ACÇÃO
Acção Principal
(Acção Fechada - morte de Afonso da Maia e separação definitiva de Carlos e Maria Eduarda).
Acção Secundária
(Acção fechada - fuga de Maria Monforte com Tancredo, que leva a filha e deixa Carlos; e consequente
Construção da Narrativa
Encadeamento - por exemplo, o desenrolar dos amores entre Carlos e Maria Eduarda.
Encaixe - por exemplo, a narração a Carlos da vida passada de Maria Eduarda pela própria.
Alternância - por exemplo, a acção principal é interrompida para dar lugar à narração da crónica de
costumes.
ESPAÇO
a) Espaço físico
Espaço geográfico - por exemplo, Santa Olávia, Coimbra e Lisboa (espaços associados à personagem de
Carlos em diferentes momentos da sua vida); Sintra e os Olivais; referencias ao estrangeiro (Inglaterra,
a Vila Balzac, o Grémio, o Hotel Central, o Tavares, a Havaneza, a casa do Gouvarinho e o primeiro
andar da casa de Maria Eduarda habita (em Lisboa); o Nunes e o Hotel Bragança (em Sintra); a toca
Espaço exterior - por exemplo, o quintal / jardim do Ramalhete e o da Toca; a Rua de São Francisco; a
Baixa, o Aterro, o Chiado, o Hipódromo no Campo Grande (em Lisboa); o Palácio da Vila, o Palácio da
b) Espaço social
O espaço social está directamente associado ao subtítulo da Obra - «Episódios da Vida Romântica»- que,
ao nível da crónica de costumes, constitui uma acção aberta. Os episódios, através de um processo
narrativo de alternância, integram-se no desenrolar da intriga principal sem que haja, no entanto,
qualquer relação de dependência entre ambos; visando não só retratar, como também criticar uma
época (o Portugal da Regeneração) e o ambiente social vividos pela burguesia e alta aristocracia
Lisboeta:
o jantar no Hotel Central ( capítulo VI)- apresenta uma visão critica relativamente aos exageros do Ultra-
as Corridas de cavalos (capítulo X)- apresenta uma visão critica relativamente à mentalidade provinciana
da elite da sociedade lisboeta que, na sua ânsia de imitar o estrangeiro, acaba as corridas num « sopro
o jantar em casa dos Gouvarinho (capitulo XII)- apresenta uma visão critica relativamente à
o incidente relacionado com a Corneta do Diabo e A tarde ( capítulo XV)- apresenta uma critica
o sarau literário do Teatro da Trindade (capítulo XVI)- apresenta uma critica à poesia ultra-romântica, à
o passeio final de Carlos e de Ega em Lisboa (capítulo XVIII) - apresenta uma critica à estagnação e
significativamente.
c) Espaço psicológico
À medida que o desenlace da intriga se aproxima, o espaço psicológico assume maior relevância,
Exemplos:
o sonho (capítulo VI) - Carlos sonha com Maria Eduarda a passar em frente ao Hotel Centra «com uma
carnação ebúrnea, bela como uma deusa, num casaco de veludo branco de Génova.»;
a imaginação (capítulo VIII) - Carlos, que se deslocara a Sintra na ânsia de ver Maria Eduarda, ao tomar
conhecimento que esta já regressara a Lisboa, imagina-a «nas rendas do seu peignoir, com cabelo
enrolado à pressa..»;
a reflexão (capítulo XVI) - após ter sabido por Guimarães a verdadeira identidade de Maria Eduarda, Ega
revela uma profunda inquietação relativamente à descoberta de que ela e Carlos são irmãos, meditando
a memória (capítulo XVII)- quando Carlos se depara com Afonso da Maia inerte, no jardim do Ramalhete,
»imagens do avô, do avô vivo e forte, cachimbando ao canto do fogão, regando de manhã as roseiras,
passavam-lhe pela alma, em tropel, deixando-lha cada vez mais dorida e negra…».
TEMPO
narrativas.
Uma vez que Os Maias narram a história de uma família ao longo de três gerações, estas correspondem a
1ª GERAÇÃO: Afonso da Maia (e Maria Eduarda Runa) - Revoltas Liberais / início do Romantismo;
3ª GERAÇÃO: Carlos da Maia ( e Maria Eduarda) - Regeneração / Ultra- Romantismo e Realismo, a «Ideia
Nova»;
Em termos cronológicos, a acção decorre entre 1820 e 1887, portanto, cerca de 67 anos. Ao longo da
obra, percebe-se esta passagem do tempo, não só na indicação de dias, meses e anos, como também no
Tempo do discurso - consiste no modo como o narrador conta os acontecimentos, podendo elaborar o
seu discurso segundo uma frequência, ordem e ritmos temporais diferentes. O tempo do discurso pode
e assim uma anisocronia na ordem temporal através do recurso a várias analepses - O narrador conta no
presente acontecimentos já passados. Estes recuos da acção no tempo visam, sobretudo, caracterizar as
O Ritmo temporal, nos 50 anos que decorrem entre a juventude de Afonso da Maia e a instalação de
Carlos no Ramalhete, é anisocrónico, pois o tempo do discurso é bastante menor do que o da diegese. O
narrador sumaria, e até mesmo omite, os acontecimentos, relevando apenas o que considera importante
problemática existencial das personagens, ou seja, a forma como elas sentem a passagem do tempo,
É fundamentalmente, através das relações pessoais de Carlos e de Ega com o passado que o espaço
psicológico se faz sentir. Trata-se pois, dos momentos onde claramente transparece o desgaste
psicológico das personagens, a sua amargura e inércia, o seu pessimismo que, em grande parte, advém
PERSONAGEM
Ainda que Afonso da Maia, Ega e Maria Eduarda representem papéis de revelo na acção principal, são
personagens secundárias.
Dâmaso, Cohen, Conde de Gouvarinho, Sousa Neto, Steinbroken, Alencar, Eusébiozinho, Palma
«Cavalão», Cruges entre outros, são figurantes da crónica de costumes, cujo objectivo e satirizar e
Afonso da Maia, Pedro, Maria da Fonte, Carlos, Maria Eduarda e Ega são personagens modeladas, pois
À excepção das personagens atrás enumeradas, todas as outras são personagens planas, pois ao contrário
das personagens modeladas, são estáticas, sem grande densidade psicológica e o seu comportamento
N´Os Maias o narrador é heterodiegético - o narrador não participa na acção como personagem; é
portanto, exterior à história - (note-se por exemplo, o uso da terceira pessoa gramatical e, neste caso, o
história, bem como do intimo das personagens. Ele sabe tudo, assumindo uma posição de transcendência
personagem - (note-se que a partir do momento em que Afonso da Maia e seu neto se instalaram
definitivamente no Ramalhete, o narrador assume o ponto de vista de Carlos, a sua visão sobre os
N`Os Maias a posição do narrador é fundamentalmente subjectiva, o que se compreende até pelo facto