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As bactérias, esses seres de tamanho tão insignificante, conseguem interferir de forma decisiva
não só na vida humana, mas em toda a ecologia do planeta. Elas surgiram assim que a Terra se
resfriou há 4,4 bilhões de anos e estão aí até hoje. Durante muito tempo, cerca de três bilhões de
anos, só existiam em nosso planeta seres unicelulares, isto é, os formados por uma única célula.
Os multicelulares, que deram origem aos animais, plantas e aos seres humanos, surgiram entre
600 milhões e um bilhão de anos atrás.
As bactérias podem ser encontradas na forma isolada ou em colônias. Podem viver na presença
de ar (aeróbias), na ausência de ar (anaeróbias) ou, ainda, ser anaeróbias facultativas. Estão entre
os organismos mais antigos, com evidência encontrada em rochas de 3,8 bilhões de anos.
O número de bactérias que nos colonizam, especialmente na pele e no trato digestivo, é muito
superior ao número de células que constituem nosso corpo e sua diversidade é tanta que só
conhecemos mais ou menos 50% delas, pois as demais nunca foram cultivadas.
As bactérias se multiplicam rapidamente. A Escherichia coli, por exemplo, forma uma geração
nova a cada 20 minutos. Além disso, e talvez o mais importante, é sua capacidade de adaptar-se,
não somente através de mutações, mas pela troca de material genético, característica que só elas
possuem e é fundamental para sua evolução.
Outro fato a destacar é que todos os habitats da Terra são povoados por bactérias que proliferam
em qualquer temperatura, tipo de ambiente, intensidade de luz e na presença ou ausência de ar.
O ambiente interno do nosso corpo deve ser muito mais atrativo para as bactérias do que o nosso
exterior onde são obrigadas a competir com as outras em condições pouco satisfatórias. Por isso,
elas estão sempre tentando penetrar em nosso corpo. Se for aberto um caminho, algumas entram
em busca de um ambiente melhor e podem provocar bacteremias pós-cirúrgicas, por exemplo. Se
pensarmos em infecções exógenas como as da pele, talvez fique um pouco mais compreensível
esse fato.
Em última análise, assim como nós, as bactérias querem sobreviver e passam de um indivíduo
para o outro a fim de se perpetuarem. Desse modo, a impressão de que a bactéria que mata seu
hospedeiro leva desvantagem em relação àquela que não o mata, porque perde sua fonte de
nutrientes, não é totalmente procedente. Elas causam doenças para sobreviver e são dotadas de
genes que codificam para adesinas, as proteínas que permitem sua fixação no nosso organismo,
ou criam substâncias tóxicas para as células eucarióticas.
Na verdade, as bactérias patogênicas diferem muito pouco das células normais e são patogênicas
exatamente por isso. Esses poucos genes diferentes podem constituir uma ilha de patogenicidade,
um plasmídeo ou um bacteriófago.
HISTÓRIA
Antonie van Leeuwenhoek em 1673, usando um microscópio de lente simples projetado por ele
mesmo, foi o primeiro cientista a observar a existência de micro-organismos. Durante os anos
seguintes, van Leeuwenhoek publicou suas descobertas em uma série de cartas e manuscritos que
enviou a Royal Society de Londres. Entre as correspondências mais importantes estão as do ano
de 1676, que dedicam-se a descobertas de micro-organismos, chamados por ele de
"animalículos". A primeira referência específica à bactérias é de uma carta datada de 9 de
outubro de 1676.
O termo Bacterium foi introduzido somente em 1828, pelo microbiologista alemão Christian
Gottfried Ehrenberg. O gênero Bacterium compreendia bactérias com formato de bastão não
formadoras de esporos. O gênero foi considerado um nomen genericum rejiciendum em 1954
pela Comissão Internacional de Nomenclatura Bacteriana.
Esses seres microscópicos somente passaram a despertar o interesse dos cientistas no final do
século XIX. Louis Pasteur demonstrou em 1859 que o processo de fermentação era causado pelo
crescimento de micro-organismos, e não pela geração espontânea. Pasteur e Robert Koch foram
os primeiros cientistas a defender a teoria microbiana das enfermidades, ou seja, o papel das
bactérias como vectores de várias doenças. Robert Koch foi ainda um pioneiro na microbiologia
médica, trabalhando com diferentes enfermidades infecciosas, como a cólera, o carbúnculo e a
tuberculose. Koch conseguiu provar a teoria microbiana das enfermidades infecciosas através de
suas investigações da tuberculose, sendo o ganhador do prêmio nobel de medicina e fisiologia no
ano de 1905. Estabeleceu o que é hoje denominado de postulado de Koch, mediante aos quais se
padronizou uma série de critérios experimentais para demonstrar se um organismo é ou não o
causador de uma determinada enfermidade. Estes postulados são utilizados até hoje.
Apesar de no final do século XIX já se saber que as bactérias eram a causa de diversas doenças,
não existia ainda um tratamento antibacteriano para combatê-las. Em 1910, Paul Ehrlich
desenvolveu o primeiro antibiótico, por meio de tinturas que seletivamente coravam e matavam a
bactéria Treponema pallidum. Ehrlich recebeu o nobel em 1908 por seus trabalhos em
imunologia e por seus pioneirismo no uso de corantes para detectar e identificar as bactérias,
base fundamental para o desenvolvimento da coloração de Gram e Ziehl-Neelsen.
Um grande avanço no estudo das bactérias foi o reconhecimento realizado por Carl Woese em
1977, de que as arqueias e bactérias representam linhagens evolutivas diferentes. Esta nova
taxonomia filogenética se baseava no sequenciamento do RNA ribossômico 16S e dividia os
procariontes, até então classificados como Prokayota, em dois grupos evolutivos disntintos, em
um sistema de três domínios: Bacteria, Archaea e Eukaryota.
ORIGEM E EVOLUÇÃO
Os ancestrais das bactérias modernas foram micro-organismos unicelulares que são as primeiras
formas de vida a aparecer na Terra há cerca de 4 bilhões de anos. Por cerca de 3 bilhões de anos,
todos os organismos foram microscópicos, e bactérias e arqueias foram as formas dominantes de
vida.[18][19] Embora fósseis bacterianos existam, como os estromatólitos, sua falta de morfologia
distintiva impede que estes sejam usados para examinar a história da evolução bacteriana, ou
datar o tempo de origem de uma determinada espécie de bactéria. No entanto, sequências de
genes podem ser usados para reconstruir a filogenia bacteriana, e estes estudos indicam que as
bactérias divergiram primeiro da linhagem Archaea/Eukaryota.
METABOLISMO SEGUNDO FONTES DE ENERGIA E CARBONO
Fonte de carbono
De acordo com a fonte de átomos de carbono para a produção de suas moléculas orgânica, elas
são classificadas em dois grandes grupos:
Fonte de energia
Bactérias podem utilizar como fonte de energia luz, substâncias inorgânicas ou orgânicas:
Fotoautotróficas
Bactérias fotoautotróficas são capazes de produzir elas mesmas as substâncias orgânicas que lhes
servem de alimento, tendo como fonte de carbono o gás carbônico e como fonte de energia a luz.
Cianobactérias: são fotolitoautotróficas e aparentemente foram as pioneiras no uso da
água como fonte de elétrons. Incluiriam as proclorófitas (gêneros Prochloron,
Prochlorothrix e Prochlorococcus), apesar de se distinguirem destas por apresentar
apenas clorofila a, além de ficobilinas azul e vermelha. Esses pigmentos são responsáveis
pelas diversas colorações, muitas vezes brilhantes, que essas bactérias apresentam.
Sulfobactérias: realizam um tipo de fotossíntese em que a substância doadora de
hidrogênio não é a água, mas compostos de enxofre, principalmente o gás sulfídrico
(H2S). Por isso essas bactérias produzem enxofre elementar (S) como subproduto da
fotossíntese, e não gás oxigênio, como na fotossíntese que utiliza H2O.
Fotoheterotróficas
As bactérias fotoheterotróficas utilizam luz como fonte de energia, mas não convertem
exclusivamente o gás carbônico em moléculas orgânicas. Assim, elas utilizam compostos
orgânicos que absorvem do meio externo, como alcoóis, ácidos graxos, glicídios etc, como fonte
de carbono para a produção dos componentes orgânicos de sua célula. Essas células são bactérias
anaeróbias e, como exemplo, pode-se citar as bactérias não-sulfurosas verdes como Chloroflexus
spp., e as não-sulfurosas púrpuras, como Rhodopseudomonas spp.
Quimioautotróficas
Quimioheterotróficas
A maioria das espécies bacterianas apresenta nutrição quimioeterotrófica, ou seja, tanto a fonte
de energia quanto a de átomos são moléculas orgânicas que a bactéria ingere como alimento. De
acordo com a fonte das substâncias que lhe servem de alimento, as bactérias heterotróficas são
classificadas em saprofágicas e parasitas. Exemplo: Clostridium.
Saprofágicas: alimentam-se a partir de matéria orgânica sem vida, como cadáveres ou
porções descartadas por outros seres vivos.
Parasitas: alimentam-se a partir de tecidos corporais de seres vivos e podem ser
patogênicas.