FONTES DO DIREITO DO TRABALHO ➢A doutrina não é uníssona quanto ao conceito de fontes, pois não há conceito exato para fontes do Direito do Trabalho, já que há quem diga que as fontes seriam a pedra fundamental de todos os estudos jurídicos, ou seja, a própria origem do direito, o lugar donde provém.
➢ Alguns entendem que fontes constituem o fundamento para que a norma
jurídica possa ser considerada válida. Outros estudam as fontes sob o aspecto da exteriorização do direito. ➢Diante disso tudo, não há como negar que as regras do direito saem da convivência humana, da necessidade do homem de um disciplinamento jurídico dessa convivência.
➢Para Ricardo Resende as fontes tem sua importância ligada à exigibilidade de
determinada conduta por parte dos indivíduos, em virtude da existência de um comando normativo.
➢Devido a isso, como regra geral, a doutrina majoritária prefere por
CLASSIFICAR as fontes e não CONCEITUÁ-LAS. CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES ➢Primárias e secundárias; ➢Imediatas e mediatas; ➢Formais e materiais.
➢Carlos Henrique Bezerra Leite classifica como Materiais e Formais, estas se
dividem em Diretas, Indiretas e De Explicitação.
➢Mauricio Godinho Delgado também classifica como Formais e Materiais.
FONTES MATERIAIS ➢São as fontes potenciais do Direito e compreendem o conjunto de fenômenos sociais, políticos, econômicos, religiosos, ou seja, a necessidade de harmonização da conduta humana.
➢No que concerne ao direito do trabalho, as fontes materiais estão atadas aos fatos políticos, econômicos e sociais trabalhistas.
➢Sob a perspectiva econômica, estão, regra geral, atadas à existência e
evolução do sistema capitalista. ➢Sob a perspectiva sociológica, fontes dizem respeito aos distintos processos de agregação de trabalhadores assalariados, em função do sistema econômico, nas empresas, cidades e regiões do mundo ocidental contemporâneo.
➢Sob o ponto de vista político, dizem respeito aos movimentos sociais
organizados pelos trabalhadores, de nítido caráter reivindicatório, como o movimento sindical, no plano das empresas e mercado econômico, e os partidos e movimentos políticos operários, reformistas ou de esquerda, atuando mais amplamente no plano da sociedade civil e do Estado. ➢Sob o ponto de vista filosófico, correspondem às ideias e correntes de pensamento que, articuladamente entre si ou não, influíram na construção e mudança do Direito do Trabalho. FONTES FORMAIS ➢Exteriorização final das normas jurídicas.
➢Os mecanismos e modalidades mediante os quais o Direito transparece e se
manifesta.
➢Meios de revelação e transparência da norma jurídica.
➢Segundo Maurício Godinho Delgado, as fontes formais são “os mecanismos
exteriores e estilizados pelos quais as normas ingressam, instauram-se e cristalizam-se na ordem jurídica.” ➢Há uma discussão teórica relevante acerca do estuário das fontes jurídicas formais: discute-se sobre a unidade ou pluralidade dos núcleos de produção das fontes formais do Direito.
➢ Duas teorias principais tratam do tema: a monista e a pluralista.
➢A teoria monista, de filiação positivista, capitaneada por Hans Kelsen, sustenta
que as fontes formais do Direito derivam de um único centro de positivação, o Estado, caracterizado como o único dotado de coerção/sanção. ➢Já a teoria pluralista não considera válida a tese do exclusivismo estatal, sustentando a clara existência de distintos centros de positivação jurídica ao longo da sociedade civil, como o demonstram, ilustrativamente, o costume e os instrumentos jurídicos da negociação coletiva trabalhista (contrato coletivo, convenção coletiva ou acordo coletivo do trabalho).
➢Para a vertente pluralista, a circunstância de se reconhecer no Estado o centro
hegemônico de positivação jurídica não impede a percepção da nítida convivência, no âmbito societário, de outros núcleos de produção de fontes formais do Direito.
➢Se subdividem em fontes formais heterônomas e fontes formais autônomas.
FONTES FORMAIS HETERÔNOMAS ➢Seriam as normas cuja produção não se caracteriza pela imediata participação dos destinatários principais das normas regras jurídicas.
➢São provenientes de terceiro estranho à relação de emprego, geralmente o
Estado, ou do empregador, unilateralmente.
➢Ou seja, são em geral as normas de direta origem estatal.
Internacionais, Sentença Normativa, Sentença Arbitral, Súmula Vinculante, Jurisprudência e outros diplomas produzidos no âmbito do aparelho do Estado. FONTES FORMAIS AUTÔNOMAS ➢ Seriam as normas cuja produção caracteriza-se pela imediata participação dos destinatários principais das normas produzidas.
➢São oriundas dos próprios interlocutores sociais, isto é, sem a interferência de
um terceiro ou Estado.
➢Ou seja, são em geral as normas originárias de segmentos ou organizações da
sociedade civil. ➢Consubstanciam um autodisciplinamento das condições de vida e trabalho pelos próprios interessados, tendendo a traduzir um processo crescente de democratização das relações de poder existentes na sociedade.
de Trabalho, Regulamentos de Empresas, Costumes, Mediação e Conciliação. HIERARQUIA ENTRE AS FONTES JUSTRABALHISTAS ➢ Hierarquia traduz ordem, gradação, organização segundo um critério. Hierarquizar significa colocar determinados elementos em ordem sequencial, em vista de um critério preestabelecido.
➢ No Direito, o tema da hierarquia das normas jurídicas consiste em se
apreender a precisa ordem e gradação entre as normas jurídicas.
➢ A hierarquia fixa-se pela extensão da eficácia e intensidade normativa do
diploma. ➢A pirâmide de hierarquia normativa apresenta-se com a seguinte disposição: Constituição, no vértice da pirâmide, acompanhada de emendas à Constituição. Em seguida, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias. Em seguida, decretos (regulamento normativo) e, sucessivamente, diplomas dotados de menor extensão de eficácia e mais tênue intensidade normativa.
➢Não é esse o critério hierárquico preponderante no Direito do Trabalho.
➢ No ramo justrabalhista não se deve, em princípio, falar em hierarquia de diplomas normativos (lei em sentido material), mas em hierarquia de normas jurídicas (heterônomas e autônomas). Em segundo lugar, o critério informador da pirâmide hierárquica justrabalhista é distinto do rígido e inflexível imperante no Direito Comum.
➢O critério normativo hierárquico vigorante no Direito do Trabalho opera
da seguinte maneira: a pirâmide normativa constrói-se de modo plástico e variável, elegendo para seu vértice dominante a norma que mais se aproxime do caráter teleológico do ramo justrabalhista. ➢ Ou seja, no Direito do Trabalho, prevalecerá, tendencialmente, na pirâmide hierárquica, aquela norma que melhor expresse e responda a esse objetivo teleológico central justrabalhista. Assim, aplicar-se-á ao caso concreto a norma mais favorável ao trabalhador.
➢O vértice da pirâmide normativa, variável e mutável — ainda que apreendido
segundo um critério permanente —, não será a Constituição Federal ou a lei federal necessariamente, mas a norma mais favorável ao trabalhador. A LEI Nº 13.467/2017 E A HIERARQUIA NORMATIVA TRABALHISTA ➢ A Lei da Reforma Trabalhista (n. 13.467), vigente desde 11.11.2017, inseriu na CLT dispositivos que, lidos em sua literalidade, parecem conduzir a uma atenuação significativa do princípio da norma mais favorável no Direito do Trabalho do País. Trata-se, em especial, de: novo § 3º do art. 8º da CLT; novo art. 611-A, caput, incisos I a XV, e § 1º, da CLT; novo art. 611-B, caput, incisos I a XXX e parágrafo único, da CLT; novo texto do art. 620 da CLT.
➢Os novos preceitos celetistas, tratando da negociação coletiva trabalhista e
de seus instrumentos próprios (CCTs e ACTs), parecem estipular margem ampla às regras negociadas coletivamente sobre as regras legais, ressalvadas as restrições contidas no art. 611-B. FIM
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