1. Motivação da escolha da carreira de magistratura do MP: escolha pessoal, de natureza
intrínseca, obviamente, ligado com o trabalho que já venho desenvolvendo no MP há mais de 10 anos e espero contribuir para a defesa da legalidade e do interesse público. 2. Natureza jurídica do MP: O MP é uma magistratura hierarquicamente organizada, que se subordina à Procuradora-Geral da República, cuja missão é defender o Estado junto dos tribunais e defender o interesse público, nos termos prescritos na Lei, nos termos dos artigos 233, 234 da CRM, e artigo 1 da Lei Orgânica. 3. Estrutura do MP: tratando de uma magistratura hierarquicamente organizada, compreende o Procurador-Geral da República e os órgãos subordinados (artigo 234 da CRM e arts. 1 e 9 da Lei Orgânica). 4. Debruce-se sobre a hierárquica do MP: a hierárquica do MP compreende a obediência das directivas e ordens legais, podendo, por exemplo, um processo ser avocado pelo PGR quando razoes legais assim determinarem, nos termos dos artigos 2 e 112 da Lei Orgânica. 5. O que difere os magistrados do MP dos magistrados judiciais? Naturalmente, os magistrados judiciais são independentes e obedecem a Lei e a sua consciência jurídica, nos termos do artigo 216 da CRM, enquanto os magistrados do MP obedecem as ordens e directivas, instruções ou seja, ordens superiores, nos termos da Lei. 6. Critério de actuação do MP: nos termos do artigo 233, número 2 da CRM e do artigo 2 da Lei Orgânica do MP, os agentes ou magistrados do MP actuam sob estrita vinculação aos princípios de legalidade, objectividade, isenção e pela exclusiva sujeição dos magistrados do Ministério Público às directivas e ordens previstas nos termos da presente Lei. 7. E se as directivas e ordens lhe parecerem ilegais? Bom, neste sentido, existe uma garantia dos servidores públicos que é de direito à resistência às ilegalidades emitidas pelos superiores hierárquicos, nos termos do artigo 80 da CRM. 8. Debruce-se sobre a autonomia do MP. Nos termos do artigo 3 da Lei Orgânica do MP, a autonomia do MP decorre da sua autonomia financeira e administrativa. Vale a pena dizer que o MP está organizado como uma magistratura processualmente autónoma, em dois sentidos: no da não interferência de outros poderes na sua actuação, e no da sua concepção como magistratura distinta, orientada por um princípio de separação e paralelismo relativamente à magistratura judicial. Essa autonomia define-se pela vinculação a critérios de legalidade e objectividade e pela exclusiva sujeição dos seus magistrados às directivas, ordens e instruções previstas no EMP. 9. Em que consistem os critérios da objectividade e isenção? O critério da objectividade é um critério de actuação que determina que o magistrado do MP deve actuar dentro dos limites da impessoalidade, subjectividade, ater-se aos factos e instruir o correspondente processo atendendo apenas os factos vertidos, não tomando partido. Já a legalidade, como pedra angular do Estado de Direito Democrático, nos termos dos artigos 2/3 e 3 da CRM, significa que toda a actuação do MP deve subordinar-se à legalidade democrática. 10. Quanto à actuação do MP como defensor do Estado. Debruce-se! O MP representa o Estado junto dos tribunais mas não é advogado do Estado. Ao MP compete representar o Estado quando o que está em causa são interesses do Estado no âmbito da actuação ou cumprimento de interesse público, nos termos do artigo 4/1, a) da Lei Orgânica. 11. Nos termos do artigo 133 encontram-se previstos os órgãos de soberania, todos eles os três poderes da República, no caso os poderes executivo, legislativo e judicial. Em qual destes poderes cabe o MP? O MP faz parte do poder judicial mas não é o poder judicial. Faz parte do poder judicial porque actua dentro dos tribunais. Apenas faz parte dos tribunais. Portanto, embora dotado de atribuições que não são materialmente jurisdicionais nem se confinam às exercidas pelos tribunais, o MP é um órgão do poder judicial, participando, com autonomia, na administração da justiça.