Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
1ª Edição
Brasília/DF - 2020
Autores
Eliane Maria Cherulli Carvalho
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4
Introdução...............................................................................................................................................................................6
Capítulo 1
Planejamento: percepção de futuro.........................................................................................................................9
Capítulo 2
Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o
agora?.............................................................................................................................................................................. 34
Capítulo 3
O planejamento como instrumento de política pública da Educação...................................................... 51
Capítulo 4
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades.............................................................. 65
Capítulo 5
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica................... 84
Capítulo 6
Planejar na educação, transformar o social.....................................................................................................119
Referências.........................................................................................................................................................................132
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
4
Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
5
Introdução
O ato de planejar significa desempenhar uma atividade engajada e intencional, num processo
contínuo de reflexão. As peculiaridades de prever ações e racionalizar os meios materiais e os
recursos humanos visam ao alcance de determinados objetivos de modo mais eficiente
Nesse processo, devido às suas particularidades, julgou-se cabível, por meio das reflexões
aqui propostas, a fundamentação teórica sobre planejamento, de forma objetiva, porém
abrangente e apropriada para uma compreensão crítica.
Válido destacar que este estudo não esgota as diversas possibilidades de complementação
de aprendizagens, compreendendo outras abordagens fornecidas na área de Educação
em Planejamento Educacional, por meio de diferentes leituras e recursos apontados
durante, ou ao final dos textos ou estações, bem como nas referências bibliográficas,
vídeos, artigos.
6
Objetivos
7
8
CAPÍTULO
PLANEJAMENTO: PERCEPÇÃO DE
FUTURO 1
Introdução
Objetivos
9
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
Para refletir
Eu sou um menino muito sonhador. Me chamo Luiz Fernando. Sonho dormindo ou acordado, pois sonhar não é
errado. Tem vezes que eu quero ser um pássaro, para voar e sentir o vento. Outras vezes quero ser um super-herói que
pudesse fazer o bem e matar meus inimigos, ou um gênio maluco, para criar vários monstros. Também posso ser um
aventureiro, igualzinho ao Indiana Jones, para procurar tesouros. Ser um pirata para comandar meu navio. Até um
Peter Pan, para ficar na Terra do nunca. Mas não penso só em fantasia. Penso também na vida real. O que eu quero
mesmo é ser um médico ou engenheiro eletrônico. Com dezessete anos quero começar afazer cursos para ser alguma
coisa na vida. Você não deve pensar: Eu não consigo, pois sonhar é fácil.
Fonte: http://joseliamaria.com/wp-content/uploads/2018/07/madalena-freire-ressalta-a-garra-das-alunas-do-pro-
saber-30-8-2017-14-31-25-3519.png. Acesso 29 julho de 2019.
10
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
Provocação
» O que é possível fazer por meio de querer fazer, organizar, sistematizar, para o alcance de um objetivo real de vida.
Importante destacar que numa raridade de ações desenvolvidas em nossos meios sociais
e, essencialmente em nossas vidas, poucas são aquelas que independem de planejamento,
desde itens mais simples, às providências básicas a serem tomadas no que concerne às
decisões dentro das administrações nacionais com vistas futuras de operacionalizações
de decisões e ações políticas, econômicas sociais, que isoladas, e/ou conjuntamente,
atuem para o bem comum.
11
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
Há que se definir o planejamento como um método para o qual seja indicada uma
circunstância de futuro esperado. Para tanto, há necessidade de avaliar assiduamente o
contexto cuja pretensão seja de: o que quero fazer, como, quando, quanto, para quem,
por que, por quem, onde será feito e por quanto tempo?
12
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
Para Libâneo (1994, p. 22), o planejamento tem grande importância por tratar-se de: “um
processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a
atividade escolar e a problemática do contexto social”.
Por meio do estudo sobre Sistemas como proposto por Bertalanffy (2008), há indicação
de três níveis de planejamento, como o estratégico, o tático e operacional, abalizando
para reais melhorias no campo tecnológico do planejamento, revolucionando, assim, a
educação, a organização militar e a forma de abordagem para as dificuldades ecológicas.
13
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
Observe a lei
A título de conhecimento
O princípio do planejamento familiar foi consagrado tanto em sede legal (art. 1.565, § 2o, do CC de 2002), quanto
constitucional (art. 226, § 7o, da CF/1988), senão vejamos:
14
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
O referido princípio encontra-se regulamentado na Lei no 9.263/1996, que assegura a todo cidadão, não só ao casal,
o planejamento familiar de maneira livre, não podendo nem o Estado, nem a sociedade ou quem quer que seja,
estabelecer limites ou condições para o seu exercício dentro do âmbito da autonomia privada do indivíduo.
A Lei no 9.263/1996, em seu art. 2o, considera como planejamento familiar o conjunto de ações de regulação de
fecundidade que garante direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem e
pelo casal. Trata-se de uma legislação mais voltada à implementação de políticas públicas de controle de natalidade e
da promoção de ações governamentais dotadas de natureza promocional, que garantam a todos o acesso igualitário
às informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade.
No quadro a seguir organizado por Padilha (2001), pode-se perceber melhor, a definição
do que caracteriza o Planejamento Educacional.
15
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
Criado pela autora com base em: “Quadro-síntese” (Fonte: PADILHA, 2003, p. 57).
[...]
No que tange ao Planejamento Escolar (o que será detalhado em outro capítulo), fica
entendido ser a ferramenta utilizada pelo professor para auxiliar melhor o seu desempenho
didático-pedagógico, visando à melhoria contínua da aprendizagem dos alunos. Por
meio desse planejamento, o docente prevê atividades, ou seja, os procedimentos a serem
propostos, determinando objetivos pretendidos para cada atividade. Nesta área são
consideradas três modalidades de planejamento, quais sejam: plano da escola, plano de
ensino, plano de aula.
Nessas premissas importa a relevância que deve ser atribuída à participação ativa da
sociedade no âmbito do planejamento educacional, como processo sistêmico que é, seja
em nível nacional, estadual ou municipal. Melhor seria se todos compreendessem essa
necessidade, certamente os resultados seriam bem mais promissores.
Nessa linha de reflexão pode-se destacar o pensamento de Lück (2009) quando afirma
que são termos intrínsecos a democracia e a participação, pois um remete ao outro.
Infelizmente, apesar de a democracia ser impossível sem participação social, pode haver
participação alheia ao comportamento democrático.
16
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
Tal importância ocorre pelo fato de se considerar a participação como um processo ativo
e cooperativo entre os pares, caracterizado pela partilha e presença nas ações do dia a
dia nos processos de gestão da educação, objetivando a superação dos desafios e demais
impedimentos, assim como da realização de seu papel e do desenvolvimento de sua
identidade.
Ainda de acordo com Demo (1999, p. 18), a participação não deve ser entendida como
presente ou uma concessão de alguma coisa preexistente, mas, entendida como uma
conquista de superação de atitudes e modismos individuais que tem como meta impulsionar
as tarefas em grupo.
O significado não representa o que o planejador tem em mente, mas o sentido que os sujeitos
conferem às próprias percepções, vivências e conhecimentos relacionados aos fatos e dados
que o rodeiam.
Saiba mais
17
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
São práticas apoiadas na liberdade como um valor que instiga a criação e o planejamento por meio do pensar sobre
o passado, o presente e, principalmente, sobre o futuro. As falas são instigadas na perspectiva que interessa aos
intelectuais orgânicos, conceito criado pelo italiano Antonio Gramsci e entendido como o indivíduo intelectual que
se mantém ligado a sua classe social originária, atuando como seu porta-voz; assim também os demais participantes
e à medida que proporcionam algumas respostas e novas perguntas a questões e aspectos envolvidos no processo de
planejamento.
Fonte: https://passapalavra.info/2012/02/53056/.
Assim, a metodologia produz um conhecimento que resulta do entrelace das perspectivas dos intelectuais orgânicos
e da população. A sistematização é uma proposta metodológica aberta e flexível que rompe com a rigidez formal,
produzindo novo conhecimento pela união do conhecimento do intelectual orgânico e do cidadão comum
pertencente ao local, levando em conta a diversidade dos atores sociais envolvidos com a prática transformada em
objeto de investigação.
Nesse contexto, a sistematização é utilizada para desenvolver as práticas democráticas e participativas construídas
juntamente com o povo, tendo como desafio principal orientar e propor caminhos e ações. Enfim, trata-se de uma
metodologia que busca resgatar a participação ativa da população. Mesmo que a sistematização se constitua como
um processo global, em que o todo deve ser analisado conjuntamente com as partes, ainda pressupõe um processo
no qual fazem parte diferentes momentos reflexivos acerca dos desafios postos, tais como a elaboração de projetos,
a aproximação dos sujeitos envolvidos, a discussão da viabilidade da sistematização, o acesso aos dados (registros e
informações), a construção de narrativas, a reflexão e a teorização, a reconstrução e a elaboração de produtos para a
comunicação (FALKEMBACH, 1997).
Nesse entendimento, fazem parte da sistematização momentos de práticas distintas, entretanto, isto não significa
que a sistematização necessita ser trabalhada a partir de cada momento diferente, uma vez que eles não são
estanques, mas se entrecruzam. Não significa que cada momento tenha que ser trabalhado em um espaço e tempo
diferente; não se trata de separar a reflexão da ação, até mesmo porque a sistematização é um ir e vir em cada
momento integrante do processo. A metodologia da sistematização, como possível, subsidiará a elaboração de um
plano de educação e pressupõe a construção do conhecimento a partir de práticas sociais já vividas, concretas,
fazendo dos sujeitos sociais os próprios protagonistas da construção da política pública.
18
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
Segundo Falkembach (1997), a partir dos espaços ocupados e dos tempos vivenciados, a sistematização possibilita a
transformação das práticas sociais em objeto de reflexão e de produção de conhecimentos e aprendizagens, sendo
esta ótimo processo educativo capaz de possibilitar uma participação de alta intensidade, já que o ser humano
tende a assumir compromisso apenas com o que ajudou a criar. De acordo com as metodologias participativas, a
elaboração de um plano educacional deverá estar baseada no pressuposto de que todos os cidadãos, independente
de nível intelectual, classe econômica, cor, credo ou etnia, têm o direito de participar, sendo que as organizações
comunitárias não detêm, pelo menos no que diz respeito aos planos educacionais, status ou prerrogativas especiais.
Além disso, a participação deverá ser orientada por uma prerrogativa de regras de democracia direta e representativa.
Postas as metodologias participativas como linha de ação fundamental para a elaboração de um plano de educação,
apresentaremos, a seguir, alguns tópicos que acreditamos serem fundamentais dentro dessa metodologia, visando
garantir a efetiva participação popular na elaboração da política pública.
(Fonte: http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/319/Eveline%20Pasqualin%20
Souza.pdf?sequence=1, p. 63).
Prosseguindo com esse assunto, outro fator significativo que diz respeito à participação no
planejamento é a obrigação de compreender a necessidade desse planejamento.
Para refletir
O conceito de Planejamento que estamos construindo traz consigo a exigência da Participação. Concebemos o
planejar como uma oportunidade de repensar todo o fazer da escola, como um instrumento de formação dos
educadores e educandos, bem como de humanização, de desalienação e de libertação. Colocamos como pano de
fundo de todo o processo de planejamento, o desafio da transformação, ou seja, de conseguirmos de fato criar algo,
ousar, avançar, dar um salto qualitativo. O fato de se buscar o planejamento participativo tem a ver com opções de
ordem e de pragmática. A participação é um valor, uma necessidade humana (o homem se torna homem pela sua
inserção ativa no mundo da cultura, das relações etc.). É uma questão de respeito pelo outro, de reconhecimento de
sua condição de cidadão, de sujeito do sentir, pensar, fazer, poder.
Além disso, a participação no planejamento tem a ver com uma questão muito prática: o desejo de que as coisas
planejadas realmente aconteçam. O que muito desgastou o planejamento, como sabemos, foi o fato de se planejar e
depois não acontecer. A atividade educacional é complexa e envolve um rol de determinantes articulados.
A participação, portanto, é um elemento estratégico, é uma forma de diminuir, pela negociação, pela busca de
consenso ou de hegemonia, as resistências dos próprios agentes internos à instituição. Para os educadores de
diferentes realidades, de modo geral, os maiores problemas da escola apontados são da ordem de política interna e
não tanto de proposta pedagógica: pessoas que não querem, não aceitam, não abrem mão, não deixam, controlam,
não mudam. Por isso, quanto maior o nível de participação, maiores as chances de vermos o planejamento realizado.
(VASCONCELLOS, 2009, p. 51).
Quanto a isso, a melhoria da qualidade da educação, como ressalta Lück (2009), indica a priorização para
descentralizar, democratizando as gestões, inclusive, a educacional e, para tanto, a participação tornou-se conceito
central, de desempenho consciente de um grupo que reconhece seu poder influenciador nas dinâmicas culturais,
partindo de competência e vontade para compreender, decidir e agir conjuntamente.
19
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
Portanto, sob essa ótica entende-se que o planejamento participativo oportunize que:
Além disso, é recomendado que a participação ocorra em todas as etapas, quais sejam:
discussão, decisão, colocação em prática, avaliação e resultados do trabalho organizado.
20
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
Nesse espaço, cuja proposta é refletir sobre Planejamento, vale ressaltar a influência dos
estudiosos Taylor e Fayol que tanto se destacaram no estudo da Administração. Dentre seus
constructos teóricos, Taylor e seus seguidores descrevem os Princípios da Administração
Científica, maximizando que a gerência adquire outras contribuições e responsabilidades
quando descrita por esses princípios e métodos, sendo o do Planejamento o primeiro
deles, afirmando que essa ação deveria substituir no trabalho, o critério individual do
funcionário, bem como a improvisação e atuação empírico/prática, por artifícios baseados
em fórmulas científicas, essencialmente substituindo a improvisação pela ciência, por
meio do planejamento das ações e o controle do processo de trabalho.
Com o ideal um tanto revolucionário da administração bem delineada por objetivos, é que
nasce o planejamento estratégico compreendido como processo de especificação, definida
de objetivos das instituições e das decisões, ações e programas que fazem a empresa. Ao final
da década de 1960, essa linha de pensamento foi percebida na prática administrativa como
de Fayol, alertando os administradores para atuações voltadas à estratégia organizacional
relacionada à tomada de decisão, aprovando, então, o planejamento organizacional ou
empresarial que reforça a elaboração do planejamento estratégico.
Importante lembrar que foi no mundo do trabalho, ou seja, no contexto das proposições
administrativas das companhias, que as teorias foram sendo organizadas, constituindo as
chamadas escolas de administração e que, atualmente, adorna o espaço da administração
escolar. Neste sentido, diversos teóricos do assunto entenderam que esses princípios
deveriam ser justapostos em qualquer campo social ou produtivo, incluindo a gestão
escolar da educação e da escola.
21
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
Saiba mais
Bem mais do que uma inovação da versão do Plano de Escola, o Plano de Gestão é um documento que individualiza
a dinâmica na medida em que se deve desempenhar o acompanhamento de todos os fatos escolares ao longo de
quatro anos, apontando a operacionalização do Projeto Pedagógico e do Plano de Ensino conjugado. São planejados
os desígnios e os conteúdos, visando à intenção dos alunos do ciclo propriamente dito.
Sendo, assim, um dispositivo de ciclos que embarga a ideia de que todos os alunos aprenderão sem a aceleração do
conteúdo, poupando o ritmo de cada aluno presente.
O mais admirável componente do Plano de Gestão é a operacionalização e acompanhamento das metas e objetivos
do Projeto Pedagógico e do Plano de Ensino, dirigindo a qualidade do ensino que será dada aos alunos. O Plano de
Gestão deve, então, ponderar os objetivos e metas pedagógicos de, no mínimo, um semestre. Se o Plano se acomoda à
escola, este poderá ser efetivado, sendo, assim, a sua real efetivação ao final dos quatro anos.
É importante a reunião de todos os envolvidos, periodicamente, para o julgamento do Plano de Gestão, para que seja
demarcado se houve o empenho de gerenciar. Desse jeito, é possível tornar o plano um documento autêntico e de
utilidade na metodologia pedagógica.
Todo o Plano de Gestão Escolar submerge os aspectos administrativos e pedagógicos, de maneira operacional,
gerenciando os Planos Pedagógicos. Sendo assim, o Plano de Gestão começa a ser um documento que avaliará de
tempos em tempos as metas e os objetivos e admitirá o controle do Plano de Ensino, ao longo de quatro anos. A
maior importância e garantia do Plano de Gestão Escolar é de desempenhar um bom funcionamento do Projeto
Pedagógico e do Plano de Ensino.
Diante disso, o planejamento não deve ser tomado apenas como mais um procedimento
administrativo e burocrático advindo de cobrança superior ou de outra instituição externa,
mas ser entendido como a edificação de procedimentos e união dos vários atores, segmentos
e setores da empresa ou instituição.
“Às vezes, há uma tentação enorme de ficar gastando tempo com problemas menores,
quase sempre da esfera administrativa ou burocrática. Justamente por isso é tão importante
planejar o planejamento.” (VASCONCELLOS, 2002, 86).
22
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
De modo geral e, culturalmente, nossa sociedade age pelo idealismo, com a tendência em
valorizar as ideias em detrimento da prática e supervalorizando o poder das ideias, como
se bastasse uma única ideia clara para provocação da transformação da realidade. Alerta-
se, para isso, a necessidade de que o planejamento não seja engessado e nem visto como
“senhor do futuro”, que por meio dele o sujeito é capaz de prever e controlar, modificando
esquemas preestabelecidos.
Essas contradições mencionadas em breve reflexão remete-nos à uma questão inicial que
é o próprio modo de ver e entender o mundo, em especial, as relações entre os homens e
seus papéis na sociedade, assim como às questões filosóficas básicas, como o existir; é a
própria visão de mundo ou a cosmovisão.
A excelência, também, indica para a humanização, soltura das amarras do que já não tem
mais significado eficaz. São muitos os desafios do século XXI que, como sabido, advêm das
mudanças paradigmáticas que nos convidam a repensar o nosso jeito de estar no mundo. Se
antes prevaleciam a linearidade e a certeza das respostas aos questionamentos humanos,
em certos e errados, bons e maus, hoje, nos impacta a complexidade da vida e, mais do
que respostas, estamos a todo o momento nos indagando.
De acordo com Vasconcellos (2009), dependendo da eficácia dos grupos que o elaboram
é preciso considerar três dimensões básicas a serem respeitadas no planejamento, quais
sejam: a realidade, a finalidade e o plano de ação. Este último pode ser consequência da
articulação entre a realidade e a finalidade ou a vontade do grupo para fazer.
23
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
de coisas, à direção para transformar o que é naquilo que deve ser. Já a mediação é
a previsão das ações, do movimento, da sequência de operações a serem realizadas
para a transformação da realidade.
Nessa linha de pensamento observa-se que não tem importância, se especificadas primeiro
a realidade e a finalidade ou o desejo. Explicando isso: o profissional pode iniciar seu
planejamento ‘‘sonhando’’, desde que depois esses dados sejam colocados dentro das
possibilidades reais de cada instituição. Não raro acontecer de um grupo demonstrar
incredulidade e descrença quando, ao final de um trabalho, os resultados avaliativos não
sejam os melhores.
Vásquez (apud Vasconcellos, 2009, p. 45) reafirma a práxis como junção ou articulação
da reflexão com a ação, ou seja, da teoria com a prática. Desse modo, a atividade reflexiva
no conjunto pode ser compreendida como mediadora da ação humana consciente e,
por isso, podemos fazer corresponder à atividade reflexiva, três níveis, a saber:
24
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
De acordo com Abreu (apud FRIEDMANN, 2004, p. 34), os predicados utópico, estético e
ético são os fundamentos básicos do planejamento. Por meio deles, quando realizamos
o planejamento podemos sonhar com uma sociedade ética e, qualitativamente, correta
para os indivíduos.
Por meio do Fundamento Utópico acenamos para o sonho, para vontade de no futuro ver
realizadas as aspirações da sociedade. Por ele se tem o desejo de mudar o presente, melhorar
a qualidade de vida das pessoas, conjeturando um futuro melhor.
Quando o sujeito tem como meta alcançar e preocupa-se, constantemente, com o belo, ele
está envolvido pelo Fundamento Estético. Esse é compreendido como uma predefinição
entendida como repetitiva inquietação de quem planeja e deve manter na tomada de
decisão, entendendo que suas ações oportunizam modificações físicas, socioeconômicas
e culturais na sociedade.
Conforme reflete Abreu (apud FRIEDMANN, 2004, p. 35), o Planejamento Estético deve
assegurar a manutenção da harmonia, conforme os padrões culturais da sociedade,
colaborando para o aumento desses padrões culturais, visando, também, à melhoria
da qualidade de vida das pessoas. Atenta-se que a função principal da estética não é
25
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
Agora, bem ampliado é o Fundamento Ético que envolve, além dele mesmo – o ético, o
ideológico e o filosófico. Tal relação ética com o planejamento são essencialmente os
valores que aguçam a verdade, indicando excelência nos fatos e dados que se articulam
em volta da ética. Desde a Grécia antiga, berço das contendas filosóficas, compreende-
se a ética como um pensamento em ação.
Atenção
Aristóteles, em sua Metafísica (2004) dividia a investigação filosófica e os processos atinentes à investigação em duas
instâncias: matéria e forma. Enquanto a matéria refere-se ao conteúdo do que se pretende compreender ou abordar,
a forma diz respeito aos aspectos técnicos, teóricos e metodológicos que conduzem a investigação e a colocam
sob um escopo discursivo, passível de ser apreendido pelos outros sujeitos. Para exemplificar, tomemos a seguinte
situação: uma peça de teatro é produzida. A matéria diria respeito ao tema, ao título da peça: a forma referir-se-ia às
encenações, ao figurino e ao cenário dos atores (SANTOS, 2016, p. 11).
26
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
Dessa forma, e considerando as dimensões mencionadas por Santos (2016) para avaliar
o resultado de um planejamento, torna-se imperativo abordar a visão estratégica, tendo
em vista que as necessidades reais indicam que se tome decisões e/ou emprego de outros
projetos para eliminar os acontecimentos que interferem na administração, infraestrutura
e nos aspectos pedagógicos. Assim, essa dimensão também pode ser condicionante, ou
seja, as estratégias interferem na prática dos assuntos pedagógicos, de infraestrutura e dos
administrativos, no modus operandi do planejamento educacional.
Com isso, o caráter relacional das três dimensões traz outra particularidade, segundo
Santos (2016), que é a noção de que não acontece uma influência irrestrita e decisiva do
planejamento sobre a lógica administrativa (enfoque dialético), ao mesmo tempo em que
não é impossível a logicidade na atividade do planejamento como idealizada sob o ponto
de vista do senso comum (empírico).
Provocação
Então, sabendo que não há planejamento sem pesquisa precedente, o planejamento educacional é uma disciplina ou
um campo do conhecimento?
27
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
28
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
às mudanças e/ou antecipar-se a elas, com novo olhar sobre a gestão, desenvolvimento
pessoal, ou ‘‘pensar como fazer diferente’’ os planos, processos e procedimentos.
Saiba mais
No geral, a capacidade de crescimento de uma organização disruptiva chega a ser dez vezes mais rápida do que a de
suas concorrentes por conta do uso da inovação a favor do negócio.
Número de funcionários maior e estrutura hierárquica mais fixa. Esses são os dois principais motivos pelos quais
empresas tradicionais não conseguem mudar suas formas de atuação e seus métodos de gestão de maneira rápida.
E foi a partir desses pontos que as organizações exponenciais perceberam uma oportunidade para crescerem e se
diferenciarem.
O ponto de partida foi a constatação de que a lógica do mercado mudou. No passado, quanto maior a força de
trabalho de uma empresa, mais ela produzia. Por isso era tão difícil competir com as grandes organizações. Hoje, a
tecnologia não apenas alterou o comportamento do consumidor, mas, também, permitiu agilizar, eliminar processos
manuais e automatizar tarefas repetitivas dentro das empresas.
Nesse cenário, a força de trabalho excessivo passa a ser uma barreira que reduz a velocidade das operações. Sendo
assim, quando o negócio gira em torno da informação, o desenvolvimento da organização entra em crescimento
exponencial, o que significa que a relação preço performance dobra (em média) a cada um ou dois anos.
Resumindo o que são organizações exponenciais: aquelas que se livraram da barreira de uma força de trabalho
excessiva e, por isso, têm uma velocidade de operação e de crescimento muito mais rápida, podendo contribuir
eficazmente com a organização escolar e, consequentemente, facilitando a lida com a elaboração do planejamento
educacional.
Enquanto as organizações tradicionais operam de maneira linear, com uma quantidade-limite de recursos, as
organizações exponenciais podem trabalhar com modelos de propostas didáticas inovadoras e ativas possíveis, com
ganho de desempenho e qualidade desejáveis.
Outro ponto importante: as organizações mais antigas têm clima e estrutura organizacional ainda baseados
fortemente em hierarquia, centralização com baixa tolerância para risco. Já uma organização escolar com
perfil exponencial carrega consigo, desde o seu nascimento, uma cultura de descentralização que valoriza a
experimentação e a autonomia, na adaptação à mudança e ao diálogo com a comunidade educativa, ou seja, com os
principais atores do processo: professores e alunos.
29
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
De acordo com Peter Drucker (1992, p. s/n), grande expoente da Administração moderna,
Nessas reflexões de mundo novo não são suficientes os planejamentos do passado com
seus modelos, objetivos, estratégias, procedimentos, como instrumentos superados e
metodologias antiquadas, esses não suprem as necessidades do panorama educacional do
Brasil, considerando a rapidez das informações e a facilidade de seu acesso à comunidade
educativa (professores, alunos, pais, demais servidores e vizinhanças) que, cada vez mais
independentes, necessitam revolucionar os jeitos de ensinar para que os alunos possam
construir os seus saberes.
Ora, considerando tais aspectos, como deixar de aludir a necessária atenção para com
os devidos planejamentos, quer em nível nacional, estadual e municipal, incluindo o
Distrito Federal? A pesquisa em âmbito nacional é vasta e, como alerta Santos (2016, p. 30),
“não há planejamento sem pesquisa” e é única quanto às diversas formas e abordagens,
métodos, objetos, tempos, modos e espaços em que ela deve ocorrer, quaisquer que
sejam as abordagens: qualitativa, quantitativa, experimental sob vários enfoques (como
fenomenológico, crítico dialético, neopositivista e histórico) oriundos da coleta de dados
fornecidos pela comunidade.
30
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
Posicionamento do autor
Devido a constatações como a acima mencionada é que neste livro optou-se, também, por breves lembretes e
comentários sobre as práticas e alguns aspectos merecedores de atenção para as implantações nos ambientes
educacionais e, por conseguinte, as citações legais que serão detalhadas no terceiro capítulo.
Para refletir
O esperado é que nascesse diariamente, na sala de aula, um compromisso entre o professor e o aluno, relativo ao
respeito entre eles e assentado aos ritmos, necessidades, pensamentos, exigências quanto ao cumprimento de um
programa de ensino moldado numa relação pedagógica dialógica e de reaprendizagens de solidariedade, partilha,
cooperação e busca de solução de problemas do dia a dia. Além disso, o aceitável é que a prática pedagógica ocorra
por meio de ação planejada e organizada e revisitada pelo professor para o seu cotidiano de sala de aula, de modo
que o processo de ensino e aprendizagem seja gratificante e reforçador do desejo de aprender cada vez mais e com
mais autonomia, tanto dele próprio como de seu aluno.
Muito se fala acerca de novos modelos de ensino e aprendizagem. As mudanças requerem urgência, de fato, nos
métodos de ensino e no aprimoramento das práticas pedagógicas. A escola clama por profissionais com habilidades
de trabalhar e coordenar as atividades em grupos cooperativamente organizados, com o objetivo de desenvolver e/
ou reforçar nos alunos a capacidade de tomar decisões, serem críticos, reflexivos, empreendedores e protagonistas
das próprias atitudes. Nessas avaliações são propostas outras metodologias hoje chamadas ativas, pois se firmam
numa visão mais humanista e menos tecnicista da educação, como a sala de aula invertida, os mapas conceituais, a
aprendizagem baseada em problemas com prospecção de cenários, estudos de caso, com o intuito de reorganizar os
espaços físicos e emocionais de aprendizagem, desde a mais simples sala de aula às modernas salas de multimídia.
A opção pelas metodologias ativas, como entendidas, poderá ser o caminho apontado para o desenvolvimento das
competências relevantes no século XXI, na expectativa de atendimento aos aspectos pedagógicos, andragógicos e
heutagógicos. A título de complementação, vale lembrar que a pedagogia está ligada aos processos educativos de
crianças e adolescentes, em ambientes nos quais é do professor a maior responsabilidade de coordenar, orientando
as experiências de aprendizagem; a andragogia direciona-se, por sua vez, para a educação dos adultos, já inseridos
no trabalho, considerando principalmente suas motivações e experiências pessoais; a heutagogia surge em resposta
às demandas da era digital, em que há acúmulo de informações disponíveis, dando aos sujeitos autonomia para
decidirem o como, quando e o que aprenderem.
Dessa forma, sobre os ambientes de aprendizagem e metodologias ativas, três abordagens são fundamentais de
serem lembradas aos professores que se predispõem a provocar mudanças ao assumirem outros papéis de liderança
em sala de aula; são as abordagens teóricas que fundamentam as metodologias ativas em contextos de educação, por
considerarem a ligação do binômio ação-reflexão: cognitivismo, socioconstrutivismo e o conectivismo.
31
CAPÍTULO 1 • Planejamento: percepção de futuro
O cognitivismo lembra o conhecimento de como o homem reconhece o mundo por meio dos processos mentais,
ou seja, como o conhecemos... No processo de aprendizagem avalia-se a estrutura cognitiva como a organização e
integração de conteúdos de suas ideias em uma área reservada de conhecimento, resultando na aprendizagem.
O socioconstrutivismo é mais amplo que o construcionismo, incorporando o papel de outros fatores, inclusive
da cultura, no desenvolvimento. Neste sentido, ele também pode ser comparado à teoria do aprendizado social,
enfatizando a interação por meio da observação. Neste entendimento sobre o conhecimento e a aprendizagem que
derivam, principalmente, das teorias da epistemologia genética de Jean Piaget e da pesquisa sócio-histórica de Lev
Vygotsky, parte do princípio de que o homem responde aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e
organizar o seu próprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada.
O conectivismo apresenta um modelo de aprendizagem que reconhece as profundas mudanças sociais,
reconhecendo que a aprendizagem não é mais uma atividade interna e individual. A maneira como as pessoas
elaboram e trabalham são ações alteradas quando elas utilizam novas ferramentas. Na educação há lentidão em
reconhecer, tanto o impacto das novas ferramentas de aprendizagem como as mudanças ambientais com o devido
significado aprender. O conectivismo possibilita perceber as habilidades e as tarefas de aprendizagem necessárias
para os aprendizes florescerem na era digital.
Depois de maximizar as questões voltadas para as metodologias, entendeu-se a necessidade de priorizar o como
fazer para o seu sucesso. Ora, sabe-se da importância a ser dada à elaboração do planejamento educacional e dos
objetivos de ensino, antes de qualquer passo que se siga a ele, ou seja, amarrar o conteúdo pretendido e de forma que
esse seja significativo.
Importa lembrar aqui que objetivos e conteúdos determinam os métodos a serem buscados. Esses, por sua vez,
devem assentar-se nos princípios de caráter científico e sistemático serem compreensíveis, com possibilidades de
assimilação; assegurar a relação conhecimento e prática, assentar-se na unidade de ensino/aprendizagem, garantir a
solidez dos conhecimentos e levar à vinculação trabalho coletivo-particularidades individuais. Para completar essas
ponderações julgadas importantes nessas reflexões de rever as ações didático-pedagógicas, com o fim de planejar
estratégias de enfrentamento do bullying na escola, imperioso se faz abordar os ambientes surgidos especificamente
na última década, com o avanço das tecnologias de informação e comunicação, integrados às possibilidades
educacionais, que são os ambientes virtuais de aprendizagem – o chamado ciberespaço: ambiente virtual no qual as
pessoas interagem e se relacionam, possibilitando novas aprendizagens, dentre elas, novos relacionamentos, quem
sabe mais sadios?
Até aqui, ao final desse capítulo foi possível assinalar alguns itens de relevância. Vamos relembrar?
Sintetizando
» Correlacionar o ato de planejar desde a criação do mundo pertinente ao campo teórico da administração, ao
planejamento como área de conhecimento interdisciplinar assentada na educação, no ensino, na escola e na sala
de aula.
32
Planejamento: percepção de futuro • CAPÍTULO 1
» Analisando o Planejamento Educacional como uma área do conhecimento alicerçada na educação, no ensino,
na escola, especialmente na sala de aula, perspectiva-se entender que o planejamento ajusta dados científicos
e filosóficos, uma vez que, cada abordagem de conhecimento que lhe é feita possui artifícios de controle e
averiguação experimental e, ao mesmo tempo, subsídios reflexivos que, considerados na prática específica de cada
segmento e de suas condições reais, são abastecidos de criatividade e diversidade relativos às suas especificidades.
» Há que se definir o planejamento como um método para o qual seja indicada uma circunstância de futuro
esperado. Para tanto, há necessidade de avaliar assiduamente o contexto cuja pretensão seja de: o que quero fazer,
como, quando, quanto, para quem, por que, por quem, onde será feito e por quanto tempo?
» O conceito de Planejamento que estamos construindo traz consigo a exigência da Participação. Concebemos o
planejar como uma oportunidade de repensar todo o fazer da escola, como um instrumento de formação dos
educadores e educandos, bem como de humanização, de desalienação e de libertação. Colocamos como pano de
fundo de todo o processo de planejamento, o desafio da transformação, ou seja, de conseguirmos de fato criar algo,
ousar, avançar, dar um salto qualitativo.
» A ênfase do momento é sobrepor o classicismo do planejamento para o planejar com prospecção, é adotar o futuro
como abertura de inovação no presente, trazendo força fundamental para experimentar, ‘‘dançar’’ diferentes
probabilidades, impondo limites para as improvisações, maximizando os crivos de avaliação posteriormente à
operacionalização dos projetos.
33
CAPÍTULO
EPISTEMOLOGIA E HISTÓRIA DO
PLANEJAMENTO: O QUE ENTENDER
SOBRE ISSO: O ANTES, O DEPOIS E O
AGORA? 2
Introdução
Objetivos
34
Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora • CAPÍTULO 2
Para refletir
“A história do homem é um reflexo do seu pensar sobre o presente, passado e futuro. O homem pensa sobre o que
fazer; o que deixou de fazer; sobre o que está fazendo e o que pretende fazer. O ato de pensar não deixa de ser um
verdadeiro ato de planejar.” (MENEGOLLA; SANT’ANA, 2003, p. 15).
Nessa reflexão e sem medo de erro pode ser assegurado que planejar é uma ação
intrínseca a um ser pensante que, desde o início da história, quando vivia em cavernas,
fazia e utilizava ferramental como pedras e madeiras, caçava alimentos e se protegia
do tempo e de outras intempéries com peles dos animais, atentando ainda que o
surgimento do fogo deu-lhe mais capacidade para agir e criar, delineando mudanças,
além de migrar para outras regiões, na busca da melhoria de qualidade de vida.
Segundo Turra et al. (1996, p. 272), do ponto de vista histórico, as informações são de que,
desde o início, o homem é provocado a modificar o ambiente natural, os fatos e, até mesmo,
o seu próprio humano. Primeiramente, essa ascendência foi exercida no princípio da
praticidade, que tanto condicionava a conduta do indivíduo com a natureza, como conduzia
o procedimento entre os homens.
Pode ser salientado que nessa primeira fase houve vinculação entre a chamada tecnologia
primitiva e a fase inicial do planejamento chamado instrumental, uma vez que facilitava
35
CAPÍTULO 2 • Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora
Numa fase posterior, o foco é transferido do caráter técnico, prático ou instrumental como
afirma Turra et al. (1996, p. 273), para a elaboração de quadros teóricos de referência,
objetivando a interpretação de precisões e pretensões do homem para conduzir ao
desenvolvimento social e econômico, com mais possibilidades, por meio das teorias
sócio-políticas e econômica do planejamento.
Nessa linha de informações foi sabido que num terceiro momento ou fase, houve
crescimento do pensamento convicto sobre a ideia de planejar sendo aberto às
necessidades humanas, requerendo acordo das interdependências mundiais e da
própria disposição de quem planeja.
Nessa exposição, como ressalta Turra et al. (1996), devido ao seu caráter ético, a consciência
e a intencionalidade, participação e responsabilidade tornam-se elementos-chave para
a nova percepção de planejamento (grifo do autor).
É possível destacar em Vasconcellos (2000, p. 65), sem medo de equívoco, que a base de
sustentação do planejamento é a ação, ou a atuação. Possivelmente, desde a História Antiga
tenha existido planejamentos elaborados com algum comando e métodos avaliativos, o que
se pode comentar devido à existência das pirâmides, monumentos e palácios, as ditas
construções épicas, as grandes batalhas e, ainda, planejamento implica a previsão de
mudanças.
Saiba mais
História Antiga ou Antiguidade foi o período da História que se estendeu desde a invenção da escrita (4000 a.C. a
3500 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) e início da Idade Média (século V).
Fonte: https://www.sohistoria.com.br/ef2/idadeantiga/.
36
Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora • CAPÍTULO 2
Veja que desde os primórdios da civilização, a noção de participação e partilha vem com
a necessidade de organização, essencialmente das relações sociais, pois o homem precisa
conviver com os outros. Como já abordado na citação acima, os povos egípcios valorizavam
não só o planejar, assim também o sujeito que, sendo o coordenador, organizasse as equipes
de trabalho.
Nessa linha de tempo, importante mencionar a atuação dos filósofos Sócrates, Platão,
Aristóteles, Kant, Karl Marx, Comênio e outros que, por meio dos seus ideais de
organização, direito, sociedade, conhecimento e liberdade tanto contribuíram para a
continuidade do aprimoramento das fundamentações teóricas do planejamento.
Segundo Evangelista (2010, p. 56), para muitos estudiosos, Taylor foi o precursor da
administração por objetivos, depois reorganizada por Peter Drucker nos idos de 1960,
cooperando, assim, para o surgimento do Planejamento Estratégico, cujo foco principal “é
o processo de especificação bem definido dos objetivos da organização e das decisões,
ações e programas que abrangem o composto da empresa”.
37
CAPÍTULO 2 • Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora
Períodos Planejamento
1884 Elaborado o plano decenal japonês considerado como o primeiro plano de desenvolvimento feito no
mundo, denominado Kogyo Tken.
1916 Henry Fayol apresenta os cinco elementos do processo administrativo: planejamento, organização,
direção, coordenação e controle, que são utilizados até hoje. Surge o planejamento empresarial.
1920 Criada a Comissão Estadual de Planejamento da URSS-GOSPLAN.
1933/1945 Lançado pelo presidente dos Estados Unidos da América (EUA), é considerado um marco do
planejamento econômico do mundo capitalista ocidental, denominado New Deal.
1946 O comissariado de planejamento elaborou, na França, um plano de recuperação econômica e de
modernização.
1947 Elaborado pelos EUA, o plano de recuperação econômica da Europa e do Japão, sendo conhecido como
Plano Marshall.
1960 Desenvolvido o Modelo de Harvard de análise estratégica, como modelo SWOT (tradução do inglês:
forças, fraquezas, oportunidades e ameaças).
2000 Início do interesse das organizações empresariais para o Planejamento Estratégico.
Saiba mais
Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/conheca-a-historia-da-construcao-de-brasilia-durante-o-governo-de-jk/.
Acesso em: julho de 2019.
Brasília é mais que uma nova cidade. Representa o resultado de um longo processo, cujas raízes datam de dois
séculos atrás, bem como a realização de um projeto que, durante muito tempo, atraiu a imaginação do povo
brasileiro e que mais recentemente começou a ser interpretado como uma necessidade absoluta para o País. Não
apenas deveria ser descoberta uma válvula de segurança para as crescentes pressões populacionais aglomeradas ao
longo das regiões costeiras do País, mas, também, havia necessidade de tentar criar oportunidades de emprego que,
por sua vez, poderiam reforçar o mercado, dentro do processo de substituição das importações, então em pleno vigor
no Brasil.
38
Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora • CAPÍTULO 2
Baseada nestas considerações, Brasília deve ser analisada mais firmemente como a corporificação de fortes crenças
na estratégia dos polos de crescimento do que, simplesmente, como uma nova cidade supermoderna. Suas funções
não eram as tradicionais funções da nova cidade: atração de excessos populacionais das áreas metropolitanas
superpovoadas.
Era, então, bem conhecido o fato de que problemas urbanos nos países subdesenvolvidos não podem ser atacados
nas cidades, mas em suas origens – especificamente no binômio expulsão rural/atração urbana, e que qualquer
nova cidade, por sua própria definição, será ainda mais atrativa que os centros urbanos existentes, gerando, em
consequência, outra fonte de problemas urbanos. De um ponto de vista urbanístico, Brasília deve ser vista apenas
como um monumento e um símbolo ao esforço feito pelos brasileiros em seu processo de desenvolvimento e não
como um modelo ou exemplo de novas tendências urbanísticas.
Brasília foi o resultado de um processo que requeria a expansão das fronteiras do País em direção ao interior. Foi
somente um instrumento para a abertura de um novo processo de interiorização do País, com a cidade de Brasília
atuando tanto como um polo de atração, no sentido das novas cidades, quanto como um polo de crescimento para o
interior brasileiro, irradiando energia para as áreas vizinhas.
Todo o processo poderia ser descrito de forma bastante acurada, pelo modelo de integração urbano-agrícola de
Von Thunem, por meio do qual o surgimento exógeno de um centro urbano leva à geração de anéis concêntricos
mediados por custos de transporte. A construção de estradas associada à nova capital destinava-se a aumentar a
interação da cidade com o resto do País, através do nivelamento do ângulo dos preços de transporte.
Poderíamos caracterizar o processo de planejamento envolvido na construção de Brasília como estrutural em
sua natureza. Ele tentou criar um novo padrão de expansão territorial e econômica. O instrumento utilizado para
alcançar tal objetivo foi a construção de um polo de crescimento no interior do País. A indústria motora escolhida,
cuja função é prover o polo de dinamismo, foi a indústria de maior crescimento no Brasil: a Administração Federal.
O governo é, por várias razões, uma atividade particularmente adequada para agir como propulsor do crescimento –
gera fortes ligações para trás na forma de mercados em crescimento para toda sorte de bens de consumo e serviços,
por meio do crescimento contínuo de seu pessoal, como, também, na forma de consumo direto de serviços, como
transações bancárias, assessoria, comunicações, transporte, e assim por diante; igualmente gera fortes ligações
para frente, especialmente na infraestrutura de serviços de comunicação e transporte, gerando condições à tomada
de impulso para um processo de crescimento. Deu-se grande ênfase à construção de estradas, que, ligando a nova
capital ao resto do País, conseguiram aumentar o grau de acessibilidade ao interior brasileiro.
Como podemos ver, o tipo de planejamento foi claramente de natureza estrutural. Foi uma tentativa de criar outras
ligações que poderiam levar a um crescimento econômico e, também, uma tentativa de introduzir novas variáveis a
fim de atingir o desenvolvimento.
Brasília é um bom exemplo de um processo de planejamento de alcance limitado, apesar de seus efeitos em longo
prazo terem sido bastante abrangentes. Igualmente, o plano de Brasília estava longe de ser amplo, apesar de algumas
importantes diretrizes terem sido estabelecidas. A maior parte do esforço de planejamento concentrou-se na área
central, chamada de plano-piloto, enquanto as cidades-satélites e o Distrito Federal, como região, foram bastante
negligenciados e abandonados a processos de crescimento espontâneo. Da mesma forma, com exceção de algum
planejamento na área de construção das estradas, a maioria dos outros setores não foi planejada.
Como mencionado anteriormente, esta abordagem não é sempre ineficiente, se os planejadores se defrontam com
situações de escassez de recursos e incertezas, tais como as encontradas na construção de Brasília. Em adição, a
estratégia de crescimento desequilibrado, escolhida neste caso, exige tipos de planejamento estrutural bastante
localizados.
Os processos de planejamento podem, muitas vezes, encontrar forte oposição de vários grupos, reduzindo de forma
sensível sua representatividade. No caso de Brasília, este problema foi evitado com sucesso, preservando-se um alto
grau de representatividade. No princípio, a ideia de uma nova capital não foi contra os interesses de ninguém. Muito
pelo contrário, encontrou um largo consenso entre toda a população. O sul industrializado adquiria novos mercados,
a subdesenvolvida região nordestina encontraria novas terras onde parte de sua população crescente poderia se
instalar. A nação como um todo teria uma nova fonte de emprego e orgulho.
39
CAPÍTULO 2 • Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora
A oposição ao plano foi habilmente evitada nos últimos estágios do processo de planejamento, por meio de um
conjunto de mecanismos importantes e uma grande habilidade política. O plano era flexível e propositadamente
vago, o que evitou possibilidades de confrontos com qualquer grupo específico.
A falta de projeções financeiras exatas e estimações de custo foram importantes para evitar o medo de grandes
pressões inflacionárias, que seriam inevitáveis se os custos reais tivessem sido prognosticados. Igualmente, a
população de funcionários públicos foi atraída para fora do Rio – a cidade maravilhosa – muito mais pela oferta de
pagamentos dobrados e aposentadoria em tempo mais curto do que através de cruéis decretos executivos. O plano
da cidade foi escolhido de modo a permitir uma grande flexibilidade no desenvolvimento real da cidade, enquanto,
ao mesmo tempo, sugeria um forte simbolismo sobre o qual a imaginação poderia estender-se longamente.
Como resultado de tudo isso, o processo de planejamento caracterizou-se por uma alta representatividade e uma
oposição relativamente fraca e, infelizmente, muito pouco tem sido feito para avaliar os resultados da construção de
Brasília.
A capital e suas cidades-satélites contam, atualmente, com mais de 800 mil habitantes, com alta taxa de crescimento
prevista para o futuro. Seu impacto indireto na migração e colonização não é conhecido. Há, entretanto, evidências
que mostram que ela foi bem-sucedida em atrair a população para o interior do Brasil. Isto se demonstra pelos
maiores índices de crescimento de cidades como Brasília, Goiânia e Cuiabá do que das cidades mais antigas do
litoral, como São Paulo e Rio de Janeiro.
A estrada Belém-Brasília, que corta áreas quase inabitadas nos últimos anos da década de 1960, atraiu uma
população superior a 2 milhões, ao longo de seu percurso. Mais uma vez, os movimentos migratórios foram
completamente espontâneos e a contribuição do Governo limitou-se à construção da rodovia. O mesmo fenômeno
deve ser observado ao longo das outras rodovias que ligam Brasília com as outras capitais estaduais no Brasil o que,
sem dúvida, prova o sucesso de Brasília na colonização do planalto central brasileiro.
Em adição à atração de migrantes para a área, Brasília serviu ao objetivo fundamental de criar um mercado para
produção local. Apesar de seu impacto na industrialização dos estados centrais não ter sido significativo, ela criou
uma oportunidade para um aumento na produção primária e terciária. Além disso, o sucesso da experiência de
Brasília foi, indubitavelmente, um fator primordial na motivação aos mais recentes e, também, mais ambiciosos
projetos de colonização da região amazônica.
(Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901977000400001).
Importante
Atualizando nossa rota na história do planejamento, ressalta-se que o procedimento, desde o surgimento no
ideário humano, galgou fases definidas no curso histórico desde os períodos racionalista, antiguidade e idades
média, moderna e contemporânea e nesse espaço importa situar ainda o surgimento de fatos como a bomba
atômica, a modernização das guerras, a revolução industrial, a ida do homem à lua, os avanços na tecnologia e das
comunicações.
40
Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora • CAPÍTULO 2
» E agora... o que considerar nesse trajeto histórico que retrata o caminho da história
do Planejamento Educacional no Brasil?
Na literatura existente pode-se saber que o planejamento era considerado aparelho arranjado
pelo Estado e ligado socialmente aos mais diferentes grupos, tendo por base os movimentos
de centralização e descentralização. Melhor explicando, trata-se da elaboração burocrática
e racional do planejamento, por novas práticas descentralizadas e mais democráticas,
compreendida pela substituição do modelo de acumulação taylorista/fordista para o
modelo chamado flexível, como o trabalho em grupo, a cooperação, a participação direta
nos processos de decisão, a flexibilização e a descentralização.
41
CAPÍTULO 2 • Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora
a oferta do ensino em língua pátria (art. 150, d); a proibição do voto aos analfabetos (art.
108). Finalmente, vale citar dispositivos relativos ao magistério: a isenção de impostos
para a profissão de professor (art. 113, inciso 36) e a exigência de concurso público como
forma de ingresso ao magistério oficial (art. 158).
Desse modo, nossa rota de estudo histórico fica ciente de que, com a Carta de 1937,
inicia-se no Brasil um período caracterizado por uma centralização exacerbada de
poder na esfera federal, com o chamado Estado Novo e que abrange também no
campo educacional, surgindo, nos anos 1940, as reformas educacionais provocadas
pelo poder central, nomeadamente as chamadas Leis Orgânicas de Ensino, em
referência ao título de cada uma e advindo da área específica a que se destinam ,
coerentes em seis decretos-leis idealizados durante a administração de Gustavo
Capanema no Ministério da Educação, e assim denominadas: Lei Orgânica do
Ensino Industrial – (Decreto-Lei n o 4.073/1942), ao secundário (Lei Orgânica do
Ensino Secundário – Decreto-Lei n o 4.244/1942) e ao comercial, (Lei Orgânica do
Ensino Comercial – Decreto-Lei n o 6.141/1943). Também durante esse período
é criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai – Decreto-Lei n o
4.048/1942).
42
Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora • CAPÍTULO 2
Sob esse enfoque de caminhar na história constata-se que o texto da Carta de 1946
retroage à de 1934, com novidades sobre a competência da União que é “legislar sobre as
diretrizes e bases da educação nacional” (art. 5o, XV ), quando as Constituições anteriores
haviam atribuído pertinências no sentido de “traçar as diretrizes” (Constituição de 1934)
ou “fixar as bases [...] traçando as diretrizes” (Constituição de 1937).
Conforme explicita Horta (1982), mesmo não sendo presente a ideia de plano, como
idealizado pelos liberais nos anos 1930, persistiu a definição de plano como um conjunto
de metas para a estruturação do sistema educacional brasileiro. Com isso, foram retomados
alguns itens ‘‘esquecidos’’ na Carta de 1937 consequentes do golpe como a educação
como direito de todos; a descentralização da educação por meio da criação de sistemas
educacionais; a exigência de concurso público para o provimento das vagas destinadas
ao cargo de professor; o financiamento da educação vinculado à arrecadação da União,
dos estados e municípios, aparecendo pela primeira vez em texto oficial, a terminologia
de ‘‘ensino oficial’’ .
Ainda segundo Horta (1982), nos anos 1956/1961, nasce o Programa das Metas (do Plano
de Desenvolvimento Econômico) onde está inclusa a educação como setor necessário,
ou seja, surge como meta setorial específica, num planejamento brasileiro, para o
desenvolvimento do País frente à carência de técnicos devidamente habilitados para
o serviço, depreendendo-se disso a percepção da necessidade de um planejamento
integral da educação associado ao planejamento econômico e social, sendo o exercício
do planejamento por prioridades (dito estatal), aceito no Brasil durante a Segunda Guerra
Mundial juntamente com o Plano de Metas como a primeira experiência de planejamento
governamental, efetivamente praticado no País.
43
CAPÍTULO 2 • Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora
Saiba mais
Se o planejamento educacional do País sempre buscou acompanhar seu projeto econômico e político, cabe-nos
questionar se os programas apresentados nos últimos anos configuram, em conjunto, um planejamento educacional,
que se desenvolve de forma orgânica em prol de um projeto de sociedade, ou se esses planos representam programas
isolados e superpostos que não evidenciam um planejamento educacional concreto.
De certa forma, observa-se que no século XXI, o Estado reassume o papel do planejamento econômico e social, o
qual estava em refluxo durante toda a década de 1990, quando se promoveram certas reformas de cunho neoliberal
no intuito de acatar aos anseios internacionais, não atendendo às expectativas educacionais do País. Dentro dessa
lógica, a descentralização entendida como transferência de atribuições e de poder para a tomada de decisão por
diferentes níveis de governo, nem sempre significa maior autonomia para estes níveis.
A Constituição de 1988 buscou atender às reivindicações por maior democratização da gestão pública no País;
mas, por outro lado, a descentralização adotada a partir dos anos 1990 também representou maior participação da
iniciativa privada nos direitos sociais, dando a estes uma característica de serviços sob a lógica de produtividade e
eficiência.
Neste estudo podemos concluir que, se no período ditatorial vivenciamos um Estado centralizador de modo
a garantir menor interferência do poder local nas políticas públicas em prol da continuidade do regime, em
contrapartida, a redemocratização representou a entrada da iniciativa privada e de agências supranacionais no
espaço escolar sob o discurso da descentralização das políticas educacionais.
Assim, durante o século XX, ocorreram movimentos de centralização e descentralização das ações do Estado de modo
a acompanhar as mudanças econômicas e sociais em nível mundial, adequando a educação às necessidades do
mercado. Tais ações, por vezes, representaram a descontinuidade de políticas educacionais configurando-as apenas
como políticas de governo e não como políticas de Estado.
Nesse contexto, o planejamento educacional torna-se um campo de debates políticos e ideológicos entre diferentes
atores sociais que trazem distintas concepções de educação, bem como de qual o objetivo-fim do processo educativo,
de modo que nessa relação de forças, o planejamento educacional assume diferentes finalidades; e a educação,
embora apresente conquistas, destina-se à manutenção da hegemonia dominante.
44
Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora • CAPÍTULO 2
Inicialmente, importa lembrar, conforme Filatro (2009), que inovação é processo que orienta
o planejamento, bem como as iniciativas educacionais pioneiras associando atividades
de ensino presenciais, semipresenciais e a distância, previstas na legislação de educação
em vigor e ancoradas por recursos tecnológicos para direcionar especificamente, em qual
desenho de educação se quer chegar.
Ora, se tudo muda, precisamos mudar a forma como nos posicionamos, pois como
bem o sabemos, o dia continua com as mesmas horas, mas parece às vezes sufocar-nos
na revisão para reajustar o jeito de viver e administrar as mudanças das atividades no
nosso dia a dia, requerendo melhor gestão de tempo e de decisões, ou seja, precisamos
fazer de jeito diferente, as mesmas coisas, já que a cada dia temos algo diferente para
aprender e enfrentar.
45
CAPÍTULO 2 • Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora
Figura 8. Disrupção.
Fonte: https://www.heflo.com/pt-br/wp-content/uploads/sites/2/2016/12/inova%C3%A7%C3%A3o-disruptiva-exemplo.
jpg. Acesso em: 3/3/2020.
Então, nessa linha de pensamento, é válido alertar que o processo educacional, em seus
diferentes níveis e modalidades, (temas que serão detalhados nos próximos capítulos),
reveja o como as inovações técnicas, culturais, políticas, comerciais, disruptivas e tantas
outras têm exigido dos planejadores e executores do campo educacional alterações
velozes quebrando resistências de ‘‘fazer diferente’’, com vistas à melhoria da qualidade
do ensino-aprendizagem e, consequentemente, na qualidade de vida do ser humano.
46
Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora • CAPÍTULO 2
Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/295/planejamento-escolar
Refletindo sobre esses aspectos, podemos insistir na questão do pensar numa visão
comparativa entre paradigmas do planejamento na história e no cenário contemporâneo
indicando, sem hesitar, a revisão das atuações, propondo aprofundamento nos vários
cenários educativos, em suas diversas nuances, quais sejam, os novos ambientes de
aprendizagem por meio das metodologias ativas, os métodos de trabalho independente,
projetos, aulas Invertidas, tecnologias ativas e outros.
Saiba mais
Sem fugir da história torna-se válido mencionar dois educadores que trouxeram elementos de experiências concretas
e inovadoras referentes ao planejamento educacional.
Um deles, Anísio Teixeira ( décadas de 1950-1960), cujas contribuições não se limitaram a livros e artigos, na
idealização de projetos, planos e ações no campo administrativo, dentre eles, planejar a educação brasileira sob as
abas de uma Constituição de política nacional de formação de professores e a organização de uma rede de centros
de pesquisa educacional justaposta para subsidiar escolas e redes de ensino no que competia ao planejamento
educacional.
Disponível em: https://www.google.com/url?sa=i&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwiz18j16drjAhUyHLkGHaEbBfMQjRx6
BAgBEAU&url=http%3A%2F%2Fwww.educacao.ba.gov.br%2Fmidias%2Ffotos%2Fanisio-teixeira%3Ftipo%3Dprevious%26page%3D92%26tipo
%3Dprevious&psig =AOvVaw31bvdam1sWtqjbdDD72wVC&ust=1564513715795268. Acesso em: julho de 2019.
47
CAPÍTULO 2 • Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora
Paulo Reglus Neves Freire (décadas 1950-1990). Paulo Freire foi um educador de
importância e destaque no cenário nacional e internacional, pareceu não estar
disposto a fazer de sua história uma história marcada pela acomodação diante de
um mundo caracterizado pela injustiça social, pelo analfabetismo, pela exclusão
cultural e econômica. Seu pensamento e sua ação fizeram-se transformar num
homem que se compreendeu como um ser que podia, de alguma forma, contribuir
para que a história dos homens e das mulheres tivesse outra página. Escolheu o
caminho da Educação. Ensinou e aprendeu. Continua a ensinar. Na vastidão de
seu pensamento, disseminado pelos livros publicados, palestras conferidas, aulas
etc., é possível delimitar, para o propósito desta discussão, dois aspectos – diálogo
e conscientização – que permitem contribuir para as discussões sobre a questão
do diálogo. Isto porque, para Paulo Freire, essa temática torna-se central em sua
compreensão do fenômeno educativo e, a partir dele, tanto homem como mulher,
pelo diálogo, chegam à consciência de ser-no-mundo.
Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-quem-foi-paulo-
freire.phtml
48
Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora • CAPÍTULO 2
Para refletir
Para visualizar dados e fatos sobre questões da Educação e da Pedagogia, propomos alguns bons filmes: são
produções que pontuam reflexões sobre o valor da educação, do nosso sistema educacional, do aluno e do professor.
Fonte: https://media.fstatic.com/7bdUC1q2eOjh4RYIGVseZH61ujw=/fit-in/210x312/smart/media/movies/covers/2017/07/
Ad%C3%A1gio.jpg. Acesso em: 29 de julho de 2019.
49
CAPÍTULO 2 • Epistemologia e história do planejamento: o que entender sobre isso: o antes, o depois e o agora
Adágio ao Sol: No início dos anos 1930, numa fazenda de café no interior de São Paulo,
Júlio (Cláudio Marzo), Angélica (Rossana Ghessa) e Álvaro (Marcelo Moraes) vivem um
intenso triângulo amoroso, tendo como pano de fundo a crise do café, a tomada do poder
por Getúlio Vargas e a revolução constitucionalista de 1932 na qual Álvaro se alista. Uma
curiosidade: para as cenas de multidão, nos momentos pré-revolucionários, o diretor teve
o apoio da população da cidade de Casa Branca, SP, que foi devidamente caracterizada
conforme a moda da época.
Sintetizando
» A partir da segunda metade do século XX, após as guerras mundiais, houve uma necessidade de organização,
por isso o planejamento teve uma importância para a sociedade. Com isso, surgiram novos pensadores, que
contribuíram para métodos de planejamento.
» Por meio de exposições teóricas deixou-se claro que atualmente deve haver seriedade na ação de planejar
maximizando a consciência e a intencionalidade, participação e responsabilidade como elementos-chave para a
nova percepção de planejamento no mundo moderno.
» Também tivemos oportunidade de alertar para novo jeito de ‘‘olhar’’ o ato de planejar como permanente resultado
do processo avaliativo, quer em nível macro, meso ou micro, alertando para o momento educacional advindo na
era da globalização, quando o mundo em modificação, cheio de novidades e transformações rápidas, de diversas
naturezas, têm exigido dos indivíduos, readequações e adaptações contínuas, de modocriativo e significativo.
» Na linha de pensamento proposta para refletir o planejamento educacional e suas especificidades, crenças,
conhecimentos, e limitações, propusemos as questões da participação por meio da conscientização e do diálogo,
cuidando para o melhor desenvolvimento do homem que busca sua qualidade de vida.
» Dependentes das necessidade de mundo moderno como a inclusão, plasmamos o conceito de planejamento
educacional, requerendo sempre a participação como desafio para todos os atores envolvidos nos processos de
elaboração, uma vez que planejar participativamente tem a ver com opções de ordem ética e pragmática.
50
CAPÍTULO
O PLANEJAMENTO COMO
INSTRUMENTO DE POLÍTICA PÚBLICA
DA EDUCAÇÃO 3
Introdução
Provocação
“No campo da educação há uma perigosa falta de acumulação das experiências e das inovações, uma
descontinuidade no esforço criador, que não só provoca um grande desperdício, mas, sobretudo, tira a coragem de
qualquer um.” (FURTER, 1968, p. 200).
Assim, como o planejamento surge a partir do momento em que desejamos organizar algo,
não diferente, no âmbito educacional, as ações são da mesma forma.
Objetivos
» Caracterizar o público porque é do povo e a ele se destina, sendo esse povo que
designa representantes para a defesa dos seus interesses, e que decisões e políticas
resultantes dos debates, acordos e decisões são chamadas política públicas cujo
objetivo é refletir o equilíbrio desta balança de interesses.
51
CAPÍTULO 3 • O planejamento como instrumento de política pública da Educação
52
O planejamento como instrumento de política pública da Educação • CAPÍTULO 3
Nessa premissa há que ser entendido que política é um termo explicado de várias formas,
mas o que é mais aplicável é o entendimento de que seja a habilidade no trato de assuntos
ligados às relações humanas para obter resultados desejados em qualquer área do convívio
social, ou seja, politizar é disponibilizar para as pessoas oportunidades de tratar com
diversos objetivos, mas de assuntos comuns que sejam do interesse comum.
53
CAPÍTULO 3 • O planejamento como instrumento de política pública da Educação
representantes para compor o setor público, formado pelos organismos que representam
a comunidade, ou seja, o interesse público como um todo. .
Por analogia, existem razões óbvias para que o setor público tenha função de liderança
no processo político-educacional, tendo em vista ser o único com características como
ter poder para representar a população, a princípio ser imparcial, e liberdade para aceitar
numa visão de longo prazo para a prática de suas políticas.
54
O planejamento como instrumento de política pública da Educação • CAPÍTULO 3
Saiba mais
De modo geral, quando o indivíduo decide que quer planejar, ele ambiciona respostas para as seguintes perguntas:
Para refletir
Se, inicialmente, o planejamento restringia-se à racionalização dos processos de produção industrial nos países
capitalistas, nos moldes da administração taylorista, com a Segunda Guerra Mundial, tornou-se atividade humana
consciente e instrumento racional de intervenção na realidade social, mediante o desenvolvimento de técnicas cuja
finalidade era controlar racionalmente a organização dos grupos sociais.
Entre seus objetivos, o planejamento buscava assegurar a continuidade do sistema, o enriquecimento dos valores
culturais pela revitalização das técnicas sociais tradicionais (como a educação) e o aprimoramento de novas formas
de manipulação de opiniões e atitudes (como a propaganda).
Na América Latina, o planejamento educacional teve importância histórica, nas décadas de 1960 e 1970,
constituindo-se em instrumento de intervenção governamental que possibilitaria a coordenação dos esforços
nacionais para empreender o desenvolvimento econômico e a modernização das estruturas econômicas e sociais,
nos moldes dos países capitalistas desenvolvidos.
O planejamento educacional, nesse período, veio a ser uma consequência da abordagem econômica e instrumental
do planejamento, e sua finalidade estava calcada na necessidade de preparação de mão de obra, indispensável para o
desenvolvimento capitalista.
Com a crise econômica nos decênios de 1970 e 1980, o papel do Estado no desenvolvimento econômico foi colocado
em discussão, assim como suas formas de atuação na implementação de políticas públicas, mediante o planejamento
econômico e social.
55
CAPÍTULO 3 • O planejamento como instrumento de política pública da Educação
Repercutindo diretamente nas políticas públicas, em particular nas políticas educacionais, a crise dos estados
capitalistas foi abordada numa série de encontros e ações internacionais ao longo dos anos de 1980 e 1990,
condensados em eventos realizados por organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco –, Banco Mundial e Comissão Econômica para a América Latina – Cepal
– como a Conferência de Jontiem, o Projeto Principal de Educação e o Congresso Internacional “Planeamiento y
Gestión del Desarrollo de la Educación” – e em documentos referenciais, como a “Declaração Mundial de Educação
para Todos”, de 1990, e a “Educação e Conhecimento: eixo da transformação produtiva com equidade”, publicado em
1992, pela Cepal.
Do ponto de vista metodológico, o planejamento normativo foi questionado pelo seu reducionismo econômico
e pela excessiva formalidade do plano, que, na maioria das vezes, não contemplava a dinâmica dos processos
sociais. Considerado, por vários autores, como uma atividade essencialmente política, o planejamento tradicional
(normativo), ao reduzir-se ao aspecto econômico, dispensava os demais processos fundamentais de governo como
o processo político, as relações internacionais de poder e de segurança nacional, o desenvolvimento da ciência e da
tecnologia e as demandas sociais.
Em relação ao planejamento educacional, novas concepções que fortaleciam a ideia de um planejamento articulado
com as especificidades da educação – e não exclusivamente com o desenvolvimento econômico – foram elaboradas,
em paralelo com as abordagens de planejamento estratégico e o planejamento estratégico situacional.
No Brasil, fundamentalmente nesse período, dois entendimentos sobre alternativas para a crise foram delineados,
resultantes de duas posturas antagônicas: a primeira, reforçada por organismos internacionais de financiamento,
condicionava todas as decisões e reformas necessárias para a resolução da crise fiscal do Estado a um contexto
de austeridade; e outra, presente nas reivindicações de movimentos sociais, sindicatos e associações, defendia o
fortalecimento da democracia como a principal alternativa para eleger as prioridades e definir as políticas necessárias
para contornar o problema.
O resultado do amplo debate entre os setores da sociedade brasileira que representavam essas posições
consubstanciou-se na Constituição Federal de 1988, cujos avanços em direitos sociais foram, de certa forma,
atenuados pela falta de regulamentação de princípios básicos e pelo engendramento de uma série de mais de
70 emendas constitucionais, explicitando a fragilidade da estrutura política, econômica e social, os conflitos de
interesses e a fragmentação das ações do Estado em torno das políticas públicas.
Como consequência, na educação, por exemplo, as bandeiras de luta de educadores em torno da participação
dos processos de decisão, da gestão democrática e participativa foram incorporadas no texto da lei, mas
instrumentalizadas com base em mecanismos e modelos da administração gerencial. Nesse processo, a
descentralização tornou-se um dos principais aspectos da reforma que acometeu o Estado, sendo uma referência
para a revisão do papel dos organismos de planificação e para a adequação de concepções e práticas de
planejamento ao novo cenário político-institucional.
(Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742014000300002).
Ora, se nisso é claro que o ruralismo concebe a formação das civilizações e não diferente
no Brasil é notadamente conhecido que nos últimos anos essas regiões penam pela
diminuição da população que migra para as cidades em busca de melhoria de vida, uma
vez que também no campo surgem, a passos muito rápidos, a utilização das tecnologias
agrícolas, o que diminui o emprego provocando a dispensa do serviço do homem.
56
O planejamento como instrumento de política pública da Educação • CAPÍTULO 3
É quase como uma peça teatral. Temos as palavras do texto da peça, mas a
realidade da peça apenas toma vida quando alguém as representa. E este
é um processo de interpretação e criatividade e as políticas são assim. A
prática é composta de muito mais do que a soma de uma gama de políticas
e é tipicamente investida de valores locais e pessoais e, como tal, envolve
a resolução de, ou luta com, expectativas a requisitos contraditórios –
acordos e ajustes secundários fazem-se necessários.
Por meio da questão acima, Santos (2016, p. 46) pondera alguns itens fundamentais
sobre as relações entre políticas públicas x políticas educacionais com o planejamento
educacional, afirmando que o “planejamento educacional guarda estreita e indissociável
relação com as políticas públicas, mesmo quando aplicado a instituições educativas
privadas”, esclarecendo que não é possível uma política pública educacional necessitada
do seu conteúdo educacional, a forma política, da mesma forma, não poderá ser ausente
ou dissociada.
Segundo Santos (2016), uma política pública educacional jamais poderá ser legislada
afastando seu caráter dialógico e dialético; e, além disso, o planejamento de uma política
pública educacional possui como finalidade a educação, devendo ser o alcance dessas
finalidades dentro dos processos e procedimentos previamente estabelecidos na legislação,
no caso a Constituição Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394/1996).
Diante das explicações acima, podemos, agora, mencionar o planejamento educacional e sua
correlação com o Plano Nacional de Educação.
Nessa linha de reflexão, válido lembrar que conforme a Constituição Federal e, em seu
contexto, a LDB, em seu art. 9o, inciso I, diz que é incumbência da União elaborar o Plano
Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
e em seus bojos definem o alcance e o encargo de cada um dos sistemas de ensino quanto
à autorização, credenciamento e supervisão de todas as instituições de ensino sob sua
jurisdição, assim como a organização, manutenção e desenvolvimento dos órgãos e
57
CAPÍTULO 3 • O planejamento como instrumento de política pública da Educação
Libâneo et al. (2008) pontua que, desde 1932, foram várias as tentativas de elaboração e
implementação de um plano de educação no Brasil, quando pelo Movimento dos Pioneiros
da Educação Nova (os escolanovistas), conscientes, entenderam, por meio das reivindicações
de múltiplos movimentos sociais, que a Educação deveria ser um problema nacional
clamando pelo aumento do atendimento escolar, por uma escola pública obrigatória, laica
e gratuita, aberta a todas as classes sociais.
Importante
A Lei no 4.024/1961 (primeira LDB) estabeleceu as coordenadas para a elaboração do primeiro Plano Nacional de
Educação. Em 1962, por iniciativa do Ministério da Educação, foi elaborado um plano, aprovado pelo Conselho
Federal de Educação (CFE), constituído de metas a serem alcançadas em oito anos, além de estabelecer os critérios
para a aplicação dos recursos destinados à Educação. Este plano, porém, não constituiu uma lei que determinasse
os objetivos e metas da Educação no País. Além desse, outros planos foram elaborados após 1962, mas devido à
descontinuidade administrativa e à falta de integração entre os ministérios, não foram realmente efetivados.
Com a promulgação da Constituição de 1988, foi instituído por lei o Plano Nacional de Educação, caracterizado como
autônomo em relação ao que estabelece a nova LDB.
No governo Collor, em 1993, outro plano foi editado – o Plano Decenal de Educação para Todos – mas foi abandonado
com a posse de Fernando Henrique Cardoso, em 1995. Como este governo tinha como projeto reformular toda a
educação brasileira, apresentou o seu Plano Nacional de Educação como continuidade do Plano Decenal de 1993
(art. 87, § 1o, da Lei no 9.394/1996). O projeto de lei do governo e mais o construído pela sociedade civil – por meio de
entidades científicas, acadêmicas, sindicais e estudantis – deram entrada na Câmara dos Deputados em fevereiro de
1998, contribuindo para o avanço na participação democrática na construção de leis no País. Devido à realização das
eleições de 1998, houve um atraso na discussão das propostas, e somente depois de alguns anos foi aprovado pelo
Congresso Nacional o Plano Nacional de Educação, por meio da Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001.
58
O planejamento como instrumento de política pública da Educação • CAPÍTULO 3
Para o referido Plano Nacional de Educação (PNE 2001-2010) como passou a ser denominado,
foram elaborados os seguintes objetivos:
Consequentemente, aos objetivos, no PNE 2001-2010 foram elencadas metas para este Plano
e dentre elas podemos destacar as mais importantes que alertavam para a Educação Básica:
» Alcançar a taxa de 80% de crianças de quatro a seis anos matriculadas nas escolas.
» Erradicar o analfabetismo.
59
CAPÍTULO 3 • O planejamento como instrumento de política pública da Educação
Com vigência prevista para 2014-2024, o atual PNE constitui um documento que define
compromissos e colaborações entre os entes federativos e diversas instituições pelo
avanço da educação brasileira.
Saiba mais
Aproveite e leia, na íntegra, o documento oficial publicado pelo Ipea. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/
documents/186968/485745/Plano+Nacional+de+Educa%C3%A7%C3%A3o+PNE+2014-2024++Linha+de+Base/
c2dd0faa-7227-40ee-a520-12c6fc77700f?version=1.1.
A agenda contemporânea de políticas públicas educacionais encontra no Plano Nacional de Educação referência
para a construção e acompanhamento dos planos de educação estaduais e municipais, o que o caracteriza como uma
política orientadora para ações governamentais em todos os níveis federativos e impõe ao seu acompanhamento um
alto grau de complexidade.
As questões públicas que motivam o PNE podem ser vislumbradas nas desigualdades educacionais, na necessidade
de ampliar o acesso à educação e à escolaridade média da população, na baixa qualidade do aprendizado e nos
desafios relacionados à valorização dos profissionais da Educação, à gestão democrática e ao financiamento da
Educação.
Figura 17.
60
O planejamento como instrumento de política pública da Educação • CAPÍTULO 3
Diante de tais condições, objetivo central do Plano, que pode ser apreendido de suas diretrizes, consiste em induzir
e articular os entes federados na elaboração de políticas públicas capazes de melhorar, de forma equitativa e
democrática, o acesso e a qualidade da educação brasileira.
Como sintetiza o documento do Ministério da Educação (MEC), “Planejando a Próxima Década – Conhecendo as 20
Metas do Plano Nacional de Educação” (MEC, 2014, p. 7), um plano “representa, normalmente, reação a situações de
insatisfação e, portanto, volta-se na direção da promoção de mudanças a partir de determinadas interpretações da
realidade, o PNE dos problemas e das suas causas, refletindo valores, ideias, atitudes políticas e determinado projeto
de sociedade”.
A partir do nível de problematização mais amplo expresso pelas diretrizes, que podem ser tomadas como
representativas do “consenso histórico de forças políticas e sociais no País, que devem balizar todos os planos, desde
sua elaboração até sua avaliação final” ( MEC, 2014), o PNE se estrutura em metas e estratégias aferíveis, o que
possibilita um acompanhamento objetivo de sua execução.
As metas podem ser definidas como as demarcações concretas do que se espera alcançar em cada dimensão da
educação brasileira. As estratégias, por sua vez, descrevem os caminhos que precisam ser construídos e percorridos
por meio das políticas públicas.
As dez diretrizes do PNE são transversais e referenciam todas as metas, buscando sintetizar consensos sobre os
grandes desafios educacionais do País e podendo ser categorizadas em cinco grandes grupos. Também é vislumbrada
uma relação mais ou menos intensa de cada conjunto de metas com alguma diretriz em particular, o que possibilita
uma classificação das metas à luz da diretriz com a qual possui maior imbricação, como se vê no Quadro 1.
A agenda contemporânea de políticas públicas educacionais encontra no Plano Nacional de Educação referência
para a construção e acompanhamento dos planos de educação estaduais e municipais, o que o caracteriza como uma
política orientadora para ações governamentais em todos os níveis federativos e impõe ao seu acompanhamento
muita complexidade.
As questões públicas que motivam o PNE podem ser vislumbradas nas desigualdades educacionais, na necessidade
de ampliar o acesso à educação e a escolaridade média da população, na baixa qualidade do aprendizado e nos
desafios relacionados à valorização dos profissionais da educação, à gestão democrática e ao financiamento da
educação.
Diante de tais condições, objetivo central do Plano, que pode ser apreendido de suas diretrizes, consiste em induzir
e articular os entes federados na elaboração de políticas públicas capazes de melhorar, de forma equitativa e
democrática, o acesso e a qualidade da educação brasileira.
Como sintetiza o documento do Ministério da Educação (MEC), “Planejando a Próxima Década – Conhecendo as 20
Metas do Plano Nacional de Educação” (MEC, 2014, p. 7), um plano
A partir do nível de problematização mais amplo expresso pelas diretrizes, que podem ser tomadas como
representativas do “consenso histórico de forças políticas e sociais no País, que devem balizar todos os planos,
desde sua elaboração até sua avaliação final” (MEC, 2014), o PNE se estrutura em metas e estratégias aferíveis, o que
possibilita um acompanhamento objetivo de sua execução.
Essas podem ser definidas como as demarcações concretas do que se espera alcançar em cada dimensão da educação
brasileira. As estratégias, por sua vez, descrevem os caminhos que precisam ser construídos e percorridos por meio
das políticas públicas.
61
CAPÍTULO 3 • O planejamento como instrumento de política pública da Educação
Saiba mais
As dez diretrizes do PNE são transversais e referenciam todas as metas, buscando sintetizar consensos sobre os
grandes desafios educacionais do País e podendo ser categorizadas em cinco grandes grupos. Também é vislumbrada
uma relação mais ou menos intensa de cada conjunto de metas com alguma diretriz em particular, o que possibilita
uma classificação das metas à luz da diretriz com a qual possui maior imbricação, como se vê no Quadro 5.
Fonte: Elaborado pela Dired/Inep com base na Lei no 13.005, de 25 de junho de 2014.
62
O planejamento como instrumento de política pública da Educação • CAPÍTULO 3
» Metas para a valorização dos profissionais da educação: Meta 15, Meta 16, Meta 17 e
Meta 18.
Atenção
Fonte: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=3234&catid=30&Itemid=41.
Acesso em: 4/3/2020.
Como sabido, o Plano Nacional de Educação (PNE), determina diretrizes, metas e estratégias
para a política educacional no período de 2014-2024. Para que os estados, o Distrito Federal
e os municípios elaborassem e aprovassem seus planos, com metas articuladas às metas
nacionais, o Ministério da Educação (MEC) atuou em conjunto com o Conselho Nacional
de Secretários de Educação (Consed) e com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação (Undime), criando uma Rede de Assistência Técnica, que orientou as Comissões
Coordenadoras locais nesse trabalho realizado em todo o país.
63
CAPÍTULO 3 • O planejamento como instrumento de política pública da Educação
O mapa disponível no link apresenta informações sobre a etapa de elaboração dos planos
no país e os planos de educação sancionados. Para acessar as leis dos planos de educação
clique no estado, ao abrir a janela, clique em PEE para o estado, ou identifique o município
de interesse, para baixar.
Atenção
Fonte: http://www.deolhonosplanos.org.br/wp-content/themes/mapadosplanos-theme-master/img/bg-titulos-ilustra.
png.
“O Brasil tem um grande desafio nos próximos anos: fazer com que todos os municípios e estados brasileiros
cumpram seus Planos de Educação e possibilitem a melhoria da qualidade da educação em nosso país”. Os Planos
de Educação são documentos, com força de lei, que estabelecem metas para que a garantia do direito à educação de
qualidade avance em um município, estado ou país, no período de dez anos. Abordam o conjunto do atendimento
educacional existente em um território, envolvendo redes municipais, estaduais, federais e as instituições privadas
que atuam em diferentes níveis e modalidades da educação: das creches às universidades. Trata-se, pois, do principal
instrumento da política pública educacional. Sendo assim, os Planos de Educação são, também, um importante
instrumento contra a descontinuidade das políticas, pois orientam a gestão educacional e referenciam o controle
social e a participação cidadã.
(Disponível em: http://www.deolhonosplanos.org.br/planos-de-educacao/Acesso: fevereiro 2020).
64
CAPÍTULO
ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
BRASILEIRA: CAMINHOS E
POSSIBILIDADES 4
Introdução
Saiba mais
Fonte: https://pt.slideshare.net/vaschaino/ldb-939496-15576600.
Art. 3o
[...]
[...]
Art. 12.
[...]
65
CAPÍTULO 4 • Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades
Saiba mais
Art. 26.
[...]
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso
ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade própria
e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo da vida.
(Redação dada pela Lei no 13.632, de 2018).
[...]
Art. 58.
[...]
§ 3o A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na
educação infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4o e o
parágrafo único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei no 13.632, de 2018).
Altera dispositivo da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para obrigar a notificação de faltas escolares ao
Conselho Tutelar quando superiores a 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei.
Tendo atualizado o tema, pode-se dizer que do mesmo modo como a Constituição Federal, a
Lei de Diretrizes e Bases de 1996 determina os princípios, fins, direitos e deveres referentes
à educação nacional. No entanto, ela também estabelece e aprofunda outros pontos
pertinentes ao sistema educacional, como:
66
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades • CAPÍTULO 4
Objetivos
67
CAPÍTULO 4 • Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades
Fonte: Quadro-síntese criado pela autora a partir de MEC (2013). Elaborado pela autora e de acordo com documentos do
MEC. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file.
Acesso em: julho 2019.
68
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades • CAPÍTULO 4
Iniciando a exposição,
Já em seu art. 21, a LDB (Lei no 9.394/1996) dispõe que a educação escolar está dividida
em dois níveis:
Saiba mais
69
CAPÍTULO 4 • Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades
Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o desenvolvimento integral da criança,
em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual, social, complementando a
ação da família e da comunidade.
Art. 24. Os objetivos da formação básica das crianças, definidos para a Educação
Infantil, prolongam-se durante os anos iniciais do Ensino Fundamental,
especialmente no primeiro, e completam-se nos anos finais, ampliando e
intensificando, gradativamente, o processo educativo.
Art. 26. O Ensino Médio, etapa final do processo formativo da Educação Básica, é
orientado por princípios e finalidades que preveem:
§ 1o O Ensino Médio deve ter uma base unitária sobre a qual podem se assentar
possibilidades diversas como preparação geral para o trabalho ou, facultativamente,
para profissões técnicas; na ciência e na tecnologia, como iniciação científica e
tecnológica; na cultura, como ampliação da formação cultural.
(Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file. Acesso em: julho 2019).
Só pra lembrar, o Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, tem duração mínima de
três anos, prevendo formação geral do estudante por mio de programas de preparação
geral para o trabalho, ciências e tecnologia, facultativamente, a habilitação profissional
por meio dos cursos técnicos, lembrando que o ensino de nível técnico é ministrado de
modo livre do Ensino Médio regular, mas este, entretanto, é requisito para a obtenção do
diploma de técnico.
70
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades • CAPÍTULO 4
Nesse entendimento, a nova proposta para a educação brasileira tem como meta a
democratização e universalização do conhecimento básico, oferecendo educação e
cuidado com a escolarização, assumindo um caráter intencional e sistemático, que
oferece atenção especial ao desenvolvimento intelectual, sem descuidar de outros
aspectos como o físico, o emocional, o moral e o social (Lei n o 9.394/1996).
D e s s a f o r m a e t e n d o o c o r r i d o a s i n f o r m a ç õ e s p re l i m i n a re s j u l g a d a s c o m o
necessár ias para melhor compreensão da organização educacional no Brasil,
71
CAPÍTULO 4 • Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades
Em seu art. 27, o SNE diz que a cada etapa da Educação Básica pode corresponder
uma ou mais das modalidades de ensino, a saber: Educação de Jovens e Adultos,
Educação Especial, Educação Profissional Técnica de Nível Médio, Educação Profissional
Tecnológica, Educação Escolar Indígena, Educação Quilombola, Educação do Campo,
Educação a Distância (EaD).
Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
Observe a lei
BNCC – documento que define as aprendizagens. É a sigla para Base Nacional Comum Curricular. Ela nada mais é
que um documento que define as aprendizagens que todos os alunos do Brasil devem desenvolver em cada etapa
da Educação Básica. Embora o termo tenha começado a ser discutido recentemente, a ideia de se ter uma base para
orientar o currículo de todo o País começou ainda na década de 1990 com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB). No art. 26 da LDB, encontramos a seguinte redação:
Para atualização de informações, lendo França (2019, p. 1), pode-se conhecer a experiência
e contribuições da ex-Secretária Executiva do Ministério da Educação, Maria Helena
72
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades • CAPÍTULO 4
Saiba mais
Educação é a base
Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei no 9.394/1996), a Base deve nortear
os currículos dos sistemas e redes de ensino das unidades Federativas, como, também, as propostas pedagógicas de
todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil. A
Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam
ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para
a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
Posicionamento do autor
Para você, prezado aluno, que se prepara para assumir a docência ou áreas afins, propomos que sempre fique
‘‘ligado’’ às questões legais que norteiam nossa educação. São documentos e programas valiosos nos quais podemos
nos orientar com assertividade e fundamentação para as nossas práticas serem, sempre, eticamente respeitadas com
índice de qualidade positiva.
Observe a lei
De acordo com documentos legais consultados pode-se perceber o detalhamento das modalidades de ensino
e devidas orientações de planejamentos que deverão ser elaborados, buscando eficácia e eficiência. Dessa
forma, podemos saber um pouquinho sobre eles.
73
CAPÍTULO 4 • Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades
razão ou outra, não tiveram oportunidades de estudar na idade adequada. É uma das
modalidades mais conhecidas originada de necessidade de escolarização das pessoas
excluídas do processo regular de ensino.
Figura 23. Turma de jovens e adultos no CIEJA Clóvis Caitano Miquelazzo (SP).
Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-se aos que se situam na
faixa etária superior à considerada própria, no nível de conclusão do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio.
Educação especial
74
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades • CAPÍTULO 4
Seu conceito está disposto no art. 58 da LDB – a modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Sua caracterização é
encontrada nos arts. 59 e 60, bem como nas inúmeras legislações que foram necessárias
para que o processo de inclusão pudesse acontecer. Essa modalidade foi alvo de um artigo
especial já publicado.
75
CAPÍTULO 4 • Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades
Esse sistema de educação é o que encontramos nas Escolas dos Sistemas ‘‘S’’
(Senai, Senac, Sesc, Sebrae, Sescoop), ou seja, Serviço Nacional de Aprendizagem
na Indústria, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Serviço Social do Comércio
e Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas, Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo .
Fonte: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=20833:institutos-federais-terao-apoio-
para-projetos-de-pesquisa-e-extensao-tecnologica&catid=209&Itemid=86. Acesso em: 4/3/2020.
76
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades • CAPÍTULO 4
A E d u c a ç ã o P r o f i s s i o n a l e Te c n o l ó g i c a , n o c u m p r i m e n t o d o s o b j e t i v o s d a
educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação
e à s d i m e n s õ e s d o t ra b a l h o, d a c i ê n c i a e d a t e c n o l o g i a , e a r t i c u l a - s e c o m o
e n s i n o re g u l a r e c o m o u t ra s m o d a l i d a d e s e d u c a c i o n a i s : Ed u c a ç ã o d e Jov e n s
e Ad u l t o s, E d u c a ç ã o E s p e c i a l e E d u c a ç ã o a D i s t â n c i a . Co m o m o d a l i d a d e d a
Ed u c a ç ã o B á s i c a , a Ed u c a ç ã o Pro f i s s i o n a l e Te c n o l ó g i c a o c o r re n a o f e r t a d e
c u r s o s d e f o r m a ç ã o i n i c i a l e c o n t i n u a d a o u q u a l i f i c a ç ã o p ro f i s s i o n a l e n o s d e
Ed u c a ç ã o Pro f i s s i o n a l T é c n i c a d e n í v e l m é d i o.
Educação indígena
77
CAPÍTULO 4 • Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades
Fonte: http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2012/06/estudantes-indigenas-tem-direito-educacao-
multicultural-e-bilingue.htm.
78
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades • CAPÍTULO 4
Educação quilombola
Segundo informações no portal do MEC, esse Ministério oferece apoio financeiro aos
sistemas de ensino, cujos recursos devem ser destinados à formação continuada dos
docentes para as áreas restantes de quilombos, ampliação e melhoria da rede física
escolar e produção e aquisição de material didático.
Fonte: http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/18246-governo-institui-diretrizes-curriculares-para-
quilombolas.
79
CAPÍTULO 4 • Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades
Educação do campo
A figura a seguir retrata uma das dificuldades que é a moradia dos alunos muito distante das
escolas.
Fonte: http://s2.glbimg.com/-OVykeHP-jxixlzHPcZFSWI-utUjfe-D4iOlzUPbzOxIoz-HdGixxa_8qOZvMp3w/s.glbimg.com/og/
rg/f/original/2012/06/22/fotos_na_comunidade_indigenas_com_subsecretario_606x455.jpg. Acesso em: julho de 2019.
80
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades • CAPÍTULO 4
Acertadamente é a modalidade que mais vem crescendo no País, tendo a internet como
grande recurso intermediador com várias mídias e plataformas capazes de garantir uma
qualificação técnica e até mesmo de pós-graduações para o sujeito predisposto a fazê-la.
Fonte https://www.estudiosite.com.br/site/educacao-a-distancia/5-dicas-para-contornar-conflitos-entre-alunos-em-ead.
Acesso em: 4/3/2020.
81
CAPÍTULO 4 • Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades
» E-books;
» Games;
» Podcasts;
» Infográfico;
» Quiz;
Sintetizando
» Que é preciso compreender a organização da educação brasileira, em seus níveis e modalidades como meio de
facilitação para praticar as ações de planejamentos nas várias esferas das regiões brasileiras tão diversificadas em
seus desenvolvimentos, desde o início da colonização.
82
Organização da Educação brasileira: caminhos e possibilidades • CAPÍTULO 4
» Como previsto na LDBEN/1988, o detalhamento cronológico para a criação das diretrizes, programas e planos
para inserção e operacionalização legal nos diversos setores da educação brasileira, especialmente quanto aos
planejamentos.
» Que a educação no Brasil está organizada em dois níveis Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental
anos iniciais e finais e Ensino Médio) e a Educação Superior, tendo como pano de fundo a BNCC, publicada em
2018, com as devidas alterações no ensino médio.
» Que as atuais modalidades de educação, Educação de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional
Técnica de Nível Médio, Educação Profissional Tecnológica, Educação Escolar Indígena, Educação Quilombola,
Educação do Campo, Educação a Distância, sugerem novas formas de planejar e executar.
83
CAPÍTULO
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
ESCOLAR: RECURSOS METODOLÓGICOS
PARA A PRÁXIS PEDAGÓGICA 5
Introdução
Neste capítulo, indicaremos caminhos para melhor compreensão sobre quais e como
lidar com os instrumentos aqui denominados metodológicos, para a prática docente
com qualidade.
De acordo com a educadora Madalena Freire et al. (1997), podemos nos conduzir também
para a compreensão de tais necessidades.
84
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Objetivos
» Perceber que as redes escolares constroem seus planos como uma tradução do
planejamento educacional para as realidades locais.
Para melhor compreender a abordagem feita, nada melhor que ler a concepção de Madalena
Freire et al. (1997) sobre o assunto e por que tratado, como instrumentos metodológicos
necessários para a eficácia da prática pedagógica.
Provocação
Toda concepção de educação coloca em prática uma teoria do conhecimento. Toda concepção de educação tem um
fazer, que está no domínio da pedagogia. Toda pedagogia, no seu fazer, pratica um método, uma metodologia com
seus instrumentos para conhecer.
O processo de conhecimento requer que os sujeitos interajam, socializem o que pensam, o que sabem, para, juntos,
conhecerem o que antes não sabiam. Nesta concepção de educação, o processo de conhecer não tem nada a ver com
transferência de conhecimentos. No seu ensinar, o educador transmite informações e, ao mesmo tempo, transmite-
se na sua paixão, na sua criação. Seu desafio está na escuta, na observação, nas intervenções provocativas para que
o grupo assuma o seu pensar nas suas divergências e concordâncias, entre iguais. Pois, para conhecer, temos que
adentrar o terreno do conflito e do confronto, ou seja, há sempre um desafio, um problema a ser superado, iluminado
pelo conhecimento.
85
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Observação
Ora, o ato de estudar sempre é iniciado pela observação que sugere atenção, escuta,
presença e reflexão. “A atenção é um ato de generosidade e abertura para acolher o
mundo”, afirma Paulo Freire (2011). O ato de observar é o planejamento da avaliação e
quando focalizada, um ato de metacognição: processo mental, interno, pelo qual o sujeito
toma consciência dos diferentes aspectos e movimentos de sua atividade cognitiva, que
envolve o olhar, o ver e o enxergar.
Saiba mais
Peirce (2009), queria decifrar como os fenômenos a que estamos sujeitos aparecem à consciência. Fenômeno é aqui
entendido como tudo aquilo que aparece à mente, correspondente a algo real ou não. Pode ser interno (dor, desejo,
lembranças...) ou externo (cheiro, raio de sol, gotas de chuva...). Ele separou em três, portanto, os modos de operação
do pensamento-signo:
Primeiridade: é a sensação que se experimenta ao olhar pela primeira vez para algo novo. É a sensação pura, sem
percepção objetiva, vontade ou pensamento.
Exemplos:
» o tempo presente.
Secundidade: está baseada no conflito. Temos nela a ação e reação dos fatos concretos. Tem relação com os
conhecimentos já adquiridos. Obriga a pensar. A secundidade é sempre a reação entre duas forças.
Exemplos:
» memória é secundidade;
» “o homem comeu banana”. Nesse momento. quem leu a frase visualiza um homem comendo uma banana. A
compreensão é de secundidade.
86
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Exemplos:
» um relâmpago violento;
» rastros, pegadas;
Registro reflexivo
Avaliação
Para HOUAISS, indês trata-se do primeiro ovo que se coloca no ninho para chocar.
87
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Planejamento
Planejar é o nosso ponto fundamental desses estudos: planejar como ação de futuro,
imaginação, antevisão. Aqui, o ideal chega com duas hipóteses, apontando um
olhar largueado para os singulares e agilidade para a pré-visão e/ou a recriação do
planejamento.
Saiba mais
E detalhando um pouco mais a respeito, a nossa sugestão para suas leituras e pesquisas:
88
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Este livro contempla informações, conhecimentos e práticas que indicam caminhos para que sonhos se tornem
realidade, e para que o planejamento coletivo se torne instrumento de transformação da educação. O valor da
leitura deste exemplar está justamente em identificar possibilidades de romper com as estruturas dominantes e
de produzir novas condições para que o ato de planejar possa se transformar em um ato de amor pela educação. O
texto produzido alcança a extensão das proposições inicialmente postas no seu título, quando anuncia o desafio de
relacionar a formação de professores com o planejamento, por meio de processos reflexivos, críticos e colaborativos.
Se g u n d o Ma l h e i ro s, ( 2 0 1 7 , p. 7 4 ) , é n e c e s s á r i o t ra n s f o r m a r o p l a n e j a m e n t o
educacional em nível local. Todas as instituições escolares devem ter o seu plano,
tendo em vista tratar das realidades destas.
A i n d a s e g u n d o Ha y d t ( 2 0 0 6 , p. 2 1 ) , p o d e m s e r c o n s i d e r a d o s o s s e g u i n t e s
planejamentos, que se alteram em alcance e complexidade, a saber: planejamento
de um sistema educacional, planejamento escolar (das atividades gerais de uma
escola), planejamento de um currículo, planejamento de ensino, planejamento de
curso (ou projeto pedagógico do curso) e planejamento de aula.
Planejamento escolar
89
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
O planejamento da escola deve ser participativo, ou seja, todos os segmentos que fazem
parte da escola (professores, colaboradores, pais e alunos) devem participar do processo de
decisão. O resultado desse tipo de planejamento é o plano escolar, que deve ser elaborado e
executado por toda a equipe da escola e para a consecução geral das atividades pretendidas,
cada escola segue um plano de ação, mas em geral são as seguintes as fases:
› características da comunidade;
› calendário escolar;
90
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Planejamento curricular
Inicialmente, como ressalta Haydt (2011, p. 71), o planejador deverá clarear e precisar o
entendimento filosófico que servirá de norte para os fins e objetivos da ação educativa,
tendo em vista que a partir da definição dos objetivos pretendidos é que deverão ser
elencados os critérios para a seleção dos conteúdos.
Aqui, o que importa ser destacado é a distinção entre os conteúdos significativos dos
desprovidos de significado, dos conteúdos carentes de significado e de funcionalidade, de
simples informação sem outra meta que o de ser memorizado por um tempo específico
enquanto possível.
Saiba mais
Leia o que Coll (2001, p. 96) diz sobre a significatividade nos conteúdos:
Devemos salientar o destacado papel desempenhado pelo conhecimento prévio do aluno na aprendizagem
significativa. Efetivamente, o fator mais importante que influi sobre a aprendizagem é a quantidade, clareza e
organização dos conhecimentos que o aluno já possui. Estes conhecimentos já presentes (no momento de iniciar
a aprendizagem), constituídos por fatos, conceitos, relações, teorias e outros dados de origem não perceptiva, dos
quais o aluno pode dispor a qualquer momento, constituem sua estrutura cognoscitiva. Para a aprendizagem ser
significativa, duas condições devem ser cumpridas.
Em primeiro lugar, o conteúdo deve ser potencialmente significativo, tanto do ponto de vista da sua estrutura interna
(significatividade lógica: não deve ser arbítrio nem confuso), como do ponto de vista da sua possível assimilação
(significatividade psicológica: na estrutura cognoscitiva do aluno deve haver elementos pertinentes e relativos).
Em segundo lugar, deve-se ter uma atitude favorável para aprender significativamente, ou seja, o aluno deve estar
motivado para relacionar o que aprende com o que já sabe. Este segundo requisito é um chamado de atenção sobre
o papel decisivo dos aspectos motivacionais. Embora o material de aprendizagem seja potencialmente significativo,
lógica e psicologicamente, se o aluno estiver predisposto a memorizá-lo pela repetição (com frequência isto requer
menos esforço e ser mais simples!), os resultados carecerão de significado e teor valor educativo.
Nessa linha, há que ser destacado outro aspecto significativo ao planejar o currículo,
que são os diferentes componentes curriculares que devem ser agrupados para a
reconstrução no aluno, da concisa unidade do conhecimento humano e, além disso,
que os saberes consistam em um todo orgânico e coeso, garantindo a associação desses
91
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
componentes ao longo das diversas séries/anos (numa linha horizontal), durante todo
o curso (ordenado verticalmente), seguindo as diretrizes curriculares do Conselho
Federal de Educação (CFE) para organização do currículo em nível nacional, no que
concerne ao núcleo comum; e ao Conselho Estadual de Educação (CEE) que inventaria
os componentes escolhidos pela escola, compondo a chamada parte diversificada do
currículo.
Pode-se salientar que cada escola deve elaborar o seu plano de currículo, de acordo com
as diretrizes básicas do sistema ao qual pertence e, principalmente, considerando as
características dos seus estudantes e as fidedignas condições de trabalho que apresenta.
Assim, o planejamento tem níveis diferentes de alcance, bem acentuado e demarcado
o seu espaço com vistas a precisar as decisões a serem tomadas em relação a certos
acontecimentos da ação educativa.
Planejamento de ensino
92
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Como podemos ver, o planejamento de ensino também é processo, que envolve operações
mentais como: analisar, refletir, definir, selecionar, estruturar, distribuir ao longo do
tempo, prever formas de agir e organizar. A culminância, ou melhor, o resultado do
processo de planejamento da ação docente é o plano didático. Em geral, o plano didático
assume a forma de um documento escrito, pois é o registro das conclusões do processo
de previsão das atividades docentes e discentes.
O mais comum, nos dias de hoje, é o professor não escrever o seu Plano de Curso e não
anotar as próprias conclusões do período letivo anterior, evitando, com isso, perder-se
ao executar seu trabalho, principalmente com relação às questões dos conteúdos que
os alunos, na modernidade, questionam e, por vezes, intimidam o professor de forma
agressiva. Esse fato, hoje, comum somente será validado ao final das sindicâncias com
conclusões negativas sobre o desempenho docente.
Frente a essas reflexões, o aconselhável, como pondera Madalena Freire et al. (1997), é
registrar de modo pessoal, simples, claro e preciso, as conclusões sobre o planejamento
de ensino e, com clareza, apontar características da classe, dos alunos no seu individual,
das possibilidades de execução e, também, atitudes e ações do professor.
Cuidado
É preciso ater-se quanto aos Planos organizados por equipes de educadores, ou outros quaisquer; eles poderão ser
consultados como ideias geradoras, mas nunca serem copiados. O trabalho didático, qualquer que seja ele, deve ser
criativo, não repetitivo.
93
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Nessa linha de reflexão, importa apontar que o procedimento mental de planejar está
associado ao processo também mental para criar.
» Planejamento de Curso.
» Planejamento de Ensino.
» Planejamento de Aula.
Importante
É frequente que professores retirem os objetivos da aula dos conteúdos. O correto é que os conteúdos derivem dos
objetivos.
94
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
descrição clara de resultados que os estudantes devem atingir por meio da prática
pedagógica devidamente planejada pelo professor.
Se re l a c i o n a d o a o s d o m í n i o s d o c o m p o r t a m e n t o h u m a n o, a s i s t e m á t i c a d e
classificação prende-se a três tipos que são os cognitivos, afetivos e psicomotores.
Os objetivos ditos gerais ou educacionais concebem suposições amplas e complexas,
prevendo mudanças de comportamento frente às exigências ditadas pela realidade
social e perante o desenvolvimento da personalidade dos estudantes. Eles derivam
de uma filosofia da educação originados da leitura da sociedade moderna e da
inclusão dos educandos nesta sociedade.
De acordo com Turra et al. (1996), os objetivos gerais e específicos podem ser
considerados como psicomotores, cognitivos e afetivos. Os relacionados ao domínio
psicomotor associam-se às habilidades e competências motoras; os atinentes
ao domínio cognitivo estão associados aos conhecimentos, conceitos, ideias,
princípios e habilidades mentais; e aqueles referentes ao domínio afetivo envolvem
comportamentos associados com atitudes, valores e apreciações.
95
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Saiba mais
A classificação dos objetivos, mais conhecida por Taxonomia de Bloom (1913-1999); psicólogo, estudioso e
pesquisador na área educacional. Bloom declarou basilar determinar de modo claro, preciso e verificável, os
objetivos ao final de um aprendizado. Para ele, o campo mais utilizado é o cognitivo, e com ele existem seis níveis de
complexidade, organizados de forma crescente do simples ao mais complexo. Para crescer de um nível para outro
é preciso dominar o atual, como se subisse uma escada. (Disponível em: https://blog.raleduc.com.br/2018/01/15/
benjamin-bloom-sua-taxonomia/).
Alguns educadores, desde a década de 1940/1950 decidiram qualificar metas e objetivos educacionais. A proposta
deles foi desenvolverem um sistema de classificação de objetivos em três domínios que chamaram de cognitivo,
afetivo e o psicomotor.
A ideia central da taxonomia é a de que aquilo que os educadores querem que os alunos saibam (definido em
declarações escritas como objetivos educacionais) pode ser arranjado numa hierarquia do menos para o mais
complexo. Dessa forma, está apresentada abaixo com amostras de verbos e de declarações de desempenho para cada
nível.
96
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Desenvolver
Julgar
O aluno aprecia, avalia ou Recomendar O aluno irá julgar a efetividade de
Avaliação critica com base em padrões se escrever objetivos educacionais,
e critérios específicos. Criticar usando a taxonomia de Bloom.
Justificar
97
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
OBJETIVOS AFETIVOS
98
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
OBJETIVOS COGNITIVOS
Neste ponto de informações, vale destacar que existem verbos que denotam duplicidade de interpretação na
operacionalização dos planejamentos. Logo, fique atento para a relação a seguir, conforme Turra et al. (1996).
99
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
A seleção de conteúdos deve ser adequada aos objetivos propostos e que se quer alcançar
e isso deve ser realizado com cuidado por parte do professor. Ao selecioná-los, o educador
deve ter em mente critérios como:
» Significação: o conteúdo precisa ter sentido e ser atraente para o aluno se estiver
correspondendo às experiências por ele vivenciadas. Para tanto, o professor
deve relacionar, sempre que possível, conhecimentos novos a serem estudados
e esmiuçados pelos alunos, de acordo com suas experiências e conhecimentos
anteriores, buscando uma ligação entre ligar o já é conhecido ao novo e ao
desconhecido. Logo, por meio desse ajuntamento do conhecido e vivenciado ao
desconhecido e novo, que dará a significidade ao conteúdo.
100
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Ressalte-se, ainda que, além dessas normas citadas, a seleção de conteúdos para escolher
o conteúdo programático precisará contar com o tempo disponível; outro aspecto é dar ao
aluno a possibilidade de elaborar o próprio conteúdo trabalhado. Isso, como afirma Paulo
Freire, é apreender o aprendido, associando e comparando, relacionando e integrando
os novos dados aos já assimilados, por meio de pesquisa, organização de novas ideias,
elegendo opções e ajuizando ideias. A isso chamamos de construção e reconstrução do
conhecimento.
Assim, quanto aos procedimentos de ensino, convém lembrar que eles implicam ações,
processos, ‘‘jeitos de fazer’’ do professor para que o aluno entre em contato direto com
os fatos, coisas ou fenômenos que possibilitem a ele alterar seu comportamento, em
função dos objetivos previstos. Os procedimentos falam das intervenções em sala de
aula e só acontecem se o aluno realizar alguma atividade que permita a ocorrência da
aprendizagem como um processo dinâmico. Aprendizagem é um processo que só ocorre
por meio do desempenho ativo do estudante: este aprende o que ele mesmo faz, não o
que faz o professor.
101
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Planejamento de curso
De acordo Malheiros (2017, p. 76), um Plano de Curso define exatamente o que será
estudado em cada uma das disciplinas, podendo ser adaptado pelo professor no intuito
de atender às suas prioridades específicas, bem como as da turma. No geral, nele devem
constar informações.
Esse plano de curso poderá ser adaptado pelo professor, como já dito, mas, geralmente
deve conter, no mínimo, as seguintes informações.
» Objetivos do curso.
102
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
» Formas da avaliação.
Planejamento de unidade
Segundo Haydt (2006, p. 101), planejar a unidade implica reunir várias aulas sobre
assuntos correlatos, que formam uma mostra significativa dos conteúdos, que devem
ser contidos em suas inter-relações e concordando com demais autores afirma que o
professor, ao planejar a unidade de ensino, deve ater-se em pelo menos três etapas:
103
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Aqui, nessa etapa, a indicação atual é que para fixação desses temas, o aluno seja orientado
na confecção dos mapas conceituais de forma abrangente completa e abrangente,
podendo ser realizada, inclusive, para convalidar em classe, os conhecimentos aprendidos
e apreendidos.
Apresentação Aula 1
Desenvolvimento Aula 2
Integração Aula 3
...........
104
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Planejamento de aula
Pelo que se percebe atualmente, esse tem sido ‘‘nó’’ para os docentes, que dispensam
essa etapa do planejamento; seguramente, esse é o momento mais significativo da
ação docente, pois, nessa etapa, o professor não poderá vacilar, inclusive em relação à
qualidade dos conteúdos a serem trabalhados. Vale lembrar que nesse planejamento o
professor deverá explicitar e operacionalizar os procedimentos diários na consolidação
dos demais planos.
Saiba mais
A função maior do planejamento das atividades didáticas é evitar a improvisação, prevenindo dificuldades que
poderão surgir, evitando a repetição rotineira e mecânica de cursos e aulas, enfim, adequar o trabalho didático aos
recursos disponíveis e às reais condições dos alunos. Com relação aos conteúdos, as atividades e os procedimentos
de avaliação aos objetivos propostos. Além disso, garantir a distribuição adequada do trabalho em relação ao tempo
disponível. HAYDT.
105
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
106
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Saiba mais
A referida autonomia, garantida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no 9.394/1996) e estimulada
pelas políticas nacionais de formação de professores, coloca as escolas diante da possibilidade de mudanças
curriculares para buscar uma identidade singular, articulada às aspirações da comunidade em que se insere. Nessa
perspectiva, os desafios que a legislação, as políticas públicas e a sociedade contemporânea impõem à escola, na
definição de sua proposta pedagógica, vão além da mera reconstrução curricular para situar-se no âmbito das
decisões coletivas, que necessitam ser assumidas acerca do papel institucional, num projeto político, que hoje se
coloca frente a mudanças emergentes na condição pós-moderna.
A instituição escolar objetiva atingir todos os seus sonhos projetados por meio de
metas, projetos e programas. A vida para essas pretensões, assim como os meios para
consegui-las, é o que dá formato ao chamado projeto político-pedagógico, o famoso
PPP. Interessante, pois as palavras que o formam dizem muito sobre ele. Veja:
» É projeto, pois idealiza futuro; reúne propostas que objetivam conseguir uma ação
concretada, em tempo determinado.
107
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Nesse documento, devem ser considerados como extensões que formam o ambiente
educacional, a proposta pedagógica, que deverá conter os caminhos escolhidos para
a metodologia a ser adotada pela escola; as diretrizes para avaliar o processo de
aprendizagem, assim como os modelos e métodos de ensino; as diretrizes para a gestão
administrativa, cuja elaboração tem real importância, pois, para que a proposta curricular
e as diretrizes sobre o corpo docente sejam desempenhadas, é indispensável a montagem
bem organizada do suporte administrativo, para que a gestão escolar, assim abalizada,
viabilize os outros itens do projeto; e grande realce às diretrizes sobre a formação dos
professores, cujo documento deve ser claro sobre a forma como os docentes serão
continuamente capacitados e organizados para cumprir a proposta curricular. Uma vez
que o objetivo da instituição escolar é determinar os seus objetivos:
Diante do exposto, pode-se perceber que a elaboração do PPP deve ser cooperativa
e, mesmo assim, é primordial a figura que seja mobilizadora e que se responsabilize
por conduzir o processo, papel esse, normalmente atribuído ao diretor pedagógico
da instituição e considerados os professores, alunos, coordenadores, pais, elementos
da comunidade para apresentar tópicos e temas relevantes à escola, quer sugerindo,
comentando, opinando, sempre em busca de resultados positivos.
108
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Numa parte inicial do PPP é real que haja a identificação da escola de uma forma legal,
local no qual devem constar informações gerais como entidade mantenedora, endereço,
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), identificação do Diretor e dos Coordenadores,
membros da equipe de elaboração do PPP, além da caracterização, se a escola atende o
Ensino Fundamental, Médio e/ou Técnico, em que horários, turnos etc. A importância disso
é que o Projeto é o documento oficial que deve ter seu registro na Secretaria de Educação
do DF e Estadual.
Nessas reflexões, importa mencionar que atualmente além das disciplinas e saberes
pertencentes ao núcleo comum dos currículos, são necessárias as abordagens sobre os
conceitos de tecnologia e o acesso à informação, sobre os direitos humanos, aspectos
ambientais, ética e cidadania, inclusão social, dentre outros, que de diversas formas
devem ser propostos nos currículos das escolas.
109
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Nessa linha de pensamento, a pretensão, sem dúvida, deve ser a formação de sujeitos
adultos cônscios de suas responsabilidades para atuarem socialmente na realidade na qual
estão integrados e de modo proativo, crescendo como adultos felizes e interessados pelos
mais variados conhecimentos.
Pode-se destacar que a Proposta Pedagógica, uma das pilastras do PPP, normalmente
fica assentada numa linha educacional sugerida e delineada em determinada Teoria
( Tendência) Pedagógica, normalmente decidida pela coordenação geral do projeto,
conforme a Visão e Missão da Escola, lembrando que, a despeito disso, a instituição
tem seus olhares próprios, dificuldades, vantagens e desvantagens a serem ajustados
às diversas realidades escolares.
Saiba mais
Apenas como complementação de estudos e informações, é válido apresentar as possíveis aplicabilidades das Teorias
ou Tendências Pedagógicas. Importante destacar o pensamento de Libâneo (2004) que apresenta as mesmas em dois
grupos:
Tradicional
Pedagogia
Tradicional Progressivista
Liberal
Renovada Não Diretiva
Tecnicista
Libertadora
Pedagogia
Libertária
Progressivista
Crítico social dos conteúdos
110
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Nos aspectos levantados quanto à Proposta Pedagógica, há que ser considerada, ainda,
a promoção de espaços, normalmente criados e comunicados oficialmente pelos
diretores administrativo e/ou pedagógico, nos quais possam ocorrer as colaborações
coletivas, lembrando a harmonização e a ética para as diferenças entre os grupos, cujas
decisões prevaleçam de modo sempre cooperativo e decidido em consenso, com vistas
às necessidades dos alunos, cuja meta esteja voltada para o desenvolvimento integral
com priorização e aperfeiçoamento sociointelectual e educacional dos alunos.
111
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
112
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Por meio da leitura em Metodologias Ativas, você, aluno, poderá perceber a necessidade
de mudar valorizando a participação efetiva dos alunos na construção do conhecimento e
no desenvolvimento de competências, possibilitando que aprendam em seu próprio ritmo,
tempo e estilo, por meio de diferentes formas de experimentação e compartilhamento,
dentro e fora da sala de aula, com mediação de docentes inspiradores e incorporação de
todas as possibilidades do mundo digital. Este livro apresenta práticas pedagógicas, na
Educação Básica e Superior, que valorizam o protagonismo dos estudantes e que estão
relacionadas com as teorias que lhes servem como suporte.
Lançado em 2008 com 2h10 de duração, este filme, apesar de ser uma obra fictícia, trata
de assuntos reais, presentes no cotidiano escolar. O filme aborda diversos assuntos
como diversidade cultural, relacionamento entre professor e aluno, indisciplina, entre
outros fatores sociais, econômicos que podem acarretar também em um desiquilíbrio
no aprendizado de alguns alunos. Logo no início do filme, é bastante clara a forma
despreparada com que os antigos professores recebem os novos professores, rotulando os
alunos como “bons e maus”, criando-se, assim, para os novos professores, um julgamento
prévio e tendencioso a respeito dos estudantes daquela escola.
113
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Lançado em 1999. Wei Minzhi, que tem 13 anos de idade e mal sabe ler ou escrever, é escolhida
para tomar conta da escola de apenas uma sala de seu pobre vilarejo, quando o único professor
precisa se ausentar por um mês para cuidar da mãe doente. Se Minzhi conseguir manter todos
os estudantes até o retorno do mestre, ela vai ganhar um dinheiro extra. Mas um dos alunos
desaparece, e a menina faz de tudo para tentar encontrá-lo e trazê-lo de volta. Direção: Zhang
Yimou. China, 1999, 106 minutos. Elenco: Wei Minzhi, Zhang Huike, Tian Zhenda, Gao Enman,
Sun Zhimei.
Figura 37. Procedimentos didáticos.
114
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
Para refletir
Por que será que, para os professores, a sistemática de planejamento é percebida de forma negativa, enquanto
os técnicos a percebem positivamente? Por que essa diferença de atitude? (p. 33). A questão do planejamento
não pode ser compreendida de maneira desvinculada da especificidade da escola, da competência técnica e do
compromisso político do educador e ainda das relações entre escola, educação e sociedade. O planejamento não é
neutro. O processo de planejamento não pode ser encarado como uma técnica desvinculada da competência e do
compromisso político do educador. O bom plano é aquele que conta com o respaldo da competência do sujeito que o
desenvolve. O bom plano é aquele que se amolda dialeticamente ao real, transformando-o.
E como recuperar isto nos professores tão desgastados pelo fazer burocrático? Outra questão pode dar a pista: o que
o professor sabe fazer melhor apesar de toda a precariedade da sua formação? De maneira geral, podemos constatar
que o professor entende do conteúdo daquilo que ensina. Mesmo que este conteúdo fique diluído em técnicas e
métodos, pode-se afirmar que ele conhece os itens do programa e sabe como transmiti-los a seus alunos. Em suma, a
prática do professor está “colada” ao conteúdo que ele sabe, que ele domina mesmo que precariamente.
115
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Como consequência, o professor acaba ensinando aquilo que ele sabe e nem sempre aquilo que o aluno precisa
aprender. Por que, então, não partir desta evidência? Por que não recuperar uma forma de planejamento a partir da
relação entre a prática do professor (sua experiência) e uma fundamentação teórica crítica acerca da educação? O
“saber o conteúdo” não poderia ser um ponto de partida? Como? Um ponto que necessita ser recuperado e reforçado
no trabalho do professor é o do planejamento das aulas que ele dá. A elaboração de planos de ensino, como tem sido
feita, tradicionalmente, pode dar a falsa impressão de que as aulas estão preparadas.
No entanto, nem sempre isto é verdadeiro. A elaboração de planos (objetivos educacionais gerais, instrucionais,
conteúdos, estratégias e avaliação) não elimina o preparo da aula, em si. O preparo da aula, comprometido com a
efetiva aprendizagem do aluno, envolve um conjunto de procedimentos ligados diretamente à competência técnica
e ao compromisso do professor. Estes procedimentos, portanto, envolvem o saber do professor, o saber fazer e sua
atitude frente ao seu trabalho como educador. Alguns pontos podem ser considerados básicos para o preparo de uma
boa aula: a) conhecimento do aluno concreto; b) conhecimento profundo do conteúdo que ensina; c) conhecimento
de procedimentos básicos e coerentes com a natureza dos conteúdos; d) conhecimento de procedimentos de
avaliação que avaliem a consecução dos objetivos; e) conhecimento do valor da interação professor-aluno como
elemento facilitador da aprendizagem; f) conhecimento da dimensão social do trabalho do professor na sala de aula.
Como pode ser percebido, os conteúdos a serem ensinados e aprendidos pelo aluno centralizam, de certa forma, os
elementos curriculares como objetivos, procedimentos, avaliação e interação professor-aluno.
O importante é que o professor perceba a unidade dinâmica entre os elementos curriculares envolvidos numa aula,
num curso, numa habilitação. A aula tem que ser percebida no todo do currículo da escola e o currículo da escola
percebido na síntese complexa que cada uma das aulas é. A formação competente dos alunos depende diretamente
da qualidade de cada uma das aulas que estão sendo dadas; a qualidade de cada uma destas aulas depende
diretamente do empenho do professor no seu preparo, na sua execução e na sua avaliação. E é neste processo que os
professores podem contar com o apoio do trabalho dos especialistas e coordenadores.
(FUSARI. O planejamento educacional e a prática dos educadores. ANDE, Revista da Associação Nacional de Educação, n. 8 em Haydt
(2011, p. 35).
Sinopse: Após 30 anos trabalhando como professor em uma escola, Hyakken Uchida.
( Tatsuo Matsumura) anuncia que vai parar de lecionar. Inconformados, os alunos
promovem reuniões quinzenais na casa do mestre, ocasião para colocar em dia as
conversas, rir, beber e aprender lições de vida com o ancião. Ficha técnica – Ano: 1993
116
Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica • CAPÍTULO 5
– Duração:134 min. País: Japão –Gênero: Drama. Direção: Akira Kurosawa – Roteiro:
Akira Kurosawa, Hyakken Uchida e Ishiro Honda; Fotografia: Masaharu Ueda, Takao
Saito - Trilha Sonora: Shinichirô Ikebe.
Provocação
“Ver e interpretar filmes implica, acima de tudo, perceber o significado que eles têm no contexto social do qual
participam”. Rosália Duarte, em Cinema & educação: refletindo sobre cinema e educação. Belo Horizonte:
Autêntica, 2002.
117
CAPÍTULO 5 • Planejamento Educacional Escolar: recursos metodológicos para a práxis pedagógica
Sintetizando
» Planejar nasce do sonhar; é processo que resulta do ato de avaliar seriamente; pressupõe análise, reflexão e
previsão; evita a improvisação.
» Plano é o resultado do planejamento, podendo ser escrito ou não e quando o trabalho do professor, coordenador e
gestor é planejado evita a improvisação, antevê para dominar as dificuldades que possam surgir, contribuindo para
atingir os objetivos com eficiência e eficácia.
» Um plano bem estruturado deverá apresentar coerência e unidade, continuidade e sequência, flexibilidade;
objetividade e funcionalidade; clareza e precisão.
» Na educação consideram-se determinados tipos de planejamentos escolares que se modificam conforme o grau de
abrangência, quais sejam:
b. Planejamento da Escola.
c. Planejamento de Currículo.
d. Planejamento de Ensino.
e. Planejamento de Curso.
f. Planejamento de Unidade.
g. Planejamento de Aula.
118
CAPÍTULO
PLANEJAR NA EDUCAÇÃO,
TRANSFORMAR O SOCIAL 6
Introdução
Provocação
Demo (2019) amplia o conceito de pobreza para além da dimensão da renda, monetária
pobreza política, alia à carência material o estigma da exclusão (DEMO, 2018). Se a
perspectiva da carência econômica é aparentemente situacional, a exclusão tem a ver
com um fenômeno sócio-histórico.
Pobreza política implica mendigar direitos, postulando que são concedidos ou doados.
Implica aceitar a posição de objeto manipulado, como se fosse natural ou normal que
outros disponham do nosso destino. Implica estar privado do acesso ao conhecimento e
educação, como se saber pensar fosse quinhão seletivo. Implica conviver com a exclusão
119
CAPÍTULO 6 • Planejar na educação, transformar o social
como condição cotidiana de vida. A destituição material é, de si, condição grave, mas
é mais grave ainda não perceber que esta destituição é historicamente causada e pode
ser historicamente mudada (DEMO, 2018).
A discussão aqui exposta avança para além da pessoa do pobre e se dedica à questão
do que mantém os pobres, pobres. O que mantém as situações sociais estabelecidas
como tais, como se fossem dados naturais, impedindo movimentos de emancipação de
determinados grupos?
Tal mudança de postura deverá mudar na própria instituição escolar, quando elaborar o
seu PPP, iniciando pelas alterações nas chamadas reuniões pedagógicas, transformando
esses espaços em locais de reflexões das próprias práxis na elaboração de planos e
programas relevantes para o desempenho dos docentes.
120
Planejar na educação, transformar o social • CAPÍTULO 6
Objetivos
121
CAPÍTULO 6 • Planejar na educação, transformar o social
Para tanto, o professor deve ater-se e participar das oportunidades que deem a ele chances
de ascender em vários aspectos, desde o pessoal, cognitivo, profissional e essencialmente
humano.
Saiba mais
Como bem retrata Castro (s/d), a cada dia que passa, a cada olhar sobre e para a educação, percebe-se que os
profissionais do ensino são mais cobrados. São cobranças que derivam desde a eficácia do seu trabalho, bem como
exigências quanto a uma formação mais sólida e representada por títulos acadêmicos. Desse cenário, nascem
propostas que reclamam do professor, mais que estar presente em sala de aula, entretanto, convidado a ver a sua
profissão como algo a ser zelado e adubado com muito preparo teórico.
Para Rubem Alves, há distinção entre professor e educador: “professor é profissão, não é algo que se define por
dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda uma vocação nasce de um grande amor,
de uma grande esperança” (apud FERACINE 1998, p. 50).
Vendo o professor por essa ótica, fica claro que ele tem um papel social a cumprir; papel este que se delimita a
“provocar “conflitos intelectuais”, para que, na busca do equilíbrio, o aluno se desenvolva (FREITAS, 2005, p. 95).
Outra visão teórica sustenta que, no foco das averiguações mais atuais sobre formação de professores, encontra-se
como questão-chave a necessidade de o professor desempenhar uma atividade profissional ao mesmo tempo teórica
quanto prática, visto que: a profissão de professor combina sistematicamente elementos teóricos com situações
práticas reais. É difícil pensar na possibilidade de educar fora de uma situação concreta e de uma realidade definida.
Por essa razão, a ênfase na prática como atividade formativa é um dos aspectos centrais a ser considerado, com
consequências decisivas para a formação profissional (LIBÂNEO, s/d, p. 230).
Diante destas discussões, a profissão docente abrange singularidades que a diferencia dos demais profissionais, ou
seja, não é suficiente apenas carregar um título acadêmico, é preciso dedicação, degrau que não se alcança apenas
pelo simples querer-ser, mas que só estará disponível quando há compromisso deste profissional consigo mesmo,
sob uma ação pautada pela ética e pelo compromisso de crescer, tanto no plano profissional quanto pessoal.
Compreender a identidade profissional do professor está diretamente ligado à interpretação social de sua profissão.
Assim, se considera que os movimentos sociais têm intrínseca relação com os projetos educacionais. É preciso
entender que a escola não é um espaço aleatório, portanto, um cenário onde a objetividade se faça presente. Isso
implica dizer que esta instituição tem uma função específica dentro da sociedade em que se encontra inserida.
122
Planejar na educação, transformar o social • CAPÍTULO 6
Para Freitas (2005, p. 73), “a função social da escola se cumpre na medida da garantia do acesso aos bens culturais,
fundamentais para o exercício da cidadania plena no mundo contemporâneo”. E para estar preparado para garantir
uma formação satisfatória ao educando, diante da sociedade da qual participa, o professor necessita atualizar-se em
seus estudos, ou seja, revisitar as teorias da sua formação, como alicerce a balizar a sua prática pedagógica.
É aí que entra em cena a questão da formação contínua do professor, porque a profissão docente é uma profissão em
construção, nascendo, então, a autoridade da sua reflexão sócio-histórica, como ponto a favorecer a compreensão
da situação atual dos desenvolvimentos pedagógicos. Para este mesmo autor, a profissionalização dos professores
depende, hoje, em grande medida, portanto, da sua capacidade de construírem um corpo de saber que garanta a sua
autonomia perante o Estado, não no sentido da conquista da soberania na sala de aula, mas, antes, no sentido da
criação de novas culturas profissionais de colaboração.
Neste sentido, a formação continuada do professor apodera-se de uma definição ímpar, no que diz respeito à
condição para a aprendizagem permanente e para o desenvolvimento pessoal, cultural e profissional de professores
e especialistas. É na escola, no contexto de trabalho, que os professores enfrentam e resolvem problemas, elaboram e
modificam procedimentos, criam e recriam estratégias de trabalho e, com isso, vão promovendo mudanças pessoais
e profissionais (LIBÂNEO, s/d, p. 227).
Nesse contexto, há que se concordar com Nóvoa (2001) quando diz que, se o professor
quiser aperfeiçoar a sua prática, o melhor caminho é o debate com os colegas, porque o
que é válido na atualidade, para o professor, é o saber equilibrar-se entre as inovações
e as tradições, atitude que não é muito fácil frente à rapidez do desenvolvimento e das
alterações, inclusive das previstas em lei, como a que lida com a inclusão, educação a
distância, educação especial, educação indígena e tantas outras formas e modalidades,
como já mencionadas e detalhadas nos capítulos anteriores. Resgatar experiências e
combater a mera repetição de práticas de ensino, sem criticidade ou coragem de mudanças
é impedir a abertura para as diferentes metodologias que devem ser inicializadas por
análise individual e grupal das práticas pedagógicas.
Um programa com excelência na educação continuada, como ressalta Nóvoa (2001) pode
ser definido por meio de um aprender essencial, contínuo, sustentado sobre duas colunas,
que é o próprio docente, como agente do processo e a escola, como local de crescimento
permanente dos profissionais que nela atuam.
123
CAPÍTULO 6 • Planejar na educação, transformar o social
Provocação
Há alguns anos surgiu o conceito de profissional reflexivo como uma forma de valorizar os saberes experimentais.
Ele teve mais influência na pesquisa educacional do que nas atividades concretas de formação, mas foi importante
na reorganização das práticas de ensino e dos modelos de supervisão dos estágios. No entanto, sempre me recordo
das palavras do educador americano John Dewey: “Quando se diz que um professor tem dez anos de experiência,
será que tem mesmo? Ou tem um ano de experiência repetido dez vezes?” Só uma reflexão sistemática e continuada é
capaz de promover a dimensão formadora da prática.
Saiba mais
A Educação Continuada envolve vários programas que integram essas preocupações de forma útil e criativa:
seminários de observação mútua, espaços de prática reflexiva, laboratórios de análise coletiva das práticas e os
dispositivos de supervisão dialógica, em que os supervisores são parceiros e interlocutores. Para além dos aspectos
teóricos ou metodológicos, essas estratégias sublinham o conceito de deliberação, que, por sua vez, exige um espaço
público de discussão. Nele, as práticas e as opiniões singulares adquirem visibilidade e são submetidas à opinião dos
outros. Ao fazer isso, chama-se a atenção para o conjunto de decisões que os professores tomam a cada instante,
no plano técnico e moral. Em outras palavras, a articulação entre teoria e prática só funciona se não houver divisão
de tarefas e todos se sentirem responsáveis por facilitar a relação entre as aprendizagens teóricas e as vivências e
observações práticas. Enfim, é reinventar um sentido para a escola, tanto do ponto de vista ético quanto cultural.
(Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/179/entrevista-formacao-antonio-novoa).
Saiba mais
124
Planejar na educação, transformar o social • CAPÍTULO 6
Ensinar: tarefa para profissional. De Beatriz Cardoso, Delia Lerner, Neide Nogueira e Tereza Perez (orgs.). Um livro
excelente que demonstra o quanto a formação contínua é essencial e que estamos anos-luz do ideal. Apresenta
estratégias de trabalho na alfabetização que unem a teoria à prática.
Didática Geral, novo livro da Série Educação, apresenta os mais modernos métodos didáticos, além de abranger
conteúdos relacionados, para estudantes de cursos de Licenciaturas. Constitui, ainda, um texto auxiliar de referência
para pedagogos, docentes e demais profissionais de ensino, assim como para os interessados nesta disciplina em
constante evolução. A obra traz uma breve história das formas de ensinar, distinguindo ensino de aprendizagem. Em
seguida, aborda conceitos básicos e a diferença entre Educação, Pedagogia e Didática. Os leitores irão compreender
como selecionar e organizar conteúdos, além de relacionar a didática às técnicas de ensino. São identificados
ambientes de aprendizagem e recursos instrucionais, e as novas tecnologias na educação ganharam um capítulo
específico por sua importância na área. Este livro trata ainda da avaliação como prática educacional e didática,
destacando a relação distinta entre ensinar e aprender.
Recomendado!
125
CAPÍTULO 6 • Planejar na educação, transformar o social
A pedra arde, escrita por Eduardo Galeano (1983). O escritor, em linguagem poética, conta a história de um homem
velho, que vivia só, no povoado de Nevoeiro. Esse homem trabalhava com cestas de vime e não cobrava nada pelo
que fazia; O enredo escrito por Galeano ilustra poeticamente a concepção bancária da educação já descrita por
Freire, revelada em um planejamento linear que não leva em consideração o conhecimento da realidade educacional;
reconhecido a partir de suas experiências, pois traz consigo conhecimentos que precisam ser considerados e
respeitados. Nesse mesmo diapasão, do entendimento do “velho” retratado por Galeano, não desejam e não precisam
de uma restauração de suas condições, pois são sujeitos, atores de suas histórias; por conseguinte, não carecem de
doação e assistencialismo. A história aponta que a ação de planejar não pode, nem deve ser linear, pautada em uma
avaliação superficial. Realmente, aprender passa a ser um desafio conjunto para mestres e aprendizes!
O ato educativo, nesse contexto, fica “carregado de razão e emoção; é o espaço para a vida, para a vivência das
relações entre professores e alunos, para a ampliação da convivência socioafetiva e cultural dos alunos”. (VEIGA,
2006, p. 32).
Quando sinto que já sei mostra escolas que se abriram para as comunidades e mexeram com a organização
industrial que domina o ensino brasileiro: o professor lê, o aluno copia, vem a prova e... O filme traz exemplos bem-
sucedidos de escolas que fugiram do modelo tradicional e apostaram em nova relação entre alunos e professores.
Quando sinto que já sei foi custeado por meio de financiamento coletivo. O filme registra práticas inovadoras na
educação brasileira. Os diretores investigaram iniciativas em oito cidades brasileiras e colheram depoimentos de pais,
alunos, educadores e profissionais. Duração: 78 minutos. Ano de lançamento: 2014 (Brasil); Direção: Antonio Sagrado,
Raul Perez e Anderson Lima.
Saiba mais
Paulo Freire escreveu que a formação é um fazer permanente que se refaz constantemente na ação. “Para se ser,
tem que se estar sendo”, disse ele. O que o senhor acha dessa afirmação? A formação é algo que pertence ao próprio
sujeito e se inscreve num processo de ser (nossas vidas e experiências, nosso passado etc.) e num processo de ir
sendo (nossos projetos, nossa ideia de futuro). Paulo Freire explica-nos que ela nunca se dá por mera acumulação. É
uma conquista feita com muitas ajudas: dos mestres, dos livros, das aulas, dos computadores. Mas depende sempre
de um trabalho pessoal. Ninguém forma ninguém. Cada forma a si próprio.
126
Planejar na educação, transformar o social • CAPÍTULO 6
Planejamento não é processo neutro, sugere Haydt (2006, p. 108); como processo deve
ser visto com o respaldo e a competência do sujeito que o desenvolve, amoldando-se
dialeticamente como o real, transformando-o.
Provocação
Afinal, o maior compromisso do processo educativo está na crença de que é possível a mudança social. Essa mudança
deve refletir-se em uma escola que promova uma aprendizagem pautada na construção de um planejamento sério
e comprometido com a realidade dos estudantes; que reconhece esses sujeitos em suas singularidades, em suas
identidades e com eles estabelece o diálogo esclarecedor, ensinando-os a pensar; procura, também, suprimir práticas
voltadas à inculcação; o planejamento é um alicerce fundamental para a construção de uma “educação corajosa, [...]
de uma educação que leve o homem a uma nova postura de seu tempo e espaço” (FREIRE, 2011, p. 122).
Observe a lei
Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e
modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:
127
CAPÍTULO 6 • Planejar na educação, transformar o social
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura
plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros
anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.
[...]
Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo
técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo habilitações tecnológicas.
[...]
Diante dessas informações legais, fica claro que os professores, além dos cursos de
formação específica, terão oportunidade de aperfeiçoamento e quando envolvidos e
agrupados, deverão certamente buscar o aperfeiçoamento teoria-prática no contexto
escolar e fortalecido com a visão de mundo moderno e sobre o aluno buscar resultados
satisfatórios para si e a sociedade onde atua.
Segundo Libâneo (2004), devido à junção dos fatos e processos que vêm caracterizando
as realidades sociais, políticas, culturais, econômicas e geográficas, sob forte pressão
social, as instituições escolares repensam seus papéis frente à necessidade de integração
e reestruturação capitalista mundial.
Saiba mais
Dentre os aspectos mais visíveis desse fenômeno destacam-se: avanços tecnológicos, a globalização da sociedade,
a difusão da informação, o agravamento da exclusão social, entre outros fatores. Diante de tamanha complexidade,
pergunta-se:
» Quem deterá tal conhecimento a ponto de instrumentar o cidadão que irá exercer tais habilidades/competências?
Como encontrar um profissional que corresponda aos perfis socialmente estabelecidos pelas exigências sociais?
Concebendo a escola enquanto espaço apropriado para prover o cidadão das bases de conhecimento para uma
vida em equilíbrio sobre a sociedade, urge repensar a atuação de um professor preparado teórica e praticamente, de
modo a ministrar um ensino para a transformação. No entanto, salienta-se que a transformação social não é encargo
apenas da escola, ela é um dos caminhos mais abordados para isso. A educação e a escola só podem ser realmente
transformadoras se estiverem maturando as alternativas, de modo a superar as soluções da radicalidade extremista,
cujo negativismo findará por recriar os problemas que pretendiam alijar.
128
Planejar na educação, transformar o social • CAPÍTULO 6
A educação e a escola só podem ser realmente transformadoras se estiverem maturando as alternativas, de modo a
superar as soluções da radicalidade extremista, cujo negativismo findará por recriar os problemas que pretendiam
alijar. E nesse contexto, a formação continuada encontra o seu espaço nas necessidades pedagógicas.
“Não basta que exista educação para que um povo tenha seu destino garantido.
É preciso determinar o teor educacional para que se saiba em que direção está
caminhando ou deixando de caminhar uma nação.”
Para refletir
O planejamento não é um oráculo inspirador de todas as soluções para os problemas que se referem à educação
e ao ensino. Não é um ditador de normas e de esquemas rígidos e inflexíveis, que podem e devem ser aplicados
universalmente em todas as situações e lugares. Não é um delimitador de ideias, desejos e aspirações das mais
diversas tendências sociais, políticas, econômicas e religiosas. O planejamento não é um ditador, mas é algo
altamente democrático e desencadeador de invocações: por isso, é um processo que evolui, que avança e não
permanece estático.
A educação, como processo de transformação e de aperfeiçoamento da cultura e do viver humano, por exigência da
sua própria essência, é uma visão que se projeta além do momento presente. Sendo que a educação não se limita e
não tem por objetivo apenas conhecer e analisar o presente, ou querer conservar o status quo da cultura e do saber,
ela tende a pensar o futuro, a buscar novos horizontes e novas perspectivas para o homem.
A educação não pode se limitar a enfatizar o passado ou o presente, como ele se manifesta, mas deve ser um processo
que se antecipe, que se projete para além do passado e do presente, para que o homem saiba enfrentar as mutações
radicais que se processam. O homem deve aprender a viver e a planejar o seu futuro, porque o passado já passou e o
presente é tão radicalmente rápido que não mais parece existir.
O futuro parece não ser tão incerto como se pensa. Ele pode ser visto, sentido e pensado no presente; mas exige
que as pessoas aprendam a vê-lo como futuro, a senti-lo e a percebê-lo como futuro que, inevitavelmente, se torna
presente. O futuro é um prolongamento do presente e deste faz parte. Todo o ser humano pensa no futuro, quer saber
do seu futuro e, a partir desta ansiedade pelo futuro, faz seus planos. Ele pensa no que vai fazer e no que pretende
fazer. Planeja o seu agir, a sua vida, o seu trabalho, as suas economias; enfim, tudo aquilo que possa interferir na sua
vida.
A educação, como uma atividade eminentemente humana, e pela qual o homem se preocupa de maneira especial,
deve ser planejada cientificamente para dar-lhe uma direção que atenda às urgências humanas. Sendo a pessoa o
fim último da educação, necessário se faz refletir, profundamente, sobre a essência da educação e sobre o próprio
processo da educação, que tem como meta final a formação integral do homem.
129
CAPÍTULO 6 • Planejar na educação, transformar o social
A educação não pode ser desenvolvida sem uma meta, sem um caminho que a direcione para o seu fim essencial,
ou seja, o homem como uma realidade em busca de realização. E, como poderá ajudar o homem, na busca da sua
realização, se este processo não for estruturado profundamente, em bases sólidas?
Ao se afirmar que a educação é essencial ao homem, não se pode pensar num processo educacional como uma série
de ações que pretendam atingir um fim; ou uma quantidade de normas institucionais que não partam da realidade
existente; ou, mesmo, num processo que surja do simples bom senso ou de ideais simplistas.
Dada a complexidade atual dos problemas educacionais, não se pode conceber o processo educacional como uma
série de atividades e normas desconexas, mas como resultado de um verdadeiro planejamento, continuamente
renovado, composto dos seguintes elementos:
O planejamento, em relação aos diversos níveis, deve ser o instrumento direcional de todo o processo educacional,
pois ele tem condições de estabelecer e determinar as grandes urgências, de indicar as prioridades básicas e de
ordenar e determinar todos os recursos e meios necessários para a consecução das metas da educação.
É na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como
processo permanente. Mulheres e homens se tornam educáveis na medida em que se
reconheceram inacabados. Não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis,
mas a consciência de sua inconclusão é que gerou sua educabilidade. (FREIRE, 2002,
p. 34).
Sintetizando
» O Capítulo 6, intencionalmente nomeia o ponto nevrálgico das questões sociais que ‘‘gritam’’ pelas mudanças e
transformações na educação brasileira que ainda têm muito a conseguir.
» Inicialmente, pode ser levantada a questão real de que algo deve ser feito no sentido da melhoria da qualidade do
ensino-aprendizagem no Brasil, considerando a importância de ser inserido no Planejamento Escolar, basicamente
no PPP, a formação contínua do professor, elemento-base na formação do cidadão de amanhã.
» As abordagens foram voltadas para questões da formação continuada dos professores, tendo em vista a
responsabilidade deles em relação à preparação do aluno para um futuro, que aponta emergência na ação-
reflexão-ação, por meio de atos associados à teoria e à prática.
» No contexto das reflexões também pode ser levantada a importância do planejamento educacional maximizando
o lado humano do professor, que, com as suas especificidades, é tão carente; no entanto, merecedor de tantas
oportunidades.
130
Planejar na educação, transformar o social • CAPÍTULO 6
» A Educação Continuada envolve vários programas que integram essas preocupações de forma útil e criativa:
seminários de observação mútua, espaços de prática reflexiva, laboratórios de análise coletiva das práticas e os
dispositivos de supervisão dialógica, em que os supervisores são parceiros e interlocutores.
» A educação, como processo, jamais pode ser desenvolvida isoladamente, quer dizer, fora do contexto nacional,
regional e comunitário da escola, na qual o homem está inserido, como agente e paciente das suas circunstâncias
existenciais.
131
Referências
AREZ, Teresa Leite e Abel. A formação através de projetos na iniciação à prática profissional. Disponível em: https://
ojs.eselx.ipl.pt/index.php/invep/article/view/70/71-. Acesso em: 19 de julho de 2019.
BARBIER, Jean Marie. Elaboração de projetos de ação e planificação. Porto: Porto Editora:1993.
BERTALANFFY, Ludwig Von. Teoria geral dos sistemas: fundamentos, desenvolvimento e aplicações. Rio de Janeiro:
Vozes, 2008.
BRASIL. MEC. Plano Nacional de Educação – Lei no 13.005/2014. Disponível em: http://pne.mec.gov.br/18-planos-
subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014. Acesso em: 10 de julho de 2019.
CAMPOS, Haroldo de. Xadrez de estrelas, percurso textual. São Paulo. Perspectiva, 1974.
CANDAU, Vera Maria et al. Oficinas pedagógicas de direitos humanos. 2. ed. Petrópolis, RJ. Vozes, 1995.
CANDAU, Vera Maria. A didática hoje: uma agenda de trabalho. Didática, currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro:
DP&A, pp. 149-160, 2000.
CARNOY, Martin. Mundialização e reforma da educação: o que os planejadores devem saber: tradução de Guilherme
João de Freitas Teixeira. Brasília: UNESCO, 2002.
CARVALHO, Maria do Carmo Brant. Gestão social e trabalho social: desafios e percursos metodológicos. São Paulo:
Cortez, 2014.
CASTRO, Bruna Mércia Pereira et al. O professor e sua identidade profissional: a formação continuada em questão.
Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/o-professor-sua-identidade-profissional-
formacao-continuada-.htm. Acesso em: junho de 2019.
CERVI, Rejane de Medeiros. Planejamento e avaliação educacional. 3. ed. Curitiba: IBPEX, 2013.
CHERULLI, Eliane Maria Carvalho. Bullyng na escola: papel dos professores, da família, da escola e do estado. Brasília,
Unyleya, 2018.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 4. ed. Makron Books, 2014.
COARACY, Joana. O planejamento como processo. Revista Educação, ano I, no 4, Brasília, 1972.
COLL, César. Psicologia e Currículo. Uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. São
Paulo: Ática, 2001.
DEMO, Pedro. Pobreza política e emancipação. Ensaio 396. 2018. Disponível em: https://docs.google.com/document/
d/e/2PACX-1vTj9k2q3CA_SxGBcSZp5AdXeTw4PFG1hLmwi7GuTjqUoCsrSBNd1W7LVn9ivH3bAZX8ppTCNmUx5S3n/
pub. Acesso em: abril de 2019.
132
Referências
DEMO, Pedro. A nova LDB: ranços e avanços. 14. ed. Campinas, SP: Papirus, 1997. (Coleção Magistério: Formação e
Trabalho Pedagógico).
DEMO, Pedro. Pobreza política: a pobreza mais intensa da pobreza brasileira. Armazém do Ipê (Autores Associados).
Campinas, SP: 2006.
ESTHER, Grossi. LDB: lei de diretrizes e bases: Lei no 9.394/1996. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
EVANGELISTA, Izabel A. S. Planejamento educacional: concepções e fundamentos. Rio de Janeiro: DP&A, 2010.
FALKEMBACH, Elza. Planejamento participativo: uma maneira de pensá-lo e encaminhá-lo com base na escola. In:
VEIGA, Ilma. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 3. ed. Campinas, SP: Papirus, 1997, 192p.
FERACINE, Luiz. O professor como agente de mudança social. São Paulo: EPU, 1998.
FERNANDES, Maria Aparecida Ventura; SILVA, Wanderlei Sérgio. Planejamento e políticas públicas da educação.
Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/25797079/planejamento-e-politicas-publicas-da-educacao.
Acesso em: julho de 2019.
FERRAZ, Ana Paula M.; BELHOT, Renato V. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do
instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gestão & Produção. São Carlos, v. 17, n. 2, pp. 421-431, 2010.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-530X2010000200015.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio. Curitiba, PR: Positivo, 2014.
FRANÇA, Luisa. BNCC: Tudo que você precisa saber sobre a Base Nacional Comum Curricular. Disponível em:
https://www.somospar.com.br/bncc-base-nacional-comum-curricular/. Acesso em: agosto de 2019.
FREIRE, Madalena. Instrumentos metodológicos na concepção democrática de educação. Texto elaborado em 2013
para fins de estudo em reuniões do Comitê Acadêmico do Instituto Superior de Educação Pró Saber. Disponível em:
http://www.prosaber.org.br/comunidade/?p=4320. Acesso em: julho 2019.
FREIRE, Madalena et al. Avaliação e planejamento: a prática educativa em questão. Instrumentos Pedagógicos II.
São Paulo: s.e., 1997.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa – 43. ed. Rio de Janeiro, Paz e
Terra, 2011.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, Paulo. Papel da educação na humanização. Revista da Faeeba. Faculdade de Educação do Estado da Bahia
ano 6, n. 7, jan./junho 1997. Disponível em: http://www.projetomemoria. art.br/ PauloFreire/obras/artigos/6.html.
Acesso em: agosto 2019.
133
Referências
FREITAS, Bruno Peres. Caminhos do planejamento: alternativas de reflexão e ação na contemporaneidade. Disponível
em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/ index.php/bauman/article/view/4148/2279 vol. 5, num. 10, 2015.
Acesso em: julho de 2019.
FREITAS, Isa Aparecida. Trilhas de desenvolvimento profissional: da teoria à prática. In: Anais 6. ENANPAD. Salvador:
Anpad, 2002.
FREITAS, Lourival C. de. Mudanças e inovações na educação. 2. ed. São Paulo: Edicon, 2005.
FRIEDMANN, Adriana. Dinâmicas criativas: um caminho para a transformação de grupos. Petrópolis: Vozes, 2004.
FURTER, Pierre. Educação e vida: uma contribuição à definição da educação permanente. Petrópolis: Vozes, 1968. F
FUSARI, José Cerchi. Planejamento educacional e a prática dos educadores. Ande, São Paulo, n. 8, 1984.
GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto pedagógico. In: MEC. Anais da Conferência Nacional de Educação para
Todos. Brasília. 1994.
GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. 19. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2011.
GIL, Antônio Carlos. Didática do ensino superior. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. São Paulo; Ática, 2006.
HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. 1. ed. São Paulo: Ática, 2011. Disponível em: http://197.249.65.74:8080/
biblioteca/bitstream/123456789/865/1/Curso%20de%20Didatica%20Geral%20-%20Regina%20Celia%20C.%20Haydt.
pdf.
IANNI, Octavio. Estado e planejamento no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
IANNI, Octavio. Estado e planejamento econômico no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1991.
IANNI, Octavio. O colapso do populismo no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S. A, 1968.
IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
IPEA. Desafios do Desenvolvimento. Vinte metas que podem mudar o país. 2015. Disponível em: http://www.ipea.gov.
br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=3234&catid=30&Itemid=41. Acesso em: julho de 2019.
KWASNICKA, Eunice Lacava. Teoria Geral da administração: uma síntese. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LAFER, Celso. O planejamento no Brasil: observações sobre o plano de metas (1956-1961). In: LAFER, Betty Mindlin
(org.). Planejamento no Brasil. 4. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1984, pp. 29-50.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção magistério 2o grau. Série formação do professor).
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão escolar – teoria e prática. 5. ed. Goiânia: Alternativa, 2004.
LIBÂNEO, José Carlos et al. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública – a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola,
1992. cap. 1. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAehikAH/libaneo. Acesso em: julho de 2019.
LÜCK, Heloisa. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora Positivo, 2009.
MAINARDES, Jefferson. OLIVEIRA, José Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e
organização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
134
Referências
MAINARDES, Jefferson; MARCONDES, Maria Inês. Entrevista com Stephen Ball: um diálogo sobre justiça social,
pesquisa e política educacional. Educ. Soc., Campinas, v. 30, n. 106, pp. 303-318, jan/abril 2009.
MALHEIROS, Bruno Taranto. RAMAL, Andréa (org.) Didática geral. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
MASETTO, Marcos. Didática: a aula como centro. 4. ed. São Paulo: FTD, 1997.
MAUÁ JÚNIOR, Reynaldo.. Planejamento escolar: um estudo a partir de produções acadêmicas de 1961-2005.
Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/PosGraduacao/Educação/Dissertacoes/junior_rm_dr_mar.
pdf. Acesso em: 10 de julho de 2019.
MELO, Adriana Almeida Sales. A mundialização da educação. Consolidação do projeto neoliberal na América Latina:
Brasil e Venezuela. Maceió: Edufal, 2004.
MENEGOLLA, Maximiniano; SANT’ANNA, Ilsa Martins. Por que planejar? Como planejar? 13. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2003.
MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. Trad. Edgar de Assis Carvalho. São Paulo:
Cortez, 2002.
MOURA, Dácio. Trabalhando com Projetos: planejamento e gestão de projetos educacionais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
NONAKA, Lina. Ensino híbrido e a sala de aula invertida: o aluno como protagonista do próprio aprendizado. Disponível
em: https://educacao.estadao.com.br/blogs/colegio-prudente/ensino-hibrido-e-a-sala-de-aula-invertida-o-aluno-
como-protagonista-do-proprio-aprendizado/. Acesso em: setembro de 2019.
OLIVEIRA, Dalila de Andrade. Gestão democrática da educação: desafios contemporâneos. 7. ed. Petrópolis, RJ.
Editora Vozes, 2007.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 34. ed. São
Paulo: Saraiva: Atlas, 2018.
OLIVEIRA, Elisângela Santos; CYPRIANO, Alessandra Martins Constantino. O planejamento educacional no Brasil
nos séculos XX e XXI: aspectos históricos. Disponível em: http://www.anpae.org.br/IBERO_AMERICANO_IV/GT5/
GT5_Comunicacao/ElisangeladosSantosdeOliveira_GT5_integral.pdf. Acesso em: 12 de julho de 2019.
OMISTE, A. Saavedra; LÓPEZ, Maria Del C.; RAMIREZ, J. Formação de grupos populares: uma proposta educativa. In:
CANDAU, Vera Maria; SACAVINO, Susana (Org.) Educar em direitos humanos: construir democracia. Rio de Janeiro:
DP&A, 2000.
PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo:
Cortez, 2001. (Guia da Escola Cidadã, v. 7).
PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, L. G. C. Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2002. (Coleção:
Docência em Formação: Ensino Superior, v. 1).
PINHEIRO, Catia Moreira. O processo educacional brasileiro: história, estrutura. Disponível em: http://www.avm.
edu.br/monopdf/5/CATIA%20MOREIRA%20PINHEIRO.pdf. Acesso em: julho de 2019.
PINHO, Angela; GUIMARÃES, Larissa. País só cumpre 33% das metas de educação. Folha de São Paulo. São Paulo,
3 mar. 2010.
135
Referências
PNE 2014-2024. Planos estaduais de educação: desafios às vinculações com outros instrumentos de gestão local da
educação. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v22n71/1809-449X-rbedu-s1413-24782017227152.pdf.
Acesso em: junho de 2019.
PONCE, Branca Jurema. Entrevista In: Revista Nova Escola. Branca Jurema Ponce fala sobre planejamento e currículo.
Disponível em: http://acervo.novaescola.org.br/formacao/entrevista-branca-jurema-ponce-sobre-planejamento-
curriculo-formacao-aprendizagem-542582.shtml. Acesso em: 18 de julho de 2019.
RIBEIRO, Verônica Nunes de Carvalho. Planejamento educacional: organização de estratégias e superação de rotinas
ou protocolo institucional? Disponível em: http://www.difdo.diren.prograd.ufu.br/Documentos/Texto2-Planejamento-
Educacional.pdf--. Acesso em: junho de 2019.
ROLLAND, Romain. Beetboven: les époques créatices. Paris, Ed. du Sableir, 1943.
SANT’ANNA, Flávia Maria et al. Planejamento de ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra, 1998. pp. 6, 10,
34, 79.
SANTOS, Pablo Silva Machado. As dimensões do planejamento educacional: o que os educadores precisam saber.
São Paulo, SP: Cengage Learning, 2016.
SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas do Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.
TURRA, Clódia Maria Godoy et al. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1996.
UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos e plano de ação para satisfazer as necessidades básicas
de aprendizagem. 1990. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org. Acesso em: 10 julho de 2019.
VALENTE, Fátima et al. Nas trilhas do planejamento educacional e seus contornos nas políticas de educação no
Brasil. 2016. RBPAE, v. 32, n. 1, pp. 25-045. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/62683. Acesso
em: 8 de julho de 2019.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Entrevista In: Revista Nova Escola. Celso dos Santos Vasconcelos fala sobre
Planejamento Escolar. 2009. Disponível em: http://novaescola.org.br/conteudo/296/planejar-objetivos. Acesso em:
2 de julho de 2019.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo:
Libertat, 1995.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenador pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala
de aula. 7. ed. São Paulo: Libertad, 2006.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 29. ed.
Campinas, SP: Papirus, 2011.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.). Lições de didática. São Paulo: Papirus, 2006.
VENTURA, Fernandes et al. Planejamento e políticas públicas da educação. São Paulo, 2013.
XAVIER, Maria Luísa M.; ZEN, Maria Isabel H. Dalla. Planejamento em destaque: análises menos convencionais. 4.
ed. Porto Alegre: Mediação, 2011.
XAVIER, Nina Rosa V. Planejamento e transformação: um estudo sobre o pensar docente. Disponível em: https://
www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/32140/000785779.pdf?sequence=1. Acesso em: agosto de 2019.
136