PR-DF-00034485/2022

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO DISTRITO FEDERAL
8º OFÍCIO

Assinado com login e senha por LUCIANA LOUREIRO OLIVEIRA, em 23/03/2022 17:37. Para verificar a autenticidade acesse
Despacho nº 11239/2022.
Referência: Notícia de Fato nº 1.16.000.001695/2022-45.
Assunto: Redistribuição aos Ofícios de Combate ao Crime e à Improbidade Administrativa.

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Trata-se de Notícia de Fato autuada em 22/03/2022, a partir de representação
do Deputado Federal Ivan Valente, a fim de apurar suposta prática dos crimes de tráfico de
influência e usurpação da função pública pelos pastores GILMAR SILVA SANTOS e
ARILTON MOURA, bem como a prática de atos de improbidade administrativa pelo
Ministro da Educação MILTON RIBEIRO, em razão da suposta intermediação da destinação
de verbas do Ministério da Educação pelos referidos pastores, por meio de um gabinete
paralelo, conforme noticiado pelo jornal Estadão[1].
Da leitura da representação, vê-se que há dois campos para possível atuação do
Ministério Público Federal: i) o que diz respeito à apuração de supostos crimes e de atos de
improbidade administrativa a ele conexos; e ii) o que concerne à apuração de supostas
irregularidades no fluxo de liberação de verbas do FNDE, que não estaria atendendo a
critérios técnicos, tampouco à ordem de prioridade de pagamentos antigos, já empenhados,
conforme noticiou, na data de ontem, o Jornal Folha de São Paulo
(https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/03/mec-vira-balcao-politico-sob-milton-ribeiro-e-
centrao-com-obra-sem-criterio-tecnico.shtml).
O primeiro aspecto, sem dúvida, não deve ser apreciado por este 8º Ofício, já
que envolve, em tese, fatos com dupla tipificação de responsabilidade (penal e improbidade
administrativa), devendo assim, ser encaminhado ao juízo de um dos ofícios de Combate ao
Crime e à Improbidade Administrativa desta unidade, nos termos do art. 10, da Resolução
PRDF nº 31/2018.
Resta a este ofício de Atos Administrativos atribuição para apreciar o segundo
aspecto, uma vez que a constatação de irregularidades no fluxo de liberação de verbas do
FNDE expõe uma indesejável fragilidade dos controles administrativos aplicáveis aos

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recursos destinados aos muitos programas do órgão, arrisca a inefetividade do planejamento
orçamentário das ações do MEC/FNDE e enfraquece, como um todo, a execução concreta da
política pública de educação.
Diante do exposto, declino parcialmente da atribuição para apreciar a
presente Notícia de Fato em favor de um dos Ofícios de Combate ao Crime e à
Improbidade Administrativa desta Procuradoria , determinando a remessa de cópia deste
expediente à COJUD/NUCRIMEX, para as providências de autuação e redistribuição.
Sobre o objeto remanescente, determino a instauração de Procedimento

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Preparatório, para apurar supostas irregularidades no fluxo de liberação de verbas do FNDE,
(não atendimento a critérios técnicos ou à ordem de prioridade de pagamentos antigos),
possíveis fragilidades dos controles administrativos aplicáveis aos recursos destinados aos
programas do órgão e possível inefetividade do planejamento orçamentário das ações do
MEC/FNDE.

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Realizados os registros e adequações supra, voltem conclusos para diligências.

Brasília, 23 de março de 2022.

Luciana Loureiro Oliveira

PROCURADORA DA REPÚBLICA

Notas

1. ^ https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,pastores-controlam-agenda-e-liberacao-de-dinheiro-no-
ministerio-da-educacao,70004012011

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