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Honório David

Licenciatura em Educação e Assistência Social

4º Ano Laboral

Projecto social: Deficiência Intelectual

Universidade Pedagógica
Maputo
2021
Honório David

Licenciatura em Educação e Assistência Social

4º Ano Laboral

Projecto social: Deficiência Intelectual

Trabalho a ser entregue na Faculdade de


Ciências da Educação e Psicologia, para
efeito de avaliação na cadeira de Prática
Técnico Profissional em Serviços Sociais.

Docente:
Estefânia Mariano Ali

Universidade Pedagógica
Maputo
2021
ÍNDICE
1. Identificação do problema............................................................................................4

2. Proponente....................................................................................................................4

3. Duração.........................................................................................................................4

4. Proposta do projecto.....................................................................................................4

5. Contextualização do problema......................................................................................5

6. Grupo alvo....................................................................................................................5

7. Objectivos.....................................................................................................................5

7.1. Objectivo geral......................................................................................................5

7.2. Objectivos específicos...........................................................................................5

8. Fundamentação teórica.................................................................................................6

8.1. Breve histórico da deficiência intelectual..............................................................6

8.2. Deficiência intelectual...........................................................................................7

8.3. Causas da deficiência intelectual...........................................................................8

8.4. Consequências da deficiência intelectual..............................................................9

9. Cronograma de actividades.........................................................................................10

10. Orçamento...............................................................................................................10

11. Plano de actividade.................................................................................................11

12. Possiveis parceiros..................................................................................................12

13. Referências bibliográficas.......................................................................................13


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1. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Neste trabalho propõem-se a intervenção no caso de família de criança com deficiência
intelectual, para tal proponho a analise do seguinte caso:

Ana Lúcia é uma criança de seis anos de idade com deficiência mental, vive com os pais e
dois irmãos mais velhos. Apesar de estar em idade escolar não frequenta a escola, os pais lhe
mantem isolada do mundo, não permitindo que conviva ou brinque com outras crianças.
Em conversa com a família eles afirmaram que preferem que a criança se mantenha isolada
para que não sofra descriminação. Entretanto, este factor tem atrasado o seu
desenvolvimento, a criança não fala, e precisa de ajuda para se alimentar e fazer a higiene
básica.

2. PROPONENTE
A intervenção será realizada pela estudante de Educação e Assistência Social com auxilio de
psicólogos.

3. DURAÇÃO
A intervenção terá duração de três meses, depois dos quais o caso será encaminhado para
instituições destinadas a crianças com NEE.

4. PROPOSTA DO PROJECTO
Segundo Carvalho (1998) citado por RIBEIRO e SILVA (2017), a intervenção precoce do
psicólogo, para a família pode diminuir as dificuldades dos pais em aceitar seu filho diferente,
e ajudá-los a ter uma visão mais realista e positiva das suas verdadeiras possibilidades de
desenvolvimento.

Nessa abordagem buscar-se-á conscientizar a família sobre a importância de permitir que a


criança beneficie de assistência psicológica e médica e do convívio com outras crianças.
Pretende-se que a família altere os preconceito que têm sobre a deficiência e que perceba que
esta criança tem perspectivas de futuro.
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5. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
Indivíduos com deficiência enfrentam grandes dificuldades em diversas áreas da sua vida, tal
como a educacional e a profissional, tornando-se mais susceptíveis a situações de pobreza.

Questões culturais são as que mais influenciam para o registo de situações de descriminação
direccionadas a indivíduos com deficiência, este facto ocorre devido às diversas
interpretações que são feitas no nosso contexto relativamente à génese da deficiência.

A falta de informações sobre as deficiências e sua verdadeira origem também constitui um


factor coadjuvante para a descriminação direccionada aos indivíduos com deficiência. Muitas
vezes os indivíduos com deficiência são descriminados por se concluir que as deficiências são
contagiosas.

Há que referir que a falta de informação relativamente às deficiências e sua génese não
predomina apenas nas zonas rurais ou mais recônditas do nosso país.

A falta de informação contribui para o atraso no desenvolvimento de crianças com


deficiência, o estigma faz com que os pais tenham medo de a expor e buscar ajuda, resultado
no isolamento e dependência social da criança.

6. GRUPO ALVO
Este projecto tem como alvo uma menor de seis anos, vivendo com deficiência mental, cuja
família enfrenta dificuldades para lidar com a situação.

7. OBJECTIVOS
7.1. Objectivo Geral
Diminuir as dificuldades dos pais em aceitar seu filho deficiente, e ajudá-los a ter uma visão
mais realista e positiva das suas verdadeiras possibilidades de desenvolvimento.

7.2. Objectivos Específicos


Detenção da deficiência intelectual;
Estimulo do desenvolvimento através de intervenções psicológicas;
Atendimento a família da criança;
Estimulando a participação mais activa de todo o grupo familiar nas intervenções e
cuidados com a criança.
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8. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

8.1. Breve histórico da deficiência intelectual


Segundo FRIAS e MENEZES (2012), a historicidade da inclusão atravessou diferentes fases
em diversas épocas e culturas. A Idade Antiga, na Grécia é considerada um período de grande
exclusão social, pois crianças nascidas com alguma deficiência eram abandonadas ou mesmo
eliminadas, sem chance ou direito ao convívio social.

Na Idade Média, pessoas com deficiência eram também marginalizadas, até por questões
sobrenaturais, rotuladas como inválidas, perseguidas e mortas. Assim, muitas vezes as
famílias preferiam escondê-las e assim, privá-las da vida comunitária e social. A ideia de
promover aos filhos, qualquer tipo de intervenção em ambientes diferenciados não era uma
prática comum.

No século XX, a questão educacional foi se configurando, mais pela concepção médico-
pedagógica, sendo mais centrada nas causas biológicas da deficiência. Com o avanço da
psicologia, novas teorias de aprendizagem começam a influenciar a educação e configuram a
concepção na linha psicopedagógica, que ressalta a importância da escola e enfatiza os
métodos e as técnicas de ensino.

De acordo com os estudos de Mazzotta (2005) citado por FRIAS e MENEZES (2012), é
possível destacar três atitudes sociais que marcaram o desenvolvimento da Educação Especial
no tratamento dado às pessoas com necessidades especiais especialmente no que diz respeito
às pessoas com deficiência:

 Marginalização: atitudes de total descrença na capacidade de pessoas com


deficiência, o que gera uma completa omissão da sociedade na organização de
serviços para esse grupo da população.

 Assistencialismo: atitudes marcadas por um sentido filantrópico, paternalista e


humanitário, que buscavam apenas dar proteção às pessoas com deficiência,
permanecendo a descrença no potencial destes indivíduos.

 Educação/reabilitação: atitudes de crença nas possibilidades de mudança


desenvolvimento das pessoas com deficiência e em decorrência disso, a preocupação
com a organização de serviços educacionais.
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Sassaki (2006) citado por FRIAS e MENEZES (2012), ao explicar sobre o processo de
inclusão/integração educacional situa quatro fases que ocorreram ao longo do
desenvolvimento da história da inclusão:

 Fase de Exclusão: período em que não havia nenhuma preocupação ou atenção


especial com as pessoas deficientes ou com necessidades especiais. Eram rejeitadas e
ignoradas pela sociedade.

 Fase da Segregação Institucional: neste período, as pessoas com necessidades


especiais eram afastadas de suas famílias e recebiam atendimentos em instituições
religiosas ou filantrópicas. Foi nessa fase que surgiram as primeiras escolas especiais e
centros de reabilitação.

 Fase da Integração: algumas pessoas com necessidades especiais eram encaminhadas


às escolas regulares, classes especiais e salas de recursos, após passarem por testes de
inteligência. Os alunos eram preparados para adaptar-se à sociedade.

 Fase de Inclusão: todas as pessoas com necessidades especiais devem ser inseridas
em classes comuns, sendo que os ambientes físicos e os procedimentos educativos é
que devem ser adaptados aos alunos, conforme suas necessidades e especificidades.

8.2. Deficiência Intelectual

Segundo o DSM-V, (2014), manual diagnóstico e estatístico de transtorno mental, a


deficiência intelectual são déficits nas habilidades intelectuais gerais que causam dificuldades
nas habilidades adaptativas em comparação a indivíduos pareados por idade, gênero e
condição sociocultural com início no período de desenvolvimento. Indivíduos com transtorno
do desenvolvimento intelectual também podem ter dificuldades no controle de seus
comportamentos e emoções, nos relacionamentos interpessoais e em manter a motivação no
processo de aprendizagem.

A Deficiência intelectual ainda é um termo complexo, difícil de ser entendido pela sociedade,
e que muitas vezes foi confundido com a loucura, pelo público leigo, carregada de
representações sociais negativas e insultos a família e ao sujeito.

Para Veltrone (2012) citado por RIBEIRO e SILVA (2017), foram diversas as definições e
terminologias para a deficiência intelectual. Um fato importante é que nem sempre a
deficiência intelectual é identificada logo no início, nos primeiros anos de vida da criança e
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por isso acabam sendo ligadas a um déficit do indivíduo (intelectual, social, comportamental e
funcional) em relação a uma norma e, consequentemente, de comparação entre idades, pares e
semelhantes.

A deficiência intelectual pode ser classificada em leve, moderada, severa e profunda, com
base no funcionamento intelectual do indivíduo. No entanto, é o funcionamento adaptativo
que determina o nível de apoio necessário que esse indivíduo precisa para realizar diversas
actividades (APA, 2014).

Segundo a A.A.M.R. citado por RIBEIRO e SILVA (2017), a classificação baseia-se na


intensidade dos apoios necessários e considera quatro categorias:

 Generalizado: Quando o deficiente necessita de apoio permanente e intenso em


diferentes áreas de atividade, exigindo assim, muito pessoal de apoio;
 Extenso: quando o apoio tem de ser regular e diário, em pelo menos uma área de
atividade (vida familiar, social, profissional);
 Limitado: quando o deficiente necessita de apoio intensivo de duração contínua, mas
por tempo limitado, como é exemplo o apoio prestado durante o período escolar;
 Intermitente: o apoio efetua-se apenas quando necessário destinando-se a fazer em
face de problemas pontuais, como por exemplo, durante uma fase aguda da doença.

8.3. Causas da Deficiência Intelectual.


A Deficiência Intelectual tem como causa, quase sempre, a partir de uma alteração no
desempenho cerebral, provocada por fatores genéticos, distúrbios na gestação, problemas no
parto ou na vida após o nascimento. Além de problemas sociais que são responsáveis por
deficiências como violência, acidentes, baixo nível sócio-econômico, falta de conhecimentos,
uso de drogas, exclusão e abandono social (HONORA & FRIZANCO, 2008 citado por
RODRIGUES, 2018).

Segundo Almeida, (2012) acrescenta que a deficiência intelectual também pode ter origem
durante o parto ou após o nascimento, caracterizando-se por fatores como, pré-natais,
perinatais e pós-natais.

Na fase pré-natal, os factores que incidem desde o momento da concepção do bebê até o


início do trabalho de parto, são:
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 Fatores genéticos: alterações cromossômicas (numéricas ou estruturais) - provocam


Síndrome de Down, entre outras;
 Alterações gênicas (erros inatos do metabolismo): provocam Fenilcetonúria, entre
outras;
 Fatores que afetam o complexo materno-fetal, como o tabagismo, alcoolismo,
consumo de drogas, efeitos colaterais de medicamentos teratogênicos (capazes de
provocar danos nos embriões e fetos);
 Doenças maternas crônicas ou gestacionais (como diabetes mellitus);
 Doenças infecciosas na mãe, que podem comprometer o feto: sífilis, rubéola,
toxoplasmose;
 Desnutrição materna.

Na fase perinatal, os factores que incidem do início do trabalho de parto até o 30.º dia de vida
do bebê: 

 Hipóxia ou anoxia (oxigenação cerebral insuficiente);


 Prematuridade e baixo peso: pequeno para idade gestacional (pig); 
 Icterícia grave do recém-nascido (kernicterus).

Na fase pós-natal, os factores que incidem do 30.º dia de vida do bebê até o final da
adolescência:

 Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global;


 Infecções: meningites, sarampo;
 Intoxicações exógenas: envenenamentos provocados por remédios, inseticidas,
produtos químicos como chumbo, mercúrio etc;
 Acidentes: trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas etc.

8.4. Consequências da Deficiência Intelectual.


De acordo com RODRIGUES (2018), pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva
costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas
(como as metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer relações sociais,
compreender e obedecer a regras, e realizar actividades cotidianas como, por exemplo, as
ações de autocuidado.
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Em geral, a deficiência intelectual traz mais dificuldades para que a criança interprete
conteúdos abstratos, por esse motivo demonstram muita dificuldade na matemática, física e
química, entre outras disciplinas quando essa são apresentadas apenas na oralidade. Isso exige
estratégias diferenciadas por parte dos professores, que terão que diversificar os modos de
exposição nas aulas, relacionando os conteúdos curriculares a situações do cotidiano, e
mostrando exemplos concretos para ilustrar ideias mais complexas (RODRIGUES, 2018).

9. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES

Atividades AB MAI JUN


R
Detenção da deficiência intelectual;
Estimulo do desenvolvimento através de intervenções psicológicas;
Atendimento a família da criança;
Estimulando a participação mais activa de todo o grupo familiar nas
intervenções e cuidados com a criança.
Encaminhamento

10. ORÇAMENTO
Este será um projecto voluntário e contará com apoio de instituições públicas que prestam
apoio a crianças com necessidades especiais. Daí-que, a principal tarefa e a busca de apoio
dessas instituições para o decorrer do projecto.
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11. PLANO DE ACTIVIDADE


Objectivo Actividades Responsável Resultados
Detenção da  Encaminhar a criança  Assistente  Estimulação precoce;
deficiência aos cuidados sócia  Favorecer o
intelectual; psicológicos e  Psicólogos desenvolvimento
médicos necessários integral da criança.
para identificação da
doença.
Estimulo do  Estimulação do  Psicólogos  Favorecer o
desenvolvimento desenvolvimento, desenvolvimento
através de oportunizando assim, integral da criança
intervenções mais autonomia e  Facilitar o ingresso
psicológicas; melhor qualidade de da criança na
vida, tanto para o sociedade
paciente quanto para
os seus familiares.
Atendimento a  Ouvir a família sobre  Assistente  Diminuir as
família da seus medos, dúvidas sócia dificuldades dos pais
criança; e necessidades e  Psicólogos em aceitar seu filho
apoiando-os para que diferente, e ajudá-los
possa cuidar da a ter uma visão mais
criança da melhor realista e positiva das
forma possível, suas verdadeiras
respeitando sua possibilidades de
estrutura familiar; desenvolvimento.
 Auxiliar na
percepção dos
conflitos e cuidados
necessários para
crianças com
Deficiência
intelectual.
Estimulando a  Fornecer  Assistente  Minimização do
participação mais informações mais sócia sofrimento psíquico
activa de todo o claras e precisas  Psicólogos da família e também
grupo familiar sobre a deficiência e do sujeito
nas intervenções suas necessidades, identificado.
e cuidados com a potencialidades e
criança. limitações;
 Incentivar a família
sobre seu relevante
papel para o
desenvolvimento e
reabilitação da
pessoa com
deficiência;
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12. POSSIVEIS PARCEIROS


Para este projecto pretende-se contar com a parceria de:

 Associação dos Deficientes de Moçambique (ADEMO);


 Centro de Reabilitação de Cidadãos Inadaptados (CERCI);
 Ministério da Mulher e Acção Social (MMAS);
 Departamento de Educação Especial-Ministério da Educação e Desenvolvimento
Humano
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13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AMERICAN ASSOCIATION ON MENTAL RETARDATION. Retardo mental: definição,
classificação e sistemas de apoio. Tradução M. F. Lopes. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais (DSM-V). Porto Alegre: 5º edição, Artes médicas, 2014.

FRIAS, E. M. A. e MENEZES, M. C. B. Inclusão escolar do aluno com necessidades


educacionais especiais: contribuições ao professor do ensino regular. 2012. Disponível via
internet em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1462-8.pdf. Janeiro.
2020

RIBEIRO, J. L. & SILVA, P. L. Família do deficiente intelectual: reflexões acerca do


sofrimento familiar e do trabalho do psicólogo. 2017. Disponível via internet em:
http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0413.pdf. Janeiro.

RODRIGUES. R. A. Deficiência intelectual (D.I.): definição, sintomas, causas e


consequências. 2018. Disponível via internet em: https://www.linkedin.com/pulse/defici
%C3%AAncia-intelectual-di-defini%C3%A7%C3%A3o-sintomas-causas-e-rodrigues/?
originalSubdomain=pt. Janeiro. 2020

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