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Edmundo Cassimo Capuepué

LICENCIATURA EM PSICOLÓGIA

TESTAGEM EM PSICOLOGIA

MATRIZES PROGRESSIVAS DE RAVEN

UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE


Pemba 2022
Índice
1.1.................................................................................................................................Utilização
..............................................................................................................................................1
1.2. Idades de Aplicação.............................................................................................................2
1.3. Material Necessário.............................................................................................................2
1.4. Condições de Aplicação......................................................................................................2
1.5.Tempo de Aplicação.............................................................................................................3
1.6. Instruções para Aplicação....................................................................................................3
1.7. Correcção...........................................................................................................................17
1.8. Apreciação Quantitativa....................................................................................................18
1.9. Observações.......................................................................................................................20
Bibliografia...............................................................................................................................21
1.1. Utilização
O Teste das Matrizes Progressivas, Escala Geral ou Teste de Raven é um instrumento clássico
usado para avaliar aspectos importantes do potencial intelectual.
Este teste foi desenvolvido, inicialmente, para usar no estudo das origens genéticas e ambientais
da conduta inteligente. A sua finalidade era medir um dos componentes do factor “g”,
identificado por Spearman, a capacidade de educação das relações.
Nasceram na segunda metade da década de 30 e sofreram uma revisão em 1938 conhecida
como PM 1938 (Matrizes Progressivas 1938). As sucessivas revisões receberam as siglas PM
47, PM 56 que se referiam a uma dada Matriz.
Até 1936, J.C. Raven iniciou a elaboração de uns testes que ajudassem a definir as origens
ambientais e genéticas da conduta inteligente e que fossem de fácil aplicação, classificação e
interpretação.
Em primeiro lugar foi criada a Matriz Geral (SPM) que se destinava a cobrir todo o âmbito de
aplicação, desde as crianças aos sujeitos com baixa dotação, aos adultos de dotação elevada.
Anos mais tarde esta aplicabilidade aumentou para facilitar a sua utilização com sujeitos de
nível inferior, através da Matriz Colorida (CPM), ou a sujeitos com dotação elevada, através da
Matriz Superior (APM).
É um conjunto de escalas não verbais destinadas a avaliar a aptidão do indivíduo para apreender
as relações entre figuras e desenhos geométricos e perceber a estrutura do desenho a fim de
seleccionar a parte apropriada que completa cada padrão ou sistema de relações.
Os itens do teste são figuras geométricas onde falta uma parte e para a qual existem 6 ou 8
alternativas de escolha.
A sua aplicação abrange todas as idades e todos os níveis culturais. É utilizado para a selecção
de pessoal e a orientação profissional; o diagnóstico de deficiência mental em crianças e para
verificar a involução intelectual nas pessoas idosas. Pesquisas transculturais têm-se servido
deste teste para estudar diferenças étnicas ou de aculturação.
Estes testes são usados pela psiquiatria, pela psicologia e ainda pela psicopedagogia.
Para construir os testes, Raven inspirou-se nas tábuas de dupla entrada que, em matemática, são
conhecidas por matrizes. Raven deu o nome de matrizes progressivas aos seus testes em virtude
de eles possuírem um grau de dificuldade crescente.
Há várias espécies de Testes de Raven:
“Progressiv Matrices” ou Matrix 1938 ou Matrizes Progressivas, (SPM)
“Coloured Progressiv Matrices”, ou Matrix 1947 ou Matrizes Progressivas Coloridas, (CPM)
“ Advanced Progressiv Matrices ”, ou Matrix 1947 ou Matrizes Progressivas, (APM)

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1.2. Idades de Aplicação
A partir dos 3 anos de idade – crianças, adolescentes e adultos.
Matrizes Progressivas, versão standard, composta por 60 itens repartidos por cinco séries de 12
itens cada, organizados segundo um grau crescente de dificuldade, destinava-se a avaliar todo o
desenvolvimento intelectual desde a infância até à maioridade.
Matrizes Progressivas Coloridas, formada por 36 itens coloridos, destina-se a crianças e pessoas
idosas. É usado com sucesso com pessoas que não conhecem bem o idioma usado, sofrem de
defeitos físicos, são intelectualmente sub normais ou estão em processo de deterioração mental.
Matrizes Progressivas Avançadas é composto por 36 itens e destina-se a adultos.
1.3. Material Necessário
 Caderno de Teste
 Tabuleiro com peças de encaixe
 Folha de Respostas
 Cronómetro
 Lápis ou Esferográfica
1.4. Condições de Aplicação
 Passagem individual ou colectiva
Normas gerais de aplicação:
Na aplicação de todos os testes psicológicos é necessário observar algumas regras que
unifiquem a forma de apresentação do instrumento aos sujeitos.
Qualquer alteração importante das mesmas (tempo de aplicação, instruções verbais, motivação
do sujeito, etc) podem obrigar o psicólogo a reconsiderar a significação psicológica dos
resultados e a elaborar os seus próprios parâmetros, utilizáveis unicamente para as aplicações
que se ajustam a essas alterações.
Geralmente e independentemente da Matriz a aplicar, o aplicador deve cumprir as seguintes
exigências:
a) Estar bem treinado e familiarizado com os princípios gerais que regem um exame
psicológico (preparação do material, disposição da sala, condições ambientais, etc.)
b) Estudar completa e cuidadosamente o Manual antes de aplicar o teste numa situação real, e
familiarizar-se com a utilização e conteúdo do Caderno e da Folha de resposta.
c) Conhecer o tipo de elementos e a forma como devem registar-se todos os dados na Folha
de resposta e comprovar, durante o desenrolar da prova, da forma e do lugar adequados ao
registo das respostas, assim como indicar como se pode anular ou alterar uma resposta.
d) Verificar que no início da prova o sujeito não esteja cansado nem tenso.
e) Motivar o sujeito ou grupo de sujeitos para o facto de irem realizar uns exercícios que vão

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permitir conhecer a sua capacidade intelectual e aplicar esse conhecimento à finalidade
concreta do exame.
f)Fazer todos os esclarecimentos necessários antes de começar propriamente o tempo do teste,
de modo que os examinados (sujeitos) compreendam perfeitamente a mecânica da prova.
1.5.Tempo de Aplicação
Quarenta a noventa minutos (40′ – 90′)
1.6. Instruções para Aplicação
Normas específicas de aplicação de SPM:
A melhor maneira de introduzir e explicar a tarefa a realizar no caso de sujeitos pouco dotados
pode ser usando um tabuleiro ou um painel grande do qual se pode extrair uma parte ou uma
peça móvel. Deste modo o sujeito pode comprovar como essa parte se ajusta perfeitamente nas
restantes, mas que tendo a mesma forma exterior não contém o desenho requerido.
Aplicação individual de SPM:
Se o psicólogo ou especialista profissional aplica a Escala Geral individualmente a sua presença
pode despoletar factores emocionais que podem interferir nos processos mentais do sujeito, o
que é menos provável quando o sujeito trabalha no seu ritmo e sozinho ou integrado num grupo.
Por isso, esta aplicação individual pode significar uma medida menos fiável da capacidade
intelectual do sujeito.
Logo nos primeiros momentos da conversa o aplicador anotará na Folha de resposta os dados de
identificação necessários assim como a hora de começo. A seguir, abrindo o Caderno na página
do elemento A1 dirá:
“ Vês isto? Repara é um desenho e falta-lhe um bocado. Estas peças aqui em baixo têm a mesma forma
que o buraco de cima, mas só uma delas tem o desenho correcto.
O número 1 tem a mesma forma mas o desenho não é o correcto. O número 2 também não serve porque não tem
dentro nenhum desenho. O número 3 tem um desenho diferente. O número 6 está quase correcto mas falta-lhe
um bocado. Só um está correcto. Assinala qual é.”
Se o sujeito não assinalar a resposta correcta, a nº 4, deve-se continuar com as explicações até
que a compreensão da resolução esteja apreendida. Então passa-se para o elemento A2 e diz- se:
“Agora assinala qual foi a peça que saiu deste desenho grande”.
No problema A4, antes do sujeito assinalar uma das respostas, dir-se-á:
“ Olha com cuidado todas as figuras e assinala qual deve ser colocada no jogo. Só uma destas figuras está
correcta. Faz com cuidado. Repara atentamente e só depois deves assinalar a peça a colocar aqui (assinalar no
jogo).”
Logo que o sujeito dê a sua resposta, independentemente de estar certa ou errada, o aplicador
deve perguntar:
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“É essa a peça que deves colocar aqui? (assinalar no jogo)”
Se o sujeito confirma a sua resposta, esteja ou não correcta , ela é aceite. Mas se o sujeito quiser
modificar a resposta dada deve indicar-se-lhe:
“ Está bem, assinala a resposta que esteja correcta. ( logo que indique uma deve perguntar-se) É
essa a correcta?”
Se o sujeito estiver satisfeito com a sua resposta aceita-se a solução e marca-se na Folha de
resposta, caso contrário dir-se-á de novo:
“Está bem. Qual é a correcta?” e aceitar-se-á a e escolha final do sujeito.
O elemento 5 será apresentado do mesmo modo que o elemento 4.
Se o sujeito fracassar nos elementos 1 a 5 é preferível suspender a aplicação e tentar realizar a
prova usando tabuleiros de encaixe.
Se os realizar com facilidade deve passar-se ao problema A6 e deve dizer-se simplesmente:
“ Olha atentamente para o desenho e diz-me qual das peças deves colocar no jogo. Com cuidado, pois só uma
está certa. Qual é? Procura ter a certeza antes de responder.”
Este modo de proceder deve ser mantido até se verificar não ser mais necessário. Deve anotar-se
sempre, na Folha de resposta a resposta concreta do sujeito . No final da prova será anotada a
hora de término.
Aplicação Colectiva de SPM:
O grupo pode ser tão numeroso quanto o permita a lotação da sala e o pessoal auxiliar
disponível. Para a sessão será necessário dispor de:
1) Uma hora de tempo, apesar de a maioria das pessoas acabar antes.
2) Umas cartolinas grandes com a reprodução dos primeiros elementos, ou a sua reprodução em
acetato. Se se usarem cartolinas, antes de começar elas devem ser colocadas de modo que A1
cubra A2 mas que A1 possa ser voltado para deixar ver A2.
3) Um caderno, uma lapiseira e uma Folha de resposta para cada sujeito.
4) Espaço suficiente para que os sujeitos possam trabalhar individualmente.
Começa por se entregar as Folhas de resposta aos examinandos, pedindo-se-lhes que anotem na
parte superior os dados de identificação. Logo que o tenham feito distribuir-se-á o resto do
material pelos examinandos. De seguida é necessário:
 Pedir-lhes que não abram o Caderno sem terem autorização
 Explicar-lhes que a prova mede a capacidade de ver e pensar com clareza
 Pedir-lhes que dêem as respostas como se lhes vai indicar e que anotem a hora de início.
 Indicar-lhes que abram o Caderno na página do desenho A1 e usando o modelo existente
continuar-se-à:

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“ Têm à vossa frente um desenho como este. Em cima está o título SET A e, na primeira coluna da Folha
está também a letra A. Este é o exercício A1 (apontando-o) e na folha está também o espaço A1 para
responder a este exercício.
Reparem bem como é o desenho, colorido e com umas linhas dentro. Mas falta-lhe um pedaço. Todas estas
peças, em baixo (apontando-as) têm a mesma forma do pedaço em falta, mas, só uma tem o desenho que se
ajusta correctamente”.
“A 1ª peça tem um desenho que não é o correcto. A 2ª e 3ª peça também não são as correctas. Encaixam-
se no jogo mas não têm o desenho correcto. E o que se passa com a 6ª peça? Falta-lhe um bocado. Qual é a
peça certa?”
Convém que estas explicações sejam exaustivas para que todos compreendam a tarefa a realizar.
Se for necessário repetem-se estas explicações.
“Sim a 4ª peça é a correcta. Portanto a resposta a este exercício A1 é a 4. Marquem a resposta pintando
com o lápis o círculo do 4. Esperem não virem a página do caderno”.
Espera-se que todos marquem nas suas folhas e comprova-se se o fizeram correctamente e
continua-se dizendo:
“ Em todas as páginas do caderno há um desenho a que falta um pedaço e têm que procurar entre as peças
debaixo qual é a que completa correctamente o desenho. Quando a encontrarem marquem na Folha o círculo
que tem esse número na linha do modelo que estão a fazer.
Ao princípio os exercícios são fáceis mas cada vez se vão tornando mais difíceis. Há sempre uma peça que é a
correcta não há ratoeiras. Se prestarem atenção à medida que os vão resolvendo, os últimos serão menos
difíceis. Tentem todos os exercícios e não voltem aos que já fizeram.
Têm tempo, mas não o desperdicem. Agora mudem a página do Caderno, assinalem a resposta na Folha e
esperem que eu diga para continuarem.”
Concede-se o tempo suficiente para fazer o exercício e dir-se-à:
“A resposta correcta a este exercício A2 é a peça 5, e devem ter marcado o círculo 5 à frente do espaço de A2
na Folha. Se não assinalaram a resposta 5 podem mudar a resposta fazendo uma cruz sobre a resposta
marcada e assinalando o círculo 5”.
Utiliza-se uma Folha especial, neste momento o aplicador deve modificar as suas instruções
(para a anulação de uma resposta incorrecta), para se adequar ás exigências da dita Folha.
Seguidamente indicar-se-á o modo de anotar as respostas:
“Agora devem continuar com os exercícios desse Caderno. Eu irei verificando se estão respondendo no lugar
adequado da folha. Virem a página e …! Comecem!”
É conveniente que o aplicador vá circulando entre as mesas para verificar se assinalam as
respostas no local certo. Se verificar que um sujeito não compreendeu a tarefa pode tornar a

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exemplificar-lhe os primeiros dois elementos, mas nunca poderá explicar o conteúdo de um
determinado exercício.
Após 15 minutos voltará a verificar se continuam a trabalhar do modo que foi indicado, pois,
alguém pode omitir um elemento e anotar as respostas nos lugares errados.
Ao finalizarem, vai-se recolhendo o trabalho e anotando a hora de términos no espaço para esse
efeito, existente no ângulo inferior direito da Folha. Neste momento comprova-se se os dados de
identificação correspondem a esse sujeito em particular.
Normas específicas de aplicação do CPM:
Esta Matriz (CPM) foi construída para o exame de crianças ou de adultos com baixo nível
intelectual. A investigação original mostrou que a partir dos 6 anos de idade todos os sujeitos
compreendem os problemas que a prova apresenta. No entanto o teste pode ser aplicado em
idades mais baixas mas, nesse caso, a aplicação exige um esforço complementar para captar o
interesse e a motivação do sujeito.
Matrizes Progressivas Coloridas, formada por 36 itens coloridos, destina-se a crianças e pessoas
idosas. É usado com sucesso com pessoas que não conhecem bem o idioma usado, sofrem de
defeitos físicos, são intelectualmente subnormais ou estão em processo de deterioração mental.
Enquanto na versão standard, Matrizes Progressivas, havia 5 séries de problemas: O, B, C, D, E,
na versão colorida decidiu intercalar uma série de 12 problemas entre a série A e B. Assim as
Matrizes Progressivas Coloridas apresenta as séries A, Ab, B.
Para captar a atenção dos mais novos cada problema está impresso sobre um fundo de cor viva.
Este facto evidencia a natureza do problema a resolver sem interferir na solução do mesmo.
Se o teste é apresentado de forma correcta basta mostrar ao sujeito o que deve fazer, deixando-o
estudar os problemas e descobrir, pela experiência, como os resolver.
O teste pode ser apresentado sob a forma de placas de encaixe e peças móveis, ou sob a forma
de desenhos ilustrados apresentados em cadernos. Quer numa quer noutra forma os problemas a
resolver podem ser explicados sem se recorrer a instruções verbais. O teste na sua forma de
encaixe consiste em apresentar cada problema sob a forma de uma placa com uma parte cortada
e de empregar peças cortadas, podendo cada uma delas encaixar exactamente na parte recortada
da placa. Mostra-se ao sujeito que cada peça recortada se encaixa perfeitamente na placa mas
que só uma das peças completa o desenho correctamente. Este procedimento serve de
aprendizagem do método de trabalho a usar e ensina-o a estar atento sem que por isto se altere o
número de problemas que ele é capaz de resolver por dedução directa.
Esta espécie de teste, por encaixe, pode ser facilmente explicada a toda e qualquer população,
falando qualquer língua e é um dos raros testes que pode ser usado com sujeitos que sofram de

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perturbações da fala, de paralisia parcial ou de surdez.
O melhor método consiste em montar cada folha do teste sobre uma placa de
cartão bastante espesso ou num quadro de material plástico de 25 x 10 cm,
desdobrável de um dos lados e construído de tal modo que, quando está
fechado, as peças móveis ficam mantidas no seu lugar próprio, e quando está
aberto sobre uma mesa o teste ocupa uma superfície de 25 x 20 cm. O desenho
a completar é colado sobre a placa ou introduzido na metade superior do estojo
plástico, sendo as 6 peças móveis dispostas na parte inferior do estojo, nas
ranhuras destinadas as mantê-las no lugar. As peças móveis são ligeiramente
mais espessas do que os espaços ranhurados onde se encontram e os seus lados
são ligeiramente facetados de modo a que seja possível tirá-los e substituí-los
com maior facilidade. Estas peças são numeradas, no verso, afim de se poderem
colocar sempre na ordem standard. Os estojos têm uma cor neutra.
Na primeira série de 12 problemas, (série A) uma pequena pala em papel cinzento
dobra- se ao longo do bordo inferior de cada estojo, feita de modo a poder tapar
as 6 peças móveis. Este papel impede que os bocados móveis sejam deslocados
no princípio do teste. Também permite que o sujeito observe o desenho a
completar antes de ver as peças móveis. Na segunda e terceira série ( séries Ab
e B) esta pequena pala é geralmente supérflua.
Os últimos problemas da série B têm o mesmo grau de dificuldade que os
problemas das séries C, D e E do Teste das Matrizes Progressivas versão
standard. Os sujeitos que conseguem resolver a maior parte dos problemas da
série B podem continuar a resolver sem interrupção as séries C, D, E e a sua
capacidade de actividade intelectual será, assim, determinada de um modo mais
rigoroso.
Quando é necessário a pontuação da série intermediária Ab pode ser suprimida e a
pontuação total das séries A, B, c, D, E pode ser usada para determinar o seu
nível. Geralmente o nível obtido por este modo concorda com
Infelizmente este tipo de teste, por encaixe, para ser bem feito, torna-se bastante
dispendioso. Assim, normalmente, usam-se os testes impressos em papel
branco, sob a forma de desenhos bem delimitados num fundo de cor viva.
Entre os 3 e os 6 anos de idade o interesse e a atenção das crianças são,
geralmente, demasiado instáveis e o rendimento da sua capacidade intelectual
demasiado caprichosa para que um teste mental possa estabelecer um

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prognóstico válido sobre o seu desenvolvimento intelectual futuro. Por este
motivo, é duvidoso que os resultados obtidos, seja com os testes sob a forma de
caderno ou com os testes de encaixar, tenham, com crianças, uma validade
prognóstica maior do que quaisquer outros testes mentais. No entanto, pensa-se
que os resultados obtidos com o teste na versão por encaixe são
psicologicamente válidos uma vez que avaliam a capacidade intelectual de uma
criança no momento em que ele é realizado, quaisquer sejam os seus
conhecimentos e o seu nível escolar. Antes que a capacidade de comparar e de
raciocinar por analogia se tenham desenvolvido ou quando o desenvolvimento
dessas capacidades não é atingido ou se encontra diminuído, as séries A, Ab, B,
seja sob a forma de encaixe ou impressas sobre um fundo colorido dão
resultados mais seguros do que as séries A, B, C, D, E das Matrizes
Progressivas.
Para um trabalho com crianças pequenas, para uma avaliação clínica de deficiência
intelectual, de deterioração mental e para estudos etnográficos sobre diferentes
raças, a forma de peças de encaixe do teste tem vantagens. Em trabalhos de
investigação psicológica o teste por encaixe tem vantagens sobre a forma teste
caderno, uma vez que as soluções por tentativas e os erros podem ser
observados e comparados com as soluções obtidas por percepção directa e
dedução.
Embora as séries A, Ab, B na forma do teste por encaixe, permitam fazer uma boa
distinção sobre os diferentes graus de deficiência ou de diminuição intelectual,
ele não é, de modo algum, um teste de debilidade mental tal como é,
frequentemente, chamado.
Estes testes indicam, claramente, se um sujeito é ou não capaz de fazer
comparações e de raciocinar por analogia e senão até que ponto, em relação ao
resto da população, é capaz de organizar as suas percepções espaciais num
conjunto sistematicamente organizado.
 Aplicação do CPM: forma encaixe
O sujeito que vai fazer o teste senta-se confortavelmente frente ao aplicador, numa
mesa com cerca de 60 cm de largura. Durante a conversa preliminar, escreve-se
o nome, a idade … na folha de respostas. A caixa contendo a série A é então
colocada um pouco à direita do sujeito e pede-se-lhe para a abrir e observar o
seu conteúdo. As outras caixas não estão à vista e, à excepção da folha de

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respostas, não há mais nada em cima da mesa. Os gestos do sujeito são guiados
de modo a que ele levante a tampa pela patilha de fecho, ficando assim o
interior aberto à sua frente. A tampa é retirada. Então o aplicador empurra um
pouco a placa inferior um pouco para a frente e diz:
“Gostas de jogos de cubos e de puzzles? Abre este e olha para o que está no interior.”
Conduz-se o sujeito de modo a que ele pegue na placa e a pouse à sua frente sem
abrir a pala superior que esconde as peças móveis. Quando a caixa é aberta
correctamente.
As peças móveis ficam tapadas por uma pala de tal modo que o sujeito apenas
consegue ver o desenho grande a que falta uma peça.
Neste momento o aplicador deve dizer:
“ Repara bem, uma parte deste desenho foi cortada. Nós queremos encontrar a peça que falta e
colocá-la no local. Ela foi misturada com estas (enquanto diz isto, o aplicador
desdobra a pala e ficam expostos as seis peças móveis). Qual destas peças é a
que devemos colocar aqui?” (aponta com o dedo o espaço vazio).
Depois de uma pausa, a necessária para que o sujeito indique uma peça mas sem a
experimentar. E de imediato o aplicador deve dizer:
“ Esta serve ( pegando na nº 1) mas não é a correcta. (Retira-a e coloca a peça nº 3).
Esta também serve mas não é a correcta. (Retira-a e coloca a peça nº4) Esta serve e está
certa. Não concordas?”
Em seguida retira a peça certa e no seu lugar põe a nº6. Então diz:
“Esta não está certa, não bate bem aqui, não é?”
Depois retira a peça e coloca-a junto das outras peças móveis, dizendo:
“Agora é a tua vez.”
Se o sujeito não consegue, dá-se-lhe uma nova explicação, mais detalhada e pede-
se, novamente, para colocar a peça certa.
Quando o desenho é completado de forma correcta o operador diz:
“Está bem. Agora vamos fazer um outro.”
A peça móvel é deixada no seu lugar , na placa e esta é posta de lado.
Pede-se, então ao sujeito para passar à segunda placa, explicando-se-lhe a forma
correcta de a abrir sem pôr as peças todas em desordem.
O aplicador guia os passos do sujeito de modo a que ele retire a placa da caixa, a
abra correctamente e a complete. Quando o sujeito coloca uma peça móvel no
espaço vazio e se mostra contente com o resultado, o aplicador ajuda-o a pegar

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numa nova placa e a resolver o problema seguinte de acordo com uma ordem de
apresentação standard.
Geralmente os sujeitos compreendem muito facilmente o que se pretende e, com
ou sem ajuda conseguem manipular as placas e as peças móveis.
Se o sujeito o desejar pode mudar as peças móveis que não lhe pareçam bem
colocadas e deve ser encorajado a fazê-lo. Toma-se nota de cada peça alterada.
Quando o sujeito se mostra definitivamente satisfeito a peça móvel é deixada
onde ele a coloca.
Se o sujeito não é capaz de resolver o problema 2 ou 3, torna-se a demonstrar o
problema nº1. Após esta explicação recolocam-se as peças do problema 2 e 3 no
respectivo lugar e pede-se ao sujeito que tente fazê-los de novo. Então pede-se
ao sujeito que mostre a peça certa e quando ele a mostra pede-se-lhe que a
encaixe no espaço em branco. Antes de começar a resolver os problemas 4, 5 e
6 pode-se-lhe pedir para observar com atenção o desenho afim de se assegurar
que encontra a peça móvel correcta. Desde que seja capaz de encontrar a
solução não se deve fazer mais comentários. No entanto se mostra dificuldade
ou aponta a peça errada, deve-se pedir- lhe para prestar atenção. Alguns
sujeitos, após terem completado um problema decidem retirar e trocar peças
correctamente colocadas. Quando isto acontece deve-se interrogar o sujeito
sobre o motivo de tal alteração.
Após os 6 primeiros problemas, o aplicador assegura-se da boa colocação das
placas e das peças e não faz comentários sejam de aprovação ou de
desaprovação. Limita-se a inscrever na folha de resposta o número de cada peça
encaixada.
Quando todas as placas da série A já foram completadas o aplicador diz:
-“ Vamos resolver mais alguns jogos mas, primeiro, vamos arrumar este”
Com a ajuda do sujeito, sempre que tal é possível, retira-se cada peça móvel da
respectiva placa e coloca-se na posição standard. Cada placa é então dobrada e
posta no seu lugar na caixa. A caixa A é arrumada e tirada da mesa onde se
coloca a caixa Ab. Pede-se ao sujeito para abrir a caixa e tirar a 1º placa e
deixa-se trabalhar esta 2ª série como fez com a 1ª. Todo o conselho dado pelo
aplicador destina-se, unicamente a atrair a atenção do sujeito para as figuras a
observar e completar.
Quando se aplica o teste na sua forma de encaixe, o aplicador deve continuar até

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ao fim da série B, sem interrupção. Depois, se achar necessário pode mostrar ao
sujeito a versão standard das Matrizes Progressivas. Chama-se-lhe a atenção
para o facto de os problemas serem iguais mas que, desta vez, não tem
necessidade de deslocar as peças móveis bastando apontá-las. Tenta-se que o
sujeito resolva novamente, mas usando este novo método, dois problemas da
série B. Passado com sucesso este treino o aplicador diz:
-“ Vamos agora resolver mais alguns. Olha bem para as figuras de cada coluna”. Então
faz deslizar o dedo pela 1ª coluna, pela 2ª, depois pela 3ª e acaba por parar no
espaço vazio dizendo:
“ Que pedaço vamos pôr aqui?”
Se o sujeito não compreende o que se lhe pede, o aplicador repete a demonstração
dizendo:
“ Repara bem como as figuras estão em cada fila. Qual deve ficar aqui? Mostra a certa.” E
indica os 8 pedaços que se encontram em baixo.
É recomendado anotar a duração total da prova e a duração a partir de A4 e seguir
sempre as mesmas instruções.
 Aplicação individual do CPM : forma caderno
Quando se emprega a forma caderno do teste com crianças, elas têm tendência a
estar menos atentas uma vez que não podem ver os resultados da sua escolha.
Por isso é necessário estar-se certo de que a criança observa atentamente o
desenho e está certa da escolha que fez e pensa que é a certa.
Durante uma conversa preliminar anotam-se numa folha de resposta o nome, a
idade e outras indicações sobre o sujeito.
O aplicador abre então o caderno sobre o primeiro desenho A1 e diz:
“Olha bem este (mostrando a figura do alto); é um desenho a que foi retirada uma parte.
Cada um destes pedaços (mostra-os um a um) tem a forma necessária para preencher o
espaço vazio, mas não completa o desenho. Só um deles tem o desenho necessário. O nº1 tem
a forma mas não tem o desenho; o nº 2 não é um desenho; o nº3 não serve; o nº6 está
quase certo mas é falso aqui (apontando uma parte da peça deixada em branco). Um só
pedaço está certo. Mostra-mo.”
Se o sujeito não é ainda capaz de dar a resposta certa o aplicador deve continuar as
suas explicações até que a natureza do problema seja completamente
compreendida.
O aplicador passa então para o problema A2 e diz:

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“ Agora mostra-me o pedaço que foi cortado deste desenho.”
Se o sujeito não é capaz de o fazer, o aplicador deve tornar a demonstrar o
problema A1 e em seguida pede-lhe para resolver novamente o problema A2.
Se o sujeito resolve o A2 passa de imediato à resolução de A3.
No problema A4 antes de a criança ter tempo de mostrar um dos pedaços pode-se
dizer-lhe:
Olha bem para este desenho (fazendo deslizar um dedo ao longo do desenho), um só
destes pedaços o completa bem. Presta atenção e olha bem para cada um deles (com o
dedo aponta cada um dos 6 pedaços), mostra-me o pedaço que fica bem aqui.”
Quando a criança aponta um dos pedaços, seja o certo ou não, o aplicador diz:
“Achas que está certo?”
Se a criança responde “sim”, esteja certo ou errado, o aplicador aceita a resposta.
Se a criança muda de escolha o aplicador deve dizer:
“Bem, mostra-me o que está certo.”
Quer a criança faça a escolha acertada quer uma errada o aplicador deve tornar a
perguntar:
“É esse o pedaço certo?”
Se a criança se mostra satisfeita a escolha é aceite, mas, se ela hesita o aplicador
deve insistir dizendo
“ Bom, qual é o que está certo?” e inscreve aquele que a criança indicar como
escolha definitiva.
O problema nº5 é demonstrado da mesma maneira.
A qualquer momento, entre o problema A1 e A5 o aplicador pode usar o problema
A1 para demonstrar o que a criança deve fazer e pedir-lhe para tentar de novo.
Se a criança é incapaz de resolver correctamente os problemas 1 a 5 deve
utilizar-se o teste na sua forma de encaixe.
Se os problemas citados são resolvidos com facilidade o aplicador passa a A6 e
diz:
“Vês, tu deves apontar com o dedo o pedaço que completa o desenho grande. Agora vais
continuar a trabalhar à tua vontade e vamos ver quantos problemas acertas. Não precisas de
ter pressa e lembra-te que em cada série só um pedaço está certo. Tem bem a certeza de teres
encontrado o pedaço certo antes de me mostrares qual é.”
O aplicador escreve na folha de resposta, à frente do número do problema, o
número do bocado designado pelo sujeito e verifica que as páginas sejam

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viradas uma a uma. É recomendável cronometrar a duração total da prova, o
tempo gasto a partir de A4 e a duração de cada série A, Ab, B.
Quando o sujeito chega aos primeiros problemas da série Ab ou quando começa a
série B, o aplicador aponta, uma a uma, cada uma das três figuras do grande
desenho bem como o espaço em branco a completar, dizendo:
“Vês estes desenhos? Este, este e este? E aqui qual vamos meter? Mostra-me o que está
certo. Presta atenção. Olha um de cada vez. Só um serve. Qual é?”
Nos problemas de 1 a 5 da série Ab, depois das crianças apontarem um dos
pedaços, seja certo ou errado, o aplicador diz:
“ Achas que é esse que completa o desenho?”
Se a criança responde “sim”, esteja certo ou errado, o aplicador aceita a resposta.
Se a criança muda de escolha o aplicador deve dizer:
“Bem, mostra-me o que está certo.”
Quer a criança faça a escolha acertada quer uma errada o aplicador deve tornar a
perguntar:
“É esse o pedaço certo?”
Se a criança se mostra satisfeita a escolha é aceite, mas, se ela hesita o aplicador
deve insistir dizendo:
“ Bom, qual é o que está certo?” e inscreve aquele que a criança indicar como
escolha definitiva.
Depois do problema nº5 não se pergunta mais se a escolha é a boa. Apenas se deve
dizer:
“Toma atenção. Só um pedaço é que serve. Qual é?”
Devem dar-se estas instruções tantas vezes quantas as consideradas necessárias. A
série B é exemplificada do mesmo modo que a séria Ab.
Como a ordem dos problemas da escala cria uma aprendizagem do método de
trabalho, eles devem ser sempre apresentados pela mesma ordem e o teste deve
ser dado, sem interrupções desde o início da série A até à série B.
Não se deve ajudar o sujeito a descobrir o método de resolver os problemas e não
se deve tecer nenhum comentário sobre as escolhas feitas.
Se as instruções são repetidas demasiadas vezes é possível que a criança não lhes
preste mais atenção.Se a criança está concentrada e compreende o que deve
fazer as instruções podem ser abolidas e dizer apenas o que fazer em A1 e A6.
Deve-se deixar o sujeito trabalhar tranquilamente, por si próprio, do princípio da

13
séria A até ao fim da série B, sem o interromper ou perturbar.
A um sujeito mostrando boas capacidades pode-se pedir para assinalar, ele próprio,
as respostas na folha de respostas deixando-o trabalhar sozinho. Se ele é capaz
de o fazer o aplicador deve apenas verificar que não seja virada mais do que
uma página de cada vez. Este processo, de auto administração do teste deve ser
usado em crianças com mais de 8 anos. A partir desta idade o teste com formato
de caderno pode ser usado, com bons resultados, como um teste de auto
administração ou como um teste colectivo.
 Aplicação colectiva do CPM : forma caderno
Na sala onde o teste se vai realizar não devem estar mais de 8 ou 9 crianças, e, para
a sessão será necessário dispor de:
1. uma hora e meia de tempo útil, embora a maioria das crianças acabem em metade desse
tempo.
2. Umas cartolinas grandes com a reprodução dos primeiros elementos. Antes de começar
deve-se afixar as cartolinas de modo que A1 encubra A2, e que A1 se possa voltar para
apresentar A2.
Antes de começar é conveniente anotar nas Folhas de resposta os dados de
identificação dos sujeitos. Assim, ao distribuir o material, procurar-se-à separar
as crianças para evitar que copiem.
Num primeiro momento é necessário:
 pedir-lhes que não abram o Caderno sem terem autorização
 explicar-lhes que a prova mede a capacidade de ver e pensar com clareza
 indicar-lhes que horas são e pedir-lhes que a anotem no espaço existente na parte superior
direita.
 pedir-lhes que comecem a dar as respostas no corpo da Folha, debaixo da coluna A
 indicar-lhes que abram o Caderno na página do desenho A1 e usando o modelo existente
continuar-se-à:
“ Têm à vossa frente um desenho como este. Em cima está a letra A e, na primeira coluna
da Folha está também a letra A. Este é o exercício A1 (apontando-o) e na folha está
também o espaço A1 para responder a este exercício.
Reparem bem como é o desenho, colorido e com umas linhas dentro. Mas falta-lhe um pedaço.
Todas estas peças, em baixo (apontando-as) têm a mesma forma do pedaço em falta,
mas, só uma tem o desenho que se ajusta correctamente.
A 1ª peça tem um desenho que não é o correcto. A 2ª e 3ª peça também não são as

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correctas. Encaixam-se no jogo mas não têm o desenho correcto.E o que se passa com a 6ª
peça? Falta-lhe um bocado. Qual é a peça certa?
Convém que estas explicações sejam exaustivas para que todos compreendam a
tarefa a realizar. Se for necessário repetem-se estas explicações.
“Sim a 4ª peça é a correcta. Portanto a resposta a este exercício A1 é a 4. Marquem a
resposta pintando com o lápis o círculo do 4. Esperem não virem a página do caderno”.
Espera-se que todos marquem nas suas folhas e comprova-se se o fizeram
correctamente e continua-se dizendo:
“ Em todas as páginas do caderno há um desenho a que falta um pedaço e têm que procurar
entre as peças debaixo qual é a que completa correctamente o desenho. Quando a
encontrarem marquem na Folha o círculo que tem esse número na linha do modelo que estão
a fazer.
Ao princípio os exercícios são fáceis mas cada vez se vão tornando mais difíceis. Há sempre uma
peça que é a correcta não há ratoeiras. Se prestarem atenção à medida que os vão
resolvendo, os últimos serão menos difíceis.
Tentem todos os exercícios e não voltem aos que já fizeram.
Têm tempo, mas não o desperdicem. Agora mudem a página do Caderno, assinalem a resposta
na Folha e esperem que eu diga para continuarem.”
Concede-se o tempo suficiente para fazer o exercício e dir-se-à:
“A resposta correcta a este exercício A2 é a peça 5, e devem ter marcado o círculo 5 à
frente do espaço de A2 na Folha. Se não assinalaram a resposta 5 podem mudar a
resposta fazendo uma cruz sobre a resposta marcada e assinalando o círculo 5”.
Neste momento o aplicador deverá dizer:
“ Agora vão continuar sozinhos com os exercícios desse Caderno. Vou verificar se assinalam a
resposta no lugar correcto. Mudem a folha e comecem.”
É conveniente que o aplicador vá circulando entre as mesas para verificar se
assinalam as respostas no local certo. Se verificar que uma criança não
compreendeu a tarefa pode tornar a exemplificar-lhe os primeiros dois
elementos, mas nunca poderá explicar o conteúdo de um determinado exercício.
Após 15 minutos voltará a verificar se as crianças continuam a trabalhar do modo
que foi indicado, pois, alguma criança pode omitir um elemento e anotar as
respostas nos lugares errados.
Após 20 minutos pede-se às crianças que rodeiem a letra e o número do exercício
que estão a resolver e que continuem o trabalho.

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Ao finalizarem, vai-se recolhendo o trabalho e anotando a hora de término no
espaço para esse efeito, existente no ângulo inferior direito da Folha. Neste
momento comprova-se se os dados de identificação correspondem a essa
criança em particular.
Aplicação individual de APM:
Logo nos primeiros momentos anotar- se-á na parte superior da folha de resposta
os dados de identificação necessários assim como a hora de começo. Se as
respostas vão ser dadas pelo sujeito que está a ser examinado deve indicar-se
qual o espaço destinado às mesmas.
Usando uma cartolina grande ou um Caderno deve mostrar-se ao sujeito o primeiro
elemento e indicar-se-á que a figura superior é um desenho a que falta um
pedaço na parte inferior direita. De imediato apontam-se as oito figuras que
estão em baixo e deve dizer-se:
“Todas estas figuras têm o mesmo tamanho e forma exterior e poderiam ocupar o jogo de cima,
mas só uma delas tem o desenho correcto para completar o jogo. Assinala qual delas pode
completar o desenho de cima. Qual é?”
A maioria das pessoas resolve este exercício e assinala a alternativa 8. Caso
contrário devem dar-se mais instruções para que compreendam porque é que
essa figura 8 é a correcta.
Elege-se uma figura errada e deve indicar-se porque está errada e pede-se para
assinalarem a correcta.
Quando o consigam:
“ Sim, essa é a correcta! É a única que completa correctamente o desenho”
Só quando o aplicador verifique que compreenderam a tarefa é que se anotará a
resposta na Folha e se poderá passar ao 2º exercício, dizendo:
“Agora tentem este exercício. Assinala qual das peças aqui de baixo posta aqui em cima
(apontar) completa bem o desenho. Qual é?”
Normalmente este exercício não apresenta dificuldades. Se for necessário pode-se
voltar ao exercício 1 para explicar de novo a tarefa e assim poder solucionar o
exercício 2. De seguida aponta-se a resposta na Folha.
A partir deste momento não se dão mais instruções. Se o sujeito comete algum erro
pode- se-lhe sugerir que observe melhor as figuras e que se lembre de que só há
uma alternativa correcta.
Se algum sujeito mostra sinais de ansiedade e começa a apegar-se a minúsculos

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pormenores dos desenhos convém indicar-lhe que na prova não há “ ratoeiras” e
que os desenhos foram feitos correctamente mas sem uma precisão exagerada.
Depois do primeiro exercício anotar-se-á na Folha a primeira escolha do sujeito. A
experiência mostrou que:
a) As pessoas de baixa dotação sentem dificuldades logo nos 5 primeiros elementos
deste “SET I”, excepto os que acertam por acaso, a sua pontuação final será
inferior a 6 pontos.
b) As pessoas de dotação média não encontrarão problemas nos primeiros 4
elementos, mas cometerão erros entre a 5ª e a 10ª e raramente resolvem bem os
dois últimos do Caderno.
c) As pessoas brilhantes compreendem a tarefa com rapidez e, excepto quando o
fazem sem dar muita atenção no princípio, não cometem nenhum erro.
O caderno “SET II” pode ser aplicado como uma prova de potêwncia, com tempo
livre, a todos os que tenham resolvido bem mais de metade dos exercícios do
Caderno I. Para continuar o exame retira-se o Caderno I e apresenta-se o
Caderno II, dizendo-lhes que os exercícios são parecidos com os anteriores mas
são mais difíceis.
Pede-se que os tentem todos sem saltar nenhum e sem voltar atrás. Pode gastar o
tempo que quiser e deve-se deixar trabalhar à vontade.
Anota-se a hora de início no rectângulo existente na parte superior direita da folha.
Nesta fase da prova apenas se deve verificar se as respostas estão a ser dadas no
local correcto.
Normalmente é necessária uma hora para completar este “SET II”. Ao recolher o
material anota-se a hora de terminus na parte inferior direita da Folha.
Aplicação Colectiva de APM:
Começa-se repartindo as Folhas de resposta e diz-se:
“Nesta prova dispõem de uma folha de respostas como a que tenho na mão para responder
e dois Cadernos. Não devem fazer nenhuma marca ou sinal nos Cadernos. Agora anotem os
vossos dados pessoais na parte superior da folha, mas não abram ainda o Caderno que
lhes vou dar. Há um rectângulo à direita para anotarem a hora do início. Anotem a
hora, no meu relógio são…”
Distribuem-se os cadernos e diz-se:
“Esta é uma prova para medir a vossa capacidade de observar e de pensar. Tem duas partes e a
segunda é a mais importante. Esta primeira parte, que têm agora em cima da mesa, é

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mais pequena e serve para vos mostrar como têm de trabalhar. Abram o caderno e
vejam a 1ª página. Em cima está o nº1. Olhem para a Folha de respostas; debaixo do
título escala superior e à esquerda vão ver o nºI. Debaixo desta coluna têm que anotar as
respostas a esta 1ª parte do 1º Caderno. A coluna tem espaço para doze exercícios, e ao
lado de cada um há 8 círculos com os números dentro.
No Caderno na parte superior há um desenho a que falta uma parte. Observem-no porque
há que encontrar a peça que falta. Embora todas tenham igual forma só uma das 8
figuras que estão debaixo é a que o pode completar bem.
Assinalem com o dedo a que acham que está correcta. Sim, é a figura 8. Portanto preencham
com a lapiseira o círculo que tem dentro o número oito na Folha de respostas, no espaço
correspondente a esse exercício, na 1ª coluna da escala zuperior.
Agora passem ao exercício 2 e respondam na Folha (conceder 20”) A resposta é o nº4.
Verifiquem se deram a resposta certa. Têm alguma dúvida?
Neste Caderno os problemas vão sendo cada vez ,mais difíceis, mas o procedimento para os
resolver é sempre igual e os exercícios servem para praticar e compreender a tarefa. Não tem
muita importância se não os fizerem todos bem. O importante é compreender a tarefa e ver
como se resolvem. Se se enganarem e quiserem mudar uma resposta podem.
Agora, … façam os outros sozinhos.”
Concedem-se 5 minutos e diz-se:
“Fechem os Cadernos e deixem-nos de lado”
Recolhem-se os Cadernos I e distribuem-se os Cadernos II. Diz-se:
“Peguem neste Caderno, mas não o abram ainda. Esta é a verdadeira prova. Os exercícios são
como os anteriores e a dificuldade aumenta a pouco e pouco. Em cada um deles, observem a
figura de cima e procurem entre as figuras debaixo qual a que se ajusta correctamente no
jogo. Quando a encontrarem, respondam marcando o número dessa figura na Folha de
respostas, em frente ao lugar destinado ao exercício e que tem o mesmo número que o
exercício que estão a resolver.
Há que começar aqui(mostrar na folha do aplicador, onde se começa) esta parteII. Para a
prova têm 40 minutos e lembrem-se que o importante é a precisão com que realizam a
tarefa. Assegurem-se que a solução é a correcta antes de a marcarem e passem á seguinte. Se
se enganarem relembrem-se de como têm que modificar a resposta errada. Alguma dúvida?
Então… Abram o caderno e …comecem”
Marcam-se os 40 minutos no cronómetro e é conveniente passear entre os
examinandos para verificar se estão a preencher correctamente a Folha de

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respostas.
No fim dos 40 minutos diz-se:
“Atenção! … Chega! Fechem o caderno e verifiquem se preencheram correctamente os dados de
identificação na parte superior da folha. Anotem também no rectângulo que está na parte
inferior da folha a hora a que terminaram. No meu relógio são…”
Recolhe-se o material, verificando que os dados e respostas foram dados nos
lugares certos e dá- se por terminada a aplicação da prova.
1.7. Correcção
Quando a aplicação do teste é feita usando a Folha de respostas para auto
correcção, o processo de pontuação pode ser realizado pelo aplicador ou pelo
examinando. Este processo é bastante simples e apenas exige os seguintes
passos:
1) O impresso é composto por duas folhas, original e cópia, pegadas pelos quatro
cantos. Para separá-las basta arrancar ou cortar o bordo picotado da direita e
separar os bordos superior e inferior, deixando intacto o da esquerda, a não ser
que se deseje separar e arquivar as duas folhas em lugares separados.
2) Comprova-se se não foi dada mais do que uma resposta a cada exercício sem ter
feito as anulações da forma indicada. Se houver mais do que uma resposta e não
houver maneira de determinar qual a que o sujeito considerou correcta, é
necessário anular todas as respostas desse exercício para evitar que entre em
conta nos acertos.
3) Em cada uma das colunas (conjunto de 12 elementos) somam-se as respostas
dadas pelo sujeito que aparecem dentro dos círculos existentes nessa coluna.
Concede-se um ponto por cada resposta correcta e o resultado será anotado no
espaço correspondente na base da coluna, imediatamente ao lado dos títulos
coloridos “Punt”.
4) A soma das pontuações obtidas em todas as colunas será anotada no espaço
destinado a “TOTAL (A + Ab +B)” impresso a cor.
5) Se a prova foi aplicada com tempo livre, obter-se-à a diferença entre a hora de
término e a hora de início do teste e o resultado será anotado no espaço “Tempo
total”.
6) Na s Matrizes Coloridas é possível obter a pontuação da discrepância nos
conjuntos ou colunas A, Ab e B da Folha de respostas, quer dizer a diferença
entre o valor empírico obtido e o esperado em cada conjunto. Estes dados
encontram-se na tabela C1 quando o valor empírico total da pontuação directa
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varia entre 10 e 31 pontos. Para isso basta entrar em cada uma das filas da tábua
até à coluna da pontuação directa total obtida pelo sujeito e no cruzamento da
fila e da coluna encontra-se a pontuação teórica esperada. A diferença entre o
obtido e o esperado é o valor da discrepância.
Tabela C1. Composição normalizada das pontuações directas de CPM
PD 10 11
12 13 14
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
A 6 66 7 78 8 8 99 9 99 9 10 10 10 10 11 11 11 11
Pontuação Ab 2 33 3 44 4 5 55 6 77 8 8 8 9 9 9 10 10 10
EsperaB 2 23 3 33 4 4 45 5 56 6 6 7 7 8 8 8 9 10
da
nos
conj
unto
s
No quadro que se segue pode-se exemplificar o anterior com um caso hipotético em que no
CPM obteve as pontuações parciais 10, 4 e 2 nos três conjuntos e em que o PD é de 16 pontos.
A partir da tabela C1 estraem-se as pontuações esperadas 8, 4, 4 e, fazendo a diferença, obtem-
se as discrepâncias que vêm na terceira linha do quadro.
A Ab B Total
Pontuação 10 4 2 16
PD esperado 8 4 4
Discrepâncias 2 0 -2

Os autores da tabela C1 dizem que se num dos conjuntos aparece uma discrepância de mais de 2
pontos não se deveria aceitar a pontuação total como uma estimativa consistente do
funcionamento da capacidade intelectual do sujeito. No entanto, essa maior discrepância não é
um impedimento para se considerar válida a pontuação total obtida.
1.8. Apreciação Quantitativa
Os resultados obtidos com os testes SPM mostraram que para as crianças mais novas ou para
pessoas portadoras de deficiência era necessário proceder a algumas alterações afim de
assegurar que os sujeitos compreendem a natureza dos problemas independentemente de serem
ou não capazes de os solucionar.
Quando se dá a uma criança a forma encaixe do teste (CPM) a sua primeira reacção é,
frequentemente, pegar nas peças móveis e brincar com elas.
A partir dos 3 anos, uma criança encaixa uma das peças no espaço em branco do grande

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desenho. Ao princípio não importa qual peça. Desde que encaixe já lhe agrada. Ela parecerá
surpreendida por verificar que todas as peças se encaixam no espaço vazio e vai experimentá-las
uma a uma.
Apenas algumas crianças serão capazes de completar correctamente os primeiros dois ou três
desenhos da série A.
A partir de 4 anos, uma criança nota que uma das peças é semelhante ao desenho do alto. Ao
princípio a semelhança do desenho basta-lhe e a dimensão ou a orientação do mesmo parecem
não ter importância para ela.
A partir dos 5 anos uma criança fica satisfeita se a peça que ela encaixa completa correctamente
o desenho numa das direcções. Mais tarde começa a escolher a peça que completa o desenho
nas duas direcções.
Nesta idade, uma criança bastante dotada começará, frequentemente, a manipular o material do
teste espontaneamente, para seu próprio divertimento. Tendo inserido a peça certa ela vai retirá-
la deliberadamente e experimentará as outras. É característico deste estádio de desenvolvimento
que encaixe a peça certa à primeira tentativa. Todas as modificações que ela faz é vista como
uma manifestação da sua aprendizagem por tentativas ou como um prazer em manipular.
Algumas crianças depois de terem encaixado a peça certa parecem preocupadas com pequenas
diferenças no ajustamento da peça e querem mudá-la. Pode ser útil perguntar à criança porque
procedeu assim. Se ela não puder explicar, como uma criança tem dificuldade em traduzir o seu
pensamento por palavras a resposta não deve ser considerada errada.
A partir dos 6 anos uma criança pode escolher correctamente o desenho mesmo quando a figura
que ele tem de escolher é diferente das partes do desenho a completar. É neste estádio do seu
desenvolvimento que uma criança um pouco atrasada começa a fazer bastantes erros.
Ela tenta geralmente repetir uma resposta já dada e adopta frequentemente este procedimento
como método de trabalho.
A partir dos 7 anos, uma criança é capaz de conceber figuras separadas como conjuntos
espaciais ligados entre eles mas, aparentemente, acha difícil analisá-los através dos seus
componentes.
A partir dos 8 anos uma criança pode resolver facilmente a maior parte dos problemas da série
Ab.
A partir dos 9 anos uma criança pode trabalhar sozinha duma maneira satisfatória. Quando a
deixamos trabalhar tranquilamente, no seu próprio ritmo, sem a interromper o seu trabalho é
melhor e mais conforme com os seus verdadeiros processos mentais.
A partir dos 10 anos as respostas aos testes dadas por crianças dotadas, crianças normais e

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crianças retardadas tornam-se cada vez mais diferentes umas das outras.
A partir de 10 anos quanto mais dificuldade um sujeito encontra em resolver os problemas das
séries A, Ab, B, mais provável é que fique atrasado para o resto da vida e os resultados do seu
teste indicarão a natureza e a extensão da sua debilidade.
Um atrasado ligeiro permanece, durante toda a vida incapaz de resolver os problemas mais
difíceis da série B. Um sujeito com estas características aprende, normalmente, a ler e a
escrever, adquire vocabulário médio e adapta-se a condições de vida estáveis. Tem falta de
originalidade e tem enorme dificuldade em responder eficazmente a situações novas.
A experiência mostrou que nos Testes APM:
a) As pessoas de baixa dotação sentem dificuldades logo nos 5 primeiros elementos deste “SET
I”, excepto os que acertam por acaso, a sua pontuação final será inferior a 6 pontos.
b) As pessoas de dotação média não encontrarão problemas nos primeiros 4 elementos, mas
cometerão erros entre a 5ª e a 10ª e raramente resolvem bem os dois últimos do Caderno.
c) As pessoas brilhantes compreendem a tarefa com rapidez e, excepto quando o fazem sem dar
muita atenção no princípio, não cometem nenhum erro.
O caderno “SET II” pode ser aplicado como uma prova de potência, com tempo livre, a todos os
que tenham resolvido bem mais de metade dos exercícios do Caderno I. Para continuar o exame
retira-se o Caderno I e apresenta-se o Caderno II, dizendo-lhes que os exercícios são parecidos
com os anteriores mas são mais difíceis.
Pede-se que os tentem todos sem saltar nenhum e sem voltar atrás. Pode gastar o tempo que
quiser e deve-se deixar trabalhar à vontade.
1.9. Observações
O Teste das Matrizes Progressivas, Escala Geral ou Teste de Raven é um instrumento clássico
usado para avaliar aspectos importantes do potencial intelectual.
A sua aplicação abrange todas as idades e todos os níveis culturais. É utilizado para a selecção
de pessoal e a orientação profissional; o diagnóstico de deficiência mental em crianças e para
verificar a involução intelectual nas pessoas idosas. Pesquisas transculturais têm-se servido
deste teste para estudar diferenças étnicas ou de aculturação.
Estes testes são usados pela psiquiatria, pela psicologia e ainda pela psicopedagogia.

Bibliografia
1. CUBERO, NICOLAS - Manual - Raven – Matrices Progresivas TEA – Publicaciones de
Psicologia Aplicada Madrid, 1996
2. SCHÜTZENBERGER, ANNE - Manuel - Standard Progressiv Matrices TEA –

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Publicaciones de Psicologia Aplicada Madrid, 1996

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