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LÍNGUA PORTUGUESA

INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS: ESTILÍSTICA

Nelson Sartori

concursos
Língua Portuguesa
Interpretação de Textos - Estilística

Apresentação
Professor de Português – Literatura, Gramática, Interpretação de Textos, Redação
Discursiva e Oficial; Formado em Letras e Pós-graduado em Metodologia de Ensino para Terceiro
Grau; 21 anos de experiência na área de concursos públicos e 25 em pré-vestibulares; Professor
de Linguagem Forense e Redação Jurídica; Comunicador de rádio pela Rádio Mundial de São
Paulo; Professional Coach formado pela SLAC – Sociedade Latino Americana de Coaching

Sumário
Estilística...................................................................................................................................... 2

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Língua Portuguesa
Interpretação de Textos - Estilística

Estilística

A. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

• A denotação consiste em utilizar o signo no seu sentido próprio e único, que não permite
mais de uma interpretação.

Faça uma fogueira com o máximo cuidado.


(= lenha ou outra matéria semelhante, à qual se lança fogo)

• A conotação consiste em atribuir novos significados ao valor denotativo do signo.

Seu rosto foi consumido pela fogueira das minhas recordações.


(=ardor, exaltação, entusiasmo)

FIGURAS DE LINGUAGEM
São vários os recursos de conotação de que dispomos para a realização de uma ideia fi-
gurada que desejamos elaborar. Esses recursos são chamados figuras de linguagem e os mais
importantes são:

ALITERAÇÃO - é a repetição proposital de um mesmo som consonantal:


Chove chuva, chove sem parar.
ANACOLUTO- ruptura da ordem lógica da frase:
As mulheres... não podemos viver sem elas.
ANÁFORA - repetição sistemática de termos ou de estruturas sintáticas no princípio de
diferentes frases, períodos ou versos:

“Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória,


grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só.”
(Rocha Lima)

ANTÍTESE - aproximação de palavras de sentidos opostos:


Amigos e inimigos estão juntos nisso.
PARADOXO ou OXÍMORO - variação da antítese, trata-se de ideias opostas que coexistem:
Para ele, o nada sempre foi tudo o que ele teve.
ASSÍNDETO - é a coordenação de termos ou orações sem utilização de conectivo:
Ele correu, brincou, pulou.
POLISSÍNDETO - é o uso repetido da conjunção (do conectivo), entre elementos coordenados:
Ela chorou, e gritou, e esperneou, e não conseguiu nada.

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CATACRESE - palavra que perdeu o sentido original, uma metáfora desgastada:


folhas de livro, dente de alho, céu da boca, pé da mesa, braço do rio.
METÁFORA - palavra empregada fora de seu sentido real, literal, denotativo, uma forma de
comparação implícita:
Aquela moça é uma flor.
ELIPSE - omissão de um ou mais termos de uma oração, o qual se subentende, se presume
no contexto, como o sujeito oculto, que é elíptico:
(Nós) Fomos ao jantar de gala do hotel.
ZEUGMA - omissão de um ou mais elementos de uma oração, mas que já foram mencio-
nados em outra:
Eu comprei doces; e ela, salgados.
EUFEMISMO - palavra ou expressão ou ideia mais agradável, de que se lança mão para
suavizar ou minimizar (...) outra palavra ou expressão ou ideia mais grosseira:
O funcionário da limpeza pública trabalha muito.
HIPÉRBOLE - é bom observar que no extremo oposto do eufemismo está a "hipérbole",
trata-se do exagero:
Chorei rios de lágrimas.
GRADAÇÃO - consiste em encadear palavras cujos significados têm efeito cumulativo:
Ele gosta, adora, ama aquela mulher.
HIPÉRBATO (ou inversão) - é a inversão da ordem natural das palavras:
Doces comprou ela.
IRONIA - consiste em, aproveitando-se do contexto, utilizar palavras que devem ser com-
preendidas no sentido oposto do que aparentam transmitir:
Você tirou zero nesta prova?! Como você é inteligente!
ONOMATOPÉIA- emprego de palavras que imitam o som de alguma coisa:
O tic-tac do relógio irrita.
METONÍMIA ou SINÉDOQUE - ocorre quando uma palavra é usada para designar alguma
coisa com a qual mantém uma relação de proximidade ou posse, em lugar desta coisa:
Comemos um prato de comida por dia.
PLEONASMO - repetição, no falar ou no escrever, de ideias ou palavras que tenham o mesmo
sentido:
A mim, só me restou a esperança de dias melhores.
PERÍFRASE - uso de um dos atributos de um ser ou coisa que servirá para indicá-lo:
A cidade maravilhosa é muito visitada por turistas. (Rio de Janeiro)

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ANTONOMÁSIA: se esse atributo for a uma pessoa:


Beijo do GORDO. (Jô Soares)
PROSOPOPÉIA ou PERSONIFICAÇÃO - consiste em atribuir características de seres anima-
dos a seres inanimados ou características humanas a seres não-humanos:
Seu cão sorriu para você.
HIPÁLAGE - Figura de estilo em que se troca as relações dos termos de um adjetivo como
característica de um substantivo.
Eça de Queirós no seu romance os Maias referia que o Carlos da Maia fumava um nervoso
cigarro.
SILEPSE - Figura pela qual a concordância das palavras se faz de acordo com o sentido, e
não segundo as regras da sintaxe. A Silepse pode ser de pessoa, número ou gênero:
Os brasileiros somos pacíficos.

Observação
É bom lembrar que a Silepse também é chamada de "concordância ideológica".

SINESTESIA - aproximação de sensações diferentes:


Naquele momento, sentiu um CHEIRO VERMELHO de ódio.
(CHEIRO, olfato - VERMELHO, visão)

VÍCIOS DE LINGUAGEM
DEFINIÇÃO:
São alterações defeituosas que sofre a língua em sua pronúncia e escrita devidas à igno-
rância do povo ou ao descaso de alguns escritores. São devidas, em grande parte, à suposta
ideia da afinidade de forma ou pensamento.
Os vícios de linguagem são: barbarismo, anfibologia, cacofonia, eco, arcaísmo, vulgarismo,
estrangeirismo, solecismo, obscuridade, hiato, colisão, neologismo, preciosismo, pleonasmo.
BARBARISMO:
É o vício de linguagem que consiste em usar uma palavra errada quanto à grafia, pronúncia,
significação, flexão ou formação. Assim sendo, divide-se em: gráfico, ortoépico, prosódico,
semântico, morfológico e mórfico.

• Gráficos: hontem, proesa, conssessiva, aza, por: ontem, proeza, concessiva e asa.
• Ortoépicos: interesse, carramanchão, subcistir, por: interesse, caramanchão, subsistir.
• Prosódicos: rúbrica, filântropo, por: rubrica, filantropo.

Semânticos: Tráfico (por tráfego) indígena (como sinônimo de índio, em vez de autóctone).

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Morfológicos: cidadões, uma telefonema, proporam, reavi, deteu, por: cidadãos, um telefo-
nema, propuseram, reouve, deteve.
Mórficos: antidiluviano, filmeteca, monolinear, por: antediluviano, filmoteca, unlinear.

Observação
Diversos autores consideram barbarismo palavras, expressões e construções estrangeiras,
mas, nesta aula, elas serão consideradas "estrangeirismos."

AMBIGUIDADE OU ANFIBOLOGIA: É o vício de linguagem que consiste em usar diversas


palavras na frase de maneira a causar duplo sentido na sua interpretação.
Ex.: Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado. O chefe discutiu com o empregado e
estragou seu dia. (nos dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou paciente).
CACOFONIA:
Vício de linguagem caracterizado pelo encontro ou repetição de fonemas ou sílabas que
produzem efeito desagradável ao ouvido. Constituem cacofonias:
A colisão.
Ex.: Meu Deus não seja já.
O eco
Ex.: Vicente mente constantemente.
O hiato
Ex.: Ela iria à aula hoje, se não chovesse
O cacófato
Ex.: Tem uma mão machucada:
A aliteração
Ex.: Pede o Papa paz ao povo. O antônimo é a "eufonia".

ARCAÍSMO:
Palavras, expressões, construções ou maneira de dizer que deixaram de ser usadas ou
passaram a ter emprego diverso.
Na língua viva contemporânea: asinha (por depressa), assi (por assim) entonces (por então),
vosmecê (por você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a significação antiga de en-
feite), catar (perdeu a significação antiga de olhar), faria-te um favor (não se coloca mais o
pronome pessoal átono depois de forma verbal do futuro do indicativo), etc.

VULGARISMO:
É o uso linguístico popular em contraposição às doutrinas da linguagem culta da mesma
região.

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O vulgarismo pode ser fonético, morfológico e sintático.


Fonético:

A queda dos erres finais: andá, comê, falá etc.


A vocalização do "L" final nas sílabas.
Ex.: mel = meu , sal = saú etc.
A monotongação dos ditongos.
Ex.: estoura = estóra, roubar = robar.
A intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal.
Ex.: advogado = adevogado, rítmo = rítimo, psicologia = pissicologia.

Morfológico e sintático:

Temos a simplificação das flexões nominais e verbais.


Ex.: Os aluno, dois quilo, os homê brigou.
Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto em lugar do oblíquo.
Ex.: vi ela, olha eu, ó gente, etc.

ESTRANGEIRISMO:
Todo e qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso
idioma recebe denominação de estrangeirismo.
Classificam-se em: francesismo, italianismo, espanholismo, anglicismo (inglês), germa-
nismo (alemão), eslavismo (russo, polaco, etc.), arabismo, hebraísmo, grecismo, latinismo,
tupinismo (tupi-guarani), americanismo (línguas da América) etc...
Exemplos :

Francesismo: abajur, chefe, carnê, matinê etc...


Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, madona etc...
Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha etc...

Solecismo:
É uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do
idioma.
a. de colocação:

Foi João quem avisou-me (correto: Foi João quem me avisou).


Me empresta o lápis (correto: Empresta-me o lápis).
b. de concordância:

O pessoal já saíram? (correto: O pessoal já saiu?).

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Fazem dois anos que chegamos. (correto: Faz dois anos...)


c. de regência:

O povo é obrigado a assistir e ouvir programas políticos. (correto: O povo é obrigado a


assistir a programas políticos e a ouvi-los.).
Cheguei na escola. (correto: Cheguei à escola.).

OBSCURIDADE:
Vício de linguagem que consiste em construir a frase de tal modo que o sentido se torne
obscuro, embaraçado, ininteligível. Em um texto, as principais causas da obscuridade são: o
abuso do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise
(hipérbato vicioso), o parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes)
as circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções
intrincadas e a má pontuação.
Ex.: Foi evitada uma efusão de sangue inútil
(Em vez de efusão inútil de sangue).

NEOLOGISMO:
Palavra, expressão ou construção recentemente criadas ou introduzidas na língua. Subdi-
videm-se em:
Científicos ou técnicos: aeromoça, penicilina, telespectador, taxímetro (redução: táxi), fo-
nemática, televisão, comunista, deletar, etc...
Literários ou artísticos: vesperal, festival, recital, concretismo, modernismo etc...

Observação
Os neologismos populares são constituídos pelos termos de gíria. "Manjar" (entender, saber
do assunto), "a pampa", legal (excelente), Zico, biruta, transa, psicodélico etc...

PRECIOSISMO:
Expressão rebuscada. Usa-se com prejuízo da naturalidade do estilo. É o que o povo chama
de "falar difícil", "estar gastando".
Ex.: "O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará além os fugitivos esplendores da sua magni-
ficência astral e rendilhara d’alto e de leve as nuvens da delicadeza, arquitetural, decorativa,
dos estilos manuelinos."

Observação
O preciosismo também pode ser chamado de PROLIXIDADE.

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PLEONASMO:
Emprego inconsciente ou voluntário de palavras ou expressões involuntárias, desnecessá-
rias, por já estar sua significação contida em outras da mesma frase.
O pleonasmo, como vício de linguagem, contém uma repetição inútil e desnecessária dos
elementos.
Exemplos:
Voltou a estudar novamente.
Ele reincidiu na mesma falta de novo.
Primeiro subiu para cima, depois em seguida entrou nas nuvens.
O navio naufragou e foi ao fundo.
Neste caso, também se chama perissologia ou tautologia.

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