Registro: 2021.0000354403
ACÓRDÃO
VOTO Nº 53967
AGRAVO Nº 2068803-69.2021.8.26.0000 São Paulo
AGRAVANTES Electronic Arts Nederland B.V. e Electronic Arts
Limited
AGRAVADO Marcos Aurelio Galeano
JUÍZA Adriana Genin Fiore Basso
Argumentam que “Se o direito nasce com a ofensa, na forma do art. 189 do CC9
(teoria da actio nata), então a pretensão indenizatória, que é o objeto da demanda,
teve como marco inicial o lançamento/publicação da edição tida por ilícita.” (fls. 16).
Ressaltam que inexistiriam elementos nos autos a confirmar que os jogos ainda
estariam disponíveis para venda. Requerem, assim, a concessão de efeito suspensivo
e o final provimento do recurso para que seja reconhecida a prescrição. Foi
indeferido o pedido de concessão de efeito suspensivo ao recurso (fls. 471/472).
Contraminuta a fls. 475/484. Não houve tempestiva oposição ao julgamento virtual.
É o relatório.
De início, anota-se que a decisão combatida não padece de nulidade
alguma, mostrando-se suficientemente fundamentada, totalmente clara e
compreensível, tanto que as agravantes não tiveram maior dificuldade para criticá-la,
apresentando as razões de seu inconformismo. Em verdade, “o que a Constituição
exige, no inc. IX do art. 93, é que o juiz ou o tribunal dê as razões de seu
convencimento. A Constituição não exige que a decisão seja extensamente
fundamentada, mesmo porque a decisão com motivação sucinta é decisão motivada
(RTJ 73/220)” (Agravo Regimental no Recurso Extraordinário nº 327.143 PE, 2ª
Turma do Supremo Tribunal Federal, v. un., Rel. Min. Carlos Velloso, em 25/6/02,
DJ de 23/8/02, pág. 112).
O recurso não comporta provimento.
Busca o autor, jogador de futebol profissional, a condenação das rés
no pagamento de indenização por danos morais em razão de utilização indevida de
sua imagem e de seu nome nos jogos eletrônicos fabricados e comercializados pelas
rés, denominados “FIFA SOCCER” - edições de 2001 e 2003 - e “FIFA
MANAGER” - edições de 2006 e 2008.
Ao contrário do alegado pelas rés, não restou verificada a prescrição
da pretensão indenizatória do autor, prevista no art. 206, §3º, V, do Código Civil.
Não se duvida da ocorrência de violação continuada da imagem e do
nome do autor, sendo descabido considerar como termo inicial de fluência do prazo
prescricional o lançamento de cada uma das edições dos jogos acima mencionados, já
que os jogos eletrônicos continuam em circulação, ainda que as rés não mais os
comercializem.