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BIOMECÂNICA DO

MOVIMENTO INTEGRADO

Ft. esp. Elton Rojas Estival


O que é biomecânica

 "O estudo da estrutura e da função dos sistemas biológicos


utilizando métodos da mecânica".
 A Biomecânica externa estuda as forças físicas que agem sobre os
corpos enquanto a biomecânica interna estuda a mecânica e os
aspectos físicos e biofísicos das articulações, dos ossos e dos tecidos
histológicos do corpo
 Biomecânica ainda utiliza-se dos conhecimentos da Anatomia e da Fisiologia,
disciplinas que delimitam as características estruturais e funcionais do aparelho
locomotor humano.
 Configura-se desta forma, uma disciplina com forte característica multidisciplinar, cuja
meta central é a analise dos parâmetros físicos do movimento, em função das
características anatômicas e fisiológicas do corpo humano

Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, p.15-24,


dez. 2011
 De maneira didática podemos dividir a mecânica em estática (fatores associados com a
imobilidade ou quase imóveis), e em dinâmica (associada ao movimento). Por sua vez a
dinâmica pode ser dividida em cinética que estuda as forças que produzem o movimento e
cinemática, onde envolve aspectos de tempo, espaço e massa.
 Por fim a cinemática pode ser dividida em osteocinemática que são os movimentos de um
osso e relação ao outro (flexão/extenção; adução/abdução, rotação interna e externa e
circundução) e ainda em artrocinemática que estuda os movimentos das superfícies
articulares (deslizamento, rolamento, tração, compressão e torção).
ARTROCINEMÁTICA

 Estudo dos movimentos das articulações.


 Como já sabemos, sem as articulações, não existe movimento.
 É pela congruência entre os ossos que elas formam que os diversos e complexos movimentos
humanos são possíveis, e entender como eles ocorrem, em quais padrões, e quais são as
capacidades articulares, é fundamental para entender como nos movemos de forma fisiológica, e
para entender qualquer patologia do movimento que esteja relacionada às articulações.
Tipos de articulações
 Articulação fibrosa – Também chamada de sinartrose ou articulação imóvel, ela possui
pequena separação com tecido conjuntivo fibroso entre os ossos. Seu papel principal é
proporcionar a absorção de choque.
 A articulação fibrosa pode ser classificada em dois tipos: suturas e sindesmoses.
As suturas são aquelas articulações encontradas nos ossos do crânio. Já a sindesmose é
aquela encontrada entre a tíbia e a fíbula.

SUTURA
SINDESMOSE
 Articulação cartilaginosa – Também chamada de anfiartrose ou articulação semimóvel, ela
apresenta tecido cartilaginoso entre os ossos, que pode ser do tipo hialino ou fibroso.
Quando a cartilagem é hialina, a articulação recebe o nome de sincondrose e, quando a
cartilagem é fibrosa, recebe a denominação de sínfise. As articulações cartilaginosas são
encontradas nos ossos do quadril e entre as vértebras.

SINCONDROSE SÍNFISE
 SINOVIAIS
 A mobilidade exige livre deslizamento de uma superfície óssea contra outra, e isto é impossível
quando entre elas interpõe-se um meio de ligação, seja fibroso ou cartilaginoso. Para que haja o
grau desejável de movimento, em muitas articulações, o elemento que se interpõe às peças
que se articulam é um líquido denominado sinóvia ou líquido sinovial. Além da presença deste
líquido, as articulações sinoviais possuem três outras características básicas: cartilagem articular,
cápsula articular e cavidade articular.

 A cartilagem articular é a cartilagem do tipo hialina que reveste as superfícies em


contato numa determinada articulação (superfícies articulares), ou seja, a cartilagem
articular é a porção do osso que não foi invadida pela ossificação. Em virtude deste
revestimento as superfícies articulares se apresentam lisas, polidas e de cor
esbranquiçada, facilitando o deslizamento entre as superfícies ósseas.
 A cartilagem articular é avascular, ou seja, não possui irrigação sanguínea. Sua
nutrição, portanto, principalmente nas áreas mais centrais, é precária, o que torna a
regeneração, em caso de lesões, mais difícil e lenta. Não possui também inervação,
fato este que não permite a geração de dor quando há um desgaste dessa
cartilagem. A dor, neste caso, só aparece quando a cartilagem articular já foi
profundamente danificada e atingiu a parte óssea subcondral, que é inervada.
 A cápsula articular é uma membrana conjuntiva que envolve a articulação sinovial como um
manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana
sinovial (interna). A primeira é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos, por
ligamentos, destinados a aumentar sua resistência. Em muitas articulações sinoviais, todavia,
existem ligamentos independentes da cápsula articular e em algumas, como na do joelho,
aparecem também ligamentos intra-articulares.
 A cavidade articular é o espaço existente entre as superfícies articulares, estando preenchido
pelo líquido sinovial.
 Ligamentos e cápsula articular têm por finalidade
manter a união entre os ossos mas, além disto,
impedem movimentação em planos indesejáveis e
limitam a amplitude dos movimentos considerados
normais.

A membrana sinovial é a mais interna das camadas da


cápsula articular. É abundantemente vascularizada e
inervada, sendo encarregada da produção do líquido
sinovial, o qual tem consistência similar à clara do ovo e
tem por funções lubrificar e nutrir as cartilagens
articulares, além de reduzir o atrito durante a
movimentação. O volume de líquido sinovial presente em
uma articulação é mínimo, somente o suficiente para
revestir delgadamente as superfícies articulares e localiza-
se na cavidade articular.
 Além destas características, que são comuns a todas articulações sinoviais, em várias delas
encontram-se formações fibrocartilagíneas, interpostas às superfícies articulares, os discos e
meniscos, com função de servirem à melhor adaptação das superfícies que se articulam (tornando-
as congruentes) e serem estruturas destinadas a receber pressões, agindo como amortecedores.
Meniscos, com sua característica em forma de meia lua, são encontrados na articulação do joelho.
Discos são encontrados nas articulações esternoclavicular e temporomandibular.
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS
ARTICULAÇÕES SINOVIAIS

 O movimento nas articulações depende, essencialmente, da forma das superfícies que entram
em contato e dos meios de união que podem limitá-lo.
 Na dependência destes fatores as articulações podem realizar movimentos em torno de um, dois
ou três eixos. Este é o critério adotado para classificá-las funcionalmente.
 Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de um eixo, diz-se que é mono-axial
ou que possui um só grau de liberdade; será bi-axial a que os realiza em torno de dois eixos (dois
graus de liberdade); e tri-axial se eles forem realizados em torno de três eixos (três graus de
liberdade). Assim, as articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são
mono-axiais; aquelas que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a rádio-carpal
(articulação do punho), são bi-axiais; finalmente, as que além de flexão, extensão, abdução e
adução, permitem também a rotação, são ditas tri-axiais, cujos exemplos típicos são as articulações
do ombro e do quadril.
CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA
DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
 O critério de base para a classificação morfológica das articulações sinoviais é a forma das
superfícies articulares. Contudo, às vezes é difícil fazer esta correlação. Além disto, existem
divergências entre anatomistas quanto não só à classificação de determinadas articulações,
mas também quanto à denominação dos tipos. De acordo com a Terminologia Anatômica,
os tipos morfológicos de articulações sinoviais são:

PLANA: na qual as superfícies articulares são planas ou ligeiramente curvas,


permitindo deslizamento de uma superfície sobre a outra em qualquer direção. A
articulação acromioclavicular (entre o acrômio da escápula e a clavícula) é um
exemplo. Deslizamento existe em todas as articulações sinoviais, mas nas articulações
planas ele é discreto, fazendo com que a amplitude do movimento seja bastante
reduzida. Entretanto, deve-se ressaltar que pequenos deslizamentos entre vários ossos
articulados permitem apreciável variedade e amplitude de movimento. É isto que
ocorre, por exemplo, nas articulações entre os ossos curtos do carpo e do tarso.
• GÍNGLIMO: ou dobradiça, sendo que os nomes referem-se muito mais ao movimento (flexão e
extensão) que elas realizam do que à forma das superfícies articulares. A articulação do cotovelo é
um bom exemplo de gínglimo e a simples observação mostra como a superfície articular do úmero,
que entra em contato com a ulna, apresenta-se em forma de carretel (tróclea do úmero). Todavia,
as articulações entre as falanges também são do tipo gínglimo e nelas a forma das superfícies
articulares não se assemelha a um carretel. Este é um caso concreto em que o critério morfológico
não foi rigorosamente obedecido. Realizando apenas flexão e extensão, as articulações sinoviais do
tipo gínglimo são mono-axiais.
 TROCÓIDE: ou pivô, as superfícies articulares são segmentos de cilindro e, por esta razão,
cilindróides talvez fosse um termo mais apropriado para designá-las. Estas articulações
permitem rotação e seu eixo de movimento, único, é vertical: são mono-axiais. Um
exemplo típico é a articulação rádio-ulnar proximal (entre o rádio e a ulna) responsável
pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço. Na pronação ocorre uma
rotação medial do rádio e, na supinação, rotação lateral. Na posição de descrição
anatômica o antebraço está em supinação.
 CONDILAR: cujas superfícies articulares são de forma elíptica. Elipsóide seria talvez um
termo mais adequado. Estas articulações permitem flexão, extensão, abdução e adução,
mas não a rotação. Possuem dois eixos de movimento, sendo, portanto, bi-axiais. A
articulação rádio-carpal (ou do punho) é um exemplo. Outros são a articulações
temporomandibular (ATM) e metacarpofalangeanas.
 SELAR: na qual a superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de sela,
apresentando concavidade num sentido e convexidade em outro, e se encaixa numa
segunda peça onde convexidade e concavidade apresentam-se no sentido inverso da
primeira. A articulação carpo-metacárpica do polegar é exemplo típico. É interessante notar
que esta articulação permite flexão, extensão, abdução, adução e rotação
(conseqüentemente, também circundução) mas é classificada como bi-axial. O fato é
justificado porque a rotação isolada não pode ser realizada ativamente pelo polegar sendo só
possível com a combinação dos outros movimentos.

 ESFERÓIDE: apresenta superfícies articulares que são segmentos de esferas e se encaixam em


receptáculos ocos. O suporte de uma caneta de mesa, que pode ser movimentado em
qualquer direção, é um exemplo não anatômico de uma articulação esferóide. Este tipo de
articulação permite movimentos em torno de três eixos, sendo, portanto, tri-axial. Assim, as
articulações do ombro (entre o úmero e a escápula) e a do quadril (entre o osso do quadril e
o fêmur) permitem movimentos de flexão, extensão, adução, abdução, rotação e
circundução.
Classificação das Articulações Sinoviais Baseada na
Analogia Mecânica

DOBRADIÇA OU

OU CONDILAR
Qual a importância de estudar artrocinemática?

 A artrocinemática estuda a movimentação das superfícies articulares em


relação à direção do movimento da extremidade distal do osso
(osteocinemática).
 As articulações biológicas apresentam características bem peculiares, dentre
elas estão o baixo coeficiente de atrito, presença de sensibilidade e feedback
proprioceptivo, e respostas de crescimento dinâmico de uso, mas também às
complexidades mecânicas das articulações.
Movimentos encontrados na articulação

DESLIZAMENTO
 Rolamento: Durante o rolamento, um osso rola sobre o outro. Esse movimento possui algumas
características peculiares: as superfícies ósseas são incongruentes, e novos pontos de uma
superfície encontram novos pontos na superfície oposta.
 Deslizamento: Um osso desliza sobre o outro, só que dessa vez as superfícies articulares são
congruentes e o mesmo ponto em uma superfície faz contato com novos pontos na superfície
oposta. Diferentemente do rolamento, a superfície articular que se move influência a direção do
deslizamento, o que é chamado como regra convexo-côncava.

 Torção: Na torção, um osso gira sobre o outro, sendo que as superfícies articulares são
congruentes, e o mesmo ponto em uma superfície faz contato com um mesmo ponto na
superfície oposta.
Regra côncavo – convexo

 Quando a superfície articular que se move é convexa o deslizamento ocorre na direção


oposta à do movimento angular do osso.
 Quando a superfície que se move é côncava o deslizamento ocorre na mesma direção do
movimento angular do osso.
 As superfícies das articulações sinoviais apresentam certo grau de convexidade ou
concavidade. Nas superfícies aparentemente planas, a presença da cartilagem modifica
frequentemente os contornos, tal como acontece com a superfície da tíbia na articulação
do joelho.

FIXO
FIXO
 Tração: durante o movimento de tração as superfícies articulares afastam-se uma da outra
com as seguintes características:
 Ocorre separação das superfícies articulares quando são puxadas distalmente uma da outra.
 Pode ocorrer tração no eixo longitudinal do osso resultando em deslizamento caudal.
 Pode ocorrer tração em ângulo reto onde resulta na separação articular propriamente dita
• Compressão: Durante a compressão uma superfície articular
se aproxima uma da outra com as seguintes características:
 A compressão causa diminuição no espaço articular entre
as partes ósseas;
 Ocorre normalmente nos membros inferiores e na coluna
durante a sustentação do corpo;
 Ocorre compressão com a contração muscular gerando
estabilidade articular, impedindo lesões articulares;
 Com a compressão o líquido sinovial move-se para as
estruturas articulares avasculares nutrindo-as e lubrificando-
as;
 Cargas excessivas de compressão causam lesões
articulares, principalmente na cartilagem articular.

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