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Ministério da Terra e Ambiente

Administração Nacional das Áreas de Conservação

Relatório do Encontro da Ferramenta de Rastreio da Efectividade de Gestão das


Áreas de Conservação (METT) e Conselho Gestão da APAIPS

Dezembro de 2021
METT e Conselho de Gestão APAIPS

Índice
Contextualização ............................................................................................................................. 3

Objectivos.................................................................................................................................... 4

1. FERRAMENTA DE RASTREIO DA EFECTIVIDADE DE GESTÃO DAS ÁREAS DE


CONSERVAÇÃO (METT) ............................................................................................................ 5

Procedimentos para Avaliação do METT ................................................................................... 5

Observações ................................................................................................................................ 6

Resultados da Avaliação ............................................................................................................. 6

Passos subsequentes .................................................................................................................... 9

2. ESTABELECIMENTO DO CONSELHO DE GESTÃO DA APAIPS................................... 10

Passos subsequentes .................................................................................................................. 12


METT e Conselho de Gestão APAIPS

Contextualização

As Áreas de Conservação têm um papel chave na protecção, preservação, manutenção, restauração


e garantia da gestão sustentável da biodiversidade biológica. Em Moçambique, a gestão das Áreas
de Conservação é feita pela Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), cuja rede
Nacional de Áreas de Conservação inclui 7 Parques Nacionais, 12 Reservas Nacionais, pelo menos
20 Coutadas Oficiais, e Reservas Florestais. Encontram-se, igualmente, no quadro de gestão da
ANAC outras categorias de Áreas de Conservação, como é o caso das fazendas de bravio
destinadas ao desenvolvimento do turismo cinegético como também as 3 Áreas de Conservação
Comunitária, e Reservas Florestais. A Rede Nacional de Áreas de Conservação cobre actualmente
26% da área terrestre do território nacional (Biofund, 2020), impondo desafios à gestão das áreas
e ao alcance dos objectivos definidos nos seus Planos de Maneio, que incluem objectivos de
conservação. Uma das respostas para estes desafios, que não são somente das Áreas de
Conservação em Moçambique, tem sido a necessidade de melhoria da efectividade de gestão das
Áreas de Conservação (WWF, 2007).

De modo a proceder com a avaliação da eficácia de gestão das Áreas de Conservação, várias
ferramentas têm sido desenvolvidas para uma gama de situações que requerem diferentes métodos.
A Comissão Mundial de Áreas Protegidas (IUCN-WCPA) desenvolveu uma matriz para avaliação
da efectividade de gestão das áreas de protecção, que dá directrizes gerais para o desenvolvimento
de sistemas de avaliação e, encoraja a utilização de padrões para a avaliação e reporte da
Efectividade de Gestão de Áreas Protegidas (Hockings, M., at al, 2006).

A Ferramenta de Rastreamento da Efectividade de Gestão (METT) é uma das ferramentas


desenvolvidas em torno da matriz de efectividade de gestão da IUCN-WCPA. Esta ferramenta foi
pela primeira vez desenvolvida pela Aliança Banco Mundial e WWF, criada em 1998 para
Conservação e Uso Sustentável de Florestas. Para avaliar os esforços de implementação das
iniciativas da Aliança, o METT foi publicado em 2003, como uma simples ferramenta de rastreio
para facilitar o reporte sobre a efectividade de gestão. Deste a sua criação, a ferramenta tem sido
melhorada e actualizada, sendo uma das preferências para o efeito designado e amplamente usada
em Áreas de Conservação com diversos ecossistemas. A ferramenta é a título de exemplo
METT e Conselho de Gestão APAIPS
actualmente obrigatória em algumas linhas dos projectos da Global Environment Facility (GEF) e
recomendada aos gestores de Áreas de Protecção para a monitoria do progresso na implementação
dos compromissos da Convenção de Diversidade Biológica e Convenção de RAMSAR sobre
terras húmidas.

Como ferramenta, o METT consiste numa abordagem simples, através de um questionário que
inclui pontuações e uma ficha de avaliação do grau de risco das ameaças à área de conservação.
Esta ferramenta é básica e simples de usar e providencia mecanismos para monitoria e reporte da
efectividade de gestão ao longo do tempo, permitindo que a Administração da Área de
Conservação, doadores e parceiros identifiquem necessidades, limitações, e acções prioritárias
para a Gestão da Área de Conservação.

Neste âmbito a ANAC em colaboração com os parceiros que incluem o WWF-Moçambique


realizou uma reunião visando efectuar a análise de efectividade de gestão da Área de Protecção
Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas e o estabelecimento do conselho de gestão nos dias 08
a 09 de Dezembro de 2021 na cidade de Nampula.

Objectivos

Os objectivos da reunião de capacitação em referência neste documento, seguem-se abaixo:

1. Efectuar a análise de efectividade de gestão da Área de Protecção Ambiental das Ilhas


Primeiras e Segundas (APAIPS) usando a Ferramenta de Rastreio de Efectividade de
Gestão (METT).
2. Estabelecer o Conselho de Gestão da APAIPS;
METT e Conselho de Gestão APAIPS
1. FERRAMENTA DE RASTREIO DA EFECTIVIDADE DE GESTÃO DAS ÁREAS DE
CONSERVAÇÃO (METT)

No primeiro dia da missão, isto é, 8 de Dezembro de 2021 decorreu a avaliação METT para
APAIPS, no estabelecimento hoteleiro, New Hotel na cidade de Nampula, que contou a presença
de 24 pessoas, dentre Administradora da APAIPS, Governo provincial e distrital (SPA Nampula,
Administradores de Angoche, Larde, Moma e Pebane), ANAC, BIOFUND, CTV, WWF, IIP,
AENA, presidente do APAPAMOLA, presidente do CCP de Angoche. Apos o registo dos
participantes seguiu-se outros pontos da agenda abaixo:

➢ Intervenção da Administradora da Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e


Segundas (APAIPS) para as notas de boas vindas, apresentação dos participantes
apresentação e aprovação da agenda da reunião, expectativas dos participantes,
considerações para a Covid-19 e apresentação do mecanismo de Reclamação;
➢ Discurso de abertura pelo representante dos Serviços Provinciais do Ambiente;
➢ Contextualização sobre METT como Ferramenta de Rastreio de Efectividade de Gestão
em Áreas de Conservação em Moçambique abordando sobre as noções básicas da Matriz
de Avaliação de Efectividade de Gestão de Áreas de Conservação da IUCN-WCPA;
Conhecimento do METT como ferramenta de avaliação de Efectividade de gestão em
Moçambique, incluindo: Historial de utilização do METT em Moçambique e os principais
desafios, lições e boas práticas na utilização do METT;
➢ Avaliação do METT;

Procedimentos para Avaliação do METT


Para o alcance dos objectivos mencionados acima, como procedimentos, abaixo estão descritos os
elementos necessários que foram considerados para a avaliação METT:

• Participação de Pessoas Chave;


• Formulários do METT – A Avaliação da Efectividade de Gestão usando o METT, foi
feita através de uma avaliação rápida, baseada em questionários pré-definidos, que inclui
secções com pontuação. Assim, para a reunião de capacitação, questionários actualizados
(em português) deverão estar disponíveis e acessíveis aos participantes.
METT e Conselho de Gestão APAIPS
• Apoio técnico para reunião de capacitação – A reunião contou com o apoio técnico de
indivíduos com experiência em METT, incluindo um facilitador e tomador de notas. A
facilitação da reunião de capacitação permite espaço para apresentações, discussão
conjunta, exercícios em grupo, exercícios práticos, partilha de experiências, lições e
desafios relacionados com o METT.
• Engajamento dos participantes – Considerando que a ANAC tem pelo menos 5 anos de
implementação do METT em Áreas de Conservação, valiosas experiências e lições foram
acumuladas e desafios registados que servem para fortificar a implementação desta
ferramenta.

O processo de facilitação da Reunião permitiu a partilha de experiências e lições com o METT dos
participantes, bem como aspectos chave para uma implementação efectiva do METT.

Observações
Durante a realização do METT foram feitas algumas observações das quais destacam-se:

➢ Participação de Pessoas Chave – Nem todas pessoas chaves que participaram do METT
anterior estiveram presentes o que de certa forma pode ter influenciado negativamente na
Avaliação, entretanto esteve presente o parceiro de implementação da APAIPS que esta
ainda na fase de estabelecimento;
➢ Subida dos pontos – Constatou-se uma subida na pontuação de 33 do ano 2020 para 43
em 2021, 10 pontos de acréscimo, o facto pode ser justificado pela presença de outras
pessoas que não estiveram no METT anterior mas que de certa forma são consideradas
chaves para a avaliação como é o caso da CTV actual parceiro de implementação na
APAIPS, que esta ainda na fase de estabelecimento devendo para colher toda informação
disponível relacionada a APAIPS;

Resultados da Avaliação
Para o ano de 2021 obteve-se uma pontuação total de 43 pontos uma subida de 10 pontos
comparativamente ao ano de 2020 da linha de base onde foram obtidos 33 pontos. Analisando cada
questão comparativamente ao ano da linha de base (2020) verifica-se um acréscimo em algumas,
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decréscimos noutras e aquelas questões cuja pontuação não alterou. Abaixo uma tabela com a
pontuação de 2021 e 2020 e as respectivas observações.

Pontuação
N0 Questão Observações
2020 2021
1 Situação legal 3 3
2 Regulamentos da área 2 1.5
protegida
3 Fiscalização 1 0.5 A pontuação decresceu pois a entrada e
repentina saída do Oficial de
Fiscalização de certa forma
desestruturou negativamente a dinâmica
que os agentes vinham tendo com a sua
presença, pois assumimos que primeiro
ele teve que ser induzido a Área, traçar
as suas estratégias antes de actuar
efectivamente, mas antes mesmo que
pudesse avançar de forma significativa
saiu da APAIPS.
4 Objectivos da área protegida 2 1.5
5 Concepção da área protegida 2 3 A pontuação subiu pois assumindo a
forma e tamanho actual realmente
garante a protecção dos aspectos
chaves, entretanto a pedido das partes
interessadas e consenso geral constata-
se a necessidade de adicionar uma zona
tampão simplesmente por também
serem áreas importantes, Mas que nao
impedem que a actual forma e tamanho
mantenha os principais aspectos chaves
6 Demarcação dos limites da área 0 1 A pontuação subiu pois a
Administradora e algumas partes
interessadas conhecem os limites nos
extremos sul e norte e alguns pontos
específicos mas não tem o domínio
sobre ele, necessitando aprofundar o
conhecimento e domínio.
7 Plano de Maneio 2 1.5 A pontuação decresceu pois observando
a pontuação 2 diz que tem um plano
aprovado que é implementado 50%.
Enquanto 1.5 diz que ha um plano
aprovado implementado ate 50% o que
significa que pode ser menos de 50%
que é o caso da APAIPS. Associado à
METT e Conselho de Gestão APAIPS
isso está o facto do Consorcio antes de
se alinhar com os objectivos do plano de
maneio preocupa-se em montar a sua
estrutura e definir linhas de trabalho
(em função claro do plano de maneio).
8 Plano de Trabalho Regular 0 1.5 Subiu pois o WWF trabalhou/trabalha
com a administração da APAIPS no
desenho e implementação do plano
faltando a questão da monitoria do
próprio plano que é limitada pelo apoio
de parceiros.
9 Inventários de recursos 3 2 A redução é devido a entrada do
Consórcio, que também fez o levamento
das necessidades constatou-se que a
informação existente é limitada e
indisponível, ou seja não há fácil acesso
a tal informação existente.
10 Sistema de Fiscalização 1 1
11 Pesquisa 2 1.5 Necessidade de estabelecer programas
de estudos integrantes e abrangentes. •
Consolidação de um programa de
investigação e monitoria
12 Gestão de recursos 2 1.5 Recomendações: Consolidação das
áreas comunitárias e estabelecimento de
novas áreas; Oficialização e
Consolidação dos CGRN; Consolidação
de programas de conservação (Icuria
dunensis, mangal, Ratos); Réplicas de
APCOC; Fortalecer o funcionamento
dos CCPs e coordenação com os outros
actores;
13 Número de Pessoal 1 0.5
14 Formação do pessoal 1 2 Teve uma subida pois realizaram-se
algumas formações para o pessoal
existente.
15 Orçamento Corrente 1 0.5 Teve uma redução na pontuação pois
com a entrada do Consorcio e
Financeiro da APAIPS que ajudaram a
fazer o levantamento das necessidades
constataram que mesmo com a subida
no orçamento, este não está nos níveis
desejados, exemplo: viaturas
necessárias, fiscalizações aéreas devido
a sobrepesca a partir do alto mar, etc.
METT e Conselho de Gestão APAIPS
16 Garantia do orçamento nos 2 2
próximos anos
17 Gestão do orçamento 1 2.5 A pontuação subiu pois tendo em conta
o volume de financiamento disponível
para APAIPS e o financeiro da
APAIPS, a gestão é adequada.
18 Equipamentos e Infra- 0 0.5 Subiu, considerando a viatura existente
estruturas da Administração e a residência em
aluguer.
19 Manutenção do equipamento 0 2 Subiu pois esta sendo considerada a
manutenção para o equipamento
existente, faz-se manutenção da viatura
de forma regular de acordo com as
prescrições.
20 Programa de educação e 1 1
consciencialização
21 Processo de planificação de uso 0.5 0.5
de terra e de água
22 Vizinhos estatais e comerciais 05 2 A pontuação subiu pois a
administradora tem estado em
comunicação com algumas empresas
mineiras e turísticas da região, uma das
quais se ofereceu em apoiar o processo
de visita da equipa de gestão da
APAIPS e o governo as ilhas.
23 Condições de Vida das 2 2
Comunidades
24 Comunidades locais 2 2
25 Avaliação do benefício 1.5 1.5
económico
26 Monitoria e avaliação 0.5 2 Existe o plano de monitoria e avaliação
entretanto não há seguimento do mesmo
27 Instalações dos visitantes 2 1
28 Turismo comercial 0.5 1.5
29 Taxas 0 0
30 Avaliação de Recursos 0.5 0.5
Passos subsequentes
O METT é uma avaliação que deve ser feita anualmente, assim sendo definiu-se:
➢ Que se deverá fazer o METT para o ano 2022;
➢ Seguir-se com as recomendações feitas no âmbito de cada questão do METT para
melhorar a pontuação;
METT e Conselho de Gestão APAIPS
2. ESTABELECIMENTO DO CONSELHO DE GESTÃO DA APAIPS
No segundo dia da missão isto é, dia 09 de Dezembro de 2021, reuniu-se o conselho de gestão da
APAIPS para fins de se conhecerem os integrantes do CG, reestruturar o CG. O encontro teve a
participação da Administradora da APAIPS como presidente do CG, Administradores dos distritos
de Agonche, Larde, Moma e Pebane, CCP, WWF, AENA, CGRN, estiveram como convidados a
ANAC, BIOFUND e CTV. Após o registo dos participantes seguiu-se com as notas de boas vindas
pela presidente do CG, que de seguida passou a palavra para o representante dos SPA de Nampula
fazer o discurso de abertura da sessão, feito isso seguiu:

➢ Contextualização pela ANAC, sobre o conselho de gestão, significado, atribuições,


constituição e competências;
➢ Apresentação do Plano de Maneio pela Administradora da APAIPS para conhecimento
pelos órgãos do CG da Visão, Missão, Objectivos, Estratégia e Modelo de Gestão,
Zoneamento e Fiscalização;
➢ Apresentação do progresso da implementação do plano operacional da APAIS pela WWF,
para conhecimento dos órgãos do CG sobre o grau de implementação;
➢ Governação da Área de Conservação pela BIOFUND, para actualizar o CG sobre o ponto
de situação do acordo de co-gestão da APAIPS;
➢ Estabelecimento do Conselho de Gestão pela ANAC;

O estabelecimento do CG foi imediatamente acompanhado por uma plenária organizada como a


primeira sessão de debate do Conselho de Gestão da APAIPS cujos pontos propostos para serem
discutidos são:

Tópicos para Discussão na 1a sessa do CG Descrição


da APAIPS
1. Implementação • Integração dos convidados
prática/operacionalização do Conselho permanentes, na base do
de Gestão da APAIPS; Diploma Ministerial;
• Quórum para realização da
sessão do CG;
METT e Conselho de Gestão APAIPS
• Secretariado do CG;
2. Reflexão sobre a integração do Plano • Harmonização dos
de Maneio Vs. Planos de Planos/Investimentos;
Desenvolvimento Distrital;
3. Planificação Integrada – Vários • Sinergias/Planos operacionais
projectos e programas que operam em harmonizados;
APAIPS;
4. Limites e Legalização (Publicação no • Reservas Integrais e Santuários;
BR) • Áreas Marinhas de
Conservação Comunitária;
5. Diversos

Dos pontos propostos procedeu-se apenas com a discussão do primeiro relativo à Implementação
prática/operacionalização do Conselho de Gestão da APAIPS, onde foi definido o quórum de 10
pessoas (50%+1) para realização das sessões do CG, definiu-se o secretariado. Entretanto alongou
a discussão relativa aos integrantes do CG, visto que o Decreto preconiza os membros do CG
porem alguns deles não existem na realidade na área de abrangência da APAIPS e outros não estão
devidamente representados, assim existe a necessidade de se chegar à um consenso sobre os
representantes que deverão fazer parte do CG. Algumas sugestões levantadas são:

➢ Integrar a UP em detrimento da UCM conforme o decreto sendo que esta não tem uma
representação na zona de abrangência da APAIPS;
➢ Havendo necessidade de ter todos os CCP representados, sugeriu-se que o presidente do
APAPAMOLA poderá integrar o CG em representação a todos CCP.
➢ Integrar outras Associações ou Usuários de recursos no seu todo, não somente recursos
pesqueiros;
➢ A escolha dos representantes das comunidades no CG deve ser feita pelas próprias
comunidades;
METT e Conselho de Gestão APAIPS
Por questões de agenda não foi possível chegar à um consenso sobre a proposta de integrantes do
CG da APAIPS, tendo sido por isso encerrada a sessão pelo Representante do SPA Nampula, com
a definição dos seguintes passos subsequentes:

Passos subsequentes
➢ Agendar uma outra sessão do Conselho de Gestão da APAIPS por forma a dar continuidade
aos pontos não concluídos;
➢ Apoiar as comunidades na escolha dos representantes no Conselho de Gestão da APAIPS;

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