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REGISTRO de huma Carta | escripta a Sua ma-

gestade sobre j que os homens nobres Soldados |


possam passar aoPosto de j Alferes sem serem
Sargentos co- | mo delia sevê.

SENHOR = Ao mesmo tempo que | as Guerras da Europa pedião |


nas conquistas multiplicadas | Prezidios, emuito mais parti- I cularmente
nesta Cidade em | que toda adeffença está nos | (Fls. 211 v.) peitos dos
Saldados por care- | cer de fortificação, quando afa- | ma da sua opu­
lência assás ob- | jecto da cobiça, dosinimigos da | Coroa, vemos tão
deminutos | os Terços de Sua Guarnição que | nelles somente se contão
oito | centas Praças sendo mais para | lamentar, que entre estas não |
aja soldados, em que se reconhe- ] ça nobreza para, apromoção | dos
postos pelos naturaes da | terra pessoas honradas não serem | Soldados
afastando-os des- | te Serviço, onão poderem ser pro. | movidos aAlferes
sem occupa- | rem os postos immediatos de I Sargentos, e como aestes
de poucos | annos aesta parte se lhe dem | exercicios indecorozos
aconipa- | nhando as Serpentinas dos Of- | ficiaes maiores (que são as
cnr j ruagcns desta terra) empare- | lhados com os Negros que as |
earregilo, os liombros digo car- | regão os homens Nobres ten- | do por
Indecente aquella nova o- | brigação (Fls. 212) evendoque havião pas-1
mir por estar que reputavão inju- | ria ou Servir sem esperança de |
accrescentamento, tiverão por ma- | is suave deixar de crescer nas
honras | dos postos, do que occupar os | que vião indecorozos nas
opera | çoens efonlo deixando o Serviço e | os outros não assentando
de novo | praça por nfto preferirem no Pro- | vimento dos Postos, em
que se aelifto ! sogeltos tfto Indignos, que muitos | dos Officiaes não
NMlieni ler o escie | ver, faltando assim estlnuiçam | a os postos, a os
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

Soldados e nume- | ro, ena nobreza para adefença | o valor, porque


nestes não só ti- | nha a Praça as mais fortes mu- | ralhas no seu brio,
mas os de | menos esfera mui prompto o ex- | emplo para o estimulo,
e como des- | tes damnos sepossão cauzar con- | sequências prejudiciais
ecada vez | mais se augmentão sem se evi- [ tarem. Nos Pareceo recorrer
a ] VoSsa Magestade com esta conta | para quesendo Servido ordene
que j (Fls. 212 v.) que os filhos da Terra pessoas Nobres | possam passar
ao Posto de Alferes sem | que seja necessário haver | occupado os de
Sargentos, ou que | aestes não obriguem nem consin- | tão acompanhar
as Serpentinas I ecom huma e outra forma con- | tinuará a Nobreza
o exercício da | Milicia e o dezejo que tem do Ser- | viço de VoSsa Mages­
tade deixado | não por razão dos postos mas ] sim da estimação comque
os tra- | tão. VoSsa Magestade mandará o que for Servido. Bahia
eCama- | ra; aos vinte etres de Junho de | mil sete centos edez. João
de Cou- | ros Carneiro sobscrevy. “Francis- j co Pereira Botelho” Manoel
Bo- | telho de Oliveira” Francisco Ma. | chado Palhares “Antonio de
Bra | e Araújo” Pascoal Fernandes Mon- | teiro.

REGISTRO de huma Carta | escripta aSua Mages­


tade so- | bre recomendar-se-lhe seja Ser- | vido
mandar todos os annos | (Fls. 213) todos os anos
Frota.

SENHOR = Hé tão grande oprejuizo | que tem rezultado a esta Cidade |


e a todo o Estado adillação das Fro- | tas que devemos avizar aVoSsa
Ma- | gestade assim para bem da Sua | Coroa como para o de Seus
Vas- | sallos porque o assucar e Ta_ | baco se faz muito defferente | na
bondade epreço quando se | delata o consumodelles para | outra Safra,
e até os Navios mer- | cantes não podemlevar os fru- | ctos inteiros de
duas Safras e | por isso ficãocomo perdidas sem | se venderem, em
damno dos La- | vradores digo em damno das | Lavouras a que se deve
attender | com grande circunspecção de | que rezulta tanto a VoSsa
Magestade | grande prejuízo assim nos direi- | tos Reaes que delles
se pagão | em Portugal e Brazil; como que | pedimos a VoSsa Magestade
que | em todos os annos venha a Frota | ao Brazil para levar os frutos |
delle pellas razoens do prejuízo | (Fls. 213 v.) prejuízo allegados, epor
outras con- | sequências que rezultãodas de- | moras das Frotas. VoSsa
Magestade mandará o que for Servido | Bahia eCamara him vinte c |
quatro dejunho demll sete cen- | tos edez “João deCouron Cttrnrl | ro

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OARTAH 1)0 HENAIX)

o sobscrevy" Francisco Pereira | Botelho” Manoel Botelho de | Oliveira"


Francisco Machado | Palhares" Antonlo de Bra eAra. | ujo” Pascoal
Femandez Monteiro.

REGISTO dehuma Carta ] para o Procurador do


Senado | O Doutor Jozé Gomes de Avellar.
MEN1IOR MEU = Pela informação | que nos deu de sua pessoa o | Dou-
lor Francisco Pereira Bo- | telho, Presidente deste Senado | nos resol­
vemos arevogar a Pro- | curação de Procurador, que es- j ta Camara
Unha nessa Ci- | dade esubrogar novamente | os poderes a VoSsa Mercê
<lc cujo | talento edeligencia esperamos | conseguir bomsucesso em
Iodos | (Fls. 214) em todos os nossosRequerimentos j para com Sua
Miigestade deque | VoSsa Mercê tomará Conta pelo | rol incluzo, eo
di» Sal sobre que | escrevemos he de grande entidade j pelo prejuízo
que rezulta a este | Povo e risco de sua inquietação | pelo que já esperi-
mentamos as- | sim que neste, enomais ede man- j dar esperamos na
Frota os Navios | que vierem boas noticias por ] que com a falta que
rxperimen- | tamos destas tínhamos deter. | minado não ter já procu-
rador | nesta Cidade, epara aliviar | aVoSsa Mercê o trabalho encar- |
rogamos mais esta Procuração | coletiva ou se para ter a Jozé | Hen-
ilque da Silva; cujas PeSso- | as DEOS Guarde muitos annos. Ba- | hia
e vinte hum deJunho demil | sete centos edez “João de Couros Car­
neiro asobscrevy” Francisco Perei- | ra Botelho ” Manoel Botelho de |
oliveira" Francisco Machado Pa- | lhares” Antonio de Brá e Araújo” j
1'iiMcoal Fernandez Monteiro.

(Fls. 214 v.) REGISTRO do rol que foi ao | Pro­


curador para poder procurar | por elle os Requi-
rimentos que lhe | fossem necessários as Cartas
que | que se escreverão, e clareza dos Enge- | nhos
digo nos negocios que la es- | tavão.

N I “Carta de que se dá conta de | se haver arrendado o assougue | do


Eccleslustlco e Mizericordia.”
N 2 “CARTA em que se pede a con- | firmação do Governador na
l'rs | soa do Senhor Dom Louren- | ço de Almada.”
N 3 "CARTA cm que sepede Pro- | vizão para se approvar o Contra-1 cto
de trezentos reis por Caixa, e | setenta reis por Rolo o qual está ap- | pli-

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DOCUMENTOS UIHTÔRKXXH DO ARQUIVO MUNICIPAL

cado ao sustento da Infanta- | ria pelo Povo a mais de quaren- | ta


annos e há mais detrinta que j paga propina por ordem de | Sua Ma-
gestade para as muni- j çoens desta Praça, não faça du- | vida a risca
que faltava dizer | para as moniçoens destra Pra- | ça e ao Governa­
dores.
(Fls. 215)

N. 4 “CARTA sobre o bom Governo | que fez o Senhor Luis Cezar de


Me- I nezes.”
N. 5 “RESPOSTA ahuma Petição que | fizerão os Negros a Sua Mages-
tade | para se poderem libertar por Pre- | vilegios que tem e se faz na
Corte, | este negocio hé de grande considera- ] ção se a de impugnar
com | tudo quanto for possivel por ser | a conseção que pedem a total
rui- | na não só da Bahia maz de | todo o Estado.”
N. 6 “CARTA em que se pede poder | se embarcar maior quantia
de | Tabaco para a Costa da Mina | pela utilidade dos Escravos para |
as lavouras e sem elles se desfa- | bricarão os Engenhos, Fazendas | de
Canas e os Tabacos.”
N. 7 “CARTA em que se pede apro. | hibição das Minas de ouro pelo |
prejuizo que sertamente hade a- | ver nos frutos.”
N. 8 “CARTA sobre o Sal no qual | se acrescentou hum Cruzado por ]
alqueire sobre trezentos evinte reis | (Fls. 215 v.) reis que hé a taixa,
ecom ella se ar- | rematou o Contracto para evitar es- | te prejuizo,
de que se não izentão | as Religioens nem omenor pobre | sedeve fazer
todo o empenho e cui- | dado para que torne ataixa de | trezentos evinte
na forma que | sempre sevendeo earrema- | tarão todos os contracto
digo, Con- | tractadores e o mesmo fez o actual.”
Saberá VoSsa Mercê dehum Re- | querimento que fez este Senado |
sobre se conceder Caza de Moeda | a esta Cidade que avizou oPro- j
curador passado andava namão | dos Ministros. Outro Requerimento
sobre se pro- | rogar huma procuração que ha- | via neste Senado para
que | senão rematassem os assuca- | res dos Lavradores penhorados |
por algumas execussoens senão | quinze dias antes da partida | da
Frota e sobre esta veio Car. | ta para o Governador informar | edeve
hir na Frota a informação.” (Fls. 216) Outro Requerimento sobre o
conchavo | das farinhas entre este Sena- | do eos moradores das Vlllas
de | Boipeba Cairú e Camamú a | que não há ainda Rozoluçmn." |
Outro negocio hé que anda cor- | rendo huma Cuuza de preferen | cia

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OARTAH IX) HENADO

rulrr <<mIo H<<1111<I0 c Dumláo | dc Lançoes aliás Antonio Soares | de


Hillto acerca dos bens de Jo- | ão Rodrigues Reis, eu João Perei- | ra
<l<< I .iigo

K veja VoSsa Mercê se no Conselho ) Ultramarinho ha algum


l(<<i|ii<’<Imcnto | que alguns particulares | faça que VoSsa Mercê en-
tanda | prejudique este Conselho e Senado e 0 embarasse VoSsa Mercê
1 nino | melhor lhe parecer empedindo | sempre senão conceda sem ser |
•'*••* Hriiado ouvido por que há al- | guns receios de que sehão de fa- | zer
llequei InientoH sobre vários | impostos contra este Senado e | preju-
dlchira ito povo.

REGISTO da Carta que escre- | veo o (Fls. 216 v.)


Escreveo o Senado a Sua Magestade | pela Meza
do Dezembargo do | Passo da Relação deste Estado
sobre | nomear hum Vereador em lugar | de João
de Barros Machado.

MIUNIIOR Este sendo 0 Capitão João de [ Barros Machado eleito


para Ve | reador desta Cidade, neste anno pre_ | zente, se acha impe­
dido, com acul- | pa e má visto que consta da Cer- | tidão incluza em
cujos termos nos | pareceo dar noticia a VoSsa Ma- | gestade para
iiomriir outro su- | geito que sirva em seu lugar. VoS- | sa Magestade
mandará o que for Servido | Bahia eCamara cinco | de Janeiro demil
<•<’!.<’ centos e | onze Manoel Pessoa do Vascon- | cellos Escrivam da
• 'amara so | bscrevy” Gonçalo Ravasco Cavalcan- | te e Albuquerque”
Mídhrus | de Goes de Araújo” Braz Ferrei- | ra do Lago.

REGISTO de huma Carta | que se escreveo ao


Novo Procura- | dor O Sargento Maior Manoel |
da (Fls. 217) Manoel da Silveira de Magalhaens.

Como este Senado da Camara da | Cidade da Bahia tenha hoje nessa |


Corte dc Lisboa vários e importantes | negocios e requerimentos to-
rantes | 11 utilidade e bem Comum dos mo- | radores desta Capitania
<< como 11 | thé oprezente tenhão sido mal so- | sedidas aspertençoens
do mesmo | Senado, não sabemos se por omi- | ção ou conveniência dos
Procura- | dores antecedentes edezejando nos ] acertar na eleição dehum
que | (Irzcmpcnhe a escolha quefizemos | da Sua Pessoa etendo mui

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DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

par- | ticulares informaçoens da de | VoSsa Mercê e do seu grande


talen- | to atevidade e estimação que | logra na mesma Corte pelo que |
deve VoSsa Mercê fazem | os Cavalleiros e Ministrio delia ( podemos
justamente segurar ] todas as boas fortunas aos ditos | Requerimentos”
Com esta re- | metemos a VoSsa Mercê a Procuração | que nos fará
favor assei- | tar, não vai nella assigna- | do (Fls. 217 v.) assignado o
noSso Doutor Juis de | Fora por querer impedir senão pas- | sasse só
por conservar a | Jozé Gomes de Avelar advogado | na Caza da Suppli-
cação aquem elle | fez Procurador quaze por vi- | olencia na Veriação
passada | deste sugeitos cobrará VoSsa Mer- j cê todas as Cartas e Or­
dens que des- | te Senado se lhe havião reme- | tido econstão da memória
junto. [ E em segundo lugar nome- ] amos na dita Procuração a Jero- |
nimo Godinho de Miza Of- j ficial maior da Secretaria das [ Mercez,
expediente para que | na auzencia de VoSsa Mercê | possa supprir a
sua falta, | para que anão haja em sepro- | curarem com toda aforça e |
diligencia os nossos Requerimentos pois as dilaçoens que [ nelles tem
havido forão a total ] occazião de se não poderem con- | seguir nas
que se offerecerem | dogosto de VoSsa Mercê mostra- | remos avontade
com que fica | (Fls. 218) ficamos de Ihodar. DEOS Guarde a | VoSsa
Mercê muitos annos Ba- | hia eCamara sete deFevereiro de | mil sete
sento e onze annos e Eu | Manoel Affonso da Costa Tabellião | que
a escrevy” por impedimento | do Escrivão da Camara Mano- | el Pessoa
de Vasconcellos ” Golçalo | Ravasco Cavalcante e Albuquer- | que”
Matheus de Goes e Araújo” | João de Barros Machado” Braz | Pereira
do Lago.

REGISTO da carta que | se escreveo ao Procurador


na Cida- | de de Lisboa o Senhor Sargen- | to
Mor Manoel da Silveira de | Magalhaens.

Sem embargo de havermos es- | cripto a VoSsa Mercê sobre o particu- |


lar da obrigação do acréscimo | da farinha para os Soldados | que cor­
respondem eo pan de moni- | ção, nos pareceo informalo que | este
conchavo tem seu principio | na Razenda Real pelo braço de | duzentos
e quarenta o Sirio como (Fls. 218 v.) como sevê dodlto conchavo e |
passando a este Senado seforão | estendendo os preços u lnl excesso |
que se resolveo a pagar a cem | reis por quarta que hê o i'orn | puto
da ressão de dez dias de | cada humSoldado, por nAo | quererem as

1(1
(JARTAH IX) HENADO

Cniiimium du VII- | Ias debaixo sogcitarem-se ao | preço de quatrocentos


ikIn o nIi Io | sendo o numero das quartas de- | claradas na Carta
•In hillloy | vinda aeste Senado e ao Governa- | dor e Capitão Geral,
lio mino de | sete scntos e quatro cuja Copia | vai nos papéis incluzos
•» |hii «lies | consta ser somente a obrigação | deste povo ou do Senado
|hh ca | bcça delle de pagar a cada hum | Soldado de quarenta reis
|hii dia | quefazem a ressão de trinta reis | em dinheiro e ordem pa- | ra
o pnii do munlçain. E pelas | Camaras das Villas se exibirem j dos ditos
iMinrlutv<>n por Senten- | ças que alcançarão nesta Rell- j ação que se
ihiii | (FIn. 219) confirmou na Caza da Supp- | licação sequer carregar
im eu cm | sos dopreço em que está este man- | timento a este Senado
n Indo ou | tão a sua importância a ter nu- j mero tam crescido que
11A0 biiN | tarão dobradas applicaçoens | e ação de tudo isto manda
Una | Magestade novamente acres- | centados os Soidos dos mestres |
do Campo em dobro e consequente- | mente serão também os dos mais |
i irfldiifN o empoem Também por | obrigação a pagar intertenidos e |
Alngcnlielios com o fundamento a- | lem do Poder Real de se não a- j
dimcm as duas mil cento e trin- | ta e quatro praças neste Prezidio j
•eiiiIn que nu forma do Contracto | feito pelo Governador, e confirma- |
itu por Hua Magestade não dá lo- | gar neste devertimento por que | hé
Iiiiiiim dus Condições como dei- | la teve que o que sobrar se pora |
cin dnpozlto e será a destribuição | por ordem deste Senado sem de-
pcn | doncla alguma, epela baixa a que | (Fls. 219 v.) a que tem che­
gado o Contracto desta | Consignação não chegão pa- | ra o Prezidio
ipin hft, entrando tam- | bem as pagas e dos quartéis dos En- | genheiros
iIiim fortlflcaçoens q | também até o prezente são pagos | pela applicação
dento Himiido | sendo em muita ademinui- | ção delia e Contracto do
Uni qur | Sua Magestade devirtio não con- ] signando mais que hum
i'iinto r du | zentos mil reis sem que | nos tenhamos neste Senado re- |
«An ou conste por onde se desa- | nexou este rendimento que | lá deve
miar no Conselho e ain- | da que pudera em outros tempos | ser com-
pimlçooiiN de algum procu- | rador deste Senado nessa Corte j entende-
niiiN nfto devia ter effeito | por lhe faltar a circunstancia | de ser des-
iHintraclndo pelo mesmo | povo com que foi assegurado | o dito con­
chavo ou ao menos ou- | vido nesta separação e finalmente j pelas
inwooiiN Jíi na outra di- | tas a VoSsa Mercê não se pode | (Fls. 220) se
pode lançar tributo para vir effei- | tos bastantes para este acrés­
cimo, nem estes sepodem verdadei- | ramente impor sem expressa or- |
dem do El-Rcy para ser pelo povo | asseitado com que entendemos
m | tíi melhor a este Senado largar | liberalmente todas as applica- |

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DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

çoens que tem para os socorros | da Infantaria e mais acres- | cimos


desobrigando-o deste jugo | advertimos a VoSsa Mercê que a | até
aonde o requerimento der | lugar o fassa ou se tornem a en- | corporar
o contracto do Sal nos | outros Navios era a Vossa mercê | o constado
das Listas que sepagão | emcada hum quartel de trez mezes em cada
anno e o da arrema- | taçam dos Contractos que pela bre- | vidade não
vai neste nos enten- | demos que o Governador e Ca- | pitam Geral es­
creve a Vossa digo | a Sua Magestade sobre esta ma- | teria dafaririha
que lhe reme- | te a Carta que lhe escreveu este | Senado VoSsa Mercê
esteje cõ as tençoens necessárias para adescar — | (Fls. 220 v.) descar­
rega. DEOS Guarde a VoSsa Mer- | cê, muitos annos. Bahia eCama- | ra
vinte de Novembro demil sete | centos e onze annos “Matheus [ de
Goes Araújo” João de Barros Ma- | chado” Bras Pereira do Lago.

REGISTO da Carta que escreveo | o Senado a Sua


Magestade | sobre amotinação do Povo.

SENHOR = A VoSsa Magestade damos con- | ta que em dezenove de


Outubro | se alterou o povo desta Cidade ha- ] vendo por insoportavel
o tribu- | to da dessima que pelas or- | dens de VoSsa Magestade, re- |
mettida ao Governador e Ca- | pitão Geral semandava lan- | çar em
todas as fazendas que | dezembarcassem nesta Alfande- | ga tendo o
primeiro o- | rigem na manhã de dezesete come- | tendo furiozamente a
Caza da | Camara aonde estava a Verea- | ção junta por entenderem
igno- | rantemente que a elle vinha co- | mettido a execução das ordens
de | (Fls. 221) ordens de VoSsa Magestade esuposto | que naquelle dia
com razoens ef- | ficazes se moderou com a conside- | ração de que
ficava transferida | a decisão para o terceiro dia nelle | de manhã muito
cedo seforão a- | juntando na Praça efazendo no- | vas instâncias por
que lhes man- | dasse despachar as fazendas sem | tributo algum, eque-
rendo o Go- [ vemador e Capitão Geral uzar | dos meios proporcionados
a exe- | cução das ordens de VoSsa Mages- | tade e conservação do Povo
sem ou- | vir razão alguma por lhes pa- | recer rigorozo o tributo pelo
estado da | pobreza em que se considera repenti- | namente se tomarão
a juntar | etocando o sino e fazendo todas | as demonstraçoens de revo­
lução se en- | caminharam os seus monstruozos | excessos, as Cazas
detres homens | de negocio sem mais funda- ] mento que lhes parecer
herão | interessados nas inpoziçoens | de que não acccitiufto hiiiIm Infor |

1H
CARTAS DO SENADO

mação que adehum pesquín | (Fls. 221 v.) pesquin que com os nomes das
pessoas | appareceo feixada na Praça | e ainda que não houve mor- [ tes
nem roubos se expuzerão alguns em | arriscadas retiradas e por este res­
peito só pararão as suas desordena- [ das acçoens em lhes lançarem | a
Rua afim de se perderem como | com effeito Succedeo em muitas | couzas
demais preciozo de suas | cazas sem que de nenhuma dei- | las tendo
algumas de grande va- | lia aproveitasse pes- ] soa mais vil daquelle
motim | porque só se deregião a vingança | enão a interesse, foi forçozo
ao ! Governador e Capitão Geral conse- | der-lhes perdão suspendendo |
a execução de que deve dar conta | aVoSsa Magestade e nos fazemos j
com a noticia de que não entrou | neste levantamento pessoa da [ Re­
publica nem da Nobreza por [ que toda está empregada nos | exercicios
da defenção desta Pra- | ça; A PeSsoa da VoSsa Magestade | Guarde
DEOS. Bahia eCamara vinte | (Fls. 222) de Novembro demil sete centos
eonze eEu | Manoel Pessoa de Vascon- | cellos Escrivão da Camara
que a | sobscrevy” Francisco Pereira Bote- | Iho” Matheus deGois e
Araújo” João | de Barros Machado” Braz Pe- | reira do Lago.

REGISTO d aCarta que es- | creveo o Senado a Sua


Magesta- | de sobre a Caza da Moeda.

SENHOR = Pela obrigação que nos | ocorre de dar conta a VoSsa


Ma- | gestade do Estado desta Re- | publica, a VoSsa Magestade repre- |
zentamos que há tam grande | afalta que há nella da moeda [ que
orsado pellos homens ma- | is inteligentes paresse não exce- | der de
quinhentos milcruzados todo o dinheiro que nella | se maneja numero
tão dimi- | nuto que não pareserá cri- | vel se onão comprovara aexpe- [
riencia, pois sendo ouro o gene- | ro mais vendivel até este se j não
vende hoje na Bahia se | (Fls, 222 v.) se não fiado por muitos mezes
e a | esse respeito com muito mais de- | mora, os assucares etabacos,
enão | sepodendo comprar os escravos, e [ mais generos de que preci-
zamen- | te necessitão as fabricas dos En- | genhos e fazendas se não a
dinheiro | daqui Rezulta a Summa mi- | zeria em que vivem os morado­
res | de toda esta Bahia. Sam es- | tas razoens tão forçozas que | nos
parecem dignas de que aRe- | al attenção de que VoSsa Magestade nos
faça graça de con- | ceder a Caza da Moeda que já | a vemos Supplicado
aVoSsa Magestade | de quem esperamos re- | ceber este tão grande bem
como Rei | e Senhor tãoattento a conserva- | ção dos seus Vassallos.
A Real j PeSsoa de oVSsa Magestade Guar- | de DEOS muitos annos.

19
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

Bahia | eCamara vinte edois de Junho | demil sete centos edoze annos.
Mano- | el Pessoa de Vasconcellos Escrivão | da Camara que o subscrevy
| (Fls. 223) Sebastião da Rocha Pitta” Gonçalo | Soares da França”
Antonio de Faria Fonseca.

REGISTO da Carta que escre- | veo o Senado a Sua


Magestade so- | bre o acrescentamento dos Soidos
dos | Officiaes maiores de Guerra e pas- | sagem
dos Contractos deste Sena- [ do para a Caza dos
Contos.

SENHOR = Segunda vez recorrem a | Vossa Magestade os Officiaes


da j Camara da Bahia e prostrados a [ Seus Reaes Pez umildemente
Supplicam a VoSsa Magestade se | digne attender a este seu justo. Re- |
querimento obrigou-se Senhor | a Camara desta Cidade asus- | tentar
em tempo de guerra vi- | va duas mil cento etrinta e du- | as Praças,
consedendolhe VoS- | sa Magestade os Contractos que | constão da mesma
obrigação | muitos annos, a que delia se | desanexou o do Sal, tam
importan- | te como hé notorio substi- | tuindo esta grande falta a
mer- [ (Fls. 223 v.) a mercê dehum Conto e trezentos mil | reis que
domesmo Contracto foi | VoSsa Magestade Servido mandar | applicar
todos os annos as rendas | da Infantaria. Então erão | os Contractos
mais crescidos as- | sim pella differença dos tempos | como por não
pagarem as pro- | pinas que hoje pagão, e supposto | que até agora não
estivesse | completo o numero das ditas du- | as mil cento e trinta e
duas Pra- | ças nem por isso deixou a Cama- [ ra da Bahia de pagar
sempre | muito mais do que era sua obri- | gação por que nem esta
foi ] de sustentar tantos reformados | como sustenta nem dos postos
da | primeira Plana que então | não havia, como são Tenente [ Capitão
Engenheiro Tenente | General de Artelharia e seus | Officiaes, soidos
por encheio aos | Mestres de Campo que até agora | só tinhão a me­
tade delle. Ca- | pitaens dos Fortes pagar quar- | (Fls. 224) quartéis
para os Soldados do Terço | Novo, consertar os do Terço Velho o [ que
pondo-se agora em praxe se | não acha quem o queira fazer | por menos
de oito mil cruzados | e sessem muitas destas addiçoens J que agora
acrescem importão | cada anno as rendas applica- | das a Infantaria
vinte ecinco | contos cento e vinte e quatro mil | novecentos noventa e oito
reis e | as quatro mostras vinte e oito [ contos trezentos e trinta e tres

20
CARTAS DO SENADO

mil | quinhentos e sessenta reis com | estes acréscimos nos achamos |


totalmente impossibilitados a discobrir | meio de desfazer este im- |
possivel que só pode remediar a | Benignidade e Grande de VoSsa Ma- j
gestade ou mandar nos con- | ceder rendas bastantes para o | sustento
dalnfantaria ordenando | ao Provedor Mor da Sua Re- | al Fazenda
tome assi estes contra- j ctos que administramos cor- | rendo pela di­
reção daquelle Tri- j bunal as mostras da Infantaria | (Fls. 224 v.)
Infantaria que dé outrã sortes jus- ] tificarão os Officiaes e Soldados
as | queixas que já formão de ser em ] mal assestidos; e para que
conste | a VoSsa Magestade oZello everdade | comque lhe falamos nesta
ma- | teria quando VoSsa Magestade | fica Servido também pode orde- |
nar aqualquer Ministro desta | Rellação tome contas a Camara | das
Rendas que tem appli- | cadas a Infantaria, edo que des- | pende com
o seu sustento, este j Senhor hé o noSso justo e justi- | ficado Reque­
rimento cujo des- | pacho esperamos conseguir da | Real Attenção e
Grandeza de | VoSsa Magestade e que para bem de se- | us Vassalos
Guarde DEOS muitos | annos. Bahia eCamara vin- | te e dous de
Julho digo de Junho de | mil sete centos edoze” Manoel | Pessoa de
Vasconcellos Escrivão | da Camara que asobscrevy | Fran- [ cisco Brã
Monteiro digo Fran- ] cisco Brã Botelho” Sebastião da | Rocha Pitta”
Gonçalo Soares da | (Fls. 225) da França” Antonio deFaria Fon- ] seca.

REGISTO da Carta do Procu- [ rador que este Se­


nado escreveo.

SENHOR = Meu duas recebemos de | VoSsa Mercê huma de dezenove |


de Julho demil sete centos eonze | e Outra de dois de Fevereiro demil
sete centos edoze epelo zello | com que mostra tomar a sua con- | ta
os negocios desta Cidade nos | poein VoSsa Mercê em nova con- | fiança
do seu prestimo, que sempre | será bem correspondido danossa | atten­
ção. A petição que VoSsa Mer- [ cê fez para a confirmação doper- | dão
do motim foi muito adver- | tida; só faltou a circunstancia | de dizer
VoSsa Mercê que ne- | nhum filho do Brazil mais | do que algum negro
ou mula- | tos se achou nelle prova bastan- | te para aconfirmação da
o- | bediencia destes Vassallos” Sum- | mamente estimamos a con-
se- j ção de Caza da Moeda, tam per- | (Fls. 225 v.) perciza a esta Bahia
como quem vive | na maior penúria por fal- | ta delia: mas porque ainda
cá | não chegou esta Resolução para justificar anecessidade que delia |
temos, repetimos amesma Suppli- | ca a Sua Magestade por Carta,

21
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

cu- | ja Copia também remetemos | aVoSsa Mercê “Também segun- |


damos a pedir a Sua Magestade | justissimamente nos livre dojul- |
go de sustentar a Infantaria, | pois alem de sehaver tirados [ o Contracto
do Sal tam impor- | tante e muitas condiçoens da | obrigação daCamara
se tem | faltado como VoSsa Mercê po- | derá ver da Copia daCarta |
que também remetemos jun- | to com a Certidão que será | com esta”
Lá responde este Senadoa ] huma porposta de ar- | bitrios que a Sua
Magestade | seoffereceu nessa Corte sobre | seporem os negros por es­
tanco | negocio tão prejudicial atodo es- | te Estado, como das razoens
da | (Fls. 226) dadita proposta poderá VoSsa Mer- | cê ver” E como
paresse que estudão | muitos sugeitos negociantes desse ] Reino ades-
truhir este Estado re- | sucitou afora outra proposta que | dormia á vinte
annos, que man- | da sejão os Senhores de Engenho | obrigados com
pena de dez an- | nos de degredo, eperdimento de ] Assucar amarcarem
com mar- | cas defogo as Caixas de assucar | fino, redondo, e baixo,
supposto | que os ditos Senhores de Enge- | nho respondem impugnando
’ ofazem tão deminutas que | nosparece precizo dizer a VoSsa Mercê |
se oponha com todas | as forças a este intento dos mer- ] cadores que
também respondem | approvando-o o qual intento | não hé outro que
querem que | oAssucar semarque todo com | amarca debaixo ecom-
prado en- | tão pelo deminuto preço do des- | ta qualidade, por que hé
certo | que hade haver tres preços de- j ferentes para ofino redondo
abaixo | (Fls. 226 v.) ebaixo no Cazo que consigão taxar-se | o assucar
como elles querem, e | até aqui se fez com tanto prejuizo | dos Senhores
de Engenho e Lavra- | dores eque senão derroga a Lei, hé | certo con­
seguirem os ditos merca- | dores marcar-se todo o assucar | com a
sobredita marca debaixo | pois quem haverá que queira por | sua li­
berdade na contigencia | de por huma marca defino em [ hum genero
que dehuma para | outra hora muda dequalidade | como aexperiencia
acada passo j omostra, sendo mil vezes o que ] cá parece excelente in­
ferior | em Lisboa ao que se julga re- | dondo depois da compra por |
fino, não bastante a estes hidro- | picos do interesse virem exa- | mi­
narem toda sas Caixas que | comprão furando-as eabrindo-as | e revol-
vendo-as bem hé que | secastigue o Senhor deEngenho | dequese achar
alguma Caixa | viciada, mas que culpa temos ] que vendendo o seu
assucar por | (Fls. 227) por redondo o comprador o man- | da ao seu
correspondente por fino ] só para lhe acrescentar opreço ] eficar inde­
nizado digo e | ficar indevidamente com a acressimo” | Vemos os termos
que tem tomado | os Requerimentos de Manoel Di- | as Filgueiras acerca
do Sal, mas | já que mais se não pode fazer | enem nos vai não concor­

22
CARTAS DO SENADO

rera j para a suas perdas para senão | tirarem do Povo os seus lucros
pa- ] recia justo que elle desse o Sal ] bastante para todo este Estado |
enão tão pouco que já se está ] experimentando notável falta | delle,
se não hé que também | havemos de pagar o ter elle pou- | co dinheiro
por cuja cauza em- | barca tão pouco Sal.” O Reque- [ rimento de se
embarcar mais ] Tabaco para aCosta daMina | hé util e assim que
esperamos | se não descuide VoSsa Mercê dele.” | As cauzas que este
Senado la tem | pendentes he huma com An- | tonio Francisco de Al­
meida, | (Fls. 227 v.) Almeida sobre apenhora que aeste | sefez por
hum conto etrezentos j mil reis do assougue Eclesiástico, | e outra a
Cauza da preferencia | com Antonio Soares de Brito | sobre os bens de
João Rodrigues | Reis a qual temos noticia está | já conduza e VoSsa
Mercê as a- | plicará como esperamos de seu | zello. Guarde DEOS a
VoSsa Mercê mui- | tos annos. Bahia eCamara vin- | te edous deJunho
de mil sete centos | e doze Manoel Pessoa de Vascon- | cellos Escrivão
daCamara que | sobscrevy” Francisco Pereira Bo- | telho” Sebastião da
Rocha Pitta” Gonçalo Soares da Franca” Antonio | deFaria Fonceca.

REGISTO da Carta que escreveo | este Senado a


Meza do Passo | sobre a morte do Vereador Jozé |
de Goes e Araújo.

SENHOR = Aos dezenove doprezente ] mez de Março falleceo o Vereador


mais Ve- | Iho deste Senado Jozé deGoes de A- | raujo, epor que deve
ser pro- | (Fls. 228) provido odito lugar nos parece fa- | zer a VoSsa
Magestade presente pa- | ra que mande o que for Servido. Ba- [ hia
eCamara vinte edois de Mar- | ço demil sete centos etreze annos. |
Manoel Pessoa deVasconcellos Escri- | vão da Camara que subscrevy”
Jo- | zé Pires de Carvalho” Matheus de ] Goes e Araújo” Francisco Dias"
| Sobre escrito” AELREY NOSSO SE- | NHOR, pelo Desembargo do
Passo, | Juis Vereador e Procurador | da Camara da Bahia.

REGISTO da Carta que este ] Senado escreveo a


Sua Magestade [ sobre os Procuradores da Cidade
| de Lisboa.

SENHOR = Por Carta devinte e quatro | de Janeiro deste prezente


anno nos | Ordena VoSsa Magestade fassamos | dar cumprimento a
huma Sen- | tença quepor parte de Jozé Gomes | de Avellar e Jozé
Henriques da | Silva Procurador que forão deste | Senado se alcançou

23
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

contra Mano- [ el da Silveira de Maga- | lhaens, e (Fls. 228 v.) eleito


também ao depois para a- | quella occupação, ecomo por par- | te do
sobre dito Jozé Gomes de | Avellar se fez presente a VoSsa | Magestade
que tem cauza o re- ] moverão daquelle excessivo digo | daquelle exer-
cicio se | nos faz perciza areprezentação que agora | fizemos a VoSsa
Magestade, de que | o tal Jozé Gomes de Avellar se ex- | cluhio de Pro­
curador deste Se- | nado por não dar Conta dos nego- [ cios que ihe
encomendavão pa- ] ra cuja expedição hé só para | que se conserve
hum Procura- | dor neSsa Corte e se qualquer | PeSsoa particular tem
poder pa- | ra remover os seus Procura- | dores com Cauza ou sem eila,
este Se- | nado que pela Razão sobredita | dezocupou odito Jozé Gomes
de A- | vellar dos negocios deque não da- | va Conta faz agora tam­
bém prezente a VoSsa Magestade que ] não parece Razão selhe des- |
cipe ajurisdição depoder chegar | novo Procurador suppostas as |
(Fls. 229) as faltas do passado e como todo ) ofundamento da Sen­
tença que ] elle alcançaram digo que elle al- | cançou foi o conside­
rar-se a pro- [ curação que sefez a Manoel da | Silveira de Magalhaens
sem a [ solenidade de assignar nella | o Juiz deFora que então servi-
| ão digo então servia Francis- | co Pereira Botelho por conveni- [ en-
cias particulares queteve | para assim o fazer e a vereação | do anno
passado de sete cen- | tos e doze, vendo a grande ex- | pedição e boa
Conta que dava | de todos os negocios que lhe en- | caregavão o dito
Procurador | Manoel da Silveira de Ma- | galhaens lhe retificou apas-
I sada Procuração que selhe | havia feito com a Solemni- | dade de
não só ser assignada [ pelos Vereadores mas também | pelo Juis Pre-
zidente que então | era o Vereador mais Velho o | Sargento Mor Manoel
Ramos | Parente como VoSsa Magestade | (Fls. 229 v.) Magestade lhe
será prezente nos | pareceo não inovar couza algu- | ma contra esta
ultimaeleição | antes Reprezentar com as raz- | ens sobre ditas a VoSsa
Magesta- | de seja Servido por Sua Real | Grandeza attendendo a con­
servação | dos seus Vassallos e do bem co- | mum desta Republica man-
| dar seconcerve este ultimo Procura- | dor deste Senado Manoel [ da
Silveira de Magalhaens por | quanto só delle fiamos seus ne- | gocios
como também ordenar | que os Juizes deFora que vie- | rem senão
intrometão em se- | melhantes eleições querendo a | rogar asi ajuris­
dição que lhe | não compete eter só naquella | occupação as peSsoas
que aelles | por respeitos particulares, lhes | faz conveniência sem
atten- | ção ao bem publico não sendo | mais que huns executores dos |
negocios que sevencem avotos | neste Senado o qual não Sendo | VoSsa
Magestade Servido orde- | (Fls. 230) ordenallo assim fica ihabil para

24
CARTAS DO SENADO

poder attender ao bem commum em ] que como nacionaes os Vereado-


| res são mais empenhados que ] os estranhos supposto que sem | em­
bargo dequalquer determi- | nação sua esta não hade valer se | o Juiz
deFora a quizer confirmar | a omesmo tempo que dos mora- | dores
desta Cidade setira hum Salario se tira o salario cÕ | que sepaga hum
Procurador nes- | sa Corte para se applicar atodos | os negocios aelles
pertencentes ao | bom regimen eobservancia que ] deve haver em tudo
oque fizer | respeito a Conservação dos Vas- [ sallos deVoSsa Magestade
eassim o | requeremos aos Reaes Pez de | VoSsa Magestade que man­
dará | o que for Servido. A Real PeSsoa | de VoSsa Magestade Guarde
DEOS mui- | tos annos. Bahia vinte edois de | Junho demil sete centos
etreze” | Manoel Pessoa de Vasconcellos ] Escrivão daCamara que sobs-
crevy” João de Carvalhar deOliveira | (Fls. 230 v.) Oliveira e Vascon­
cellos” Jozé de Bar- j ros Machado” Jozé Pires de Carva- | Iho” Francisco
Dias.

REGISTO da Carta escrita | aos Procuradores deste


Senado na | Cidade de Lisboa.

Recebemos as de VoSsas Mercês e | nellas vemos a Sua queixa sobre |


as noSsas ” ” ” ” ” ” os removessem ] de Procuradores deste Senado
sem | Cauza allegendo denovo a Ma- | noel da Silveira de Magalhaens
| e o que só podemos dizer aVoSsa ] Magestade e o que só pode- | mos
dizer a VoSsa digo e o que so po- | demos dizer a Vossa Mercê hé | que
daBoa Conta expediçam | que odito novo Procurador nos ] dá nos ne­
gocios deste Senado | nos deixa obrigados aretificar-lhe adita Procu­
ração efazer- | lhe carga delia. DEOS aVoSsa Mercê ] Guarde. Bahia
eCamara dese- | sete deJunho demil sete cen- | tos etreze annos. Manoel
PeSsoa | deVasconcellos Escrivão daCa- | mara (Fls. 231) Camara que
Subscrevy” João de Carva- [ lhar de Oliveira e Carvalhar digo | de
Oliveira e Vasconcellos” Jozé de Bar- ] ros Machado” Jozé Pires de Car­
valho” | Francisco Dias “Senhores Doutor | Jozé Gomes de Avellar, e
Jozé Henri- | que da Silva.

REGISTO da Carta que escre- | veo este Senado


ao Procurador na | Cidade de Lisboa Manoel da-
Silveira [ de Magalhaens.

Pela de VoSsa Mercê feita em o pri- [ meiro de Abril deste Prezente anno
| vimos a expedição que deo aospre- [ zentes Requerimentos que tem

25
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

es- | te Senado neSsa Corte tendo tam- | bem Sucesso no conseguimen-


to | delles de cuja delligencia e activi- | dade ficamos a VoSsa Mercê
mui- | to obrigados: “E assim remettemos | aVoSsa Mercê novaPro-
curação | feita pela Vereação do anno passado [ em que vai assignada
o Juis que j era digo que então servia | pela Ordenação o Sargento
Maior | Manoel Ramos Parente para que ] (Fls. 231 v.) que sesse adu-
vida da outra, moti- | vo porque nos diz VoSsa Mercê pre- | valecerá
a com que se achara Jozé | Gomes de Avellar etivera Senten- | ça a
seu favor eficava de poSse | da Procuratoria deste Senado, o | qual
escreve a Sua Magestade | Supplicando sedigne denão der- [ rogar aSua
jurisdição na no- ] meação eremossão dos Procura- | dores pois foiSer-
vido ordenar [ nos por huma Carta que por [ quanto se lhe reprezentaxa
Jo- | zé Gomes de Avellar que estando | no exercicio deProcurador
deste | Senado sefizerão eleição deno- | vo Procurador removendo a | o
dito sem Cauza, evisto haver | alcançado Sentença a seu fa- | vor o
conservassemo a Sua | posse. Esperamos dódito Senhor [ nos não prive
da Regalia e | jurisdição tam livre aqualquer | sugeitos quanto mais
ahum | Senado daCamara que ficará ] sem acção inábil para ornais. |
“Namesma Carta pedimos aSua | (Fls. 232) Sua Magestade que DEOS
Guarde | Seja Servido ordenar que os Juizes | de Fora senão intormetão
em Se- [ melhantes eleiçoens querendo ar- | rogar asi ajurisdição que
lhe ] não compete sem attenção ao | bem Commum esó aconvenien- | cia
particular.” Remettemos a | Vossa Mercê huma Certidão tira- | da
dehuma que dessa Corte nos | enviou João Pereira de Vasconcellos |
dehuma Sentença que alcançou em proprios termos com Jo- | ão Ribeiro
Cabral sobre amesma | Validade de Procuraçoens een- | tão se senten­
ciou afavor deste | Senado como delia VoSsa Mercê [ verá que poderá
servir ao cazo [ prezente sendo necessário.” Ao | dito Jozé Gomes de
Avellar escreve- | mos que denovo nomeamo sa VoS- | sa Mercê por Pro­
curador deste Se- | nado eporque nos escreve que | sem Cauza o re-
movião lhe di- | zemos que por estarmos satis- [ feitos daGrande expe­
dição eboa | Conta que VoSsa Mercê dava | (Fls. 232 v.) dava dos ne­
gócios que se lhe havião | encarregado” Recomendamos a | VoSsa
Mercê faça todo opossivel | para que naprimeiro occazião | venhão os
Officiaes da Caza da Mo- | eda pela falta que ha de dinheiro | e agrande
utilidade que rezulta | desta Cidade em se lavrar nella | moeda” Depois
desta feita nos pa- | receo dizer aVoSsa Mercê que vis- | to Sua Mages­
tade ter concedido | ovir lavrar-se moeda nesta Ci- | dade que hé muito
util que | se lavre moeda Provinciana por ] que só assim haverá con-
ser- | vação nella que sendo geral | nenhuma ficará nesta Cida- [ de

26
CARTAS DO SENADO

como se experimenta com | ado Rio deJaneiro e VoSsa Mer- | cê poderá


fazer este Requeri- | mento que não hé de pequena | consideração e uti­
lidade a esta | Republica. Em os mais parti- j culares que tocarem ao
bem co- | mum desta Republica não te- | mos que recomendar a VoSsa
Mercê | por que fiamos de seu Zello e j (Fls. 233) e primor se haverá
com aquella | satisfação que esperamos eprin- ] cipalmente em acudir
com os liei- | tos Requerimentos contra as | empoziçoens que nos dizem
vem | a esta Cidade; esta he o que por ora | se nos Offerece edomais o
faremos | em a Frota mais largamente. DE- | OS Guarde a VoSsa Mercê.
Bahia | dezoito de Junho demil sete centos | etreze” Manoel PeSsoa
de Vascon- | cellos Escrivão daCamara que a | Sobscrevy” João de Carva-
Ihal de O- j liveira eVasconcellos” Jozé de Bar- | ros Machado” Jozé
Pires de Car- | valho” Francisco Dias” Senhor | Manoel da Silveira
de Maga- | lhaens.

REGISTO da Carta que es- | creveo este Senado


a Sua Ma- | gestade sobre mandar declarar | se
a este Senado ou ao Reverendo | Cabido se deva a
primeira venia | nas festas que se celebrão na | Sé
desta Cidade.

SENHOR = Nas festas que se celebrão | (Fls. 233 v.) celebrão na Sé


desta Cidade em | que assiste este Senado eo Reveren- | do Cabido, se-
tem por muitas vezes | movido duvida sobre avenia que | tomão os
Pregadores, querendo o Re- | verendo Cabido que seja primeiro | aelle
eo Senado não preferido sen- | do que pela posse e sua antigui- j dade
primeiro houve Senado da | Camara que Cabido epela sua re- | prezen-
tação em actos públicos pa- | recesse-lhe deve alguma attenção | como
Cabeça desta Republica e | reconhecendo esta primazia hum | Religiozo
daCompanhia de JESUS | pregando em a festa de Sam Felip- | pe eSan-
tiago sedescerão os ditos | Reverendos Conegos dos seus | assentos para
a Sacristia, e tornan- | do mandarão proseguir a | Missa e Muzica de-
Sorte que ven- | do-se opregador perturbado se ] desceo do púlpito sem
acaba | o Sermão ao qual segiuo o Se- | nado emais auditorio ecom | esta
perturbação senão acabou | afesta, eposto que já sobre esta | (Fls. 234)
esta matéria tenha havido litigios | senão determinou por elles o que |
se devia observar, com que não | tem sessado as duvidas, epor ata- | lhar
as dezordens que dellas se se- | guem Supplicamos aVoSsa Mages- | tade,
queira mandar decílarar ] se a este Senado ou ao Reverendo | Cabido

27
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

se deva aprimeira Ve- | nia para isso se observar. | DEOS Guarde aReal
Pessoa | de VoSsa Magestade como os seus | Vassallos havendo mister.
Bahia [ eCamara vinte ecinco de Setem- j bro demil sete centos etreze
“Manoel | PeSsoa deVasconcellos Escrivão | daCamara que asobscrevy”
| João de Carvalhal de Oliveira e | Vasconcellos” Jozé de Barros Ma- |
chado” Jozé Pires de Carvalho” Francisco Dias.

REGISTO da Carta que es- | te Senado escreveo


a Sua Mages- | tade sobre terem já mandado |
publicar aspazes nesta Cidade.

SENHOR = Na forma da Ordem de | (Fls. 234 v.) deVoSsa Magestade


sepublicou nes- | ta Cidade aos vinte etres de Setem- ] bro a confirmação
da Pax que | VoSsa Magestade foi Servido ceie- | brar com EL REY
Xp.mo de que vai | a Certidão incluza e todos nós a | os digo e todos
nos prostrados a | os Reaes Pez de VoS- | sa Magestade reconhecemos
aggradecidos | o grande cuidado com que VoS- | sa Magestade procura
conser- | var os seus Vassallos em pax, | quietação esocego. A Real
PeS- | soa de VoSsa Magestade Guarde DEOS. | Bahia eCamara vinte |
ecinco de Setembro demil sete | centos etreze. Manoel Pessoa de | Vas­
concellos, Escrivão da Camara | que asubscrevy” João de Car- | valhal
de Oliveira eVasconcellos” | Jozé de Barros Machado” Jozé j Pires de
Carvalho” Francisco Dias.

REGISTO da Carta que este | Senado escreveo a


Sua Magesta- [ de sobre sedar sessenta mil j reis
de Ordenado das Rendas | (Fls. 235) Rendas do
Conselho ao Official | que escrever os papéis aelle
perten- [ centes.

SENHOR = Correndo a administra- | ção dos effeitos applicados ao


sustento | da Infantaria desta Praça [ por este Senado seadmitirão
do- j us Officiaes que escrevião o que | tocava a os mesmos effeitos, e
delles | se lhes pagava acada hum delles | sessenta mil reis de Sallario
por | ordem que para isso houve de | VoSsa Magestade epor se não
pa- j gar outro Sallario. Escrivião os mesmos Officiaes os papéis que |
tão bem tocavão ao Conselho | agora porem que passou a administração
dos ditos effeitos | aos Ministros da Fazenda Re- ] al de VoSsa Mages­
tade ficarão | extinctos os ditos Officiaes e es- [ te Senado sem nenhum

28
CARTAS DO SENADO

delles | por não dever servir sem Sa- | lario e não se lhe poder pagar |
dos bens do Conselho sem nova | Provizão de VoSsa Magestade epor |
que senão pode dar aviamento ] (Fls. 235 v.) aviamento as diligencias
domes- [ mo Conselho sem haver ao menos ] hum Official que escreva
os pape- [ is aelle pertencentes por não ser ] possivel que escreva todos
por su- j a mão o Escrivão e em todos [ os Tribunaes costuma haver
Of- ] ficiaes que ajudem o Escrivam | eSecretario delles, e assim odeve
; também ter este Senado. Pedimos | a VoSsa Magestade queira man- |
dar passar Provizão para que [ o haja e se lhe pague dos mes- [ mos
bens do Conselho o Sallario | de sessenta mil reis que he o | que tinha
cada hum dos outros | eo menos comque se pode sus- | tentar hum
Official por ter mui- ] tos poucos emolumentos fora [ do Sallario.
Guarde DEOS a Real ] Pessoa de VoSsa Magestade. Ba- | hia eCamara
vinte ecinco de | Setembro demil sete centos etreze”. [ Manoel Pessoa
da Silva Escri- | vão daCamara que o Subscrevy” | João deCarvalhal
de Oliveira e | Vasconcellos” Jozé de Barros Ma- | chado (Fls. 236)
Machado” Jozé Pires de Carvalho” Francisco Dias.

REGISTO da Carta que o Se- | nado escreveo a Sua


Magestade so- | bre não quererem pagar afinta |
do Dote ePaz os Familiares do San- | to Officio
pelo seu Previlegio.

SENHOR = Excuzão-se depagar asfin- | tas do Donativo do Dote e Paz


digo do dote da Sereníssima Rai- | nha dagram Bretanha ePaz | de
Olanda todos os Familiares do | Santo Officio pelo Previlegio que go-
zão; eoutros muitos previlegia- | dos, epor que só em Familiares | são
perto de duzentos e quaze | todos ricos e afazendados com | Proprie­
dades muito rendozas e | por não serem fintados em suas | Pessoas
enosseus bens carrega ma- | ior computo ao povo emoradores | pobres
que não tem previlegios | que os escuze e não parece jus- | to que sendo
todos Vassallos pa- | guem huns tudo eoutros nada | eserá menos opre-
juizo sehouver: (Fls. 236 v.) se houver certo numero de previlegiados |
ou se o previlegio os es- [ cuzar só de pagarem fintas da | sua pessoa
e das Cazas emque mo- | rarem enão das mais Proprie- ] dades para
que assim fique [ menos carregado o Povo que se j acha hoje muito
impossi- | bilitado pela carestia dos mantimentos, todos os mais gene-
| ros necessários para ouzo da j Vida, pedimos a VoSsa Mages- | tade
queira mandar detenni- | nar certo numero defamiliares | que só go­

29
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

zem o Previlegio de | não pagarem, e que os mais ] sejam fintados e que


havendo | de se excuzarem todos seja so- | mente no que respeita a suas
| Pessoas e Cazas desua morada. ] enão nos mais bens e Proprieda- [ des
que tiverem para ren- | dimentos. DEOS Guarde a Real | Pessoa de
VoSsa Magestade. Bahia e de Setembro vinte ecinco de | mil sete centos
etreze” Manuel | Pessoa deVasconcellos Escrivam | (Fls. 237) Escrivão
da Camada que aSobscrevy” João de Carvalhal de Oliveira | e Vas-
concellos” João de Barros Ma- j chado” Francisco Dias.

REGISTO da Carta que este | Senado Escreveo a


Sua Magestade so- | bre se não desanexar do Offi-
cio | de Juis deFora e do Provedor dos | Defuntos
e Auzentes entrando | por Juis de Fora o Vereador
mais | velho.

SENHOR = Sendo anexo ao Officio | deJuis deFora desta Cidade o de


Provedor dos | Defuntos e Auzentes delia nas | occazioens que succede
por | auzencia, morte, doença ou | outra qualquer impedimento I vagar
o dito Officio de Juis deFora, | e entrar a Servillo em seulugar j ha
forma da Ordenação do | reino o Vereador mais Velho | se lhe desanexa
o dito Officio de | Provedor, esedá por Provizão | do Governador do
Estado aoutro | sugeito como agora sucedeu, | e parece menos justo que
fiando | (Fls. 237 v.) a mesma Ley do dito Vereador o Of- | ficio de Juis
que he demais pezo e | de muito trabalho e pouco lucro | selhe tire o
outro de que pode ter alguma utilidade pelo que pe- | dimos a VoSsa
Magestade quei- | ra mandar declarar que no | referido Cazo, omesmo
Vereador | que servir o Officio dejuis sirva | também de Provedor, ese-
não | desanexe hum do outro. DEOS Guarde a Real Pessoa de VoSsa
| Magestade. Bahia eCamara ) vinte e cinco de Setembro demil [ sete
centos etreze. Manoel PeSsoa ] de Vasconcellos Escrivão da Ca- | mara
que a sobscrevy” João | deCarvalhal de Oliveira eVasconcellos" Jozé
de Barros Ma- | chado” Jozé Pires de Carvalho” Francisco Dias.

REGISTO da Carta que este [ Senado escreveo a-


Sua Magesta- j de sobre as Fazendas que vem de |
Portugal assim secas como mo- | lhadas ademinui-
ção que nellas ] (Fls. 238) há e seachão viciadas.
SENHOR = Todas as Fazendas que ] se embarcão desse Reino para |
este Estado assim as secas que | se vem por Vara e Covado, como | as
molhadas que sedão por cana- | das equartilhos seachão vi- | ciadas

30
CARTAS DO SENADO

com falta no numero | das Varas e Covados, que sedecla- | rão nas pes­
soas e das Canadas | e quartilhos que se carregão nas | vazilhas, cujo
erro não se conhece | senão depois de ajustadas a | compras quando
os compra- | dores varejão os panos e despe- | jão as vazilhas, etudo
pagão | pelo número que dela vem [ declarado, ficando com aperda |
de deminuição que recebem | eparece justo que assim como as | Caixas
de assucar que vão des- | te Estado para esse Reino senel- | le seachão
com menos que das | que vão declaradas semandão | cobrar dos Se­
nhores de En- | genho, também secobre dos car- | regadores das ditas
fazendas toda | (Fls. 238 v.) toda ademinuição que nellas se a- | char
eassim Supplicamos aVoSsa Ma- | gestade queira mandar declarar |
que todas as fazendas assim secas [ como molhadas que seacharem |
deminutas nas medidas enumero | das Vara e arrobas ou Canadas se
não paguem aosmercadores que | asvenderem as que se acharem |
demenos, etendo-se-lhe pago tornem | elles arepor o que tiveram rece­
bido | de mais antes de conhecido oerro, | ecarreguem essa falta aos car­
rega- | dores das ditas fazendas que | as mandão desse Reino, ou dispo- |
nha VoSsa Magestade melhor me- | io por onde se evite este prejuizo. j
DEUS Guarde aReal Pessoa deVoSsa | Magestade. Bahia eCamara vin-
j te ecinco de Setembro demil | sete centos etreze. Manoel Pessoa | de
Vasconcellos Escrivão daCa- | mara que asobscrevy” João de | Carvalhal
de Oliveira Vascon- | cellos” Jozé deBarros Machado” | Jozé Pires de
Carvalho" | Francisco Dias.

(Fls. 239) REGISTO da Carta que este Senado |


Escreveo aSua Magestade sobre j O Dezembargador
Christovam Tava- | res de Moraes querer medir
asterras ] que não são do certão desta Bahia.

SENHOR = Foi VoSsa Magestade Servido j mandar Provizão ao dezem-


bar- | gador Christovão Tavares de Mo- | raes, para medir edemarcar
as ter- | ras do Certão desta Bahia sem | appelação nem aggravo para
| a Rellação deste Estado e inhibi- | ção amesma Rellação para não |
conhecer do seu procedimento | com cuja faculdade absoluta | tem
odito Dezembargador cau- | zado notável oppreção aos mo- | radores
detoda esta Commarca, | por que excedendo os termos da | Sua Pro­
vizão se entrometeo a | medir todas as terras do Recon- | cavo citas
abeira mar, que so- | bre não serem as do Certão que | so selhe faci­
lita demarcar es- | tão hoje em menos e décimos possuidores depois
dos primeiros Ses- | meiros a quem sederão eforão já [ (Fls. 239 v.) já

31
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

muitas vezes judicialmente | medidas e demarcadas eassim se I estão


possuinda digo possuindo | sem Condição ou Contradição nem | Con­
trovérsia, e sendo agora obri- | gados os possuidores pelo dito De- j
zembargador a fazer novame- ] dição lhes rezultou dellas pleitos [ e
letigios que não tinhão sendo | o seu procedimento tam violen- | to que,
amuitos dezapossou do | que possuião com posse passifica | de mais
de cem e cento e cinco- | enta annos sem os querer ou- | vir de sua jus­
tiça nem dar lu- | gar aopor as execuçoens que | querião allegar ape-
nando — os | para largarem as terras e ex- | pulsando-os dellas para
as dar | a outros, sem lhes admitir delia [ defesa alguma nem elles po- |
derem ter recurso por também | lhes não admitir appelação com | effei-
to suspensivo para o Con- | selho Ultramarino para onde só | lhas re­
cebe, comque não podem | evadir aviolenta execução que | (Fls. 240)
que lhes faz sendo primeiro que | todas as das Custas e Sallarios que |
delles cobra com tal exurbitancia | que muitos chegão a offerecer as |
mesmas terras por elles, por que | não valem tanto como lhes tira |
de expenças equando não tem | dinheiro prompto com que as | pagarem
lhes manda odito De- | zembargador penhorar os bens ma- | is líquidos
que lhes acha elhos | faz rematar por muito me- | nos do que valem
tanto que chegão | para os seus Sallarios edos | seus Officiaes que são
também os mais | delles seus Criados e familiares | com que selhes fa­
cilita mais a | aveixação que atodos faz tudo | cauzado de não terem re­
curso | para a Rellação do que rezul- | tão justas queixas e clamo­
res | que nos pareceo reprezentar a | VoSsa Magestade para que como |
Rey e Senhor mande acudir aes- | ta opreção destes pobres Vassalos |
ordenando que conheça a Rella- | ção do procedimento deste Ministro
| (Fls. 240 v.) eque elle não possa me- | dir as terras que cada hum es-
ti- | ver possuindo medidas edemar- | cadas sem controvérsia e que
re- | pondo os que se acharem violentamente | desapossados na sua
primeira | posse anão tire mais a | algum sem primeiro ser | plenamente
ouvido e convencido | com appelação e aggravo par- | ra amesma Rel­
lação. Guarde | DEOS aReal PeSsoa deVoSsa Mages- | tade Bahia e
Camara vinte | ecinco de Setembro demil sete | centos etreze” Manoel
Pes- | soa de Vasconcellos Escrivão da | Camara que a sobscrevy”. Jo -1 ão
de Carvalhal e Oliveira e | Vasconcellos Jozé de Barros Ma- | chado
Jozé Pires de Carvalho” Francisco Dias.

32
CARTAS DO SENADO

REGISTO da Carta que este | Senado escreveo a


Sua Mages- | tade sobre senão observar o es- | itllo
que segue por Regimen- | to o Juizo da Fazenda
dos (Fls. 241) defuntos e auzentes sobre a re- |
messa dos ditos bens e seguimento | dos acredores
delles para que estes | sem irem a ella possão ser
| pagos de suas dividas neste Estado ha- | vendo
porem para melhor ar- ] recadação do liquido no
Cofre | dodito Juizo trez chaves pelo | em que ficou
alcançado Fran- | cisco Cazado deCarvalho.

SENHOR — He hum dos Capitulos do | Regimento dos defuntos e


auzentes | que semanda observar nes- [ te Estado que senão paguem
a | os Sredores dos defuntos e auzentes | digo defuntos divida
que | passarem de dez mil reis sem sen- | tença do Juizo de índia e
Mina | dessa Corte esenão entreguem a | herdeiros dos defuntos as
heran- | ças que lhes tocarem sem Sen- | tença de habilitação feita
no mesmo Juizo | eda observância deste Ca- | pitulo se segue
que os Thezourei- | ros das Fazendas dos ditos defun- | tos procurando
a sua arrecadaçam | com mais ambição que zello sefa- | (Fls. 241 v.)
sefazem absolutos Senhores dellas, | retendoas em sua mão oito dez |
emais annos ecom ellas fa- | zem tratos enegocios particulares seus |
empregando o seu procedido em ef- | feito que carregão por Sua Conta
| para esse Reino, para Angolla | Costa da Mina e mais partes e | a
eSserespeito fazem quando he possivel | por demorrar os pagamentos
| e entrega das ditas fazendas fa- | zendo rematar todos os moveis |
que não padessem Corrupção para | terem mais dinheiro que empre­
gar e succedendo muitas vezes es- | atrem os mesmos donos e Senho­
res | das Fazendas prezentes por sy | e seus Procuradores ainda de­
pois | de justificarem serem os mesmos | lhe não querem fazer entrega
por | não mostrarem Sentença do | dito Juizo de índia e Mina sen- | do
que esta sequer só para | os herdeiros dos defuntos, que | se habilitão
enão paraos mes- | mos donos das Fazenda arreca- | dadas na sua au-
zencia e aos Cre- | (Fls. 242) credores que mostrão escrituras | publicas
eSentenças ainda alcança- | das contra os defuntos em sua vida | e
talvez já justificadas nodito Ju- | izo de índia e Minna, movem du- |
vidas frivolas e injustas só afim | de lhes demorar os pagamentos | e
reterem mais tempo em si o di- | nheiro para os seus negocios do |
que rezulta em requecerem-se | asy, o faltarem aofim para que | foi

33
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

criado odito Juizo emuitas | vezes perderem as Fazendas alhei- | as enão


terem com que as satis- | fazer, como agora se experimen- | tou por
que falecendo o Tezourei- | ro da Comarca Francisco Cazado | de Car­
valho se achou dever do seu | recebimento quatorze con- | tos e tantos
mil reis | pelos haver divertido em vários negocios seus | sem deixar com
que se satisfazê | o que sedê em notavle damno dos | moradores de*ste
Estado e de Serviço | de Vossa Magestade que se evitará | mandando
declarar que aos cre- | dores dos defuntos que tiveram as | (Fls. 242 v.)
suas dividas liquidas por Cre- I ditos verdadeiros ou escrituras publicas,
| e Sentenças alcançadas em vi- | da dos mesmo defuntos se lhes pague
promptamente sem ser | necessário esperar Sentença do | Juiz e índias,
e Minna eque na | mesma forma se entreguem as | fazendas pessoas que
acha- | rem prezentes só por justifica- | ção feita mesmo juiízo dos | de­
funtos e auzentes e que outro- | sim seguarde inteiramente | Regimento
na parte que manda estar o dinheiro em Thezoura-1 do em huma arca
com trez | Chaves que tenhão o Procurador | e Escrivão e o Thezoureiro
enão | poSsa este tirar delia dinheiro | sem concurso dos mais para -
os pagamentos e remessas que se | devem fazer por quanto desenão |
observar inteiramente esta dis- | pozição rezultão os damnos re- | feridos
e outros mais que aqui se experimentão com grande pre- | juizo detodo
este Povo.” DEOS Guar- | de (Fls. 243) Guarde a Real Pessoa de VoSsa
Ma- | gestade Bahia e Camara vinte e | cinco de Setembro demil sete
centos | e tre” Manoel Pessoa de Vasconcellos | Escrivão daCamara
que subscrevy” | João de Carvalhal e Vasconcellos Jo- | zé de Barros
Machado” Jozé Pires | deCarvalho” Francisco Dias.

REGISTO da Carta que este Se- | nado escreveo


aoProcurador delle | na Corte de Lisboa o Sargento
Mor | Manoel da Silveira de Mag.es.

Com esta remetemos a VoSsa Mercê | a Segunda Via de Huma Carta |


que a VoSsa Mercê escrevemos em | o Paquete de Avozo que desta
Cidade | partio para essa Corte enella vem | digo enella verá | VoSsa
Mercê oque | lhe recomendamos sobre os particulares | deste Senado
enviando-lhe nova | Procuração e em ratificaçam | da primeira com
todas as Soleni- | dades para que não tenha que ] alegar nulidades Jozé
Gomes de | Avellar que aforça se quer sus- | tentar Procurador deste
Senado com (Fls. 243 v.) contra a sua regalia denomear a | quem
muito lhe parecer, fará me- | Ihor os negocios delle, ejuntamen- [ te

34
CARTAS DO SENADO

remetemos a VoSsa Mercê o traslado | de huma Sentença alcançada em


| próprios termos a favor deste Senado | contr aJoão Ribeiro Cabral pa-[
ra que servindo se aproveite dos | seus fundamentos eter passado já | em
Cauza julgada como temos | noticia que na Nau Sam João de | DEOS
venhão os Officiaes, e aprestos | da Caza da Moeda para esta Cidade I
sendo assim terá VoSsa Mecê | mais que requerer neste particular j
que só nos conseda Sua Ma- | gestade que se lavre moeda Pro- | vinciana
para que fique na ter- | ra a Respeito que a MoedaGeral | toda vai para
esses Reinos”. Do | rol, incluzo verá VoSsa Mercê as car- | tas que escreve
este Senado aSua Ma- | gestade e o que nellas lhe sup- | plicamos. Em
o Navio NoSsa Sen- | hora da Conceição e Sam Gon- | çalo vai huma
appellação por par- | te deste Senado com a Camara da | (Fls. 244)
da Villa de Cairú para que VoSsa Magestade digo Mercê soli- | cite o
seu mlehoramento e em quan- | to a informação digo Sindico deste |
Senado que não tem outra que dar | mais o que do fundamento dos Autos
| consta” Por via de Salvador Dorta | Procurador de VoSsa, Mercê
remettemos | quarenta mil reis em dez | moedas de ouro que são para
os | gastos das demandas deste Senado | de que vai dentro deste hum
reci- | bo” Não temos que recomendar | a VoSsa Mercê a expedição dos
par- | ticulares deste Senado por que fiamos do Seu Zello ecuidado se
ha- | verá como VoSsa Mercê espera- | mos” Pareceu-nos enviar a
VoSsa | Mercê as Copias detres aggravos | que se proferirão na Relação
dste | Estado contra este Senado e escrivão | delle afavor do Juiz
de Fosa sobre | as juridiçoens ecomo escreve este | Senado a Sua Ma­
gestade sobre | este particular pedindo a sua | determinação a vista
dos ditos | traslados fará VoSsa Mercê tudo ( (Fls. 244 v.) tudo o que
convier afim de saber | o que se hade observar sobre os por- | ticulares
que nelles contem. Deos | Guarde a VoSsa Mercê por muitos | annos.
Bahia e Camara vinte e cinco de Setembro de mil sete-1 cenots e treze
Manoel Pessoa deVasconcel- | los Escrivão da Camara que | asobscrevy”
João de Carvalhal de | Oliveira eVasconcellos” Jozé de Bar- | ros Ma­
chado” Jozé Pires de Carva-1 Iho” Francisco Dias” Senhor Ma- | noel
da Silveira de Magalhaens.

REGISTO da Carta que este | Sendo escreveo a


Sua Magestade | sobre os effeitos dalnfantaria pas­
sarem | para a Fazenda Real.
SENHOR = Em observância da or- | dem de VoSsa Magestade passou |
e Governador eCapitam General | deste Estado huma Portaria | para

35
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

este Senado passar ao Pro- | vedor daFazenda Real a admi- | nistração


dos effeitos applicados | ao sustento da Infantaria eos | livros delia e
tudo sedeo logo | (Fls. 245) logo prompta obediência de que | fazemos
avizo aVoSsa Magestade | cuja Rael Pessoa Guarde DEOS. Ba- | hia
eCamara vinte ecinco de No- | vembro demil sete centos etreze | ” Manoel
PeSsoa de Vasconcellos Es- | crivão da Camara que a Sobscre- | vy”
João deCarvalhal eOliveira | Vasconcellos” Jozé de Barros Ma- [ chado”
Francisco Dias.

REGISTO da Carta que este [ Senado escreveo a


Sua Mages- | tade sobre o Dezembargador Chris- |
tovam Tavares de Moraes.

SENHOR = Faz-semos precizo repetir | aqueixa que já na Frota íize- |


mos a VoSsa Magestade do vio- | lento procedimento com que se | há
o Dezembargador Christovão | Tavares deMoraes na deligencia das |
mediçoens que lhe foi come- | tida porque cada vez passa a | mais
o seu excesso, agora se [ intormete também a medir os | prédios urba­
nos dentro da Cidade | para o que tem mandado no | (Fls. 245 v.) no­
tificar a muitos moradores que | apresentem os títulos dos chãos | emque
tem Cazas epedindo-lhes | elles vista das notificaçoens huns | para
mostrarê judicialmente os | mesmos títulos, outros para os | provarem,
emuitos para mos- ] trarem que tem prescripto por | legitima prescrip-
ção os mesmos j chão por ser também apres- | cripção titulos jurídico
por | onde se adquire o dominlo elle | lhes denega avista como cons- | ta
da Certidão junta, sendo es- | ta de direito nactural q se- | não pode
denegar, epelas Leis | deVoSsa Magestade se man- | da dar ainda nas
Cauzas que | tem procedimento Summario | e Summarissimo como
sam | as de força nova de alimentos | de Serviço eoutras semelhan- | tes;
no que deixa os pobres mo- | radores indefesos sem lhes a- | demitir
mais titulos que as | das primeiras Sesmarias e que | já qão existem
nem há delles | (Fls. 246) delles memórias e que mais hé j que até
o recurço de appellação e | aggravo que se admitte para | o Conselho
Ultramarino nega | indirectamente por que o seu | Escrivão não há
otraslado e instru- | mentos aos appelantes eag- | gravantes, efazendo-se
repeti- | das queixas disso ao dito Dezem- | bargadro elles as houve tão
mal | que a ninguém defere talvez por | que se não veja no Conselho |
o procedimento com que tem ex-1 poliado amuitos da posse que | tinhão,
antiquissima demais | de cem annos com titulo eboa | fé sem os querer

36
CARTAS DO SENADO

ouvir nem ad- | mitir a defeza dizendo que pa- | ra assim proceder tem
ordem de | VoSsa Magestade fiado na Provi- | zão que VoSsa Magestade
mandou para não ser obrigado amos- | tralla sendo inveressivel que
VoS- | s aMagestade ordene tal procedi- | mento sem serem ouvidas as
partes; eoque mais hé que man- | da o dito Dezembargador faer |
(Fls. 246 v.) fazer as mediçoens que lhes parece | cometendo-as a seu
Escrivão | com medidores e Pilotos por elle elei- | tos diverços do do
Conselho desta | Cidade com quem costumava fa- | zer as mesmas
mediçoens seu | antecessor o Dezembargador Jo- ] zé da Costa Corrêa
no que fica | também estes Officiaes frau- | dados eprejudicados, pelos
emo- | lumentos deque ficão priva- | dos havendo a respeito delles |
pagos osdireitos da meias an- ] natas a Vossa Magestade no | que tam­
bém obra odito De- | zembargador com excesso eas- | sim procede sem
assestir as | ditas mediçoens e está elle em | sua Caza vencendo os
salarios | como se assestisse, no que sehá | com tal exurbitancia que só
I a Manoel Araújo eAragão | levou sete centos e sessentamil | reis de
Sallarios epara isso hé | que obriga aos moradores que | estão soce-
gados medidos e demar- | cados com seus sercos sem | (Fls. 247) con­
trovérsia alguma tornarem- | se amedir e se os ditos prompta- | mente
não pagão Salarios, os exe- | cuta rematando os melhores es- | cravos
que tem por cuja cauza | estão muitos destruhidos queixan- | dose sem
sessar deque sendo elles | Vassallos deVoSsa Magestade co- | mo he
odito Dezembargador se | lhe consinta a elle enrequesser | a custa
detantos que chorão o seu | rigor; pelo que outra vez im- | pioramos
ofavor aVoSsa Ma- | gestade mandar pôr termo | ao poder deste Minis­
tro man- | dando que nãoproceda sem | serem ouvidas as partes, eque
j doseu procedimento conheça a | Rellação do Estado por appella- | ção
eaggravo por não ser possi- | vel esperar o recurso para o Can- | selho
não havendo cá superior | aquem se recorra nem ainda | para expedir
as appellaçoens e | aggravos que para elles se enter- | poem. DEOS
Guarde aReal PeS- | soa deVoSsa Magestade Bahia | (Fls. 247 v.) Bahia
eCamara vinte e cinco de | Novembro demil sete centos | etreze” Manoel
PeSsoa de Vascon- | cellos Escrivão da Câmara subs- | crevy” João de
Carvalhal eOli- | veira eVasconcellos” Jozé de Bar- | ros Machado” Jozé
Pires de Car- | valho” Francisco Dias.

37
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

REGISTO de huma peti- | çã por onde o Dezem-


bargador | Christovão Moraes negou a vis- | ta e
adita petição foi aSua Magesta- | de de dentro da-
Carta, em fronte | ese registou aqui por ordem
vocal do Juis João de Carvalhal | de Oliveira e
Vasconcellos.
Diz Dona Izabel de Mattos de | Mello que ella foi notificada | por Ordem
deVoSsa Mercê para | em terno deseis dias apprezen- | tar ostitulos
da terra em que | tem Cazas que ficarão de sua | mãiDona Izabel de
Mello Serrão; epor que aSupplicante | quer haver vista dadita noti- |
ficação para ser ouvida doseu | (Fls. 248) doseu Direito ejustiça” Pede
aVoSsa | Mercê que selhe dê vista da dita | notificação eque sendo feita
aRe- | querimento da parte se site pelo | interesse que nella tiver, eque- |
sem a Supplicante ser ouvida | se não obre couza alguma pe- | la dita
notificação com penna | de sertudo se haver pr. nullo” E Receberá |
Mercê” Despacho" Não ha que | defferir” Moraes” Replica” Senhor I
Dezembargador” Diz aSuppli- | cante que avista he expecie de | deffeza,
ecompete de direito na- | tural acujo respeito senão ne- | ga nem pode
negar aninguem | em tanto que até aos excomum- | gados que não po­
dem estar | em Juizo, senão nega ehé co- | mua Rezolução dos autores
que | ao mesmo diabo se apedir se | não deve negar, em cujos ter- | mos
querendo aSupplicante | ser ouvida emostrar porsi e | seus antecessores
possue aSupplicante | ser ouvida emostrar porsi e | seus antecessores
possue as Ca- | zas sendo dellas amais decem | annos por vários titulos
de con- | (Fls. 248 v.) de compra e arremataçõens que sem- | pre com
boa fé e outras exceçoens | mais que as relevão que não | pode fazer
sem ser ouvida de se- | lhedar avista que por otdo o direi- | to nactural
edas gentes civel e | Canonico se lhe não pode negar pe- | lo que Pede
aVoSsa Mercê mande | selhe dê vista como pede pois hé | de direito”.
E Receberá Mercê” | Segundo Despacho” Tenho deffe- | rido, naforma
das Reaes Ordens de S. | Magestade que DEOS Guarde” | Moraes” Re­
conhecimento” O Dou- | tor Alexandre Botelho de Mo- | raes Dezem­
bargador Ouvidor | Geral doCivel com alçada eJuis | das Justificaçoens
Etc. Faço saber | aos que esta prezente certidão de justifi- | cação
virem que amim me- | constou por fé de Escrivam | de meo Cargo que
esta fez serê | os dous Despachos eRubricas | nesta petição do Dezem-
bar- | gador Christovam Tavares de | Moraes nelle conthendo o que |
hei por justificado na Bahia | (Fls. 249) Bahia aos vinte e quatro dias
do | mez de Novembro demil sete cen- | tos etreze annos “E Eu Manoel
da j Costa Rocha que o escrevy” Alexandre Botelho de Moraes.

38
CARTAS DO SENADO

REGISTO da Carta que es- | te Senado Escreveo


ao Procurador | de Lisboa o Sargento Mor Manoel
| daSilveira de Magalhaens.

Neste Navio vai huma appela- | ção da Villa de Camamú com | este
Senado Vossa Mercê assim | o tenha entendido para obrarcõ | aquelle
cuidado que costuma nos | particulares desta Cidade” Guar- | de DEOS
aVoSsa Mercê muitos | annos. Bahia eCamara vinte | ecinco de No­
vembro demil sete | centos etreze” Manoel Pessoa de I Vasconcellos Es­
crivão da Cama- | ra que aSobscrevy” João de Car- | valhla de Oliveira e
Vasconcellos” | Jozé deBarros Machado" Jozé ] Pires deCarvalho” Fran-
ciscoDias” | Senhor Manoel digo Senhor Sar- | gento Maior Manoel
daSilveira | (Fls. 249 v.) da Silveira de Magalhaens.

REGISTO da Carta que este | Senado Escreveo a


Sua Magestade | sobre o Dezembargador André
Lei- | tão de Mello mandar os effeitos | dos dona­
tivos para este Senado.

Por passar ao Rio deJaneiro o | Dezembargador André Leitão de | Mello


aquem VoSsa Magestade | havia encarregado a arrecada- | ção do que
ainda sedeve d 0D0- | nativo do Dote da Sereníssima | Senhora Rainha
daGram Bre- | tanha ePaz de Olanda, recomen- ] mendou aeste Senado
a dei- | ligencia desta arrecadação digo | delligencia da mesma arreca- |
dação que se asseitou por ser | Serviço de VoSsa Magestade enel- | la
sahirá prosseguindo até | VoSsa Magestade ordenar o que | for Srevido.
Cuja Real PeSsoa Guarde DEOS Bahia eCamara | vinte enove de No­
vembro demil | sete centos etreze Manoel Pessoa ] deVasconcellos” Es­
crivão daCamara | (Fls. 250) Camara queSubscrevy” João de Car- |
valhal de Oliveira eVasconcellos” Jo- | zé de Barros Machado” Jozé
Pires | deCarvalho” Francisco Dias.

REGISTO da Carta que es- | te Senado escreveo a


Sua Mages- | tade sobre que passando para o |
Rio de Janeiro o Dezembargador | André Leitão de
Mello asseitou este Senado | cobrança da finta.

SENHOR = Passando para o Rio de | Janeiro o Dezembargador André


| Leitão de Mello aquem VoSsa Ma- | gestade havia encarregado aco- |
brança das fintas doDonativo | para o dote da Sereníssima Ra- [ inha

39
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

daGram Bretanha ePaz | de Olanda encarregou adelligen- | cia damesma


cobrança aeste Se- | nado que por ser Serviço de VoS- | sa Magestade a
asseitou logo do | qual ficamos tratando com cui- | dado e zello fazendo
os lança- | mentos destes últimos annos ea- | plicando sua cobrança
tanto | nesta Cidade como nos termos | (Fls. 250 v.) termos desta Ca­
pitania, para que | se ajuste oresto que se devia na | forma das ordens
eProvizoens que | com a mesma deligencia se entre- | garão. À Real
PeSsoa de VoSsa Ma- | gestade Guarde DEOS Bahia eCa- | mara trinta
de Julho de milsete | centos equatorze Manoel PeSsoa | deVasconcellos
Escrivão daCama- | ra que a Sobscrevy" Francisco | Machado Palhares
Soares” Gas- | par Pacheco de Menezes” Anto- | nio de Brã e Araújo”
Jozé Soares | Ferreira.

REGISTO da Carta que es- | te Senado escreveo


aSua Mages- | tade sobre a aceitação dos | vinte
porcento digo dez por cento.

SENHOR = Propondo-se pelo Excel- | lentíssimo Marquez de Angija


| V. Rey e Capitão General deste | Estado a Provizão por onde VoS- | sa
Magestade ordenou otri- | buto dos dez por cento emtodas | as fazendas
que vieram desse | Reino para esta Cidade se ac- | (Fls. 251) se aceitou
logo com prompta o- | bediencia sem que fizéssemos pre- | zente o
mizeravel estado em que | está esta terra porque pode ma- | is com os
moradores delia a dispo- | zição e ordens deVoSsa Magesta- | de que
arezão de sua impossi- | bilidade; mas como pode este ser | maior se
sepozer odito tributo | em Contracto ecorrer acobrança | delle pelo
particular que ore- | matar não podendo dahire- | zultar maior utili­
dade aVoSsaMa- | gestade, humildemente prostra- | dos a os Reaes Pez
deVoSsa Ma- | gestade lhe pedimos queira con- | servar acobrança delles
pelos | seusMinistros naforma que | setem assentado, sem passar |
nunca aforma de Contracto | por ser assim mais convenien- [ te ao Co­
mercio emenos preju- | dicial apreço. AReal PeSsoa | deVoSsa Mages­
tade Guarde De- | os Bahia eCamara trinta | deJulho demil sete centos
e | quatorze Manoel PeSsoa de | (Fls. 251 v.) de Vasconcellos Escrivão
daCama- | ra que a sobscrevy” Francisco Ma- | chado Palhares Soares”
Gaspar Pa- | checo de Menezes” Antonio de Brã | e Araújo" JozéSoares
Ferreira.

40
CARTAS DO SENADO

REGISTO da Carta que este | Senado escreveo a


Sua Magestade | sobre se prohibir no Reino o ata-
| nados.

SENHOR = Experimentasse há | alguns annos grande falta de | gados


nesta Cidade para sus- | tento do povo delia pornão che- | garem osque
vem para odous | terços do anno e na occazião | de seprepararem as
frotas a- | inda hé maior anecessidade de | a cauza desta falta he apouca
i sahida que tem as coiranas | por segastarem no Reino ma- | is os
atanados que vem do Norte que a Sola do Brazil, | sendo esta também
hum dos | generos daterra demaior su- | pozição ecomo esta pela dita I
iazão de senão gastar no Reino | (Fls. 252) não tem cá compradores
que apa- | guem bem se obstem os Criadores | dos gados de os man­
darem vir e | falta o sustento mais principal ] do Povo, ejuntamente
demenue | onegocio deste genero que opulen- ] tava aterra sedendo tudo
em | maior Conveniência dos estran- | geiros que assim vendem por |
maior preços os seus atanados, | o que hé em conhecido Damno, | deste
Estado e ainda do Reino | pelo que prostrados aos Reaes Pez | deVoSsa
Magestade lhe Supplica- ] mos queira mandar prohibir | no Reino ouzo
dos atanados pa- | ra que possão ter sahida e Consu- | mo as Coiramas
e Solla deste Es- I tado, com que virão gados bas- | tante com que abunde
aterra | de Carnes e se augmente onego- I cio que por esta Cauza tem
da- | do embaixa, ficando-nos sempre | comprompta obediência para I
observar oque VoSsa Magestade | for Servido rezolver. Cuja Real | PeS­
soa Guarde DEOS. Bahia eCa- | (Fls. 252 v.) eCamara oito de Agosto
demil | sete centos equatorze”. Manoel j Pessoa deVasconcellos Escrivão
! da Camara que aSubscrevy” | Francisco Machado Palhares So- | ares”
Gaspar Pacheco de Menezes” j Antonio de Brã eAraujo” Jozé | Soares
Ferreira.

REGISTO de huma Carta | que este Senado escre­


veo aSua | Magestade sobre o Marquez de Angeja.

SENHOR = Por Carta de seis de | Abril deste anno foi VoSsa Ma- |
gestade Servido por Sua Real | Grandeza participar aeste Se- | ijado
anoticia dehaver no- | meado ao Marquez de Angeja | por Vise Rey
aCapitão General | de mar eterra deste Estado, por | huma eoutra couza,
himos | nestas regras da Sorte que nos | hé possivel a os Reaes Pez
de | VoSsa Magestade a agradecer, | reverentes, ehumilhados, a elei- |
ção que VoSsa Magestade foi | (Fls. 253) foi Servido fazer tam digna-

41
DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

mente | na pessoa do dito Marquez, por conhecermos evenerarmos nella


| quanto afama publica dos a- I certos com que setem havido | em tão
relevantes matérias | do Serviço deVoSsa Magestade | quantas tem
sido as comque | sabe grangear tão merecidos | applauzos ao seu nome.
Esta | Cidade o recebeu com geral | contentamento e alegria de to- j da
anobreza ePovo delia eco- | mo aSua vinda foi não espe- | rada no
tempo em que che- | gou senão fizerão asfestas que | a mesma Cidade
hia despon- | do para odia em queo Mar- | quez tomasse posse, epara se-
i rem mais publicas as demons- | traçoens do gosto comque a- | plau-
dismos amercê que VoSsa | Magestade fez aeste Estado | em nomear
para o seu Go- | verno ahum tal Vice Ray ] se rezervarão para odepois
da | partida da Frota as mesmas | (Fls. 253 v.) as mesmas festas agora
comma- | ior razão por termos ja expe- | rimentado abenevolencia |
agrado, justiça, e rectidão com | que odito Marquez se tem ha- | vido,
correspondendo em tudo a | o alto conceito que VoSsa Ma- | gestade
delle faz. DEOS Guarde | aReal PeSsoa deVoSsa Mages- | tade Bahia
eCamara de A- | gosto oito mil sete centos e quatorze” Manoel Pessoa
deVas- | concellos Escrivão daCamara | que aSubscrevy” Francisco Ma-
j chado Falhares Soares” Gaspar Pa- | checo deMenezes” Antonio de |
Brã eAraujo” Jozé Soares Ferr.a

REGISTO da Carta que este | Senado escreveo a


Sua Magesta- | de sobre senão inzentarem os | fa­
miliares de Santo Officio de | pagarem afinta.

SENHOR = Achão-se nesta terra [ mais de cento etrinta famili- | ares


do Santo Officio todos ricos | eafazendados com grande negocio | (Fls.
254) negocio e muitos bens de raiz e todos gozão os pre- | vilegios dos
Donativos desse Reino pelo não haver | cá certo como há nas mais
par- | tes delle de que rezulta izentarem-se | da contribuição da finta
do Do- | nativo para o dote da Sereníssima Snra. | Rainha deGram Bre­
tanha e | Paz deOlanda, etudo oque delles | senão cobra carrega no
povo, epa- | gão demais os pobres cuja dezi- | gualdade se evita ou
fezem- | do-se nesta Cidade numero cer- | to de familiares como ha em
[ todas as do Reino, ou declaran- | do-se que os não escuza opri- | vi-
legio que gozão dadita Contri- | buição pelo damno que delles a | não
pagarem rezulta nos mais mo- | radores que aesse Respeito vem | apagar
mais do que podem: pe- | lo que humildemente prostra- | dos aos Reaes
Pez deVoSsa Ma- | gestade lhe pedimos rezolva nes- | ta matéria hum

42
CARTAS DO SENADO

dos ditos me- | ios que parecer mais acertado j emande se observe para
que | com elle fique opovo menos gra- ] vado. A Real PeSsoa de VoSsa
I (Fls. 254 v.) VoSsa Magestade Guarde DEOS. Ba- | hia e Camara trin­
ta deJulho de | mil sete centos equatorze” Ma- | noel Pessoa deVascon-
cellos Escri- ] vão daCamara que asobscre- | vy” Francisco Machado
Palhares | Soares” Gaspar Pacheco de Mene- | zes” Antonio deBrã
eAraujo” | Jozé Soares Ferreira.

REGISTO da Carta que es- | te Senado escreveo a


Sua Ma- | gestade sobre o Medico João Alz.

SENHOR = No Novo Regimento que | VoSsa Magestade foi Servido


mã- | dar aeste Senado dispor que | nas vezitas da Saude que fi- | zesse
o Vereador que serve de I procurador delia as embarca, j çoens da Costa
da Mina e Gui- | né levaSsse elle trez mil eduzen- I tos reis eo medico
dous mil reis | por cada vezita econtra esta | dispozição se proferio
hum Ac- | cordão em Relação deste Esta- | do por onde leva o Medico
j quatro mil reis enão dous oque | (Fls. 255) oque hé contra a expressa
dispo- | zição do dito Regimento que | como Lei se deve sempre obser­
var | eanão podia derrogar odito Ac- | cordão. Pelo que pedimos aVoSsa
Magestade omande assim decla- | rar, que seobserve direitamen- | te
o dito Requerimento. E A | Real PesSoa deVoSsa Magestade | Guarde
DEOS Bahia eCamara | trinta deJulho demil sete cen- [ tos equatorze
Manoel PeSsoa | de Vasconcellos Escrivão daCa. | mar a que asubscrevy”
Fran- | cisco Machado Palhares Soares" | Gaspar Pacheco de Menezes”
Antonio de Brã eAraujo” Jozé So- | ares Ferreira.

REGISTO da Carta escrita | a Sua Magestade so­


bre selavrar | hum milhão de moeda Provincial.

SENHOR = VoSsa Magestade foi Ser- | vido conseder que nesta Cida. |
de ouvesse Caza de moeda or- | denando-se lavrasse somente | nella
anacional ecomo pela | (Fls. 255 v.) pela obrigação do lugar em que |
nos achamos somos precizados | areprezentar aVoSsa Magesta- | de
(como ofazemos com aSubmição devida) omizeravel Estado |aque o
Brazil seacha reduzido, | pela grande falta de moeda que | padesse prin­
cipalmente esta Ca- | pitania, pois nem para uzo j comunde seus mora­
dores há | a que baste. E he certo que toda | amoeda nacional que se-
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DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

fizer | hade passar para esse Reino, | porque os homens denegocio |


já lhes não acomoda assucar j nem Tabaco, pois ordenão a seus | cons­
tituintes lhe remetão em | ouro o produto das fazendas que ) para
esta praça mandão: e | os que delia se embarcão levão | o seu Cabedal
namesma espe- | cie, deque rezulta hum gran- | de abatimento aos
generos da | terra, com que nestes termos | fica sendo aGraça da con­
cepção | que VoSsa Magestade foi Servido | fazer aos moradores desta
Cidade | (Fls. 256) Cidade de haver nella Caza de | Moeda menos util
a sua conser- | vação: os quaes pelo grande Zello, | amor eobediencia,
com que sem- | pre se houverão no Serviço de | VoSsa Magestade devem
esperar | da sua Real Grandeza lhe faça | a mercê que humildemente
pros- | trados aos Pez de VoSsa Mages- | tade pedimos em nome dos
ditos | moradores seja VoSsa Magestade | servido ordenar se lavre al­
ter- | nativamente na dita Caza da | Moeda hum milhão da Pro- | vin-
cial pois se havendo-a pedi- | rão digo se havendo pede- | rão rezultar
grandes conveni- | encia a Real Fazenda de VoS- | sa Magestade não só
no aug- | mento de suas Rendas, senão | também no acressimo do
mes- | mo lavor da moeda pois dei- | xando hum milhão da na- | cional
livres vinte eseis contos | quinhentos sessenta edous mil | e quinhentos
reis ficão da Pro- | vincial em outro milhão sessen- | (Fls. 256 v.) ses­
senta eseis contos quinhentos | sessenta edous mil e quinhentos | reis
em que a mesma Fazenda | deVoSsa Magestade interessa tão | avan-
tajado lucro. A real PeSsoa | de VoSsa Magestade Guarde DE | OS Bahia
eCamara cinco de | Agosto demil sete centos equa. 1 torze Manoel Pessoa
deVascon- ] cellos. Escrivão daCamara que | asubscrevy” Francisco
Macha- | do Palhares Soares” Gaspar Pa- | checo de Menezes” Antonio
de | Brã eAraujo” Jozé Soares Fer- | reira.

REGISTO da Carta escrita ] a Sua Magestade sobre


sevizita- | rem as Embarcações que vem | da Eu­
ropa.

Por Carta de trinta de Outu- | bro demil oito digo de mil sete | centos
eseis, ede dezenove deJulho | de mil sete centos e nove e Re- | gimento
feito no mesmo anno | foi VoSsa Magestade Servido con- j ceder etaxar
Salario ao Vereador | (Fls. 257) Vereador emais Officiaes que por par- |
te da Saude vizitassem as embar. | caçoens vindas de Guiné aCosta |
da Minna para o Porto desta Cida- | de e Portaria de dezessete de A- j
bril deste prezente anno, ordenou | o Governador eCapitão Geral des- |
te Estado Pedro deVasconcellos | com summa vigilância intei- | reza,

44
CARTAS DO SENADO

e Zello do bem Comum | edo Serviço de VoSsa Magestade | com que


governou, se vizitasse | pelos Oficiaes da Camara digo | officiaes da
Saude todas as em- | barcaçoens que viessem ao Por- | to desta Cidade
pela noticia que | havia de males contagiozos | que se padecião em
alguns lu- | gares e portos da Europa, esatis-1 fazendo-se por noSsa parte
adi- | ta delligencia nos pareceo, que | os Mestres das embarcaçoens
vL | zitadas devião pagar o Salario | a os Officiaes da Vizita nofor- | ma
que se pagão as mais embar- | caçoens de Guiné como despoem | o dito
Regimento oque duvidarão | (Fls. 257 v.) duvidarão fazer os ditos
Mestres | e recorrendo ao Marquez de An- | geja Vice Rey eCapitão
General | de Mar eterra deste Estado os | escuzou e exhimio depagarem
i os ditos Salarios, evisto não haver | para isso ordem alguma expres- |
sa de VoSsa Magestade aquem | devíamos recorrer como consta | do
Despacho incerto na Certidão | junta; e porque ofim das vizi- | tas
dellas he omesmo enão me- | nos trabalho emuitas vezes | operigo que
ocorrem os ditos Of- | ficiaes em ocazioens de inver- | nadas etemporaes
por ser esta Bahia | como mar largo, efazerem- | se astaes vizitas antes
de esta- | rem as embarcações e Navios | ancorados e accrecêo agrande |
despeza de procurarem os di- | tos Officiaes epagarem as su- | as custas
embarcaçoens para | hirem abordo das que vem pedindo | digo pedimos
a VoSsa Magestade nos declare se sedevem | fazer astaes vizitas e se estas
em | (Fls. 258) embarcaçoens devem pagar omes-| mo que pagam as da
Costa da | Minna como VoSsa Magestade tem | ordenado a Real PeSsoa
deVoSsa | Magestade Guarde DEOS muitos ] annos Bahia eCamara
seis de | Agosto demil sete centos e quatorze | Manoel Pessoa deVascon-
cellos Escri- | vão daCamara que asobscrevy | ” Francisco Machado
Palhares | Soares” Antonio de Brã e Araújo” | Jozé Soares Ferreira.

REGISTO da Carta escrita | a Sua Magestade so­


bre o Dezem- | bargador Christovão Tavares de |
Moraes.

SENHOR = Tendo este Senado feito | prezente aVoSsa Magestade pelo


| seu Conselho Ultramarino nas | Cartas cujas copias tomamos I
remetter, o violento procedimen- | to e exceSso com que sehá o De- |
zembargador Christovão Tavares | de Moraes na execução do tom- | bo
que selhe encarregou por mor. | te do Dezembargador Jozé daCos- |
(Fls. 258 v.) daCosta Corrêa senão defferio ao | que tão justamente se
deprecou do q tomou o dito Dezembarga- | dor occazião para continuar
o | excesso com mais escandalo, ema- j ior sentimento destes mizera-
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DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

veis | moradores que setem por desgra- | çados todos os que por qual­
quer | titulo possuem algum pedaci- | nho deterra ou seja dentro
oufo- | ra da Cidade. Porque não há ne- | rihum que escape abomlivrar I
do tributo dos Salarios que são | muitas vezes maiores que ovallor I
damesma terra, e muitos sobre | os pagarem ficão desapossados | delia;
porque odito Dezembar- | gador os não ouve nem dá | lugar a allega-
rem as excessoens | que os defendem e sem nenhu- | ma forma de
Direito são | desapossados elogo execu- | tados pelos Salarios, esebuscão
j o recurço da Appelação ou ag- | gravo que só lhes admitte pa- । ra o,
dito Conselho fica frustra- | da adelligencia porque oseu | Escrivão não
dá ostraslados dos | (Fls. 259) dos autos nem tem dado algum | sendo
imnumeraveis os appe- | lantes entendesse que hé ordem que | tem do
mesmo Dezembargador por | que fazendo-se-lhe disso repetidas | quei­
xas a nenhum deffere e co- | mo não ha outro superior a- | quem se
recorra, passão as queixas ] a clamores, mas sem remedio | por não
haver quem os oiça den_ | tro desta Cidade se intrometeo o ( ditto
Dezembargador a medir | huns chãos que sem controvercia | poSsuia
com justo titulo hum Se- | bastião daCosta por si eseus an- | tecessores
amais decem annos e | por lhe não aprezentar a primei- [ ra Sesmaria
de que já não ha me- | mor ia lhe dêo a terra por devo- | luta eafez dar
por nova Sesmaria a | hum João daRocha Maciel, a quem favoresse
dezapoSsando o outro | da sua justa e antiquissima pos- | se sem aque-
rer ouvir eassim faz | comtodos os que lhe paresse, etem | dado evai
dando occazião ainu- ] meraveis demandas que semovem | (Fls. 259 v.)
se movem entre os hereos que pos- | suião muito passificamente sem |
terem entre syduvida ou contro- | vercia do que também rezultão |
odios e inimizades entre vizinho | que sempre se conservarão com | boa
amizade fez por si hum escrL | vão tam ignorante que senão | sabe
fazer hum termo easte | comete todo opoder para se | fazer as medi­
çoens sem que el- | le assista aellas nem as veja, e | o Escrivão a seu
arbitrio manda | medir como lhe paresse, eaqui- | nhôa milhor aos
hereos que | milhor lhesatisfazem desa- | poSsando logo os outros e
como | odito Dezembargador lhes não | ouve as queixas, nem lhes dá
vis- | ta para sepoderem deffender ] nem ostraslados dos autos pa- | ra
seguirem as Appelaçoens que | interpõem ficão lamentando | sem re­
medio, pedindo só aDEOS | Nosso Senhor paciência para | tolerarem
asemrazão que expe- | rimentão as mediçoens que sepo- | (Fls. 260)
sepodem fazer em menos de hum ] dia, segastam com ellas mezes |
em ordem a multiplicar os Sa- | larios, esecobrão logo com tal vi. | olen-
cia que hé necessário ter | sempre o Saco aparelhado. Qua- | ze dentro
damesma Cidade tem | Dona Izabel Maria Guedes de | Britto huma
46
CARTAS DO SENADO

rocinha que po- | derá ter emtodo o seu circuito | quatro centas braças
de terra as | quaes possuia já medidas e | demarcadas pelo Dezembar-
ga- | dor Jozé da Costa Corrêa ecercadas | com hum vaiado econtra
sua | vontade sem ter duvida com | outro algum hereo mandou me- |
dir odito Dezembargador e poden- | dose fazer amedição em menos |
dehum dia, por ser tudo terra lim- | pa echã sefez em quatorze dias j
esecobrarão dellacentos dez mil | reis. Huma errada medição que | fez
detrezentas braças deterra da ] Irmandade de NoSsa Senhora do | Des-
teiro por campo limpo e dezem- | barassado que sepodia fazer emhum
i (Fls. 260 v.) em hum ou dous dias, emportou | perto de trezentos
mil reis edella | perto de trezentos mil digo perto | de trezentos mil reis
e delia rezul- | tarão mais devinte demandas | que ficão pedendo. A
Gonçallo | Telles Castel-branco prendeo odito ] Dezembargador por-
humas ra- | zoens que teve com seu hereo | em prezença domesmo De­
zem- | bargador sobre deffender otermo | que possuia, edepois deprezo
| fez hum auto delle epor si só | oSentenciou compena pecuni- | aria
e de degredo, eappelou da | Sentença para o Conselho ultra- | marino
sem querer ouvir opo- | bre R. o qualifica prezo semlhe | dar audiência
nem admi- | tir Requerimento algum só | porque selhenão mostre anu- |
lidade do procedimento eafalta ] dajurisdição comque procedeo | oque
hé tudo cauzado dcTdito | Dezembargador seachar sem supe- | rior
aquem recorram os opprimi. | dos evexados sendo que só podem (Fls.
261) podem ter para odito Conselho tão | dilatado edefficil que não
ha que | opoSsa conseguir. Por onde levão ] todos com dezesperação
que sendo | elles Leaes Vassallos deVoSsa Ma- | gestade haja outro
vassallo comtan- | to poder que lhes tire, sem os ouvir, | as suas fa­
zendas, sem elles po- | derem ter recurço para as defen- | der, eassim
aclamores do povo re- | petimos amesma queixa denoS- | sos anteceS-
sores por esteTribu- | nal esperando que por elle nos [ deffira VoSsa
Magestade mandan- | do que odito Dezembargador não | tenha poder
absoluto; que dê vista | aspartes, appelaçã oeaggravo | para a Relação
eque não man_ | de medir asterras dos hereos que | estiverem possuindo
pacifica- | mente sem duvidas nemcon- ] trovercia. AReal PeSsoa de
VoS-sa Magestade Guarde DEOS. Ba- | hia eCamara trinta deJulho I
demil sete centos equatorze” Ma- | noel Pessoa de Vasconcellos Escri- |
vão da Camara que asobscrevy” | (Fls. 261 v.) Francisco Machado Pa-
Ihares So- | ares” Gaspar Pacheco de Mene- j zes” Antonio de Brã
eAraujo” | Jozé Soares Ferreira”.

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DOCUMENTOS HISTÓRICOS DO ARQUIVO MUNICIPAL

REGISTO da Carta escri- ] ta a Sua Magestade


digo da Car _ | ta que este Senado escreveo ao |
Conselho da Fazenda deste Esta- | do sobre os pezos
da Caza da Moeda.

SENHOR = Em observância da | Ordem de VoSsa Magestade ou- | vi­


mos aos Contrastes do ouro | eprata desta Cidade enos informa- | rão
que tinhão por certa ame- | ia oitava que dis o Afilador | da Caza da
Moeda que n cõ- I fere com asua, e como por elle j se não mostra auten-
ticamen- | te justificada a certeza da sua | eo prejuizo que elle dis have- |
rá-contra aFazenda deVoSsa Ma- | gestade se senão affilar esta me- | ia
oitava por aquella ficará | resultando contra o Povo nos pa- j rece
sedeve averiguar-se adita | (Fls. 262) dita meia oitava da Caza da I
Moeda he mais certa que a dopa- | drão do Conselho para assim | se
fazer a conferência de hum e| outro Padrão com a verdade | necessária
VoSsa Magestade man- | dará oque for Servido. Bahia | eCamara de
Novembro sete de | mil sete centos equatorze eEu | Manoel Pessoa de
Vasconcellos | Escrivão da Camara que a sobs- | crevy” Francisco
Machado Pa- | lhares Soares” Gaspar Pacheco ] de Menezes” Jozé Soares
Ferreira.

Resposta da Carta acima

Os Officiaes daCamara hirão ou mandarão assistir por seu j Procurador


com os contrastes | ao novo exame que semanda fa- | zer na Caza da
Moeda para se | conferirem os pezos do padrão | do Conselho com os
dadita Ca- | za que vem afilados pellos da | Moeda daCaza da Moeda
di- | go pellos da Moeda da Caza de | Lisboa eachando-se differentes |
se affilarão digo se affilarem | os do Conselho pelos dadita Ca- | za
da Moeda visto constar por | (Fls. 262 v.) por attestação quefaz o
Provedor | mór daFazenda seter assim pra. | ticado no Rio deJaneiro
ena | Caza da Moeda de Lisboa para | que os pezos serão todos iguaes, |
esessar o prejuizo publico eoda ] Fazenda deSua Magestade, e | satis­
feito tendo que requerer | ao dito Senhor o farão pelo seu | Conselho
ultramarino pare- | sendo-lhe. Bahia sete de No- | vembro demil sete
centos e [ quatorze.

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CARTAS DO SENADO

REGISTO da Carta que este | Senado escreveo a


Sua Magestade | sobre os moedeiros pagarem-
finta.

SENHOR = Com acreação da Caza | da Moeda que VoSsa Magestade |


foi Servido conceder aesta Cida- | de se crearão também os moe- | deiros,
cujo numero hé muito | copiozo ede pessoas muito ricas I que porquere-
rem gozar ospre- I vilegios solicitarão esses lugares, | esem embargo
dehaver VoSsa | Magestade declarado por varias ] (Fls. 263) por varias
Cartas e Provizoens q. j vierão a este Senado que nenhu ! previlegio
escuza da Solução da | finta do Donativo para o dote | da Sereníssima
Rainha daGram | Bretanha epaz deOlanda emtan- ! to que estando
os Familiares do | Santo Officio escuzos por Sentença | da Relação deste
Estado mandou | VoSsa Magestade que sefint assem, | e delles secobrasse
por não segra- | var opovo se escuzão agora os | moedeiros depagar
omesmo Do- | nativo e tudo o que delles sedeixa | decobrar carrega no
Povo, achan- | do-se este tão impossibi- | litado pelo mizeravel estado,
e | carestia da terra, que não pode j satisfazer sem grande vexação |
pelo que recorremos aVoSsa Ma- gestade para que com ajustiça | que
costuma mandedeclarar, j que o Previlegio em que se fundão os moe­
deiros os não escuza | deste Donativo assim como não | escuzou a osfa-
miliares, emais I previlegiados por que assim fi- | (Fls. 263 v.) ficará
este tributo mais suave j sendo comum atodos. A Real | PeSsoa de-
VoSsa Magestade Guar- | de DEOS. Bahia eCamara de | Agosto tres
demil sete centos e | quizeManoel Pessoa de Vascon- | cellos Escrivão
daCamara que | aSobscrevy” Jeronimo DeBur- ] gos de Souza eEça”
Antonio de | Faria Fonceca” João deBarros ] Machado” Ignacio de Oli­
veira | eFigueredo.

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