Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
• Negligência inconsciente - nela, o agente não prevê a realização do facto típico, mas podia
Punimos uma pessoa que, ao actuar, nem sequer previu a realização do facto típico. Mas
temos, pelo menos, de provar que a pessoa podia ter previsto o facto típico. Dito de outra
Exemplo: o pai que se esquece da criança no carro não tem consciência de sinais objectivos
de perigo. Tem de se provar que não teve a possibilidade de representar a morte da criança;
isso implica não ter tido a consciência de nada que o pudesse levar a pensar na morte da
criança.
Imagine-se que uma pessoa é distraída por natureza e põe uma máquina de café a funcionar,
apagar o incêndio. Noutra altura, a pessoa faz o mesmo – está ocupada por uma dada tarefa
e vai outra vez à cozinha. Será que pode acender a máquina de café? Não pode. Ela já se
Se a pessoa tiver consciência de dados elementos que a possam levar à realização do facto
há negligência consciente.
No caso do pai, não houve consciência de sinais objectivos de perigo; quando o bebé
adormeceu, ele não teve sinais. Mas imagine-se que o pai já falhou com o filho em várias
situações de stress. Neste caso, ao levar o filho à escola, tem consciência dos sinais objectivos
Não basta, porém, a consciência de sinais objectivos de perigo. É preciso que o agente tenha
1.6. A Culpa
A culpa é um novo elemento adicionado ao tipo de ilícito; importa saber, desde já, em que se
traduz. Independentemente do que é a culpa materialmente (há uma grande discussão sobre
o conceito de culpa em termos materiais), importa saber que a culpa se traduz num juízo de
censura dirigido ao agente pela prática do facto, ao contrário da ilicitude – pois a ilicitude,
como sabemos, é um juízo de desvalor que recai sobre o comportamento em si. Esta é a
grande diferença entre culpa e ilicitude. Na ilicitude, o juízo de desvalor que se faz recai
Assim, o que se analisa na culpa é a possibilidade que o agente tem de se determinar pela
norma (dever).
alternativa; aqui não se trata de saber se o agente pode ou não actuar de forma diferente,
nesse sentido, e sim se o agente tinha ou não a possibilidade de se motivar pelo direito.
Situamo-nos num patamar acima. O juízo de censura que se faz é por, em concreto, ele ter a
possibilidade de se ter motivado pelo direito e não o ter feito. Como podemos desde já
relacionada com moral. Mas é uma moral, obviamente, normativa, estabelecida pelo direito.
Por isso, como veremos, em determinadas situações, apesar de o agente ter a possibilidade
de se motivar pelo direito, mesmo assim não lhe era exigível que ele o fizesse. Não era
exigível por razões aceites pelo direito. Assim, a culpa também envolve esta parte de
Passando à prática – sempre que tivermos de analisar a culpa no caso concreto, o que
devemos fazer? Independentemente do que se deva entender por conceito material de culpa,
Tal como a ilicitude, a culpa se analisa pela técnica negativa da exclusão. Isto é, cabe
averiguar se, no caso concreto, se verifica ou não alguma causa de exclusão da culpa em
análise do crime.
• O agente ter capacidade de culpa – o mesmo que dizer o agente ser imputável;
CENSURÁVEIS
Excesso de defesa é causa de exclusão da culpa que está só prevista no al. b) art. 51 do CP.
Não é todo o excesso de defesa que é uma causa de exclusão a culpa; só o que é devido a
medo, susto ou perturbação não censurável. Aqui entra a parte da culpa que tem a ver com a
• Excesso intensivo – a pessoa utiliza meios superiores aos necessários para a defesa, ou não
actual/agressão, por medo ou susto. Os estados emocionais por detrás do excesso têm de
resultar de uma tensão emocional inconsciente – não cabem aqui o ódio ou a vingança. Se a
pessoa atua por vingança ou por ódio, já não temos uma causa de exclusão da culpa, pois
não resulta de uma tensão emocional inconsciente, mas sim de algo pensado e reflectido. O
- Estado emocionais esténico – ódio, vingança. Não resulta de uma tensão emocional
inconsciente.
Em razão da idade
A primeira razão para se ser inimputável é em razão da idade. Veja-se o arts. 48 e 49 do CP;
Nesta causa de exclusão da culpa em sentido amplo surge, desde logo, que o agente sofra de
uma anomalia psíquica. O que significa isto? Que o agente tem de sofrer de qualquer
Cabem aqui, em primeiro lugar, as chamadas psicoses – traduzidas por um defeito corporal
ou orgânico, que pode ser exógeno ou endógeno. Será exógeno quando provocado, por
Depois há os casos de oligofrenia, i.e., casos de fraqueza intelectual, congénita ou não – por
comportamento social que não tenham fundamento orgânico corporal. Aqui cabem todas as
psicopatias (como a borderline). Nota: a psicose tem uma origem orgânica; a psicopatia não,
1.7. PUNIBILIDADE
Depois de se chegar à conclusão de há um facto típico, ilícito e culposo, por norma, esse
facto também será punível. O que pode eventualmente acontecer é que, naquele caso
concreto, não se verifique uma condição de punibilidade em sentido amplo. Só nesses casos
sempre que tivermos um facto típico, ilícito e culposo, quase de certeza ele será punível.
Mas, por vezes, o legislador exige certas condições de punibilidade; se exigir, há que ver se
elas se verificam ou não. Qual é a ideia por detrás da categoria da punibilidade que lhe dá
alguma autonomia? É a ideia de dignidade penal, isto é, por vezes, o facto concreto fica
aquém do limiar mínimo da dignidade penal. Normalmente isso acontece tendo em conta as
ideias preventivas que estudámos a propósito dos fins das penas. Tendo em contas essas
ideias preventivas, olhando para o facto, não faz sentido aplicá-las, sendo que, por isso
Em determinados tipos de crime, para além de ter de haver um facto típico, ilícito e culposo,
o legislador exige que se verifiquem certas circunstâncias extrínsecas para que o facto possa
ser punível. Essas circunstâncias nada têm a ver com o tipo de ilícito ou o tipo de culpa.
Exemplo: na tentativa, para se punir, é preciso que a pena aplicável ao crime consumado seja
superior a 2 anos. Esta circunstância nada tem a ver com a ilicitude ou a culpa; é apenas uma
circunstância que o legislador resolveu exigir para que a tentativa tivesse dignidade penal.
Se alguém tentar um crime cuja pena não seja superior a 2 anos, essa tentativa não é digna
de sofrer pena. Por isso, uma condição objectiva da punibilidade da tentativa é ao crime
Para além das condições objectivas de punibilidade, cabem nas condições de punibilidade
são condições que ocorrem após a prática do facto e que impedem a sua punibilidade. São
Exemplo: a pessoa apenas praticou uma tentativa, e antes de o crime estar consumado, a
pessoa desiste. Se a desistência for voluntária (se a pessoa podia prosseguir com êxito o
crime de acordo com o que representa e mesmo assim decide não prosseguir), o legislador
diz que o facto praticado não será punido. Assim, o legislador dá relevância a um facto que é
posterior à prática da tentativa e que vai determinar que aquele facto deixe de ter dignidade
penal. Imagine-se que alguém põe uma bomba numa casa, e uma hora depois vai desactivar
Há uma figura que se pode intitular de crime agravado pelo resultado. Este caracteriza-se
por haver negligência quanto ao resultado mais grave. Imagine-se que alguém se envolve
numa luta com outra pessoa e só quer ofendê-la corporalmente, mas dá-lhe um soco a ponto
de pessoa bater com a cabeça e morrer. Pode imputar-se a morte à conduta da pessoa? Tudo
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
tipo de culpa estarem preenchidos, tendo em conta que há uma lesão insignificante do bem
Pense-se, também, em furtos simples de 40mts ou 50mts; para A alguns autores, há aqui
princípio da insignificância. E pense-se no exemplo do homem que furtava um pão (o juiz
considerou haver estado de necessidade desculpante).