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Clinicas do trabalho - 2011

Pedro F. Bendassolli & Lis Andrea P. Soboll

Capitulo 1 - Introdução as clinicas do trabalho: aportes teóricos, pressupostos e


aplicações
Introdução
■Clinicas do trabalho - Conjuntos de teorias que tem como foco a relação entre trabalho
e subjetividade, que estuda a situação do trabalho com o sujeito de um lado e o trabalho
e o meio de outro. A clinica do trabalho pesquisa a realidade vivenciada pelos sujeitos e
contempla alem das vivencias de sofrimento ancoradas nas experiências objetivas e
subjetivas do trabalho também os processos criativos e construtivos do sujeito, bem
como sua capacidade de mobilização, de agir e de resistência face ao real do trabalho.
Clinicas do trabalho e o campo da psicologia organizacional e do trabalho
■As teorias cognitivo comportamentais buscam a previsão e o controle do
comportamento com objetivo de controle da gestão buscando desempenho e
produtividade. As abordagens clinicas buscam a relação entre trabalho e os processos de
subjetivação. Esses conhecimentos "podem subsidiar ações de mobilizações e
resistências dos sujeitos individuais e coletivos diante das diversas situações de
trabalho, nas quais predominam a vulnerabilidade e a segmentação dos coletivos, sejam
elas manifestadas na forma de sofrimento, adoecimento ou de submissão, como também
na forma de demandas de provas do real do trabalho contra as quais o sujeito é chamado
a se afirmar.
■Em busca do aumento do poder de agir dos sujeitos as clinicas do trabalho privilegiam
metodologias qualitativas especialmente aquelas em que os sujeitos são colocados a
refletir sobre suas praticas. Ex: "auto confrontação cruzada" ou "grupos de analises das
praticas".
Origens e filiações.
■Sivadon (1957) "neuroses de trabalho" situações de insegurança e de conflitos
desencadeavam desequilíbrio. Veil (1964) ampliação da analise de Sivadon incluindo
organização do trabalho. Le Guillant (1984) propõe a indivisível união entre individuo e
seu meio.
Temas de pesquisa e focos de intervenção
■A literatura identifica três grupos de trabalho que pesquisam o crescente numero de
exigências e demandas das organizações aos indivíduos e a diminuição dos recursos
pessoais e coletivos para seu enfrentamento
 "patologias de atividades" ou "patologias de sobrecarga" - transtornos
musculoesqueléticos alem se stress, fadiga, karoshi e bournout. Bloqueia as
atividades do sujeito. Um exemplo é a divisão taylorista do trabalho.
 "patologias da solidão e indeterminação no trabalho" - são baseadas na
segmentação da coletividade no trabalho ou na individualização como, por
exemplo, na remuneração variável ou como no setor de serviços a relação inter-
pessoal com o cliente onde não esta estabelecido a dimensão do trabalho
 Maus tratos e violência no trabalho - podendo ser o assedio moral ou qualquer
outra forma de violência que coloque o sujeito em uma situação desproporcional
de afrontamento com o poder da organização.
As teorias clinicas do trabalho
■Psicodinâmica do trabalho - baseado na psicanálise, ergonomia e na sociologia do
trabalho. Discute o sujeito em relação com outro. Considera o reconhecimento como
instrumento de transformação do sofrimento em prazer, e o trabalho como constituinte
do sujeito, como ponto central nos processos de subjetivação e entende o trabalho na
sua dimensão prescrita e real. A pesquisa da psicodinâmica do trabalho intervém
diretamente na percepção dos trabalhadores naquilo que eles fazem e relatam, mas não
são capazes de perceber. Funda-se aí uma noção coletiva do que se vivencia no trabalho
mudando a relação subjetiva dos trabalhadores com o seu próprio trabalho.
■A clínica da atividade. Tem como principal representante Yves Clot e é baseado nas
teorias de Vygotsky e Leontiev. A idéia principal é de que o trabalho não é só uma tarefa
mas a evolução cognitiva na busca de aumentar o poder de agir sobre o mundo e sobre
si mesmo. O trabalho é visto como um processo histórico e a subjetividade é constituída
no processo do trabalho. O reconhecimento aqui tem relação com o indivíduo
reconhecer-se na atividade.
■A psicossociologia. Busca investigar as reciprocidades entre o coletivo e o individual.
Contribuiu nos conceitos de organização que inclui elementos técnicos normativos, uma
dimensão simbólica (cultura) e uma dimensão imaginária(representação compartilhada)
e de instituição definida como um conjunto de signos e simbolos. Estuda os vínculos
dos indivíduos com as organizações e instituições e seu campo de trabalho é na
intervenção da relação do indivíduo com estas instituições e organizações.
■A Ergologia propõe a observação do indivíduo no trabalho para poder escutar e
aprender e depois adaptar e depois intervir no trabalho para transformá-lo. Para a
ergologia o trabalho é constantemente reformulado e todas as dimensões da atividade
humana tem que ser compreendida.
Pressupostos compartilhados.
 O poder de agir do sujeito em relação ao trabalho
 A realização do trabalho como um ato de transformação do real e de construção
de significados. O sujeito na dimensão total do trabalho é aquele que age entre o
trabalho normatizado e prescrito e o imprevisto, ou seja, o trabalho real. A
racionalização do trabalho busca diminuir este total de trabalho, que é restiuido
na clinica do trabalho
 A visão do sujeito em mais de uma dimensão ex: sujeito com conflitos internos e
o sujeito da alteridade.
 A visão da perda da identidade do sujeito no coletivo do trabalho.

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