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Unidade II
5 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL PARA A INVESTIGAÇÃO DO
COMPORTAMENTO ECONÔMICO: APROFUNDAMENTOS, REFLEXÕES E
APLICAÇÕES
(Sigmund Freud)
Figura 25 – Economia? Psicologia? Que tipos de relação existem entre essas duas áreas? E com a Psicologia Social?
Observação
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PSICOLOGIA ECONOMICA
Dessa forma, quando o aspecto social se torna importante, surge a Psicologia Social (década de
1930). O interesse dos psicólogos passa a ser a investigação das interações de indivíduos dentro de
grupos e da sociedade.
Diversos aspectos foram examinados, como: o efeito das organizações sobre os indivíduos; a relação
dos indivíduos dentro de um mesmo grupo e de grupos distintos; os diferentes tipos de papel que
assumimos quando em ambientes diferentes e funções sociais diferenciadas; a dinâmica de grupos; as
atitudes e preconceitos de grupos; conflitos grupais, obediência e transformações sociais.
Assim, a Psicologia Social tornou‑se cada vez mais aplicável a várias situações, e a área da Economia
não ficou imune. Muitos estudos se desenvolveram. A seguir, descreveremos alguns deles.
Um estudo muito interessante foi o de Kurt Lewin: seu modelo descreve que, para haver uma mudança
pessoal ou organizacional, é necessário passar por três etapas. A primeira etapa é o “descongelamento”:
Para Lewin, a etapa de descongelamento é a mais difícil, pois geralmente resistimos a mudanças
e a alterações em nossa rotina. Daí, portanto, a necessidade de “[…] criar um ambiente de segurança
psicológica durante a etapa de descongelamento” (LEWIN apud O LIVRO…, 2012, p. 221).
Figura 26 – Um dos primeiros teóricos a apresentar um estudo social na área da Psicologia foi Kurt Lewin, que, em 1945, fundou o
Centro de Pesquisa de Dinâmica de Grupo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
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Unidade II
Suponha que João, um jovem trabalhador considerado um investidor conservador, foi visitado
por um corretor de investimentos. Esse investidor deverá preparar João para que ele não invista seu
dinheiro na poupança, por exemplo, um dos investimentos mais populares entre nós. Essa seria a etapa
de descongelamento. Obviamente, é de se esperar que João fique confuso e inseguro com a ideia de
considerar outras opções. Ele estará, de acordo com o modelo de Lewin, na segunda etapa, a da mudança.
No entanto, o corretor mostra a João que atualmente existem outros tipos de aplicação, mais rentáveis
e igualmente seguros. João então resolve mudar seu investimento, passando para a terceira etapa, a do
congelamento.
É possível perceber, no modelo apresentado, como o fator psicológico pode afetar um comportamento
econômico.
Um outro estudo foi o de Solomon Asch: após pesquisas realizadas, ele chegou à conclusão de que
as pessoas tinham a tendência a se conformar. Para Asch (apud O LIVRO…, 2012, p. 225):
Erving Goffman desenvolve a Teoria do Gerenciamento de Impressões. Segundo ele, “a vida é uma
interpretação dramática”; a vida se constrói a partir da interação social, que pode ser comparada a uma
peça de teatro:
Nesse sentido, ele explica como mantemos e intensificamos nossas identidades sociais.
Robert Zajonc desenvolve a Teoria da Familiaridade: “quanto mais se vê, mais se gosta” (ZAJONC
apud O LIVRO…, 2012, p. 232). Para ele, as preferências que demonstramos não são racionais:
E ainda:
Nesse sentido, a Psicologia percorreu vários caminhos e podemos até afirmar que, hoje, existem “várias
psicologias”. No entanto, a maioria dos teóricos é unânime em afirmar que o objeto de estudo dessa
ciência é a subjetividade, que Bock, Teixeira e Furtado (2011, p. 8), de acordo com nosso entendimento,
conceituam perfeitamente:
Também a esse respeito, os autores nos chamam a atenção para duas questões importantes:
[...] os sujeitos são os responsáveis pela sua subjetividade, mas não o fariam se
não fosse a vida coletiva, as construções coletivas simbólicas que permitem
que toda atividade sobre o mundo exterior tenha seu correspondente
subjetivo. [...] A subjetividade não cessará de se modificar, pois as experiências
cotidianas sempre trarão novos elementos para renová‑la (BOCK; TEIXEIRA;
FURTADO, 2011, p. 10).
Caro leitor, você compreendeu? O que queremos que você entenda é que a subjetividade é uma
dimensão da realidade, e que o social e as relações que estabelecemos com o “outro” nos transformam.
Como compreender a subjetividade na economia? Segundo Bock, Teixeira e Furtado (2011, p. 11‑12):
Complementando, para Bock, Teixeira e Furtado (2011, p. 43, grifo dos autores):
Observação
Assim, a Psicologia Social passa a ser aplicada em diversas áreas, impactando também a área
econômica e mostrando o quanto a subjetividade interfere no comportamento humano.
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Unidade II
A seguir, vamos explicar três teorias da área da Psicologia que podem nos demonstrar a relação entre
Psicologia e Economia: o Behaviorismo, a Gestalt e a Psicologia Cognitiva.
Ao analisarmos o comportamento econômico, não podemos deixar de citar uma das teorias mais
importantes, o Behaviorismo, que mostrou que o comportamento é moldado por reforços positivos e
negativos: “O objetivo do behaviorismo é eliminar todo tipo de coerção, transformando o ambiente e
ajustando o que nos controla” (SKINNER apud O LIVRO…, 2012, p. 80).
O Behaviorismo se desenvolveu ao longo do tempo. Um dos primeiros teóricos foi o biólogo Jacques
Loeb, que, em 1890, explicou o comportamento animal em termos físico‑químicos. No mesmo período,
Ivan Pavlov apresentou um experimento com cães, estabelecendo o que se denominou de Behaviorismo
Clássico. Em 1920, John B. Watson aplica experiências behavioristas em seres humanos. Somente a
partir de 1932, com Edward Tolman, é que se acrescenta a cognição na Teoria da Aprendizagem.
Em 1938, aparecem as pesquisas de B. F. Skinner, que, a princípio, desenvolve sua teoria utilizando pombos
e, posteriormente, ratos. Skinner demonstra que, a partir de estímulos e respostas, é possível determinar
duas categorias de comportamento. A primeira delas é o condicionamento operante (também conhecido
por incondicionado), em que estariam todos os comportamentos reflexos, involuntários. Essa categoria
comportamental independe de aprendizagem anterior. A segunda categoria é o condicionamento clássico,
que ocorre quando um estímulo neutro se torna um estímulo condicionado, pois implica o aprendizado de
uma resposta condicionada que passa a ser controlada por suas consequências.
Dessa forma, podemos dizer que existem comportamentos que podem ser aprendidos e outros não. A
aprendizagem é definida pelas consequências comportamentais motivadas pelas condições ambientais
facilitadoras ou dificultadoras da aprendizagem a partir da estrutura estímulo‑resposta.
Outros conceitos importantes são desenvolvidos por essa teoria. Um deles diz respeito ao reforço
positivo, que pode fazer com que pessoas aprendam e repitam comportamentos a partir de um reforço.
O reforço positivo aumenta a probabilidade de ocorrência dos comportamentos, sendo definido pelo
resultado que produz.
O reforço negativo tem a mesma função, mas o aumento da ocorrência do comportamento aparece
para que o estímulo aversivo desapareça ou seja prevenido. Ele pode acontecer por duas vias: pela fuga,
em que a pessoa realiza um comportamento com o objetivo de terminar com o evento aversivo, e pela
prevenção, em que a pessoa adota um comportamento para evitar a ocorrência de um evento aversivo.
Ficou difícil? Veja um caso do cotidiano.
Imagine uma pessoa que morre de medo de trovões: evento aversivo. Há duas possibilidades de
minimizar esse medo: através da fuga – essa pessoa, quando observasse um relâmpago (e sabemos que
após um relâmpago vem o trovão), correria para se esconder em um lugar seguro dentro de casa; ou,
após ver o relâmpago, ela imediatamente tamparia seus ouvidos para não ouvir o trovão – neste caso,
a pessoa empregaria a prevenção.
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PSICOLOGIA ECONOMICA
Mas como esses dois tipos de reforço podem ocorrer em um ambiente econômico? Vejamos uma
aplicação hipotética.
Suponha novamente que João, aquele jovem rapaz, acabou de receber o seu primeiro salário e
quer investi‑lo. João procura um corretor de investimentos, e este lhe explica que, se ele optar pelo
investimento X, terá uma rentabilidade sempre acumulativa desde que não o resgate em dois meses. O
que o corretor apresentou a João é o que o Behaviorismo denomina de reforço positivo. Contrariamente,
o corretor poderia ter feito uso do reforço negativo. Nesse caso, ele diria ao rapaz que, não havendo
aplicações todos os meses, isso acarretaria perda dos ganhos recebidos nos meses anteriores. Portanto,
em ambos os casos, para que João obtenha seus rendimentos, ele precisará investir uma parte de seu
salário no referido investimento.
Outra teoria psicológica muito importante é a da Gestalt, que explica como percebemos o mundo,
a nós mesmos e os outros. Os estudiosos preocuparam‑se em compreender os processos psicológicos
que estavam envolvidos no que denominaram de ilusão de ótica. Mas o que seria uma ilusão de ótica?
Esse fenômeno, que acontece com todos nós, surge quando há uma não coincidência entre o estímulo
físico e a percepção que uma pessoa tem dele. Um exemplo clássico é o do cinema, que é composto de
fotogramas estáticos:
A Gestalt explica a relação entre figura e fundo. A figura é constituída de aspectos da experiência.
Esses aspectos são eleitos como dominantes e sobressaem ao fundo. O fundo é composto de
experiências anteriores.
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Unidade II
Observação
Essa teoria nos trouxe contribuições importantes para podermos compreender o que significa uma
“boa” percepção, que é derivada de uma “boa” forma. De acordo com os gestaltistas, a percepção busca
o fechamento, a simetria e a regularidade dos pontos que compõem qualquer figura.
Outro aspecto importante dessa teoria é a relação parte‑todo: “[...] o todo não pode ser entendido
simplesmente como um conjunto das partes, mas sempre quando vemos uma parte ocorre uma
tendência à restauração do equilíbrio da forma” (BOCK; TEIXEIRA; FURTADO, 2011, p. 18).
De que modo podemos entender a Gestalt no campo econômico? Um caso muito interessante
foi um estudo realizado por Guéguen (2010), com relação ao que ele denominou de preços
psicológicos 999999.
Caro leitor, você não achou interessante? Essa estratégia é utilizada até hoje, pois, de alguma forma,
podemos dizer que nós “nos iludimos”, de acordo com a Teoria da Gestalt. Nós temos a percepção de
que produtos e serviços com essa terminação de preço são mais “baratos”:
De acordo com Bock, Teixeira e Furtado (2011, p. 18): “Hoje, o que temos são teorias derivadas
dessa vertente pioneira, e ela inspirou, em parte, os estudos do campo cognitivista, que é de muita
importância para a psicologia social.”
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Unidade II
Estudos nessa área mostraram como as pessoas estabelecem associações entre conceitos, memorizam
sequências entre eles, resolvem problemas e têm ideias. Isso significa que a aprendizagem ocorre por
meio da educação – a partir da relação entre o indivíduo e o mundo à sua volta.
Essa abordagem diferencia dois tipos de aprendizagem: a aprendizagem mecânica, que diz respeito
às novas informações na estrutura cognitiva, e a aprendizagem significativa, que se dá quando um novo
conteúdo se relaciona com conceitos relevantes, claros e disponíveis.
Outros estudos detectaram também que uma aprendizagem é eficaz quando possibilita formas
efetivas de comunicação que facilitem as associações entre produtos e serviços. Por exemplo: você
sabia que, se tivéssemos uma lista com diversas palavras e essa lista fosse apresentada a você e,
posteriormente, lhe fosse pedido para lembrar as palavras dessa lista, observaríamos que as palavras
mais lembradas seriam as primeiras e as últimas da lista? Esse fenômeno é conhecido como Efeito de
Posicionamento em Série. Um outro aspecto importante é a Aprendizagem por Associação em Par. Por
exemplo, a criação de marcas que sugerem o uso do produto ou do serviço: Banco dos Pobres. Perceba
que não há a necessidade de mais informações, pois o próprio nome do negócio indica a sua finalidade.
Ainda com relação à memória, é importante compreender que ela só é atingida se houver
antecipadamente a percepção e o envolvimento de quem desejamos atingir.
Esses estudos ocasionaram novos olhares para o entendimento do cérebro. Os psicólogos passaram a
investigar os processos mentais, cognitivos, principalmente os que estavam relacionados com a memória,
a percepção e as emoções:
Um dos estudos importantes nessa área foi o relacionado ao entendimento da estrutura da memória.
Após várias pesquisas, criou‑se o Modelo de Memória de Armazenamento Múltiplo, que consiste em três
sistemas de memória:
• a memória sensorial, que compreende nossos cinco sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato).
Nessa memória, ocorre a atenção preliminar em que o estímulo é analisado;
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PSICOLOGIA ECONOMICA
Esses e outros estudos na área da Psicologia Cognitiva foram tão importantes que transformaram,
inclusive, o conceito de inteligência. Anteriormente, nós éramos avaliados quanto à inteligência através
do chamado Quociente de Inteligência (QI).
Porém, a partir dos estudos do psicólogo Daniel Goleman, em seu livro Inteligência Emocional
(1996), reacende‑se a discussão sobre o conceito de inteligência. Para ele, a obtenção de nosso sucesso é
decorrente da chamada inteligência emocional. Ele explica que essa inteligência encontra‑se em cinco
áreas de habilidades: autoconhecimento emocional, controle emocional, automotivação, reconhecimento
de emoções em outras pessoas e, finalmente, habilidade em relacionamentos interpessoais. Dessa forma,
podemos compreender que, para uma pessoa ser classificada como emocionalmente inteligente, ela
deve ter a habilidade tanto de entender outras pessoas (inteligência interpessoal) quanto de entender a
si mesma (inteligência intrapessoal).
Outro psicólogo, Howard Gardner (1995), propôs uma divisão da inteligência em sete competências:
verbal ou linguística, lógico‑matemática, cinestésica corporal (capacidade de usar o próprio corpo),
espacial, musical, interpessoal e intrapessoal.
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Unidade II
O estudo da atitude é muito importante, como foi visto anteriormente. Aprofundando o tema, Gade
(1998, p. 125) afirma:
• o componente afetivo, que nos remete a todos os sentimentos que, de alguma forma, se relacionam
com as emoções. Por exemplo: “Eu sou apaixonada por cartão de crédito”;
Segundo Katz (apud GADE, 1998, p. 137‑138), as atitudes teriam quatro funções básicas:
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PSICOLOGIA ECONOMICA
Atualmente, de acordo com Gade (1998), nenhuma pesquisa consegue afirmar e constatar que uma
mudança de atitude tenha gerado uma mudança no comportamento de consumo. Por isso, a autora
prefere falar em possibilidades de mudança. Ela explica:
Figura 31
Um grupo não é simplesmente uma reunião de pessoas que riem ou choram juntas. É mais um
agrupamento, um agregado social, que se aceita mutuamente e partilha as mesmas metas, em constante
interação. Esse conceito já era difundido pelos intelectuais dos anos 1950: Marshall McLuhan, Theodor
Adorno e Herbert Marcuse.
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Unidade II
• Grupo primário: grupo do qual a pessoa faz parte e no qual ela interage
ativamente. Os grupos primários se caracterizam pela intimidade entre
seus membros e pela falta de limites para a discussão de vários assuntos.
De acordo com alguns estudiosos, o termo família pode ser entendido como um subgrupo de um
grupo maior, a saber: o domicílio. Essa família, de acordo com o papel que cada indivíduo assume, pode
apresentar diferentes denominações. A família nuclear é a mais comum, composta de um marido, uma
esposa e seus filhos. A família constituída pela família nuclear que se soma a outros parentes, como
sogros, é conhecida como família extensa. Finalmente, há a família nuclear separada, em que os filhos
tendem a viver sozinhos e formar famílias longe de seus pais:
No entanto, o conceito de família vem mudando. De acordo com Ribeiro (2009, p. 27):
• primários: cujas características principais são a íntima associação e uma intensa cooperação
entre seus membros. Esses grupos são importantes na formação de valores, hábitos e ideais do
indivíduo. Nesse sentido, podemos observar o uso da palavra nós determinando o tipo de relação
entre eles. Os grupos primários podem ser de natureza informal, como a família e os amigos, ou
de natureza formal, destacando‑se o ambiente escolar e o de trabalho;
• secundários: grupos que possuem características opostas às dos grupos primários. As relações
são mais formais, são impessoais e podem ser passageiras e desprovidas de intimidade. Como
os grupos primários, eles podem ser de natureza informal, quando em contextos esportivos e de
lazer, e de natureza formal, quando inseridos em associações de trabalho e organizações diversas.
• de aspiração: pessoas com quem alguém pode se identificar ou admirar – por exemplo, as celebridades.
A variável econômica é tão importante que todos nós somos classificados socioeconomicamente.
Há um instrumento denominado Critério de Classificação Econômica Brasil (ABEP, 2014), que, através
da aplicação de uma tabela de posse de bens, permite identificar o potencial de consumo do brasileiro.
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PSICOLOGIA ECONOMICA
Apenas como ilustração, observe a seguir como ficaram as diferenças entre as classes com relação à
Renda Média Familiar (ABEP, 2014):
Saiba mais
<www.abep.org>.
Nesse endereço, você poderá ter acesso à Tabela de Posse de Bens, que é
atualizada todo ano, e assim descobrir a que classe socioeconômica pertence.
Além do critério socioeconômico, há também outro critério muito utilizado: o psicográfico, com o
uso do instrumento conhecido como Vals 2 (Values and Lifestyles).
Ele está disponível no mercado desde 1978 e foi desenvolvido pela SRI International. Seu objetivo
é analisar o estilo de vida, valores, crenças e atitudes do consumidor. Esse instrumento foi criado com
base no cidadão norte‑americano e, pela falta de outros instrumentos, tem sido usado em vários países,
incluindo o Brasil.
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Unidade II
Esses oito grupos derivam de dois cálculos que, a partir das respostas dadas a cada uma das
afirmações que compõem o questionário, identificarão o grupo correspondente a cada indivíduo. O
primeiro cálculo é a média ponderada de cada frase, a fim de que, posteriormente, seja calculada a
média aritmética de cada um dos grupos. Ao final, o grupo que obteve a maior média corresponderá ao
sujeito que respondeu ao questionário.
Apresentamos a seguir as características relacionadas a cada um dos oito grupos, com o objetivo de
ilustrar a importância tanto de critérios socioeconômicos (Critério Brasil) quanto de critérios psicográficos
(Vals 2) para definir quem somos, econômica e psicologicamente, em um mundo de consumo.
Grupos Vals 2
• Os de mais recursos:
— racionais (thinkers): motivados pelos ideais. São maduros, satisfeitos, “de bem com a vida”.
Embora sua renda permita diferentes escolhas, são consumidores conservadores e práticos.
Dão preferência à durabilidade, à funcionalidade e ao valor dos produtos que compram.
Valorizam a ordem, o conhecimento e a responsabilidade. Geralmente, são bem‑educados e
procuram ativamente informações no processo de decisão de compra. São bem informados
sobre o mundo e os eventos nacionais, estando sempre alerta para oportunidades de expandir
seus conhecimentos;
• Os de menos recursos:
— crédulos (believers): são motivados pelos ideais. São conservadores, convencionais, consumidores
previsíveis, com crenças baseadas no tradicional e em códigos já estabelecidos, como família,
religião, comunidade e nação. Preferem produtos conhecidos e marcas tradicionais. São
consumidores leais;
— lutadores (strivers): instáveis, inseguros, buscam aprovação e têm recursos limitados. Preferem
produtos da moda que imitem as compras daqueles com mais poder aquisitivo. São consumidores
ativos e entendem ser a compra ao mesmo tempo uma atividade social e uma oportunidade
para demonstrar aos seus amigos a sua habilidade para comprar. Como consumidores, são
impulsivos “na medida do possível”, ou seja, se as circunstâncias assim o permitirem;
— executores (makers): motivados pela autoexpressão. Têm energia e habilidade suficientes para
levar adiante seus projetos de maneira bem‑sucedida. Vivem no contexto tradicional de família,
trabalho e recreação física. Têm pouco interesse em assuntos e atividades fora desse contexto.
São práticos e autossuficientes. Dão valor somente a produtos com uma finalidade prática ou
funcional. Buscam produtos básicos. Preferem o valor à luxúria;
Cabe‑nos, neste momento, destacar a Teoria Econômica do Consumidor, que explica e tenta prever
como os consumidores tomam decisões de compra e de que forma suas escolhas são influenciadas pelas
variações de preço e renda, por exemplo.
Nesse sentido, a teoria afirma que o comportamento do consumidor é baseado em dois princípios:
• o princípio da racionalidade: em que o consumidor toma decisões com base na análise de custos
e benefícios. É a conhecida relação de custo x benefício;
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Unidade II
Retomando a relação existente no modelo racional, que associa custo e benefício, podemos dizer que
o que é benefício para uma pessoa pode não o ser para outra. Existem assim, nessa relação, requisitos
que fogem do simples racional.
Um carro esporte é mais caro do que um carro comum, gasta mais gasolina,
é menos cômodo, leva menos bagagem, é barulhento e tem um motor com
uma potência que nunca vou usar, porque eu não passo dos cem. Pensando
bem, não tem nenhuma utilidade prática quando comparado a um carro
comum, para a vida que eu levo. Mas quando eu me sento nele… Sinto‑me
jovem, cabelos pretinhos, bronzeado, rico. A cabeça de Steve Jobs com o
corpo do Keanu Reeves. Quanto vale isso? Com exceção de alguns produtos,
como antimicóticos ou fósforos, a razão pela qual o consumidor compra está
relacionada ao que chamamos de matriz: as sensações que ele experimenta
ao realizar determinado ato.
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PSICOLOGIA ECONOMICA
Figura 33 – Entre as anomalias comportamentais em um ambiente de consumo, podemos citar as compras por impulso
Giglio (2002, p. 241) cita um estudo realizado por Almeida (1993) que verificou que o humor do
consumidor influencia, de certa forma, a compra por impulso. Almeida encontrou alguns padrões,
agrupando‑os em três abordagens:
• conceito tradicional: apresenta a compra impulsiva como compra não planejada, cuja principal
causa é o meio ambiente;
Giglio (2002) complementa agregando a essas três abordagens um novo conceito, explicando que
a compra impulsiva resulta de uma interpretação realizada pelo consumidor do momento que está
vivenciando. Segundo ele:
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Unidade II
O interesse pelo estudo dos grupos sociais começa desde o desenvolvimento da Sociologia,
influenciado pelas especulações filosóficas sobre o tema. Esse mesmo interesse surge na Psicologia
tendo Kurt Lewin como precursor, determinando, em 1936, o surgimento do termo dinâmica de grupo
nas Ciências Sociais.
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PSICOLOGIA ECONOMICA
De acordo com Barreto (2006, p. 24): “A teoria da Gestalt marcou toda a obra de Kurt Lewin e, após
o aparecimento da Dinâmica de Grupo, surgiram diversas abordagens teóricas que hoje fundamentam
o trabalho com grupos, em vários domínios”.
Aprofundando um pouco mais a relevância da Teoria dos Jogos no âmbito da Psicologia Econômica,
podemos dizer que ela é importante nos processos de tomada de decisão. Observemos um caso prático
que poderia ocorrer conosco.
Suponha que você abre uma microempresa que fabrica chocolates. Devido à forte concorrência
nesse setor, você decide reduzir o preço de seu produto, pois ele ainda não é conhecido no mercado.
Logicamente, sua decisão terá consequências sobre as vendas de seus concorrentes. O que pode
acontecer, por exemplo, é que a concorrência também reduza os preços de seus produtos. Por outro lado,
a concorrência poderá levar em consideração a possibilidade de que você, novo empresário, reduziu o
preço de seu produto por se tratar de algo novo no mercado.
Se observamos esse caso, averiguamos que há uma interação entre as decisões: a sua e a de seus
concorrentes. Além disso, você tentará ser racional para tomar a melhor decisão, a fim de maximizar
os lucros. Finalmente, espera‑se que você procure antecipar quais serão as possíveis reações de seus
concorrentes no momento de tomar a sua decisão.
Antes do aparecimento da Teoria dos Jogos, a área da Matemática já apresentava, de alguma forma,
uma sinalização para o seu desenvolvimento com os chamados jogos de azar (as loterias, jogos de
cartas, de dados). Em 1944, quando o matemático John von Neumann e o economista Oskar Morgenstern
publicaram o livro Teoria dos Jogos e Comportamento Econômico, pode‑se dizer que houve a primeira
ligação entre as duas áreas.
Observação
Ainda de acordo com Gremaud e Braga (1998, p. 247), a caracterização de um jogo é determinada:
Conforme os autores, o jogador pode ser qualquer um de nós que, diante de uma situação econômica,
seja capaz de tomar decisões.
102
PSICOLOGIA ECONOMICA
Observação
No que diz respeito às ações e estratégias, elas são definidas a partir da possibilidade de cooperação
ou não. Dessa forma, os jogos podem ser classificados como jogos cooperativos ou não cooperativos.
Lembrete
Com relação às informações disponíveis, elas podem ser do tipo completas (quando os jogadores
possuem todas as informações necessárias para a tomada de decisão) e incompletas. Há também uma
outra possibilidade de classificação: informação perfeita (ou sequencial, como o xadrez) e a informação
imperfeita (ou simultânea, como o par ou ímpar).
Saiba mais
A partir de Lewin, outros estudos foram sendo realizados: as dinâmicas de grupos e como estes
produzem mudanças, conformidade e obediência a normas culturais, comportamentos adequados que
levem a uma boa impressão, entre outros.
103
Unidade II
Surgem então os jogos grupais, que fazem uso de algumas técnicas com o intuito de criar estratégias
para atingir objetivos do próprio grupo, bem como de aprender a coordenar o trabalho grupal na vivência
dessas técnicas.
Assumindo papéis
Objetivos
Número de participantes
De 8 a 20 pessoas.
40 minutos.
Procedimento
O grupo será dividido em dois subgrupos: grupo A e grupo B. O grupo A sairá da sala,
enquanto o grupo B sorteará papéis contendo os nomes dos integrantes do grupo A. Cada
pessoa do grupo B terá que assumir o papel da pessoa que sorteou, falando em primeira
pessoa e/ou encenando as principais características desta. Poderá contar com a colaboração
grupal para realizar sua tarefa. O grupo A é chamado a voltar para a sala e receberá placas
contendo os nomes dos elementos do próprio grupo. Após ter assistido às apresentações
feitas pelo grupo B, o grupo A colocará as placas contendo os nomes que correspondem
à dramatização feita. O processo será repetido, invertendo a posição dos grupos. Após a
distribuição de todas as placas haverá uma discussão grupal proposta pelo coordenador.
104
PSICOLOGIA ECONOMICA
Ambas as áreas têm como objetivo principal analisar imagens cerebrais para a compreensão das
decisões humanas sobre o consumo de produtos (tangíveis e intangíveis), de serviços e de ideias.
De acordo com Moreira, Pacheco e Barbato (2011), diariamente tentamos entender os indivíduos
em situações de tomada de decisão. Segundo os autores, nas decisões, existiriam duas ou mais opções
disponíveis. Dessa forma, o indivíduo deverá conhecer as alternativas de escolha, equacionar os resultados
dessas ações e aprender com as escolhas realizadas. Ainda a esse respeito, os autores afirmam:
De fato, uma das principais lições apreendidas com essas duas novas áreas é que os indivíduos
não são sempre racionais em suas escolhas. Esse fato foi comentado por nós, anteriormente, na teoria
econômica que explica a relação entre custo e benefício. Aspectos emocionais possuem importante
papel não apenas na percepção das alternativas, mas também na formação das preferências e no
processo final de escolha.
O homem e seu comportamento econômico são muito mais do que modelos matemáticos. A partir
da possibilidade de visualizar, através de técnicas modernas (que a economia pediu emprestadas à
Neurociência), a imagem cerebral diante de uma tomada de decisão, a racionalidade econômica
acabou sendo contestada. Decisões econômicas são mais complexas do que os modelos econômicos
propostos para simulá‑las. Assim, a área de Neuroeconomia aproxima temas da Psicologia Cognitiva e
da Neurociência para a análise da decisão econômica.
Outra tendência são os possíveis objetos de estudo na área de Economia Experimental. Segundo
Bianchi e Silva Filho (2001, p. 133):
desde John Stuart Mill. Clássicos como Mill (1978 [1836]) enquadram a
economia no conjunto das “ciências morais”, cujo objeto é refratário ao
método experimental. Mill começa seu conhecido ensaio sobre o método
da economia política argumentando que em muitas ciências físicas o
pesquisador que monta um experimento constrói um ambiente artificial
que lhe permite pleno controle sobre as variáveis cujo impacto pretende
testar. A mesma possibilidade não se coloca para a ciência da economia,
pois a complexidade da natureza humana impede a reprodução, em escala
microscópica, das condições de laboratório.
8 EMPREENDEDORISMO SOCIAL
O empreendedorismo social abrange diversos objetivos, como promover ações capazes de mudar
uma realidade social e usar técnicas de gestão, inovação, criatividade, sustentabilidade e outras com o
propósito de maximizar o capital social de uma comunidade, bairro, cidade, país.
Empreendedores sociais, portanto, buscam transformar o mundo e melhorar a vida das pessoas
utilizando métodos geralmente presentes no cotidiano das empresas. São indivíduos com soluções
inovadoras para os problemas sociais, que propõem ideias, mudam o sistema, trazem soluções, persuadem
grupos a seguir um novo rumo.
Quando pensamos em transformações, é necessário levar em conta que podemos melhorar o que
já existe ou inventar novas abordagens. Ambas as direções devem ser, ao mesmo tempo, lucrativas,
sociais e ambientais.
107
Unidade II
Observação
Saiba mais
<artemisia.org.br>.
<brasil.ashoka.org>.
108
PSICOLOGIA ECONOMICA
Saiba mais
De acordo com especialistas que analisaram alguns empreendimentos sociais, faz‑se necessário
mudar dois aspectos de um sistema existente: os atores envolvidos e a tecnologia instrumental
aplicada. Ambos os aspectos deslocariam o equilíbrio social e econômico em direção aos seus
beneficiários‑alvo. Os atores podem ser classificados em duas categorias: clientes, cujo papel é deslocar
o equilíbrio de poder, e o governo, cujo papel é alterar a economia. A tecnologia seria alcançada por meio
de três fatores: substituição (por uma tecnologia de baixo custo, por exemplo), criação ou readaptação
(MARTIN; OSBERG, 2015).
Saiba mais
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Unidade II
No Brasil, o Sebrae é uma das instituições preocupadas com a questão do empreendedorismo social.
Em seu site, encontramos, por exemplo, a seguinte conceituação sobre o que vem a ser um negócio de
impacto social:
Quando são analisadas as diferenças dos negócios de impacto social para os negócios tradicionais,
o Sebrae (2016) destaca: as condições da realidade local e a relevância para a demanda; o fato de a
iniciativa não ser desenvolvida para um ganho pessoal, mas para o benefício de um grupo de pessoas; e
a questão de a distribuição dos lucros envolver duas correntes divergentes:
Saiba mais
<www.sebrae.com.br>.
110
PSICOLOGIA ECONOMICA
Figura 35
Pesquisas recentes mostram que o consumidor, quando está diante de dois produtos concorrentes,
opta pelo produto cuja empresa demonstra responsabilidade social, mesmo que esse produto tenha
um preço mais elevado. Economicamente falando, as empresas com responsabilidade social atraem
investidores e consumidores.
111
Unidade II
A partir de um texto do economista Milton Friedman (1962), o debate sobre responsabilidade social
ganha importância. O autor afirma que se uma empresa está tendo lucro, dentro da lei, é porque está
produzindo um bem ou um serviço que é importante para a sociedade. Nesse sentido, espera‑se que a
empresa remunere os fatores de produção, gerando renda para a sociedade e impostos para os governos,
que devem aplicá‑los para a resolução de problemas sociais.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu a norma NBR 16001 (2004),
que estabelece requisitos para a criação e a operação de um sistema de gestão de responsabilidade social.
O objetivo disso é prover às organizações os elementos de um sistema de gestão de reponsabilidade
social para que elas possam alcançar seus objetivos.
• estabelecer objetivos que levem em consideração tanto os requisitos legais quanto outros
assumidos voluntariamente;
• compromissos éticos;
No campo econômico, as atividades empresariais podem produzir impactos positivos tanto para
aumentar as vendas, por exemplo, quanto para melhorar a imagem da empresa na sociedade e entre
seus funcionários.
Desse modo, para a empresa, a incorporação dessas dimensões significa adotar estratégias de
negócios, atendendo tanto às necessidades de outras empresas como a dos stakeholders.
Observação
112
PSICOLOGIA ECONOMICA
Lembrete
Essas questões são, na atualidade, tão importantes que a sociedade espera, anualmente, que as
empresas apresentem o seu balanço social:
Para encerrarmos esse tema, cabe‑nos apresentar a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.
113
Unidade II
Preâmbulo
Esta Agenda é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade.
Ela também busca fortalecer a paz universal com mais liberdade. Reconhecemos que a
erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema,
é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável.
Pessoas
Planeta
Prosperidade
114
PSICOLOGIA ECONOMICA
Paz
Parceria
Observação
Após a apresentação de informações tão relevantes para a área da Psicologia Econômica, podemos
enfatizar a importância do diálogo interdisciplinar. Hoje não é possível mais imaginarmos que as
diferentes áreas de conhecimento não se conversem, não troquem informações.
Caro leitor, estamos finalizando nosso estudo. Antes disso, porém, em vez de apresentarmos
um exemplo de aplicação do conteúdo visto nesta unidade, gostaríamos que você refletisse sobre
a entrevista a seguir, realizada para a revista Época, com Pascal Bruckner (2002), romancista e
ensaísta francês, considerado por muitos como um dos principais pensadores dos denominados
novos filósofos.
O mal da felicidade
Pascal Bruckner: No século XVIII, felicidade já deixara de ser um direito para se tornar
um dever. Mas essa inversão de valores só se consolidou no século XX, depois de 1968,
quando se fez uma revolução em nome do prazer, da alegria, da voluptuosidade. A partir do
momento em que o prazer se torna o principal valor de uma sociedade, quem não o atinge
vira um indivíduo fora da lei.
Pascal Bruckner: O erro é esquecer que ninguém pode dizer o que o outro deve procurar,
muito menos coletivamente. É perigoso achar que a existência só tem validade se a pessoa
encontrar a felicidade. Essa é apenas uma das possibilidades na vida. Há várias outras, como
a paixão e a liberdade. Recuso a noção de felicidade como objetivo maior da humanidade.
Pascal Bruckner: Muitos países querem se colocar como paraísos terrestres. Enquanto
isso, um monte de gente morre de fome. Todos os Estados fascistas ou comunistas queriam
padronizar a felicidade do povo. Isso é perigoso. Nenhum governo, patrão ou chefe de
Estado tem o direito de nos dizer onde está nossa felicidade.
116
PSICOLOGIA ECONOMICA
Pascal Bruckner: Dinheiro compra bem‑estar, conforto, mas nada compra a felicidade.
Nos países em que o Estado falha em suprir as necessidades básicas do cidadão, é
compreensível que a felicidade seja vista como a ausência da tristeza. Mas ela não deve ser
reduzida a uma definição pela negação. Nos países ricos, a felicidade não é compulsória.
Prova disso é que na França se consome uma enorme quantidade de antidepressivos.
Pascal Bruckner: Mais que o dinheiro, ela é a nova ostentação dos ricos. Eles estão na
mídia e exibem seus carros de luxo, sua vida amorosa extraordinária, seu sucesso social,
financeiro ou mesmo moral, quando colaboram com instituições beneficentes. A felicidade
virou parte da comédia social.
Pascal Bruckner: Há pessoas que correm a vida inteira atrás dela, e então a felicidade
vira uma inquietação permanente. Ou seja, o sujeito já entrou no território da angústia. A
felicidade vira uma prisão.
9. Época: Os livros de autoajuda reforçam que só não é feliz quem não quer?
Pascal Bruckner: Esse tipo de literatura sempre existiu. São livros contra as pequenas
misérias do cotidiano: como se livrar de uma febre, remover uma mancha. Hoje, no entanto,
os temas são mais amplos: promete‑se a felicidade. Deepak Chopra, guru das estrelas
de Hollywood, faz vários livros sobre o mesmo tema: como ganhar dinheiro, como fazer
sucesso. Há sempre um ou dois conselhos que funcionam, mas esse tipo de receita vive
muito próximo do charlatanismo.
Pascal Bruckner: Ninguém é feliz ou infeliz o tempo todo. A vida não se divide entre
essas duas polaridades. Muito mais importante que a felicidade é a liberdade, a capacidade
de enfrentar problemas. A felicidade é um valor secundário, e é bom enfatizar isso para que
não se sintam culpadas as pessoas que não chegam a ser felizes.
117
Unidade II
Pascal Bruckner: Um sentimento sem objeto preestabelecido, algo que muda de acordo
com a pessoa, com a época e com a idade. Nós a encontramos em alguns momentos, mas
ela é fugidia por natureza, não vem quando a chamamos e às vezes chega quando menos
esperamos. Há dois erros básicos na forma como a encaramos atualmente. Um é não
reconhecê‑la quando acontece ou considerá‑la muito banal ou medíocre para acolhê‑la.
O segundo erro é o desejo de retê‑la, como a uma propriedade. Jacques Prévert tem uma
frase linda sobre isso: “Reconheço a felicidade pelo barulho que ela faz ao partir.” A ilusão
contemporânea é a da dominação da felicidade. Um triste erro.
Esperamos que você tenha apreciado a entrevista. Terminamos esta unidade com dois
questionamentos: dinheiro traz felicidade? Faz sentido a afirmação: “Eu era feliz e não sabia”?
Resumo
118
PSICOLOGIA ECONOMICA
Exercícios
Questão 1. (Funiversa 2010) Suponhamos que você tenha convidado uma conhecida para jantar
e queira planejar o cardápio. Você sabe que ela é descendente de italianos, portanto, provavelmente,
deve gostar de comida italiana. Mas será que você tem como prever, com certeza, se ela gosta de
massa com molho vermelho? Uma atitude favorável em relação a um tipo de comida não quer dizer,
necessariamente, que a pessoa comerá qualquer tipo de prato (MICHENER, H. A.; DELAMATER, J. D.;
MEYRES, D. J. Psicologia social. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. p. 190‑191, adaptado).
Com base no enfoque da Psicologia Social, o texto aborda a relação entre atitude e comportamento.
De acordo com o texto, assinale a alternativa correta:
B) A atitude de um sujeito em relação a determinado objeto prevê com precisão seu comportamento.
C) A atitude de um sujeito em relação a comidas italianas só pode ser mensurada por meio de um
jantar informal.
D) A atitude favorável de uma pessoa em relação a um tipo de comida nos diz, com certeza, o tipo
de prato que ele comerá.
A) Alternativa correta.
Justificativa: conforme o enfoque da Psicologia Social, a atitude tomada por um sujeito demonstra
sua predisposição.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: não é possível prever com precisão a atitude a ser tomada por um sujeito devido à
carga de fatores subjetivos levados em consideração pelo enfoque da Psicologia Social.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: não se pode afirmar que um sujeito sempre se comportará da mesma forma em
determinadas situações.
E) Alternativa incorreta.
Questão 2. Em seu livro Um Mundo sem Pobreza (2008), Muhammad Yunus relata: “A enorme
experiência da Danone no marketing de produtos de laticínios em todo o mundo, inclusive na Ásia,
desempenharia um papel significativo […]. Lançar um produto alimentício de sucesso começa com sua
formulação. Os especialistas em nutrição da Danone descobriram os nutrientes que deveriam entrar
na composição do iogurte: ele seria constituído do mais puro leite integral, contendo em média 3,5%
de gordura, e seria ainda enriquecido com vitamina A […]. Essas especificações garantiam que o nosso
iogurte atenderia à meta social de melhorar a saúde das crianças das aldeias […]. Os resultados iniciais
não foram positivos. O iogurte apresentava um sabor ‘destacado’ dos ingredientes enriquecidos […].
Imamus Sultan sugeriu que o produto fosse adoçado com melado de tâmara […]. Na maior parte do
mundo, os iogurtes Danone são vendidos em fórmulas não adoçadas que agradam o paladar mundial. O
povo de Bangladesh, porém, tem uma preferência notável por doces […]. A reação positiva encorajou‑nos
a acreditar que estávamos no caminho certo.”
I - Atuar com boas intenções basta para definir uma organização como empresa social, como no
caso da Danone.
122
PSICOLOGIA ECONOMICA
II - A proposta de Yunus é que a empresa social receba recursos do Estado para que, dessa forma,
possa cumprir seus objetivos.
III - A empresa social, como no caso exposto, deve conjugar a maximização do lucro e competição
com a geração de benefícios sociais e altruístas.
A) I, II e III.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I e III, apenas.
123
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 6
Figura 8
Figura 9
Figura 10
124
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 16
Figura 17
Figura 18
125
Figura 19
MORADORES‑DO‑COMPLEXO‑DA‑MARE‑ESTAO‑ESPERANCOSOS‑APOS‑OCUPACAO‑DAS‑FORCAS
‑DE‑SEGURANCA‑201404070012‑1024X681.JPG. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/sites/_
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Figura 20
Figura 21
Figura 22
Figura 23
Figura 24
Figura 25
Figura 26
126
Figura 27
Figura 28
Figura 29
Figura 30
Figura 31
Figura 32
Figura 33
Figura 34
127
Figura 35
Figura 36
REFERÊNCIAS
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Filmverlag der Autoren ZDF, 1974. 110 minutos.
EXPERIMENTOS. Dir. Michael Almereyda. Estados Unidos: BB Film Productions; FJ Productions; Intrinsic
Value Films; Jeff Rice Films; 2B Productions, 2015. 98 minutos.
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Sites
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Exercícios
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Acesso em: 3 fev. 2017.
Unidade I – Questão 2: BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Provão 2000: Economia. Questão 51. Disponível
em: <http://download.uol.com.br/vestibular/provas/2000/enade_eco.pdf>. Acesso em: 3 fev. 2017.
Unidade II – Questão 1: FUNDAÇÃO UNIVERSA (FUNIVERSA). Concurso Público CEB Distribuição 2010:
Psicólogo. Questão 40. Disponível em: <https://www.qconcursos.com/arquivos/prova/arquivo_prova/5672/
funiversa‑2010‑ceb‑psicologo‑prova.pdf>. Acesso em: 3 fev. 2017.
133
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136
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000