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Colégio de Cirurgia Geral

Abscesso hepático

Adalberto Boca, Residente em Cirurgia


24 de Junho de 2021
CONTEÚDO DE APRESENTAÇÃO

• Introdução
• Dados históricos
• Abscesso piogénico
• Abscesso amebiano
• Bibliografia
INTRODUÇÃO

O abscesso hepático se define como uma coleção de material supurativo


dentro do parênquima hepático, causada pela invasão e multiplicação de
microrganismos.

Sua etiologia pode ser:


Bacteriana
Parasitaria
Mista
Fúngica
HISTÓRIA

• Hipócrates: descrição do primeiro caso de abscesso hepático.

• Galeno: acredita na relação entre alterações intestinais e o abscesso


hepático.

• Koch (1886): relação entre disenteria e com abscesso hepático.

• Esteban Kartulis (1887): demostrou a presença de amebas em


pacientes com abscesso hepático.
HISTÓRIA

• Oschner (1938): descreve a fisiopatologia do abscesso hepático.

• McFadean (1953): descreveu a drenagem e antibióticos para o


manejo de abscessos solitários.

• 1980: Realização da punção guiada.


.
ABSCESSO PIOGÉNICO
EPIDEMIOLOGIA
ETIOLOGIA

• Patologia biliar
• Patologia intestinal
• Extensão/contiguidade
• Trauma
• Iatrogénica
• Patologia sistémica
• Criptógenica
ETIOLOGIA

Frequência das vias de infeção nos abscessos hepáticos

Vias de infeção Frequência (%)


Arvore biliar 40-50
Veia porta 5-15
Artéria hepática 5-10
Extensão directa 5-10
Traumatismo 0-5
Criptogênica 20-40
ETIOLOGIA
ETIOLOGIA

Microbiologia dos abscessos hepáticos


Tipo de Frequente (>10%) Pouco frequente(1-10%)
microrganismo
Escherichia coli, Klebsiela Pseudomonas, Proteus,
Gram negativos spp, Citrobater, Seratia

Gram positivos Streptecoccus Staphylococcus aeureus,


Bacteriodes spp Fusobaterium
Anaeróbios Cloristidium spp
Lactobacilos
NB: 40 a 60% os abscessos hepáticos são polimicrobianos
PATOLOGIA
A fonte do abscesso é previsível na base do número, localização e tamanho.

Grandes e solitários Bilateral


Portal Arterial
Traumático Biliar
Criptogênico

Múltiplos e pequenos Lóbulo direito


Biliar Intra-abdominal
63% lóbulo direito
14% lóbulo esquerdo
22% bilobar
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
DIAGNÓSTICO
Laboratorial
• Leucocitose com neutrofilia • Hiperbirilubinemia (50%)
(68%)
• Elevação do AST (45%)
• Elevação da VSG e PCR (90-
100%)
• Hemocultivos positivos (50%)

• Elevação da fosfatase alcalina


(70-90%)
DIAGNÓSTICO
Radiografia simples do abdómen
DIAGNÓSTICO

Ecografia abdominal
TRATAMENTO

• Punção + cultivo e antibiograma

• Drenagem percutânea e antibioterapia

• Drenagem cirúrgica e antibioterapia


TRATAMENTO
Antibioterapia
Tipo de tratamento Fármacos
Monoterapia
Combinação de betalactamicos e Ampiclina/Sulbactam
inibidores de betalactamases Piperalicina/tazobactam
Carbapenêmicos Imiipenem, ertapenem, neropenem
Tratamento combinado
Baseado em cefalosporinas Cefalosporinas de 3ª geração ou 4ª geração
(Ceftriaxona + cefotaxima, cefotzdima) +
Metronidazol
Baseado em fluroquinolonas Fluroquinolona (Cirprofloxacino
Levofloxacino) + Metronidazol
Tempo de duração recomendado
3 semanas IV + 1–2 meses VO
2–3 semanas IV + 1–2 semanas VO
TRATAMENTO
Drenagem percutânea
Drenagem percutânea
ABSCESSO AMEBIANO
EPIDEMIOLOGIA
• Manifestação extraintestinal mais frequente da amebíase

• Países tropicais e áreas endémicas

• Afeta 10% da população mundial, aproximadamente 50 milhões de


pessoas por ano

• Uma das principais causas de mortalidade por parasitoses nos países


subdesenvolvidos
EPIDEMIOLOGIA

• Ocorre em 3 a 10% dos pacientes com amebíase

• Relação homem/mulher de 10:1

• Idade media: 18-50 anos

• Localização principal: lóbulo direito


FACTORES DE RISCO

• Residir em países subdesenvolvidos

• Pobreza

• Condições socio-sanitárias deficitários

• Viagens a áreas endémicas

• Locais com superlotação


PATOGÉNESE
APRESENTAÇÃO CLÍNICA

• Pode ter apresentação aguda e crónica


• Antecedentes de amebíase intestinal em 1/3 dos casos

• Dor abdominal (92%) • Hepatomegalia (62%)


• Febre (90%) • Icterícia (22%)
• Escalafrios, mal estar geral, astenia • Manifestações pulmonares
• Perda de peso (39%) (derrame pleural)
• Anorexia (39%)
DIAGNÓSTICO

Laboratorial
• Leucocitose • Detenção de anticorpos antiamibas

• Anemia microcítica hipocrómico. • Aparecem entre 7° e 10° dia em 90 –


100% depois do inicio dos sintomas.
•Elevação d Fosfatasa Alcalina • Métodos:
- Hemaglutinação Indirecta
• Elevação de Bilirrubina, AST e
ALT - ELISA S 95% E 100% -
Electroinmunoforeses.
• Hipoalbuminemia. - Inmunodifusão
DIAGNÓSTICO

Imagiológico
• Radiografia simples do
abdómen

• Ecografia abdominal
COMPLICAÇÕES

• Sobreinfeção

• Roptura intraperitoneal

• Extensão pleuropulmonar

• Pericardites e tamponamento cardíaco



• Extensão aos outros órgãos

• Disseminação hemática.
TRATAMENTO

Farmacológico
• Resposta positva > 85% dos casos.
• Metronidazol: 7 – 10 dias - 750 mg 8/8h V.O ou 500 mg12/12 IV

• Tratamento contra a infeção luminal:


• Teclozan
• Iodoquinol
• Furoato de diloxanida
• Paromomicina.
TRATAMENTO

Punção diagnostica e terapêutica


• Critérios:
- Falha do tratamento médico: 3 – 5 dias
Febre
Dor persistente
- Tamanho > 5 cm ou risco de rotura iminente.
- Distancia entre o abscesso e o diafragma < 2.5 cm
- Duvida diagnóstica.
TRATAMENTO

Punção diagnostica e terapêutica

• Percutâneo • Cirúrgica
• Aspiração > 250 cc quando • Difícil acesso ao abscesso
se realiza la 1ª punção. pela drenagem percutânea

• Rotura intraperitoneal do
abscesso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• 1. Yagi O K, Speranzini M B, Deutsch, C R. Manual de Diagnóstico e Tratamento para o
Residente de Cirurgia. Editora Atheneu, volume 1. Brasil, 2010.
• 2. Ferraina P; Oria A. Cirugía de Michans. Editorial El Ateneo. 5ª edição. Argentina, 2008 .
Pag; 446-449.
• 3. Courtney M, Townsend R, Daniel B, B. M E, Kenneth L. Mattox S. Tratado de cirurgia.
A base biológica da prática cirúrgica moderna. 19ª edição. Elsevier Editora Ltd. Volume 1,
Brasil.
• 4. Tolosa EMC, Guimarães JS, Margarido NF, Lemos PCP. Técnica cirúrgica. Técnicas
anatómicas, fisiopatológicas e Técnicas da Cirurgia. 4ª edição, Atheneu Editora. São Paulo,
Brasil.
• 5. NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
• 6. The Evolving Nature of Hepatic Abscess: A reviem, J Clinical and Translation
Hepatology. 2016.
• 7. Solomkin JS. Diagnosis and management of complicated intra-abdominal infection in
adults and childrem: guidelines by the Surgical Infection Society and infection diseases
Society
25/06/2021of America, 2010. 34
Muito obrigado

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