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OS MAIAS de Eça de Queirós

In11º ano, InAprender, InEça de Queirós, InOs Maias

ACÇÃO

Acção Principal

 Relação amorosa incestuosa entre Carlos da maia e Maria Eduarda.

(Acção Fechada - morte de Afonso da Maia e separação definitiva de Carlos e Maria Eduarda).

Acção Secundária

 A relação amorosa infeliz entre Pedro da Maia e Maria da Monforte.

(Acção fechada - fuga de Maria Monforte com Tancredo, que leva a filha e deixa Carlos; e consequente

suicídio de Pedro da Maia).

Construção da Narrativa

 Encadeamento - por exemplo, o desenrolar dos amores entre Carlos e Maria Eduarda.

 Encaixe - por exemplo, a narração a Carlos da vida passada de Maria Eduarda pela própria.

 Alternância - por exemplo, a acção principal é interrompida para dar lugar à narração da crónica de

costumes.

ESPAÇO

a) Espaço físico

 Espaço geográfico - por exemplo, Santa Olávia, Coimbra e Lisboa (espaços associados à personagem de

Carlos em diferentes momentos da sua vida); Sintra e os Olivais; referencias ao estrangeiro (Inglaterra,

Itália, França, Áustria)…


 Espaço interior - por exemplo, o Ramalhete, o consultório de Carlos, os teatros de S. Carlos e da Trindade,

a Vila Balzac, o Grémio, o Hotel Central, o Tavares, a Havaneza, a casa do Gouvarinho e o primeiro

andar da casa de Maria Eduarda habita (em Lisboa); o Nunes e o Hotel Bragança (em Sintra); a toca

(propriedade de Craft n`Olivais, associada aos amores de Carlos e de Maria Eduarda.

 Espaço exterior - por exemplo, o quintal / jardim do Ramalhete e o da Toca; a Rua de São Francisco; a

Baixa, o Aterro, o Chiado, o Hipódromo no Campo Grande (em Lisboa); o Palácio da Vila, o Palácio da

Pena, O Palácio de Seteais (em Sintra) …

b) Espaço social

O espaço social está directamente associado ao subtítulo da Obra - «Episódios da Vida Romântica»- que,

ao nível da crónica de costumes, constitui uma acção aberta. Os episódios, através de um processo

narrativo de alternância, integram-se no desenrolar da intriga principal sem que haja, no entanto,

qualquer relação de dependência entre ambos; visando não só retratar, como também criticar uma

época (o Portugal da Regeneração) e o ambiente social vividos pela burguesia e alta aristocracia

Lisboeta:

 o jantar no Hotel Central ( capítulo VI)- apresenta uma visão critica relativamente aos exageros do Ultra-

Romantismo, ao confronto literário eversivo, à incompetência do director do Banco Nacional e às

limitações da mentalidade da alta sociedade lisboeta.

 as Corridas de cavalos (capítulo X)- apresenta uma visão critica relativamente à mentalidade provinciana

da elite da sociedade lisboeta que, na sua ânsia de imitar o estrangeiro, acaba as corridas num « sopro

grosseiro de desordem reles».

 o jantar em casa dos Gouvarinho (capitulo XII)- apresenta uma visão critica relativamente à

mediocridade, ignorância e superficialidade da elite social lisboeta, em geral, e à incapacidade da

classe política dirigente.

 o incidente relacionado com a Corneta do Diabo e A tarde ( capítulo XV)- apresenta uma critica

relativamente à degradação moral, à corrupção, à aceitação de subornos e ao jornalismo político.

 o sarau literário do Teatro da Trindade (capítulo XVI)- apresenta uma critica à poesia ultra-romântica, à

eloquência vazia e bajuladora da oratória politica, a comportamentos sociais afectados.

 o passeio final de Carlos e de Ega em Lisboa (capítulo XVIII) - apresenta uma critica à estagnação e

incapacidade de desenvolvimento da mentalidade portuguesa, que em dez anos não progrediu

significativamente.

c) Espaço psicológico

À medida que o desenlace da intriga se aproxima, o espaço psicológico assume maior relevância,

sobretudo nas personagens de Ega e Carlos.

Exemplos:
 o sonho (capítulo VI) - Carlos sonha com Maria Eduarda a passar em frente ao Hotel Centra «com uma

carnação ebúrnea, bela como uma deusa, num casaco de veludo branco de Génova.»;

 a imaginação (capítulo VIII) - Carlos, que se deslocara a Sintra na ânsia de ver Maria Eduarda, ao tomar

conhecimento que esta já regressara a Lisboa, imagina-a «nas rendas do seu peignoir, com cabelo

enrolado à pressa..»;

 a reflexão (capítulo XVI) - após ter sabido por Guimarães a verdadeira identidade de Maria Eduarda, Ega

revela uma profunda inquietação relativamente à descoberta de que ela e Carlos são irmãos, meditando

sobre este assunto;

 a memória (capítulo XVII)- quando Carlos se depara com Afonso da Maia inerte, no jardim do Ramalhete,

»imagens do avô, do avô vivo e forte, cachimbando ao canto do fogão, regando de manhã as roseiras,

passavam-lhe pela alma, em tropel, deixando-lha cada vez mais dorida e negra…».

TEMPO

Tempo histórico - Consiste na época ou Período da História em que se desenrolam as sequencias

narrativas.

Uma vez que Os Maias narram a história de uma família ao longo de três gerações, estas correspondem a

momentos histórico - políticos e culturais diferentes:

 1ª GERAÇÃO: Afonso da Maia (e Maria Eduarda Runa) - Revoltas Liberais / início do Romantismo;

 2ª GERAÇÃO: Pedro da Maia ( e Maria Monforte) - regeneração e Romantismo ;

 3ª GERAÇÃO: Carlos da Maia ( e Maria Eduarda) - Regeneração / Ultra- Romantismo e Realismo, a «Ideia

Nova»;

Tempo da diegese - Consiste no tempo durante o qual a acção se desenrola.

Em termos cronológicos, a acção decorre entre 1820 e 1887, portanto, cerca de 67 anos. Ao longo da

obra, percebe-se esta passagem do tempo, não só na indicação de dias, meses e anos, como também no

crescimento e / ou envelhecimento das personagens

Tempo do discurso - consiste no modo como o narrador conta os acontecimentos, podendo elaborar o

seu discurso segundo uma frequência, ordem e ritmos temporais diferentes. O tempo do discurso pode

não ser igual ao da diegese.


N` Os Maias, o narrador não segue uma ordem cronológica no relato dos acontecimentos, estabelecendo

e assim uma anisocronia na ordem temporal através do recurso a várias analepses - O narrador conta no

presente acontecimentos já passados. Estes recuos da acção no tempo visam, sobretudo, caracterizar as

personagens e o seu passado.

O Ritmo temporal, nos 50 anos que decorrem entre a juventude de Afonso da Maia e a instalação de

Carlos no Ramalhete, é anisocrónico, pois o tempo do discurso é bastante menor do que o da diegese. O

narrador sumaria, e até mesmo omite, os acontecimentos, relevando apenas o que considera importante

para a compreensão e o desenrolar da história principal.

Tempo Psicológico - Trata-se de um tempo subjectivo, directamente relacionado com as emoções, a

problemática existencial das personagens, ou seja, a forma como elas sentem a passagem do tempo,

vivendo momentos felizes ou / e infelizes.

É fundamentalmente, através das relações pessoais de Carlos e de Ega com o passado que o espaço

psicológico se faz sentir. Trata-se pois, dos momentos onde claramente transparece o desgaste

psicológico das personagens, a sua amargura e inércia, o seu pessimismo que, em grande parte, advém

do ambiente onde estão inseridos.

PERSONAGEM

Classificação quanto ao relevo

 Tanto na intriga principal como na crónica de costumes, Carlos da Maia é o protagonista.

 Ainda que Afonso da Maia, Ega e Maria Eduarda representem papéis de revelo na acção principal, são

personagens secundárias.

 Dâmaso, Cohen, Conde de Gouvarinho, Sousa Neto, Steinbroken, Alencar, Eusébiozinho, Palma

«Cavalão», Cruges entre outros, são figurantes da crónica de costumes, cujo objectivo e satirizar e

criticar a sociedade lisboeta da segunda metade do século XIX.

Classificação quanto à composição

 Afonso da Maia, Pedro, Maria da Fonte, Carlos, Maria Eduarda e Ega são personagens modeladas, pois

são personagens dinâmicas, complexas, providas de densidade psicológica, cujo comportamento é

passível de se modificar ao longo da acção.

 À excepção das personagens atrás enumeradas, todas as outras são personagens planas, pois ao contrário

das personagens modeladas, são estáticas, sem grande densidade psicológica e o seu comportamento

não sofre modificações ao longo da acção, sendo este previsível.


NARRADOR

Classificação quanto à presença

N´Os Maias o narrador é heterodiegético - o narrador não participa na acção como personagem; é

portanto, exterior à história - (note-se por exemplo, o uso da terceira pessoa gramatical e, neste caso, o

recurso ao discurso indirecto livre.

Classificação quanto à ciência/ ou focalização

N`Os Maias a focalização é omnisciente - o narrador possui um conhecimento ilimitado da toda a

história, bem como do intimo das personagens. Ele sabe tudo, assumindo uma posição de transcendência

no relato dos acontecimentos.

É também, interna - o narrador relata os acontecimentos, assumindo o ponto de vista de uma

personagem - (note-se que a partir do momento em que Afonso da Maia e seu neto se instalaram

definitivamente no Ramalhete, o narrador assume o ponto de vista de Carlos, a sua visão sobre os

ambientes e as personagens que os rodeiam .

Classificação quanto à posição

N`Os Maias a posição do narrador é fundamentalmente subjectiva, o que se compreende até pelo facto

de ser basicamente a visão crítica e opinativa de uma personagem que prevalece.

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