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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE ARQUEOLOGIA

VITTORIA SAMPAIO NETO BELIZÁRIO

AS SEMELHANÇAS ENTRE O ZOROASTRISMO E O CRISTIANISMO

RIO DE JANEIRO

2021
INTRODUÇÃO

O Zoroastrismo (Masdaísmo/Masdeísmo/Mazdeísmo/Parsismo) é uma religião


que foi fundada na Pérsia por volta do século VI a.C. pelo profeta e filósofo Zaratustra
ou, como os gregos o chamavam, Zoroastro. O Zoroastrismo foi uma das primeiras
religiões monoteístas criadas na história da humanidade.

O Cristianismo é uma religião que foi fundada pelos apóstolos de Jesus de


Nazaré, um jovem judeu que seria o Messias esperado pela religião judaica. O
Cristianismo é uma religião monoteísta que acredita na guerra eterna entre o Bem e o
Mal.

Neste texto, iremos abordar as semelhanças entre o Cristianismo e o


Zoroastrismo, duas religiões surgidas no Oriente Médio, que apresentam crenças
parecidas, como a guerra entre o Bem e o Mal, representados por duas entidades
opostas, e, também, se uma se baseou na outra para existir.

UM POUCO SOBRE O ZOROASTRISMO

No Zoroastrismo, o deus único, supremo e criador de tudo é Ahura Mazda.


Ahura Mazda representa a sabedoria, o bem, a ordem e a verdade. Este deus era
acompanhado por seis espíritos que o ajudam a administrar a criação. Os seis espíritos
são chamados de Amesa Espentas, que significa Imortais Sagrados. Os Amesa Espentas
eram: Vohu-Manah (Bons Pensamentos), Asha-Vahishta (Verdade Perfeita), Khsathra
Vairya (Governo Ideal), Spenta Armaiti (Devoção Bem Feitora), Haurvatat (Plenitude)
e Ameretat (Imortalidade).

Desde o início dos tempos, Ahura Mazda ficou preso em uma luta com seu
irmão gêmeo, Angra Mainyu ou Arimã, que era o deus do caos e de tudo o que era
maléfico na criação. No livro sagrado do Zoroastrismo, o Avestá ou Zendavestá,
podemos encontrar estes conceitos. O Zendavestá é explicado e traduzido no livro The
Sacred Books of the East, editado por F. Max Müller (1880 vol. 5: 56):

O mundo, tal como é agora, é duplo, sendo o trabalho de dois seres hostis,
Ahura Mazda, o princípio bom, e Angra Mainyu, o princípio mau; tudo o que é
bom no mundo vem do primeiro, tudo o que é mau vem do segundo. A história
do mundo é a história de seu conflito, como Angra Mainyu invadiu o mundo de
Ahura Mazda e o estragou, e como ele será finalmente expulso.

Arimã ou Angra Mainyu é um espírito caído, que fica escondido na escuridão.


Ahura Mazda é um espírito sábio e justo que vive na luz. Spenta Mainyu, espírito santo
da Ahura Mazda, é utilizado na luta contra Angra Mainyu. A humanidade, utilizando o
livre arbítrio, deve escolher o bem e fortalecer o Asha, a ordem fundamental do
universo, que representa o bem para auxiliar Ahura Mazda contra Angra Mainyu e o
Druj, o caos e mal. Podemos ver a luta entre bem e mal no símbolo do Zoroastrismo
chamado de Faravahar:

Faravahar e seus significados.


https://www.oarquivo.com.br/extraordinario/simbolos-e-objetos/4181-faravahar.html

No Zoroastrismo existe o paraíso e o inferno. O indivíduo bondoso, justo e puro


terá, como morada eterna no pós-vida, o paraíso e sua luz. A pessoa que mente, pratica
o mal e a injustiça terá, como morada eterna após a morte, a escuridão e o desconforto,
ou seja, irá para o inferno. Podemos ver o maniqueísmo do zoroastrismo nos Gathas,
que são hinos feitos por Zaratustra (1980: 9):

Versículo 20: Aquele que segue a retidão e pureza (e aceita a retidão como seu
trabalho) deve desfrutar da luz do paraíso como sua morada eterna. No entanto,
os mentirosos e pessoas más terão que permanecer muito muito tempo na
escuridão com aflição e inquietação. O pensamento maligno e o caráter indigno
da pessoa pecadora são, na verdade, os fatores que trazem uma vida triste e
uma consciência inquieta para o dono.

Existe, também, a presença de um messias da religião zoroastrista. Saoshyant, seria


filho de uma virgem e descendente de Zaratustra. Saoshyant teria a missão de salvar a
humanidade da maldade de Angra Mainyu e seus seguidores. Saoshyant é citado no
Zendavestá, cujo texto podemos ler no The Sacred Books of the East, editado por F.
Max Müller, 1880, vol. 5: 56: “Quando chegar a hora marcada, um filho do legislador,
ainda não nascido, chamado Saoshyant, aparecerá, Angra Mainyu e o inferno serão
destruídos, os homens ressuscitarão dos mortos e a felicidade eterna reinará sobre o
mundo”.

Um pequeno fato curioso sobre o zoroastrismo é que o famoso cantor, Freddie


Mercury, era de uma tradicional família zoroastrista e, durante sua vida, seguiu os
desígnios religiosos de Zaratustra. É dito que seu corpo seguiu o rito funerário
zoroastrista. Este rito é chamado de Dokhmenashini. O Dokmenashini consiste em
colocar o corpo no interior de uma torre chamada de dokhma, que significa Torre do
Silêncio. Durante este ritual, o corpo será exposto as condições do tempo e as aves
carniceiras até que sobre apenas os ossos do falecido.
Torre do Silêncio em Mumbai, índia. https://www.magnusmundi.com/torres-do-silencio-ritual-da-morte/

UM POUCO SOBRE O CRISTIANISMO

O cristianismo é considerado a maior religião do mundo e foi fundada pelos


apóstolos de Jesus de Nazaré. Por vir do judaísmo, o cristianismo acredita no Primeiro
Testamento bíblico, ou seja, acredita em parte da Torá. A diferença entre judeus e
cristãos está na crença de Jesus de Nazaré como o Messias prometido por Deus, assim
como na veracidade religiosa do Segundo Testamento como um livro sagrado.

No princípio, Deus criou o mundo e tudo o que há nele, incluindo o ser humano.
O primeiro homem e a primeira mulher eram Adão e Eva. Deus diz para Adão que não
pode comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, porém, o diabo, que
seria um Anjo chamado Lúcifer, convence Eva a comer do fruto proibido. Eva, por sua
vez, persuade Adão a comer do fruto. A desobediência de Adão e Eva é conhecida
como Pecado Original. Podemos ver a desobediência de Adão e Eva na Bíblia:

Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor
Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis
de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores
do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim,
disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse
a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia
em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus,
conhecendo o bem e o mal. Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa
para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento,
tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu. Então
foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que
coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. (Gênesis 3: 1-7).

Graças ao Pecado Original, a criação ficou amaldiçoada e Adão e Eva foram


expulsos do paraíso de Deus, assim como Lúcifer, que junto com outros anjos, caíram
do Jardim do Éden (o paraíso) e se tornaram seres malignos. Lúcifer se tornou um ser
conhecido como Satanás, que representa tudo o que há de ruim e pecaminoso na
criação. Também podemos ver a expulsão de Adão e Eva do paraíso, assim como a
maldição da criação, na Bíblia:

E ao homem disse: Porquanto destes ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da


árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por tua
causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Ela te produzirá
espinhos e abrolhos; e comerás das ervas do campo. Do suor do teu rosto
comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto
és pó, e ao pó tornarás. Chamou Adão à sua mulher Eva, porque era a mãe de
todos os viventes. E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua
mulher, e os vestiu. Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem
tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que
estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva
eternamente. O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden para lavrar
a terra, de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pôs ao oriente
do jardim do Éden os querubins, e uma espada flamejante que se volvia por
todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida. (Gênesis 3: 17-24)

Após o Pecado Original, Deus prometeu que um Messias viria para derrotar
Satanás e para salvar a criação da maldição do Pecado Original. O Messias, de acordo
com a Bíblia, vem da linhagem de Abraão, Isaque, Israel e Judá. A promessa do
Messias, que é filho de Deus, é um assunto recorrente no Primeiro Testamento,
principalmente na voz do profeta Isaías que fala com detalhes sobre a chegada do Filho
de Deus na Terra. No primeiro trecho, o profeta faz uma referência a linhagem do
Messias dizendo: “E passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o
pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel”, (Isaías 8:
8). No segundo trecho, o profeta Isaías fala sobre as origens do Messias e de sua paixão:

Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do


Senhor? Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma
terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele,
nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos. Era desprezado, e rejeitado
dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um
de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele
caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e
carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e
oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado
por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele,
e pelas suas pisaduras fomos sarados. (Isaías 53: 1-5)

No Novo Testamento, temos o nascimento de Jesus de Nazaré, que é


referenciado como Emanuel, o Messias prometido por Deus. No início do Segundo
Testamento, São Mateus narra a vinda de Jesus, assim como a sua origem e linhagem. É
no evangelho de São Mateus que temos a figura da virgem que dará à luz ao menino
Jesus, o Messias prometido por Deus para salvar a humanidade do pecado e vencer
Satanás:

De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e
desde Davi até a deportação para Babilônia, catorze gerações; e desde a
deportação para Babilônia até o Cristo, catorze gerações. Ora, o nascimento de
Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de
se ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo. E como José, seu
esposo, era justo, e não a queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E,
projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor,
dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que
nela se gerou é do Espírito Santo; ela dará à luz um filho, a quem chamarás
JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Ora, tudo isso
aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo
profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado
EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco. E José, tendo despertado do sono,
fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua mulher; e não a
conheceu enquanto ela não deu à luz um filho; e pôs-lhe o nome de JESUS.
(Mateus 1: 17-25)

Quando Jesus cresce, torna-se um pregador, pois deve reestabelecer a palavra de


Deus na Terra antes de firmar o pacto do Criador com a humanidade. Jesus convoca
doze homens para serem seus apóstolos e, posteriormente, os pregadores da nova
palavra de Deus. Como profetizado por Isaías, Jesus sofreria pelos pecados dos
humanos, portanto, o filho de Deus deveria ser perseguido.
Jesus vai até Jerusalém para a Páscoa. Nesta época, Jesus já era conhecido, entre
os povos da região, como o Messias. Porém, muitos sacerdotes não concordavam com
as novas doutrinas que Jesus tentava estabelecer para a adoração do Deus de Abraão,
assim como, também, não acreditavam que o nazareno era o Messias prometido por
Deus. Estes sacerdotes, portanto, pediram ao governo local, que era administrado pelo
romano Pôncio Pilatus, que prendesse Jesus. Os romanos, que na época governavam
sobre Jerusalém, acataram o pedido dos sacerdotes e foram ao encalço de Jesus. Um dos
doze apóstolos de Jesus, Judas Iscariotes, foi até os sacerdotes e prometeu entregar o
nazareno por trinta moedas. A traição de Judas pode ser vista no evangelho segundo São
Marcos:

E logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma
multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes, dos
escribas e dos anciãos. Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo:
Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai-o com segurança. Assim que ele
se aproximou de Jesus, disse: Rabi!, e o beijou. E, logo que chegou,
aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou. Ao que eles lhes lançaram as
mãos, e o prenderam. Mas um dos que ali estavam, puxando da espada, feriu o
servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha. Disse-lhes Jesus: Saístes
com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador? Todos os dias
estava convosco no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é para que
se cumpram as Escrituras. Nisto, todos o deixaram e fugiram. Ora, seguia-o
certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o agarraram. Mas ele,
largando o lençol, fugiu despido. Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e
ajuntaram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas. (Marcos
14: 43-53).

Jesus é, então, preso, torturado, julgado e crucificado. Sua morte e sofrimento


fez parte do ritual para a salvação dos humanos após o pecado original. No terceiro dia
após sua morte, em um domingo de páscoa, Jesus ressuscitou como prometido por ele
mesmo.

AS IGUALDADES ENTRE O ZOROASTRISMO E O CRISTIANISMO


Como podemos observar, o zoroastrismo e o cristianismo são duas religiões com
muitas semelhanças entre si. Tanto na religião de Zaratustra, quanto na religião de Jesus
Cristo, há o dualismo e o combate eterno entre o Bem e o Mal. No cristianismo há um
Deus de bondade, justiça e sabedoria que criou o mundo e tudo o que há nele, no
zoroastrismo também temos um deus com as mesmas características.

No cristianismo há a presença de Emanuel, o filho de Deus que vem à terra para


formar uma nova aliança entre o divino e o humano e salvar a humanidade da maldição
do pecado original. No zoroastrismo há a figura de Saoshyant que também vem à terra
para salvar a humanidade do mal de uma entidade maligna. No texto Zoroastrismo da
Pérsia e catolicismo romano: um estudo comparado entre concepções escatológicas, de
Ana Cândida Vieira Henriques (2019:246), podemos ver as semelhanças entre Jesus e
Saoshyant:

Outra questão importante que devemos considerar é que tanto no zoroastrismo


como no catolicismo há uma estreita relação entre a ressurreição e a presença
de um artífice nesse evento escatológico. A ressurreição dos mortos no
zoroastrismo está associada diretamente à figura do saoshyant (salvador), cuja
função neste evento será a de restaurar a vida dos homens após a consumação
final. Nos mesmos moldes, o catolicismo irá associar a ressurreição de todos os
mortais à figura de Jesus. Nos sinópticos, Jesus é designado como o messias
profetizado, o filho de Deus, cuja vocação messiânica se expressará, em sua
totalidade, nos eventos escatológicos. Jesus, assim como o saoshyant,
restaurará a vida dos justos.

No zoroastrismo, temos a entidade Angra Mainyu, que é um espírito caído que


representa o mal, o caos e a injustiça. No cristianismo, temos Satanás, que é um anjo
caído que tenta manter a criação no pecado e impedir que Jesus firme o pacto de Deus e
consuma a salvação.

Em ambas as religiões, temos um pós-vida que varia entre paraíso, que é para
onde as almas boas e justas vão, e o inferno, que é para onde as almas ruins, que seguem
o oposto do que é pregado pelo deus do bem, vão. Ainda no texto de Ana Cândida
Vieira Henriques, podemos ver sobre as semelhanças entre o pós-vida no zoroastrismo e
no cristianismo (2019: 254):
Como frisamos, todos os três estados católicos possuem muitos elementos que
identicamente denotam algum tipo de influência zoroástrica. As três
concepções de estados passam primeiramente pela conduta moral do indivíduo.
Esta conduta, para ambas as religiões, é fator determinante, pois que dependerá
dela a sorte do homem. Poderíamos nos perguntar: não seria óbvio que o
judaísmo tivesse exercido certa influência nos três estados cristãos, ou pelo
menos, algum destes? Até que poderia, se considerarmos a história religiosa
entrelaçada de ambas as tradições. Contudo, devemos nos lembrar que no
judaísmo não há a concepção de um estado intermediário, somente de céu (Gan
Eden) e inferno (Gehinom).

É possível, que o zoroastrismo tenha tido algum tipo de influência sobre os


judeus, que por sua vez, influenciaram o cristianismo. A influência zoroastrista no
judaísmo pode ter acontecido nos períodos de dominação persa ou do helenístico,
durante os quais persas e judeus conviviam como um único povo. Há, também, a
possibilidade de que outras religiões do período tenham influenciado o zoroastrismo e o
judaísmo. Ainda no texto de Ana Cândida Vieira Henriques, podemos ver estas questões
(2019: 247):

Desse modo, entendemos que todas essas semelhanças possuem uma fonte
comum, que seria nesse caso, uma fonte zoroástrica. Pensar como ocorrera esse
processo de assimilação religiosa nos foge ao alcance, pois se nos determos na
convivência cultural-religiosa no período helenista, o cristianismo ainda não
existia. Contudo, como vimos no capítulo anterior, por volta do século II e I
AEC, a esperança de mundo renovado e a vinda do messias tomou conta do
pensamento religioso de todos esses povos que viviam sob o mesmo domínio
helênico. Nesse sentido, é possível que a tradição judaica tenha sido
influenciada pela crença persa no tocante à renovação do mundo através de um
artífice escatológico, e por herança, posteriormente teria moldado a nascente
crença cristã.

É inegável que a religião cristã sofreu influências do zoroastrismo e de outras


religiões pagãs, principalmente porque o judaísmo, como religião de origem do
cristianismo, também sofreu influências de outras religiões.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O zoroastrismo e o cristianismo são religiões com semelhanças gritantes entre si.


Em ambas há o dualismo e o combate eterno entre o Bem e o Mal, assim como a
presença de um messias que irá pôr fim a este conflito e renovar uma criação que está
sofrendo por conta do mal.

Tanto no zoroastrismo quanto no cristianismo, temos a concepção de um pós-


vida, cujo entendimento é de que os bons irão para um lugar bom e os ruins serão
mandados para um local de sofrimento para, desta forma, pagarem por seus pecados.

As semelhanças do cristianismo e do zoroastrismo são enormes, portanto, é


impossível que uma não tenha influenciado a outra, tendo em vista que seus povos
sempre estiveram em contato.

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. L.C.C. -


Publicações Eletrônicas, Brasil, 2001.

HENRIQUES, Ana Cândida Vieira. Zoroastrismo da Pérsia e catolicismo romano: um


estudo comparado entre concepções escatológicas. Tese (Doutorado em Ciência das
Religiões), Universidade Federal da Paraíba, 2019.

MÜLLER, F. Max. The Sacred Books of the East vol 4. Tradução de James
Darmesteter, Oxford University Press, Oxford, 1880.

ZARATUSTRA. Gathas. Tradução de Mobed Firouz Azargoshasb. Publicação


eletrônica de http://www.zarathushtra.com, 1980.

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