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Apresentação
Em nossa segunda aula, identificamos as características que fazem com que um texto seja
considerado uma narrativa.
Além disso, descrevemos os elementos que fazem parte de uma
narrativa. Estabelecemos ainda relações entre narrativas
literárias e midiáticas.
Nesta aula, falaremos sobre cinema e sua relação com outros gêneros narrativos.
Objetivos
Examinar a teoria de classificação da narrativa proposta por
Aristóteles;
O trabalho desse filósofo foi além dessa caracterização da narrativa: ele apresentou uma
proposta de classificação de
narrativas, nomeando-as por gênero, considerando três aspectos:
Meio Objeto
Diz respeito à linguagem, através do ritmo, do canto e dos Refere àquilo que é imitado do mundo.
versos.
Modo
Refere-se a como o texto será apresentado.
A tragédia
Tem origem nos contos dionisíacos e no conto do
bode (sacrificado a Dionísio).
Vídeo
O filme Poderosa
Afrodite, do diretor Woody Allen, traz uma cena em que a
tragédia é representada.
Elementos da tragédia
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Jocasta se mata;
Oh! Ai de mim! Tudo está claro! Ó luz, que eu te veja pela derradeira vez! Todos sabem:
tudo me era interdito: ser filho de
quem sou, casar-me com quem me caseie e eu matei
aquele
a quem eu não poderia matar!
Ai de mim! Receio que tenha proferido uma tremenda maldição contra mim mesmo, sem o saber!
Originou-se na Sicília.
Vídeo
Vídeo
Pertencem a esses gêneros os poemas que extravasam as emoções íntimas pela expressão verbal
rítmica e melodiosa. O valor
de uma poesia lírica está não apenas em sua capacidade de
expressar as emoções, mas também em despertá-las.
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O eu lírico, a voz que expressa suas A subjetividade, que é a marca do
emoções no poema, um eu poético, lirismo. É a poesia da primeira pessoa e
inventado, que não se
confunde com o no tempo presente.
poeta(autor).
Exemplo
Leia a letra da música de Esse cara, de Caetano Veloso:
Com seus
olhinhos infantis
Eu estou
pra o que der e vier
Ele
é quem
quer
Ele é o homem
A proposta de Bakhtin
Para Mikhail Bakhtin, a comunicação deve ser definida a partir da ideia de interação entre
sujeitos, ou seja, um agir sobre o
outro (o sujeito), num processo dialógico. Sendo assim, a
linguagem seria também uma ação verbal (ou não verbal) com o fim
de provocar no outro uma
reação.
Essa perspectiva amplia a teoria da comunicação baseada no envio e recepção da mensagem, pois
passa-se a considerar todo
o contexto em que a comunicação acontece: quem participa do
processo (os sujeitos), quando acontece a interação, onde, em
que sociedade, com que
objetivos.
Sob essa perspectiva, a situação de interação definirá como se dará esse processo
comunicacional: determinando o que dizer
e como dizer.
Gênero do discurso
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De acordo com o teórico, os gêneros discursivos (ou textuais) podem ser definidos como tipos
de enunciados,
relativamente estáveis e normativos, que estão vinculados a situações típicas
da comunicação social.
Sendo assim, os gêneros também são formas de ação: na interação, eles funcionam como
índices de referência para a
construção dos enunciados, pois balizam o autor no processo
discursivo, e como horizonte de expectativas para o
interlocutor, no processo de
compreensão e interpretação do enunciado (a construção da reação-resposta ativa).
(BAKHTIN, 2011)
Ou seja, os gêneros são os textos propriamente ditos que produzimos a cada nova situação de
comunicação. Esses
textos possuem características de composição e função comunicativas que
se estabelecem social e historicamente.
Pense assim: antes da tecnologia da escrita, o gênero carta não existia, pois o homem só
produzia textos orais. Com o
advento da internet, o gênero carta passa por uma adaptação e
surge o e-mail pessoal.
Talvez, daqui a uma década, a carta nem exista mais, dados os avanços tecnológicos na área da
comunicação e a
necessidade que temos de interagir de forma rápida.
Portanto, os gêneros textuais (ou discursivos) são enunciados mutáveis e plásticos, ou seja,
conforme as
necessidades sociais, esses textos mudam e se moldam às diversas situações de
comunicação.
Imagine o gênero aula: apesar de se caracterizar, de forma geral, por ter como objetivo a
exposição de determinado
tema acadêmico, podemos afirmar que esse gênero se adapta às mais
diversas situações de comunicação que
exigem a produção dele.
Ou seja, uma aula sobre língua portuguesa será diferente de uma cujo tema seja reprodução
humana. Então, como
apresentar uma classificação para os gêneros textuais? Quais critérios
podemos usar para essa classificação?
Com base na teoria de Bakhtin, podemos apresentar os seguintes aspectos para a classificação
dos gêneros textuais:
3. Estilo, a
linguagem usada - os recursos linguísticos ou visuais.
Os gêneros do cinema
Qual foi o último filme a que você assistiu? Você classificaria esse filme como sendo de que
gênero? Que critério(s) usou para
classificar o gênero?
Comentário
Vídeo
Claro que as pessoas não saem mais correndo, mas ainda hoje o cinema é capaz de
provocar os mais diversos efeitos de
sentido nos espectadores, graças à linguagem que o
caracteriza: a imagem que imita a realidade de forma espelhada, mesmo
que seja uma realidade
inventada.
Para garantir esse envolvimento do público, o cinema lança mão de adaptações de livros,
histórias do cotidiano, quadrinhos,
séries de TV, videogames, peças de teatro... Tudo que
implique em uma narrativa que pode ser transformado em filme.
Exemplo
Leia o conto
que deu origem à película e compare com ela.
Gêneros do cinema
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Ação: caracteriza-se por privilegiar estrelas famosas; sofisticados efeitos
especiais;
cenários suntuosos, exóticos ou
grandiosos (já assistiu a algum filme da personagem 007?);
cenas e sequências de intensa ação.
Trata-se de um gênero que nos permite viajar ao passado, atravessar épocas e continentes,
descobrir lugares
puramente imaginários – lembra-se do filme História sem fim?
Ficção científica: toda ficção criada neste gênero deve tomar como
inalienáveis as premissas
do conhecimento
científico vigente ou expectável acerca de um determinado fato ou fenômeno.
Podemos considerar ficção científica todo relato que discorre sobre mundos e acontecimentos
possíveis a partir de
hipóteses logicamente verossímeis — você viu o filme Mad Max –
estrada
da fúria?
Além disso, o lado sombrio das personagens torna-se, ironicamente, através do jogo de
penumbras, o seu lado mais
exposto e, paradoxalmente, transparente; como responsável
principal da trama, encontramos a femme fatale, sensual e
impecavelmente vestida —
viu o
clássico A dama de Shanghai?
Há uma geração nova desse gênero (neo noir), como o cinema dos irmãos Cohen (Onde os
fracos
não têm vez).
A música não se sobrepõe à trama a partir do seu exterior, mas surge a partir da própria
vivência das personagens e
determina os seus comportamentos — lembra-se do musical Mama
Mia?
A corrida contra o tempo e a deriva labiríntica desenham um gênero de jogo mental que é
proposto ao protagonista —
claro que temos que mencionar o nome Alfred Hitchcock, pai deste
gênero, e, atualmente, Jordan Peele.
Temos o cavaleiro solitário rumo ao pôr do sol, as roupas de vaqueiro ou a farda do exército,
as botas pontiagudas e o
lenço no pescoço, o chapéu branco ou preto, símbolos do bem e do
mal, as pistolas e os cantis, a indumentária e
maquiagem características das tribos
indígenas, dos seus gritos de guerra e das suas armas, o arco e a flecha.
Estes são alguns dos gêneros que o cinema criou ao longo de sua história, considerando os
seguintes critérios para
classificá-los:
• Iconografia: uso de ícones semelhantes — objetos, atores, atrizes, cenários; uso de certos
tipos de
linguagem e terminologia;
Agora, reveja as suas respostas às questões que lhe propomos quando iniciamos nossa conversa
sobre gêneros do cinema.
Percebeu que os critérios apontados por você coincidem com os
critérios aqui apresentados?
Atenção
Talvez você tenha usado outro nome para classificar o gênero, pois o cinema
criou subgêneros: épico, road movie (Apocalypse
now), guerra, catástrofe, capa e
espada (Os
três mosqueteiros), artes marciais (O tigre e o dragão), gangster film,
teen movies
(As
vantagens de ser invisível), blockbuster (Planeta dos Macacos), remake
(Psycho), pastiche
(cinema de Brian de Palma, cuja
influência é o mestre Hitchcock), filme coletivo (o cinema
dos Irmãos Cohen), entre outros tantos.
Atividade
1. Complete as lacunas, utilizando as palavras adequadas
retiradas do quadro abaixo:
a) meio - fábula -
objeto
b) objeto - fala -
drama
c) modo - meio -
fábula
d) meio
- objeto - modo
e) fábula - drama -
modo
Tragédia 1
Comédia 2
Epopeia 3
Poesia lírica 4
Drama 5
a) Propõe-se a imitar os homens, representando-os piores. d) Fascina as plateias por causa das peripécias e do
reconhecimento.
a) I
b) II, III
c) I, II e
IV
d) III e IV
e) I,
II, III e IV
a) Nota de
jornal
b) Notícia
c)
Classificado de jornal
d) Aviso
e) Bilhete
PORQUE
a) As asserções I e
II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
b) As
asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da
I.
c) A asserção I é
uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é
uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e
II são proposições falsas.
Notas
Dionísio 1
Deus do vinho e da alegria. O teatro grego tem origem nas festas dionisíacas, quando eram
encenadas tragédias e sátiras.
Durante as encenações, usavam-se máscaras para representar os
personagens.
Peripécias 1
Referências
BAHIANA, Ana Maria. Como ver um filme. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad.: Paulo Bezerra. São Paulo:
Martins Fontes,
2011.
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