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ESTRUTURA MICROSCÓPICA DA MEMBRANA CELULAR, DE EPITÉLIOS E DE ENDOTÉLIOS.

Introdução (diapositivo 2,5)

A membrana celular plasmática, que separa o compartimento intracelular do compartimento


intersticial é uma fase anisotrópica a separar o citoplasma do fluído intersticial. Nos aspectos
gerais de sua estrutura e função há profundas semelhanças entre esta membrana e a que delimita
organelas intracelulares, como as membranas do retículo endoplasmático, dos vacúolos, lisossomas,
mitocôndrias, etc. As membranas têm dimensões da ordem de 4 nm na espessura e extensão variável
segundo o tamanho da célula ou da organela. A composição química é variável quanto à especificidade
e proporção, porém genericamente as entidades – moléculas orgânicas – que as formam são lipídios e
proteínas . As moléculas mantém orientação média. Os lipídios estão em estrutura de bicamada
lipídica. Nesta as proteínas se inserem, parcial ou completamente. Ao se considerar a superfície das
membranas a bicamada lipídica prevalece em área. Fisicamente as bicamadas são líquidos cristalinos
em que as moléculas constituintes estão orientadas, mas a estrutura é flexível, pois não há amarras
de ligação covalente entre elas. Por esta característica as bicamadas lipídicas das membranas
celulares podem ser permeadas por moléculas conforme suas características físico-químicas

As proteínas assumem conformações que são definidas pelas interações, todas fracas, que
mantém com a bicamada. As proteínas de membrana são a identidade bioquímica de estruturas que
operam como canais, carregadores, receptores, etc. (diapositivo 3).

A bicamada lipídica, matriz das membranas

A espessura da bicamada lipídica é de 4 a 8 nm (40 a 80Ắ). Estas dimensões estão abaixo de


resolução de microscópios que operam com radiação eletromagnética na faixa espectral da luz visível
(480-650nm – Reveja o conceito de resolução de aparelhos de observação da matéria pela interação
com ela da radiação eletromagnética). Para se ter imagens em que se revela a espessura da bicamada
lipídica, é necessário a irradiação dela com radiações de comprimento de onda compatível, a do
elétron. Isto é, usa-se um microscópio eletrônico. Para se ter difração significativa do feixe de
elétrons é necessário impregnar as regiões hidrofílicas (discussão abaixo) com metais pesados, o
ósmio, por exemplo. Com a técnica produzem-se as imagens do diapositivo 4. Na simulação molecular
da figura do diapositivo 7 produz-se imagem da estrutura molecular do arranjo dos lipídios na
bicamada das membranas celulares.

As figuras nos diapositivos 8,9,10 reveem propriedades do solvente biológico água, dipolo
permanente e formação de pontes de H. Nas temperaturas nas quais existem os sistemas biológicos,
pontes de H das moléculas de água entre si determinam propriedades físico-químicas do líquido.
Estas estabelecem que solutos na água se dissolverão se interagirem com as moléculas do solvente,
por pontes de H ou por interação eletrostática. Outras espécies em relação à água serão hidrofílicas
ou hidrofóbicas. Os lipídios que formam a bicamada, têm nas extremidades da dimensão

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predominante caráter hidrofílica e hidrofóbico o que determinada a formação de bicamadas quando
as moléculas são imersas em água. As moléculas são denominadas anfipática ou anfifílicas (diapositivo
11)

Lipídios que formam a bicamada (Diapositivos 12, 13, 14, 15)

Fosfoglicerídios são formados pelo glicerol, um triálcool. Ácidos graxos são esterificados a
duas das hidroxilas do glicerol. As cadeias de hidrocarboneto destes ácidos graxos podem ter até
20 C ou mais, e, entre eles, ligações simples e algumas duplas. Um fosfato está ligado à outra
hidroxila. A ele liga-se um amino-álcool, ou um açúcar. Com certa abundância ocorre a
esfingomielina, derivada da esfingosina, à qual se esterifica um ácido graxo. Contém fosfato.
Glicolipídiossão derivados da esfingosina. O colesterol é um lipídio que ocorre nas membranas de
células eucarióticas. Os anéis (ciclopentanoperhidrofenantreno) conferem volume e rigidez à
molécula. O escrutínio das moléculas de lipídios destaca que são moléculas longas, e na dimensão
predominante uma extremidade tem caráter hidrofílico e a outra hidrofóbico. Esta característica
determina interações hidrofóbicas quando as moléculas são imersas em água líquida. As interações
determinam estruturas supramoleculares, micelas ou bicamadas lipídicas (diapositivo 16).

Na figura do diapositivo 17 há um cartum com representação bidimensional da bicamada


lipídica tomado da referência indicada. O propósito é reforçar a intuição sobre a estrutura da da
bicamada e, principalmente, enfatizar as diferenças entre as monocamadas voltadas para o citosol e
para o extracelular. A voltada para o citosol contém principalmente fosfatidilserina,
fosfatidilinositol e fosfatidiletanolamina. A que se volta para o extracelular tem o predomínio de
esfingomielina, glicolípidios e fosfatidilcolina. Na figura do diapositivo 18 repete-se a discussão do
efeito hidrofóbico. Em contato com as moléculas de água, as cadeias de hidrocarbonetos dos ácidos
graxos, incapazes de interagir, induzem maior interação das moléculas de água entre si, por pontos
de H. A entropia do conjunto é reduzida, Na formação da bicamada, a entropia aumenta. As
considerações microscópicas indicam que, de fato, há tendência de exclusão hidrofílica das regiões
hidrofóbicas dos lipídios. No diapositivo 21 estão as composições relativas de lipídios nas bicamadas
da membrana plasmática e nas membranas das organelas. Mitocôndrias têm nas bicamadas lipídios
característicos de bactérias. Outra evidência de que estas organelas no processo evolutivo, de
orgem procariótica, foram incorporadas por células eucarióticas primitivas.

Como se verá em capítulos seguintes, a permeação da bicamada lipídica por algumas espécies
químicas depende da hidrofobicidade relativa do soluto e do seu coeficiente de difusão na bicamada
(Ds). Este é tanto maior quanto maior for a viscosidade da fase. Cadeias de hidrocarboneto com
insaturações têm dobras, que reduzem a interação entre as cadeias, por forças de van der Waals,
reduzem a viscosidade da bicamada e, portanto, a permeabilidade aos solutos que, por sua
hdirofobicidade, penetram na fase.

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Proteínas nas membranas celulares.

A esta discussão interessam as proteínas de fato inseridas nas bicamadas, denominadas de


integrais, pois são elas que constituem os receptores, poros, canais e carregadores na membrana
celular. Estas proteínas são moléculas com centenas de aminoácidos. A generalização que se pode
fazer é que atravessem a membrana várias vezes (diapositivo 27). Na cadeia linear de aminoácidos
há, portanto, sequências nas quais predominam aminoácidos de cadeia lateral hidrofóbica, alternadas
com sequências de aminoácidos nos quais as cadeias laterais são hidofílicas. As primeiras são
extensões da proteína que residem na bicamada lipídica, cujo cerne, como já se discutiu, é
hidrofóbico. As porções hidrofílicas localizam-se nos meios intra ou extracelular, hidrofílicos pela
presença da água. Os segmentos inseridos na bicamada, apesar de constituídos por aminoácidos de
cadeias laterais hidrofóbicas, contém as ligações peptídicas da cadeia e estas são hidrofílicas.
Portanto, a estrutura secundária mais estável para estes segmentos, enterrados em uma fase
hidrofóbica, é a de α hélice. Nesta as carboxilas formam, na estrutura, pontes de H, enquanto que
as superfícies voltadas para o exterior, são hdrofóbicas. No diapositivo 28 está desenhada a
estrtura 3 D da proteína formadora de um canal para K+ . A estrutura tetramérica foi determinada
por difração de raio X, de cristais da proteína.

Dois aspectos referentes a proteínas de membrana merecem comentários, pela implicações


funcionais. Certos aminoácidos podem glicosilados (diapositivo 29), por exemplo asparagina e
aspartato. Nas proteínas, estes aminoácidos estão nas regiões extracelulares da proteína. Outro
fato de relevo é a deriva das proteínas na matriz da membrana. Embora as proteínas sejam
moléculas grandes, o fato de a bicamada lipídica ser um líquido bidimensional, as proteínas podem
navegar no plano da membrana, distribuindo-se aleatoriamente. Proteínas que devem ficar restritas
a um domínio da célula – por exemplo, receptores de sinapses – devem ser ancorados ao
citoesqueleto (diapositivo 29)

EPITÉLIOS

Nas organizações pluricelulares dos sere vivos, volumes do meio externo, contínuos de fato
com o meio externo, são interiorizados na estrutura do organismo. São exemplos, o lúmen do trato
gastrintestinal, a luz da árvore respitória, desde a traqueia até os alvéolos e a luz dos nefros,
iniciando-se no glomérulo e estendendo-se pelos ureteres até a bexiga e desta, pela uretra, até o
meio externo. Estes volumes de espaço externo são separados do meio extracelular, plasma e
interstício, por epitélio, estruturas celulares, organizadas em monocamadas, pelas quais se dão as
transferências de matéria. As células epiteliais interligam-se fisicamente no bordo mais próximo ao
meio externo por junções firmes (“tight junction”). Estas junções delimitam um bordo apical e um
bordo basolateral, domínios de membrana na células nos quais diferentes sistemas transportadores
existem (diapositivos 32 e 33). O equipamento bioquímico diferenciado para o transporte, nos dois
domínios, permtirá à célula realizar transporte de solutos e de água no sentido da absorção, na maior

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parte dos epitélios, ou da secreção em outros. As células epiteliais estão assentadas na membrana
basal, acelular, e imediatamente próximas da rede capilar.

ENDOTÉLIOS

São as estruturas celulares que, assentadas na membrana basal, delimitm o compartimento


plasmático, separando-o do compartimento intersticial. Conforme o tecido, varia a estrutura dos
endotélios. Há os contínuos em que a permeação dos solutos, para dentro ou para fora do capilar, dá-
se por difusão pela célula endotelial ou pelo espaço entre elas. Os fenestrados, em territórios onde
a permeabilidade é maior, exibem descontinuidade na celular mas estas estão obstruídas por um
diafragma. Finalmente, há os sinusoides, característicos do parênquima hepáticos, em que há reais
descontinuidades na célula epitelial, pelas quais se intrometem células hepáticas, e que permitem a
travessia entre plasma e interstício de moléculas volumosas, como proteínas.

O diâmtro dos capilares é reduzido, de 5 a 10 μm. Por eles as células sanguíneas passam em
filas e o plasma em pequenos volumes entre elas.

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