Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Começando pela atualização da pandemia, a situação continua delicada. Ontem foram registrados mais de 165 mil novos casos de covid, o que fez com que
a média móvel chegasse a 146 mil casos. Mas o ritmo das novas infecções mostra declínio. Hoje a média móvel de novos casos é 20% menor do que a média
móvel de 14 dias atrás. É a primeira vez em 40 dias que a média móvel apresenta tendência de queda.
Porém, o mesmo não é verdade em relação às mortes, até mesmo pela dinâmica da doença, vemos primeiro um pico nas infecções para depois observar o
mesmo pico nas mortes. Ontem tivemos 922 mortes, totalizando 636 mil mortes na pandemia, o que levou a média móvel a 874 mortes, aumento de 85%
em comparação a 14 dias atrás, clara tendência de alta. Mas acredito que nas próximas duas ou três semanas devemos observar o ritmo de mortes fazendo
a curva e diminuir. Lembrando que agora nos meses de fevereiro e março boa parte da população adulta se tornará elegível à terceira dose, o que deve
ajudar no controle desse pico.
Falando em vacinação, hoje no Brasil temos 79% da população vacinada com 1 dose, 71% com duas doses e 26% com 3 doses.
Slide 2 – Atividade Economica
Nessa semana tivemos a divulgação dos indicadores de atividade econômica que faltavam, semana passada tivemos a produção industrial que apresentou
alta pela primeira vez após 6 meses.
O volume de vendas do comércio varejista recuou 0,1% em dezembro na comparação com novembro e recuou 2,9% na comparação com dezembro de
2020. Apesar dos resultados negativos, o comércio teve alta de 1,4% em 2021.
O volume de serviços cresceu 1,4% em dezembro na comparação com novembro e 10,4% na comparação com dezembro de 2020. Com esse resultado, o
setor encerrou 2021 com crescimento de 10,9%, maior crescimento anual desde 2012. Com o resultado de dezembro, o setor de serviços ampliou o
distanciamento com relação ao nível pré-pandemia, situando-se 6,6% acima do nível de fevereiro de 2020, e alcançou seu maior o patamar desde agosto de
2015.
Entretanto, esse resultado dos serviços deve ser visto com cautela, pois em 2022 a conjuntura macroeconômica é desfavorável em termos de renda,
inflação e juros, fora o impacto da omciron que ainda não está nos dados.
Slide 3 – IPCA Janeiro
Também tivemos a divulgação do IPCA de janeiro que registrou alta de 0,54%, a maior variação para um mês de janeiro desde 2016.
Apesar de mostrar desaceleração na comparação mensal, pois em dezembro a taxa foi de 0,75%, no acumulado em 12 meses a inflação voltou a acelerar
após 2 meses de queda, alcançando 10,38%.
Mais uma vez a inflação se mostra generalizada. Todos os grupos de produtos e serviços apresentaram alta, sendo a única exceção o grupo de transportes,
que registrou recuo de 0,11%.
Os destaques ficam para o grupo de artigos de residência, que apresentou a maior variação e para o grupo de alimentação e bebidas, que teve o maior
impacto sobre o índice nesse mês.
Outro indicador de disseminação dos preços é o indicador de difusão, que apesar de ter desacelerado em relação ao mês passado, ainda se encontra em
73,2%, patamar muito elevado historicamente.
Além disso, os núcleos continuam pressionados, com o acumulado em 12 meses da média dos núcleos avançando de 7,42% para 7,88%.
Slide 4 – Ata do Copom
Falando em inflação, foi divulgada a ata da última reunião do copom que elevou a selic a 10,75%. A grande surpresa do comunicado foi a sinalização de
redução do ritmo de aperto monetário nas próximas reuniões e não antecipação da próxima decisão, o que ocorreu em todas as reuniões desde o início do
ciclo de alta.
Na ata os motivos para não sinalização dos próximos passos foram elencados. Um deles é a incerteza em relação aos preços das commodities. No último
trimestre do ano passado boa parte dos preços de commodities recuaram e o banco central via isso como um fator de contenção dos preços. Entretanto,
desde a última reunião, os preços das commodities praticamente reverteu essa perda. Então sem uma direção clara das commodites, o copom achou
melhor não indicar seus próximos passos.
Outro ponto é o atual estágio do ciclo de aperto monetário. Desde o início do ciclo de alta, o banco central elevou a Selic em 8,75 pontos percentuais, um
aperto considerável. Além disso, o efeito da política monetária se dá com defasagem sobre a economia real, então, o argumento do banco central é de que
o ganho marginal de uma nova alta de 1,5 p.p é pequeno dada a alta acumulada da taxa de juros, enquanto o risco de perder a mão e gerar uma recessão, e
por consequência uma inflação abaixo da meta, aumenta.
No mais, o Copom elevou o tom nas críticas fiscais, chamando a atenção sobre a incerteza acerca do arcabouço fiscal e aproveitou e fez uma crítica velada à
PEC dos combustíveis que tramita no congresso e visa reduzir o preço dos combustíveis. O ponto do Bacen é que políticas fiscais que tenham efeitos
baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um
efeito altista na inflação prospectiva.
Por fim, dado o cenário do Bacen, é pouco provável que temos uma Selic muito acima de 12%. Na semana passada eu disse que acredito que o Copom fará
mais duas altas, uma de 1 ponto e outro de meio ponto, encerrando o ciclo de alta com a selic a 12,25%. E o cenário do Copom corrobora essa tese.
Considerando a Selic a 12%, as projeções de inflação do Copom situam-se em torno de 5,4% para 2022 e 3,2% para 2023. E a meta para 2023 é IPCA a
3,25%. Então, a não ser que tenhamos uma nova rodada de deterioração fiscal, não devemos observar uma Selic acima de 12,25%.
Slide 5 – Focus
No Focus, a mediana para o IPCA aumentou de 5,38 para 5,44, enquanto ficou estável para 2023. Lembrando que essas expectativas foram formadas antes
da divulgação do IPCA de janeiro.
A mediana para o PIB ficou estável em 0,3, enquanto a expectativa recuou novamente para 2023, para 1,53.
A expectativa para o câmbio em 2022 ficou estável em 5,60, assim como a Selic para 2022, em 11,75%.
Slide 6 – Internacional
Nos Estados Unidos, o dado de payroll veio forte e registrou a criação de 467 mil novas vagas de emprego em janeiro.
Ainda no mercado de trabalho, houveram 223 mil novos pedidos de seguro desemprego na semana passada, recuo de 16 mil em relação à semana anterior.
Portanto, mercado de trabalho americano bastante aquecido, com taxa de desemprego a 4% com o último dado do payroll.
Com o mercado de trabalho aquecido, a inflação não dá sinais de recuo e alcançou 7,5% na taxa anual em janeiro, após avançar 0,6% em relação a
dezembro. E a inflação por lá continua dando sinais de persistência, com o núcleo da inflação avançando 6% na taxa anual, após avançar 0,6% na
comparação mensal. É a sétima vez nos últimos 10 meses que o núcleo avança mais que 0,5%. Com isso aumenta a urgência da normalização da política
monetária. Ontem já teve diretor do fed defendendo que a taxa de juros seja de 1% até o início de julho. Até lá, o Fed se reúne 3 vezes, fazendo necessário
pelo menos uma alta de 0,5 p.p.
Por fim, a economia americana registrou déficit comercial de 80,7 bilhões de dólares em dezembro. Reflexo da retomada da atividade econômica por lá, o
déficit em 2021 aumentou 27% em relação a 2020, com as exportações crescendo 18,5% e as importações 20,5%.
Na Europa, as vendas no varejo recuaram 3% em dezembro na comparação com novembro. Em comparação a dezembro de 2020, o volume de vendas
aumentou em 2%. Ainda assim, em 2021, as vendas no varejo cresceram 5% em relação a 2020.
Na China o PMI caiu de 53 pontos em dezembro para 50,1 pontos em janeiro. É o nível mais baixo em 5 meses, refletindo um crescimento apenas parcial da
economia. O setor de serviços desacelerou, enquanto a indústria entrou em terreno recessivo. O ressurgimento da covid em diversas regiões forçou a
adoção de medidas restritivas, que atrapalharam a produção. Isso mostra que a economia chinesa está sob pressão tripla de contração da demanda,
choques de oferta e expectativas enfraquecidas.
Por fim, o Real valorizou 1,49% nessa semana, comparado à cotação de sexta-feira, dando continuidade ao movimento favorável do fluxo internacional que
tem favorecido principalmente os ativos de economias emergentes que foram duramente descontados ao longo da pandemia. Agora uma fonte de
incerteza será a política monetária americana que com a inflação não dando tréguas e alguns diretores do Fed defendendo uma normalização mais forte,
pode trazer bastante volatilidade. O risco é o Fed fazer ajustes acima de 0,25 ponto percentual ou um ciclo de alta mais longo que o antecipado.