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O Círculo de Viena

A primeira grande escola de Epistemologia e Teoria da Ciência (Echeverría, p.


23)
O reflexo de crises e transformações sofridas por algumas disciplinas
científicas em finais do séc. XIX e princípios do séc. XX: por ex. o
aparecimento da geometria não-euclidiana, da teoria da relatividade e da
mecânica quântica. (op.cit., p. 17)
1905: Principia Mathematica (Bertrand Russel e Alfred North Whitehead)
1921: Tractatus Logico-Philosophicus (Ludwig Wittgenstein)
1922: cátedra de filosofia das ciências indutivas da Universidade de Viena
(Moritz Schlick)
1923: publicação do livro Der logische Aufbau der Welt (Rudolf Carnap)
O Círculo de Viena
Objectivo: a procura de bases sólidas das ciências empíricas na lógica e
na experiência.
A unificação da ciência.
A rejeição da metafísica (ausência de referentes empíricos e
estruturação deficiente do discurso metafísico).
Modelo: Matemática, Lógica, Física.
“Tal como as matemáticas haviam resolvido os seus problemas teóricos
encontrando uma fundamentação lógica e uma metodologia
axiomática, também as ciências empíricas deveriam descobrir bases
sólidas na lógica e na experiência.” (Echeverría, p. 23)
O Círculo de Viena
Elementos de uma metodologia geral das ciências empíricas:
O ponto de partida: enunciados empíricos atómicos, estritamente observacionais.
(Echeverría, p. 26)
Atomismo lógico de B. Russel: o mundo é constituído por “factos”. Um facto é
constituído por um objecto (“particular”) com uma qualidade simples ou por vários
objectos numa relação simples. Juizos relacionados com os factos podem ser
verdadeiros ou falsos.
Uma proposição (verdadeira ou falsa) afirmando um facto atômico é chamada de
proposição atômica.
Uma proposição atômica não pode ser reduzida a proposições mais simples.
Por exemplo:
Coimbra é uma cidade. (proposição atômica)
Coimbra é uma cidade com 150.000 habitantes. (proposição molecular)
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A unificação da ciência através da redução de todos os enunciados científicos a uma
linguagem fisicalista. (Echeverría, p. 25-26)
A linguagem fisicalista tem como elemento característico constituinte as proposições
protocolares (O. Neurath).
As leis científicas surgem a partir das proposições protocolares por via indutiva. A indução
é a base das ciências empíricas.
A verificação: nas ciências empíricas, os enunciados devem ser confirmáveis pela
experiência. → o problema dos enunciados universais (leis científicas): “Todos os cisnes são
brancos.”
“Os enunciados gerais, as leis científicas e, muito em particular, as teorias, não podem ser
verificadas directamente, por confronto com a empíria. O que se pode fazer é extrair as
consequências lógicas concretas de uma lei ou de uma teoria e comprovar que,
efectivamente, a experiência ratifica os resultados considerados.” (Echeverría, p. 33)
A predição.
O Círculo de Viena
As fases do método indutivo (o exemplo da Astronomia).
Observação e registo:
“No dia 1 de Março, o planeta Júpiter encontrava-se à
esquerda da estrela Régulo na constelação do Leão.”
(proposição protocolar)
Explicação e hipótese (o sistema geocêntrico e o sistema
heliocêntrico).
A lei – uma hipótese provisoriamente confirmada.
A dedução de factos não observados.
A previsão e a verificação.
A teoria (teoria da gravitação de Newton).
O Círculo de Viena
Percurso do método indutivo

teoria

H1→lei1 H2→lei2 H3→lei3

P’1 P1 P’’1 P’2 P2 P’’2 P’3 P3 P’’3


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Os factos individuais. (Popper: condições iniciais).
Por ex.: o nosso sistema solar. (concreto – uma constelação individual
de factos)
Leis.
Por ex.: as leis de Kepler e a lei da gravitação universal de Newton.
(formais)
A ocorrência: a “combinação” de leis e factos individuais (condições
iniciais).
Por ex.: a posição do planeta Jupiter no dia 1 de Março de 2016.
A ocorrência: objecto de uma proposição protocolar.
O Círculo de Viena
O modelo do progresso científico:
“A redução de umas ciências a outras era o objectivo fundamental do
Círculo de Viena no seu projecto de elaboração de uma ciência
unificada. Do mesmo modo que Frege, Russel e a escola formalista de
Hilbert haviam reduzido as matemáticas à lógica, criando a teoria dos
sistemas formais e a sua metateoria (a metamatemática), as ciências
empíricas deviam ser reduzidas a linguagem fisicalista, e até mesmo
algumas ciências a outras, como as ciências sociais à psicologia
(entendida em termos comportamentalistas),e esta, por seu turno, ao
fisicalismo. A marca do positivismo de Comte, ainda que remota,
continuava a fazer-se sentir.” (Echeverría, p. 66)
O Círculo de Viena
O progresso científico está ligado a dois processos de redução de
teorias:
• Uma teoria pode ampliar o seu campo originário e reduzir ao seu
quadro de referência objectos de estudo de áreas diferentes, por ex.,
a aplicação de métodos físicos à psicologia (Psicofísica finais do
séc.XIX).
• Várias teorias se reduzem a outra teoria mais ampla, por ex., a
mecânica newtoniana absorveu a astronomia de Copérnico e Kepler e
o estudo do movimento uniformemente acelerado de Galilei.
O Círculo de Viena
“Surge assim a tese central daquela a que mais tarde se chamará
concepção cumulativa do progresso científico. A ciência avança através
de processos de redução de uma teorias a outras novas, e a cada passo
o conteúdo empírico das teorias precedentes deve ser perfeitamente
expressável, dedutível e corroborável pelo novo vocabulário, axiomas,
cálculo lógico e regras de correspondência da nova teoria.
Implicitamente, afirma-se que as antigas teorias não devem ser
abandonadas, mas melhoradas, aperfeiçoadas e englobadas noutras
mais gerais.” (Echeverría, p. 68)
O Círculo de Viena
A questão da observação científica (N.R. Hanson):
O alvo da crítica é a restrição da filosofia da ciência ao contexto de
justificação.
Por ex.:
A observação de uma experimentação por um principiante ou leigo.
A observação do mesmo fenómeno por dois cientistas.
Tese: a observação é moldada por um conhecimento prévio.
Os termos da linguagem observacional possuem uma componente teórica e
conceptual.
Distinguir entre dados sensoriais e interpretação.
Psicologia da Forma
Christian von Ehrenfels (1859 – 1932)
Sur les qualités de la forme (1890)
A crítica da concepção atomista da percepção
O todo é mais que a soma dos seus elementos
“(…) uma totalidade, longe de ser a soma das partes que contém, é antes o seu
condicionamento na medida em que uma parte, integrada numa totalidade, é
absolutamente diferente dessa mesma parte isolada ou inserta numa outra
totalidade.” (F.L. Mueller, A Psicologia contemporânea, Publicações Europa
América, p. 100)
As formas, as estruturas, os conjuntos constituem as realidades primárias da
percepção.
Psicologia da Forma
• O modelo dinâmico-relacional
• A organização do campo perceptivo e o comportamento
• O isomorfismo
• As leis da organização perceptiva
Psicologia da Forma
A distinção figura-fundo
A figura apresenta-se como o
objecto percebido e parece mais
próximo que o fundo.
Os contornos pertencem à figura.
Psicologia da Forma
• O fechamento
Factores sociais e culturais da percepção
Social Perception
J.S. Bruner e L. Postman
Personalidade e socialização
Selecção, acentuação, organização,
fixação
A teoria da expectativa
Factores sociais e culturais da percepção
A projecção de necessidades
fisiológicas e estados emocionais 400D - FOOD
O teste de apercepção temática
(TAT)
Factores sociais e culturais da percepção
O princípio da convergência
Informação sensorial e influência
do grupo
O estudo de Solomon Asch
O efeito autocinètico (Musafar
Sherif)
Factores sociais e culturais da percepção
- Sistemas de comunicação
A língua
A quantidade de termos
A consistência
A capacidade de reconhecimento e
reprodução
O estudo de R.W. Brown e E.H. Lenneberg
As imagens: regras de produção e
interpretação

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