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Apresentação
Já observou que estamos cercados de narrativas o dia todo e todos os dias? Lembre-se do café
da manhã, em casa, no
restaurante, na padaria perto do trabalho... Há sempre uma pessoa que
nos conta uma história. Mas concorda que nem
todas as narrativas nos prendem a atenção? Por
que será?
Nesta aula, você conhecerá uma disciplina que poderá responder a esse porquê: Narrativas
midiáticas. Nela, você terá a
chance de estudar conteúdos que auxiliarão em sua formação
profissional e que contribuirão para a compreensão de
assuntos discutidos em outras
disciplinas do curso.
Para isso, nesta primeira aula, reconheceremos a narrativa como um gênero discursivo com
características próprias,
estabelecendo relações entre a Poética de Aristóteles, os gêneros
narrativos, a teoria desenvolvida pelo Formalismo Russo
(o trabalho de Vladimir Propp) e a
proposta de Campbell para se analisar e produzir uma narrativa de sucesso.
Objetivos
Analisar A poética de Aristóteles como teoria básica para entender
os gêneros narrativos;
E
conheça, por fim, este
texto publicado no jornal Folha de São Paulo em 14 de abril de 2019.
Você deve ter verificado características em comum entre eles. Vejamos quais são:
Existência de personagens ou “Eduardo e Mônica; ele ou ela; Bibi Andersson;”
participantes
Fatos em sequência “Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer/E decidiu trabalhar;”
Marcadores temporais “um dia; de repente; no mesmo mês; neste domingo; quando tinha apenas 15 anos de
idade;
em 1963.”
Textos em terceira pessoa Ele aprendeu a beber”; “O tiro veio por trás”;
“Ela recebeu vários prêmios.”
Narrativa em Eduardo e Mônica
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Narrativa em Eduardo e Mônica
Temos dois participantes (personagens) responsáveis pelas ações: Eduardo e Mônica. Os dois
envolvem-se em um
encadeamento de eventos que os leva, primeiro, a se conhecerem; depois,
namorarem; até que casam e têm filhos. Ao
lermos “Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem
querer”, temos aí o evento desencadeador das sequências de
ações posteriores. Depois, um
segundo evento garante a continuidade da história: “E mesmo com tudo diferente, veio
mesmo,
de repente / Uma vontade de se ver”.
Mas aí você pergunta: e o texto da Cíntia Moskovitch? Se o texto tem apenas duas linhas,
poderia ser considerado uma
narrativa? Pode sim. O importante é que a autora conseguiu, com
apenas 10 vocábulos, sugerir a ideia de uma
sequência de ações (“Uma vida inteira pela
frente”) e provocou uma quebra nessa sequência (um evento que promoveu
uma mudança: neste
caso, para o infortúnio do agente das ações). Afinal, o “tiro veio por trás”.
Portanto, tamanho não importa. Ou seja, o que faz com que um texto seja uma narrativa é sua
função comunicativa, é
seu objetivo: contar uma história.
Mas sabia que essa discussão sobre narrativa é bem mais antiga? Ela começa com o filósofo
Aristóteles, na Grécia.
A poética de Aristóteles
Além de apresentar essa estrutura para narrativas, Aristóteles desenvolveu os conceitos de mímesis, mito e catarse
1 ,
estabelecendo relação entre esses conceitos e três gêneros narrativos:
tragédia, epopeia e comédia.
Segundo o filósofo, “o que distingue a tragédia da comédia: uma se propõe imitar os homens,
representando-os piores; a outra
os torna melhores do que são na realidade”. (ARISTÓTELES,
1999)
Análise da narrativa de Os Lusíadas.
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Análise da narrativa de Os Lusíadas.
Escrito pelo português Luís de Camões, seu texto foi publicado em 1572. Para redigir sua
narrativa, Camões escolheu a
epopeia – o mesmo gênero da Ilíada, obra de Homero.
Depois dessa introdução, no capítulo A armadilha de Baco, teremos o nó: “Do seu trono
brilhante, Baco, vendo que os
Lusitanos despertaram o ódio do regedor, forja um plano
traiçoeiro para que eles fossem destruídos. Ele não se
conformava”. (CAMÕES, 2019)
Fonte: Por ledokolua / Shuttestock.
O texto literário deveria ser analisado por ele mesmo e em si mesmo, desconsiderando seus
fatores externos, embora possa se
reconhecer o contexto imediato em que ele estava inserido.
Um nome que se destacou nessa escola foi Vladimir Propp.
31 funções narrativas
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31 funções narrativas
Propp analisou comparativamente 600 contos populares russos, a partir dos quais identificou
31 funções ou
sintagmas narrativos – sequências narrativas em uma ordem invariável:
Você consegue se lembrar de alguma narrativa que tenha essas etapas, esses sintagmas? A lista
de narrativas que
segue essa proposta de estruturação é considerável, principalmente se ela
for semelhante a dois tipos de conto: os de
fadas e os fantásticos.
Exemplo
Em 1949, Joseph Campbell publicou seu livro O herói de mil faces. Com base no
pensamento de Carl Jung – para o qual o
homem deveria ser analisado em sua integridade e
vida em comunidade, nunca isolado do contexto sociocultural e universal –,
o autor propôs um
modelo de análise de narrativa que combinava os conceitos da psicanálise moderna com os
arquétipos
mitológicos de culturas espalhadas por todo o globo terrestre: a jornada do
herói ou Monomito.
Saiba mais
Este vídeo
nos esclarece o modelo proposto por Campbell.
Outras correntes também surgiram baseadas nas ideias de Umberto Eco e Paul Ricouer. Elas
garantiram a inclusão de textos
não ficcionais, como os escritos jornalísticos.
Últimas palavras
Que tal agora você tentar aplicar o modelo proposto por Campbell ao documentário O sal da
terra. Neste filme, Wim Wenders
nos conta a trajetória de Sebastião Salgado, um
renomado fotógrafo brasileiro.
Saiba mais
1. Mundo comum
2. O chamado da aventura;
3. A recusa do chamado;
4. O encontro com o mentor (ou ajuda sobrenatural);
5. A travessia do primeiro limiar;
6. O ventre da baleia (testes, aliados e inimigos);
7. A aproximação da caverna oculta;
8. A provação suprema;
9. A recompensa;
10. O caminho de volta;
11. A ressurreição;
12. O retorno com o elixir (todas as tramas são resolvidas).
Leia o texto que nos revela a semelhança entre a trajetória de um herói no mundo real e sua
trajetória no mundo ficcional.
Atenção! Aqui existe uma
videoaula, acesso pelo conteúdo online
Semelhança entre a trajetória de um herói no mundo real e
sua trajetória no mundo ficcional
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Agora pense sobre você mesmo: como foi sua trajetória até chegar aqui? Em que momento de sua
jornada você
acredita estar? Lembre-se de que você é o herói de sua história. Todo herói é
recompensado no fim.
Atividade
1. Considerando A poética, de Aristóteles, avalie as
seguintes asserções e a relação proposta entre elas.
porque
II. Estes contos apresentam em sua organização estrutural apenas duas etapas: introdução
da tensão e desfecho.
a. Imagens de homens superiores a nós, representados de forma mais bela. ( digite a resposta )
c. É imitação dos assuntos sérios, mas sem empregar um só metro simples ou forma
negativa. ( digite a resposta )
a) I e II
b) II e IIII
c) I e IV
d) I, II e IV
e) II, III e IV
4. Sob influência da psicanálise de Jung, Joseph Campbell
propôs um modelo de análise de narrativa que combinava os
conceitos da psicanálise
moderna com os arquétipos mitológicos de culturas espalhadas por todo o globo terrestre:
a jornada
do herói ou Monomito.
5. Assista à animação Alike, de Daniel Martínez Lara e Rafa Cano Méndez. Em seguida,
identifique as seguintes fases da
jornada do herói proposta por Joseph Campbell:
a. Mundo comum
b. Chamado da aventura
c. Ventre da baleia
d. Retorno com o elixir
Notas
Referências
Mímesis, mito e catarse 1
Mímesis:
____. Imitação
A jornada (representação
do herói (dublado). espelhada
Disponível da
em:realidade). Para Aristóteles, a
poética (narrativa) seria uma das
https://www.youtube.com/watch?v=Stdko2NIUNI.
Acesso em:artes de 2019.
27 maio
imitação da realidade.
____. PedigreeA- imitação
Mito (fábula): first daysde
out.
uma24 ação.
abr. 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7KIYoe16q9Q.
Acesso em: 27
maio 2019.
Catarse: Purgação das emoções.
Fonte: (ARISTÓTELES,A1999)
ARISTÓTELES. poética. São Paulo: Nova Cultural Ltda., 1999.
FOLHA DE SÃO PAULO. Morre atriz sueca Bibi Andersson, musa de Ingmar Bergman. 14
abr. 2019. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/04/morre-atriz-sueca-bibi-andersson-musa-de-ingmar-bergman.shtml.
Acesso
em: 27 maio 2019.
LARA, D. M.; MÉNDEZ, R. C. Alike. In: CGMeetup. 8 jan. 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PDHIyrfMl_U.
Acesso em: 27 maio 2019.
Próxima aula
Elementos da narrativa;
Leia os textos:
Cíntia
Moscovich: biografia;
Os
gêneros do discurso;
Sobre
os gêneros textuais.