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Não é de meu feitio, porém me vi impelido a redigir a presente carta aberta para relatar
aos eventuais interessados a situação constrangedora que vivenciei com a empresa
Gafisa nos últimos dias e, por conseguinte, seus efeitos.
Sou assinante do jornal Folha de São Paulo, onde recentemente vi um anúncio de uma
página sobre o empreendimento Gafisa na Rua Lacedemônia. Além de ficar interessado
em conhecê-lo por causa da planta de 77m², me chamou a atenção o concurso cultural,
que premiaria 20 pessoas com vale-compras e com um automóvel Smart.
Do mesmo modo que milhares de pessoas, investi meu tempo e criatividade para
elaborar minha resposta. Na última quinta-feira, um momento de indescritível alegria:
recebi uma ligação dizendo que meu texto tinha sido selecionado, e que eu estava
concorrendo ao automóvel Smart. Avisaram-me que haveria um evento no
empreendimento no sábado (21/05), para entrega dos prêmios e para conhecimento do
ganhador do veículo.
Assim sendo, cancelei meus compromissos para o sábado e, muito ansioso, fiquei
esperando pelo evento. No entanto, fui surpreendido com uma ligação em cima da hora,
às 19h da sexta-feira, dizendo que o evento e a divulgação do resultado haviam sido
cancelados. Não foi explicado o porquê, tampouco houve um pedido de desculpas pela
expectativa que foi inutilmente gerada nos finalistas.
Sem saber o motivo do cancelamento, acreditei que o problema tivesse sido logístico, por
causa da abertura do stand do empreendimento naquela data e do grande fluxo de
pessoas que ali circulariam, hipótese que aparentemente acabou confirmada em minha
visita ao stand, onde fui atendido pelo corretor Pereira da Abyara, que me mostrou a
unidade de 77m².
Seu argumento foi de que a maioria das pessoas desrespeitaram o regulamento, pois
enviaram TEXTOS ao invés de FRASES... Ora, para mim não há dúvidas de que o
argumento deste indivíduo foi enviesado, hipótese corroborada pelas seguintes
evidências:
a) A Gafisa não limitou o número de caracteres das respostas no regulamento. As
normas não estavam minuciosamente descritas, denotando que a empresa estava dando
a oportunidade dos participantes elaborarem seus textos da maneira que julgassem
adequados;
c) Estou certo de que a expressão “uma frase” foi indubitavelmente escrita para
expressar que era cada pessoa só poderia participar uma única vez;
f) O fato de apenas UMA pessoa ter reclamado denota que há uma “segunda intenção”
em seu julgamento. Por que outras pessoas não reclamaram? No gênero humano, é
sempre difícil atingir um acordo, é por isto que vemos guerras, fraudes e outras coisas.
Nessa promoção, como em qualquer outra, sempre haverá alguém insatisfeito, o famoso
“mau perdedor.” Acabo de ganhar um grande prêmio em outro concurso cultural, e a
empresa me disse que não foram poucas as pessoas que ligaram lá para tentar reclamar,
com argumentos esdrúxulos.
Hoje, recebi uma ligação da Gafisa, onde uma atendente leu com dificuldades uma
mensagem previamente escrita por alguém do departamento de Marketing da empresa,
dizendo que eu estava desclassificado do concurso cultural e que a construtora, muito
benevolente, havia resolvido me “presentear” com o vale-compras.
Eu não só recusei o “prêmio” como também avisei que não vou mais participar das
promoções da Gafisa, e que farei questão de divulgar para familiares e conhecidos esta
decisão vergonhosa da construtora, que acaba de perder mais um cliente. Depositem o
dinheiro em alguma conta de instituições sérias, como AACD ou Hospital do Câncer,
minhas convicções não estão à venda.
Esta mensagem é apenas para avisar as pessoas sérias, que depositam suas
esperanças, tempo e talento em concursos culturais – assim como eu – para que não
percam mais tempo com as ações da Gafisa, cujos desfechos são duvidosos.
Como diria Oscar Wilde, “experiência é a forma que chamamos nossos erros.” Sim, perdi
meu tempo com esta promoção, mas não perderei meu dinheiro comprando imóveis da
Gafisa.
Eduardo Rocha