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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA
LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL

Modelação Numérica do Escoamento


em torno de Pilares

Gizela Roque Zucula

Supervisor: Jaime Palalane, Ph.D.

Maputo, Setembro de 2016


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE ENGENHARIA
LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL

Modelação Numérica do Escoamento


em torno de Pilares

Gizela Roque Zucula

Supervisor: Jaime Palalane, Ph.D.

Maputo, Setembro de 2016


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

TERMO DE ENTREGA DE RELATÓRIO DO TRABALHO DE LICENCIATURA

Declaro que a estudante Gizela Roque Zucula entregou no dia ___ / ___ / 20__ as ___
cópias do relatório do seu Trabalho de Licenciatura com a
referência:_________________

Intitulado: Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Maputo, ___ de _____________ de 20__

O Chefe da Secretaria

________________________________
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

À minha Mãe, Antonieta Carlos Manjate

“Isaías 40, 28-31”

Gizela Zucula ii
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Agradecimentos

A Deus em primeiro lugar, por me guiar e abençoar ao longo do caminho percorrido até
então.

Ao Engenheiro Jaime Palalane, orientador desta tese, por todo o apoio, atenção,
paciência, empenho e dedicação dispensada a mim e ao trabalho. Por incentivar e
orientar-me no caminho da investigação, contribuindo assim para o meu
desenvolvimento enquanto estudante e futura profissional de Engenharia Civil.

Ao Lourenço Mendes, endereço um especial obrigado por dar atenção, dedicando


parte de seu tempo respondendo as minhas perguntas e corrigindo os erros. Pelo apoio
e força, o meu muito obrigado.

Aos Professores e Pesquisadores que se dispuseram sempre a ajudar-me na


aprendizagem do modelo OpenFoam e dedicaram um pouco de seu tempo, prestando
atenção, dando sugestões e respondendo questões. Vai um agradecimento ao Pedro
Xavier Ramos, Arnau Barnabeu, Tiago Oliveira, Christoph Rapp e Florian Mintgen.

Aos meus irmãos Rachel Zucula, Deolinda Zucula e Roque Zucula Júnior, vai um
”Khanimabo”, por estarem sempre comigo e guiarem os meus passos.

Aos colegas de faculdade, pelos momentos alegres e dificuldades ultrapassadas


juntos, esclarecimentos e conselhos, o meu muito obrigado, em especial a: Ivan
Tembe, Eduardo Penicela, Godfrey, Osvaldo Cabral, Olávio Mucavele, Lara Carimo,
Énnio Machava, Géssica Fernandes, Afonso Mabande e Jorge Chipupure.

A todos que directa ou indirectamente contribuíram para que eu chegasse aqui, o meu
muito obrigado.

Gizela Zucula iii


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Resumo

Os pilares de pontes constituem obstáculos inseridos em escoamentos, geralmente de


rios, canais ou outros cursos de água. Quando um corpo está submerso em um fluido
em escoamento, surgem forças de interacção entre ambos, que originam diversos
fenómenos de alteração do escoamento. São exemplos a separação da camada limite,
que resulta no surgimento do arrasto de pressão; a transformação de energia à
montante do pilar, que resulta na variação de pressão e velocidade junto do pilar;
surgimento de uma esteira de vórtices à jusante, que resulta no desenvolvimento da
cavidade de erosão no pilar em leitos móveis; entre outros.

As alterações localizadas no escoamento introduzidas pelos pilares têm grande


influência na sua estabilidade. Por esse motivo é importante a correcta caracterização
e quantificação dos diferentes fenómenos e parâmetros (por exemplo, a sua forma,
disposição e o aumento ou diminuição da velocidade em torno do pilar) que
caracterizam as alterações induzidas por pilares no escoamento, com influência na sua
estabilidade. Existem diferentes métodos para quantificação destes fenómenos:
fórmulas (empíricas/semi-empíricas), modelos físicos (experimentais), e modelos
numéricos. A realidade do país dá uma indicação do uso mais frequente de fórmulas
empíricas e semi-empíricas, algumas específicas para determinadas situações ou
derivadas para casos simplificados das secções de escoamento. Contudo, há sempre o
interesse de se considerar as irregularidades das secções onde ocorre o escoamento e
a influência de diferentes disposições de pilares. O estabelecimento ou criação de
modelos físicos para realização desses estudos no nosso país, é dificultado, devido
essencialmente à falta de instalações e meios para investigação experimental.

Neste âmbito surge o presente trabalho como uma iniciativa que no contexto local
almeja explorar a aplicação da modelação numérica do escoamento em torno de
pilares de pontes como uma ferramenta com potencial para oferecer melhor resultados
das alterações dos escoamentos em tornos de pilares, comparativamente ao uso de
fórmulas empíricas e semi-empíricas generalizadas. Em linha com este objectivo foi
efectuada uma revisão da bibliográfica para se identificar os parâmetros de maior
relevo que descrevem a alteração das características do escoamento devido à
introdução de pilares, tendo sido identificados a sua forma, o seu tamanho, a sua
disposição e a velocidade de escoamento no canal. A revisão bibliográfica serviu

Gizela Zucula iv
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

igualmente para identificar um modelo numérico com potencial para simular as


alterações nas características do escoamento para diferentes disposições de pilares
em um curso de água. Dos diferentes modelos sobressaiu o OpenFOAM, que possuí o
solver IHFOAM para modelar escoamento em superfície livre, pelo facto de este ser um
aplicativo de código aberto e acesso livre.

No OpenFOAM foram realizadas trinta e duas simulações em que se procurou variar a


velocidade e formas das secções, subdividindo-se em oito simulações para cada forma
de pilar, nomeadamente, circular, quadrada, rectangular e oval. Das oito simulações de
cada forma, quatro simulações foram realizadas para a secção inicial (A) e às restantes
quatro para o dobro da secção inicial (2A), devido às quatro variações de velocidade
para cada secção, tendo-se usado os valores de U1=0.14 m/s, U2=0.28 m/s, U3=0.56
m/s e U4=1.12 m/s.

O pilar de secção Oval apresenta melhor comportamento comparado aos pilares de


outras secções, em termos de resultados obtidos. O OpenFoam revelou-se ser uma
ferramenta com potencial para aplicação a fins académicos e de investigação, visto que
seus resultados, como por exemplo a variação da força de arrasto, apresentam
compatibilidade com o descrito na teoria.

Palavras-chave: Modelação numérica, Escoamento, Pilares, OpenFoam, Perfil.

Gizela Zucula v
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Abstract

Bridge piers are obstacles inserted in canals flow, usually rivers or other
waterways. When a body is submerged in a fluid flow, there appear forces of interaction
between them, which cause many phenomena of flow
variation/alteration/modification. Examples of the alteration are the separation of the
boundary layer, resulting in the rise of pressure drag; the amount of energy
transformation, which results in variation of pressure and velocity along the column; an
appearance of mat of vortices downstream, resulting in the development of erosion
cavity around the pillar in moving beds; among others.
The localized changes in flow introduced by pillars have major influence on its stability.
For this reason it is important the correct characterization and quantification of the
different phenomena and parameters (for example, their shape and arrangement) which
characterize the changes induced by pillars in the flow, with influence on its stability.
There are different methods to quantify these phenomena: formulas (empirical / semi-
empirical), physical models (experimental), and numerical models. The reality of the
country gives an indication of the more frequent use of empirical formulas and semi-
empirical, some specific to certain situations or derived for simplified cases of the flow
sections. However, there is always the interest to consider the irregularities of the
sections where the flow occurs and the influence of different provisions of pillars. The
establishment or creation of physical models for these studies in our country is difficult,
mainly due to lack of facilities and means for experimental research.

In this context arises the present work as an initiative that in the local context aims to
explore the application of numerical modeling of flow around bridge pillars as a potential
tool to provide better results of changes in flows on lathes pillars, compared to the use
of generalized empirical formulas and semi-empirical. In line with this objective was
carried out a review of the literature to identify the most relevant parameters describing
the change of flow characteristics due to the introduction of pillars. It have been
identified its shape, its size, its layout and speed flow in the channel. The literature
review also served to identify a numerical model to simulate potential changes in flow
characteristics for different provisions of pillars in a watercourse. Of the different models
stood out the OpenFOAM, which possess the solver IHFOAM to model flow in free

Gizela Zucula vi
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

surface, due to the fact that this is an open free source application with open code
access.

In OpenFOAM there were performed thirty-two simulations which sought to vary the
speed and shapes of the sections, subdivided into eight simulations for each pillar
shape, including circular, square, rectangular and oval. Of the eight simulations for each
shape, four simulations were performed for the initial section (A) and the remaining four
for twice the initial section (2A), due to the four variations of speed for each section,
being U1 = 0:14 m/s, U2 = 0:28 m/s, U3 = 0:56 m/s and U4 = 1.12 m/s.
The oval pillar section provides better performance compared to other sections of pillars
in terms of results obtained. OpenFOAM reveals it can be a potential tool for application
to the academic and research purposes, as its results, for example the variation in drag
force, have compatibility with the theory described.

Keywords: Numerical modeling, Flow, Pillars, OpenFOAM, Profile.

Gizela Zucula vii


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1. Objectivos.......................................................................................................... 3

1.2. Metodologia ....................................................................................................... 4

1.3. Estrutura do trabalho ......................................................................................... 5

2. ESCOAMENTO EM TORNO DE PILARES .............................................................. 6

2.1. Conceitos básicos ............................................................................................. 6

2.2. Regimes de escoamentos ................................................................................. 7

2.3. Classificação dos obstáculos ............................................................................ 8

2.4. Interacção escoamento-obstáculo..................................................................... 9

2.4.1. Camada limite ............................................................................................ 10

2.4.2. Escoamento em torno de um pilar ............................................................. 11

2.4.3. Forças hidrodinâmicas actuantes no pilar .................................................. 17

3. MODELAÇÃO NUMÉRICA DE ESCOAMENTOS .................................................. 22

3.1. Equações governantes .................................................................................... 24

3.2. Modelos de Resolução Numérica de Turbulência ........................................... 26

3.2.1. Direct Numerical Simulation (DNS) – Simulação Numérica Directa (DNS):26

3.2.2. Large Eddy Simulation (LES): .................................................................... 26

3.2.3. Modelos baseados nas Equações Médias de Reynolds (RANS – Reynolds


Averaged Navier-Stokes) ....................................................................................... 27

3.3. Variáveis características da turbulência .......................................................... 28

3.3.1. Intensidade da turbulência ......................................................................... 28

3.3.2. Comprimento característico de turbulência ................................................ 29

3.3.3. Energia cinética turbulenta......................................................................... 29

3.3.4. Taxa de dissipação turbulenta ................................................................... 29

3.3.5. Taxa de dissipação específica ................................................................... 30

3.3.6. Viscosidade cinemática turbulenta............................................................. 30


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

3.4. Métodos para discretização no espaço ........................................................... 30

3.4.1. Método dos volumes finitos........................................................................ 31

3.4.2. Modelação do escoamento em superfície livre .......................................... 32

3.5. Malhas ............................................................................................................. 32

4. PROCEDIMENTO NUMÉRICO .............................................................................. 35

4.1. Características gerais do OpenFoam .............................................................. 35

4.1.1. Especificação do Solver ............................................................................. 35

4.1.2. Definição do caso ...................................................................................... 37

4.2. Simulação da interacção escoamento-estrutura com o solver IHFOAM ......... 38

4.2.1. Concepção da geometria ........................................................................... 39

4.2.2. Geração da malha ..................................................................................... 40

4.2.3. Escolha do modelo de resolução numérica ............................................... 42

4.2.4. Definição dos valores dos parâmetros iniciais ........................................... 42

4.2.5. Execução do cálculo numérico .................................................................. 43

4.3. Descrição geral das simulações ...................................................................... 43

5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................ 46

5.1. Secção circular ................................................................................................ 46

5.1.1. Campo de Velocidades .............................................................................. 46

5.1.2. Andamento da superfície livre.................................................................... 49

5.1.3. Pressão ...................................................................................................... 50

5.1.4. Força de arrasto......................................................................................... 52

5.2. Secção quadrada ............................................................................................ 52

5.2.1. Velocidade ................................................................................................. 52

5.2.2. Andamento da superfície livre.................................................................... 55

5.2.3. Pressão ...................................................................................................... 56

5.2.4. Força de arrasto......................................................................................... 58

5.3. Secção rectangular ......................................................................................... 59


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

5.3.1. Velocidade ................................................................................................. 59

5.3.2. Andamento da superfície livre.................................................................... 61

5.3.3. Pressão ...................................................................................................... 62

5.3.4. Força de arrasto......................................................................................... 64

5.4. Secção Oval .................................................................................................... 65

5.4.1. Velocidade ................................................................................................. 65

5.4.2. Andamento da superfície livre.................................................................... 67

5.4.3. Pressão ...................................................................................................... 68

5.4.4. Força de arrasto......................................................................................... 70

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................ 71

6.1. Validação do modelo ....................................................................................... 71

6.2. Alteração das características do escoamento ................................................. 72

6.2.1. Variação da velocidade inicial de escoamento .......................................... 73

6.2.2. Variação do tamanho das secções ............................................................ 74

6.2.3. Variação da geometria das secções .......................................................... 75

6.3. Avaliação da aplicabilidade do modelo ........................................................... 77

6.3.1. Determinação da altura da fossa de erosão .............................................. 77

6.3.2. Aplicação no contexto local........................................................................ 78

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 80

7.1. Conclusão ....................................................................................................... 80

7.2. Futuras linhas de trabalho ............................................................................... 81

BIBLIOGRAFIA………………………………………………………………...........…………83

Anexos

Anexo I. Valor de coeficientes de arrasto para objectos bi e tri dimensionaisI-2

Anexo II. Arquivos do OpenFoam ................................................................ II-4

Anexo III. Comandos de execução do IHFOAM .......................................... III-6

Anexo IV. Ficheiros de definição das simulações ...................................... IV-7


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

a) blockMeshDict .................................................................................. IV-7

b) SnappyHexMeshDict ...................................................................... IV-10

c) setFieldsDict ................................................................................... IV-22

d) g ..................................................................................................... IV-24

e) RASProperties................................................................................ IV-25

f) transportProperties ......................................................................... IV-26

g) turbulenceProperties ...................................................................... IV-29

h) alpha1............................................................................................. IV-30

i) epsilon ............................................................................................ IV-32

j) k ..................................................................................................... IV-34

k) nut .................................................................................................. IV-36

l) p_rgh .............................................................................................. IV-38

m) U ..................................................................................................... IV-40

n) fvSchemes...................................................................................... IV-42

o) fvSolution........................................................................................ IV-45

p) controlDict ...................................................................................... IV-48


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.PILARES FUSELADOS E NÃO FUSELADOS (PRIMEIROS TRÊS À ESQUERDA) EXTRAÍDO

DE RODRIGUES (2012) ....................................................................................................... 8

FIGURA 2. (A) PILAR FUSELADO, MAIOR ARRASTO DE FORMA; (B) PILAR NÃO FUSELADO, MENOR
ARRASTO DE FORMA ........................................................................................................... 9

FIGURA 3.EXEMPLO DE CAMADA LIMITE LAMINAR EM SUPERFÍCIE PLANA ................................ 10


FIGURA 4.ESCOAMENTO EM TORNO DE UM CILINDRO ESTACIONÁRIO: A) CASO IDEAL, B) CASO

REAL COM SEPARAÇÃO DO ESCOAMENTO ........................................................................... 11

FIGURA 5. AUMENTO DE PRESSÃO A MONTANTE DO PILAR DEVIDO À ESTAGNAÇÃO DO

ESCOAMENTO, EXTRAÍDO DE RAMOS (2012)....................................................................... 12

FIGURA 6. ESTRUTURA DO ESCOAMENTO NA PROXIMIDADE DE UM PILAR, EXTRAÍDO DE RAMOS


(2012) ............................................................................................................................ 13
FIGURA 7. SEPARAÇÃO DO ESCOAMENTO PRÓXIMO À SUPERFÍCIE EM ESCOAMENTO LAMINAR,

EXTRAÍDO DE RAMOS (2012)............................................................................................. 14

FIGURA 8. (A) ESCOAMENTO LAMINAR, (B) ESCOAMENTO TURBULENTO ................................. 16


FIGURA 9.RELAÇÃO ENTRE OS NÚMEROS DE REYNOLDS E STROUHAL, (MODIFICADO DE SUMER
E FREDSOE, 1997) ........................................................................................................... 16

FIGURA 10.DIREÇÃO DAS COMPONENTES DA FORÇA HIDRODINÂMICA ACTUANTE NO PILAR EM

PLANTA, EXTRAÍDO DE RAMOS (2012) ................................................................................ 17

FIGURA 11. INFLUÊNCIA DA ÁREA DO OBJECTO NO ARRASTO DE FORMA: (A) MAIOR ARRASTO, (B)
MENOR ARRASTO, EXTRAÍDO DE VILELA JÚNIOR (2010) ....................................................... 18

FIGURA 12. INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DO OBJECTO NO ARRASTO DE FORMA, EXTRAÍDO DE

VILELA JÚNIOR (2010)...................................................................................................... 19


FIGURA 13. RELAÇÃO ENTRE O COEFICIENTE DE ARRASTO, CD, E O NÚMERO DE REYNOLDS, RE,
PARA DIFERENTES TIPOS DE OBSTÁCULOS, EXTRAÍDO DE WHITE (2011) ............................... 20

FIGURA 14.RELAÇÃO ENTRE O COEFICIENTE DE ARRASTO E O NÚMERO DE REYNOLDS PARA

DIFERENTES TIPOS DE OBSTÁCULO, EXTRAÍDO DE RAMOS (2012)......................................... 20

FIGURA 15. RELAÇÃO ENTRE VALORES DE CL MÉDIO EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE REYNOLDS,


EXTRAÍDO DE RAMOS (2012)............................................................................................. 21

FIGURA 16. MALHA ORTOGONAL ....................................................................................... 33


FIGURA 17. MALHA NÃO-ORTOGONAL ESTRUTURADA SIMPLES E POR BLOCOS ....................... 33
FIGURA 18. MALHA NÃO ESTRUTURADA.............................................................................. 34
FIGURA 19.ESTRUTURA DAS PASTAS DO OPENFOAM .......................................................... 38
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

FIGURA 20. DOMÍNIO DE CÁLCULO CONSIDERADO PARA A SIMULAÇÃO DO ESCOAMENTO EM

TORNO DE UM PILAR ......................................................................................................... 40

FIGURA 21.A VISTA EM PLANTA DA MALHA EMPREGUE NA SIMULAÇÃO ................................... 41


FIGURA 22.VARIAÇÃO NO CAMPO DE VELOCIDADE PARA DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE
INICIAL PARA UM PILAR CIRCULAR ....................................................................................... 47

FIGURA 23.PERFIL DE VELOCIDADES NO EIXO CENTRAL LONGITUDINAL DO CANAL PARA OS

DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE INICIAL PARA O PILAR CIRCULAR ................................ 48

FIGURA 24.VARIAÇÃO NO CAMPO DE VELOCIDADE PARA DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE


INICIAL NA FACE LATERAL DO PILAR CIRCULAR ..................................................................... 49

FIGURA 25.ANDAMENTO DA SUPERFÍCIE LIVRE PARA VELOCIDADES DIFERENTES - PILAR

CIRCULAR ........................................................................................................................ 49

FIGURA 26.ANDAMENTO DA SUPERFÍCIE LIVRE PARA DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE

INICIAL - FACE LATERAL - PILAR CIRCULAR ........................................................................... 50

FIGURA 27.VALORES DE PRESSÃO EM DIFERENTES NÍVEIS DE PROFUNDIDADE DO ESCOAMENTO


- PILAR CIRCULAR ............................................................................................................. 51
FIGURA 28.VALORES DE PRESSÃO PARA DIFERENTES VELOCIDADES - PILAR CIRCULAR, Z =5
CM. ................................................................................................................................. 51

FIGURA 29.VARIAÇÃO NO CAMPO DE VELOCIDADE PARA DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE


INICIAL – PILAR QUADRANGULAR ........................................................................................ 53

FIGURA 30. PERFIL DE VELOCIDADES NO EIXO CENTRAL LONGITUDINAL DO CANAL PARA OS

DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE INICIAL - PILAR QUADRANGULAR ................................ 54


FIGURA 31. VARIAÇÃO NO CAMPO DE VELOCIDADE PARA DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE
INICIAL - FACE LATERAL DO PILAR QUADRANGULAR .............................................................. 55

FIGURA 32. ANDAMENTO DA SUPERFÍCIE LIVRE PARA VELOCIDADES DIFERENTES - PILAR

QUADRANGULAR............................................................................................................... 55

FIGURA 33.ANDAMENTO DA SUPERFÍCIE LIVRE PARA VELOCIDADES DIFERENTES - FACE LATERAL


- PILAR QUADRANGULAR.................................................................................................... 56
FIGURA 34.VALORES DE PRESSÃO PARA DIFERENTES NÍVEIS DE PROFUNDIDADE DO

ESCOAMENTO - PILAR QUADRANGULAR. .............................................................................. 57

FIGURA 35.VALORES DE PRESSÃO PARA DIFERENTES VELOCIDADES - PILAR QUADRANGULAR, Z


= 5 CM. ........................................................................................................................... 58
FIGURA 36.VARIAÇÃO NO CAMPO DE VELOCIDADE PARA DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE
INICIAL – PILAR RECTANGULAR ........................................................................................... 59
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

FIGURA 37.PERFIL DE VELOCIDADES NO EIXO CENTRAL LONGITUDINAL DO CANAL PARA OS

DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE INICIAL - PILAR RECTANGULAR ................................... 60

FIGURA 38.VARIAÇÃO NO CAMPO DE VELOCIDADE PARA DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE


INICIAL - FACE LATERAL DO PILAR RECTANGULAR ................................................................. 61

FIGURA 39.ANDAMENTO DA SUPERFÍCIE LIVRE PARA VELOCIDADES DIFERENTES - PILAR

RECTANGULAR ................................................................................................................. 62

FIGURA 40. ANDAMENTO DA SUPERFÍCIE LIVRE PARA VELOCIDADES DIFERENTES - FACE

LATERAL - PILAR RECTANGULAR ......................................................................................... 62

FIGURA 41.VALORES DE PRESSÃO EM DIFERENTES NÍVEIS DE PROFUNDIDADE DO ESCOAMENTO


- PILAR RECTANGULAR. ..................................................................................................... 63
FIGURA 42.VALORES DE PRESSÃO PARA DIFERENTES VELOCIDADES - PILAR RECTANGULAR, Z =
5 CM. .............................................................................................................................. 64
FIGURA 43.VARIAÇÃO NO CAMPO DE VELOCIDADE PARA DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE
INICIAL – PILAR OVAL......................................................................................................... 65

FIGURA 44.PERFIL DE VELOCIDADES NO EIXO CENTRAL LONGITUDINAL DO CANAL PARA OS

DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE INICIAL - PILAR OVAL ................................................. 66

FIGURA 45.VARIAÇÃO NO CAMPO DE VELOCIDADE PARA DIFERENTES VALORES DE VELOCIDADE


INICIAL - FACE LATERAL DO PILAR OVAL............................................................................... 67

FIGURA 46. ANDAMENTO DA SUPERFÍCIE LIVRE PARA VELOCIDADES DIFERENTES - PILAR OVAL 68
FIGURA 47. ANDAMENTO DA SUPERFÍCIE LIVRE PARA VELOCIDADES DIFERENTES - FACE

LATERAL - PILAR OVAL....................................................................................................... 68

FIGURA 48.VALORES DE PRESSÃO EM DIFERENTES NÍVEIS DE PROFUNDIDADE DO ESCOAMENTO


- PILAR OVAL. ................................................................................................................... 69
FIGURA 49.VALORES DE PRESSÃO PARA DIFERENTES VELOCIDADES - PILAR OVAL, Z = 5 CM. .. 70
FIGURA 50.VARIAÇÃO NO CAMPO DE VELOCIDADE PARA AS DIFERENTES SECÇÕES DE PILAR E

UO = 1.12 M/S ................................................................................................................. 73


FIGURA 51. VARIAÇÃO DA VELOCIDADE MÁXIMA, COM O AUMENTO DA SECÇÃO TRANSVERSAL DO
PILAR – SECÇÃO QUADRADA .............................................................................................. 74
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. VARIAÇÃO DO PADRÃO DE DESPRENDIMENTO DE VÓRTICES EM ESTEIRA FUNÇÃO DO


NÚMERO DE REYNOLDS, EXTRAÍDA DE RAMOS (2012) ......................................................... 15

TABELA 2. VALOR DE CD PARA DIFERENTES VALORES DA RELAÇÃO ALTURA/DIÂMETRO (L/D) DE


UM CILINDRO CURTO ......................................................................................................... 19

TABELA 3. SOLVERS E APLICAÇÕES DO OPENFOAM PARA ESCOAMENTO INCOMPRESSÍVEL ..... 36


TABELA 4. CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS E DO ESCOAMENTO DE TODAS AS SIMULAÇÕES .. 45
TABELA 5.VELOCIDADES MÁXIMAS - SECÇÃO CIRCULAR ....................................................... 47
TABELA 6. FORÇA E COEFICIENTE DE ARRASTO PARA AS DIFERENTES SIMULAÇÕES - PILAR

CIRCULAR ........................................................................................................................ 52

TABELA 7. VELOCIDADES MÁXIMAS - SECÇÃO QUADRANGULAR ............................................. 53


TABELA 8.FORÇA E COEFICIENTE DE ARRASTO PARA AS DIFERENTES SIMULAÇÕES - PILAR

QUADRANGULAR............................................................................................................... 58

TABELA 9. VELOCIDADES MÁXIMAS - SECÇÃO RECTANGULAR ............................................... 60


TABELA 10. FORÇA E COEFICIENTE DE ARRASTO PARA AS DIFERENTES SIMULAÇÕES - PILAR

RECTANGULAR ................................................................................................................. 64

TABELA 11. VELOCIDADES MÁXIMAS - SECÇÃO OVAL ........................................................... 67


TABELA 12.FORÇA E COEFICIENTE DE ARRASTO PARA AS DIFERENTES SIMULAÇÕES - PILAR

OVAL ............................................................................................................................... 70

TABELA 13. VARIAÇÃO DA FORÇA DE ARRASTO COM O AUMENTO DA VELOCIDADE – SECÇÃO

CIRCULAR ........................................................................................................................ 73

TABELA 14. VARIAÇÃO DA VELOCIDADE MÁXIMA, COM AUMENTO DA SECÇÃO TRANSVERSAL.... 75


TABELA 15.VELOCIDADES MÁXIMAS PARA SIMULAÇÕES DE DIFERENTES SECÇÕES E

VELOCIDADES INICIAIS ....................................................................................................... 76

TABELA 16. FORÇA DE ARRASTO PARA AS DIFERENTES SECÇÕES ......................................... 76


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

A – Área da secção

CD – Coeficiente de arrasto

CL – Coeficiente de sustentação

C.L. – Camada limite

C – constante empírica, toma o valor de 0.09

CFD – Computational Fluid Dynamics (Dinâmica de Fluídos Computacional)

D – Diâmetro

D50 – Diâmetro médio das partículas

DNS – Direct Numerical Simulation (Simulação Directa Turbulenta)

– Taxa de dissipação turbulenta

f – Frequência de emissão de vórtices

FD – Força de arrasto

FL – Força de sustentação

g – Força de gravidade

GB – Gigabytes

h – Altura de escoamento

i – Índice de indicação de direcção

I – Intensidade de turbulência

k – Energia cinética turbulenta

l – Comprimento característico de turbulência

L – Comprimento do pilar

LES – Large Eddy Simulation (Simulação de Grandes Escalas de Turbulência)


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

P – Pressão

R – Raio hidráulico

RAM - Random Access Memory – Memória de Acesso Aleatório

RANS – Reynolds Averaged Navier-Stokes

Re – Número de Reynolds

St – Número de Strouhal

t – Tempo

U – Velocidade de escoamento

̅ - Velocidade média

u’ – Velocidade aparente

Uc – Velocidade crítica

w – Taxa de dissipação específica

x – espaço

– Densidade/ massa volúmica

– Viscosidade dinâmica

– Viscosidade dinâmica turbulenta

- Variação

– Viscosidade cinemática

– Viscosidade cinemática turbulenta

– Peso específico do sedimento

– Peso específico da água


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

1. INTRODUÇÃO

Moçambique enfrenta um crescente desafio de infra-estruturação. Com o contínuo


desenvolvimento económico e aumento populacional inúmeras vezes surge a
necessidade do estabelecimento da ligação entre dois pontos que se encontrem
separados por linhas de água, vales, ou outros obstáculos naturais ou artificiais,
através da construção de pontes, com vista a facilitar o transporte pedonal, ferroviário
ou rodoviário.

As pontes têm geralmente os seus pilares fundados em leitos de rios. A existência de


um obstáculo em relação ao escoamento do rio resulta no desenvolvimento de
fenómenos que surgem devido à interacção entre o escoamento e o obstáculo. A
modificação do campo de velocidades, do campo de pressões, o incremento das
tensões de arrasto e de sustentação do pilar, são alguns dos fenómenos que mais
interessam para o estudo do comportamento do escoamento em torno do pilar. Desta
forma, com o contínuo aumento do número de pontes construídas, dentro e fora do
país, cresce também o interesse por esses fenómenos e o número de estudos em
torno deles.

As modificações caracterizadas pelo aumento localizado da velocidade em torno dos


pilares estão associadas ao surgimento de fossas de erosão com o aumento da
capacidade de transporte sólido. De acordo com o Hydraulic Engineering Circular
(HEC) 18, na sua 5ª edição, durante as cheias de primavera de 1987, 17 pontes de
Nova York e New England foram danificadas ou destruídas por infra escavação. Em
1985, 73 pontes foram destruídas pelas enchentes na Pensilvânia, Virgínia e West
Virginia. Em 1973 um estudo nacional para a Federal Highway Administration (FHWA)
de 383 falhas de pontes causadas por inundações catastróficas mostrou que 25 por
cento das falhas é devido à danos nos pilares e 75 por cento das falhas é devido à
danos nos encostos (FHWA 1973). Uma série de casos históricos sobre as causas e
consequências da infra escavação em grandes pontes são apresentados em
Transportation Research Grave 950 (TRB, 1984). Estes factos vêm contribuir ainda
mais para um maior interesse nesta temática.

Ao longo dos últimos anos, os estudos de escoamentos em torno de pilares fundados


em leitos de rios baseavam-se nos conhecimentos empíricos, resultantes de

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

experiências laboratoriais, apresentados em literatura diversa. Em alguns casos, as


modificações ao escoamento induzidas pelos pilares da ponte são estudadas por meio
de ensaios em modelos físicos reduzidos. Contudo, a realização de experiências
laboratoriais requer um aumento do tempo e recursos gastos na criação e uso dos
modelos.

Actualmente, com o contínuo desenvolvimento da área de investigação científica e


tecnológica auxiliada pelos modelos computacionais, as investigações nesta área
sofreram um significativo avanço e mudança de metodologias, existindo hoje diversos
modelos numéricos para simulação destes fenómenos. Os modelos numéricos têm a
vantagem de inúmeras vezes promover a diminuição apreciável do tempo e dos custos
de identificação de uma solução óptima, comparativamente aos modelos físicos. Os
modelos numéricos até então existentes apresentam ainda certa limitação em termos
de simulação das condições-limite do leito do rio e da superfície livre. Estudos estão
ainda a ser desenvolvidos para a melhoria do desempenho destes modelos.

Moçambique é um país que actualmente apresenta o grande desafio de manter e


construir novas infra-estruturas. Grande parte do desenvolvimento acelerado em
termos de construção de obras de pontes deu-se no período colonial português. O
dimensionamento destas obras de arte foi feito com regulamentação distinta e para
condições de circulação/demanda reduzidas. Com o efeito as mudanças climáticas e
com o uso de fórmulas empíricas e semi-empíricas em projectos de engenharia de
pontes (tendo como exemplo o Estudo de Impacto Ambiental da Nova Ponte de Tete
sobre o Rio Zambeze e Acessos Imediatos – BETA, 2011), a realização de análises
profundas da estabilidade hidráulica das pontes existentes e de estudos para futuros
cenários ficam limitadas. A importância de uma melhor compreensão das alterações no
escoamento em torno de pilares é reforçada com o recente colapso da ponte sobre o
rio Licungo, em Mocuba, em Janeiro de 2015.

É neste contexto que surge o presente trabalho, que lança-se ao desafio de se explorar
o uso de modelos numéricos para a modelação das alterações do escoamento em
torno de pilares, e uma melhor caracterização dos fenómenos de aumento de pressão
e força de arrasto, com grande influência na estabilidade hidráulica das pontes. O
mesmo almeja avaliar as potencialidades do uso de modelos numéricos na avaliação
da variação do campo de velocidades e alturas do escoamento para diferentes secções

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

e tamanhos de pilares, de forma a indicar quais tipos de pilares que oferecem maior
estabilidade em escoamentos turbulentos, e identificar os parâmetros de forma que
influenciam na variação da velocidade e pressão em torno do pilar.

1.1. Objectivos

Este estudo tem o objectivo primordial de explorar as potencialidades da utilização de


uma ferramenta de modelação numérica do escoamento em torno de pilares, fundados
no leito de um canal, com vista a melhor compreender os fenómenos que advém da
interacção escoamento-obstáculo, e identificação da secção de pilares que resulte
numa melhor estabilidade hidráulica da estrutura e do leito.

Para tal, identificaram-se os seguintes objectivos específicos:

Descrição sumária do estado da arte de simulação do escoamento em torno de


pilares de pontes, quantificação da fossa de erosão e sua aplicação prática em
projectos de engenharia;

Identificação de um modelo numérico adequado para a simulação do


escoamento em torno de pilares;

Aplicação do modelo identificado para analisar a variação das características do


escoamento e a profundidade da fossa de erosão com a alteração das secções
no que diz respeito à sua forma e tamanho;

Avaliar as potencialidades de aplicação prática do modelo em projectos de


engenharia, tendo em atenção o contexto local.

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

1.2. Metodologia

Este ponto apresenta de forma resumida o procedimento faseado das actividades


realizadas, que permitiram a efectivação da investigação e alcance dos objectivos
previamente definidos.

Pesquisa bibliográfica: No âmbito da pesquisa bibliográfica, fez-se uma análise


das metodologias empregues em projectos de hidráulica de pontes, com a
finalidade de avaliar a relevância da aplicação da modelação numérica como
uma ferramenta no estudo destes projectos.

Ainda no contexto bibliográfico, realizou-se a pesquisa de diferentes modelos


numéricos existentes com vista a identificação do modelo a ser utilizado no
presente trabalho, complementada com a realização de consultas bibliográficas,
com vista a identificação de dados teóricos (experimentais) para realização das
simulações, com seguimento para a validação do modelo.

Aplicação experimental do modelo, que consistiu na aprendizagem e


compreensão do funcionamento do modelo numérico OpenFoam, através da
leitura de manuais de utilizador, realização de aulas (tutoriais) na Internet,
consulta e apresentação de dúvidas à investigadores com domínio na utilização
do modelo.

Simulação dos diferentes casos de estudo: que amparou a realização das


diferentes simulações para as secções circular, quadrada, rectangular e oval,
com variação da velocidade e do tamanho da secção transversal dos pilares. A
malha usada foi baseada na malha criada em Baykal et al. (2004), e as
dimensões do canal foram as mesmas para todas as simulações.

Para efectuar as simulações foi utilizado um computador de marca Toshiba de


8GB de memória RAM, processador 2.5 GHz, 500GB de memória de disco, core
i5.

Análise comparativa de resultados, que contemplou a leitura, exportação e


apresentação de resultados, interpretação e avaliação dos mesmos,
comparando-os com os preceitos teóricos e entre si. A comparação foi feita a
partir da observação dos perfis do escoamento, dos valores de velocidade e da

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

força de arrasto obtidos, e uma avaliação qualitativa do andamento da superfície


livre.

Avaliação das potencialidades do uso do modelo numérico pela apreciação de


aspectos cruciais/críticos: (1) estágio de desenvolvimento e funcionalidades do
modelo, (2) dados necessários, (3) resultados obtidos versus desejáveis, (4)
recursos computacionais exigidos – tempo e especificações do computador, e
(5) facilidade de implementação.

1.3. Estrutura do trabalho

O presente trabalho é constituído por sete capítulos, onde o primeiro capítulo é a


introdução. O segundo capítulo apresenta uma revisão bibliográfica resumida de
aspectos relevantes para uma melhor compreensão do trabalho desenvolvido sobre o
escoamento em tornos de pilares e a sua interacção com estes obstáculos.

Uma vez que se pretende investigar a modelação numérica de escoamentos, no


capítulo três encontram-se expostos os conceitos que regem a modelação numérica,
as equações governativas do escoamento, os modelos de turbulência, as
características do OpenFoam, as malhas utilizadas, a geometria do modelo/da malha,
entre outras componentes da modelação.

Em seguida, no capítulo quatro é apresentada a descrição dos procedimentos de


implementação/criação do modelo numérico e as simulações efectuadas. Segue o
capítulo cinco onde apresentam-se os resultados obtidos nas simulações realizadas.
No capítulo seis faz-se a análise comparativa e discussão de resultados entre si e, a
devida comparação com os conceitos teóricos apresentados no capítulo da revisão
bibliográfica (capítulo 2).

Após a descrição do procedimento aplicado, apresentação e comparação de


resultados, apresenta-se no capítulo sete as conclusões, recomendações e as
considerações finais relativas aos resultados encontrados. São igualmente
apresentadas neste capítulo as perspectivas futuras de desenvolvimento e
aprofundamento da matéria aqui abordada.

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

2. ESCOAMENTO EM TORNO DE PILARES

As características do escoamento dependem da forma do corpo imerso, da velocidade


do escoamento, da orientação do pilar em relação ao sentido do escoamento e das
propriedades do fluido. Este capítulo visa caracterizar os tipos de escoamento e sua
interacção com os obstáculos inseridos no seio do escoamento. Este está dividido em
quatro subcapítulos, onde, no primeiro subcapítulo encontram-se os conceitos básicos
da teoria de escoamentos; No segundo subcapítulo faz-se a distinção entre os regimes
de escoamento. A classificação dos obstáculos e sua interacção com o escoamento é
feita no terceiro e quarto subcapítulos, respectivamente.

2.1. Conceitos básicos

A água é uma substância cujas moléculas são formadas por dois átomos de hidrogénio
e um de oxigénio. Ocorre na natureza em três estados físicos principais: sólido, gasoso
e líquido (caso de estudo). Como toda e qualquer substância, esta apresenta
propriedades e características próprias, algumas das quais descritas a seguir.

A densidade ( de uma substância mede o grau de concentração de massa dessa


substância em determinado volume (V). Quando se processa o escoamento de um
líquido num meio, muitas vezes esse escoamento enfrenta uma resistência intrínseca
que é imposta pela viscosidade, que é a propriedade física que caracteriza a
resistência de um fluido ao escoamento à uma dada temperatura. A viscosidade
caracteriza reologicamente uma substância e deve ser pensada como a medida de
atrito do fluido. Este atrito interno origina-se a partir das forças de atracção entre
moléculas relativamente próximas, daí que com o aumento da temperatura, a energia
cinética média das moléculas se torna maior e consequentemente o intervalo médio no
qual as moléculas passam próximas umas das outras torna-se menor. Assim, as forças
intermoleculares se tornam menos efectivas e a viscosidade diminui com o aumento da
temperatura. (Wikipedia, 2015)

É sabido que a pressão é a relação entre determinada força e sua área de distribuição.
Devido à forças de interacção entre as moléculas, um líquido exerce pressão para
todos os lados de um recipiente e em qualquer corpo que for imerso nele. Se a

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densidade do fluido muda em relação à pressão, diz-se que o fluido é compressível ou


não-Newtoniano. Se a densidade sempre permanece constante com o tempo e tem a
capacidade de opor-se a compressão do líquido sob qualquer condição, ou seja, a taxa
de deformação é proporcional à tensão aplicada, diz-se então que o fluido é
incompressível ou Newtoniano. (Wikipedia, 2015)

Quando um escoamento se processa em superfície livre surge na interface entre as


duas fases: água e ar, uma tensão superficial. Esta propriedade é causada pelas forças
de coesão entre as moléculas semelhantes, cuja resultante vectorial é diferente na
interface. Enquanto que, as moléculas situadas no interior de um líquido são atraídas
em todas as direcções pelas moléculas vizinhas, as moléculas da superfície sofrem
apenas atracções laterais e internas. Este desbalanço faz com que a interface se
comporte como uma película elástica criando um padrão de deformação, denominado
andamento da superfície livre.

2.2. Regimes de escoamentos

Os escoamentos podem ser de diferentes tipos, de acordo com a sua variação:

No espaço, pode ser uniforme ou variado.

No tempo, pode ser permanente ou variável.

Em função do seu regime, segundo a sua viscosidade pode ser laminar ou


turbulento, e segundo a gravidade pode ser lento, rápido ou crítico.

A variação de padrões e a respectiva limitação entre regimes de um escoamento é


caracterizada pelo número de Reynolds, Re. Este número é um parâmetro
adimensional que traduz o efeito da viscosidade e que relaciona as forças de inércia
com as forças viscosas do escoamento, permitindo a distinção dos diferentes tipos de
escoamento existentes. (Manual Teórico de Hidráulica II – UEM, 2007)

O número de Reynolds é determinado pela seguinte expressão:

(1)

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Onde: U representa a velocidade média do escoamento de aproximação em m/s, R – o


raio hidráulico do canal em m, e – a viscosidade cinemática em .

Os escoamentos podem então ser divididos em três regimes:

Laminar -

Transição -

Turbulento -

2.3. Classificação dos obstáculos

Os obstáculos inseridos no seio de um escoamento podem ser de variadas formas e


tamanhos. As arestas mais acentuadas, como por exemplo os pilares de secção
rectangular ou quadrangular, ou obstáculos com superfície contínua, como os pilares
de secção circular ou elíptica, provocam diferentes interacções com o escoamento.

De acordo com Carvalho (2003), citado em Rodrigues (2012), na dinâmica dos fluidos,
os corpos podem ser classificados quanto à sua forma geométrica como: fuselados
(esbeltos) e não-fuselados. Os corpos não fuselados produzem um alto coeficiente de
arrastamento, que sobretudo, se deve ao deslocamento prematuro da camada limite,
acarretando a formação de uma esteira de grande espessura. As formas fuseladas, ao
contrário, retardam o deslocamento da camada limite, minimizando o coeficiente de
arrastamento e, muitas vezes, produzindo um alto valor do coeficiente de sustentação.

Figura 1.Pilares fuselados e não fuselados (primeiros três à esquerda) extraído de Rodrigues (2012)

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 2. (a) Pilar fuselado, maior arrasto de forma; (b) Pilar não fuselado, menor arrasto de forma

2.4. Interacção escoamento-obstáculo

Num fluido em escoamento em torno de um objecto sólido desenvolvem-se tensões de


corte na camada de fluido adjacente ao objecto. Sobre a superfície, a tensão de corte é
máxima, e a velocidade do fluido é nula (condição de não deslizamento). Ao longo da
direcção normal à superfície, a tensão de corte diminui e a velocidade tende para a
velocidade inicial do fluido. Estabelece-se assim um perfil de velocidades na camada
adjacente ao objecto, ou seja, à volta do objecto. A zona onde este perfil se desenvolve
dá-se o nome de camada limite da quantidade de movimento. O perfil de velocidade e
a espessura desta camada limite vão depender de vários factores, sendo os mais
importantes a geometria, a orientação do objecto e o número de Reynolds. (Azevedo,
2011)

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

2.4.1. Camada limite

A espessura da camada limite não pode ser observada em um escoamento real. Esta
camada é definida arbitrariamente como o conjunto de pontos nos quais a velocidade é
igual a 99% da velocidade da corrente livre, i.e., da velocidade média do escoamento.

Superfície plana

Figura 3.Exemplo de camada limite laminar em superfície plana

De acordo com a Figura 3, um fluxo laminar horizontal, com velocidade igual a U∞, ao
passar sobre uma superfície sólida plana (linha grossa), é freado pela força de corte
tangencial exercida pela placa sobre o elemento de fluido (devido ao atrito, a
velocidade do fluído em contacto com a placa é nula). Este elemento de fluido para e
passa a exercer uma força de corte tangencial sobre o elemento de fluido mais
próximo, retardando-o. Os elementos de fluido adjacentes vão sucessivamente
retardando-se, com uma intensidade cada vez mais atenuada, até que a alguma
distância da placa, , na direcção normal ao sentido das forças corte deixa de se fazer
sentir. A partir dessa distância, a velocidade do fluido volta a ser U∞.

Superfície Circular

Em um escoamento ideal, as linhas de corrente do escoamento contornam o objecto


em toda a sua superfície (Figura 4). O contrário se verifica quando o número de
Reynolds é da ordem 5, e o escoamento separa-se do objecto.

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Figura 4.Escoamento em torno de um cilindro estacionário: a) caso ideal, b) caso real com separação do
escoamento

Quando um fluido move-se em redor de um objecto, o movimento das moléculas do


líquido perto do objecto é perturbado, e estas moléculas movem-se em redor do
objecto, gerando forças hidrodinâmicas. A magnitude dessas forças depende da forma
do objecto e velocidade do escoamento, assim como da massa, viscosidade e
compressibilidade do fluido.

À medida que o tamanho da zona viscosa reduz, dá-se um aumento dos gradientes de
velocidade, pois as velocidades de escoamento poderão ser mais elevadas, e mais
ainda porque a dimensão transversal da zona viscosa (dimensão transversal do canal)
diminui, aumentando as tensões de corte viscosas junto ao cilindro. O atrito do
escoamento é tal que as linhas já não conseguem contornar o corpo, e nessa altura dá-
se a separação do escoamento, na parte posterior do cilindro (Figura 4b).

2.4.2. Escoamento em torno de um pilar

A presença de um pilar no escoamento introduz uma alteração no campo de


escoamento à sua volta. À medida que o escoamento se aproxima do pilar, a sua
velocidade decresce, até ao ponto que se anula na face de montante do obstáculo,
implicando a estagnação do escoamento junto do pilar e consequente aumento de
pressão, (Eq. 2).

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 5. Aumento de pressão a montante do pilar devido à estagnação do escoamento, extraído de Ramos
(2012)

[ ( ]
(2)

Onde: y – é a direcção de variação do vector velocidade

U – é a velocidade do escoamento (m/s)

– é a densidade da água (kg/m3)

Os aumentos de pressão são mais elevados junto à superfície livre do que junto ao
fundo.

Como consequência da alteração do campo de pressões, observa-se o aumento do


nível da superfície livre a montante do pilar e a formação de uma superfície de
enrolamento. Também pode-se verificar a existência de separação de escoamento, a
partir do surgimento de um escoamento descendente em forma de jacto, no sentido
das maiores para as menores pressões. Este escoamento ao incidir no leito é
parcialmente deflectido para a montante, e o jacto tende a erodir a fundação do pilar,
imediatamente a montante deste.

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 6. Estrutura do escoamento na proximidade de um pilar, extraído de Ramos (2012)

A acção combinada do escoamento descendente deflectido e do escoamento separado


origina a formação de um vórtice de ferradura e, de um vórtice de esteira. O vórtice de
ferradura é responsável pelo arrastamento do material de fundo para a jusante. Por sua
vez, o vórtice de esteira é responsável por arrancar o material de fundo por efeito de
sucção transportando-o depois em suspensão para a jusante.

Segundo Ramos (2012), o pilar gera a separação do escoamento próximo à superfície.


Em escoamentos laminares, a primeira condição para a formação da esteira de vórtices
é a ocorrência da separação da camada limite formada sobre a superfície do pilar. No
início do escoamento, as partículas do fluido sofrem uma aceleração entre as posições
D e E marcadas na Figura 7 e, de seguida, desaceleram entre as posições E e F, de
forma que estas partículas alcançam F com velocidade aproximadamente igual à que
tinham em D. Entre D e E, a energia de pressão converte-se em energia cinética, e de
E a F, verifica-se o oposto. Estas transformações de energia cinética em energia de
pressão, e vice-versa, são transmitidas para a partícula do fluido que se move próximo
à parede do obstáculo, através da interacção entre a camada limite e o escoamento
externo.

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 7. Separação do escoamento próximo à superfície em escoamento laminar, extraído de Ramos (2012)

Quando o número de Reynolds aumenta (Re> 5, Figura 7.b), as tensões viscosas


(devido à viscosidade) aumentam e a partícula que se desloca entre D e E vê parte da
sua energia cinética ser consumida e, por isso, deixa de ter energia suficiente ao
chegar à região E-F, para descrever a mesma trajectória efectuada pelas partículas no
início do escoamento. Esta perda de energia, juntamente com a pressão causada à
partícula pelo escoamento externo, causa a separação da camada limite nos dois lados
do cilindro. A separação do escoamento resulta na formação de duas camadas de
corte a jusante do cilindro, que resultarão em dois vórtices de sinais opostos, que
formam um determinado padrão de desenvolvimento para a jusante, dependente do
número de Reynolds. Na tabela abaixo pode observar-se os padrões de escoamento
típicos, em função do número de Reynolds.

Re Padrão Regime Observações

<5 Regime em Não ocorre separação do


separação escoamento e, portanto, não há
formação de vórtices.

5-40 Um par de Surge um par de vórtices que tende


vórtices fixo a aumentar de comprimento em
função do acréscimo no valor do
número de Reynolds.

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

40-150 Desprendimento Início do desprendimento com


de vórtices com vórtices movendo-se,
uma esteira alternadamente, em sentido horário
laminar e anti-horário. Este padrão de
esteira é conhecida como esteira
de Von Karmán, que nesta faixa de
Reynolds é laminar.

150-300 Transição à Ocorre a transição de turbulência


turbulência da da esteira de vórtices de Von
esteira de Karmán e o surgimento das
vórtices primeiras instabilidades
tridimensionais.

300- Esteira de Esteira completamente turbulenta,


5
3x10 vórtices sendo que a camada limite sobre a
completamente superfície do cilindro permanece
turbulenta laminar.

3x105- Transição à Início da transição à turbulência da


5
3.5x10 turbulência da camada limite e a esteira de
camada limite e vórtices torna-se mais estreita e
esteira de desorganizada.
vórtices estreita e
desorganizada

>3.5x106 A esteira de Restabelecimento de uma esteira


vórtices é de vórtices turbulenta.
restabelecida

Tabela 1. Variação do padrão de desprendimento de vórtices em esteira função do número de Reynolds,


extraída de Ramos (2012)

Para regimes laminares a esteira de vórtices é larga e para o regime turbulento a


esteira de vórtices é estreita.

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 8. (a) Escoamento laminar, (b) escoamento turbulento

A relação da frequência de emissão de vórtices, f, com a dimensão característica do


corpo sólido, D, e a velocidade do escoamento, U, pode ser descrita através do número
de Strouhal, dado pela equação:

(3)

A relação entre o número de Reynolds e o número de Strouhal é dada graficamente


pela Figura 9.

Figura 9.Relação entre os números de Reynolds e Strouhal, (Modificado de Sumer e Fredsoe, 1997)

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2.4.3. Forças hidrodinâmicas actuantes no pilar

A pressão do escoamento e atrito do líquido provocam uma força no pilar, designada


força hidrodinâmica, que pode ser decomposta na componente de arrasto ( ), na
direcção longitudinal, e na componente de sustentação ( ), Na direcção transversal.
Estas forças são correntemente representadas pelos coeficientes adimensionais,
.

Figura 10.Direção das componentes da força hidrodinâmica actuante no pilar em planta, extraído de Ramos
(2012)

Coeficiente de arrasto

Força de arrasto, FD, é a força que faz resistência ao movimento de um objecto sólido
através de um líquido ou gás. As forças de arrasto dependem da velocidade do
escoamento, da posição do objecto, da forma geométrica e tamanho do objecto, da
temperatura e da viscosidade do fluido. O coeficiente de arrasto é obtido através da
força longitudinal (de arrasto) que age sobre a estrutura quando esta sofre
deslocamento. A força de arrasto surge devido ao efeito combinado da tensão viscosa
ou de corte na parede e da força de pressão.

A parte do arrasto que é devido à tensão de corte na parede é designada por


coeficiente de arrasto de atrito ou viscoso, , e a parte que é devida à pressão é
designada por coeficiente de arrasto de pressão ou de forma, . Estes
coeficientes são definidos por:

(4)

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

(5)

Onde: é a área de projecção vertical do pilar (m2); é a densidade do fluido


(kg/m3); e U é a velocidade média do escoamento (m/s)

O arrasto de atrito é causado pelo movimento oposto do fluido e do objecto. Enquanto


que, o arrasto de forma resulta da resistência criada pela diferença de pressão entre
diferentes lados do corpo que se encontra inserido no escoamento.

A área do objecto perpendicular ao fluxo do fluido determina a magnitude do arrasto de


forma.

Figura 11. Influência da área do objecto no arrasto de forma: (a) maior arrasto, (b) menor arrasto, extraído de
Vilela Júnior (2010)

A posição que um corpo assume em relação ao fluxo do fluido faz o arrasto de forma
variar sensivelmente.

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 12. Influência da posição do objecto no arrasto de forma, extraído de Vilela Júnior (2010)

O coeficiente de arrasto total depende muito da geometria e é definido pela adição dos
termos do coeficiente de arrasto de pressão e do coeficiente de arrasto de atrito:

(6)

Rodrigues (2012), cita White (2011), afirmando que para escoamentos cujo número de
Reynolds seja maior ou igual a 104, o coeficiente de arrasto para determinadas formas
de peças pode também ser obtido através da relação entre as dimensões da peça,
largura (L) e diâmetro (D), em análise:

L/D 1 2 3 5 10 20 40 ∞

CD 0.64 0.68 0.72 0.74 0.82 0.91 0.98 1.20

Tabela 2. Valor de CD para diferentes valores da relação Altura/Diâmetro (L/D) de um cilindro curto

Os gráficos abaixo apresentam uma relação entre o coeficiente de arrasto e o número


de Reynolds. Neles pode-se analisar a interacção destas duas componentes, e verificar
se os valores obtidos através de simulações numéricas ou experiência laboratorial
encontram-se dentro do que é esperado e apontado pela literatura.

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 13. Relação entre o coeficiente de arrasto, CD, e o número de Reynolds, Re, para diferentes tipos de
obstáculos, extraído de Rodrigues (2012)

Figura 14.Relação entre o coeficiente de arrasto e o número de Reynolds para diferentes tipos de obstáculo,
extraído de Ramos (2012)

Para o número de Reynolds entre: 10 4 <Re <105, a relação para o cilindro é igual à
apresentada na Tabela 2.

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Encontra-se no Anexo I, tabelas com valores de coeficientes de arrasto para diferentes


formas de objecto.

Coeficiente de sustentação

O coeficiente de sustentação é obtido através da força lateral (transversal,


perpendicular ou de sustentação) que age sobre a estrutura no sentido perpendicular
ao sentido de escoamento. Pode ser quantificado através da seguinte expressão:

(7)

Onde: é a área de projecção horizontal do pilar (m2); é a densidade do fluido


(kg/m3); e U é a velocidade média do escoamento (m/s). (Rodrigues, 2012)

A força de sustentação obedece ao princípio de Bernoulli: “Onde a velocidade do fluxo


é alta, a pressão é baixa; e onde a velocidade é baixa a pressão é alta”.

No caso do coeficiente de sustentação, até o número de Reynolds alcançar os 3x10 5


não ocorrem alterações significativas e o coeficiente de sustentação médio, assume
valores nulos. No entanto, na faixa de Reynolds do regime crítico (3x105 <Re <3.5x105),
o CL chega a atingir valores superiores à unidade. Para escoamentos simétricos, o
coeficiente de sustentação é nulo. (Ramos, 2012)

Figura 15. Relação entre valores de CL médio em função do número de Reynolds, extraído de Ramos (2012)

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3. MODELAÇÃO NUMÉRICA DE ESCOAMENTOS

A modelação numérica de fluidos, ou Dinâmica de Fluídos Computacional – CFD


(literatura inglesa), é o ramo da mecânica dos fluídos responsável pela simulação
numérica dos fenómenos que ocorrem num determinado escoamento.

De acordo com Anderson (1995), o início da pesquisa na área de CFD teve origem a
meio do século XX (década de 50). As investigações iniciais foram na área da
Aeronáutica, pois existia uma necessidade de responder a problemas de grande
complexidade, em que caso não fosse possível o auxílio de programas informáticos, a
sua resolução seria impossível. Esta ferramenta permite ainda o estudo de um grande
número de variáveis que traduzem os fenómenos que se querem investigar.

A simulação numérica do escoamento de fluidos implica a compreensão dos


fenómenos físicos do sistema em estudo, já que são fulcrais na estrutura do problema
numérico. Deles dependem as condições de fronteira e os esquemas numéricos a
desenvolver. Aliada à compreensão dos fenómenos físicos deve estar claro como
funcionam os métodos CFD. Assim, os pilares fundamentais da modelação numérica
de fluidos são descritos de seguida.

Segundo Gonçalves (2007) e Ramos (2012), uma simulação CFD deve ter em conta as
seguintes propriedades:

Consistência: A precisão da solução deve ser tanto maior quanto menor for a
dimensão dos elementos da malha, isto é, devem tender a zero, de
forma a que a função algébrica tenha valor próximo ao da equação diferencial. O
valor da diferença entre a equação discretizada e o valor real chama-se erro de
truncatura.

Estabilidade: Os métodos utilizados não devem aumentar os erros gerados no


decorrer do cálculo, de tal forma que o incremento de tempo durante o cálculo
deve ser pequeno.

Convergência: A solução numérica deve aproximar-se da solução da equação


diferencial em qualquer ponto do domínio quando a variação do espaço (Δx) e
do tempo (Δt), tendem para zero. A solução deve convergir para um
determinado valor.

Gizela Zucula 22
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Precisão: Soluções numéricas do escoamento são soluções aproximadas, cuja


exactidão dependerá de erros de modelação, de convergência, de discretização,
entre outros.

Conservação: O processo de cálculo deve obedecer às leis de conservação,


que serão descritas mais à frente.

Factibilidade: Modelos de fenómenos que são difíceis de serem tratados


directamente, devem ser desenvolvidos para garantir soluções físicas realísticas.

Limitação: As soluções numéricas devem estar dentro de certos limites físicos.


Por exemplo, energia cinética de turbulência> 0; concentração de substância
entre 0% e 100%; etc..

O princípio básico do CFD passa por dividir o escoamento em pequenos elementos,


constituindo uma malha de volumes finitos. A cada elemento é aplicada uma série de
equações resultantes de três princípios governativos da dinâmica de fluidos:

Lei da Conservação da Massa ou Equação da Continuidade;

Lei da Quantidade de Movimento (Segunda Lei de Newton);

Lei da Conservação da Energia (Primeira Lei da Termodinâmica).

Para aplicar os princípios enumerados, é necessário recorrer a métodos de


discretização numérica, descritos mais à frente. E uma vez que esta investigação se
debruça sobre a modelação numérica de um escoamento turbulento, será dada maior
atenção a este tipo de escoamento.

Aranda (2010) aponta as seguintes vantagens para abordagem de problemas através


deste método:

Diminuição apreciável do tempo e dos custos de obtenção da solução,


comparativamente aos métodos tradicionais (experiências laboratoriais).

A análise experimental em larga escala é complexa para sistemas de grandes


dimensões. Um estudo CFD é uma escolha favorável.

Os modelos numéricos dos sistemas físicos são precisos devido aos esquemas
matemáticos bastante avançados.

Gizela Zucula 23
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

A evolução tecnológica na área dos computadores permite a obtenção de


soluções detalhadas, até mesmo em computadores pessoais.

3.1. Equações governantes

De acordo com o manual de Dinâmica Computacional de Fluídos Sayma (2009), as


forças que uma partícula de fluido pode experimentar são:

Gravidade e electromagnetismo;

Forças devido à pressão;

Forças devido à acção da viscosidade;

Forças devido à rotação.

Assumindo que a velocidade de cisalhamento num fluido está linearmente relacionada


com a tensão de corte, e que o regime do escoamento é laminar, Navier Stokes derivou
as equações de movimento para um fluido viscoso a partir de considerações
moleculares. Portanto, as leis que regem o movimento de fluidos viscosos são
chamadas de leis de Navier-Stokes, podendo ser usadas para escoamento turbulento,
após modificações apropriadas.

As equações de Navier-Stokes são usadas para escoamentos compressíveis e


incompressíveis. Estas podem ser derivadas considerando o equilíbrio dinâmico de um
elemento do fluido. Considera-se a água como sendo um líquido incompressível. Deste
modo, o escoamento é governado pelas equações da continuidade, quantidade de
movimento, e energia (quando há variação de temperatura).

A equação da continuidade representa matematicamente o princípio de conservação


de massa, aplicado a um volume infinitesimal de fluido num escoamento, tal como
expresso pela Equação 8.

( (8)

Gizela Zucula 24
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Em que é a massa volúmica (kg/m3), U é a velocidade de escoamento (m/s), x


representa o espaço (m) e, t é o tempo (s).

Como a massa volúmica é constante ao longo do tempo para fluídos incompressíveis.


Pode aplicar-se na equação anterior, a expressão ⁄ . Assim,

(9)

Onde u, e w são componentes da velocidade nas direcções x, y e z respectivamente.

A Equação da quantidade de movimento – 2ª lei de Newton, aplicada a um elemento


de fluido (na forma diferencial), relaciona as forças externas com as grandezas de
massa e de aceleração ̅ ̅⁄ . Substituindo o tensor das tensões viscosas pela
relação constitutiva entre a tensão e a taxa de deformação para fluídos newtonianos e
isotrópicos, obtém-se a equação de Navier-Stokes:

( ( ) ( ̅̅̅̅̅̅̅̅̅) (10)

Em que é a viscosidade do fluido (m2/s) e P é a pressão (N/m2).

Assim, representa-se o balanço entre o produto da massa pela correspondente


aceleração, isto é, a taxa de variação da quantidade de movimento, e também o
conjunto de forças (gravíticas, de pressão e de atrito viscoso) a que essa massa se
encontra sujeita e, ainda às variações de tensão aparente ( ̅̅̅̅̅̅̅̅̅) devido ao campo
de velocidade flutuante, geralmente referidas como tensões de Reynolds.

O número de incógnitas ultrapassa o número de equações, por isso, recorre-se a


expressões com forte carga empírica, visando relacionar as novas incógnitas,
designadas “tensões” de Reynolds com variáveis de escoamento médio. Estas
relações são conhecidas por modelos de turbulência.

Gizela Zucula 25
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

3.2. Modelos de Resolução Numérica de Turbulência

Quando se trata de simular numericamente escoamentos de fluidos, cálculos


relacionados a campos turbulentos, ainda que estacionários, são extremamente mais
complexos do que cálculos para escoamentos laminares.

Uma abordagem mais detalhada sobre os diferentes modelos de turbulência pode ser
encontrada em Simões (2012) e Ramos (2012). Baseado na leitura de ambas
literaturas, os parágrafos seguintes expõem pequena descrição sobre o tema.

Os modelos de resolução numérica são a composição de um conjunto de equações


que servem para ajudar na resolução das equações de Navier-Stokes. Dividem-se em
três grandes grupos, citados abaixo em ordem decrescente do seu grau de
complexidade.

3.2.1. Direct Numerical Simulation (DNS) – Simulação Numérica Directa (DNS):

Modelo complexo, usado quando se pretende resolver o movimento não-permanente


de todas as escalas do escoamento turbulento. Fundamenta-se na resolução das
equações de Navier-Stokes sem recurso a médias ou outras aproximações que não
sejam as resultantes da discretização numérica. Assim, todos os movimentos contidos
no escoamento são resolvidos, o que torna este método muito demorado, dispendioso,
e aplicável apenas em casos com números de Reynolds moderados, o que não
acontece na maioria dos escoamentos. Exige aplicação de malhas tridimensionais
altamente refinadas e computadores mais avançados.

3.2.2. Large Eddy Simulation (LES):

Este modelo tem aplicabilidade a maiores números de Reynolds. Resolve as equações


completas de Navier-Stokes apenas para as escalas maiores (mais energéticas),
deixando as menores serem parametrizadas pela incorporação de um modelo sub-
malha (grandes vórtices são simulados e os menores são modelados). O uso em
problemas práticos é dispendioso, pois exige o uso de recursos computacionais

Gizela Zucula 26
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

avançados, além de bastante tempo para obtenção de soluções, dependendo da


percentagem de energia cinética da turbulência que é resolvida.

3.2.3. Reynolds Averaged Navier-Stokes (RANS) – Modelos baseados nas


Equações Médias de Reynolds

Modelos de turbulência, nos quais estão embutidas aproximações que dependem de


constantes ou funções empíricas para o fechamento matemático das equações.
Portanto, simplificaram-se as equações de Navier-Stokes, dando origem a um grupo de
equações denominadas RANS – Reynolds Avereged Navier-Stokes. Novas incógnitas
foram introduzidas na equação da quantidade de movimento. Estas novas incógnitas
são as tensões de Reynolds. Ramos (2012, p.33)

Os modelos baseados nas equações RANS não resolvem todas as escalas de


turbulência. Normalmente todas as escalas são modeladas como uma única, média,
que é representativa de toda a turbulência. Assim, existem várias classificações de
modelos, quanto ao modo como obtêm as tensões de Reynolds. Os mais utilizados na
actualidade são os modelos lineares de viscosidade turbulenta de duas equações.

Nestes modelos, resolvem-se as equações de transporte da quantidade de movimento,


da energia cinética de turbulência e da dissipação de energia cinética de turbulência
(modelo k-ɛ) ou da dissipação específica (modelo k-ω).

Modelo Padrão k-ɛ - é um modelo semi-empírico, que se baseia no modelo de duas


equações: a de transporte para a energia cinética de turbulência e a da taxa de
dissipação. Resolvendo as duas equações de transporte adicionais, consegue-se
representar as propriedades turbulentas do escoamento e, com isto, determinar a
viscosidade turbulenta. Rodrigues (2012)

No geral, este modelo apresenta um bom rendimento em termos de aproximação e


constituição de resultados. No entanto, há algumas aplicações para as quais esse
modelo não é indicado, entre elas, escoamentos com mudanças súbitas nas taxas de
estrangulamento, em fluídos rotativos, etc.

Gizela Zucula 27
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Modelo k-ω – efectua um tratamento próximo à parede para simulações a baixos


números de Reynolds, sendo, consequentemente, mais exacto e mais robusto que o
padrão . No entanto, possui deficiências em regiões longe da parede. Para
colmatar esta lacuna, é necessário usar uma combinação das equações do modelo
próxima das regiões da parede e do modelo na região longe da parede.
Isto conduziu Mentier a formular o modelo de turbulência Shear-Stress Transport
(SST). Rodrigues (2012)

Shear Stress Transport – representa a composição dos modelos e .


Assim, possui dois conjuntos de equações de transporte, em que o primeiro, ,é
usado nas regiões próximas da parede, enquanto o segundo, , é utilizado na
região externa do escoamento. Rodrigues (2012)

A aplicação destes modelos deve ser feita para que seja possível representar os
fenómenos físicos de acordo com a realidade do problema em causa.

3.3. Variáveis características da turbulência

A introdução de equações de transporte adicionais que devem ser resolvidas utilizando


os modelos de turbulência faz com que seja necessário usar valores característicos da
turbulência, que a seguir se apresentam. (Ramos, 2012)

3.3.1. Intensidade da turbulência

A intensidade da turbulência, I, é dada pela razão do desvio quadrático médio da


flutuação da velocidade,̅̅̅̅, e a velocidade média do escoamento, ̅:

√̅̅̅̅
(11)
̅

Gizela Zucula 28
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

3.3.2. Comprimento característico de turbulência

O comprimento característico de turbulência, , é uma quantidade física que descreve o


tamanho dos grandes vórtices em escoamentos turbulentos, e o valor a adoptar varia
de modelo para modelo. É função da energia cinética de turbulência, k, e de , que é a
taxa de dissipação turbulenta.


(12)

Onde é uma constante empírica especificada no modelo de turbulência, que toma o


valor de aproximadamente 0.09.

3.3.3. Energia cinética turbulenta

É a relação entre o desvio quadrático médio da flutuação da velocidade, ̅̅̅̅ , em


(m2/s2), e a intensidade da turbulência I, partindo de , expressa como,

√ ( ) √ (13)

Ficando então em ordem a k,

( (14)

3.3.4. Taxa de dissipação turbulenta

A partir do valor da energia cinética turbulenta k, e o valor da viscosidade cinemática


turbulenta , é possível prever a taxa de dissipação turbulenta, , pela equação:

(15)

Gizela Zucula 29
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

3.3.5. Taxa de dissipação específica

Conhecendo o valor da energia cinética turbulenta, k, e da taxa de dissipação


turbulenta, , pode-se obter a taxa de dissipação específica, , pela relação:

(16)

3.3.6. Viscosidade cinemática turbulenta

Relacionando a intensidade da turbulência com a viscosidade cinemática e o número


de Reynolds obtém-se o valor da viscosidade cinemática turbulenta, .

A viscosidade turbulenta é dada por:

(17)

Assim, ⁄ (18)

Onde: é a viscosidade cinemática, I é a intensidade de turbulência, é o comprimento


de turbulência, Re é o número de Reynolds e D é o diâmetro.

3.4. Métodos para discretização no espaço

Modelos de discretização são aproximações usadas na análise numérica para a


obtenção de soluções dependentes do tempo, de equações diferenciais ordinárias e
parciais. Estes modelos podem ser explícitos ou implícitos. Os métodos explícitos
calculam o estado do sistema num tempo posterior ao estado actual do sistema. Por
seu turno, os implícitos resolvem uma equação que envolve ambos estados actual e
posterior do sistema, sendo de difícil implementação pela necessidade de computação
adicional. Sayma (2009)

Gizela Zucula 30
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Consiste essencialmente na aproximação das equações de conservação, por um


sistema de equações algébricas em pontos discretos no espaço e tempo. Sayma
(2009)

De acordo com Blasek (2001) citado por Rodrigues (2012), devido a complexidade
deste processo, após a escolha do método de resolução numérica (introduzido no
ponto anterior), é necessário escolher o método de discretização espacial apropriado
para o corpo em estudo, ou seja, a ferramenta que permite aproximar as equações
governativas por um sistema de equações algébricas para as variáveis do problema
que serão obtidas em localizações discretas no tempo e no espaço. Dos vários
métodos de discretização existentes, os mais comuns são:

Método dos Elementos Finitos;

Método dos Volumes Finitos;

Método das Diferenças Finitas;

Método dos Elementos Fronteira;

O modelo usado nas simulações apresentadas posteriormente faz uso do método dos
volumes finitos, sendo este, por esse motivo descrito a seguir.

3.4.1. Método dos volumes finitos

É um método de resolução de equações às derivadas parciais, baseado na resolução


de balanços de massa, energia e quantidade de movimento a um determinado volume
de meio contínuo. Deste modo, garante que em cada volume discretizado, a
propriedade em questão (por exemplo, a massa) obedece à lei da conservação
(Wikipedia, 2015). Este pode ser aplicado a qualquer tipo de malha (estruturada ou
não-estruturada), possibilitando a resolução de esquemas bastante complexos.

No Método de Volumes Finitos, a variável de interesse está alojada no centróide do


volume de controlo. O volume de controlo (VC) é o elemento da malha (célula) em que
se transformou o domínio da solução, à qual se aplica o conceito da continuidade
(Ramos, 2012).

Gizela Zucula 31
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Uma característica especial deste método reside no facto de este conservar o fluxo
numérico de uma célula para outra célula vizinha, aplicando o Teorema de Gauss,
tornando-o num método bastante importante para a modelação de problemas onde o
fluxo assume particular relevância (Rodrigues, 2012).

Este processo resulta na denominada equação de discretização, que expressa a lei


governativa para a variável dentro de cada VC (célula), permitindo chegar à solução
global (Ramos, 2012).

3.4.2. Modelação do escoamento em superfície livre

Em escoamentos em canal aberto existem dois fluídos, quase sempre a água e o ar


(gás). A interface entre o líquido e o ar é inicialmente desconhecida e, portanto, deve
ser determinada como parte da solução. (Gruber, 2012)

Um método comum para capturar a interface água-ar é o método dos volumes fluidos
(VOF – Volume Of Fluid, designação inglesa), proposto por Hirt e Nicholls (1981). É um
método Euleriano baseado na fracção de volume alpha de uma fase, são utilizadas
funções arcadoras para a reconstrução da superfície livre, que assumem valores de 0 e
1, dependendo da quantidade de fluido em cada célula. A cada passo no tempo, a
superfície livre é reconstruída a partir das funções marcadoras.

A ideia principal no VOF é introduzir uma função , cujo valor é em qualquer


ponto ocupado por fluido e , caso contrário. O valor médio de em uma célula
representa a fracção de volume ocupada pelo fluido. Em particular corresponde à
célula cheia de fluido, à célula vazia e 0 < <1 à célula contendo a superfície
livre. (Mangiavacchi et al., 16o POSMEC, 2006)

3.5. Malhas

Segundo Gonçalves (2007), uma malha computacional não é mais do que uma
representação do domínio físico através de pontos e linhas, com o objectivo de dividir o
domínio em estudo em elementos de dimensão muito mais reduzida. Nos escoamentos

Gizela Zucula 32
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

turbulentos, a precisão é mais necessária, por ter-se um maior número de equações, o


que exige um maior tempo de cálculo.

Destacam-se os seguintes grupos de malhas:

Malhas ortogonais: Estruturadas; e

Malhas não-ortogonais: Estruturadas e não-estruturadas

Uma malha ortogonal gera desperdício de recursos de armazenamento, pois a


introdução de uma região fina de interesse particular, implica o desnecessário
refinamento de outra região de interesse mínimo. (Gonçalves, 2007)

Figura 16. Malha Ortogonal

Uma malha não-ortogonal estruturada é caracterizada por cada volume interno ter o
mesmo número de vizinhos e existir uma sequência natural dos mesmos. (Ramos,
2012) Os elementos são dispostos em famílias de linhas, em que membros de uma
determinada família não de cruzam uns com os outros e atravessam cada membro de
outras famílias apenas uma vez. É possível refinar a malha internamente por blocos.

Neste caso toda a malha ocupa a zona ocupada pelo fluido e as superfícies do cilindro
podem ser representadas com precisão.

Figura 17. Malha não-ortogonal estruturada simples e por blocos

Gizela Zucula 33
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Uma malha não-estruturada adequa-se mais a geometrias complexas. Os elementos


ou volumes de controlo podem ter qualquer forma e não há qualquer restrição ao
número de elementos vizinhos ou vértices. Os algoritmos que resolvem os sistemas de
equações algébricas neste tipo de malha são necessariamente mais lentos que os
algoritmos para malhas estruturadas. (Ramos, 2012)

Figura 18. Malha não estruturada

Gizela Zucula 34
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

4. PROCEDIMENTO NUMÉRICO

Neste capítulo aborda-se o procedimento utilizado para efectuar as simulações


numéricas. O mesmo está dividido em dois subcapítulos. No primeiro, indicam-se as
características gerais (funcionalidade, estrutura, e aplicação) do modelo OpenFoam e
no segundo descreve-se resumidamente, os procedimentos seguidos para a
compilação e aplicação do solver IHFoam.

4.1. Características gerais do OpenFoam

O software OpenFoam teve seu desenvolvimento iniciado no final da década de 80 no


Imperial College em Londres. O código fonte foi criado usando a linguagem de
programação C++ e é actualmente somente compatível com os sistemas operacionais
LINUX e UNIX. É igualmente compatível com o programa Paraview que permite a
visualização de resultados da simulação. (OpenFoam Userguide, 2014)

A modelação de escoamentos turbulentos requer máquinas potentes e com alta


capacidade de armazenamento de dados. Esta exigência é acentuada quando se trata
de simulação de modelos tridimensionais, como foi o caso do presente trabalho. O
computador utilizado é de marca Toshiba, possui um processador core i5 de 2.5 GHz,
com 8 GB de memória RAM, e capacidade para armazenar 500 GB de dados.

O OpenFoam é um aplicativo de código aberto, o que permite que os usuários


desenvolvam códigos próprios para a realização de simulações. O OpenFoam utiliza o
método de volumes finitos para discretização. A especificação/preparação de
simulações no OpenFoam compreende duas etapas principais: (1) definição (dos
dados) do caso a ser simulado, e (2) a indicação/especificação do solver a adoptado.
As duas etapas são descritas nos pontos a seguir.

4.1.1. Especificação do Solver

O OpenFoam possui vários solvers, cada um deles orientado para a resolução de um


tipo particular de escoamento. O solver pode ser definido como sendo uma compilação

Gizela Zucula 35
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

de procedimentos numéricos correspondentes a soluções para um tipo particular de


escoamento.

Os principais solvers aplicados para resolver problemas de escoamento de fluidos


incompressíveis são apresentados na Tabela 3.

Solver Aplicações (esc. Incompressível)

channelFoam Escoamento turbulento em canais usando o modelo LES.

icoFoam Escoamento laminar transiente para fluídos newtonianos.

nonNewtonianIcoFoam Escoamento laminar transiente para fluidos não newtonianos.

pimpleDyMFoam Escoamento transiente para fluídos newtonianos usando


malhas móveis.

pisoFoam Escoamento transiente utilizando modelos de turbulência


(RAS ou LES).

shallowWaterFoam Escoamento transiente para fluidos invíscitos para águas


rasas com rotação.

simpleFoam Escoamentos turbulentos e estado estacionário.

IHFoam Escoamentos turbulentos em duas fases.

Tabela 3. Solvers e aplicações do OpenFoam para escoamento incompressível

O solver adoptado para simular o escoamento foi o IHFOAM. Ao longo do processo de


identificação do solver a considerar, encontrou-se o pisoFoam que representa bem às
variações do escoamento, mas pretendendo-se avaliar a variação da superfície livre do
escoamento, optou-se por experimentar o InterFoam cujos resultados não foram
satisfatórios. Em seguida fez-se a investigação e pesquisa de outros solvers, tendo-se
encontrado disponível para utilização o IHFOAM. Após a averiguação das
funcionalidades do IHFOAM, e teste para obtenção de resultados “satisfatórios”,
escolheu-se o mesmo como o solver da simulação. O IHFOAM apresenta resultados de

Gizela Zucula 36
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

simulação do escoamento que vão de encontro ao descrito na teoria. As etapas da sua


implementação são detalhadas na secção 4.2

Havendo a curiosidade de estudar o desenvolvimento do fenómeno da erosão em torno


dos pilares, recorreu-se ao solver twoPhaseEulerSedFoam, cujo desenvolvimento foi
feito para simulação da interacção entre a água e os sedimentos do leito, mas estando
ainda em fase incipiente de desenvolvimento, a sua aplicação desde a fase de
instalação foi deficiente. Tendo-se assim, deixado de lado o estudo fenómeno da
erosão.

4.1.2. Definição do caso

A definição de um caso a ser simulado no OpenFoam é feito pela indicação dos dados
da simulação nos ficheiros existentes numa estrutura de pastas específica com três
componentes principais: características do sistema (system), características do meio
(constant) e condições iniciais da simulação (“0“). Em cada componente de forma
devidamente distribuída, existem arquivos que controlam a geração de malhas, os
esquemas de resolução das equações, controle de tempo de simulação, definição de
parâmetros, etc.

A definição do caso no OpenFoam é mais simples de ser realizada pela modificação de


exemplos pré-definidos disponíveis no tutorial. A Figura 17 mostra a hierarquia de
pastas e os arquivos existentes na pasta de cada caso simulado. No Anexo II,
encontra-se uma tabela com a descrição de cada arquivo.

Gizela Zucula 37
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 19.Estrutura das pastas do OpenFoam

4.2. Simulação da interacção escoamento-estrutura com o solver


IHFOAM

IHFOAM é um novo solver numérico tridimensional para escoamentos de duas fases,


desenvolvido para simular fenómenos de escoamento da hidrodinâmica costeira,
marítima, fluvial e assim como escoamentos em canais. O IHFOAM é um produto
desenvolvido em 2015, a quando da realização da Tese (Application of computational
fluid dynamics to wave action on structures) de Mestrado e Ph.D. de Pablo Higuera no
Environmental Hydraulics Institute da Universidade de Cantábria.

O procedimento efectuado para realização das simulações, segue os seguintes passos:

1. Criação da geometria;

2. Geração da malha;

Gizela Zucula 38
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

3. Escolha do modelo de resolução numérica;

4. Aplicação das condições de fronteira;

5. Execução do cálculo numérico;

6. Análise dos resultados obtidos.

Estas etapas são detalhadas nas secções 4.2.1 a 4.2.7

4.2.1. Concepção da geometria

Definir a geometria, implica a definição da dimensão do campo de escoamento


(domínio de cálculo). A escolha da geometria foi baseada na revisão bibliográfica de
trabalhos de Tseng et al. 2000, Roulund et al. 2004, Baykal et al. 2014, e Ramos
(2012), a partir dos quais se identificou a existência de um intervalo de relação entre as
dimensões geométricas do domínio, comprimento/largura = 1 à 3. Com base nessa
relação definiu-se o domínio de cálculo.

Domínio de cálculo

O escoamento foi processado em um canal rectangular com 120 centímetros de


comprimento e 60 cm de largura, com água entrando em uma de suas extremidades a
uma velocidade de 0.28 m/s, e um pilar circular inserido no meio deste com o diâmetro
de 8 cm, conforme a figura abaixo. Para verificar que as condições de escoamento
correspondem ao regime turbulento foi efectuado o cálculo do número de Reynolds.

Gizela Zucula 39
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 20. Domínio de cálculo considerado para a simulação do escoamento em torno de um pilar

Condições de fronteira

As opções de condições de fronteira para descrever a entrada e saída do fluido são


várias. As condições são geralmente classificadas como condições de velocidade ou
de pressão. Na condição de entrada se definiu a velocidade média aplicada ao longo
de toda a fronteira de entrada. Não são definidas as condições de fronteira a saída do
escoamento, sendo estas obtidas a partir do próprio desenvolvimento do escoamento.

Para o pilar cilíndrico aplicou-se a condição que estabelece que todas as componentes
de velocidades na sua superfície são nulas. Nas superfícies laterais do domínio,
considerou-se que o gradiente de velocidade não irá variar, mantendo-se constante.

Foi considerada a condição de pressão de BuoyantPressure que, define o gradiente de


pressão fixo com base no gradiente de pressão atmosférica.

4.2.2. Geração da malha

A geração da malha consiste na divisão do domínio em um número de elementos


infinitesimais. A geração da malha é feita a partir de dois ficheiros, BlockMeshDict e
SnappyHexMesh, presentes em pastas diferentes, Constant e System,
respectivamente, do caso.

Gizela Zucula 40
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

No BlockMeshDict gera-se a geometria do canal (caixa rectangular). Para inserir um


obstáculo no interior deste recorre-se ao SnappyHexMeshDict, que permite a definição
das regiões onde se encontram os obstáculos, assim como, o nível de refinamento da
malha próximo destes.

A malha usada para as simulações é mostrada nas figuras abaixo:

Figura 21.a Vista em planta da malha empregue na simulação

Figura19.b Vista 3D da malha empregue como destaque para o refinamento da malha no pilar

Gizela Zucula 41
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

4.2.3. Escolha do modelo de resolução numérica

O método de resolução do problema é definido no ficheiro RASProperties contido no


subdirectório constant. No presente caso foi seleccionado o modelo padrão , pela
sua simplicidade e facilidade de aplicação tal como descrito em 3.3.1.

4.2.4. Definição dos valores dos parâmetros iniciais

Os valores iniciais do domínio são definidos na pasta 0. Dentro desta, encontram-se os


ficheiros para definição dos valores iniciais dos seguintes parâmetros: pressão (p_rgh),
alpha1 (andamento da superfície livre), nut (viscosidade da água), epsilon, k, e
velocidade de escoamento (U).

A velocidade inicial no interior do domínio é definida no arquivo SetFieldsDict, onde se


separam as duas fases (ar e água) e definem-se as propriedades de cada uma. No
presente caso considerou-se a mesma velocidade inicial para ambas as fases para
acelerar o processo de estabelecimento de equilíbrio entre as mesmas.

Propriedades do fluido

As propriedades do fluido encontram-se pré-definidas no modelo. Sendo a temperatura


de 20o C, viscosidade cinemática de 1.01x10-6 m2/s, e a densidade 1000 kg/m3.

Tempo de concretização

O tempo de concretização da simulação é definido no ficheiro ControlDict. Neste


arquivo é que se define o intervalo de tempo de processamento e leitura de dados
durante a simulação, margem de erro admissível, etc.

A simulação foi feita para uma duração do escoamento de 20 segundos, um Δt de


0.001 s, e um intervalo de registo de resultados de 0.5 s.

Gizela Zucula 42
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

4.2.5. Execução do cálculo numérico

Não existindo uma interface gráfica para o efeito, as instruções para a execução e
leitura dos resultados são dadas a partir da linha de comandos (consola) do Linux. Para
correr a presente simulação foi utilizado a distribuição Linux Ubuntu na sua versão
12.04. Neste sistema operativo foi instalada a versão 2.1.1 do OpenFOAM, e a versão
2.0 do solver IHFOAM. Os comandos executados na consola constam do Anexo III do
presente trabalho.

Após terminar o processamento deve-se salvar os resultados da simulação em formato


VTK para visualização no paraview.

O paraview é o programa que permite a visualização de resultados após o término de


uma simulação. Desde a visualização do resultado até a leitura dos resultados segue-
se a sequência que consta do Anexo IV.

4.3. Descrição geral das simulações

Nas simulações realizadas, vários parâmetros constituintes de cada uma são comuns a
todas. Desta forma, nesta secção irá se apresentar as características de todas as
simulações realizadas de forma generalizada.

Foram realizadas no total trinta e duas simulações divididas em duas séries. A primeira
série de simulações foi realizada para a área de secção transversal, A, igual à 50.2 cm2
e a segunda série de simulações para pilares com área da secção transversal igual ao
dobro da secção da primeira série, 2A, com o valor de 100.5 cm2.

A geometria das simulações é a mesma (conforme a figura 19), à excepção da secção


dos pilares. Pilares de diferentes secções apresentam alterações de escoamento visual
geralmente iguais (em termos teóricos) e especificamente diferentes (em termos de
valores práticos de resultados apresentados). Assim sendo, para cada série,
realizaram-se simulações para quatro tipos de secção: circular, rectangular, quadrada e
oval. Note-se que em cada série, estas secções possuem a mesma área de secção
transversal.

Gizela Zucula 43
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

O aumento da velocidade do escoamento e/ou da área da secção transversal do


domínio é directamente proporcional ao aumento do número de Reynolds e
consequente aumento do nível de turbulência do escoamento na respectiva secção.
Por conseguinte, as simulações foram realizadas para diferentes valores de velocidade:
U1 = 0.14 m/s (metade de Ucr), U2 = 0.28 m/s (igual à Ucr), U3 = 0.56 m/s (dobro da Ucr),
e U4 = 1.12 m/s (4xUcr).

A determinação dos valores de velocidade acima apresentados foi feita com base na
assunção da existência de um leito móvel no canal, e assim uma velocidade crítica a
partir da qual o fenómeno de transporte de sedimentos se inicia. As características do
sedimento consideradas são: diâmetro médio das partículas, D50 = 0.86mm; peso
específico do sedimento, = 26 KN/m2; peso específico da água, = 9.81 KN/m2.
Recorrendo-se a Equação 23, determinou-se a velocidade crítica do escoamento, com
o valor de 0.28 m/s.

( )
(19)

Onde: Uc é a velocidade crítica do escoamento (m/s), e h é a altura de escoamento (m).

Com a realização destas simulações pretende-se estudar de secção para secção, para
os diferentes incrementos de velocidade no canal, e ainda com foco no aumento do
tamanho da secção transversal: a variação do perfil de velocidades em torno do pilar; a
variação e magnitude da força de arrasto; e a variação do perfil do andamento da
superfície livre.

A realização destas simulações tem o objectivo de ajudar na identificação da secção de


pilar que apresenta maior resistência ao escoamento e avaliação da possibilidade de
aplicação do OpenFoam em estudos de problemas físicos reais. Esta análise poderá
permitir, a longo prazo, aos profissionais da área, escolher soluções optimizadas em
termos de segurança, custo, execução e benefício.

Apresenta-se na tabela seguinte, as características geométricas e de escoamento para


cada simulação realizada, correspondente as secções circular, quadrada, rectangular,
e oval, para os diferentes valores de velocidade.

Gizela Zucula 44
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Serie Forma Dimensões (cm) Reynolds [x10^4]


U1 =0.14 U2 =0.28 U3=0.56 U4=1.12
m/s m/s m/s m/s

CI–A Circular D=8 1.2 2.3 4.5 8.9


C II - 2A D = 11.32 1.6 3.2 6.3 13
OI–A Oval CxL = 6.1x5, r = 2.5 0.7 1.4 2.8 5.6
O II - 2A CxL = 8.9x7, r = 3.5 1 2 4 7.8
QI–A Quadrada CxL = 7.1x7.1 1 2 4 7.9
Q II - 2A CxL = 10.002x10.02 1.4 2.8 5.6 11.1
RI–A Rectangular CxL = 10x5.02 0.7 1.4 2.8 5.6
R II - 2A CxL = 14x7.18 1 2 4 8
Tabela 4. Características geométricas e do escoamento de todas as simulações

Gizela Zucula 45
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

No presente capítulo far-se-á a apresentação dos resultados obtidos nas simulações.


Para cada uma das secções será feita a apresentação do perfil de velocidades e
determinação da força de arrasto, do andamento da superfície livre, e do perfil de
pressões na secção longitudinal e transversal do canal. O foco será dado aos valores
máximos obtidos e ao padrão de alteração.

5.1. Secção circular

Neste subcapítulo são apresentados os resultados obtidos para o pilar de secção


circular. É feita a avaliação da alteração do campo de velocidades, pressões, e do
andamento da superfície livre, resultantes da variação de velocidades iniciais do
escoamento e aumento da área da secção transversal do pilar.

5.1.1. Campo de Velocidades

A Figura 22 apresenta a variação do perfil de velocidades em torno de um pilar de


secção circular num plano paralelo a superfície do canal correspondente à superfície
livre, para os diferentes valores de velocidade inicial. Tal como anteriormente descrito
no esquema do canal o escoamento processa-se da esquerda para a direita.

Esta figura dá uma indicação do início da separação da camada limite e alteração do


campo de velocidades ao redor do pilar.

Representando as cores mais frias velocidades próximas do zero, e as cores mais


quentes velocidades mais elevadas, pode-se notar que a velocidade lateral do
escoamento junto ao pilar é elevada, e aumenta a medida em que se aumenta a
velocidade inicial do escoamento.

Gizela Zucula 46
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 22.Variação no campo de velocidade para diferentes valores de velocidade inicial para um pilar
circular

As velocidades máximas obtidas em cada simulação para a secção normal (A = 50.2


cm2) e para o dobro da secção normal (2A = 100.5 cm2) são indicadas na tabela
abaixo. A diferença (%) determinada na tabela indica a percentagem de aumento de
velocidade máxima da secção normal, para o dobro desta, ou seja, indica em que
percentagem aumentou a velocidade máxima do escoamento para o dobro da secção.

Umax (m/s)
U (m/s) A 2A Dif. (%)
0.14 1.72 1.88 8.48
0.28 1.86 2.07 10.09
0.56 2.17 2.35 7.61
1.12 2.96 2.98 0.50
Tabela 5.Velocidades máximas - secção circular

Na Figura 23 é apresentada a variação do campo de velocidades ao longo do eixo de


simetria do canal, na superfície do escoamento, o que possibilita uma melhor avaliação
das alterações.

Gizela Zucula 47
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Variação do campo de velocidade no eixo de simetria longitudinal


2

1.5
Velocidade (m/s)

0.5

-0.5
20 30 40 50 60 70 80 90 100
X (cm)
U=0.14 m/s U=0.28 m/s U=0.56 m/s U=1.12 m/s

Figura 23.Perfil de velocidades no eixo central longitudinal do canal para os diferentes valores de velocidade
inicial para o pilar circular

Na face de montante do pilar a velocidade diminui. Na face de jusante, a presença de


vórtices, as diferenças de pressão, transformação de energia e o escoamento reverso
do sistema de vórtices, resultam na diminuição da velocidade nesse ponto. O aumento
da velocidade inicial do escoamento e consequentemente da turbulência resulta em
alterações mais significativas do perfil de velocidades (linha roxa).

No ponto de abcissa 28.8, pode-se notar o início do escoamento descendente


(superfície de enrolamento). Enquanto que, na face lateral do pilar, Figura 24, pode-se
observar o pico do aumento da velocidade, no ponto de abcissa 49.2, em cerca de seis
vezes mais a velocidade inicial.

Gizela Zucula 48
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Variação do campo de velocidade na face lateral - direcção longitudinal


3

2.5
Velocidade (m/s)

1.5

0.5

0
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 U = 0.28 U = 0.56 U = 1.12

Figura 24.Variação no campo de velocidade para diferentes valores de velocidade inicial na face lateral do
pilar circular

5.1.2. Andamento da superfície livre

A Figura 25 apresenta as alterações que ocorrem no andamento da superfície livre


devido à existência do pilar no seio do escoamento. E como pode-se notar, a linha de
superfície livre descreve uma trajectória ascendente ao se aproximar do pilar,
reduzindo sua cota imediatamente a jusante do pilar. Pode-se notar também que a
medida que se aumenta a velocidade inicial no canal, a oscilação da superfície é maior.

Andamento da superfície livre


1.009

0.989
% Altura

0.969

0.949

0.929
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 m/s U = 0.28 m/s U = 0.56 m/s U = 1.12 m/s

Figura 25.Andamento da superfície livre para velocidades diferentes - pilar circular

Pode-se ter melhor visualização do descrito acima e em linha contínua se, se observar
o gráfico da Figura 26 que representa o andamento da superfície livre lido na face

Gizela Zucula 49
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

lateral do pilar. Este cenário indica que a amplitude de alteração do escoamento, é


maior em escoamentos de maior turbulência (linha roxa).

Andamento da superfície livre na face lateral


0.96

0.86
% Altura

0.76

0.66

0.56
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 m/s U = 0.28 m/s U = 0.56 m/s U = 1.12 m/s

Figura 26.Andamento da superfície livre para diferentes valores de velocidade inicial - face lateral - pilar
circular

5.1.3. Pressão

Na Figura 27, são apresentados os valores do campo de pressão no sentido


longitudinal do escoamento para o eixo de simetria do canal e para a face lateral do
pilar.

Estas figuras dão a indicação de valores do campo de pressão maiores na face de


montante do pilar. A pressão aumenta da superfície ao fundo do canal.

Gizela Zucula 50
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Eixo de simetria Face lateral


55000 54800
54800 54600
54400
Pressão (N/m2)

54600

Pressão (N/m2)
54200
54400 54000
54200 53800
53600
54000
53400
53800
53200
53600 53000
28 33 38 43 48 53 58 63 68 28 33 38 43 48 53 58 63 68
Series1 Series2 Series1 Series2
Series3 Series4 Series3 Series4
Series5 Series6 Series5 Series6
X (cm) X (cm)

Figura 27.Valores de pressão em diferentes níveis de profundidade do escoamento - pilar circular

Legenda: Series1: Z = 0.1 cm; Series2: Z = 1 cm; Series3: Z = 2 cm; Series4: Z = 3 cm; Series5: Z = 4 cm;
Series6: Z = 5 cm.

A medida em que se aumenta a velocidade inicial de simulação os valores de pressão


decrescem. E, pode-se notar na face lateral um pico descendente (baixa pressão) no
mesmo ponto de abcissa onde se verifica o pico máximo de velocidade (ver Figura 24 e
Figura 28).

Eixo de simetria Face Lateral


56000 56000
55000 53000
54000 50000
Pressão (N/m2)

Pressão (N/m2)

53000 47000
52000 44000

51000 41000
38000
50000
35000
49000
32000
48000
28 38 48 58 68 29000
28 38 48 58 68
X (cm)
X (cm)
Series1 Series2 Series3 Series4 Series1 Series2 Series3 Series4

Figura 28.Valores de pressão para diferentes velocidades - pilar circular, z = 5 cm.

Legenda: Series1: U = 0.14 m/s; Series2: U = 0.28 m/s; Series3: U = 0.56 m/s; Series4: U = 1.12 m/s.

Gizela Zucula 51
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

5.1.4. Força de arrasto

Foram igualmente calculados os valores da força de arrasto e do coeficiente de arrasto.


Os mesmos são apresentados na Tabela 6. Da mesma é possível observar que a força
de arrasto diminui com o aumento da velocidade inicial, e aumenta com o aumento do
tamanho da secção transversal.

U (m/s)
Parâmetro 0.14 0.28 0.56 1.12
A Força de 0.221 0.22 0.217 0.211
2A arrasto (KN) 0.312 0.311 0.308 0.3
A Coeficiente 5.634 1.401 0.346 0.084
2A de arrasto (-) 5.623 1.4 0.347 0.085
Tabela 6. Força e coeficiente de arrasto para as diferentes simulações - pilar circular

5.2. Secção quadrada

Neste sub-capítulo säo apresentados os resultados obtidos para o pilar de secção


quadrada. É feita a apresentação da variação do campo de velocidades, pressões, e do
andamento da superfície livre, resultantes da variação de velocidades iniciais de
escoamento e do aumento da área da secção transversal do pilar.

5.2.1. Velocidade

A Figura 29 apresenta a variação do perfil de velocidades em torno de um pilar de


secção quadrada num plano paralelo a superfície do canal correspondente à superfície
livre. Tal como anteriormente descrito no esquema do canal, o escoamento processa-
se da esquerda para a direita.

Esta figura dá uma indicação do início da separação da camada limite e alteração do


campo de velocidades ao redor do pilar.

Gizela Zucula 52
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Representando as cores mais frias velocidades próximas do zero e as cores mais


quentes velocidades mais elevadas, pode-se notar que a velocidade lateral do
escoamento junto ao pilar é elevada, e aumenta a medida em que se aumenta a
velocidade inicial do escoamento.

Figura 29.Variação no campo de velocidade para diferentes valores de velocidade inicial – pilar quadrangular

As velocidades máximas obtidas em cada simulação para a secção normal (A = 50.2


cm2) e para o dobro da secção normal (2A = 100.5 cm2) são indicadas na Tabela 7. A
diferença (%) determinada na tabela indica a percentagem de aumento de velocidade
máxima, da secção normal para o dobro desta, ou seja, indica em que percentagem
aumentou a velocidade máxima do escoamento, para o dobro da secção.

Umax (m/s)
U (m/s) A 2A Dif. (%)
0.14 1.77 2.217 20.1624
0.28 1.92 2.381 19.3616
0.56 2.229 3.073 27.465
1.12 2.847 3.041 6.37948
Tabela 7. Velocidades máximas - secção quadrangular

Na Figura 30 é apresentada a variação do campo de velocidades ao longo do eixo de


simetria do canal, na superfície do escoamento, o que possibilita uma melhor avaliação
das alterações do escoamento.

Gizela Zucula 53
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Variação do campo de velocidade no eixo de simetria longitudinal


1.7
1.4
1.1
Velocidade (m/s)

0.8
0.5
0.2
-0.1
-0.4
-0.7
-1
20 30 40 50 60 70 80 90 100
X (cm)
U=0.14 m/s U=0.28 m/s U=0.56 m/s U=1.12 m/s

Figura 30. Perfil de velocidades no eixo central longitudinal do canal para os diferentes valores de
velocidade inicial - pilar quadrangular

Na face de montante do pilar a velocidade diminui. A presença de vórtices, as


diferenças de pressão, transformação de energia e o escoamento reverso do sistema
de vórtices, resultam na diminuição da velocidade na face de jusante do pilar. O
aumento da velocidade inicial do escoamento e consequentemente da turbulência,
resulta em alterações mais significativas do perfil de velocidades (linha roxa).

No ponto de abcissa 26.4, pode-se notar o início do escoamento descendente


(superfície de enrolamento).

Na face lateral do pilar pode-se notar uma diferença nas regiões de perturbação. A
energia de pressão é consumida na face de montante, as partículas de água perdem
energia para descrever a trajectória inicial, ou seja, a energia de pressão converte-se
em energia cinética, resultando na formação de camadas de corte na face lateral e
consequente separação da camada limite. Por conseguinte, as partículas desaceleram
junto a face lateral e de jusante, como pode-se notar na Figura 31.

Pode-se observar o pico do aumento da velocidade a partir do ponto de abcissa 55.2


até ao ponto de abcissa 58.8.

Gizela Zucula 54
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Variação do campo de velocidade na face lateral


1.8

1.3
Velocidade (m/s)

0.8

0.3

-0.2

-0.7
20 30 40 50 60 70 80 90 100
X (cm)
U=0.14 m/s U=0.28 m/s U=0.56 m/s U=1.12 m/s

Figura 31. Variação no campo de velocidade para diferentes valores de velocidade inicial - face lateral do
pilar quadrangular

5.2.2. Andamento da superfície livre

A Figura 32 apresenta as alterações que ocorrem no andamento da superfície livre


devido à existência do pilar no seio do escoamento. E como pode-se notar, a linha de
superfície livre descreve uma trajectória ascendente ao se aproximar do pilar,
reduzindo sua cota imediatamente a jusante do pilar. Pode-se notar também que a
medida que se aumenta a velocidade no canal, a oscilação da superfície é maior.

Andamento da superfície livre no eixo de simetria


1.01

0.97

0.93
% Altura

0.89

0.85

0.81

0.77
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 m/s U = 0.28 m/s U = 0.56 m/s U = 1.12 m/s

Figura 32. Andamento da superfície livre para velocidades diferentes - pilar quadrangular

Gizela Zucula 55
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Pode-se ter melhor visão do descrito acima e em linha contínua se, se observar o
gráfico da Figura 33, que representa o andamento da superfície livre lido na face lateral
do pilar.

Andamento da superfície livre na face lateral

0.9
% Altura

0.8

0.7

0.6

0.5
0 20 40 60 80 100 120
X (cm)
U = 0.14 m/s U = 0.28 m/s U = 0.56 m/s U = 1.12 m/s

Figura 33.Andamento da superfície livre para velocidades diferentes - face lateral - pilar quadrangular

5.2.3. Pressão

Na Figura 34 são apresentados os valores do campo de pressão no sentido longitudinal


do escoamento para o eixo de simetria do canal e para a face lateral do pilar.

A pressão aumenta com a profundidade, e devido a redução de velocidade a montante


do pilar, a pressão neste ponto é muito elevada, como pode se notar no gráfico abaixo.

Gizela Zucula 56
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Eixo de simetria Face lateral


55500 55000

55000
54500
Pressão (kN/m2)

54500

Pressão (KN/m2)
54000
54000
53500
53500

53000
53000

52500 52500
28 38 48 58 68 28 38 48 58 68
X (cm) X (cm)
Series1 Series2 Series3 Series1 Series2 Series3
Series4 Series5 Series6 Series4 Series5 Series6

Figura 34.Valores de pressão para diferentes níveis de profundidade do escoamento - pilar quadrangular.

Legenda: Series1: Z = 0.1 cm; Series2: Z = 1 cm; Series3: Z = 2 cm; Series4: Z = 3 cm; Series5: Z = 4 cm;
Series6: Z = 5 cm.

Quanto maior é a velocidade, menor é o tempo de estagnação e consequentemente


menor é a pressão à montante do pilar, ou seja, a medida em que se aumenta a
velocidade no canal os valores no campo de pressões decrescem. E pode-se notar na
face lateral do pilar, um pico descendente (baixa pressão) no mesmo ponto de abcissa
onde se verifica o pico máximo de velocidade (ver Figura 31 e Figura 35).

Gizela Zucula 57
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Eixo de simetria Face lateral


59000 55000
57000 52000
55000 49000
53000 46000

Pressão (KN/m2)
Pressão (KN/m2)

51000 43000
49000 40000
47000 37000
45000 34000
43000 31000
41000 28000
39000 25000
28 38 48 58 68 28 38 48 58 68
X (cm) X (cm)
Series1 Series2 Series3 Series4 Series1 Series2 Series3 Series4

Figura 35.Valores de pressão para diferentes velocidades - pilar quadrangular, z = 5 cm.

Legenda: Series1: U = 0.14 m/s; Series2: U = 0.28 m/s; Series3: U = 0.56 m/s; Series4: U = 1.12 m/s;

5.2.4. Força de arrasto

Foram calculados os valores da força de arrasto e do coeficiente de arrasto. Os


mesmos são apresentados na Tabela 8. Na mesma é possível observar que a força de
arrasto diminui com o aumento da velocidade inicial do escoamento, e aumenta com o
aumento do tamanho da secção transversal do pilar.

U (m/s)
Parâmetro 0.14 0.28 0.56 1.12
A Força de 0.196 0.195 0.193 0.187
2A arrasto (KN) 0.277 0.276 0.269 0.267
A Coeficiente 5.635 1.400 0.346 0.084
2A de arrasto (-) 5.642 1.405 0.342 0.085
Tabela 8.Força e coeficiente de arrasto para as diferentes simulações - pilar quadrangular

Gizela Zucula 58
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

5.3. Secção rectangular

Neste subcapítulo são apresentados os resultados obtidos para o pilar de secção


rectangular. É feita a avaliação da alteração do campo de velocidades, pressões, e
variação do andamento da superfície livre, resultantes da variação de velocidades
iniciais de escoamento e da área da secção transversal do pilar.

5.3.1. Velocidade

A Figura 36 apresenta a variação do perfil de velocidades em torno de um pilar de


secção rectangular num plano paralelo a superfície do canal correspondente à
superfície livre. Tal com anteriormente descrito no esquema do canal, o escoamento
processa-se da esquerda para a direita.

Esta figura dá uma indicação do início da separação da camada limite e alteração do


campo de velocidades ao redor do pilar.

Representando as cores mais frias velocidades próximas do zero e as cores mais


quentes velocidades mais elevadas, pode-se notar que a velocidade lateral do
escoamento junto a face de montante do pilar é elevada, e aumenta a medida em que
se aumenta a velocidade inicial do escoamento.

Figura 36.Variação no campo de velocidade para diferentes valores de velocidade inicial – pilar rectangular

Gizela Zucula 59
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

As velocidades máximas obtidas em cada simulação para a secção normal (A = 50.2


cm2) e para o dobro da secção normal (2A = 100.5 cm2) são apresentadas na Tabela 9.
A percentagem, Dif. (%), indica em que percentagem o valor da velocidade máxima
aumentou para o dobro da secção.

Umax (m/s)
U (m/s) A 2A Dif. (%)
0.14 1.682 2.005 16.10973
0.28 1.884 2.203 14.48025
0.56 2.196 2.536 13.40694
1.12 2.957 3.472 14.83295
Tabela 9. Velocidades máximas - secção rectangular

Na Figura 37 é apresentada a variação do campo de velocidades ao longo do eixo de


simetria do canal, na superfície do escoamento, o que possibilita uma melhor avaliação
das alterações no escoamento.

Variação do campo de velocidade no eixo de simetria longitudinal


1.9

1.4
Velocidade (m/s)

0.9

0.4

-0.1

-0.6
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 U = 0.28 U = 0.56 U = 1.12

Figura 37.Perfil de velocidades no eixo central longitudinal do canal para os diferentes valores de velocidade
inicial - pilar rectangular

Na face de montante do pilar a velocidade diminui. Na face de jusante, a presença de


vórtices, as diferenças de pressão, transformação de energia e o escoamento reverso
do sistema de vórtices, resultam na diminuição da velocidade neste ponto. No ponto de

Gizela Zucula 60
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

abcissa 21.6 pode-se notar o início do escoamento descendente (superfície de


enrolamento).

Na face lateral (ver Figura 38) nota-se a subida de velocidade nas arestas de montante
do pilar, com desaceleração das partículas na face lateral. Existe uma descida notável
do valor da velocidade no ponto de abcissa 45.6 logo após o pico devido às
transformações de energia e a separação da camada limite.

Variação do campo de velocidade na face lateral - direção longitudinal


1.9

1.5
Velocidade (m/s)

1.1

0.7

0.3

-0.1
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 U = 0.28 U = 0.56 U = 1.12

Figura 38.Variação no campo de velocidade para diferentes valores de velocidade inicial - face lateral do
pilar rectangular

Pode-se observar o pico do aumento da velocidade no ponto de abcissa 45.6 e a partir


do ponto de abcissa 56.4.

5.3.2. Andamento da superfície livre

A Figura 39 apresenta as alterações que ocorrem no andamento da superfície livre


devido à existência do pilar no seio do escoamento. E como pode-se notar, a linha de
superfície livre descreve uma trajectória ascendente ao se aproximar do pilar,
reduzindo sua cota imediatamente a jusante do pilar. Pode-se notar também que a
medida em que se aumenta a velocidade no canal, a oscilação da superfície é maior.

Gizela Zucula 61
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Andamento da superfície livre no eixo de simetria


1

0.97

0.94
% Altura

0.91

0.88

0.85

0.82
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 m/s U = 0.28 m/s U = 0.56 m/s U = 1.12 m/s

Figura 39.Andamento da superfície livre para velocidades diferentes - pilar rectangular

Pode-se ter melhor visualização do descrito acima e em linha contínua se, se observar
o gráfico da Figura 40 que representa o andamento da superfície livre lido na face
lateral do pilar.

Andamento da superfície livre na face lateral


1.02

0.92
% Altura

0.82

0.72

0.62
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 m/s U = 0.28 m/s U = 0.56 m/s U = 1.12 m/s

Figura 40. Andamento da superfície livre para velocidades diferentes - face lateral - pilar rectangular

5.3.3. Pressão

Na Figura 41 são apresentados os valores do campo de pressão no sentido longitudinal


do escoamento para o eixo de simetria do canal e para a face lateral do pilar. A

Gizela Zucula 62
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

pressão aumenta com a profundidade e apresenta maiores valores na face de


montante do pilar devido à estagnação instantânea do escoamento nesse ponto.

Eixo de simetria Face lateral


55000 54750
54800 54550
54600 54350
Pressão (KN/m2)

54400 54150

Pressão (KN/m2)
54200
53950
54000
53750
53800
53550
53600
53350
53400
53200 53150
53000 52950
28 38 48 58 68 28 38 48 58 68
X (cm) X (cm)
Series1 Series2 Series3 Series1 Series2 Series3
Series4 Series5 Series6 Series4 Series5 Series6

Figura 41.Valores de pressão em diferentes níveis de profundidade do escoamento - pilar rectangular.

Legenda: Series1: Z = 0.1 cm; Series2: Z = 1 cm; Series3: Z = 2 cm; Series4: Z = 3 cm; Series5: Z = 4 cm;
Series6: Z = 5 cm.

Na face lateral, há um pico descendente no mesmo ponto onde se pode notar a


ascensão da velocidade, devido à transformação de energias que ocorre nesse ponto
assim que o escoamento cruza o obstáculo (ver Figura 38 e Figura 42). Isto deve-se ao
facto de o aumento da velocidade gerar uma redução da pressão sobre o pilar e ao
longo do canal também.

Gizela Zucula 63
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Eixo de simetria Face lateral


56000 56000
53000
53000 50000

Pressão (KN/m2)
Pressão (KN/m2)

50000 47000
44000
47000 41000
38000
44000
35000
41000 32000
28 38 48 58 68 28 38 48 58 68

X (cm) X (cm)
Series1 Series2 Series1 Series2 Series3 Series4

Figura 42.Valores de pressão para diferentes velocidades - pilar rectangular, z = 5 cm.

Legenda: Series1: U = 0.14 m/s; Series2: U = 0.28 m/s; Series3: U = 0.56 m/s; Series4: U = 1.12 m/s;

5.3.4. Força de arrasto

A partir dos valores de pressão e da área de secção transversal do pilar em contacto


com o escoamento, foram calculados os valores da força de arrasto e do coeficiente de
arrasto. Os mesmos são apresentados na Tabela 10. É possível observar que a força
de arrasto diminui a quando do aumento da velocidade inicial, e aumenta com o
aumento do tamanho da secção transversal.

U (m/s)
Parâmetro 0.14 0.28 0.56 1.12
A Força de 0.138 0.137 0.136 0.132
2A arrasto (KN) 0.198 0.197 0.195 0.190
A Coeficiente 5.611 1.394 0.346 0.084
2A de arrasto (-) 5.631 1.400 0.347 0.084
Tabela 10. Força e coeficiente de arrasto para as diferentes simulações - pilar rectangular

Gizela Zucula 64
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

5.4. Secção Oval

Neste subcapítulo são apresentados os resultados obtidos para o pilar de secção oval.
É feita a avaliação da alteração do campo de velocidades, pressões, e do andamento
da superfície livre, resultantes da variação de velocidades iniciais do escoamento e da
área da secção transversal do pilar.

5.4.1. Velocidade

A Figura 43 apresenta a variação do perfil de velocidades em torno de um pilar de


secção oval num plano paralelo a superfície do canal correspondente à superfície livre.
Tal como anteriormente descrito no esquema do canal, o escoamento processa-se da
esquerda para a direita.

Esta figura dá uma indicação do início da separação da camada limite e alteração do


campo de velocidades ao redor do pilar.

Representando as cores mais frias velocidades próximas do zero e as cores mais


quentes velocidades mais elevadas, pode-se notar que a velocidade lateral do
escoamento junto a face de montante do pilar é elevada, e aumenta a medida em que
se aumenta a velocidade inicial do escoamento.

Figura 43.Variação no campo de velocidade para diferentes valores de velocidade inicial – pilar oval

Gizela Zucula 65
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Na Figura 44 é apresentada a variação do campo de velocidades ao longo do eixo de


simetria do canal, na superfície do escoamento, o que possibilita uma melhor avaliação
das alterações no escoamento.

Variação do campo de velocidades no eixo de simetria longitudinal


2
Velocidade (m/s)

1.5
1
0.5
0
-0.5
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)

Figura 44.Perfil de velocidades no eixo central longitudinal do canal para os diferentes valores de velocidade
inicial - pilar oval

No entanto, pode-se notar o início do escoamento descendente no ponto de abcissa


28.8. A velocidade à montante do pilar anula-se e a jusante surgem oscilações que se
relacionam à formação de vórtices.

Na face lateral (Figura 45), nota-se a subida de velocidade junto da região de montante
do pilar. Existe uma descida notável no ponto de abcissa 48 logo após o pico devido a
separação da camada limite.

Pode-se observar o pico do aumento da velocidade no ponto de abcissa 46.8 e no


ponto de abcissa 52.8.

Gizela Zucula 66
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Variação do campo de velocidade na face lateral - direcção longitudinal


2

1.5
Velocidade (m/s)

0.5

0
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 U = 0.28 U = 0.56 U = 1.12

Figura 45.Variação no campo de velocidade para diferentes valores de velocidade inicial - face lateral do
pilar oval

As velocidades máximas obtidas em cada simulação para a secção normal (A = 50.2


cm2) e para o dobro da secção normal (2A = 100.5 cm2) são indicadas na tabela
abaixo. A diferença (%) determinada na tabela indica a percentagem de aumento de
velocidade máxima, da secção normal para o dobro desta, ou seja, indica em que
percentagem aumentou o valor de velocidade máxima no escoamento para o dobro da
secção.

Umax (m/s)
U (m/s) A 2A Dif. (%)
0.14 1.461 1.557 6.166
0.28 1.593 1.677 5.009
0.56 1.868 1.988 6.036
1.12 2.495 2.536 1.617
Tabela 11. Velocidades máximas - secção oval

5.4.2. Andamento da superfície livre

A Figura 46 apresenta as alterações que ocorrem no andamento da superfície livre


devido à existência do pilar no seio do escoamento. E como pode-se notar, a linha de
superfície livre descreve uma trajectória ascendente ao se aproximar do pilar,
reduzindo sua cota imediatamente a jusante do pilar. Pode-se notar também que a
medida que se aumenta a velocidade inicial no canal, a oscilação da superfície é maior.

Gizela Zucula 67
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Andamento da superfície livre no eixo central


1
% Altura

0.95

0.9
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 m/s U = 0.28 m/s U = 0.56 m/s U = 1.12 m/s

Figura 46. Andamento da superfície livre para velocidades diferentes - pilar oval

Pode-se ter melhor visualização do descrito acima e em linha contínua se, se observar
o gráfico da Figura 47 que representa o andamento da superfície livre lido na face
lateral do pilar.

Andamento da superfície livre na face lateral

0.96
% Altura

0.86

0.76
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
X (cm)
U = 0.14 m/s U = 0.28 m/s U = 0.56 m/s U = 1.12 m/s

Figura 47. Andamento da superfície livre para velocidades diferentes - face lateral - pilar oval

5.4.3. Pressão

Na Figura 48, são apresentados os valores do campo de pressão no sentido


longitudinal do escoamento para o eixo de simetria do canal e para a face lateral do
pilar.

Gizela Zucula 68
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Esta figura dá uma indicação de valores do campo de pressão maiores na face de


montante do pilar. A pressão aumenta da superfície ao fundo do canal.

Eixo de simetria Face lateral


54600
54900 54500
54700 54400
Pressão (KN/m2)

Pressão (KN/m2)
54500 54300
54300 54200
54100
54100
54000
53900 53900
53700 53800
53500 53700
28 38 48 58 68 28 38 48 58 68
X (cm) X (cm)
Series1 Series2 Series3 Series1 Series2 Series3

Series4 Series5 Series6 Series4 Series5 Series6

Figura 48.Valores de pressão em diferentes níveis de profundidade do escoamento - pilar oval.

Legenda: Series1: Z = 0.1 cm; Series2: Z = 1 cm; Series3: Z = 2 cm; Series4: Z = 3 cm; Series5: Z = 4 cm;
Series6: Z = 5 cm.

Na face lateral, há um pico descendente no mesmo ponto onde se pode notar a


ascensão da velocidade (ver Figura 45 e Figura 49), devido à transformação de
energias que ocorre nesse ponto assim que o escoamento cruza o obstáculo. O
aumento da velocidade gera uma redução da pressão sobre o pilar e ao longo do
canal.

Gizela Zucula 69
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Eixo de simetria Face lateral


56000
55000
55000
53000
54000
Pressão (KN/m2)

51000

Pressão (KN/m2)
53000
52000 49000
51000 47000
50000 45000
49000 43000
48000 41000
47000 39000
28 38 48 58 68 28 38 48 58 68
X (cm) X (cm)
Series1 Series2 Series3 Series4 Series1 Series2 Series3 Series4

Figura 49.Valores de pressão para diferentes velocidades - pilar oval, z = 5 cm.

Legenda: Series1: U = 0.14 m/s; Series2: U = 0.28 m/s; Series3: U = 0.56 m/s; Series4: U = 1.12 m/s;

5.4.4. Força de arrasto

A partir dos valores de pressão e da área de secção transversal do pilar em contacto


com o escoamento, foram calculados os valores de força de arrasto e coeficiente de
arrasto. Os mesmos são apresentados na Tabela 12. Da mesma é possível observar
que a força de arrasto diminui com o aumento da velocidade inicial do escoamento, e
aumenta com o aumento do tamanho da secção transversal do pilar.

U (m/s)
Parâmetro 0.14 0.28 0.56 1.13
A Força de 0.138 0.137 0.136 0.132
2A arrasto (KN) 0.193 0.192 0.191 0.187
A Coeficiente 5.631 1.400 0.346 0.084
2A de arrasto (-) 5.635 1.401 0.347 0.085
Tabela 12.Força e coeficiente de arrasto para as diferentes simulações - pilar oval

Gizela Zucula 70
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

No presente capítulo apresenta-se uma breve análise dos resultados obtidos das
simulações das diferentes secções de pilares, começando por se apresentar os
critérios da validação do modelo que vem afirmar a fiabilidade dos resultados obtidos.
Em seguida apresenta-se uma inter-comparação dos resultados, acompanhada de uma
verificação teórica do seu comportamento. É avaliada também a possibilidade de
exploração mais aprofundada da ferramenta de modelação numérica no contexto local.

6.1. Validação do modelo

A validação de um modelo é considerada quando as aproximações e hipóteses


consideradas são capazes de reproduzir o conjunto de observações esperadas, isto é,
quando existe proximidade entre resultados obtidos pelo modelo e aqueles originados
pelo sistema real.

A validação de um modelo numérico pode ser feita de formas diferentes,


nomeadamente:

 Testes estatísticos (dados reais versus resultados da simulação);

 Duplicação de modelos (duas equipes construindo o mesmo modelo);

 Comparação com modelos anteriores (se houver);

 Análise de sensibilidade (alteração de parâmetros, comparação do


comportamento real e o resultado da simulação).

Os passos seguidos para a validação do modelo numérico são:

1. Identificação do problema, ou seja, do conjunto de observações que o modelo


deverá representar – sendo no presente caso, a representação dos fenómenos
de alteração do escoamento em torno de um pilar.

2. Gerar um modelo físico e um modelo numérico (malha) representativos do


sistema real – havendo dificuldade de gerar um modelo físico, o modelo

Gizela Zucula 71
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

numérico (malha) foi gerado com base em malhas geradas em outros trabalhos,
como referido no capítulo 4.

3. Imposição das condições de controlo, ao modelo numérico, de forma a


representar o modelo real físico – velocidade nas paredes, pressão na parte
superior e na saída do escoamento.

4. Execução da simulação e comparação dos resultados obtidos da simulação com


os resultados lidos no modelo físico.

Não se tendo resultados lidos de modelos físicos, optou-se pela validação por meio da
análise de sensibilidade/tendência dos resultados, através da comparação entre a
tendência da simulação e a teoria. A análise de sensibilidade/tendência do modelo não
dá a certeza de sua aplicabilidade em representação de escalas reais, mas indica uma
linha positiva de possibilidade e potencial de uso deste como uma ferramenta de
investigação e ensino.

Assim sendo, as secções que se seguem irão apresentar os resultados obtidos e o


comportamento de alteração destes resultados será comparado com os conceitos
teóricos e/ou resultados obtidos de pesquisas anteriores. A compatibilidade ou não-
compatibilidade entre ambos ditará a aceitabilidade ou não do solver, IHFoam do
OpenFoam, como ferramenta com potencial uso na representação e estudos destes
fenómenos.

6.2. Alteração das características do escoamento

Os fenómenos de alteração do escoamento, devido a interacção escoamento-


obstáculo, não são facilmente mensuráveis/determinados, principalmente na região de
contacto entre ambos. Daí que se recorre a modelação numérica, de modo a obter
resultados de forma mais rápida e em muitos casos mais precisa.

Na Figura 50 pode-se notar claramente a existência de diferenças nas alterações do


escoamento devido a presença de diferentes formas de obstáculo no seio deste. Essas
diferenças são apresentadas e avaliadas nos pontos que se seguem.

Gizela Zucula 72
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Figura 50.Variação no campo de velocidade para as diferentes secções de pilar e Uo = 1.12 m/s

6.2.1. Variação da velocidade inicial de escoamento

Com o aumento da velocidade verificou-se que a força de arrasto diminui. Este facto é
ilustrado pela Tabela 13. Esta tendência está em linha com o descrito na teoria
afirmando-se que um aumento de velocidade provoca uma diminuição da pressão por
transferência da energia de pressão para a energia cinética, relatado em Pinho
(2002,cap.10);

Força de arrasto (KN)

Uinicial A 2A
U1 = 0.14 m/s 0.221 0.312

U2 = 0.28 m/s 0.220 0.311


U3 = 0.56 m/s 0.217 0.308
U4 = 1.12 m/s 0.211 0.300
Tabela 13. Variação da força de arrasto com o aumento da velocidade – secção circular

Gizela Zucula 73
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Maiores variações são observadas quando a velocidade inicial passa de 0.56 m/s para
1.12 m/s, que podem ser explicadas pelo grau de turbulência superior, de uma em
relação a outra, tornando o gradiente de velocidade muito maior que o gradiente de
pressão.

6.2.2. Variação do tamanho das secções

Com o aumento do tamanho da secção transversal dos pilares, os valores de


velocidade máxima na face lateral dos pilares também aumentam. Este facto é
ilustrado na Tabela 14 e na Figura 51, representando as cores quentes, os valores de
velocidade mais elevados e as cores frias, os valores próximos de zero. Este
comportamento deve-se às transformações de energia de pressão e energia cinética
que ocorrem junto do pilar.

As maiores variações dos valores de velocidade máxima são observados para o pilar
de secção quadrada, enquanto que, o pilar de secção oval apresenta menor variação.

Figura 51. Variação da velocidade máxima, com o aumento da secção transversal do pilar – secção quadrada

Gizela Zucula 74
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Umáx. (m/s)

Uinicial A 2A

U1 = 0.14 m/s 1.77 2.22

U2 = 0.28 m/s 1.92 2.38

U3 = 0.56 m/s 2.23 3.07

U4 = 1.12 m/s 2.85 3.71

Tabela 14. Variação da velocidade máxima, com aumento da secção transversal

O aumento do tamanho da secção transversal resulta também no aumento da força de


arrasto. Este facto pode ser verificado na Tabela 13. Este comportamento está em linha
com o relatado em Pinho (2002,cap.10), afirmando que: “Resultados experimentais
mostram que no escoamento em torno de obstáculos, a maior contribuição para a força
de arrasto total provém do campo de pressões, sendo que o atrito de origem viscosa
tem uma pequena contribuição, da ordem de 3% do total”. Ou por outra: a área do
corpo perpendicular ao fluxo do fluido determina a magnitude do arrasto de forma,
assim sendo, quando o arrasto de forma é a componente dominante da força de
arrasto total, esta irá aumentar ou diminuir com o aumento ou diminuição da área da
secção perpendicular ao fluxo.

6.2.3. Variação da geometria das secções

Com a variação da geometria das secções verificou-se que o perfil da separação da


camada limite também varia. Este facto é ilustrado na Figura 50, onde é possível
observar que o pilar de secção oval apresenta a separação de camada limite de menor
espessura. Este comportamento está em linha com o citado em Pinho (2002,cap.10),
que diz que: “Corpos mais esbeltos, onde a dimensão transversal é inferior à dimensão
longitudinal, apresentam o escoamento mais suave, sem separação da camada limite
em condições normais de funcionamento. Enquanto que, nas outras secções verifica-

Gizela Zucula 75
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

se que o escoamento separa do objecto, i.e., as linhas de corrente do escoamento em


torno do obstáculo, não contornam o objecto em toda a sua superfície, mas a dada
altura o fluido segue em frente separando-se da superfície e criando uma zona de
escoamento recirculante”.

Com a variação da geometria da secção é possível também verificar que a magnitude


de velocidade na zona de confinamento varia, sendo que o pilar de secção quadrada
regista os maiores valores de velocidade máxima junto ao pilar. Este comportamento,
ilustrado na Tabela 15, deve-se também às transformações de energia que aí ocorrem.

Umáx (m/s)
Circular Quadrada Rectangular Oval
Uinicial A 2A A 2A A 2A A 2A
U1 = 0.14 m/s 1.72 1.88 1.77 2.22 1.68 2.01 1.46 1.56
U2 = 0.28 m/s 1.86 2.07 1.92 2.38 1.88 2.2 1.59 1.68
U3 = 0.56 m/s 2.17 2.35 2.23 3.07 2.2 2.54 1.87 1.99
U4 = 1.12 m/s 2.96 2.98 2.85 3.04 2.96 3.47 2.49 2.54
Tabela 15.Velocidades máximas para simulações de diferentes secções e velocidades iniciais

A tabela abaixo (Tabela 16) apresenta resumidamente os resultados obtidos no cálculo


das forças de arrasto para as diferentes secções. Nesta é possível notar que o pilar de
secção oval apresenta os menores valores de força de arrasto. Este cenário deve-se
ao facto de pilares de arestas vivas dificultarem a passagem das partículas do
escoamento a quando do contorno do obstáculo, e também devido ao facto deste ser
mais esbelto em comparação aos outros, permitindo que as linhas de escoamento
contornem o objecto em sua quase totalidade, isto é, apresenta menor oposição em
relação ao escoamento, tornando-o mais resistente.

Força de arrasto (KN)


Secção U1 = 0.14 m/s U2 = 0.28 m/s U3 = 0.56 m/s U4 = 1.12 m/s
A Circular 0.221 0.220 0.217 0.211
2A 0.312 0.311 0.308
A Quadrada 0.196 0.195 0.193 0.187
2A 0.277 0.276 0.269
A Rectangular 0.138 0.137 0.136 0.132
2A 0.198 0.197 0.195
A Oval 0.138 0.137 0.136 0.133
2A 0.193 0.192 0.191
Tabela 16. Força de arrasto para as diferentes secções

Gizela Zucula 76
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

6.3. Avaliação da aplicabilidade do modelo

A avaliação da aplicabilidade do modelo é feita com enfoque em dois aspectos


principais: a determinação da altura da fossa de erosão e a aplicação no contexto local.
Nestes pontos procura-se avaliar o grau de confiabilidade do OpenFOAM para
aplicação prática nestas vertentes.

6.3.1. Determinação da altura da fossa de erosão

O modelo numérico OpenFoam possui desde 2014 o solver TwoPhaseEulerSedFoam,


desenvolvido por Zhen Cheng e Tian-Juan Hsu, para a modelação e estudo do
transporte de sedimentos, e assim também tornando possível a determinação da altura
da fossa de erosão. Estando em fase incipiente, este solver apresenta ainda algumas
falhas de instalação e o estabelecimento de contacto com um de seus desenvolvedores
para esclarecimento e resolução dos erros, não foi possível. Portanto, espera-se que
em breve o solver esteja incluso na lista de solvers padrão do OpenFoam, evitando os
erros de instalação e permitindo a sua total exploração.

Não estando o solver a total disposição para exploração, alguns pesquisadores, optam
por estudar os fenómenos de alteração do escoamento em torno do pilar para o cenário
de antes da ocorrência da erosão e para o cenário pós erosão, comparando
posteriormente os valores de coeficiente de arrasto obtidos em cada cenário. Para essa
análise é necessário que se parta da utilização de um modelo físico, onde após
determinado tempo aumenta-se a escala de turbulência e o fundo é erodido, modela-se
o cenário pós erosão para a malha com a cavidade de erosão igual a formada no
modelo físico e em seguida efectua-se a modelação numérica.

No método acima, o modelo não determina a altura da fossa de erosão mas, permite
medir o grau de estabilidade do pilar antes da erosão e após a ocorrência da erosão.

Existe ainda a possibilidade de se tentar estabelecer uma ligação entre a velocidade


máxima do escoamento com a altura máxima da erosão, recorrendo-se a modelação
numérica para a determinação da velocidade e as fórmulas empíricas da erosão para
determinação da altura. Ou ainda pela comparação entre a velocidade máxima do
escoamento e a velocidade crítica necessária para o transporte dos sedimentos.

Gizela Zucula 77
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Segundo a expressão de cálculo da profundidade de erosão devido à contracção do


escoamento (equação 19), quanto maior é a velocidade maior é o transporte de
sedimentos e a altura da cavidade de erosão, até que se estabeleça o equilíbrio.

[ ] (19)

Onde: é profundidade média de equilíbrio na secção contraída após o processo


erosivo (m); é a profundidade de erosão (m); é a profundidade média do
escoamento na secção contraída, antes do início do processo erosivo (m); é uma
constante igual a 0.025; é o caudal que atravessa a secção contraída (m3/s); Dm é o
diâmetro da menor partícula não transportável (m); W é a largura do fundo do canal na
secção contraída, descontando os pilares (m).

6.3.2. Aplicação no contexto local

O OpenFoam é um código aberto de acesso livre, que permite a adaptação do mesmo


ao problema do usuário. Os manuais do utilizador são de fácil acesso e existem
também tutoriais disponíveis na internet para facilitar o aprendizado. Ainda assim a sua
aplicação é de difícil manuseamento, pois nem sempre se consegue apoio para
resolução de problemas específicos. O OpenFoam não apresenta uma interface gráfica
com todas ferramentas disponíveis. O processo de pré e pós-processamento não é
prático principalmente para casos de elevada complexidade; A execução das
simulações é feita com recurso a uma consola por meio de linhas de comando. Possui
a grande vantagem de emitir bons resultados e de poder ser “moldável”.

O tempo de simulação varia de acordo com a complexidade do problema (tipo de


malha, modelo de resolução numérica, etc.). Algumas comparações feitas revelam que
este pode ser significativamente rápido na execução da simulação mas em
contrapartida lento no pós-processamento de malhas com elevado número de
elementos.

O uso de modelos numéricos em escala industrial muitas vezes exige grandes recursos
computacionais, de tempo e humanos. Para escoamentos turbulentos este apresenta

Gizela Zucula 78
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

boa prestação, sendo que os recursos humanos e computacionais podem ditar a


rentabilidade do recurso tempo. Pode-se tirar um melhor proveito do OpenFoam se o
utilizador for muito experiente na utilização do modelo. Uma desvantagem reside no
facto de este funcionar melhor em sistemas operativos como o Linux, Unix e OS, sendo
que o Windows é o sistema operativo comercial mais usado.

Em Moçambique, para assegurar a competitividade, as empresas precisam de


despertar a ambição de ascender ao cume da pirâmide. Portanto, é essencial formar e
reciclar empresários, assegurar a mudança no sentido da modernidade e para se
prepararem para competir no plano interno, regional e mundial. Para tal, devem ser
criadas as oportunidades de acompanhar regularmente a evolução do mercado, do
conhecimento científico e técnico e das tecnologias que contribuem para incrementar a
produção.

Com a realização da presente pesquisa, não é ainda possível recomendar o uso do


OpenFoam em projectos de grandes obras, até que se faça uma simulação de um
modelo de uma ponte em escala reduzida e os resultados sejam comparados com um
modelo físico real.

Contudo, os resultados obtidos dão uma boa indicação do potencial de utilização do


modelo para fins académicos e de investigação. Com a vantagem de este ser um
software de acesso livre (qualquer estudante e/ou instituição pode obter) e adaptável
aos diversos problemas do utilizador (permite alteração do código).

Para que seja possível a implementação do proposto acima é essencial também:


Prestar particular atenção no investimento em laboratórios, equipamento e infra-
estruturas que facilitem a pesquisa científica, cuja importação deverá gozar de
benefícios fiscais e aduaneiros; Reformular os currículos locais, em parceria com o
sector empresarial, para se definir o perfil dos graduados, adaptado às capacidades
técnico-científicas existentes; Fortalecer o sistema nacional de educação e formação
na sua componente de criação de capacidade científica e tecnológica; Incentivar a
criação de centros de pesquisa e valorização de conhecimentos locais.

Gizela Zucula 79
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo pretende-se de forma resumida e em concordância com os objectivos,


fazer menção das conclusões que se podem tirar da pesquisa em termos de objectivos
alcançados e recomendar futuras linhas de trabalho em prol do melhoramento da
investigação em torno deste tema.

7.1. Conclusão

As formulações existentes para a determinação da profundidade da cavidade de


erosão nem sempre têm-se revelado satisfatórias devido a complexidade na
consideração dos fenómenos envolvidos, nomeadamente, a influência da estrutura do
escoamento na proximidade dos obstáculos, o efeito do tempo, o efeito da altura do
escoamento e das dimensões dos pilares, o efeito da velocidade média de
aproximação, a granulometria do material de fundo, o efeito da forma dos pilares, do
seu alinhamento e da contracção da secção do escoamento.

A investigação do tema vinha sendo realizada essencialmente através da


experimentação em laboratório. A revisão e avaliação do estado da arte têm sido
apresentadas por vários autores que têm recorrido ao uso da modelação numérica
como ferramenta de investigação e determinação de tais fenómenos, com aplicação
essencialmente teórica e em alguns casos com aplicação prática no estudo de
capacidade remanescente de projectos de pontes existentes, e em alguns países (Ex.
Portugal) em programas de monitorização e gestão de infra-estruturas de pontes.

O presente trabalho teve como objectivo explorar as potencialidades de utilização de


uma ferramenta de modelação numérica do escoamento em torno de pilares, fundados
no leito de um canal, com vista a melhor compreender os fenómenos que advém da
interacção escoamento-obstáculo, e identificação da secção de pilar que resulte numa
melhor estabilidade hidráulica da estrutura e do leito.

Foi identificado o OpenFoam como modelo de simulação numérica ideal e a explorar,


por ser um aplicativo de código aberto, o que permite que os usuários desenvolvam
códigos próprios para a realização de simulações . Com o OpenFoam foram realizadas

Gizela Zucula 80
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

trinta e duas simulações, com variação de velocidades iniciais de escoamento, para as


formas de pilares circular, quadrada, rectangular e oval.

As simulações foram seguidas de uma análise da variação das características do


escoamento para alteração da secção no que diz respeito a sua forma e tamanho. Das
análises efectuadas, foi possível notar que a velocidade máxima junto ao pilar aumenta
com o aumento da velocidade inicial, e com o aumento do tamanho da secção. Esta é
maior para o pilar de secção quadrada. De igual modo, foi possível observar que o
andamento da superfície livre é mais irregular (variação acentuada) a medida em que
se aumenta a velocidade do escoamento.

Foi ainda possível observar que, a separação da camada limite é maior para corpos
rombudos (secção circular e quadrada), enquanto que, em corpos esbeltos (secção
oval) as partículas do escoamento descrevem melhor o objecto e a separação do
escoamento é reduzida. A força de arrasto aumenta com o aumento do tamanho da
secção transversal, e diminui com o aumento da velocidade inicial do escoamento. A
força de arrasto é menor para o pilar de secção oval, o que lhe confere, deste modo,
maior estabilidade hidráulica.

No que tange a aplicação da modelação numérica, o OpenFOAM apresentou-se como


uma poderosa ferramenta com levado potencial para fins académicos e de
investgação. Contudo, a sua adopção em projectos correntes ou de pontes de pequena
dimensão náo é recomendável por não estar comprovada a fiabilidade de seus
resultados práticos.

7.2. Futuras linhas de trabalho

Importa primeiro referir que um dos principais objectivos desta pesquisa era o de
estudar os fenómenos erosivos em torno do pilar. Contudo, porque o estágio de
desenvolvimento dos solvers para modelação do transporte de sedimentos se encontra
na sua fase inicial, tal não foi possível, pois, a documentação e assistência para o uso
de tais solvers é ainda muito limitada. Para que tal seja possível recomenda-se a

Gizela Zucula 81
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

continuidade da pesquisa e/ou desenvolvimento de novos solvers para transporte de


sedimentos.

Portanto, importa referir que a pesquisa foi limitada aos seguintes pontos:

Estudo dos fenómenos que surgem como resultado da interacção escoamento-


obstáculo em leito fixo, com avaliação do comportamento do modelo, sem a
comparação com um modelo físico.

A malha produzida foi genérica e não específica de algum outro estudo


realizado;

As variações consideradas foram de carácter aleatório com vista somente a


perceber o comportamento dos pilares e do escoamento em relação a estas
mesmas variações.

Sendo assim e tendo em conta ao trabalho desenvolvido até então, propõe-se uma
série de trabalhos a desenvolver, nomeadamente:

Estudo aprofundado das leis que regem o transporte de sedimentos e sua


aplicação em modelos numéricos;

Pesquisa e/ou desenvolvimento de solvers tridimensionais de duas fases: uma


fase que é o escoamento e a outra fase que são os sedimentos;

Refinamento da malha e comparação de resultados com resultados de


pesquisas já existentes e com a literatura;

Determinação de parâmetros de escoamento e de forma de pilares para


diferentes condições de escoamento (velocidade, altura, tipo) e para diferentes
características de material de fundo, com vista a determinar posteriormente as
possíveis medidas de prevenção e controle do desenvolvimento da erosão
localizada nas proximidades das fundações de pilares;

Aplicação do solver para a determinação da profundidade da cavidade de


erosão com referência a um projecto de ponte existente.

Gizela Zucula 82
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

BIBLIOGRAFIA

Referências Bibliográficas

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McGraw-Hill, Maryland.

2. Aranda, R. A. 2010 - Modelação de um sistema de conversão de energia das


ondas, Tese de Mestrado Integrado, FEUP, Portugal.

3. Ayachit, U. Version 4.0 - Paraview Manual;

4. Azevedo, M. 2011 - Estudos preliminares sobre ejeccao de vortices em torno de um


cilindro no regime turbulento com separação laminar, Tese de Mestrado,
Engenharia Química, FEUP, Portugal;

5. Baykal, C., Sumer, B. M., Fuhrman, N. G., Jacobsen, N.G., Fredsoe, J. 2015 -
Numerical investigation of flow and scour around a vertical cylinder,
Phil.Trans.R.Soc.A373: 20140104;

6. BETA - Engenharia, Gestão e Ambiente, Lda. 2011 - Nova ponte de Tete sobre o
rio Zambeze e acessos imediatos, Relatório do Estudo de Impacto Ambiental,
Volume II;

7. Comité de Conselheiros. 2003 - Agenda 2025 - Visão e Estratégias da Nação,


Maputo, Moçambique;

8. Gonçalves, N. D. 2007 - Método dos Volumes Finitos em Malhas Não-Estruturas,


Tese de Mestrado, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto;

9. Gruber, K. 2012 - Sediment transport in open channel flows - Experimental


ninvestigation and numerical simulation of local scour development downstream of
a weir, TNF, Johannes Kepler Universitat, Linz;

10. http://coral.ufsm.br/aerodesign/Biblioteca/pdf/documentos/escoam.pdf, 15 de
Dezembro de 2015;

11. http://foam.sourceforge.net, OpenFOAM Userguide, 14 de Maio de 2015;

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Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

12. Hydraulic Engineering Circular No. 18. 2012 - Evaluating Scour at Bridges, U.S.
Department of Transportation, Federal Highway Administration, Fifht Edition;

13. Mangiavacchi, N., Nonato,L. G., Ferreira, V. G., Estacio, K.C. 2006 - Um método
o
meshless para simulação de escoamento de fluidos em cavidades de moldes, 16
POSMEC, Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia
Mecânica;

14. Manual Teórico de Hidráulica II. 2007, Universidade Eduardo Mondlane;

15. Ramos, P. 2012 - Modelação Numérica do Escoamento em torno de um Pilar,


Engenharia Civil, Universidade do Porto, Porto, Portugal;

16. Rodrigues, J. 2012 - Estudo da influência da secção transversal dos pilares na


força de arrasto, Engenharia, Universidade da Beira Interior, Covilhã;

17. Roulund, A. 2004 - Numerical and experimental investigation of flow and scour
around a circular pile, Engineering, Cambridge University, United Kingdom:
Cambridge University Press, pp. 351-401;

18. Sayma, A. 2009 - Computational Fluid Dynamics, bookboon.com, 18 de Junho de


2016;

19. Simões, A. L. 2012 - Escoamentos turbulentos em canais com o fundo em degraus:


resultados experimentais, soluções numéricas e proposições teóricas, Universidade
de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos;

20. Tseng, M., Yen, C., Song, C. 2000 - International Journal for Numerical Methods in
Fluids;AWQ

21. Vilela Junior, G. B. - Dinâmica dos fluidos,


http:/www.cpaqv.org/biomecanica/mecanica fluidos01.pdf, 21 de Dezembro de
2015;

22. White, F.M. 2011 - Fluid Mechanics, Seventh Edition, McGraw-Hill.

Gizela Zucula 84
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Bibliografia Complementar

1. Freire, A. 1990 - Teoria de Camada Limite, Programa de Engenharia Mecânica,


Universidade Federal do Rio de Janeiro;

2. Ferreira, H. 2006 - Escoamento de fluidos newtonianos e viscoelasticos em torno


de um cilindro: Estudo numérico de efeitos tridimensionais, Tese de Mestrado,
Universidade do Porto, Portugal;

3. http://fem.unicamp.br/~franklin/EM524/aula_em524_pdf/aula-17.pf, Escoamento
Externo, 20 de Junho de 2016;

4. http://inf.pucrs.br/~pinho/Laprol/IntroC/IntroC.html, 15 de Maio de 2015;

5. http://web.ccead.puc-
rio.br/condigital/mvsl/museu%20virtual/curiosidades%20e%20descobertas/Massas
_e_Volumes/pdf_CD/CD_massas_e_volumes_iguais.pdf, 13 de Junho de 2016;

6. http://www.cpaqv.org/biomecanica/mecanicafluidos01.pdf, 21 de Dezembro de
2015;

7. http://www.fem.unicamp.br/~em712/arrasto.doc, 16 de Maio de 2016;

8. Pessoa, J. 2013 - Aproximação da camada limite, Universidade Federal da


Paraíba, Centro de Tecnologia.

9. Couto, L. 2010 - Erosões localizadas junto de pilares de pontes sobre leitos


aluvionares. Portugal;

10. De Medina, P. 2008 - Estudio y simulación numérica del transporte de sedimentos


en flujos con superficie libre, Ingeniería Mecánica y Mecánica de Fluidos, E.T.S.
Ingenieros Industriales, Málaga, Espana;

11. González, A. 2009 - Mesh motion altenatives in OpenFOAM, Goteborg, Sweden

12. Smith, H., Foster, D. 2005 - Modeling of Flow Around a Cylinder Over a Scoured
Bed, Journal of Waterway, Port, Coastal, and Ocean Engineering;

13. Huang, W., Yang, Q., Xiao, H. 2008 - CFD modeling of scale effects on turbulence
flow and scour around bridge piers, Elsevier, United States, p. 1050-1058;

Gizela Zucula 85
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

14. Jahangirzadeh, A. 2014 - Experimental and Numerical Investigation of the Effect of


Different Shapes of Collars on the Reduction of Scour around a Single Bridge Pier,
Centro de Investigacion Cientifica y Educacion Superior de Ensenada, Vanessa
Magar, Mexico;

15. Lima, M. 2008 - Estudo Experimental da Erosão Localizada na Proximidade de


Pilares de Pontes, Engenharia Civil, Universidade do Minho, Guimarães, Portugal;

16. Moreland, K. 2013 - The ParaView Tutorial, Sandia National Laboratories;

17. Nilsson, H., Petit, O. 2009 - Pre-processing in OpenFOAM, Mesh generation,


Chalmers University of Technology;

18. Pfleger, F., Rapp, C., Manhart, M. 2010 - Experimental investigation on the
sediment movement in the vicinity of a cylindrical bridge pier, Technische
Universitat Munchen, German;

19. Ramos, P., Pêgo, J., Maia, R. 2012 - Modelação Numérica do Escoamento em
torno de um Pilar. 7a Jornada de Hidráulica, Recursos Hídricos e Ambiente;

20. Rapp, C., Eder, K., Stilla, U. 2011 - 3D determination of the scour evolution around
a bridge pier by photogrammetric means, Germany;

21. Barbosa, É. 2010 - Estudo da Perda de carga em Tubulações e Acessórios


utilizando o OpenFoam, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-Minas
Gerais;

Gizela Zucula 86
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Anexos
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Anexo I. Valor de coeficientes de arrasto para objectos


bi e tri dimensionais

Coeficientes de arrasto de objectos bidimensionais para Re = 10^5

Gizela Zucula A I-2


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Coeficientes de arrasto para objectos tridimensionais, Re = 10^5 (Cd Baseado na área frontal)

Gizela Zucula A I-3


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Anexo II. Arquivos do OpenFoam

Arquivo/ Pasta Sub-Directory-System

ControlDict Definição do tempo de início e fim, variação temporal de


simulação, métodos de registo de resultados.

FvSchemes Definição de todos os métodos de discretização a aplicar na


simulação.

FvSolution Definição de resíduos máximos e número de iterações.

SetFieldsDict Em problemas de superfície livre, as condições iniciais para a


fracção de volume dos dois fluídos precisa ser bem definida. Se
considerar-se o campo interno como uniforme, então somente
um fluido ocupa o domínio, daí que o setFields divide o domínio
em duas partes (volume de água e volume de ar) e dá
diferentes valores de gama (0 e 1) para cada região

SnappyHexMeshDict Definição de formas da geometria, grau de refinamento da


malha.

Subdirectório constant

TransportProperties Definição do modelo de transporte das duas fases. Neste file


são dados também os coeficientes de cálculo e informação
sobre a viscosidade e densidade das duas fases.

turbulenceProperties Definição do modelo de resolução numérica.

G Definição do vector da aceleração de gravidade e sua


orientação.

RASProperties Definição do modelo de turbulência.

BlockMeshDict Definição das dimensões dos contornos principais da geometria,


e as condições de fronteira.

Gizela Zucula A II-4


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Subdirectório 0

alpha1 Definição das condições de fronteira para o cálculo numérico do


andamento da superfície livre.

K Definição da energia cinética turbulenta, para os elementos


antes definidos com a condição de parede (velocidade nula ou
indefinida).

Épsilon Definição da taxa de dissipação específica da energia cinética


turbulenta.

U Definição das condições de fronteira para velocidade nos


elementos do domínio.

p_rgh Definição das condições iniciais de pressão para os elementos


da geometria.

Nut Definição das condições de fronteira para atribuição de forças


viscosas aos elementos anteriormente definidos com a condição
de parede (velocidade nula).

Gizela Zucula A II-5


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Anexo III. Comandos de execução do IHFOAM

Geração da geometria e malha Execução do cálculo


numérico
echo create log folder echo preparing 0 folder
mkdir -p logs rm -fr 0
echo running blockMesh cp -r 0.org
blockMesh > blockMesh.log echo creating logs folder
echo running snappyHexMesh mkdir -p logs
snappyHexMesh -overwrite > echo setting the fields
logs/snappyHexMesh.log
echo simulation complete setFields > logs/setFields.log
echo running ihfoam single
core
ihFoam >
logs/ihFoamSingleCore.log &
echo simulation log
tail -f
logs/ihFoamSingleCore.log
echo simulation complete

Após terminar o processamento deve-se salvar os resultados da simulação em formato


VTK para visualização no paraview através do comando foamToVTK.

1. Abrir o paraview através da terminal escrevendo paraview.

2. File – Open – Select folder – Select file (VTK file da simulação) – Apply

3. Para ver na tela as animações, os gráficos, a malha, variação com o tempo, etc.,
seguem-se as indicações que constam no manual do utilizador do paraview, bem
como nos tutoriais disponíveis para o usuário.

Gizela Zucula A III-6


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Anexo IV. Ficheiros de definição das simulações

a) blockMeshDict
/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\
| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 1.7.1 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.com |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
object blockMeshDict;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //
convertToMeters 1;
minX 0.00;
maxX 120.00;
minY 0.00;
maxY 60.00;
minZ 0.00;
maxZ 10.00;

Nx 120;
Ny 60;
Nz 40;
/*
6 __________ 2
/| /| X
/ /| /

Gizela Zucula A IV-7


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

/ / | /
/ Z / |/
/ 5|_ | / _|
/ / |/ /1
/ |/ /
7 /__________/ /
| 3| /
| | /
| | /
| |/
Y_ _ _ |/__________|/
4 0
*/

vertices
(
($minX $minY $minZ)
($maxX $minY $minZ)
($maxX $minY $maxZ)
($minX $minY $maxZ)
($minX $maxY $minZ)
($maxX $maxY $minZ)
($maxX $maxY $maxZ)
($minX $maxY $maxZ)
);

blocks
(
hex (0 1 5 4 3 2 6 7) ($Nx $Ny $Nz) simpleGrading (1 1 1)
);

edges
(
);
Gizela Zucula A IV-8
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

boundary
(
inlet
{
type patch;
faces
(
(0 4 7 3)
);
}
outlet
{
type patch;
faces
(
(1 5 6 2)
);
}
sideFront
{
type patch;
faces
(
(0 3 2 1)
);
}
sideBack
{
type patch;
faces
(
(4 5 6 7)
);
Gizela Zucula A IV-9
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

}
bottom
{
type wall;
faces
(
(0 1 5 4)
);
}
atmosphere
{
type patch;
faces
(
(3 2 6 7)
);
}
);
mergePatchPairs
(
);

// ************************************************************************* //

b) SnappyHexMeshDict

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 2.2.2 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile

Gizela Zucula A IV-10


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
object autoHexMeshDict;
}

// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

// Which of the steps to run


castellatedMesh true;
snap true;
addLayers false;

// Geometry. Definition of all surfaces. All surfaces are of class


// searchableSurface.
// Surfaces are used
// - to specify refinement for any mesh cell intersecting it
// - to specify refinement for any mesh cell inside/outside/near
// - to 'snap' the mesh boundary to the surface
geometry
{
//- Refine a around the cilinder
Pier
{
type searchableBox; //region defined by bounding Box
min (46.45 26.45 -10);
max (53.55 33.55 20);

regions // definition of regions of stl


{
region0 // STL-defined patch name
{
Gizela Zucula A IV-11
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

name pier; // user-assigned patch name


}
}
}

refinementBox //USER DEFINED REGION NAME


{
type searchableBox;
min (40 15 -10);
max ( 160 40 20);
}
};

// Settings for the castellatedMesh generation.


castellatedMeshControls
{

// Refinement parameters
// ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

// If local number of cells is >= maxLocalCells on any processor


// switches from from refinement followed by balancing
// (current method) to (weighted) balancing before refinement.
maxLocalCells 100000000;

// Overall cell limit (approximately). Refinement will stop immediately


// upon reaching this number so a refinement level might not complete.
// Note that this is the number of cells before removing the part which
// is not 'visible' from the keepPoint. The final number of cells might
// actually be a lot less.
maxGlobalCells 20000000;

// The surface refinement loop might spend lots of iterations refining just a
Gizela Zucula A IV-12
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

// few cells. This setting will cause refinement to stop if <= minimumRefine
// are selected for refinement. Note: it will at least do one iteration
// (unless the number of cells to refine is 0)
minRefinementCells 0;

// Number of buffer layers between different levels.


// 1 means normal 2:1 refinement restriction, larger means slower
// refinement.
nCellsBetweenLevels 1;

// Explicit feature edge refinement


// ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

// Specifies a level for any cell intersected by its edges.


// This is a featureEdgeMesh, read from constant/triSurface for now.
features
(
);

// Surface based refinement


// ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

// Specifies two levels for every surface. The first is the minimum level,
// every cell intersecting a surface gets refined up to the minimum level.
// The second level is the maximum level. Cells that 'see' multiple
// intersections where the intersections make an
// angle > resolveFeatureAngle get refined up to the maximum level.

refinementSurfaces
{
Gizela Zucula A IV-13
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

Pier
{
// Surface-wise min and max refinement level
level (1 1);
}
}

resolveFeatureAngle 30;

// Region-wise refinement
// ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

// Specifies refinement level for cells in relation to a surface. One of


// three modes
// - distance. 'levels' specifies per distance to the surface the
// wanted refinement level. The distances need to be specified in
// descending order.
// - inside. 'levels' is only one entry and only the level is used. All
// cells inside the surface get refined up to the level. The surface
// needs to be closed for this to be possible.
// - outside. Same but cells outside.

refinementRegions
{
// Pier
// { // refinement level 2 within 2.0 m
// mode distance; // refinement level 3 within 1.0 m
// levels ((8.0 1)); //(2.0 2)); // (1.0 3)); // levels must be ordered nearest first
// }
// refinementBox
// {
// mode inside; // refinement level 3 within 2.0 m
// levels ((1 1));
Gizela Zucula A IV-14
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

// }
}

// Mesh selection
// ~~~~~~~~~~~~~~

// After refinement patches get added for all refinementSurfaces and


// all cells intersecting the surfaces get put into these patches. The
// section reachable from the locationInMesh is kept.
// NOTE: This point should never be on a face, always inside a cell, even
// after refinement.
// This is an outside point locationInMesh (-0.033 -0.033 0.0033);
locationInMesh (25 30 5); // Inside point

// Whether any faceZones (as specified in the refinementSurfaces)


// are only on the boundary of corresponding cellZones or also allow
// free-standing zone faces. Not used if there are no faceZones.
allowFreeStandingZoneFaces false;
}

// Settings for the snapping.


snapControls
{
//- Number of patch smoothing iterations before finding correspondence
// to surface
nSmoothPatch 3;

//- Relative distance for points to be attracted by surface feature point


// or edge. True distance is this factor times local
// maximum edge length.
tolerance 1.0;
Gizela Zucula A IV-15
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

//- Number of mesh displacement relaxation iterations.


nSolveIter 300;

//- Maximum number of snapping relaxation iterations. Should stop


// before upon reaching a correct mesh.
nRelaxIter 5;

// Feature snapping

//- Number of feature edge snapping iterations.


// Leave out altogether to disable.
nFeatureSnapIter 10;

//- Detect (geometric) features by sampling the surface


implicitFeatureSnap true; //false

//- Use castellatedMeshControls::features


explicitFeatureSnap true;

//- Detect features between multiple surfaces


// (only for explicitFeatureSnap, default = false)
multiRegionFeatureSnap true;
}

// Settings for the layer addition.


addLayersControls
{
// Are the thickness parameters below relative to the undistorted
// size of the refined cell outside layer (true) or absolute sizes (false).
relativeSizes true; //true

Gizela Zucula A IV-16


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

// Per final patch (so not geometry!) the layer information


layers
{
pier
{
nSurfaceLayers 4;
}
}

// Expansion factor for layer mesh


expansionRatio 1.0;

// Wanted thickness of final added cell layer. If multiple layers


// is the thickness of the layer furthest away from the wall.
// See relativeSizes parameter.
finalLayerThickness 0.3;

// Minimum thickness of cell layer. If for any reason layer


// cannot be above minThickness do not add layer.
// See relativeSizes parameter.
minThickness 0.25;

// If points get not extruded do nGrow layers of connected faces that are
// also not grown. This helps convergence of the layer addition process
// close to features.
nGrow 0;

// Advanced settings

// When not to extrude surface. 0 is flat surface, 90 is when two faces


// are perpendicular
featureAngle 30;
Gizela Zucula A IV-17
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

// Maximum number of snapping relaxation iterations. Should stop


// before upon reaching a correct mesh.
nRelaxIter 5;

// Number of smoothing iterations of surface normals


nSmoothSurfaceNormals 1;

// Number of smoothing iterations of interior mesh movement direction


nSmoothNormals 3;

// Smooth layer thickness over surface patches


nSmoothThickness 10;

// Stop layer growth on highly warped cells


maxFaceThicknessRatio 0.5;

// Reduce layer growth where ratio thickness to medial


// distance is large
maxThicknessToMedialRatio 0.3;

// Angle used to pick up medial axis points


minMedianAxisAngle 90;

// Create buffer region for new layer terminations


nBufferCellsNoExtrude 0;

// Overall max number of layer addition iterations. The mesher will exit
// if it reaches this number of iterations; possibly with an illegal
// mesh.
nLayerIter 50;

// Max number of iterations after which relaxed meshQuality controls


Gizela Zucula A IV-18
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

// get used. Up to nRelaxIter it uses the settings in meshQualityControls,


// after nRelaxIter it uses the values in meshQualityControls::relaxed.
nRelaxedIter 20;
}

// Generic mesh quality settings. At any undoable phase these determine


// where to undo.
meshQualityControls
{
//- Maximum non-orthogonality allowed. Set to 180 to disable.
maxNonOrtho 65;

//- Max skewness allowed. Set to <0 to disable.


maxBoundarySkewness 20;
maxInternalSkewness 4;

//- Max concaveness allowed. Is angle (in degrees) below which concavity
// is allowed. 0 is straight face, <0 would be convex face.
// Set to 180 to disable.
maxConcave 80;

//- Minimum pyramid volume. Is absolute volume of cell pyramid.


// Set to a sensible fraction of the smallest cell volume expected.
// Set to very negative number (e.g. -1E30) to disable.
minVol 1e-13;

//- Minimum quality of the tet formed by the face-centre


// and variable base point minimum decomposition triangles and
// the cell centre. Set to very negative number (e.g. -1E30) to
// disable.
// <0 = inside out tet,
// 0 = flat tet
Gizela Zucula A IV-19
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

// 1 = regular tet
minTetQuality 1e-9;

//- Minimum face area. Set to <0 to disable.


minArea -1;

//- Minimum face twist. Set to <-1 to disable. dot product of face normal
//- and face centre triangles normal
minTwist 0.05;

//- minimum normalised cell determinant


//- 1 = hex, <= 0 = folded or flattened illegal cell
minDeterminant 0.001;

//- minFaceWeight (0 -> 0.5)


minFaceWeight 0.05;

//- minVolRatio (0 -> 1)


minVolRatio 0.01;

//must be >0 for Fluent compatibility


minTriangleTwist -1;

//- if >0 : preserve single cells with all points on the surface if the
// resulting volume after snapping (by approximation) is larger than
// minVolCollapseRatio times old volume (i.e. not collapsed to flat cell).
// If <0 : delete always.
//minVolCollapseRatio 0.5;

// Advanced

//- Number of error distribution iterations


nSmoothScale 4;
Gizela Zucula A IV-20
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

//- amount to scale back displacement at error points


errorReduction 0.75;

// Optional : some meshing phases allow usage of relaxed rules.


// See e.g. addLayersControls::nRelaxedIter.
relaxed
{
//- Maximum non-orthogonality allowed. Set to 180 to disable.
maxNonOrtho 75;
}
}

// Advanced

// Flags for optional output


// 0 : only write final meshes
// 1 : write intermediate meshes
// 2 : write volScalarField with cellLevel for postprocessing
// 4 : write current intersections as .obj files
debug 0;

// Merge tolerance. Is fraction of overall bounding box of initial mesh.


// Note: the write tolerance needs to be higher than this.
mergeTolerance 1E-6;

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-21


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

c) setFieldsDict

/*---------------------------------------------------------------------------*\
| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 1.3 |
| \\ / A nd | Web: http://www.openfoam.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
location "system";
object setFieldsDict;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

defaultFieldValues
(
volScalarFieldValue alpha1 0
volVectorFieldValue U (0.28 0 0)
);
regions
(
boxToCell
{
box (-1 -100 -1) (200 100 5);

fieldValues
(
volScalarFieldValue alpha1 1
volVectorFieldValue U (0.28 0 0)
Gizela Zucula A IV-22
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

);
faceValues
(
volScalarFaceValue alpha1 1
volVectorFaceValue U (0.28 0 0)
);
}
);

Gizela Zucula A IV-23


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

d) g
/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\
| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 1.6 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class uniformDimensionedVectorField;
location "constant";
object g;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

dimensions [0 1 -2 0 0 0 0];
value ( 0 0 -9.81 );

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-24


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

e) RASProperties

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 2.1.0 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
location "constant";
object RASProperties;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

RASModel kEpsilon;

turbulence on;

printCoeffs on;

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-25


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

f) transportProperties

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 2.1.0 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
location "constant";
object transportProperties;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

twoPhase
{
transportModel twoPhase;
phase1 phase1;
phase2 phase2;
}

phase1
{
transportModel Newtonian;
nu nu [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 1e-06;
rho rho [ 1 -3 0 0 0 0 0 ] 1000;
CrossPowerLawCoeffs
{
nu0 nu0 [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 1e-06;
Gizela Zucula A IV-26
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

nuInf nuInf [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 1e-06;


m m [ 0 0 1 0 0 0 0 ] 1;
n n [ 0 0 0 0 0 0 0 ] 0;
}

BirdCarreauCoeffs
{
nu0 nu0 [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 0.0142515;
nuInf nuInf [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 1e-06;
k k [ 0 0 1 0 0 0 0 ] 99.6;
n n [ 0 0 0 0 0 0 0 ] 0.1003;
}
}

phase2
{
transportModel Newtonian;
nu nu [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 1.48e-05;
rho rho [ 1 -3 0 0 0 0 0 ] 1;
CrossPowerLawCoeffs
{
nu0 nu0 [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 1e-06;
nuInf nuInf [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 1e-06;
m m [ 0 0 1 0 0 0 0 ] 1;
n n [ 0 0 0 0 0 0 0 ] 0;
}

BirdCarreauCoeffs
{
nu0 nu0 [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 0.0142515;
nuInf nuInf [ 0 2 -1 0 0 0 0 ] 1e-06;
k k [ 0 0 1 0 0 0 0 ] 99.6;
n n [ 0 0 0 0 0 0 0 ] 0.1003;
}
Gizela Zucula A IV-27
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

sigma sigma [ 1 0 -2 0 0 0 0 ] 0.07;

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-28


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

g) turbulenceProperties

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 2.1.0 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
location "constant";
object turbulenceProperties;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

simulationType RASModel;

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-29


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

h) alpha1

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 1.5-dev |
| \\ / A nd | Web: http://www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class volScalarField;
object alpha;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

dimensions [0 0 0 0 0 0 0];

internalField uniform 0;

boundaryField
{
inlet
{
type IH_Waves_InletAlpha;
waveDictName IHWavesDict;
value uniform 0;
}
outlet
{
type inletOutlet;
inletValue uniform 1;
Gizela Zucula A IV-30
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

value uniform 0;
}
"side.*"
{
type zeroGradient;
}
bottom
{
type zeroGradient;
}
pier
{
type zeroGradient;
}
atmosphere
{
type inletOutlet;
inletValue uniform 0;
value uniform 0;
}
}

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-31


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

i) epsilon

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 1.5-dev |
| \\ / A nd | Web: http://www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class volScalarField;
object epsilon;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

dimensions [0 2 -3 0 0 0 0];

internalField uniform 0.0001;

boundaryField
{
inlet
{
type zeroGradient;
}
outlet
{
type zeroGradient;
}
"side.*"
{
Gizela Zucula A IV-32
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

type zeroGradient;
}
bottom
{
type epsilonWallFunction;
value uniform 0.0001;
}
pier
{
type epsilonWallFunction;
value uniform 0.0001;
}
atmosphere
{
type inletOutlet;
inletValue uniform 0.0001;
value uniform 0.0001;
}
}

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-33


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

j) k

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 1.5-dev |
| \\ / A nd | Web: http://www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class volScalarField;
location "0";
object k;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

dimensions [0 2 -2 0 0 0 0];

internalField uniform 0.0001;

boundaryField
{
inlet
{
type zeroGradient;
}
outlet
{
type zeroGradient;
}
"side.*"
Gizela Zucula A IV-34
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

{
type zeroGradient;
}
bottom
{
type kqRWallFunction;
value uniform 0.0001;
}
pier
{
type kqRWallFunction;
value uniform 0.0001;
}
atmosphere
{
type inletOutlet;
inletValue uniform 0.0001;
value uniform 0.0001;
}
}

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-35


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

k) nut

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 2.1.1 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class volScalarField;
location "0";
object nut;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

dimensions [0 2 -1 0 0 0 0];

internalField uniform 0;

boundaryField
{
inlet
{
type calculated;
value uniform 0;
}
outlet
{
type calculated;
value uniform 0;
Gizela Zucula A IV-36
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

}
atmosphere
{
type calculated;
value uniform 0;
}
"side.*"
{
type zeroGradient;
}
bottom
{
type nutURoughWallFunction;
value uniform 0;
roughnessHeight 2e-3;
roughnessConstant 0.5;
roughnessFactor 1;
}
pier
{
type nutURoughWallFunction;
value uniform 0;
roughnessHeight 2e-3;
roughnessConstant 0.5;
roughnessFactor 1;
}
}

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-37


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

l) p_rgh

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 1.5-dev |
| \\ / A nd | Web: http://www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class volScalarField;
object p_rgh;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

dimensions [1 -1 -2 0 0 0 0];

internalField uniform 0;

boundaryField
{
inlet
{
type buoyantPressure;
value uniform 0;
}
outlet
{
type buoyantPressure;
value uniform 0;
}
Gizela Zucula A IV-38
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

"side.*"
{
type buoyantPressure;
value uniform 0;
}
bottom
{
type buoyantPressure;
value uniform 0;
}
pier
{
type buoyantPressure;
value uniform 0;
}
atmosphere
{
type totalPressure;
U U;
phi phi;
rho rho;
psi none;
gamma 1;
p0 uniform 0;
value uniform 0;
}
}

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-39


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

m) U

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 2.1.1 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format binary;
class volVectorField;
location "0";
object U;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

dimensions [0 1 -1 0 0 0 0];

internalField uniform (0.28 0 0);

boundaryField
{
inlet
{
type IH_Waves_InletVelocity;
waveDictName IHWavesDict;
value uniform (0.28 0 0);
}
outlet
{
type inletOutlet;
Gizela Zucula A IV-40
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

inletValue uniform (0 0 0);


value uniform (0 0 0);
}
sideFront
{
type zeroGradient;
}
sideBack
{
type zeroGradient;
}
bottom
{
type fixedValue;
value uniform (0 0 0);
}
atmosphere
{
type pressureInletOutletVelocity;
value uniform (0.28 0 0);
}
pier
{
type fixedValue;
value uniform (0 0 0);
}
}

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-41


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

n) fvSchemes

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 2.1.1 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
location "system";
object fvSchemes;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

ddtSchemes
{
default Euler;
}

divSchemes
{

div(phi,alpha) Gauss vanLeer;


div(phirb,alpha) Gauss interfaceCompression;
div(phi,k) Gauss upwind;
div(phi,epsilon) Gauss upwind;
div(phi,R) Gauss upwind;
div(R) Gauss linear;
div(phi,nuTilda) Gauss upwind;
Gizela Zucula A IV-42
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

div((nuEff*dev(T(grad(U))))) Gauss linear;


}
gradSchemes
{
default Gauss linear;
grad(U) cellLimited Gauss linear 1;
}

divSchemes
{
div(rho*phi,U) Gauss linear;
// div(rho*phi,U) Gauss linearUpwindV grad(U);
div(phi,alpha) Gauss vanLeer;
div(phirb,alpha) Gauss interfaceCompression;
div(phi,k) Gauss upwind;
div(phi,epsilon) Gauss upwind;
div(phi,omega) Gauss upwind;
div(phi,R) Gauss upwind;
div(R) Gauss linear;
div(phi,nuTilda) Gauss upwind;
div((nuEff*dev(T(grad(U))))) Gauss linear;
div((rho*phi|interpolate(porosity)),U) Gauss linear;
}

laplacianSchemes
{
default Gauss linear corrected;
}

interpolationSchemes
{
default linear;
}

Gizela Zucula A IV-43


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

snGradSchemes
{
default corrected;
}

fluxRequired
{
default no;
p_rgh;
pcorr;
alpha;
}

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-44


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

o) fvSolution

/*--------------------------------*- C++ -*----------------------------------*\


| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 2.1.1 |
| \\ / A nd | Web: www.OpenFOAM.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
class dictionary;
location "system";
object fvSolution;
}
// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

solvers
{
pcorr
{
solver PCG;
preconditioner DIC;
tolerance 1e-10;
relTol 0;
}

p_rgh
{
solver PCG;
preconditioner DIC;
tolerance 1e-07;
Gizela Zucula A IV-45
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

relTol 0.05;
}

p_rghFinal
{
solver PCG;
preconditioner DIC;
tolerance 1e-07;
relTol 0;
}

"(U|k|epsilon|omega)"
{
solver PBiCG;
preconditioner DILU;
tolerance 1e-06;
relTol 0;
}

"(U|k|epsilon|omega)Final"
{
solver PBiCG;
preconditioner DILU;
tolerance 1e-08;
relTol 0;
}
}

PIMPLE
{
momentumPredictor no;
nCorrectors 3;
nNonOrthogonalCorrectors 0;
nAlphaCorr 1;
Gizela Zucula A IV-46
Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

nAlphaSubCycles 4;
cAlpha 1;
}

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-47


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

p) controlDict

/*---------------------------------------------------------------------------*\
| ========= | |
| \\ / F ield | OpenFOAM: The Open Source CFD Toolbox |
| \\ / O peration | Version: 1.3 |
| \\ / A nd | Web: http://www.openfoam.org |
| \\/ M anipulation | |
\*---------------------------------------------------------------------------*/
FoamFile
{
version 2.0;
format ascii;
location "system";
class dictionary;
object controlDict;
}

// * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * //

application interFoam;

startFrom latestTime;

startTime 0;

stopAt endTime;

endTime 30;

deltaT 0.001;

writeControl adjustableRunTime;

Gizela Zucula A IV-48


Modelação Numérica do Escoamento em torno de Pilares

writeInterval .5;

purgeWrite 0;

writeFormat binary;

writePrecision 6;

writeCompression uncompressed;

timeFormat general;

timePrecision 6;

runTimeModifiable yes;

adjustTimeStep yes;

maxCo 1;
maxAlphaCo 1;

maxDeltaT 0.1;

// ************************************************************************* //

Gizela Zucula A IV-49

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