegou
a um estado evolutivo único.
Estado que é o seu, por si conquistado.
Faz de cada Ser Humano
alguém idêntico a si-mesmo,
diferente de todos os outros,
capaz de se exprimir de um modo pessoal,
individual, criativo.

Ninguém responde a esta Viagem


acompanhado.
Há que fazer um longo, doloroso
e solitário percurso.
Ser fiel a si próprio e ao seu tempo de Vida.

Até encontrar uma resposta interior,


nascida do fundo da Alma.

Resposta única e personalizada


de relação com o Mundo, a sua.

É preciso atravessar o deserto.


Descobrir, como diz Rudhyar,
o "oásis interno"
a partir do qual se pode dar de beber aos outros.

Só então se responde plenamente ao Destino,


na segurança de uma real Identidade
que através da Vida se soube conquistar.

E a Visão Kármica da Astrologia.

Ensina-nos que nesta Temporal


e Intemporal Viagem Cósmica,
uma Vida não chega
para ir do Primitivo ao Iluminado.

Cada Ser Humano


é um Todo energético
58
dotado de um Centro.

Centro Imutável,
presente em toda a Mutação.

Atravessa o Tempo de Vida para Vida.

Para esse CENTRO IMUTÁVEL


converge toda a esperiência individual.

Dizem os Mestres chineses:


para que tudo mude,
é necessário que algo não mude.

Algo que sempre permaneça,


que segure o Movimento
além de toda a Mutação.

À Eternidade pertence o nosso Centro.


O nosso SER DIVINO.

Algo em nós Eternamente Vivo


sempre presente.
Algo que sempre Foi, É e Será.

Além do Espaço-Tempo
de qualquer Encarnação.

CENTRO-IMUTÁVEL
recebe a experiência
de uma Consciência em Expansão.

Num Tema de nascimento,


esse Centro situa-se simbolicamente
na intercepção do Eixo Vertical
com o Eixo Horizontal.

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É o Centro da Cruz.
Síntese de duas dimensões.

O único ponto onde os opostos


se fundem num só.

O Centro da Cruz, é onde nada muda.


Único ponto estático de um Tema natal.

Em Astrologia
a Cruz que se encontra no Horóscopo
simboliza dois Eixos,
dois planos, duas dimensões.

É onde cada Ser Humano


se encontra crucificado.

O Plano Horizontal:
o eixo Ascendente-Descendente,
onde me situo
face a uma nova realidade
que me obriga a uma confrontação.

É o Plano Vertical:
o eixo Fundo do Céu - Meio do Céu.
A subir do inconsciente
para a consciência.
A conquista interior.

o Eixo-Vertical
situa uma dinâmica de Ascensão:
de onde venho, para onde vou.

Venho do que ainda transporto


como Memória inconsciente,
vou para a Consciência dessa Memória
e sua libertação.

O Eixo-Vertical é o Eixo da Alma.


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Força Interior que nos habita
que cada dia se confronta
com a Materialidade e com os outros.

A tensão que nasce destas duas realidades


Mundo Interior e Mundo Exterior,
é a Cruz-da-Encarnação.

Somos todos o produto dessa Cruz


que exprime a relação
entre o nosso dentro e o nosso fora.

Dinamiza todas as circunstâncias da Vida,


O nosso Destino.

A Astrologia Kármica
considera um terceiro eixo.
Os antigos chamavam-lhe
a Cauda e a Cabeça do Dragão.

Na China antiga
o Dragão era considerado o Homem-Superior,
consciente da sua evolução,
da subida das energias da Terra para o Céu.

Este Eixo corresponde


ao Plano de intercepção
da órbita da Lua à volta da Terra,
com a órbita da Terra à volta do Sol.

A Cauda e a Cabeça do Dragão


definem dois pólos:
O Nó-Sul e o Nó-Norte da Lua.

A relação destes dois Nós simboliza


o sentido da Evolução da Personalidade.
Quem ela deve vir-a-ser.

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O NÓ-NORTE ou Cabeça do Dragão é a bússola do Tema.
Indica o objectivo a atingir.
Para que o seu Destino se cumpra.

O NÓ SUL é o seu oposto.


Informa de onde a pessoa vem.
Indica onde lhe é relativamente fácil viver,
por aí se situar à-vontade consigo.
Indica a área em que já conquistou segurança
sobre a Terra.
Mas onde nada de novo lhe pode acontecer.
Nele não encontra referências
para a sua nova Identidade.

A Cauda-da-Dragão
é onde a nova Personalidade deste ciclo de Vida
não se pode encontrar.
Área de experiência já integrada
já sabida, familiar.

Numa perspectiva Kármica


as pessoas nascem numa primeira fase
para resolver conflitos inacabados
de uma anterior Personalidade.
O que ficou do Passado por harmonizar.
Nasce-se prisioneiro de quem se foi.

Todos trazemos um velho Ego


que importa denunciar.
Nascemos com a memória de quem fomos,
continuando a querer ser
aquilo que já conhecemos de nós próprios,
a segurança de uma anterior Personalidade.

Esta primeira Consciência do Eu


é reactiva, conservadora, involutiva.
Vive em auto-defesa e auto-protecção.

Este novo Ciclo de Vida


dá-nos oportunidade de atrair novas experiências,
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crises necessárias
que nos levam a inteligir e denunciar
o que importa pôr em causa.
Para que uma nova Personalidade,
a verdadeira Personalidade desta Encarnação
se possa revelar.

Esta nova Personalidade


nasce no Ascendente.
O Grau do Tema natal
onde algo sempre novo se levanta.

O ASCENDENTE é onde nasce o Sol.

O Signo Ascendente
é uma determinada qualidade energética,
uma determinada vibração.
Devolve cada um a uma consciência
de Identidade
até então desconhecida.
Alguém novo que se projecta na Vida
de uma outra forma pela primeira vez.

Quando alguém se descobre


de uma nova forma,
ao encontrar a Pessoa que pode Vir-a-Ser,
a sua Individualidade,
o seu Eu mais criativo.
Capaz de exprimir o seu pleno potencial
de cooperação no Mundo dos outros.

Só então encontra o sentido da Vida.

O Karma passa a Dharma.

Quando se opta pela Vida Incondicionalmente.

Quando cada um aceita cumprir


o seu Projecto de Vida.
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Partilhar quem é com os outros.
Exprimir o melhor de si-próprio.
Contribuir para um Mundo Melhor.

Nesta etapa,
qualquer um se torna
um agente consciente
de transformação social.

Se responder ao seu projecto de Vida


e exprimir harmoniosamente as energias
do seu Tema de nascimento,
o mais humilde dos Seres,
acrescenta algo mais ao Universo.
Actualiza a Evolução do Mundo.

Porque a última Identidade


de qualquer Ser-Humano
não é Individual,
mas Colectiva.
Somos uma gota de água
num grande Oceano de Energia.

Importa saber que gota somos.


Para podermos encontrar
a nossa dimensão Oceânica,
sem perda de Identidade.

Para que nos possamos fundir


no Mundo dos outros,
sem que isso nos limite ou roube liberdade.

Só então o Absoluto se revela


como resposta da Alma.

Encontra-se o sentido-da-Vida
quando se percebe que cada um,
a sua maneira,
pode contribuir para actualizar
o projecto do Mundo.
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Acelerar o Processo de Evolução Humana.
Social, cultural, Planetária.

Não devemos condicionar-nos a viver


apenas um Destino privado, familiar.

Há que aderir voluntariamente


a um Destino Comum,
um Destino Maior.

O Destino da Grande Família Humana.

Isso acontece quando uma pessoa chega


no seu Tema natal
ao Grau, à Casa e ao Signo
onde tem, ao nascer,
a Cabeça do Dragão.

Ao atingir a vibração
do grau da Cabeça do Dragão,
a Personalidade unificou todas as tensões
e todos os conflitos do seu Tema.
Cumpriu o seu Karma.

Isso tem um Tempo.


Um Tempo Astrológico,
um Tempo Cósmico.

O Tempo da Vida de cada um.

Não é o Tempo dos relógios,


mas sim um Tempo Interior,
um Tempo evolutivo.

Está marcado ao nascer.


Temos que lhe ser fiéis.
Até ao momento em que já somos capazes
de fazer a síntese harmoniosa
dos nossos conflitos pessoais.
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Quando nascemos para um novo Eu,
capaz de viver uma nova Realidade.

Todos somos chamados a passar


por esta profunda Mutação.

É a Grande ALQUIMIA-DO-SER.

O comum das pessoas situa-se


na Cauda do Dragão.
Vive dos recursos do seu Passado.
Não vive das conquistas do Presente.

Assim, vivem Vidas menores,


onde a aspiração Universal da sua Alma
não encontra resposta.

Vidas onde não são felizes,


porque inconscientemente sentem
que não exprimem a totalidade
do que potencialmente poderiam Ser.

Seguem culpando o Destino,


as condições materiais, os outros.
Sem terem consciência
da origem de todos os males:
a incapacidade de se porem
verdadeira e honestamente em causa.

Todos trazemos
uma "super voltagem" de energia.
Para trocar, partilhar, expandir,
comunicar.

O comum das pessoas


vive sobre uma "ínfima voltagem",
aquém do melhor-de-Si.
É a verdadeira razão do seu mal-estar.

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Pela Lei da Ressonância,
quem investe emocionalmente
"vinte volts" do seu potencial, na Vida,
a Vida responde-lhe, por ressonância,
exactamente com os mesmos vinte.

Se a existência então parece pobre,


não significativa,
é Tempo de interrogar
em que área existe uma ausência de dádiva,
uma aridez emocional, uma defesa qualquer.
É aí que importa desbloquear.

A Astrologia ensina
que não devemos comparar-nos a ninguém.
Todos temos um Destino particular.
Nascido da nossa própria Memória,
da herança do nosso Passado,
da nossa Conquista Evolutiva.

Todos devemos chegar


a um ponto de Evolução que é o nosso.
Onde nos iremos exprimir e realizar
por inteiro.
Aí estaremos plenamente Vivos.

Plenitude que corresponde


à síntese das nossas qualidades individuais.

Quando ainda não se encontrou


o sentido da Vida,
há que saber ser fiel ao desconforto,
à insatisfação de estar vivo.

Há que aceitar o preço


de uma dolorosa interrogação,
até atingir a Consciência
que nos devolve à Ordem Universal,
ao Cosmos,
à dimensão Unitária do Mundo.
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À Intenção Evolutiva dos Ciclos Cósmicos
e de nós-próprios.

PARA QUE O PLANO SE CUMPRA


SOBRE A TERRA.

OM
A Via da Universalidade

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