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O uso desses poderes é um poder-dever, pois é por meio deles que se irá alcançar a
preservação dos interesses da coletividade. A Administração tem a obrigação de utilizá-los
(e caso o administrador não use, ele pode ser penalizado). Logo, são irrenunciáveis. O
poder subordina-se ao dever, e assim, torna-se evidente a finalidade de tais prerrogativas e
suas limitações.
Se, no exercício desses poderes o administrador não buscar o interesse público, haverá
abuso de poder (na modalidade excesso de poder caso ultrapasse os limites de suas
atribuições, o que é vício de competência; na modalidade desvio de poder caso o agente
vise finalidade diversa que deve perseguir, o que é vício de finalidade).
PODER VINCULADO
Trata-se do dever da Administração de obedecer a lei em uma situação concreta em que ela
só possui esta opção (a Administração fica inteiramente presa ao enunciado da lei). Só há
um único comportamento possível, e ele é o que a lei determina. O administrador não tem
liberdade de atuação, apenas deve seguir o que a lei prescreve.
Como se vê, na expedição destes atos, fica o administrador condicionado ao que diz a
norma legal, ou seja, não tem liberdade de ação, pois se o ato for praticado sem observância
de qualquer dado constante na lei, é nulo, situação que pode ser reconhecida pela própria
Administração, ou pelo Judiciário mediante provocação do interessado
Segundo Hely Lopes Meirelles, “Poder vinculado ou regrado é aquele que o Direito
Positivo – a lei – confere à Administração Pública para a prática de ato de sua competência,
determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização”.
PODER DISCRICIONÁRIO
Este poder permite uma margem de liberdade ao administrador que exercerá um juízo de
valor de acordo com critérios de conveniência e oportunidade.
Desse modo, o administrador, no caso concreto, avaliará a situação em que deve agir,
adotando o comportamento adequado. Tal poder é necessário, uma vez que seria impossível
que o legislador previsse todas as situações possíveis para os vários comportamentos
administrativos.
Celso Antônio Bandeira de Mello define os contornos deste princípio. Segundo ele “a
Administração ao atuar no exercício de discrição, terá que obedecer a critérios aceitáveis do
ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e
respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida.
PODER NORMATIVO
Através deste poder a Administração pode expedir atos normativos. Portanto, o poder que a
Administração Pública tem para editar atos normativos é o poder normativo ou
regulamentar, e os atos normativos advêm do Poder Executivo (Administração Pública).
PODER HIERÁRQUICO
Pela hierarquia é imposta ao subalterno a estrita obediência das ordens e instruções legais
superiores, além de se definir a responsabilidade de cada um.
Do poder hierárquico são decorrentes certas faculdades implícitas ao superior, tais como
dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atribuições e rever atos dos
inferiores.
Segundo Hely Lopes Meirelles, “Poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes
estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores de seu quadro de pessoal”.
PODER DISCIPLINAR
É o poder atribuído a Administração Pública para aplicar sanções administrativas aos seus
agentes pela prática de infrações de caráter funcional.
PODER DE POLÍCIA
O poder de polícia abrange, ou se materializa, por atos gerais ou individuais. O ato geral é
aquele que não tem um destinatário específico, está relacionado com toda a coletividade,
por outro lado, o poder de polícia pode se materializar por ato individual, ou seja, aquele
ato que tem um destinatário específico, situação concreta de cada indivíduo.
Em geral, o poder de polícia deve prevenir danos e prejuízos que possam danificar o bem-
estar social, limitando os direitos individuais de liberdade e propriedade dos particulares.
3 CONCLUSÃO
O poder disciplinar prevê a aplicação de penalidade aos agentes pela prática de infrações
funcionais, cuja apuração é ato vinculado por meio de sindicância ou processo
administrativo disciplinar e cuja aplicação da penalidade é ato discricionário. O poder de
polícia limita e disciplina o exercício de interesses, atividades, bens e direitos individuais
ou coletivos, é exercido pela polícia administrativa e pode ter caráter regulamentar ou
autônomo
Jean Rivero apresenta o interesse público como um interesse geral, destinado a satisfazer as
necessidades da comunidade e dos indivíduos individualmente considerados (RIVERO,
1981).
Esse interesse passa a ser público, quando dele participam e compartilham um tal número
de pessoas, componentes de uma comunidade determinada, que o mesmo passa a ser
também identificado como interesse de todo o grupo, ou, pelo menos, como um querer
valorativo predominante da comunidade.
O interesse público é objeto buscado por quem compõe um Estado (pessoa privada ou
pública) para o benefício daqueles que precisam desse objeto, para, nesse sentido,
proporcionar condições de vida digna nesse Estado, inclusive para si próprios.
Como exemplo desses direitos e garantias, tem-se o art. 5º da CF/88, XXXVI, segundo o
qual a Administração deve obediência ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico
perfeito.
Princípios Constitucionais
Fica patente, portanto, que a forma e os limites da atuação administrativa são determinados
pelos princípios constitucionais; dessa maneira, assim como ocorre com todos os princípios
jurídicos, o supraprincípio em questão não tem caráter absoluto.
O Princípio da Supremacia do Interesse Público não está diretamente presente em toda e
qualquer atuação da Administração Pública, limitando-se, sobretudo, aos atos em que ela
manifesta poder de império (poder extroverso), denominados atos de império.
Por outro lado, há os chamados atos de gestão e atos de mero expediente, praticados pela
Administração quando ela atua internamente, principalmente em suas atividades-meio, e
sobre os quais não há incidência direta do Princípio da Supremacia do Interesse Público,
isto porque não há obrigações ou restrições que precisem ser impostas aos administrados.
Também não há incidência direta deste princípio nos casos em que a Administração atua
regida pelo direito privado, como quando ela intervém no domínio econômico na qualidade
de Estado-empresário, isto é, atua como agente econômico, conforme disposto pela
Constituição em seu art. 173, § 1º, II.
Prerrogativas