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A SOCIEDADE EGÍPCIA

A Sociedade Egípcia
O antigo Egito era composto por classes de pessoas que iam
desde o soberano Faraó até escravos capturados em guerra. Vivia-se em
uma Monarquia Teocrática. Se comparada com a maioria das culturas da
época, a sociedade egípcia era mais liberal. Um homem que nascia em uma
camada inferior, apesar de raro, poderia alcançar grandes postos em sua
vida.
“[…]Os relevos e as pinturas das tumbas proporcionam grande
riqueza de materiais; embora apenas os membros da classe alta da
sociedade fossem enterrados em tumbas amplas e decoradas, as cenas
subsidiárias não deixam de proporcionar vislumbres da vida do povo simples.
Vislumbres que são completados com modelos e objetos funerários de uso
cotidiano, que freqüentemente fazem parte do equipamento fúnebre;
achados como esses são menos frequentes nas escavações de povoados.
Os textos literários e administrativos de papiros e óstracos são de um valor
inestimável, pois proporcionam detalhes que não poderiam ser obtidos de
outras fontes.” (BAINES; MALIK, 2008, p. 190)

Vida cotidiana – Tumba do Escriba Menna (TT69) da 18ª


Dinastia – Acervo Pessoal.
A Pirâmide social visa ilustrar as camadas da sociedade
egípcia da base até o topo. Abaixo segue uma classificação que resume a
maioria das publicações existentes.
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A Pirâmide Social
FARAÓS:
O Faraó tinha poder absoluto e era considerado um deus vivo
na Terra. Ele era dono de todo o Egito, chefe da administração, dos cultos
religiosos e também comandava o exército. Tinha como principais
funções/responsabilidades manter a ordem e a justiça na sociedade. Caso
não cumprisse com suas obrigações, teria como punição a morte
(desaparecimento) eterna.
NOBREZA:
Nessa classe enquadravam-se os Viziers (pessoas ligadas
diretamente ao Faraó), os Sacerdotes, os oficiais do exército e as suas
famílias. Nessa classe a Rainha era escolhida e, apesar de o Faraó ter
muitas esposas, apenas ela tinha o poder real. O casamento era feito entre
parentes, a fim de manter o sangue “azul” da Dinastia.
ESCRIBAS:
Considerada uma classe muito importante, os Escribas eram os
únicos que poderiam seguir carreira como administradores ou ingressar no
serviço público. A escrita servia para o registro de tudo que acontecia no
cotidiano egípcio e devido a ela é que conhecemos um pouco da história dos
habitantes das margens do Nilo.
OS SOLDADOS:
Essa classe era pequena e sua principal função era garantir a
segurança do território, fazendo quando preciso escolta nas expedições aos
países vizinhos. Posteriormente, devido às invasões e à necessidade de uma
defesa mais sólida, o exército e a tecnologia em combate foram aumentando.
OS ARTESÃOS:
Essa classe era formada por pessoas com habilidades em
todos os tipos de artesanato. Alguns trabalhavam em aldeias e produziam
artefatos para o comércio local. Já os mais habilidosos eram convocados a
trabalhar para o Faraó ou para a classe da nobreza.
OS CAMPONESES:
Essa classe era formada pela maior parte dos antigos egípcios.
Eram pessoas que trabalhavam nas lavouras a fim de gerar todo o sustento
necessário. Ficavam com uma parte do que era cultivado, mas a grande
maioria arrecadada permanecia com os donos das terras (Nobres ou Faraó).
OS ESCRAVOS:
Estudiosos divergem quanto à existência dessa classe no
antigo Egito. Mas o que se tem de mais concreto é que os escravos eram
pessoas capturadas em guerra e serviam como mão de obra. Eram uma
minoria, já que em toda a história egípcia poucas foram as guerras, em
comparação a outras civilizações.
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Gráfico da Pirâmide Social Egípcia


A prática de cobrar uma grande fatia dos camponeses (que
eram a maioria da civilização) era algo comum. O Vizir era a pessoa
responsável por controlar os impostos, sendo dos Escribas a função de
calcular a produção e as taxas e comunicar ao Vizir os números obtidos,
para que este mantivesse diariamente o Faraó informado.
Os principais produtos taxados eram o gado e os grãos em
geral. Por estarem à mostra dos funcionários do Estado, tornava-se fácil
controlar tais produtos, o que não ocorria em áreas sem tanta visibilidade. Os
estrangeiros que eram derrotados em batalhas também pagavam taxas. O
imposto servia para enriquecer ainda mais o tesouro real e permitir ao
Monarca ter recursos suficientes para criar monumentos e aumentar ou
construir novos Templos em homenagem aos deuses.
…..
A Lei egípcia também era algo bem marcante na sociedade. No
antigo Egito, Maat era a Deusa da verdade, da ordem e da justiça. O sistema
de leis era feito para todos e se mostrava muito justo. Apenas os escravos
não eram bem-vindos nos tribunais. Ricos, pobres e mulheres tinham direitos
iguais perante os juízes. Suborno era uma prática comum na época, mas
totalmente condenada pelo tribunal.
“Se um egípcio não pode provar seu argumento no tribunal,
poderá apelar para um Deus local, quando sua estátua estiver desfilando
pela cidade (em anos anteriores ela ficava no tribunal). Você poderia gritar
seu problema para ele “Senhor, quem roubou meu boi?” ou “Quem mudou as
pedras demarcatórias?”, por exemplo. A estátua poderá inclinar a cabeça em
frente a porta do ladrão.” (MORLEY; DAVID, 1999, p. 33)
O Faraó também tinha a responsabilidade de ser um bom
governante, sob pena de não ganhar a vida eterna. Nem ele era poupado da
justiça (nesse caso uma justiça divina) perante a sociedade. Entenda o
processo pelo qual o Faraó passava após a sua morte no tribunal de Osíris.
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CERVEJA NO ANTIGO EGITO

Mercenário Sírio tomando cerveja ao lado de sua esposa egípcia e seu filho – Pintura datada da 18ª dinastia.

A cerveja era parte da dieta cotidiana dos faraós egípcios há


mais de 5.000 anos. Ela era apreciada por adultos e crianças. O uso da
cerveja na sociedade egípcia não tinha apenas a finalidade usual. Muitas
vezes, era prescrita para tratar várias doenças. A cerveja era considerada o
presente mais adequado para se dar aos faraós e uma excelente oferenda
aos deuses.
A importância da fabricação da cerveja era tal que os escribas
tinham hieróglifos específicos para se referir a cervejeiro e cerveja. Através
da escrita desses hieróglifos, os arqueólogos conseguiram traçar as raízes
da cerveja no antigo Egito. Havia também muitas representações nas
paredes das tumbas e, por isso, sabemos que a cerveja era importante tanto
para os vivos, quanto para os mortos no pós vida.

Hieróglifos
Egípcios / Transliteração e Tradução
Cada templo possuía uma cervejaria e uma padaria que
produziam muitas quantidades de cerveja e pão ofertados aos deuses. A
cerveja era armazenada em jarros e segundo os estudos mais recentes,
seria parecida com a cerveja produzida no Sudão. Os “canudos” foram
usados nessa época para evitar que os resíduos da cerveja ficassem na
boca por serem amargos. Veja abaixo uma pintura que mostra bem a
utilização de canudos.
Escavações próximas à Grande Pirâmide no complexo de Gizé
revelaram que padarias e cervejarias foram instaladas ali, porque tanto o pão
quanto a cerveja foram necessários para os trabalhadores que construíram
as pirâmides, servindo também como forma de pagamento. O processo de
fabricação de cerveja era algo simples; deixava o grão da cevada ao sol até
que germinasse, então ele era esmagado e virava o malte, que por sua vez
era misturado com farinha de pão. Na próxima etapa, água era adicionada a
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essa mistura que, logo em seguida, era colocada no fogo até que estivesse
no ponto para ser filtrada e armazenada.
Provérbio Egípcio datado de 2200 a.C no templo dedicado a
deusa Hathor em Dendera:
A boca de um homem perfeitamente contente está repleta de cerveja.

O Incenso no Antigo Egito

No antigo Egito, houve um amplo conhecimento das


fragrâncias exóticas e da mistura de gomas e resinas aromáticas. Os
egípcios usavam essas substâncias não só para fazer perfumes e
cosméticos, mas também como uma parte importante de cerimônias
religiosas.
Há muitos registros autênticos do uso do incenso em diversos
períodos do antigo Egito. A queima de incenso estava muito ligada à
adoração dos deuses, e grandes quantidades de incenso eram queimadas
todos os dias nos templos em todo o território egípcio.
Na parte da manhã, queimava-se Olíbano (conhecido também
como franquincenso, uma resina aromática); ao meio-dia, Mirra; e Kyphi
(Kapet) à noite. Além disso, certos deuses foram associados a tipos
específicos de incenso (por exemplo, Hathor foi fortemente associada com a
Mirra), e outros tipos eram usados para cerimônias específicas.

Thutmosis III na frente de Amon-Rá queimando incenso em um


santuário dedicado a Hathor – Deir el-Bahari.
O incenso mais popular era o Kapet (transliterado: kp.t),
conhecido pelo nome grego Kyphi. Utilizado desde o Império Antigo, seu
aroma agradável foi desenvolvido para curar picadas de cobras, mau hálito e
asma. Uma receita para esse incenso foi registrada no Papiro de Ebers. A
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primeira referência a ele é encontrada nos textos das pirâmides: é listado


entre os bens que o rei desfrutaria na vida após a morte. As instruções para
a sua preparação e a lista de ingredientes são encontradas entre as
inscrições nas paredes dos templos de Edfu e Dendera, no alto Egito. O
sacerdote egípcio Manetho também escreveu um tratado sobre a Preparação
das Receitas de Kyphi, mas nenhuma cópia desse trabalho sobreviveu.
A melhor classificação do Kyphi ainda é como um tipo de
incenso, em vez de uma receita específica, já que os ingredientes listados
em fontes antigas tanto egípcias quanto, posteriormente, gregas e sírias são
variados, com apenas alguns ingredientes comuns entre elas. No entanto,
muitos desses ingredientes continuam obscuros, contendo diversas
especiarias que permanecem até hoje sem identificação. Os ingredientes
mais comuns eram vinho, mel, uvas-passas, mirra, canela e incenso (árvore).

Receitas de Incenso – Templo de Edfu – Acervo pessoal.


Uma passagem bem conhecida é a da expedição da rainha
Hatshepsut, regente e Faraó na 18º Dinastia, que adorava mirra e incenso,
enviada a Punt para que lhe trouxessem tais árvores. Nos baixos-relevos do
templo de Deir el-Bahari ficou representada a expedição à região que era
conhecida pelas suas riquezas, como a mirra, o incenso (árvore), o ébano, o
marfim e os animais exóticos. A expedição parece ter sido pacífica, tendo os
egípcios trocado os bens que desejavam. Nas paredes, ainda é possível ver
as cenas que mostram cinco barcos indo para Punt, seguindo a rota do Mar
Vermelho. Há passagens que mostram árvores de incenso e mirra, que
teriam sido plantadas no recinto do templo de Hatshepsut em Deir el-Bahari.

Este relevo mostra árvores de incenso e mirra obtidas pela


expedição de Hatshepsut a Punt.
Segundo REMLER (2010, p.93):
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Durante o processo de mumificação, uma vez que os órgãos


internos haviam sido removidos, incenso e mirra eram colocados no interior
do corpo para ajudar a desidratação e para dar um odor agradável. Antes de
a múmia ser envolta em bandagens de linho, o corpo era ungido com óleo e
perfumado com incenso e mirra.
Abaixo seguem fotos de uma árvore de determinada espécie
de Mirra que plantei aqui em casa. Na primeira foto a árvore já tem
aproximadamente 2 metros e meio e são suas folhas que, depois de secas
pelo sol, produzem um odor agradável e indescritível. Na segunda foto, as
folhas já estão secas e prontas para serem queimadas. Às vezes as misturo
com algum outro tipo de especiaria, como canela ou cravo.

Árvore de Mirra – Aprox. 2 metros e meio – Acervo pessoal.

Folhas de Mirra secas, pronta para serem usadas – Acervo


pessoal.

Lazer dos Egípcios – Jogos

Os antigos egípcios em suas horas vagas tinham várias


maneiras de se divertir. No entanto, as atividades eram separadas pela
classe social e pela faixa etária. O rio Nilo era um verdadeiro parque para os
egípcios, mas também escondia muitos perigos, como animais selvagens.
O deserto não ficava de fora, sendo a caça sobre as areias
algo de muito prazer.
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Segundo MILLARD (1975, p. 26, 27):


As pessoas têm tendência a pensar que os egípcios eram
tristes e solenes por passarem tanto tempo preparando-se para a morte. Isso
não é verdade. Tinham, é claro, o seu lado sério, mas amavam tanto a vida
que desejavam que a do outro mundo fosse parecida com esta. Os jovens
nobres, cheios de energia, preferiam sair para as caçadas ou ir ao rio
pescar, apanhar aves ou caçar hipopótamos e crocodilos. A luta e a natação
eram esportes populares. Existia um outro esporte que se assemelhava à
esgrima, embora os homens usassem varas. Os barqueiros costumavam
formar equipes e fazer competições no rio. Iam armados com paus a fim de
atirarem os seus adversários à água.
Algumas atividades um pouco menos arriscadas eram
praticadas pelos egípcios, como banhos de piscina – sem correr o risco de
encontrar animais selvagens –, passeios de barco pelo Nilo ou até mesmo
pesca em família. O deserto também proporcionava aos nobres muita
diversão quando o assunto era a caça. Os animais geralmente caçados no
deserto eram raposas, hienas, lebres e gazelas.
“A caça dos animais do deserto representou uma contribuição
modesta à economia egípcia, e logo se transformou em um esporte de ricos
[…] A pesca com arpão e vara era realizada normalmente em pequenas
balsas de papiro, o que era considerado uma agradável diversão. A caça do
hipopótamo era, provavelmente mais que um esporte e sim um trabalho
necessário.” (BAINES; MALIK, 2008, p.193)

Arpão com Peixe, Pintura na


tumba de Ankhtifi
Muitos brinquedos infantis foram
encontrados nas areias do Egito. Eles eram muito parecidos com os atuais.
As pinturas nas paredes das tumbas também mostram danças, disputas em
jogos caseiros e competições com tabuleiros. As bonecas e as bolas foram
muito populares entre os brinquedos. Além disso, as crianças ficavam
fascinadas com as procissões religiosas, que proporcionavam grandes
espetáculos por onde passavam.

O JOGO SENET
Uma matéria publicada na revista Super Interessante Edição
032, maio/1990, explica sobre o Senet e suas características:
Um jogo muito praticado no Antigo Egito, como atestam as
inúmeras cenas representadas em paredes e papiros. Infelizmente, dentre
os tabuleiros e componentes que chegaram até nós, vários estão
fragmentados. Contudo, em 1922, na Tumba de Tutankhamon, o arqueólogo
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– Howard Carter descobriu um riquíssimo tabuleiro em forma de mesa,


trabalhada em ébano e marfim, com pernas esculpidas em forma de patas
de leão. Dentro de uma pequena gaveta, havia peças de ouro maciço. Para
os egípcios, o Senet tinha um significado religioso, embora fosse praticado
como simples divertimento. Ele representava a viagem do BA (a “alma”)
pelas terras do outro mundo e sua luta contra as forças do Mal e os inimigos
de Osíris, o deus dos mortos. O êxito no jogo correspondia ao sucesso do
BA em sua difícil trajetória rumo à vida eterna. O Senet é praticado sobre um
tabuleiro de 3 x 10 casas, com sete peças para cada jogador e o auxílio de
quatro dados especiais – chamados “egípcios” – que têm o aspecto de um
meio cilindro. Os dados egípcios podem cair com a face plana ou curva para
cima, o que gera os possíveis resultados. Como se pode prever, no caso de
um jogo muito antigo, cujas regras foram penosamente reconstituídas a
partir de fragmentos, há controvérsias sobre o modo exato como os egípcios
o praticavam. A regra fornecida é a versão que foi proposta em 1978 por
Timothy KendalI, então curador assistente do Departamento de Arte Egípcia
do Museum of Fine Arts, de Boston.

Nefertari esposa de Ramsés II jogando SENET, Gravura


pintada em sua Tumba.
Para jogá-lo, você não terá necessariamente que comprar uma
versão do jogo. Pode-se montar um Senet de papel e ter a mesma sensação
que os antigos egípcios tinham.

Uma reprodução atual do SENET


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O exército egípcio era visto pela maioria dos jovens como um


meio de crescimento de vida. Porém, o alistamento no exército era
obrigatório apenas em períodos de guerra ou em convocação do Faraó.
O exército também dispunha de uma grande variedade de
armas. Entretanto, em tempos remotos, nunca foi algo grandioso.
Segundo MILLARD (1975, p. 32, 33):
“Os soldados egípcios usavam arcos e flechas, maça,
machados, espadas, punhais, cimitarras curvas, além de longas lanças e
escudos. A princípio, o exército egípcio era pequeno. A sua função era
manter afastados os bandos de nômades e proteger as expedições mineiras
e comerciais. Mais tarde, o exército aumentou, porque os egípcios
conquistaram a Núbia para conseguir um comércio mais vasto.

Escultura de madeira da tumba de Mesehti – 11ª Dinastia –


Museu do Cairo.
Quando o Egito foi invadido pelos hicsos, um povo asiático que
instalou a desordem, o exército não imaginava que evoluiria com tal invasão.
Depois das tentativas de seu avô, de seu pai e de seu irmão, Ahmosi
conseguiu finalmente expulsar os hicsos. Ahmosi iniciou a chamada Era de
Ouro do Egito, conhecida como o Novo Império. Ele unificou novamente o
Egito e foi sem dúvida um grande guerreiro e estrategista.
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Alívio dos soldados voltando para a casa e conversando entre


si. Pintado em Deir el-Bahri – Luxor
Sem dúvida a batalha mais famosa de todo o antigo Egito foi a
Batalha de Kadesh, liderada por Ramsés II. Essa batalha chegou até nós por
uma representação que é considerada um pouco exagerada. Isso porque em
tal representação podemos ver o faraó sozinho enfrentando e vencendo
milhares de inimigos.

Ramsés II na batalha de Kadesh – Templo de Abu Simbel


“A batalha mais antiga da história da humanidade, cujo
desenrolar pode ser reconstituído em detalhes, foi a que ocorreu perto da
cidade de Kadesh, às margens do Orontes, em 1285 a.C. Os comandantes
eram Ramsés II e o rei Hitita Muwatallis; e o que estava em jogo era o
domínio da Síria. No final, ambos os exércitos sofreram baixas graves, mas
nenhum deles foi aniquilado. Ramsés II obteve uma vitória moral; mas a
batalha ficou indefinida.” (BAINES; MALIK, 20
Agricultura Egípcia

A agricultura constituía a principal economia do Antigo Egito.


As colheitas mais importantes eram de trigo e cevada. Contava com
ferramentas e utensílios de grande importância como pás, foices, enxadas e
aradores. O gado era marcado com ferro quente.
Utilizava-se também um shaduf, que é uma estrutura de
madeira com um recipiente na ponta e um contrapeso na outra que ajudava
a levar a água dos canais para os campos.
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Cena de um jardineiro usando um Shaduf – Tumba de Ipuy em


Deir-el-Medina, margem ocidental de Tebas.
Entenda Processo:
Todos os anos acontecia a inundação. O Nilo depositava uma
camada de lodo nas terras, tornando-as férteis. Na estação do plantio,
segundo BAINES; MALIK (2008, p.191) “Preparava-se a terra para a
sementeira arando-a, o que era geralmente feito com bois, ou cavando-as
com enxada. As sementes eram então espalhadas e utilizava-se o gado
bovino, ovino ou caprino para as enterrar.”

Lavoura – Pintura na tumba de Sennedjem.


BAINES; MALIK (2008, p.191) continua:
Depois de cortadas, as espigas de cereal eram colocadas em
cestos e levadas por homens ou por burros até à eira. A Malha era feita por
meio de bois, ovelhas ou cabras, que faziam passar por cima das espigas,
pisando-as até sair o grão.

Agricultores – Pintura feita na Tumba de Nakht.


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Armazenamento:
Os proprietários de terra construíam celeiros para armazenar
tudo que era colhido. Os celeiros basicamente eram constituídos de uma
edificação de dois andares, onde uma escada dava acesso à parte superior,
que continham entradas onde o cereal era despejado. Na parte inferior esse
cereal era retirado por portas corrediças verticais. Os celeiros em sua grande
maioria eram construídos lado a lado, mas também podiam estar nos fundos
das residências.

Trabalho na Eira – Pintura na Câmara de Menna.


“As cenas da vida pastoril mostram a cobrição das vacas, o
nascimento dos bezerros, a amamentação e a ordenha; há lutas de touros e
cabras pastam entre as árvores e arbustos. Os donos dos estábulos
inspecionam o gado bovino, cabras, asnos, ovelhas e as aves de cercado,
inspeções nas quais recebem relatórios ao mesmo tempo em que contam as
cabeças.” (BAINES; MALIK, 2008, p. 192)
Os Artesãos Egípcios

Os artesãos eram pessoas que não trabalhavam nas lavouras


ou em outras atividades. Eles, juntamente com os escribas, conseguiram
deixar o legado que conhecemos hoje. Desde artefatos pequenos até os
maiores, os artesãos foram os responsáveis por toda a beleza decorativa do
antigo Egito. Usavam instrumentos que foram retratados em pinturas e que
resistiram ao tempo, como formão, machado, serra, arco, entre outros.
Formavam uma classe de minoria, e a profissão costumava
passar de pai para filho. O aprendizado era feito ainda na infância, pois
precisavam ter experiência para trabalhar com as ferramentas de pedra,
bronze e cobre e tinham que dominar as regras rígidas da arte. No destaque
da carreira, os mais habilidosos eram selecionados para trabalhar
exclusivamente para o Faraó e para a nobreza. Os que não conseguiam
esse destaque acabavam trabalhando nas cidades e produziam artefatos
para a população local.
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Artesãos – Pintura da tumba de Nebamun.


“Nos relevos e pinturas das tumbas há cenas interessantes
com a fabricação de objetos por obra de artesãos que revelam um
surpreendente conhecimento técnico: ourives que pesa ouro, carpinteiros
dando os últimos retoques nos símbolos Djed de madeira […] As
representações incluem frequentemente outros artesãos, como por exemplo,
escultores (a escultura das estátuas era considerada mais um artesanato do
que arte), carpinteiros, seleiros, ceramistas, escultores de vaso de pedra,
cordoeiros e telheiros.” (BAINES; MALIK, 2008, p.194)

Aldeia de Deir el-Medina atualmente.


O Comércio

O Comércio
No antigo Egito, o comércio era feito entre os egípcios e
também entre outros povos. O comércio exterior era organizado pelo Faraó,
que ficava responsável por comandar as expedições. Geograficamente o
Egito era favorecido e mantinha negócios com algumas ilhas gregas, com a
África e com a Ásia. Utilizava-se como câmbio a troca de mercadorias.
Os principais produtos que os egípcios exportavam eram ouro
(muito requisitado por outros povos), papiro, linho, trigo e artefatos feitos
pelos artesãos.
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Ourives, marceneiros, joalheiros e gravadores trabalhando em


artefatos para o comércio – Tumba de Nebamun e Ipuky: 18ª Dinastia.
Para DAVID (2003, p.300):
Os egípcios consideravam seu próprio país como o centro do
mundo e, embora tivessem comércio e negociações com outras terras para a
obtenção de matérias-primas que eram escassas ou inexistentes no Egito,
aparentemente não tinham grande desejo de explorar ou viajar para o
exterior. Eles preferiam se concentrar no comércio local.

Soldados Egípcios na expedição a terra de Punt, Pintura no


templo Deir el-Bahri.
Uma dessas viagens foi para Punt. A expedição está
representada no templo de Deir el-Bahari. Hatshepsut era amante das
especiárias oriundas dessa terra e enviou para lá uma expedição. O objetivo
era trazer árvores de incenso e mirra para que fossem plantadas em solo
egípcio. Punt era conhecida por suas variadas riquezas. Animais exóticos,
ébano, marfim, incenso e mirra eram abundantes e despertavam o interesse
dos egípcios.

Este relevo mostra árvores de incenso e mirra obtidas pela


expedição de Hatshepsut à Punt.
As três principais áreas de comércio e atividade comercial
foram centradas no porto de Byblos na costa da Síria através do qual eles
obtinham madeira de boa qualidade; Núbia, ao sul do Egito, fonte de granito,
pedras semi-preciosas, ouro e vários produtos exóticos; e Punt, a misteriosa
terra ainda não identificada para o qual navegaram ao longo da costa oeste
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do Mar Vermelho, onde conseguiam incenso e mirra para seus templos.


(DAVID, 2003, p.300)
Sem dúvida a ida a lendária Punt pela rainha Hatshepsut foi um
dos pontos altos no comércio egípcio. A expedição foi recebida pelo rei
Perehu, e a rainha, Ety, representada como uma senhora obesa. Depois de
um banquete, os barcos foram carregados com os produtos. A viagem
parece ter sido tranquila e de cunho agradável para ambos os lados.

Pedra de Rosetta

A Pedra de Rosetta é um decreto aprovado por um conselho de


sacerdotes que afirmam o culto real de 13 anos de idade de Ptolomeu V no
primeiro aniversário de sua coroação.
Ela em si é um fragmento de uma estela de granodiorito
(semelhante ao granito) do Antigo Egito, o qual foi de importância ímpar para
a compreensão dos hieróglifos egípcios. Sua inscrição registra um decreto
de 196 a.C., na cidade de Mênfis.

A Pedra da Rosetta – Atualmente no Museu Britânico


“Uma nova era começou quando a Pedra de Rosetta foi
descoberta no Delta do Nilo durante a Expedição de Napoleão Bonaparte ao
Egito. Em 1799, os franceses estavam recolhendo pedras para fortalecer as
muralhas de suas defesas costeiras contra a marinha britânica, quando o
oficial, tenente Pierre François Xavier Bouchard, avistou uma pedra inscrita
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com três painéis horizontais de texto. Percebendo que poderia ser de grande
importância, ele envia a pedra para o instituto que Napoleão tinha fundado
no Cairo.” (DAVID, 2003, p.241)
Encontrada próximo à cidade de El-Rashid (Rosetta), a Pedra
de Rosetta, na derrota de Napoleão para o Reino Unido, tornou-se
propriedade Inglesa nos termos do Tratado de Alexandria (1801), juntamente
com outras antiguidades que os franceses haviam encontrado. A importância
dessa pedra para a Egiptologia é enorme.
Por um bom tempo os hieróglifos ficaram ocultos, já que a sua
compreensão tinha se perdido ao longo das gerações. Thomas Young, físico
Inglês, conseguiu traduzir alguns símbolos na Pedra de Rosetta. Mas foi um
francês, Jean-François Champollion, estudioso e especialista em línguas,
que percebeu que alguns dos hieróglifos eram fonéticos e lançou as bases
de nosso conhecimento da língua e da cultura antiga egípcia.
“Uma grande virada veio em setembro de 1822. Champollion
estava estudando cópias de uma inscrição do templo de Abu Simbel e,
usando os princípios fonéticos já estabelecidos por Young e por ele, foi
capaz de identificar o nome do rei Ramsés II. Com isso, percebeu que os
egípcios não só usavam a fonética para escrever os nomes de governantes
estrangeiros, como Ptolomeu e Berenice, mas também escreviam os nomes
de seus próprios reis da mesma forma. Assim, ele entendeu que muitos
hieróglifos foram, de fato, verdadeiramente fonéticos e não simbólicos,
deixando suas conclusões no famoso Lettre à M. Dacier relative à l’alphabet
des hiéroglyphes phonétiques (1822).”(DAVID, 2003, p.242)
Segundo o que consta no site do Museu Britânico, “A Pedra de
Rosetta é exibida no Museu Britânico desde 1802, sendo hoje o artefato mais
visitado do museu. No final da Primeira Guerra Mundial, em 1917, quando o
museu estava preocupado com o pesado bombardeio em Londres, eles se
mudaram por segurança, levando consigo a Pedra de Rosetta. A pedra
passou dois anos em uma estação de metrô a cinquenta metros do caminho
de ferro abaixo do solo em Holborn”.
Introdução aos Hieróglifos

Como visto no link dos Hieróglifos Egípcios, eles podem ser


escritos em colunas ou em linhas e a sua leitura inicia da esquerda ou da
direita, conforme apontem os sinais.
Eles são sempre lidos de cima para baixo. No exemplo, vemos
que os hieróglifos apontam para a direita, então a leitura nesse caso
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começará da direita para a esquerda. Caso eles apontassem para a


esquerda, a leitura seria igual à nossa, da esquerda para a direita.

A escrita egípcia contém apenas consoantes e semiconsoantes


e não possui espaços entre um hieróglifo e outro. Os escribas agrupavam os
sinais a fim de deixá-los visualmente mais harmoniosos. Não sabemos como
os egípcios falavam, qual era o seu sotaque e como pronunciavam as
palavras, pois como os egípcios não escreviam vogais e o idioma não é mais
falado não temos ideia concreta de como as conversas entre os antigos
egípcios soavam.
Basicamente a escrita é formada por três tipos de sinal:
Fonogramas
São usados para representar os sons e estão divididos em três
subcategorias de sinais:
– Unilíteros (Representam uma consoante);
– Bilíteros (Representam duas consoantes);
– Trilíteros (Representam três consoantes).
Veremos essas três subcategorias mais à frente.
Um exemplo de fonograma bem conhecido é esse:

O sinal da coruja é um unilítero, tem o som de “M” e é usado


para escrever palavras que tenham o som de “M”. Em egípcio a
palavra preto é lida “kem”, e o sinal da coruja nesse caso é usado como um
fonograma (complemento fonético) para escrever a palavra preto.

Ideogramas
São sinais que expressam uma ideia.
O sinal da coruja, por exemplo, é uma maneira de se referir a
uma coruja sem ter que escrever as letras C – O – R – U – J – A. Nesse caso
o sinal representa o que ele é. Então já sabemos que um mesmo sinal
poderá ser um fonograma em uma frase ou um ideograma em outra, e isso
dependerá apenas do contexto em que ele está inserido.
Determinativos
São sinais que determinam a que grupo pertence a palavra,
sempre colocados no fim desta. Os egípcios usavam os determinativos para
2

saber do que a palavra ou a frase se tratava, já que, por não existirem


vogais, muitas palavras eram escritas da mesma maneira.
Veja alguns determinativos:

Transliteração dos Hieróglifos

Como vimos no tema “Introdução aos Hieróglifos“, existem


três tipos de Fonograma: unilíteros, bilíteros e trilíteros. Os mais importantes
são, sem dúvida alguma, os unilíteros, que também são chamados por
alguns autores de “sinais alfabéticos”. Uma dica bem interessante para quem
está aprendendo é sempre ter em mãos a tabela dos unilíteros.
Isso porque a transliteração dos hieróglifos egípcios consiste
em nada mais do que transformar os sinais egípcios em sinais alfabéticos.
Há vários sistemas de transliterações em uso. Cada um possui um conjunto
de caracteres um pouco diferente.
Em 1957 um egiptólogo britânico chamado Alan Gardiner criou
um sistema de classificação que é uma referência nos estudos dos
hieróglifos egípcios. Esse sistema inclui caracteres que não estão no alfabeto
inglês e tem aproximadamente 750 sinais, que são divididos em categorias.
Gardiner associou cada categoria a uma letra do alfabeto (A – B – C – D…) e
cada sinal é diferenciado por um número (A1 – B1 – C1 – D1…). O sistema
desenvolvido por Gardiner tornou-se a base para a maioria dos programas
que trabalham com hieróglifos egípcios.

Já em 1988, com a crescente onda dos computadores, um


grupo de estudiosos se reuniu para publicar a criação de um sistema
universal para codificação dos textos em hieróglifos no computador. O
2

sistema é hoje popularmente conhecido como o Manuel de Codage,


abreviado para MdC. Nesse sistema todos os sinais equivalem a alguma
letra do alfabeto inglês.
Apesar de o sistema permitir uma transliteração simples, ele
também possui um complexo método para a codificação eletrônica, com
características que vão da organização até o tamanho de hieróglifos
individuais. Com ele também se pode criar cartuchos, riscos indicando onde
o hieróglifo está danificado, manipular os sinais (como rotação), escolher
eles pelo código de Gardiner ou pelo seu valor fonético, entre outras
facilidades.

Observe que no sistema de Gardiner há sinais que não temos


no nosso alfabeto, já no Manuel de Codage é usado o chamado caso
sensitivo, que diferencia letras minúsculas e maiúsculas, com um sistema
totalmente habituado para os padrões atuais.
Vamos ver um exemplo simples de transliteração:

No primeiro sinal temos um bilítero. O segundo sinal é um


complemento fonético e não é transliterado, como vimos no link “Introdução
aos Hieróglifos”. Já o terceiro sinal é um unilítero que indica que se trata de
uma palavra feminina. Para os egípcios os nomes de locais e países em sua
grande maioria são considerados palavras femininas. O quarto e último sinal
é o determinativo de cidade ou de local. Kemet é o nome dado ao Antigo
Egito e significa “terra escura” ou “terra negra”. O ponto antes da letra “T” é
usado por alguns estudiosos na transliteração para separar o gênero e o
número da palavra.
Há alguns estudiosos que não gostam de transliterar os
hieróglifos, alegando que isso não é necessário para entender o contexto da
ação. No meu ponto de vista, sem a transliteração fica quase impossível
2

saber visualmente do que trata determinado texto, já que só com a


transliteração será possível consultar dicionários de hieróglifos disponíveis
atualmente.
As Mulheres Egípcias

A mulher na sociedade egípcia exerceu um papel muito


importante e tinha praticamente os mesmos direitos dos homens, o que não
ocorria em outras civilizações da mesma época. Elas chegaram a postos que
só foram alcançados pelas mulheres novamente na sociedade atual.
Havia muitos postos de trabalho e de destaque para as
mulheres egípcias. Hatshepsut assumiu um deles e é considerada a mulher
mais popular a governar o Egito com o título de Faraó.

Três musicistas no banquete – Pintura na tumba de Nakht.


No antigo Egito a esposa é quem cuida de todos ao seu redor,
incluindo seus filhos e os seus servos. Havia vários trabalhos disponíveis
para a mulher, especialmente se ela fosse de uma família rica. Existem
inúmeros registros de mulheres fazendo serviços domésticos, como
tecelagem e preparação de cerveja e pão. As mulheres, na ausência de seus
maridos, eram as chefas e tomavam conta também das tarefas deles. Elas
tinham os mesmos direitos dos homens em tribunais e estavam sujeitas às
mesmas condenações aplicadas a eles.
“Nas primeiras tumbas, as mulheres não participam das obras
mais importantes, bem como das diversões mais prazerosas; porém
tampouco aparecem envolvidas nos trabalhos mais árduos. Os homens por
exemplo, fazem o vinho, que requer maior esforço físico que a preparação
da cerveja. Com exceção das cenas de mulheres musicistas e das danças
realizadas por algumas moças muito atléticas, o papel das mulheres nos
primeiros tempos parece muito decoroso, ainda que isso talvez se deva ao
fato de não podermos interpretar as fontes em todo o seu conteúdo.”
(BAINES; MALIK, 2008, p. 204)
2

Mulher em banquete – Pintado na Câmara de Nebseni.


O casamento no antigo Egito era considerado importante para
as mulheres. As garotas egípcias costumavam se casar na faixa dos 12
anos, enquanto os garotos tinham entre 15 e 19. Elas também podiam se
divorciar, caso sofressem algum tipo de maltrato, por exemplo. Nesse caso
recorriam aos seus familiares e pediam ajuda para intervir no casamento. O
divórcio era algo simples e não necessitava de muito tempo para a sua
obtenção. Entre os principais motivos de divórcios estavam os maus-tratos, o
adultério e a infertilidade.
“O mais surpreendente é que temos poucas informações tanto
sobre as cerimônias de casamento quanto sobre os processos judiciais de
divórcio. Ainda assim, o status legal de um casal que vivia junto era diferente
do de um casado. Existe até o testemunho de um homem, que foi acusado
de ter tido relações sexuais com uma mulher que vivia com outro homem,
mas que não era casada com ele, e parece que isso não era considerado
crime. Apesar dessas instituições relativamente livres, o adultério de uma
mulher representava, pelo menos em teoria, um grave crime.” (BAINES;
MALIK, 2008, p. 205)

Mulheres se arrumando com ajuda de servas – Pintura na


tumba de Nakht.
O trono no antigo Egito era por direito do filho mais velho.
Houve alguns momentos da história egípcia em que a rainha, com a morte
do Faraó, precisou atuar como Regente até que o filho mais velho pudesse
governar. Para se tornar um Faraó era preciso ter todos os títulos reais
exigidos. O casamento geralmente era feito entre irmãos, para manter o
sangue real da família. Quando o Faraó se casava com alguma mulher que
não pertencia à família real, esta se tornava uma esposa secundária.
2

“As mulheres não possuíram nenhum título importante, sem


contar alguns relacionados ao sacerdócio, e, fora alguns membros da família
real e as soberanas reinantes, tiveram pouco poder político. Seu título mais
comum era, “senhora da casa”, é um título de respeito que significa apenas
algo mais que “Sra.” “(BAINES; MALIK, 2008, p. 205)
Esfinges Egípcias

As esfinges egípcias são consideradas belas artes


arquitetônicas do Egito faraônico. As mais comuns possuem corpo de leão e
cabeça de humano (geralmente de Faraós). As menores serviam de
decoração para as avenidas que levavam aos templos. Eram consideradas
pelos antigos egípcios como guardiãs de um determinado local. Os tipos de
esfinge existentes são as de corpo de leão e cabeça de carneiro, de falcão
ou de humano (nesse caso, de Faraós). Houve também algumas com
cabeça do deus Seth.
Havia esfinges que serviam como decoração e proteção de
interiores (como ocorre hoje com estatuárias de uma determinada crença).
As esfinges são consideradas do sexo masculino, mas também tiveram as
suas versões femininas, como foi o caso da esfinge da Faraó Hatshepsut. A
esfinge mais famosa é a do complexo de Gizé. O rosto dela é atribuído ao
faraó Quéfren e portanto dataria da quarta dinastia. Algumas teorias tentam
afirmar, no entanto, que a esfinge foi construída muito antes desse período.

Grande Esfinge no complexo de Gizé – Acervo pessoal.


2

Abaixo veja as esfinges com cabeça de carneiro, conhecidas


como criosfinges, representando o deus Amon e que podem ser vistas em
uma avenida em Karnak. Elas formam fileiras de ambos os lados e têm como
principal significado a proteção para a entrada do templo.

Avenida de criosfinges em Karnak – Acervo pessoal.


Casas Egípcias

 
Casa da deusa Ísis (Templo de Philae) - Acervo pessoal.
Os egípcios mais pobres utilizavam madeira e juncos de
papiros para construir suas casas. Apesar de pequenas e sem conforto
algum, elas supriam a necessidade básica do abrigo. Como em toda a
sociedade egípcia, o tamanho e a qualidade do material usado dependiam
da classe social à qual a família pertencia. Isso também incluía os deuses,
que tinham as suas casas (templos) conforme sua popularidade.
No entanto, a principal-matéria prima utilizada para a
construção da maioria das casas e até de palácios era o adobe – tijolo de
barro – seco ao sol. Utilizavam pedras para servir de base nas colunas que
eram basicamente feitas de madeira, assim como os telhados. A entrada do
sol, que iluminava as casas, era propiciada pelas janelas que costumavam
ficar perto do teto.
2

Representação de uma casa simples


“Existem algumas cidades que resistiram ao tempo, no entanto,
foram construídas para uma finalidade específica, brevemente ocupadas, e,
em seguida, abandonadas. Destas: Kahun, Deir el-Medina, aldeia de
Amarna e Amarna (a capital construída para o culto monoteísta do faraó
Akhenaton), foi possível estudar a arquitetura de suas casas.” (DAVID, 2003,
p.228)

Vila de trabalhador de Deir el-Medina


As casas nas cidades eram estreitas e muito próximas umas
das outras. Esse padrão, que é recomendado em lugares com pouco
espaço, pode ser visto no Egito atual, onde famílias constroem casas altas e
inacabadas, esperando que algum membro case e continue a construir
andares acima. Já quem era rico no antigo Egito, além da casa na cidade,
construía enormes casas de campo, decoradas com lindos jardins, piscinas e
uma mobília de primeira linha.
As informações adicionais são derivadas de ilustrações de
casas que aparecem nas cenas dos túmulos e dos modelos de casas
colocadas junto aos pertences do falecido. Às vezes incluem representações
de jardins com árvores e piscinas. Parece ter existido dois principais tipos de
casas: a casa na cidade, que existia nas cidades estabelecidas há muito
tempo, bem como nas cidades construídas para algum fim, e a moradia
situada onde havia espaço suficiente para incorporar um jardim. (DAVID,
2003, p.228)
2

Casa da deusa Ísis (Templo de Philae) – Acervo pessoal.


Existiam ainda os palácios reais, que eram construídos a
mando do Faraó e serviam para abrigar toda a sua família, incluindo esposas
secundárias, descendentes e todos os funcionários que trabalhavam no
palácio. O Faraó podia ter inúmeros palácios e costumava se mudar de um
para outro com certa frequência. Esses palácios, em sua maioria, ficavam
dentro dos complexos dos templos.
Pirâmides Egípcias

As pirâmides egípcias foram construídas para serem o descanso final de


seus Faraós. Esse tipo de estrutura apareceu em diversas localidades ao
longo da história.
Devido à grandiosidade e à complexidade da construção, as
pirâmides do planalto de Gizé (Giza) são consideradas as mais belas e
misteriosas pirâmides de que se tem notícia.
“Entre os anos 2630 e 1640 a.C, os faraós egípcios
construíram tumbas em formas de pirâmides. Considerações arquitetônicas e
temas religiosos desempenham um papel na introdução e desenvolvimento
das pirâmides; porém, ainda que perseguindo um mesmo propósito, as
pirâmides diferem em forma, dimensões, estrutura interna e outros detalhes.
Dois são os tipos básicos: a pirâmide escalonada e a pirâmide propriamente
dita.” (BAINES; MALIK, 2008, p.138)
A pirâmide escalonada é uma estrutura formada por degraus e
também conhecida como pirâmide de degraus. Essa pirâmide foi construída
por uma combinação de materiais, principalmente tijolos de barro e pedra
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calcária. Seu mentor foi uma das figuras mais importantes do Antigo Império:
o grande sábio Imhotep. Vizir, médico e arquiteto, planejou a pirâmide
escalonada na III dinastia.

Pirâmide em degraus (Faraó Djoser) arquitetada por Imhotep


em Saqqara – Acervo pessoal.

A pirâmide escalonada do Faraó Djoser fazia parte de um complexo que


envolvia um templo mortuário, algumas tumbas secundárias, uma parte
destinada à celebração de um festival (Sed) e a entrada que permitia o
acesso à pirâmide e ao complexo. As pirâmides e construções subsidiárias
eram rodeadas por um muro.
“As pirâmides mais antigas datam da III dinastia e constam de vários
degraus. A capela funerária está situada abaixo do nível do chão, e chega-se
a ela por um poço que começa ao norte. Algumas galerias subterrâneas
(depósitos) rodeiam a pirâmide pelos lados leste, norte e oeste. A primeira
pirâmide escalonada, e provavelmente a unica completa, fica em Saqqara e
pertenceu ao faraó Netjerikhet Dsojer.” (BAINES; MALIK, 2008, p.138)
Já na IV dinastia, a grande pirâmide, ou pirâmide de Khufu
(grego: Queóps), foi uma das mais audaciosas construções já feitas no Egito
e no Mundo. Ela media em sua forma original 146 metros de altura e tinha
uma base quadrangular de 230 metros. A sua construção é até hoje um
mistério e intriga os mais diversos pesquisadores. Inúmeras teorias sobre
como os antigos egípcios a construíram surgem sempre, mas nenhuma
delas foi comprovada até então.
[1] Ao lado da grande pirâmide existem outras duas de grandes
proporções: a pirâmide de Quéfren, filho de Queóps, que tem por base 214,5
metros e 143 metros de altura; e a pirâmide de Miquerinos, filho de Quéfren,
que é a menor das três pirâmides, medindo 65 metros de altura e 105 metros
de base. Além das três pirâmides, no complexo de Gizé existem outras,
menores, que foram destinadas às rainhas. Segundo Heródoto, historiador
grego, para a construção da grande pirâmide foram necessários 100.000
homens trabalhando durante 20 anos.
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Pirâmides do complexo de Gizé – Acervo pessoal.


Há também em Dahshur outras pirâmides bastante conhecidas
do grande público, como por exemplo a pirâmide vermelha e a encurvada,
construídas na IV dinastia, no reinado de Snefru. Ambas são maiores que a
pirâmide de Miquerinos, no complexo de Gizé. Respectivamente, a pirâmide
vermelha e a curvada apresentam 104 metros de altura e 220 de base e 105
metros de altura e 183,5 de base.

Pirâmide Vermelha construída durante o reinado de Snefru –


Acervo pessoal.
Até 2008 existiam 118 pirâmides, das quais muitas estão bem
danificadas, ficando difícil ter dados completos sobre elas. Há também
alguns sarcófagos que os antigos egípcios consideravam como pirâmides,
escrevendo seus nomes com o determinativo de pirâmide. Atualmente
algumas pirâmides estão em restauração para evitar danos maiores
causados pelos homens e pelo tempo.

Vale dos Reis e das Rainhas


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O Vale dos Reis

O Vale dos Reis é o lugar de descanso dos principais Faraós


do Novo Império. Ele fica localizado em um grande vale cheio de montanhas
no Egito, na margem ocidental do Nilo, próximo de Luxor (antiga Tebas). O
vale tem dois lados: o lado ocidental (oeste) e o oriental (leste), sendo que as
tumbas mais famosas estão no lado leste. Nessas tumbas encontram-se os
mais belos trabalhos da mitologia egípcia.
A maioria das tumbas foi violada por ladrões durante muito
tempo, porém a KV62, tumba de Tutankhamon, foi encontrada por Howard
Carter e continha o mais belo tesouro arqueológico já visto no mundo. Dessa
descoberta surgiram muitas teorias e ideias malucas (como a da maldição do
Faraó), que de certa forma contribuíram para o interesse e a popularização
do antigo Egito.

Vale dos Reis – Foto da tumba KV62 (Tumba de Tutankhamon)


O Vale dos Reis atualmente é um dos pontos turísticos mais
visitados do Egito. Algumas tumbas estão fechadas, visando à preservação,
já que a quantidade de turistas que as tumbas recebiam diariamente estava
provocando a deterioração delas. Há também explorações no local, e
recentemente (2006) foi anunciada a descoberta de uma nova tumba: a
KV63. As principais decorações das tumbas envolvem o livro dos mortos, o
livro dos portões, o livro das cavernas e o amduat.

Tumbas do Vale dos Reis:


KV1 – Tumba de Ramsés VII.
KV2 – Tumba de Ramsés IV.
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KV3 – Tumba de um filho de Ramsés III.


KV4 – Tumba de Ramsés XI.
KV5 – Tumba dos filhos de Ramsés II.
KV6 – Tumba de Ramsés IX.
KV7 – Tumba de Ramsés II.
KV8 – Tumba de Merenptah.
KV9 – Tumba de Ramsés V e Ramsés VI.
KV10 – Tumba de Amenmeses.
KV11 – Tumba de Ramsés III.
KV12 – Tumba de dono desconhecido.
KV13 – Tumba de Bay.
KV14 – Tumba de Tausert e Setnakht.
KV15 – Tumba de Seti II.
KV16 – Tumba de Ramsés I.
KV17 – Tumba de Seti I.
KV18 – Tumba de Ramsés X.
KV19 – Tumba de Mentuherkhepeshef.
KV20 – Tumba de Hatchepsut e Tutmés I.
KV21 – Tumba de dono desconhecido.
WV22 – Tumba de Amenhotep III. (Parte ocidental – OESTE)
WV23 – Tumba de Ay. (Parte ocidental – OESTE)
WV24 – Tumba de dono desconhecido. (Parte ocidental – OESTE)
WV25 – Tumba de dono desconhecido. (Parte ocidental – OESTE)
KV26 – Tumba de dono desconhecido.
KV27 – Tumba de dono desconhecido.
KV28 – Tumba de dono desconhecido.
KV29 – Tumba de dono desconhecido.
KV30 – Tumba de dono desconhecido.
KV31 – Tumba de dono desconhecido.
KV32 – Tumba de Tia’a, esposa de Amen-hotep II.
KV33 – Tumba de dono desconhecido.
KV34 – Tumba de Tutmés III.
KV35 – Tumba de Amen-hotep II.
KV36 – Tumba de Maiherperi.
KV37 – Tumba de dono desconhecido.
KV38 – Tumba de Tutmés I.
KV39 – Possível tumba de Amen-hotep I.
KV40 – Tumba de dono desconhecido.
KV41 – Tumba de dono desconhecido.
KV42 – Tumba de Hatshepsut-Meryt-Ra.
KV43 – Tumba de Tutmés IV.
KV44 – Tumba de dono desconhecido.
KV45 – Tumba do nobre Userhet.
KV46 – Tumba de Yuya e Thuyu.
KV47 – Tumba de Siptah.
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KV48 – Tumba de Amenemipet.


KV49 – Tumba de dono desconhecido.
KV50 – Tumba de dono desconhecido.
KV51 – Tumba de dono desconhecido.
KV52 – Tumba de dono desconhecido.
KV53 – Tumba de dono desconhecido.
KV54 – Talvez a câmara de embalsamento de Tutankhamon.
KV55 – Talvez de Tiye ou Akhenaton.
KV56 – Tumba de dono desconhecido.
KV57 – Tumba de Horemheb.
KV58 – Tumba de dono desconhecido.
KV59 – Tumba de dono desconhecido.
KV60 – Tumba de Sit-Ré.
KV61 – Tumba de dono desconhecido.
KV62 – Tumba de Tutankhamon. (encontrada por Howard Carter)
KV64 – Tumba de Nehmes Bastet (Filha do sacerdote de Amum) –
Encontrada em 2011 por pesquisadores da Universidade da Basileia.
O Vale das Rainhas
O Vale das Rainhas é o lugar de descanso eterno das
principais rainhas do Novo Império, principalmente da XIX e da XX dinastias.
Fica localizado na margem ocidental do Nilo, próximo a Luxor (antiga Tebas).
Assim como no Vale dos Reis, cada tumba do Vale das Rainhas é
identificada com as iniciais em inglês do vale (QV – Queen’s Valley). Uma
das tumbas mais importantes e decoradas é a da rainha Nefertari, uma das
esposas de Ramsés II, tumba essa que precisou passar por uma restauração
para evitar as ações do tempo.

Foto do Vale das Rainhas


A maioria das tumbas é formada por uma antecâmara, um
corredor e uma câmara funerária. Algumas tumbas ainda possuem pequenas
salas laterais que eram usadas para guardar parte dos móveis. São também
encontradas nas paredes e no teto o livro dos mortos e o livro dos portões.
Principais Tumbas do Vale das Rainhas:
QV8 – Hori
QV17 – Meryt-re e Urmerutes (princesas).
QV30 – Nebry.
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QV33 – Rainha Tenedjmet.


QV38 – Sit-re, esposa de Ramsés I.
QV42 – Paraherunemef, filho de Ramsés III.
QV43 – Setherkhopshef, filho de Ramsés III.
QV44 – Khaemwaset, filho de Ramsés III.
QV46 – Imhotep, vizir de Tutmés I.
QV47 – Princesa Ahmose, filha de Tao II.
QV51 – Rainha Isistahemdjeret, esposa de Ramesses III.
QV52 – Rainha Titi, esposa de Ramesses III.
QV53 – Ramsesses-Meriamon, filho de Ramsés II.
QV55 – Amonherkhopshef, filho de Ramsés III.
QV60 – Rainha Nebettauy, filha de Ramsés II.
QV66 – Rainha Nefertari, esposa de Ramsés II.
QV68 – Rainha Meritamon, filha de Ramsés II e Nefertari.
QV71 – Rainha Bint-Anath, filha e esposa de Ramsés II.
QV72 – Princesa Neferhat e Príncipe Baki.
QV73 – Rainha Henut-tawy.
QV74 – Tentopet, filha e esposa de Ramsés II.
QV75 – Henutmire, filha e esposa de Ramsés II.
QV76 – Princesa Meryt-re.
QV80 – Rainha Tuy, esposa de Seti I e mãe de Ramsés II.
QV82 – Príncipe Minemhat e Amenhotep.
QV88 – Príncipe Ahmose

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