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XII SIMPÓSIO DE ESPECIALISTAS EM PLANEJAMENTO DA

OPERAÇÃO E EXPANSÃO ELÉTRICA


XII SEPOPE XII SYMPOSIUM OF SPECIALISTS IN ELECTRIC OPERATIONAL
20 a 23 de Maio 2012
May – 20th to 23rd – 2012 AND EXPANSION PLANNING
RIO DE JANEIRO (RJ) -
BRASIL

Especificação da Região Retida para Cálculo de Equivalentes a Partir de suas


Interligações

Sergio Porto Roméro (*) Juan Rossi Gonzalez Leonardo Pinto de Almeida
CEPEL
Brasil

RESUMO

Este trabalho apresenta um método para facilitar a definição da área retida necessária para o cálculo de
equivalentes de rede em programas de simulação digital de sistemas de potência que possuam esta
função, como programas de cálculo de fluxo de potência e de curto-circuito. O método proposto, útil
em situações onde o número de barras da região retida seja consideravelmente maior que o número de
interligações desta com a região externa, consiste em elencar apenas os circuitos de interligação, de
modo que a obtenção da relação completa de todas as barras a serem retidas seja feita
automaticamente pelo programa, sem a necessidade de que esta tarefa seja efetuada pelo usuário do
programa. Funções adicionais do método proposto, como a crítica relativa à falta do fornecimento de
alguma interligação e o fornecimento de um conjunto de barras compondo um caminho de
cardinalidade mínima ligando uma barra de fronteira interna a alguma externa quando da falta do
fornecimento de alguma interligação, são também apresentadas, juntamente com casos de exemplo da
utilização do método implementado em um programa comercial para cálculo de curtos-circuitos em
sistemas de potência.

PALAVRAS CHAVE

Análise de Redes, Cálculo de Equivalentes, Programa de Cálculo de Curtos-Circuitos, Interligações.

(*) Sergio Porto Roméro – CEPEL – spr@cepel.br


1. Introdução
Em diversas situações no contexto das simulações digitais de sistemas de potência existe a necessidade
de se executar uma redução de tamanho no sistema, também conhecida como cálculo de sistema
equivalente ou, simplesmente, cálculo de equivalente [1,2]. Alguns exemplos são as simulações de
transitórios eletromagnéticos e as simulações de curto-circuito considerando o carregamento pré-falta.
Em ambos os casos, se busca restringir o tamanho da região dentro da qual terá que ser feito um maior
detalhamento e consequentemente maior quantidade de dados a serem manipulados.
Geralmente os programas de simulação de sistemas de potência, como os de cálculo de fluxo de
potência e de curto-circuito, precisam, para que possa ser feito o cálculo dos equivalentes, do
fornecimento explícito de toda a região a ser retida, ou seja, a relação de todas as suas barras. Esta
forma de fornecimento dos dados é prática quando a região retida é composta por algumas poucas
barras ou ainda quando estas barras possuem alguma característica em comum, p.ex. corresponderem a
uma determinada área do sistema. Em outras situações, quando a região retida possui um número
maior de barras e estas não podem ser descritas de uma maneira concisa, esta forma torna-se
trabalhosa e muito sujeita a erros (p.ex. o esquecimento de alguma barra).
Uma alternativa prática, muito usada em situações onde o número de barras da região retida é
consideravelmente maior que o número de interligações desta com a região externa, consiste em, após
elencar-se quais são estes circuitos de interligação, desligá-los e reter apenas as barras de fronteira do
lado externo, obtendo assim os circuitos/injeções equivalentes que representam o sistema externo.
Esta abordagem, mesmo sendo mais eficiente nestes casos, ainda apresenta alguns inconvenientes: os
próprios circuitos de interligação ficam de fora do equivalente e acabam tendo que ficar na região
retida; em caso de esquecimento em desligar alguma interligação, apesar de ser possível detectar com
facilidade que o fato ocorreu (desde que sejam retidas também as barras de fronteira do lado interno,
pois surgirá alguma ligação equivalente entre uma barra de fronteira interna e uma externa), é
necessário descobrir que interligações foram esquecidas, o que pode ser bastante trabalhoso,
dependendo da topologia do sistema, p.ex. a existência de um caminho paralelo através de níveis de
tensão mais baixos.
Este trabalho apresenta um método mais simples de se especificar a região retida para as situações
citadas acima, na qual basta fornecer ao programa a lista de circuitos de interligação (esta lista já era
necessária na abordagem alternativa mencionada anteriormente), e que foi implementada em um
programa de cálculo de curtos-circuitos [3], mas poderia ser incorporada em qualquer outro programa
de análise de redes que possua a função de cálculo de equivalentes.
A partir da lista com as interligações (destacando para cada uma quais as extremidades interna e
externa) o programa obtém toda a região retida de forma automática usando um algoritmo de busca em
largura em grafos, e o cálculo do equivalente é realizado da forma usual, criando circuitos/injeções
equivalentes nas barras de fronteira. O método proposto apresenta as seguintes vantagens:
• não precisa que se liste todas as barras da região retida com a consequente garantia de que não
será omitida por engano nenhuma destas barras, o que faria com que fossem criados circuitos
equivalentes dentro da região retida, ou seja, fora do que deveria ser a região de fronteira;
• durante o processo de busca em largura para obtenção das barras da região retida, o programa
executa uma crítica na qual, caso seja atingida alguma barra de fronteira da região externa, é
indicada uma situação de erro por falta do fornecimento de alguma interligação na lista, e é
fornecido ao usuário uma lista de barras formando um caminho mínimo (em termos de
número de vizinhanças) ligando a região retida à barra de fronteira externa. Este aspecto é
considerado o ponto forte do método proposto, pois esta lista de barras auxilia no processo de
descoberta da interligação faltante e, por ser um subproduto natural do algoritmo de busca em
largura, não sobrecarrega o desempenho computacional do método;
• inclusão automática de interligações paralelas, sem a necessidade de listar todos os circuitos
paralelos;

1
• opção de incluir as barras de fronteira externas na região retida, permitindo assim que os
circuitos de interligação possam ficar ou não na região retida, conferindo mais flexibilidade ao
cálculo.

2. Cálculo de Equivalentes
Em diversas situações no contexto das simulações digitais de sistemas de potência existe a necessidade
de se executar uma redução de tamanho no sistema, também conhecida como cálculo de sistema
equivalente ou, simplesmente, cálculo de equivalente. Alguns exemplos são as simulações de
transitórios eletromagnéticos e as simulações de curto-circuito considerando o carregamento pré-falta.
Em ambos os casos, se busca restringir o tamanho da região dentro da qual terá que ser feito um maior
detalhamento e consequentemente maior quantidade de dados a serem manipulados.
O cálculo de equivalentes é feito a partir de um processo de redução nas matrizes nodais (p.ex.
Ybarra) que descrevem o sistema de equações a ser resolvido pelo programa de simulação em questão.
Para efetuar o processo de redução, é necessário o conhecimento prévio de todas as barras a serem
retidas do sistema, de modo que somente as demais barras (barras externas) sejam eliminadas das
matrizes nodais.
No processo de redução (redução de Kron), cada barra a ser eliminada é pivoteada, o que corresponde
a eliminar as respectivas equações (linhas da matriz) e variáveis (colunas da matriz) do sistema, porém
mantendo o seu efeito nas linhas e colunas restantes da matriz. Através da subtração (apenas das
linhas e colunas resultantes) da matriz original na matriz resultante, é possível efetuar, a partir dos
valores restantes, a síntese dos novos elementos (ligações equivalentes série e shunt) a serem criados
no sistema equivalentado. Estas novas ligações obrigatoriamente se conectam entre barras de fronteira
ou entre estas e a terra.
Este processo requer o conhecimento prévio de todas as barras a serem retidas/eliminadas. Em função
disso, é usual a necessidade do fornecimento explícito de toda a região a ser retida, ou seja, a relação
de todas as suas barras. Esta forma de fornecimento dos dados é prática quando a região retida é
composta por algumas poucas barras ou ainda quando estas barras possuem alguma característica em
comum, p.ex. corresponderem a uma determinada área do sistema. Em outras situações, quando a
região retida possui um número maior de barras e estas não podem ser descritas de uma maneira
concisa, esta forma torna-se trabalhosa e muito sujeita a erros (p.ex. o esquecimento de alguma barra).
Esta deficiência motivou o desenvolvimento da forma de especificação da área retida descrita neste
trabalho, na qual basta a definição das interligações da área retida com o restante do sistema.

3. Definição da Área Retida Usando Suas Interligações


Uma alternativa prática, muito usada em situações onde o número de barras da região retida é
consideravelmente maior que o número de interligações desta com a região externa, consiste em, após
elencar-se quais são estes circuitos de interligação, desligá-los e reter apenas as barras de fronteira do
lado externo, obtendo assim os circuitos/injeções equivalentes que representam o sistema externo.
Esta abordagem, mesmo sendo mais eficiente nestes casos, ainda apresenta alguns inconvenientes: os
próprios circuitos de interligação ficam de fora do equivalente e acabam tendo que ficar na região
retida; em caso de esquecimento em desligar alguma interligação, pode-se descobrir facilmente que o
fato ocorreu (desde que sejam retidas também as barras de fronteira do lado interno, pois surgirá
alguma ligação equivalente entre uma barra de fronteira interna e uma externa), mas resta descobrir
que interligações foram esquecidas, o que pode ser bastante trabalhoso, dependendo da topologia do
sistema, p.ex. a existência de um caminho paralelo através de níveis de tensão mais baixos.
Este trabalho apresenta um método mais simples de se especificar a região retida para as situações
citadas acima, na qual basta fornecer ao programa a lista de circuitos de interligação (esta lista já era
necessária na abordagem alternativa mencionada anteriormente), e que foi implementada em um
programa de cálculo de curtos-circuitos, mas poderia ser incorporada em qualquer outro programa de

2
análise de redes que possua a função de cálculo de equivalentes. A partir da lista com as interligações
(destacando para cada uma quais as extremidades interna e externa) o programa obtém toda a região
retida de forma automática usando um algoritmo de busca em largura em grafos, e o cálculo do
equivalente é realizado da forma usual, criando circuitos/injeções equivalentes nas barras de fronteira.
O método proposto apresenta uma série de vantagens que serão relatadas a seguir.
A primeira vantagem obviamente é a não necessidade de listar todas as barras da região retida. O
conhecimento prévio, por parte de quem for efetuar o estudo, da lista completa de barras da região
retida pode não ser trivial, dependendo do tamanho da mesma. A omissão acidental de alguma barra
quando do fornecimento da área retida de forma explícita (lista completa), tem o efeito indesejável de
acarretar a eliminação de circuitos que deveriam fazer parte da área retida e a criação de circuitos
equivalentes dentro da região que deveria ser a região retida. Em uma situação normal, os circuitos
equivalentes somente devem ser criados entre barras de fronteira ou entre estas e a terra. Esta situação
pode ser de difícil detecção por parte do usuário do programa e introduziria erros no sistema retido
criado.
O fornecimento da lista de interligações entre a região retida e o sistema externo por intermédio de
pares de barras de fronteira interna-externa, traz consigo o benefício de não ter que se fornecer todas
as ligações paralelas, quando da existência de mais de um circuito em paralelo em algum ponto de
interligação.
Outra facilidade do método proposto neste trabalho é a possibilidade de se escolher de forma opcional
a inclusão das barras de fronteira externas na região retida. Isto pode ser feito facilmente ao final do
processo de obtenção das barras da área retida. Desta forma os circuitos de interligação podem ser
retidos ou não, dependendo da conveniência do usuário. Esta flexibilidade não existe quando se usa o
método de desligar os circuitos de interligação, citado no início deste item.
A principal vantagem do método proposto em relação às alternativas existentes já citadas
anteriormente é a crítica que é executada durante o processo de obtenção da área retida a partir das
barras de fronteira internas (este processo consiste em um algoritmo de busca em grafos e é descrito
em detalhes no próximo item). Esta crítica, mostrada em detalhe no item 5, detecta quando existe
algum caminho paralelo (que não seja uma das próprias interligações fornecidas) ligando alguma barra
de fronteira interna a alguma barra de fronteira externa. Esta detecção é feita de forma natural,
bastando verificar a cada etapa do processo de busca se alguma barra de fronteira externa foi atingida
e, portanto, não degrada a sua eficiência computacional.
Esta situação de erro significa que houve a omissão de alguma interligação na lista de interligações
fornecida. A crítica não só detecta que houve o problema, mas também informa ao usuário um
caminho de cardinalidade mínima (menor número de vizinhanças) ligando a barra de fronteira externa
atingida à barra de fronteira interna mais próxima. Este caminho, formado por uma sequencia de
barras, facilita o trabalho de se descobrir qual interligação está faltando ser fornecida ao programa. No
item 6 é mostrado um exemplo de utilização desta facilidade.
Esta característica do método proposto permite que se disponha de uma funcionalidade adicional, que
seria a de obter um caminho mínimo entre duas barras quaisquer que não sejam vizinhas. Para tal,
bastaria que se utilizasse o cálculo de equivalente fornecendo como única interligação o par de barras
desejado.

4. Algoritmo para obtenção da Área Retida


Para a obtenção do subconjunto completo das barras do sistema correspondente à área retida definida
pela lista de interligações fornecidas, o programa executa um algoritmo de busca em grafos chamado
de busca em largura [4]. Os programas de simulação de sistemas de potência geralmente já possuem
alguma estrutura de dados relacionando os circuitos ligados a cada barra, de modo que esta estrutura já
serve como a descrição em forma de grafo da rede elétrica, necessária para a busca.

3
Uma estrutura de dados adicional foi desenvolvida para implementar o processo de busca em largura.
Esta estrutura, mostrada na Figura 1, consiste em dois vetores. O primeiro vetor, chamado LISTA ,
armazena as barras da área retida e é montado por vizinhanças a partir das barras de fronteira internas
até conter todas as barras da área retida (num total de NBRET barras). O segundo vetor, chamado
PVET , aponta para a última barra inserida em LISTA após o final de cada uma das NEXP expansões
executadas durante o processo.

LISTA PVET

NEXP

NBRET

Figura 1 – Estrutura de Dados usada para executar o algoritmo de busca em largura

Usando a estrutura acima, foi desenvolvido um algoritmo, apresentado na Figura 2, para obter o
conjunto de barras retidas a partir do conjunto fornecido de interligações. Cada interligação é
composta de um par de barras de fronteira, uma interna e outra externa.

4
Inicia LISTA com as barras de fronteira internas relativas às interligações fornecidas
NBRET ← número de barras de fronteira internas
NEXP ← 1 ; contador do número de expansões na busca em largura
PVET[NEXP] ← NBRET
Enquanto ainda houver sido incluída alguma barra em LISTA na expansão anterior
Percorre as barras incluídas em LISTA na última expansão ( variável IBA )
Percorre os circuitos ligados à barra IBA
Se NEXP=1 e o circuito for de interligação passa para próximo circuito
Se a barra vizinha a IBA é uma barra de fronteira externa
BEXT ← barra vizinha
Resgata caminho mínimo em relação à área retida (próximo
algoritmo)
Fim
Se a barra vizinha ainda não está na lista
Introduz a barra vizinha em LISTA
NBRET ← NBRET+1
NEXP ← NEXP+1
PVET[NEXP] ← NBRET
Fim

Figura 2 – Algoritmo para obtenção da área retida a partir das interligações

5. Obtenção do Caminho Mínimo Entre Área Interna e Externa


Uma vez que o processo de busca em largura detecta que existe algum caminho de ligação entre a
região retida e a região externa, ou seja, falta a definição de alguma interligação na lista de
interligações fornecida, é executado um algoritmo para resgatar um caminho de cardinalidade mínima
(menor número de vizinhanças) ligando a primeira barra de fronteira externa alcançada pelo processo
de expansão da busca em largura com a mais próxima barra de fronteira interna.
O fornecimento desta informação para o usuário é de grande utilidade prática, pois permite que se
encontre de forma rápida qual a interligação que está faltando ser fornecida para o cálculo do
equivalente. O algoritmo apresentado na Figura 3, chamado pelo algoritmo de busca em largura
apresentado no item anterior, serve para obter no vetor CAMIN o caminho de cardinalidade mínima
ligando a barra de fronteira externa BEXT à barra de fronteira interna mais próxima. Este caminho
consiste em uma lista de NEXP+1 barras, começando pela barra de fronteira interna mais próxima e
terminando na barra BEXT (primeira barra de fronteira externa alcançada pelo processo de expansão
da busca em largura).
O fato do caminho ser obtido a partir da consulta em ordem inversa das sucessivas vizinhanças
geradas pelo processo de busca em largura, garante que ele tenha cardinalidade mínima (menor
número de vizinhanças) e, por isso, foi denominado de caminho mínimo.

5
CAMIN[NEXP+1] ← BEXT
Percorre os conjuntos de barras inseridas em LISTA em cada uma das NEXP expansões, em ordem inversa
(variável IEXP)
Percorre o conjunto de barras inseridas em LISTA na expansão IEXP (variável IBA)
Se IBA é a primeira barra encontrada que é vizinha de BEXT
CAMIN[IEXP] ← IBA
BEXT ← IBA
Fim

Figura 3 – Algoritmo para obtenção do caminho mínimo entre uma barra de fronteira externa e a
interna mais próxima

6. Casos Exemplos
Para ilustrar o uso da abordagem proposta foi utilizada uma configuração de curto-circuito do SIN
(Sistema Interligado Nacional) referente ao curto máximo de setembro de 2011 (arquivo
BR1109B.ANA disponibilizado pelo ONS).
Quando é calculado um equivalente de curto-circuito para fins de simulações de transitórios
eletromagnéticos, a área retida é função do(s) equipamento(s) que se deseja analisar, consistindo
tipicamente deste(s) equipamento(s) mais uma região vizinha que compreende os equipamentos cuja
representação detalhada seja importante para a correta simulação do(s) equipamento(s) desejado(s).
A extensão da região vizinha depende de cada caso, podendo abranger uma quantidade de barras
grande o suficiente para justificar o uso da especificação da área retida via lista das suas interligações
com o sistema externo.
Para fins didáticos foi escolhida, como exemplo do uso da especificação da região retida via lista das
suas interligações com o sistema externo, a retenção de todas as barras da região Sul do País. Apesar
de ser praticamente inviável o fornecimento individual de todas as barras da região Sul, optou-se por
este exemplo por se tratar de um caso em que o número de interligações é flagrantemente menor que o
número de barras a serem retidas.
A região Sul apresenta 4 grandes pontos de interligação com o restante do SIN, todas elas com a
região Sudeste, a saber: trafos de Ivaiporã, LTs Ibiúna-Bateias, LT Londrina-Assis e várias
interligações em 230kV ou menos. Estas interligações envolvem 14 circuitos conectando 13 pares de
barras. A Figura 4 mostra de forma esquemática os 4 grandes pontos de interligação entre as regiões
Sul e Sudeste, que correspondem aos intercâmbios RSUL e FSUL indicados na Figura.
A definição explícita de todas as barras componentes da região Sul exigiria o fornecimento de uma
lista contendo um total de 2780 barras. Neste caso, a especificação via interligações é muito mais
conveniente, pois exige o fornecimento de uma lista de interligações bem menor que a lista de barras,
além de eliminar a possibilidade de esquecimento de alguma barra. A lista completa dos circuitos de
interligação é mostrada a seguir (com os números das barras terminais apresentados ao final entre
parênteses):
• LT Londrina525 – Assis525 (ramo 6167-2316)
• LTs Bateias525 – Ibiúna500 (ramos 31616-2332 e 31616-2333)
• Trafos Ivaiporã525-765 (ramos 59-158 ; 60-159 e 2327-2326)
• LT Guaíra230 – Dourados230 (ramo 31682-6434)
• LTs Londrina230 – Assis230 (ramos 31690-18410 e 6163-6133)
• LT Figueira230 – Chavante230 (ramo 31652-18460)
• LT Jaguari230 – Itararé(2)230 (ramo 31689-18678)
• LT Loanda138 – Rosana138 (ramo 30669-30668)
• LTs Andira88 – S.Grande88 (2 ramos 30617-18560)

6
CC
o
El

Figura 4 – Interligações Sul-Sudeste

A seguir simulou-se um exemplo no qual propositalmente foi omitido o fornecimento de uma das
interligações. Escolheu-se a interligação Andira-S.Grande em 88kV (circuito duplo). O programa
detecta a situação de erro pois consegue encontrar um caminho ligando uma barra de fronteira interna
(Londrina230 da região Sul) a uma externa (Chavante230 do Sudeste). Neste caso o programa
interrompe o processo de cálculo do equivalente e informa o caminho obtido (de cardinalidade mínima
em termos de número de vizinhanças) através do fornecimento de uma lista de barras, conforme
mostrado na Figura 5. A partir da análise do caminho mínimo, é fácil encontrar qual interligação
faltou ser informada ao programa, neste caso a interligação em 88kV (assinalada em amarelo na
Figura). Para facilitar a clareza, foram excluídas do caminho mostrado 3 barras internas de
transformador.

X------------------X
BARRA DO CAMINHO
NUM. NOME
X-----X------------X
6163 LON-ES 230
31685 IBIPORA 230
31686 IBIPORA 138
30644 CPROCOPI138A
30616 ANDIRA 138
30617 ANDIRA 88
18560 S.GRANDE 88
18470 CHAVANTE 88
18460 CHAVANTE230
X-----X------------X

Figura 5 – Caminho mínimo ligando uma barra de fronteira interna (Sul) a uma externa (Sudeste)

A seguir é mostrado como se pode usar o algoritmo proposto para desempenhar uma funcionalidade
adicional, que é a de obter um caminho mínimo entre duas barras quaisquer que não sejam vizinhas.
Para tal basta utilizar o cálculo de equivalente fornecendo como única interligação o par de barras
desejado. O programa vai identificar um caminho mínimo ligando o par de barras, interromper o
processo de cálculo do equivalente e informar o caminho obtido.

7
Como exemplo, foram escolhidas as barras FURNAS-345kV e VOLTA REDONDA-138kV. Pode-
se ver na Figura 6 que o caminho mínimo (em termos de número de vizinhanças) entre estas barras
passa pelo 500kV de Poços de Caldas, Itajubá e Cachoeira Paulista. Para facilitar a clareza, foram
excluídas do caminho mostrado 2 barras internas de transformador e 1 barra auxiliar.

X------------------X
BARRA DO CAMINHO
NUM. NOME
X-----X------------X
2 FURNAS 345
12 P.CALDAS345
14 P.CALDAS500
15076 ITAJUBA3-500
66 C.PAULI.500
199 C.PAULI.138
904 VREDONDA138
X-----X------------X

Figura 6 – Caminho mínimo ligando as barras Furnas-345kV e Volta Redonda-138kV

7. Conclusões
O trabalho apresenta um método para fornecer a região retida para programas que efetuem a função de
cálculo de equivalentes através do fornecimento apenas das barras de fronteira dos circuitos de
interligação entre a região retida e a região externa.
A sua implementação em um programa comercial para cálculo de curtos-circuitos foi descrita em
detalhes através da apresentação dos algoritmos e estruturas de dados utilizadas.
As principais vantagens do método em relação ao fornecimento explícito de todas as barras da região
retida são descritas a seguir:
• facilita a especificação da área retida além de evitar a omissão acidental de barras da região
retida;
• crítica automática em caso de esquecimento de alguma interligação, gerando um relatório com
as barras que compõem um caminho que contém a interligação faltante;
• inclusão automática dos circuitos de interligação paralelos;
• inclusão opcional dos próprios circuitos de interligação na região retida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] A.Monticelli, S.Deckmann, A.Garcia e B.Stott, “Real-Time External Equivalents for Static
Security Analysis”, IEEE Trans. PAS, vol. PAS-98, no. 2, 1979, pp. 498-508.
[2] A.Monticelli e F.Sato, “Cálculos de Equivalentes Externos para Análise de Curto-Circuito”, VII
SNPTEE – Grupo IV GSP – artigo 51, Brasília, 1984.
[3] S.P.Roméro e P.A.Machado, “ANAFAS - Programa de Análise de Faltas Simultâneas”,
IV STPC, Fortaleza, Maio de 1993.
[4] E.Horowitz, S.Sahni e S.Rajasekaran, Computer Algorithms, Silicon Press, 2nd ed., 2007.

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