Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Moçambique mantém a sua classificação entre os países mais afectados pelo HIV no
mundo, facto que ameaça o futuro económico e social do país, sendo que as mulheres
estão em maior representatividade, 800 mil de infecções até então, infectando-se
actualmente cerca de 120 mil pessoas por ano (GARPR, 2014).
Até 2009, estimava-se que em cerca de 650 milhões da população mundial, o equivalente a
10% tinham alguma deficiência, que podiam ser congénitas ou adquiridas (disability and hiv
policy brief, 2009).
Uma relação que se faz entre o HIV/SIDA e deficiencia, é que pessoas vivendo com
HIV/SIDA podem desenvolver deficiências causadas pelas infecções progressivas e podem
se consider excluídas quando as barreiras sociais, económicas, politicas ou outro tipo de
barreiras não permitem a sua participação na sociedade e o gozo da igualdade com os
outras pessoas. (disability and hiv policy brief, 2009).
Hoje, muitas das intervenções para a prevenção da transmissão do HIV, em vez de usarem
uma das teorias comportamentais na sua totalidade, desenvolvem programas baseados
numa ou várias concepções, quase sempre dependendo da situação sociocultural, política
ou económica e do estágio da epidemia, mas estes programas raramente incluem pessoas
com deficiecia.
Comumente as deficiências são vistas como questão médica, embora algumas PcD’s
tenham necessidade de reabilitação. Isso deixa notório a desegualidade social, pobreza e a
falta do gozo dos direitos cívicos neste segmento populacional (United Nations. (1993)
Rao (2004) citado por Nicolau et all (2013) na pesquisa feita sobre a mulher e a dupla
vulnerabilidade, refere que as Mulheres com deficiência estão presentes em todas as faixas
etárias, etnias, raças, religiões, estratos econômicos e orientação sexual.
Tate e Weston (1982) e Rao (2004) relatam que as mulheres com deficiência sofrem
discriminação em diferentes culturas e sociedades, sendo maior nos países mais pobres e
geralmente incrustrada em valores tradicionais que restringem as chances de
desenvolvimento pessoal às mulheres.
Infelizmente hoje em dia ainda existem pessoas que pensam que pessoas com deficiência
não podem casar, ter filhos, manter relações sexuais e entretanto através desse segmento
populacional se pode curar o SIDA, faz com que elas se excluam, se estigmatizem e
marginalizem, todavia o ambiente social é dominado de construções falsas, que inibem esse
grupo de por um lado procurarem os serviços sanitários.
A outra motivação` o para esta pesquisa cinge-se na experiencia que tenho em trabalho
com pessoas com deficiência, tenho observado que as mulheres com deficiência estão em
maior representatividade, na sua maioria são abandonadas pelos progenitores passado a
viver com avo, irmão, tios, que por sua vez são pessoas ocupadas e não tem controlo do
quotidiano dessas pessoas. Alguns casos as pessoas com deficiência vivem sozinhas.
Por serem pessoas com deficiência, muitas vezes incapazes de se defender são abusadas
pelos cuidadores (que podem ser padrastos, tios), vizinhos, etc., habitualmente revelam
experiências de rejeição (incutidas pelos violadores) ou superprotecção familiar (inibindo-os
do gozo dos seus direitos), pouca escolaridade e baixa qualificação profissional, falta de
acessibilidade física, comunicacional e de atitude, pouco receptivas dos profissionais dos
serviços de saúde.
Num País pobre como Moçambique, as mulheres com deficiência sofrem discriminação em
diferentes momentos, geralmente incrustada em valores tradicionais que restringem as
oportunidades do seu desenvolvimento pessoal.
Vivemos numa sociedade em que a construção social dita como o indivíduo deve se
comportar perante diferentes situações. Ser alfabetizada para estas mulheres não é utópico
para este, todavia não superam os obstáculos encontrados na sociedade, mesmo existindo
dispositivos legais que os protegem, devido a crenças generalizada que pessoas com
deficiência tenham um grau significativo de necessidades não satisfeitas.
Este trabalho esta estruturado da seguinte forma: Introducao (composto pela apresentação
do tema; obejectivos; relevância pessoal, cientifica e social da pesquisa).
Capítulo 1
1.1. Contextualização
Nos últimos cinco anos o HIV/SIDA em Moçambique, tem sido um problema de saúde
publica muito importante concorrendo com a malaria e a tuberculose.
Apesar dos esforços envidados para a redução da prevalência desta epidemia, dados mais
actualizados mostram a existência de uma crescente persistência principalmente na zona
sul, mas não há evidencias claras de quantas pessoas com deficiencia estão contaminadas
contaminadas (PEN IV: 2015).
Para se ter uma ideia, ate 2012 estimava-se que em Mocambique existissem cerca de 23.
700. 715 habitantes, desse numero cerca de 475.011 eram pessoa com deficiência,
equivalente a 2% do total da população.
Aponta-se como causas da deficiência doença (57.9%), à nascença (33.1%) e outras (6.8%)
e como tipos de deficiência pernas amputadas (20.7%), surdez (12.7%), cegueira (9.4%),
mental (8.5%), braço amputado (8.2%), paralisia (7.3%) e outras (35.2%) (INE: CENSO DE
2007).
Grande parte das pessoas com deficiência vive nas zonas rurais onde os níveis de pobreza
são mais eminentes, os serviços de saúde, educação e outros a eles relacionados são
Mundialmente olha-se para o HIV/SIDA como uma epidemia com especificidades históricas
e sociais variando com contextos sociais, cujo índices de infecção, comportamento
epidemiológico e os impactos nos indivíduos são diferenciados.
1.3. Problematização
A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) tem se configurado como a mais
importante e devastadora epidemia contemporânea. A partir da identificação dos primeiros
casos, no início da década de 1980, tem-se evidenciado franca disseminação pelo mundo,
configurando-se na pandemia da actualidade. Desde então, é uma das condições clínicas
mais pesquisadas em todo o mundo, gerando desafios diversos à humanidade.
O HIV/SIDA ainda continua a dizimar milhares de pessoas, entre elas estão as mulheres
com deficiência. Aponta-se como causas dessas deficiências na maioria dos casos a
doença (57.9%), variado de deficiência física, múltipla, auditiva, visual, (INE: CENSO DE
2007, citado pelo PNAD II).
As Mulheres com deficiência estão presentes em todas as faixas etárias, etnias, raças,
religiões, estratos económicos e orientação sexual. Em Mocambique estima-se a existência
de cerca 475.011 de pessoas com deficiência, equivalente a 2% da população total (INE:
Censo 2007).
Dados do INSIDA 2009 mostram que em Moçambique a prevalência do HIV e SIDA entre
os Moçambicanos adultos de 15-49 anos é de 11.5%, e que a prevalência entre as mulheres
(13.1%) desta mesma faixa etária é superior à prevalência entre os homens (9.2%).
Estudos feitos no Brasil, mostram que a taxa de abuso sexual e físico entre mulheres com
deficiência chega a ser duas vezes maior que entre as mulheres sem deficiência e grande
parte dessas mulheres vive nas zonas rurais onde os níveis de pobreza são mais
acentuados, os serviços de saúde, educação, habitação, informação, participação social e
outros a eles relacionados são bastantes escassos ou mesmo ausentes.
Por causas desses factores tornam-se duplamente vulneráveis ao HIV/SIDA e excluídos dos
programas de prevenção pelas dificuldades no acesso aos mecanismos de prevenção e
testagem.
Ate a altura em que o Banco Mundial intensificou as buscas sobre o HIV/SIDA em 2000,
pouco se sabia sobre a relação entre o HIV/SIDA e a deficiência. Após isso fez-se uma
pesquisa profunda para se entender o impacto do HIV/SIDA nas vidas das pessoas com
deficiência (World Bank and Yale University 2004).
Uma pesquisa preliminar realizada pela Miracles com 175 pessoas com deficiência com
idades entre 12 e 30 anos, revelou que o conhecimento sobre HIV/AIDS era exíguo, havia
falta de informações sobre saúde em formatos acessíveis e, frequentemente, também as
instalações de saúde eram inacessíveis.
Por um lado há percepções erradas de que a pessoa com deficiência não tem necessidade
de satisfação sexual, por outro lado a ideia de que se não são sexualmente activas não
precisam de ser incluídas nos programas e campanhas de tratamento pois elas não podem
se infectar pelo vírus horizontalmente.
Essas ideias aumentam as violações e abusos sexuais por parte dos homens positivos que
acreditam que mulher com deficiência cura HIV/SIDA sem o uso do preservativo. Após
contaminações as mulheres com deficiência regridam no acesso aos serviços sobre
HIV/SIDA (Yousafzi and Edwards 2004).
A construção social e cultural de que pessoa com deficiência não tem prazer sexual,
faz com que algumas tenham atidudes de risco a infecação
O Acesso ao tratamento, cuidados de prevenção do HIV/SIDA e SSR entre as
pessoas com deficiência nao beneficia a todos pelo facto de os provedores de
service terem pouco conhecimento sobre a deficiência e estarem preparados para
lhe dar com as diferentes tipologias de deficiência;
Teorias
Sobre esta teoria Peter L. Berger e Thomas Luckman apresentam duas teses fundamentais
“A realidade é contraída socialmente e é dever da sociedade do conhecimento analisar os
processos no interior dos quais a realidade surge”.
Segundo Araujo (2009), as representações sociais são as noções, ideias ou conceitos pelos
quais os grupos sociais interpretam e expressam sua concepção de mundo. Resultam da
combinação e associação de ideias e experiências das gerações anteriores, por meio de
estruturas sociais já estabelecidas.
Para Durkheim tudo na sociedade está interligado, qualquer alteração afecta a sociedade
como um todo. Se algo não vai bem em algum sector da sociedade, toda ela sentirá as suas
consequências. Tudo que vier a fugir ao funcionamento padrão estável e controlável da
sociedade é entendido pelo autor como patológico e pode conduzir à anomia social.
Weber destaca que a ciência contribui com a vida do indivíduo ao oferecer-lhe meios de
domínio prático da realidade, a capacidade de avaliar meios e fins e, acima de tudo, meios
para pensar de forma lógica, sistemática e clara. Com base nesses princípios, o teórico
interpreta as bases que fundamentam a sociedade moderna ocidental e propõe a ciência
fazer parte de um processo histórico de racionalização e intelectualização da vida. No
mundo desencantando, cada um deve se dedicar e assumir responsabilidades diante do seu
cotidiano, o que seria a única forma de dar sentido à sua existência.
CAPÍTULO 3
Metodologia
Para a presente pesquisa usar-se-a o método indutivo visto que este permite fazer uma
análise dos fenómenos partindo do particular ao geral, por conseguinte, seleccionar-se uma
parte significativa das associações de pessoas com deficiência para participar da pesquisa e
a partir dos resultados obtidos chegar-se a uma conclusão.
A pesquisa será do tipo bibliográfico para melhor sustentar os dados recolhidos com base
em alguns autores de obras físicas e electrónica.
A populaça serão todas as mulheres com deficiências infectadas pelo HIV, membros das 5
associacoes selecionadas para a pesquisa, partindo do pressuposto de que a população é o
conjunto de indivíduos que habitam o mesmo lugar. Estas associacoes foram selecionadas
baseado nos seguintes critérios: números total de membros; número de mulheres membros
da associacao; idade dos membros (15 – 49 anos); área da intervenção de intervenção das
associações;
Essa amostra sera selecionada pelo método de amostragem não aliatoria – intencional,
aquela que resulta na seleccao deliberada pelo investigador por consider que reúnem as
características que são típicas ou representativas da população.
A análise e interpretação dos dados, sera feita através do SPSS for Windows para o
tratamento de dados; Microsoft Excel para estudo estatístico completo e representação
gráfica e Microsot Word para compilação e harmonização das informações.
Por questões éticas, ao longo da pesquisa não serão publicadas as identidades dos
participantes ou entrevistados e o questionário não sera entregue pelo entrevistador mas
pelo responsável da associação, visto que ele conhece os membros da sua associacao que
estejam contaminados.
Entendi a explicação verbal sobre este estudo e percebi o que é necessário da minha parte
para o contributo se aceitar participar.
Assinatura
____________________________
Data:____de____de______
Ref.:_____
Olhando para a realidade no nosso País em que o HIV/SIDA entre as mulheres tomado
dimensões inquietantes, dando rosto femenizado a esta pandemia, a discente do Mestrado
em Sociologia Rural e Gestao de Desenvolvimento, motivada pelas experiencia vivenciadas
no seu dia a dia laboral, pretende desencadear uma pesquisa relativa aos conhecimentos,
atitudes e praticas sobre o HIV/SIDA entre as mulheres com deficiência, nas Associacoes
de pessoas com deficiência na Cidade de Maputo.
Leia com atenção as questões que se seguem e responda com clareza, colocando um
“X” na opção que lhe convem.
Sim ( )
Não ( )
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
__________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________
) Fine M., Asch, A. (1988). Women with disability. Philadelphia, PA: Temple
University Press.
(Mulheres portadoras de deficiências)
2) Russo, H. (2000). Girls and women with disabilities. . Oakland, CA: World Institute
on Disability/ NY: Rehabilitation International.
(Meninas e mulheres portadoras de deficiências)
United Nations. (1993). Standard rules on the equalization of opportunities for
persons with disability. New York: UN General Assembly 48/96.
(Regras básicas para a equalização das oportunidades para portadores de deficiências)
Rao I. Equity to women with disabilities in India.
Bangalore 2004; CBR Network. [acessado 2011 out
28]. Disponível em: http://v1.dpi.org/lang-en/resources/details.php?page=90
Nicolau, Stella Maris; Schraiber, Lilia Blima; de Carvalho Mesquita Ayres, José Ricardo
Mulheres com deficiência e sua dupla vulnerabilidade: contribuições para a construção
da
integralidade em saúde
Ciência & Saúde Coletiva, vol. 18, núm. 3, 2013, pp. 863-872
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Rio de Janeiro, Brasil
Paula AR, Sodelli FG, Faria G, Gil M, Regen M, Meresman S. Pessoas com
deficiência: Pesquisa sobre a sexualidade e vulnerabilidade. Temas sobre
Desenvolvimento 2010; 17(98):51-65
TATE, DG, WESTON, NH. Women with disabilities: an international perspective.
RehabilLit 1982;46 (7-8): 222-227.
World Health Organization (WHO). Consolidated guidelines on HIV prevention,
diagnosis, treatment and care for key populations
[internet]. 2014 [cited 2014 July 22]. Available from:
http://www.paho.org/bra/images/stories/Documentos2/eng%20guias%20pop%20
vul%20who-1.pdf?ua=1
PULLUM, Thomas; STAVETEIG, Sara. HIV status and cohabitation
in Sub-Saharan Africa. DHS Analytical Studies No. 35, Rockville:
ICF International, 2013.