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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROJETO DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS PARA UMA


EDIFICAÇÃO DE QUATRO PAVIMENTOS

Raphael Martins Correa Rodrigues


Rafael Mendes Pimentel

Rio de Janeiro
JULHO/2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROJETO DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS:


EDIFICAÇÃO DE QUATRO PAVIMENTOS

Raphael Martins Correa Rodrigues


Rafael Mendes Pimentel

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de


Engenharia Elétrica do Centro Universitário
Augusto Motta (UNISUAM), como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Elétrica.

Orientador: André Luís da Silva Pinheiro

Rio de Janeiro
JULHO/2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROJETO DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS:


EDIFICAÇÃO DE QUATRO PAVIMENTOS

Raphael Martins Correa Rodrigues


Rafael Mendes Pimentel

APROVADO EM: _________________________

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________
André Luís da Silva Pinheiro, D.Sc. - Orientador

_______________________________________
Geraldo Motta Azevedo Júnior, D.Sc.

_______________________________________
Antônio José Dias da Silva, M.Sc.

Rio de Janeiro
JULHO/2017
DEDICATÓRIA

Ao professor André Luís da Silva Pinheiro, pela orientação, apoio e incentivo no


desenvolvimento do meu projeto de iniciação cientifica e elaboração deste trabalho.
A todos os professores, que participaram e colaboraram com a minha graduação nesta
universidade.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram no decorrer desta jornada, em especialmente:


A Deus, a quem devo minha vida.
A minha família que sempre me apoiou nos estudos e nas escolhas tomadas.
A Priscila (esposa), Tereza (mãe) e José Ricardo (mais do que um amigo) por sempre
me incentivar e compreender nos momentos difíceis.
Ao orientador Prof. Luís André da Silva Pinheiro que teve papel fundamental na
elaboração deste trabalho.
Aos meus colegas de faculdade pelo companheirismo e disponibilidade para me auxiliar
em vários momentos.
(Martins)

Agradeço a todos que contribuíram no decorrer desta jornada, em especialmente:


A Deus, a quem devo minha vida.
Ao meu pai, que nunca me deixou desistir de fazer engenharia elétrica.
A minha família que sempre me apoiou nos estudos.
Agradeço a meus amigos e colegas da faculdade que me proporcionaram um período
incrível da minha vida, além de uma das melhores viagens que com certeza já realizei.
Agradeço ao meu chefe Rodrigo Tenório, pelas quantidades de dispensas e horários
flexíveis que dentro deste período da faculdade, solicitei ao mesmo.
Agradeço ao orientador Prof. Luís André, que sempre falando que estava uma porcaria,
nunca nos deixou sem esperança de que o trabalho estaria concluído no fim.
(Pimentel)
EPÍGRAFE

"O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a


um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo
fará coisas admiráveis." (José de Alencar)
Rodrigues, Raphael Martins Correa e Pimentel, Rafael Mendes. Projeto de Proteção Contra
Descargas Atmosféricas para uma Edificação de Quatro Pavimentos. 2017. 67p. Trabalho
de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Centro Universitário Augusto
Motta, Rio de Janeiro, 2017.

RESUMO

Antes de compreender os tipos de para-raios e suas funções fundamentais, é


indispensável perceber a utilidade do seu surgimento, seu primeiro propósito, como foi
inventado e suas concepções básicas de desempenho. Para isso, é necessário entender o que são
raios.
Raios são fenômenos atmosféricos qualificados pela criação de correntes elétricas com
milhões de volts de capacidade e que atingem a superfície provocando prejuízos materiais e
mortes. Foi extensa a caminhada para se encontrar a natureza elétrica das descargas
atmosféricas e para atingir as regras admissíveis de proteção para patrimônios, aparelhos e,
principalmente, pessoas. Até os dias atuais não se tem 100% de prevenção, desde que Benjamin
Franklin recomendou pela primeira vez o método de proteção contra raios de um edifício até os
tempos de hoje a prevenção máxima que se obtém é 98% de efetividade.
Serão abordados neste trabalho acadêmico os métodos de Franklin, Faraday e Captores
e seus elementos, pois são os únicos com base cientifica demonstrada.
Depois de anos de estudos, é capaz de criar um memorando de incidência de raios,
conseguindo ranquear e rotular cidades conforme o maior número de ocorrências deste
fenômeno. Estes ensinamentos são feitos por intermédio do que se chama Índice Ceraúnico.
Para resguardar as edificações contra descargas atmosféricas, é necessário entender:
quais são os níveis de proteção fundamentais conforme o tipo e tamanho da estrutura que serão
protegidas, quais são referências mínimas necessárias para a instalação de um para raio, além
da espessura da estrutura e extensão para captação dos raios nestas infraestruturas.
Todos os métodos necessários para compreensão do conteúdo ou utilização de cálculos
estão no decorrer dos tópicos. O projeto do trabalho de conclusão de curso é um estudo de caso
e análise dos dados obtidos através de cálculos para especificação do sistema de proteção contra
descargas atmosféricas de uma edificação de quatro pavimentos.

Palavras-chave: Para raio, Descarga atmosférica, Franklin, Faraday e Captores.


Rodrigues, Raphael Martins Correa e Pimentel, Rafael Mendes. Projeto de Proteção Contra
Descargas Atmosféricas para uma Edificação de Quatro Pavimentos. 2017. 67p
Monograph (Graduation in Electrical Engineering) – Centro Universitário Augusto Motta, Rio
de Janeiro, 2017.

ABSTRACT

Before we understand the types of lightning rods and their fundamental functions, it is
indispensable to realize the utility of their appearance, their first purpose, how it was invented
and their basic conceptions of performance. For this, it is necessary to understand what the
lightnings are.
Lightnings are atmospheric phenomenons qualified by the creation of electric currents
with milions of volts of capacity and that reach the surface causing material damages and
deaths. The journey to find the electric nature of the atmospheric discharges and to reach the
admissible rules of protection to heritages, equipments and, principally, people. Up to actual
days there is not a complete prevention, since Franklin first recommended the method of
lightning protection of a building up to the present days, the maximum prevention obtained is
98% of effectiveness.
In this academic work, we will examine the methods of Franklin, Faraday and Captors
and their elements, since they are the only ones based on scientific evidence.
After years of studies, we will be able to creat a memorandum of lightning incidence,
managing to rank and label cities according to the largest number of occurrences of this
phenomenon. These teachings are done by means of what is called the “Índice Ceraúnico”.
In order to protect buildings against lightnings, it is necessary to understand: What are
the fundamental levels of protection according to the type and size of the structure that we will
protect; what are the minimum references needed for the lightning rods to be installed, besides
the thickness of the structure and extension to capture the lightnings in these infrastructures.
All methods necessary to understand the contents or use calculations are in the course
of the topics.
The TCC project is a study of case and analysis of the data obtained through calculations
for SPDA specification of a four-story building.

Keywords: Lightning rod, Atmospheric Discharge, Franklin, Faraday and Captors.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Forma de onda de uma descarga atmosférica. ............................... 7


Figura 2 – Etapas de formação da descarga atmosférica nuvem – solo. ......... 9
Figura 3 – Ilustração dos tipos de descargas existentes. ............................... 10
Figura 4 – Mapa Isoceraúnico do Brasil.......................................................... 14
Figura 5 – Ilustração de captores não naturais. .............................................. 19
Figura 6 – Ilustração da configuração de um SPDA tipo Franklin. .................. 21
Figura 7 – Proteção pelo método da gaiola de Faraday. ................................ 23
Figura 8 – Esquema de Ligação dos componentes para execução do método
de Wenner. .................................................................................... 27
Figura 9 – Esquema de Ligação de um DPS em um circuito elétrico. ............ 33
Figura 10 – Malha formada pelos condutores de cobertura e descida. .......... 37
Figura 11 – Malha aplicada em cobertura pré-moldada. ................................ 38
Figura 12 – Barra chata de alumínio. .............................................................. 39
Figura 13 – Caixa de medição. ....................................................................... 40
Figura 14 – Local de instalação da caixa para leitura da medição. ................ 41
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Nível de Proteção no Método Franklin. ......................................... 22


Tabela 2 – Nível de Proteção no método de Faraday. ................................... 23
Tabela 3 – Resistividade do solo. ................................................................... 26
Tabela 4 – Espaçamento médio dos condutores de cada descida conforme o
nível de proteção. ........................................................................ 36
Tabela 5 – Espessuras mínimas dos componentes do SPDA. ....................... 42
Tabela6 – Descriçãode Materiais.................................................................... 46
Tabela7 – Orçamento dos materiais relacionado para execução. .................. 47
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SPDA – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas


ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
NBR – Norma Brasileira aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
DPS – Dispositivo de Proteção contra Surtos
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................. 1
1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................................... 2
1.3. OBJETIVO ..................................................................................................................... 3
1.4. MOTIVAÇÃO ................................................................................................................ 3
1.5. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................. 3
1.6. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ......................................................................................... 4
1.7. METODOLOGIA ................................................................................................................ 5
1.8. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ............................................................................................... 6
CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 7
2.1. A DESCARGA ATMOSFÉRICA ............................................................................................ 7
2.2 O BRASIL NO CENÁRIO MUNDIAL..................................................................................... 8
2.3 FORMAÇÕES DAS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ............................................................... 8
2.4. TIPOS DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS.......................................................................... 10
2.5. INCIDÊNCIAS DE RAIOS .................................................................................................. 12
2.5.1 Locais com as maiores incidências de raio .............................................................. 12
2.5.2 Índice ceraúnico ...................................................................................................... 13
2.6. PÁRA-RAIOS: PRINCIPAIS FUNÇÕES .............................................................................. 14
2.6.1. Sistema de proteção contra descargas atmosféricas ............................................. 16
2.6.2. Níveis de proteção .................................................................................................. 17
2.6.3. Método de captores ............................................................................................... 19
2.6.4. Método franklin ...................................................................................................... 21
2.6.5. Método da gaiola de faraday ................................................................................. 22
2.6.6. Tipos de esquemas de aterramento....................................................................... 24
2.6.7 Tipos de sistemas de aterramento .......................................................................... 25
2.7. LEITURA DAS MEDIÇÕES DO ATERRAMENTO ............................................................... 25
2.7.1. Método de wenner ................................................................................................. 26
2.7.2. Medição de resistividade do solo ........................................................................... 28
2.7.3. Fatores que influenciam na resistividade do solo .................................................. 29
2.8 MALHA DE ATERRAMENTO ............................................................................................ 30
2.8.1 Elementos de uma malha de terra .......................................................................... 30
2.9 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS (DPS) ..................................................... 32
2.9.1. As diferenças classes de DPS .................................................................................. 32
13

2.9.2 Localização do DPS .................................................................................................. 33


2.10 Regulamentação ........................................................................................................... 34
CAPÍTULO 3. PROJETO DA EDIFICAÇÃO .................................................................................... 35
3.1. TIPO DE SPDA ADOTADO ............................................................................................... 35
3.1.1 Características da edificação ................................................................................... 35
3.1.2 Aspectos construtivos ............................................................................................. 36
3.1.3 Malha captora ......................................................................................................... 41
3.1.4 Malha de aterramento ............................................................................................ 43
CAPÍTULO 4. PROJETO FÍSICO ................................................................................................... 45
CAPÍTULO 5. CUSTOS PARA EXECUÇÃO DO PROJETO .............................................................. 46
5.1. DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS .......................................................................................... 46
5.2. ORÇAMENTO DOS MATERIAS RELACIONADOS PARA EXECUÇÃO ................................. 47
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 48
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................................................ 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 50
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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

Desde os tempos mais antigos a descarga atmosférica (DE SOUZA, RODRIGUES, et


al., 2012) vem sendo parte fundamental dentro da vida humana, tanto que alguns historiadores
atribuem a este fenômeno da natureza a maior descoberta feita pelos seres humanos
(MUSITANO), o fogo (COSTA, 1995). A descoberta do fogo, possui elementos que podem
demostrar a grandiosidade e o poder de destruição que este fenômeno possui, implicando desde
os tempos mais antigos um perigo iminente a sociedade.

Conforme foi relatado pelos cientistas (MUSITANO), uma das principais vertentes da
história que coloca como principal agente na descoberta do fogo as descargas atmosféricas
(VISACRO, 2005). Onde o homem descobriu e passou a ter contato com o fogo através da
observação da incidência destas descargas em árvores e a destruição que a mesma causava,
deixando um rastro de incêndios (SEITO, 2008) nos pontos de contato que essas descargas
mantinham com a superfície do nosso planeta, aterrorizando e criando curiosidade nos nossos
ancestrais.

Através destes temores e curiosidades o ser humano vem desenvolvendo diversos


contatos com estas descargas desde então, seja para se proteger em um momento de tempestade
(NASCIMENTO, 2005), e assim se precaver de um mal maior, ou buscando entender sua
natureza e através dela explorar os conceitos difundidos até os dias atuais, como a experiência
realizada por Benjamin Franklin (FRANKLIN, WOOLMAN e PENN, 1909), que no meio de
uma tempestade resolveu pôr a prova alguns conceitos físicos e pode comprovar assim que as
descargas atmosféricas (PIANTINI, 1991) eram apenas corrente elétricas (KINDERMANN,
1999) de alta intensidade.

As Descargas Atmosféricas, segundo definição do INPE (Instituto Nacional de


Pesquisas Espaciais), existem a partir da presença de grande quantidade de cargas elétricas, que
possuem extensão e intensidades consideradas grandes, presentes em regiões localizadas na
atmosfera (REICHARDT e TIMM, 2004). Por se tratarem de fenômenos que apresentam
perigos reais a sociedade, se faz necessário nos dias atuais precaução para que sejam evitados
danos, como os que ajudaram nossos ancestrais a descobrir o fogo, evitando que venham a
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danificar estruturas e ferir pessoas, como a história nos relata que vem ocorrendo desde os
tempos mais remotos.

Este cuidado é reforçado pela quantidade de raios que anualmente incidem em nosso
país. Segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), cerca de 70 milhões de raios
atingem o Brasil anualmente (DE STÉFANI, 2011). Isto ocorre por conta da grande extensão
territorial presente dentro da faixa tropical, contribuindo assim para a formação de grandes
agitações atmosféricas e consequentemente o aparecimento de raios em meio a estas
tempestades.

1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

As descargas atmosféricas podem ser descritas como um rompimento da isolação do ar


entre duas superfícies carregadas eletricamente e com polaridades opostas (DE SOUZA,
RODRIGUES, et al., 2012). A existência destas descargas está ligada diretamente ao processo
de formação de nuvens e, por conseguinte as fases do ciclo da água, onde a evaporação,
condensação e precipitação, contribuem para a troca de cargas através do choque entre as
partículas nesse processo. Em determinado momento, a concentração de cargas opostas na
região inferior da nuvem, faz com que elas sejam induzidas no solo, gerando assim o famoso
raio, que tem como definição uma descarga intensa e visível, que chega a formar um clarão
arroxeado, denominado de relâmpago, o qual pode vir acompanhado de uma onda sonora, o
trovão.

Nada pode ser feito para impedir a queda de um raio em determinado local ou estrutura,
e mesmo sabendo que os pontos mais altos e de maior área de exposição são os que têm maior
probabilidade de serem atingidos, nada poderá impedir que uma edificação pequena possa ser
atingida, porém nestes casos a probabilidade de incidências em edificações mais baixas é
menor.

Dadas às consequências e riscos de uma descarga atmosférica tanto para os seres


humanos quanto aos equipamentos eletrônicos, é inadmissível que exista até hoje a presença de
edificações que não possuam SPDA próprio. Com base em tudo que foi exposto acima, pode-
se deduzir a necessidade de um mecanismo que atue preventivamente contra uma eventual
descarga atmosférica.
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1.3. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância da existência de um Sistema de


Proteção Contra Descargas Atmosféricas, ou SPDA, em um edifício residencial, bem como
apresentar o projeto de um SPDA para o referido edifício, que terá como localização para fins
de estudo e projeto a cidade do Rio de Janeiro.

Através das estatísticas já apresentadas, conclui-se que existe a necessidade de proteger


e protegermos nossos patrimônios de danos que podem vir a ser ocasionados por uma descarga
atmosférica, para isso devemos utilizar os métodos orientados pela (ABNT, 2005), que
regulamenta a proteção de edificações contra descargas atmosféricas.

1.4. MOTIVAÇÃO

Este trabalho foi concebido com o intuito de apresentar e conscientizar da importância


que tem um sistema de proteção contra descargas atmosféricas, tendo em vista que se trata de
um dos responsáveis por manter as pessoas e equipamentos seguros em áreas residenciais.

Apesar de acreditarem estar em segurança apenas estando abrigadas dentro de casa, as


pessoas devem entender, que essa segurança somente se torna verdadeira e funcional, quando
dá existência de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas e um aterramento bem
dimensionados.

Sendo assim, este trabalho teve como motivação a ideia de auxiliar e orientar um
profissional sobre a realização de um bom SPDA, além dos cuidados necessários que devem
ser tomados na ausência destes sistemas.

1.5. TRABALHOS RELACIONADOS E CONTEXTUALIZAÇÃO

De acordo com (DE STÉFANI, 2011), autor do TCC com tema “Metodologia de Projeto
de Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas para Edifício residencial”, da escola de
Engenharia de São Carlos, descreve de forma sucinta o que são descargas atmosféricas e tem
como foco o Sistema contra descargas Atmosféricas, aceitos pela norma (ABNT, 2005).
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De acordo com (PINHEIRO, 2013), autor do TCC com tema “Sistema de Aterramento
em baixa Tensão”, da escola Politécnica Departamento de Engenharia Elétrica, descreve que
os objetivos principais de seu trabalho são: fornecer informações suficientes para que se faça
um bom aterramento elétrico, além de auxiliar nas melhorias necessárias de um sistema já
existente, desmistificar alguns conceitos e expor algumas aplicações equivocadas a respeito do
tema. Como maneira de realização do trabalho, o mesmo apresentou de maneira teórica uma
breve revisão conceitual dos assuntos abordados, apresentando em sequência, os resultados da
implementação prática de um aterramento elétrico e onde o mesmo deve ser aplicado.

A importância deste estudo encontra-se na capacidade do leitor em adquirir


conhecimento das práticas usais de aterramento, fornecendo informações úteis, capazes de
evitar que o indivíduo passe por situações perigosas com correntes e potenciais.

O diferencial deste trabalho é aproveitar a grande demanda de construção de


apartamentos populares, que obedecem a um padrão de construção de 4 pavimentos e
desenvolvemos um projeto detalhado e específico para atender esse modelo de edificação.

1.6. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

Criados com o intuito de proteger pessoas, animais e materiais, os sistemas SPDA, têm
seu conceito voltado para a proteção destes, contra possíveis falhas de um determinado sistema.
Essas falhas podem ser, pequenas fugas de corrente até a queda de descargas atmosféricas em
edificações habitadas e com presença de materiais ou equipamentos que necessitam ser
protegidos contra esses surtos, além de proteger estas edificações de incêndios ocasionados por
estas falhas.

A proteção da vida de seres vivos, é a maior preocupação de fato, para isso o sistema
visa evitar a exposição dos mesmos a potenciais elétricos perigosos, para que, quando estes por
ventura venham a ocorrer, possam estar devidamente protegidos. Em segundo plano, a presença
na instalação de um bom aterramento, evita que falhas elétricas possam causar prejuízos a bens
materiais, danificando estruturas, equipamentos, edificações e objetos de uso, como um livro e
itens pessoais, resultando assim em perdas financeiras. Este trabalho vem evidenciar a
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obrigação e o desempenho do sistema SPDA, que traz uma ponderação nas consequências que
rodeiam o meio ambiente, as comunidades, as entidades, comunidade cientifica e pesquisadora.

O SPDA propicia a atenuação de danos ao meio ambiente o que se refere às queimadas,


animais e materiais sucateados; para a sociedade a proteção contra descargas atmosféricas
(SPDA), diminui imensamente as ameaças e riscos de danos ao patrimônio e às pessoas, pois
atraem os raios que atingem propriamente o local. Para tal fim é fundamental contar com o
auxílio das empresas que se interessam com a indispensabilidade do SPDA, pois elas não terão
danos com os efeitos das descargas atmosféricas que podem acarretar danos diretos e indiretos.
Assim sendo, a pesquisa cientifica irá possibilitar uma fonte transparente de informações para
todos que interessarem no assunto SPDA, que a princípio é muito reduzido no Brasil, em
relação à área elétrica.

1.7. METODOLOGIA

Visando o desenvolvimento, tranquilidade e seguridade da população em geral foram


apresentadas um estudo de caso para uma edificação de quatro pavimentos que necessita de um
sistema de proteção contra descargas atmosféricas elaborará uma pesquisa cientifica com base
na (ABNT, 2005).

Com base na norma (ABNT, 2005) e através de matérias como apostila, livros, trabalhos
de conclusão de curso entre outros materiais de apoio, será possível analisar e prever a
localização para instalação dos para-raios, dimensionamento das malhas de aterramento,
vertentes de cabos condutores, uso de captores e estruturas do próprio edifício em questão, com
descidas naturais.
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1.8. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

A elaboração deste trabalho está fixada em 6 principais blocos:

CAPITULO 1: Início do trabalho, com a importância do surgimento do para raio;


objetivo e assim como a metodologia empregada ao longo do desenvolvimento.

CAPITULO 2: Iremos relatar como acontece um raio, explicitando como as nuvens


arranjam e descarregam cargas; incidências de raios, locais onde há maior ocorrência
interpretação do Índice Ceraúnico.

Quais sãos níveis de proteção importantes contra descargas atmosféricas; densidade e


captação do raio nos diversos tipos de estruturas; e por último, os numerosos tipos de risco
encontrados.
Neste tópico, são estudados 3 tipos – Tipo Captor, tipo Franklin e Gaiola de Faraday.

CAPITULO 3: Trata-se do projeto e do dimensionamento do Sistema de Proteção contra


Descargas Atmosféricas de uma edificação de 4 pavimentos, localizado no centro urbano do rio
de janeiro.

CAPITULO 4: Trata-se do projeto físico impresso em folha A2 para apreciação da


disposição de como será implementado o SPDA em um edifício de quatro pavimentos.

CAPITULO 5: Custos para execução do projeto.


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CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. A DESCARGA ATMOSFÉRICA

Descrito por (ROMERO, 2007) como fenômenos elétricos de grande extensão e ampla
amplitude, originários na presença de diversas partículas eletrificadas presentes na atmosfera.
Este acontecimento também conhecido como raio, já era conhecido pelos povos mais antigos,
que, além disso, as reverenciavam, atribuindo sua ocorrência a desejos próprios de figuras
divinas, reverenciadas durante a antiguidade.

As descargas atmosféricas possuem valores de potência que variam de milhares a


centenas de milhares de ampères. Os valores específicos de comprimento, também variam de
alguns quilômetros a centenas de quilômetros. Durante o momento que um raio tenha contato
com solo, são trocados cerca de 25 C de carga, dependendo do tipo de descarga que tenha
ocorrido (PINTO JUNIOR e PINTO, 2008).

Podemos descrever a forma de onda de correte como impulsiva para as descargas


atmosféricas, ao analisarmos a ilustração presente na Figura 1. Tendo cerca de 100
microssegundos de descarregamento e apresentando valores de pico variando entre 30 e 70 kA
(VISACRO, 2005), podendo ser percebido que estes valores são alcançados poucos
microssegundos após a ocorrência da descarga e apresentam declínio de forma mais lenta
(PINTO JUNIOR e PINTO, 2008).

Figura 1 – Forma de onda de uma descarga atmosférica.

Fonte: Adaptado de https://pt.linkedin.com/pulse/entender-para-aplicar-nbr5419-2015-parte-


1-gerais-mauricio-monteiro, acessado em 13/06/2017.
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2.2 O BRASIL NO CENÁRIO MUNDIAL

Conforme dados do INPE, o Brasil lidera o ranking mundial de ocorrências de raios por
anos, com cerca de 70 milhões de ocorrências registradas em todo o território nacional (DE
STÉFANI, 2011).

A primavera e o verão, as estações mais quentes do ano, são também uma temporada de
alerta para o povo brasileiro. Isso porque 90% dos 70 milhões de raios que caem no Brasil são
apontados neste período. O País é líder mundial na ocorrência deste acontecimento, que
provocou a morte de 1.790 pessoas entre 2000 e 2014, segundo o Grupo de Eletricidade
Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A cada 50 mortes
por raio no mundo, uma acontece no Brasil.

Para se ter uma ideia, a descarga gerada por um relâmpago tem a força mil vezes maior
que a corrente elétrica que passa por um fio de chuveiro elétrico. As temperaturas de um raio
podem chegar a 30 mil graus Celsius, cinco vezes mais elevada que a da superfície do Sol.

"A maioria delas (mortes) acontece em campos abertos, como áreas de agricultura,
campos de futebol e na praia, principalmente por correntes indiretas dos raios, que vêm pelo
chão. O perigo não é só o raio em si, mas a corrente elétrica que pode ser descarregada no
solo", explicou o coordenador do ELAT, Osmar Pinto Junior.

A prevenção continua sendo o principal meio para evitar mortes provocadas por raios.
A prevenção continua sendo o principal meio para evitar mortes provocadas por raios. Durante
as tempestades, devem-se evitar locais altos, sentar embaixo de árvores ou deitar no chão. A
pessoa também deve manter distância de locais com poças de água e objetos que possam
conduzir a eletricidade, como linhas de energia e cercas de arame farpado.

2.3 FORMAÇÕES DAS DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Dentre todas as ideias que visam demonstrar como ocorre o processo de eletrificação da
nuvem, as mais aceitas são: Teoria da Precipitação e Teoria da Convenção. Basicamente as
duas ideias chegam a mesma conclusão, onde a nuvem, em sua porção inferior se carrega
negativamente, enquanto que na sua porção superior, ocorre o acúmulo de cargas positivas. A
partir de agora, iremos convencionar que esta disposição, ocorre em cerca de 100% das vezes.
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Como característica própria, as cargas eletrificadas presentes na parte inferior da nuvem,


incitam o aparecimento de cargas opostas no solo, gerando assim um campo elétrico entre solo
e nuvem, tendo o ar, que possui natureza isolante, apresentando uma função de dielétrico entre
essas cargas (VISACRO, 2005).

Com o aumento da diferença de potencial ou do gradiente de tensão nuvem-terra, em


determinado momento, este valor supera o isolamento do ar, cerca de 3MV/m, dando início
assim, a um fenômeno chamado de descarga piloto descente. Desta maneira existe a migração
das cargas elétricas de polaridade negativa da nuvem para o solo terrestre. Mantendo-se alta
essa diferença de potencial entre terra e nuvem, ocorre ainda o deslocamento de cargas positivas
do solo terrestre em direção a descarga piloto descendente, ocasionando assim, uma descarga
ascendente.

A descarga principal, somente ocorrerá, após os potenciais de nuvem e solo estiverem


conectados, pois desta maneira, será criada uma descarga de retorno, que segue o caminho
previamente ionizado do solo até a nuvem. A Figura 2 ilustra as etapas de formação da descarga
atmosférica.

Figura 2 - Etapas de formação da descarga atmosférica nuvem – solo.

Fonte: Adaptado de http://www.portalsaofrancisco.com.br/fisica/raios, acessado em


13/06/2017.
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2.4. TIPOS DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Podemos identificar de inúmeras formas as descargas atmosféricas. Uma das maneiras


corretas de classificarmos as descargas atmosféricas é pelo percurso que a mesma realiza, ou
seja, definindo o local de origem e destino. De acordo com este critério passamos a ter quatro
tipos: intra-nuvem, entre nuvens, nuvem-ar e por fim nuvem-solo (LIMA, 2005).

Figura 3 – Ilustração dos tipos de descargas existentes.

Fonte: (SILVA, 2014)

As chamadas descargas intra-nuvem, são denominadas assim, pois tratam-se de


ocorrências internas às nuvens, ou seja, descargas que ocorrem de um centro de carga a outro
de polaridade inversa dentro da própria nuvem, não sendo direcionada assim, ao solo. São os
casos mais comuns de descargas, tendo em vista à alta capacidade isolante do ar diminuir com
a altura e as regiões carregadas eletricamente opostas estarem bem próximas umas das outras.
Estes tipos de descargas representam 70% de todas as descargas atmosféricas atuais (POTIER,
2010). Com poucos efeitos sobre a superfície terrestre, este tipo de descarga está associado a
clarões presente nas nuvens durante o início das tempestades (LIMA, 2005), irradiando ondas
eletromagnéticas de intensidade moderada (VISACRO, 2005).

As chamadas descargas entre nuvens, são denominadas assim pois ocorrem entre centro
de cargas eletricamente opostos presentes em nuvens diferentes. A exemplo da descarga intra-
nuvem, este tipo de descarga não atinge o solo, não despertando assim interesse do projetista
do sistema de proteção, porém existem relatos e registros de que durante a ocorrência deste tipo
11

de descarga, a mesma atingiu estruturas de aviões que estariam no caminho entre uma nuvem e
outra (VISACRO, 2005).

As chamadas descargas nuvem-ar, são denominadas assim pois tem como origem uma
nuvem, entretanto não chegam a atingir o solo ou outra nuvem, podendo ser denominadas
também como descargas nuvem e estratosfera (POTIER, 2010), podendo ser assim chamadas
pois percorrem grande percurso conectando a nuvem a um ponto da estratosfera (VISACRO,
2005). Estas descargas ocorrem, pois na estratosfera existem os chamados bolsões de cargas,
que se forma ao redor das nuvens de tempestades e seriam responsáveis por este tipo de
descargas (LIMA, 2005). Apesar de o tipo nuvem-ar ter um papel importante no circuito elétrico
global (VISACRO, 2005), este tipo de descarga e pouco identificado por um observador, pois
o efeito visual acaba sendo atenuado pela nuvem e os campos gerados chegam a superfície da
terra com pouca intensidade.

As chamadas descargas nuvem-solo são denominadas assim, pois, como o nome sugere
ocorrem entre nuvem e solo. Sendo este o modelo de descarga que gera maior quantidade de
estudos e curiosidades, pois são as descargas que mais apresentam riscos a sociedade, tendo em
vista o alto poder destrutivo que a mesma apresenta. De todos os tipos existentes, as descargas
nuvem-solo representam 30% do total (ROMERO, 2007)

Levando em consideração a polaridade da carga transferida da nuvem para o solo,


podemos classificar estes tipos de descargas entre positivas e negativas, ou se levarmos em
conta o ponto de origem e destino, podemos classificar ainda como ascendente ou descendente.
As descargas possuem um tempo médio de duração em torno de um quarto de segundo,
existindo relatos de variações que vão de um décimo de segundo a dois segundos. Existindo
também enormes variações em seu comprimento, podendo medir mil metros ou chegar até
dezenas de quilômetros (VISACRO, 2005).

De todas as descargas nuvem-solo existentes, cerca de 90% são do tipo negativas, ou


seja, no momento da ocorrência, transferem cargas negativas do ponto de origem para o ponto
de destino. Analisando mais a fundo os raios de polaridade negativa, podemos verificar que de
todas as descargas negativas que ocorrem, cerca de 80% são seguidas de outras descargas
negativas, tendo essa origem no processo de formação da descarga (POTIER, 2010).
12

Analisando a parcela de descargas positivas que ocorrem, cerca de 10% do total,


podemos concluir que, em geral o elétron é transferido do solo para a nuvem (POTIER, 2010),
estas descargas ocorrem associadas ao deslocamento da parte superior, ficando desalinhada com
a parte inferior e que estes tipos de descargas tendem a ocorrer na presença de objetos que
estejam em altura maior aos demais objetos presentes na mesma região (VISACRO, 2005).

Em relação ao ponto de origem e destino, podemos classificar como descarga


descendente, toda e qualquer descarga que possua sua origem localizada na nuvem e tenha seu
caminho formado de maneira descendente, em direção ao solo, onde ocorrerá o fechamento do
chamado canal percursos. Podemos então classificar como ascendente todas as descargas no
qual o processo ocorra de forma contrária, tendo a origem no solo e destino na nuvem, formando
assim um canal ascendente e seu fechamento do canal precursor tendo ocorrido próximo a
nuvem (VISACRO, 2005).

Diante da observação do fenômeno e de suas ocorrências, podemos perceber que


enquanto os raios descendentes apresentam ramificações em direção ao solo, os raios
ascendentes apresentam ramificações em direção as nuvens (VISACRO, 2005).

2.5. INCIDÊNCIAS DE RAIOS

Os raios acontecem em todo o mundo com regularidade diferente de acordo com a


região. Ensinamentos ajudam a interpretar o porquê e quais são estas frequências.

2.5.1 Locais com as maiores incidências de raio

Diante da observação deste fenômeno, se percebe que de maneira geral, o raio tende a
ser direcionado a atingir pontos mais altos de uma determinada localidade, como exemplos
podem citar: montanhas, árvores, prédio, etc. Porém deve-se preocupar ao estar no nível do
solo também, pois ao buscar abrigo durante uma tempestade pode-se estar propenso a ser
atingidos pela corrente que será dissipada pelo solo. Como exemplo pode citar: ao nos
escondermos sob uma árvore durante uma tempestade, estamos nos abrigando em um ponto
de contato com raio em potencial, enquanto ao nos escondermos dentro de um carro acabamos
por estarmos abrigado e salvo dos efeitos elétricos, pois os pneus isolam o veículo do solo,
criando assim um péssimo caminho para o raio.
13

Percebe-se, que de maneira natural, o raio tende a escolher terrenos no qual a


condutividade seja menor, como graníticos ou xistosos. Este fenômeno ocorre, pois diante da
grande diferença de potencial entre nuvem e solo, os dois acabam originando um grande
capacitor. Com a ionização do ar, e redução da isolação do mesmo nesta área compreendida
entre eles, cria-se a instabilidade necessária para que exista o chamado raio piloto e esta
grandiosa descarga elétrica consiga furar o isolamento e seja descarregada. Entretanto, no
terreno mal condutor, não existe situações de vazamento para o raio, que se espalha, buscando
um caminho de menor resistência.

As informações possibilitaram compor um ranking que lista os 500 locais com


maior incidência de raios no mundo. Indiscutivelmente, o Lago Maracaibo, na
Venezuela, é a capital mundial dos raios. Até esse momento, a maior densidade de raios
tinha sido identificada no Congo, na África. Na prática, 283 locais indicados no mapa
estão na África, uma região que, tem desenvolvimento de sistemas convectivos de meso
escala durante o ano inteiro e numa área grande (ALBRECHT, GOODMAN, et al.,
2016).

O Brasil surge na posição 191, e o local com mais raios está localizado ao
noroeste de Manaus, próximo do Rio Negro. Apesar disso, quando se somam todos os
raios sobre o território nacional, o Brasil é o país com mais raios no mundo, conveniente
a sua dimensão continental e por estar nos trópicos. "Só no Brasil temos, em média,
aproximadamente 110 milhões de raios totais por ano" (ALBRECHT, GOODMAN, et
al., 2016).

2.5.2 Índice ceraúnico

Ensinamentos sobre a frequência dos raios que atingem determinada região chegam a
um indicador definido como Índice Ceraúnico (IC). Ao tracejar linhas em um mapa, ligando
os pontos de igual intensidade, formam-se Índices Isoceraúnicos. De acordo com os dados
históricos de uma estipulada região, os comprovativos tornam-se mais precisos. As leituras
são feitas considerando as incidências de trovoadas para raios de 20km.

Na Figura 4, podemos visualizar a representação gráfica do Índice Isoceraúnico no


mapa do Brasil:
14

Figura 4 – Mapa Isoceraúnico do Brasil.

Fonte: (ABNT, 2005)

2.6. PÁRA-RAIOS: PRINCIPAIS FUNÇÕES

O SPDA (sistema de proteção contra descargas atmosféricas) é um método completo


determinado a preservar uma construção ou estrutura contra as consequências das descargas
atmosféricas e popularmente conhecidas por para-raios.

O sistema de proteção contra descargas atmosféricas é dividido em cinco partes:


15

Captação:

Tem a missão de receber as descargas que atinjam sobre o topo da edificação e


distribuí-las pelas vertentes. É constituída por elementos metálicos, usualmente mastros ou
condutores metálicos corretamente dimensionados.

Descidas:

Recebem as correntes divididas pela captação transportando-as o mais depressa para o


solo. Para edificações com altura superior a 20 metros tem também a finalidade de receber
descargas laterais, tendo neste caso também a função de captação devendo os condutores ser
de modo correto dimensionados. No nível do solo as descidas deverão ser interligadas com
cabo de cobre nu com seção de 50mm² no mínimo.

Anéis de Cintamento:

Os anéis de Cintamento são responsáveis por duas importantes funções. A primeira é


equilibrar os potenciais das vertentes minimizando assim o campo elétrico dentro da
edificação. A segunda é receber descargas laterais e distribuí-las pelas vertentes. Nesta
situação também deverão ser dimensionadas como captação. Sua instalação deverá ser
realizada a cada 20 metros de altura interligando todas as descidas.

Aterramento:

Item necessário a todas as instalações elétricas, que tem como objetivo a segurança das
pessoas e pleno funcionamento do sistema elétrico ao qual esteja conectado. Existem hoje,
várias normas que abordam este tema: NR-10 e normas do Ministério do Trabalho e Emprego,
que exigem a presença de aterramento em todas as instalações elétricas.

Em nosso caso, se deve certificar de ter um bom aterramento, tendo em vista que se
trata de uma parte fundamental da estrutura do SPDA, já que toda a corrente da descarga será
injetada no sistema de aterramento e dissipada pelo solo (DE SOUZA, RODRIGUES, et al.,
2012).
16

2.6.1. Sistema de proteção contra descargas atmosféricas

Visando mitigar os problemas ocasionados pelas descargas elétricas, por exemplo:


perturbações nas redes elétricas, danos a construções, como edificações, estruturas diversas,
entre outras, grande risco de morte imposto as pessoas e animais que vivam próximo a um
ponto de contato do raio com o solo, foi desenvolvido o chamado Sistema de Proteção Contra
Descargas Atmosféricas – SPDA (MAMEDE FILHO, 2012).

O SPDA foi criado com o intuito de proteger a estrutura para o qual foi projetado de
uma incidência direta de raio, servindo assim de ponto de escoamento para a descarga que por
ventura venha a entrar em contato com este sistema, direcionando todo o fluxo de corrente
oriunda deste fenômeno, para o solo, servindo como um caminho de baixa impedância através
de percursos definidos neste sistema de proteção (VISACRO, 2005).

Basicamente o SPDA consiste na existência de um ponto de destaque na estrutura,


gerando assim um caminho mais atraente para circulação de energia elétrica, tendo em vista
as características de condução. Como a edificação em si, apresenta uma impedância para esta
descarga, passamos a buscar os melhores pontos para implementação deste sistema e com isso
mitigamos os riscos presente a todas as pessoas e equipamentos que se encontram na estrutura
protegida (VISACRO, 2005).

Refere-se ao Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas, como um conjunto


de três sistemas distintos. Os captores, que possuem a responsabilidade de servirem como
atrativos elétricos para os raios e sejam assim os pontos de contato direto com a descarga
atmosférica; o sistema de descida, que servem como meio de transporte da energia que por
ventura venha acertar os captores; e por último temos o sistema de aterramento, que tem como
objetivo dispersar a carga que circula pelo sistema de descida, no solo (MAMEDE FILHO,
2012).

Atualmente, em vigor no Brasil, possuímos a NBR 5419, uma norma brasileira que
rege a regulamentação dos sistemas de proteções contra descargas atmosféricas. Esta norma
possui como base a norma europeia IEC 61024. Segundo a norma brasileira, podemos utilizar
os métodos de Franklin, Eletro geométrico e método de Faraday.
17

No ano de 2006, a norma europeia IEC 61024, foi totalmente reformulada, recebendo
nova nomenclatura, tornando-se a parti de então a IEC 62305. Esta norma pode ser dividida
em quatro volumes, sendo eles: princípios gerais, gerenciamento de ricos e danos físicos,
proteção de sistemas elétricos e eletrônicos no interior de estrutura protegidas (POTIER,
2010),

2.6.2. Níveis de proteção

O início de um projeto de SPDA é o parecer da indispensabilidade do sistema e a


escolha do nível de proteção. Segundo (SILVA, 2014), podemos chamar de nível de proteção,
a classificação dada a um SPD, refletindo assim sua real existência e expressando a
possibilidade de proteção ofertada para o volume protegido contra os efeitos das descargas
atmosféricas.

Podemos ver, no anexo “B” da (ABNT, 2005) a apresentação de um método com o


qual, podemos calcular a frequência média anual previsível de descargas atmosféricas, que
tem extrema importância no momento que vamos avaliar o risco de incidência de descargas
atmosféricas e a deficiência de proteção da edificação contra estas descargas.

Entretanto, existem locais que de antemão, já é conclusiva a necessidade de proteção


para os mesmos, tais como, estruturas especiais com risco de explosão em caso de incidência
de descargas atmosféricas, locais de grande concentração ou passagem de público, locais que
prestam serviços públicos essenciais, estruturas que possuem valor histórico e cultural, além
de outros.

Tendo em vista que na instalação de um sistema de para-raios há sempre a


probabilidade de falha fazendo com que a estrutura protegida seja atingida pela descarga
atmosférica. Depois de avaliado a necessidade de um SPDA, devemos definir seu nível de
proteção.

Alguns locais ou estruturas possuem maiores danos/prejuízos quando atingidos por um


raio, como por exemplo, uma refinaria apresenta grande risco de incêndio, quando num prédio
18

de alvenaria esse risco é menor. Em outras palavras, uma refinaria exige um nível de proteção
maior se comparado a um prédio.

A (ABNT, 2005) separa em quatro índices de nível de proteção, onde (MAMEDE


FILHO, 2012), de forma abrangente, os retrata em resumo como se segue:

a) Nível I: é o nível mais seguro quanto à destruição de propriedades. Referem se às


estruturas protegidas, cuja falha no sistema de para-raios pode provocar danos às estruturas
adjacentes, tais como as indústrias petroquímicas, de materiais explosivos, etc.;

b) Nível II: refere-se às construções protegidas, cujas falhas no sistema de para-raios


podem causar perdas de bens de estimável valor ou provocar pânico aos presentes, porém sem
nenhuma consequência para as construções adjacentes. Enquadram-se neste nível os museus,
teatros, estádios, companhias comerciais comuns, etc.;

c) Nível III: refere-se às construções de uso comum, tais como os prédios residenciais,
lojas de departamento e indústrias de manufaturados;

d) Nível IV: refere-se às construções onde não é rotineira a presença de pessoas. Essas
construções são feitas de material não inflamável, sendo o produto armazenado nelas de
material não combustível, tais como armazéns de concreto para produtos de construção.

A eficiência global teórica varia entre 80% e 98% dependendo do nível de proteção,
sendo que o nível I apresenta 98%, já o nível II apresenta 95%, enquanto o nível III apresenta
90% e nível IV possui 80% de eficiência. Estes valores são calculados com base nas
estatísticas de valores e parâmetros dos raios e do Modelo Eletromagnético (SILVA, 2012).

A (ABNT, 2005) define eficiência global de um SPDA como a relação entre a


frequência média anual de descargas atmosféricas que não causam danos, interceptadas ou
não pelo SPDA, e a frequência (Ndc) sobre a estrutura.
19

2.6.3. Método de captores

O método de captores tem como papel básico receber o impacto direto das descargas
atmosféricas. Os captores são elementos condutores expostos, normalmente na parte mais
elevada da estrutura constituindo pontos preferenciais de incidência de raios.

A (ABNT, 2005) considera que o sistema captor pode ser constituído por hastes, cabos
esticados, condutores em malha e/ou elementos naturais. A norma admite qualquer
combinação entre estes elementos. Os captores podem ser classificados como naturais ou não
naturais, de acordo com sua natureza construtiva.

Os captores não naturais são elementos condutores expostos que não são partes da
estrutura e são instalados para exercerem a função de proteção contra descargas atmosféricas.
Os captores do tipo Franklin, hastes verticais e condutores de cobre nu exposto em forma de
malha são exemplos de captores não naturais.

Os captores do tipo Franklin são elementos metálicos construídos especialmente para


receber o impacto das descargas atmosféricas. São constituídos de três ou quatro elementos
em forma de ponta. Ele necessita de um suporte metálico, chamado de mastro, cuja
extremidade superior é fixada o captor e sua base fixada no topo da estrutura a proteger
(MAMEDE, 2012).

Figura 5 – Ilustração de captores não naturais.

Fonte: (SILVA, 2014).


20

O sistema de hastes verticais são elementos metálicos em forma de hastes de pequeno


comprimento conectados as malhas captadoras. São costumeiros nos projetos que utilizam o
método Gaiola de Faraday. Essas hastes são utilizadas para evitar que o centelhamento devido
ao impacto das descargas atmosféricas sobre o sistema de condutores horizontais produza
danos sobre o material de cobertura da edificação a ser protegida (MAMEDE FILHO, 2012).

O sistema captor natural é um componente natural de SPDA. A Norma (ABNT, 2005)


define componente natural de SPDA como componente da estrutura que desempenha uma
função de proteção contra descargas atmosféricas, mas não é instalado especificamente para
este fim. Tetos de estruturas metálicas, mastros, tubos e calhas metálicas são exemplos de
captores naturais.

A (ABNT, 2005) determina que alguns requisitos sejam atendidos para considerar que
um captor seja considerado natural. São elas:

a) Quando existir a necessidade de prevenção contra perfurações ou pontos


aquecidos, não poderá, o elemento metálico, ser inferior a 0,5 mm;

b) Quando não existir importância contra a prevenção de perfurações ou


ignição de materiais combustíveis, o elemento metálico, poderá ser inferior a
2,5 mm;
c) Deve ser observado, que o elemento metálico, não poderá ser revestido de
material isolante, não sendo considerado os seguintes revestimentos como
isolante: camada de pintura de proteção, 0,5 mm de asfalto ou 1 mm de
PVC;

d) Deverão atentar-se que a continuidade elétrica entre as partes diversas,


tenham sido executadas de maneira que assegure durabilidade;

e) Se faz necessária a exclusão do volume a ser protegido, os elementos não-


metálicos, acima ou sobre o elemento metálico (ocorrerá normalmente o
impacto de descargas atmosféricas em telhas de fibrocimento, que tenham
elementos metálicos de fixação).
21

2.6.4. Método franklin

O método, conhecido como tipo Franklin, consiste na determinação de um cone de


proteção, onde o volume a ser protegido, deverá estar inteiramente contido dentro do volume
do cone projetado, variando este volume em relação ao nível de proteção necessário e a altura
da estrutura (MAMEDE FILHO, 2012). A Figura 6, ilustra de maneira didática o que foi
descrito acima, mostrando como a edificação deverá estar situada dentro do volume do cone.

Figura 6 – Ilustração da configuração de um SPDA tipo Franklin.

Fonte: (SILVA, 2014).

O método Franklin tem utilização de preferência em estruturas altas e delgadas.


Porém, em edificações com alturas superiores a 20 metros, este método não se mostra tão
eficiente, pois a sua função neste sistema requer um complemento para precaver a ocorrência
de descargas laterais.

A Tabela 1 mostra o ângulo de proteção que devemos utilizar para estabelecido nível
de proteção e altura do captor. Note que infraestruturas com altura acima de 20m que
precisam bons níveis de proteção não poderá ser aplicado o captor tipo Franklin.
22

Tabela 1 – Nível de Proteção no Método Franklin.

Ângulo de proteção (a) em função da altura Captor-Solo – Nível de


Método Franklin Proteção
>60m 46 – 60m 31 – 45m 21 – 30m 0 – 20m
(B) (A) (A) (A) 25° I
(B) (A) (A) 25º 35º II
(B) (A) 25° 35° 45° III
(B) 25° 35° 45° 55° IV

Fonte: NBR 5419.2005


(A) – Aplicam-se somente métodos eletromagnéticos, malha ou gaiola de Faraday
(B) - Aplicam-se somente o método da gaiola de Faraday

2.6.5. Método da gaiola de faraday

Este método é fundamenta donos experimentos da gaiola de Faraday. Esta experiência


consiste na análise de construir uma gaiola metálica envolvendo um corpo, este fica livre de
correntes transitórias, assumindo uma blindagem do corpo envolvido quanto à incidência e ao
percurso da corrente de descarga (VISACRO, 2005).

A implantação deste método, como o nome já diz, consiste da projeção de uma gaiola
ao redor do volume a ser protegido, envolvendo assim a estrutura, sem que qualquer parte
fique de fora desta “gaiola” projetada. Dessa maneira, como já foi explicado pelo próprio
Faraday, todas as descargas elétricas que acertem a gaiola, terão seu fluxo de corrente
direcionados pela própria gaiola, sem que o volume interno a esta malha projetada sofá
qualquer surto ou influência das mesmas. A Figura 7 ilustra a aplicação de um SPDA com o
método de Faraday.
23

Figura 7 - Proteção pelo método da gaiola de Faraday.

Fonte: (VISACRO, 2005).

Este método é empregado em edificações com estruturas metálicas na cobertura,


especialmente em galpões. Igualmente é aplicado em edificações que possuem grande área de
cobertura, onde seriam fundamentais vários mastros para a instalação do SPDA (CREDER,
2007). A NBR 5419.2005 exige o SPDA para edificações maiores que 60 metros, sejam
baseados no método de Gaiola de Faraday. A eficácia desse método depende do tamanho do
módulo da gaiola. O módulo da gaiola é dado pelo distanciamento entre os condutores que
constituem a gaiola de Faraday. Um módulo gigantesco, espaçado tem baixa eficiência. A
Tabela 2 mostra a relação entre a largura do módulo e o nível de proteção, sendo que o
comprimento do módulo não pode ser maior que o dobro da largura.

Tabela 2 - Nível de Proteção no método de Faraday.

Largura do módulo da mala Nível de Proteção


5 I
10 II
10 III
20 IV
Fonte: (ABNT, 2005)
24

2.6.6. Tipos de esquemas de aterramento

Abaixo encontra-se explicado como funciona a simbologia adotada pela ABNT para
representar os esquemas de aterramento existentes, classificando-os em relação a sua
alimentação e das massas em relação à terra:

A primeira letra é utilizada para identificar o tipo de alimentação em relação à terra:

T- Um ponto aterrado diretamente;


I- Separação através de isolamento de todas as partes energizadas em relação à terra
ou através de uma alta impedância.

A segunda letra é utilizada para identificar a situação das carcaças dos equipamentos
em relação à terra:

T- Carcaças diretamente ligadas ao aterramento, estando ou não a fonte de


alimentação aterrada;
N- Carcaças conectadas diretamente ao ponto de alimentação que encontra-se
aterrado, geralmente em corrente alternada, trata-se do ponto de neutro;
I- Carcaças isoladas e não conectadas ao aterramento.

A terceira letra é utilizada para identificar de que forma foi realizada a ligação do
aterramento a massa do equipamento, usando o aterramento utilizado pela fonte:

S- Identifica os casos no qual a massa é aterrada através de um fio (PE) separado


(independente) do neutro;
C- Identifica os casos no qual a massa é aterrada utilizando o mesmo fio do neutro
(PEN).
25

2.6.7 Tipos de sistemas de aterramento

Existem diversos tipos de aterramento, que tem por finalidade garantir a melhor
conexão com a terra.

Os principais tipos são: Haste única enterrada, múltiplas hastes dispostas das seguintes
maneiras, em triangulo, em quadrado e em círculos, placas condutoras enterradas, cabos
enterrados com configurações diversas, tais como, estendido em vala, em cruz, em estrela ou
formando uma malha de terra.

Para que seja feita a escolha do tipo de sistema de aterramento a ser utilizado, iremos
utilizar as características do local, o tipo de sistema elétrico a ser aterrado e o custo de
implantação do sistema. A título de conhecimento, a malha de terra é o sistema de aterramento
mais eficiente, porém o mais caro.

2.7. LEITURA DAS MEDIÇÕES DO ATERRAMENTO

Após ser determinado fisicamente onde será instalado o sistema de aterramento,


necessitamos realizar a medição de resistividade do solo. A resistividade do solo tem relação
direta com o tamanho do sistema de aterramento dimensionado. Diante do aumento da área
compreendida pelo aterramento, as dissipações das correntes atingem camadas mais profundas.

A Tabela 3 reúne a resistividade para solos de naturezas diferentes, tendo valores


inferiores e superiores, que serão utilizados em projetos de malha de aterramento, quando não
possuirmos medições adequadas para tal.
26

Tabela 3 - Resistividade do solo.

Resistividade (Ω m)
Natureza dos Solos
Máxima Mínima
30 - Solos alagadiços e pantanosos
100 20 Lodo
150 10 Húmus
50 - Argilas plásticas
200 100 Argilas compactas
Terra de jardins com 50% de
140 -
umidade
Terra de jardins com 20% de
480 -
umidade
5000 1500 Argila seca
80 - Argila com 40% de umidade
330 - Argila com 20% de umidade
1300 - Areia com 90% de umidade
8000 3000 Areia comum
3000 1500 Solo pedregoso nu
500 300 Solo pedregoso coberto com relva
400 100 Calcários moles
5000 100 Calcários compactos
1000 500 Calcários fissurados
300 50 Xisto
800 - Micaxisto
10000 500 Granito e arenito

Fonte: (BELCHIOR, 2014).

Para realizar a medição dos valores de resistividade, deverá ser utilizada medições em
campo. Utilizando para tais, instrumentos como terrômetro, e métodos de prospecção
geoelétricos, como o Método de Wenner.

2.7.1. Método de wenner

Este método consiste na utilização de um Megger, equipamento composto por quatro


terminais, sendo dois de corrente e dois de potencial, que são enterrados no solo com a mesma
27

profundidade e em linha, equidistantes por uma distância d, tendo como objetivo a medição da
resistência do solo.

Os eletrodos de medição ficam dispostos da seguinte maneira, dos quatro terminais os


dois referentes ao extremo da linha são destinados as correntes C1 e C2, enquanto os eletrodos
centrais são destinados aos potenciais P1 e P2.

Figura 8 - Esquema de Ligação dos componentes para execução do método de Wenner.

Fonte: (PINHEIRO, 2013).

Onde:

R → Resistencia em Ω no Megger, em relação a uma distância “d”


d → Espaçamento entre as hastes em m
p → Profundidade da haste em m

Para impedir a distorção dos resultados, alguns instrumentos como o Megger, possuem
um terminal guarda ligado a um eletrodo, fazendo assim com que os efeitos das correntes
parasitas, que para estes casos tornam-se elevadas, sejam minimizados.
28

2.7.2. Medição de resistividade do solo

O Megger consegue realizar a medição da resistividade do solo através da circulação de


corrente entre os terminais C1 e C2, os terminais P1 e P2 são conectados as hastes internas do
equipamento. Através desta configuração o equipamento consegue processar todas as medidas
e informar o valor da resistência entre P1 e P2.

A resistividade do solo será dada através da Equação (1):

𝜌𝜌 = 2. 𝜋𝜋. 𝑑𝑑. 𝑅𝑅 [Ω. 𝑚𝑚]

Equação (1)

Onde “d” é o espaçamento entre os eletrodos, sendo proporcional à profundidade a que


se refere a resistividade medida, e “R” a resistência medida pelo equipamento entre P1 e P2.

Deve-se observar alguns pontos básicos, para que se tenha medições satisfatórias. Tais
como, inserir os eletrodos no solo, com altura aproximada de 20 cm, ou até que apresentem
dificuldades para cravação, ou seja, resistência mecânica do solo, consistente para que exista
uma resistência de contato aceitável; alinhar os eletrodos de maneira que estejam equidistantes
um dos outros; calibrar o equipamento, de maneira a manter o galvanômetro no zero, para cada
espaçamento entre os eletrodos, lembrando-se de ajustar tanto o potenciômetro, quanto o
multiplicador do terrômetro;

Devem-se variar o espaço entre os eletrodos, levando em consideração a distância


considerada, tendo uma medida por ponto. Deve-se levar em consideração a profundidade do
solo para que a distância entre os eletrodos seja correspondente a esta;

Sendo identificada oscilação no galvanômetro, devemos eliminar esta interferência


através do afastamento dos eletrodos de medição. Devendo sempre considerar a temperatura e
umidade do solo.
29

2.7.3. Fatores que influenciam na resistividade do solo

A resistividade de um solo pode variar devido a diversos fatores, sempre dependendo


das condições em que o solo é submetido. Abaixo podemos ver alguns desses fatores:

1. Composição química

A resistividade do solo pode ser influenciada pela quantidade de ácidos e sais solúveis,
que estão presentes agregados ao solo. Para que possamos reduzir a resistividade do solo,
adicionamos a ele, produtos químicos à base de sair, que na presença da água e combinados
entre si, formam o chamado GEL, produto de grande eficiência na redução da resistividade do
solo, que deverá ficar ao redor do eletrodo enterrado na terra.

2. Umidade

Como ocorre com a resistividade do solo, a resistência da mala de terra, sofre alteração
de acordo com a variação da umidade do solo, principalmente quando este valor cai abaixo de
20%. Para que possamos mitigar este problema, os eletrodos de terra devem estar implantados
a uma profundidade que garanta a umidade necessária em torno deles. Para que possamos
retardar a evaporação da água do solo, devemos utilizar uma camada de brita de 100 a 200 mm
sobre a área da malha construída.

3. Temperatura

A resistividade do solo e a resistência de um sistema de aterramento são bastante


afetadas quando a temperatura cai abaixo de 0°C. Para temperaturas acima deste valor, a
resistividade do solo e a resistência de aterramento se reduzem.

Deve-se preocupar com as correntes de curto-circuito fase-terra, pois se as mesmas


apresentarem valores elevados podem fazer com que a água presente no solo entre em ebulição,
em torno do eletrodo, diminuindo assim a umidade do solo e aumentando a temperatura no
local, prejudicando o desempenho do sistema de aterramento.
30

2.8 MALHA DE ATERRAMENTO

Pode-se dizer que especificar uma malha de aterramento, é condicionar que os


potenciais surgidos a partir da ocorrência de um máximo defeito à terra, serão inferiores aos
potenciais de passo e toque suportado por uma pessoa, sem que a mesma corra riscos de
fibrilação ventricular. Também deve ser observado os esforços mecânicos e térmicos que o cabo
especificado estará sujeito durante sua vida útil. Deverá ser levado em conta também, o valor
da resistência de terra da malha, para que a mesma seja compatível com a sensibilidade da
proteção.

A partir de uma malha inicial, deve ser observado se o dimensionado está de acordo
com os valores suportáveis por um ser humano, caso não esteja, é necessário que o projeto
inicial seja modificado e as condições de proteção sejam satisfeitas.

2.8.1 Elementos de uma malha de terra

Os principais elementos de uma malha de terra são:

a) Aterramento ou Eletrodos de terra

O elemento de aterramento, pode ser constituído de eletrodo único ou conjunto de


eletrodos. Podendo ser uma simples haste aterrada, diversas hastes enterradas e interligadas,
quanto outros tipos de condutores em configurações diversas.

Eles podem ser constituídos dos seguintes elementos:

• Aço galvanizado Em geral – Seu uso é restrito, pois, após um período de tempo
determinado, o mesmo sofre corrosão, aumentando assim a resistência de
contato com o solo.
31

• Aço cobreado – O Eletrodo tem grande capacidade de resistência a corrosão pois


apresenta uma camada de cobre sobre o vergalhão, com isso suas características
originais, permanecem as mesmas por um longo tempo.

b) Condutor da malha

Conforme a norma NBR 5410, em solos que possuem características ácidas e sem
proteção mecânica, é recomendável a utilização de um cabo de cobre nu com secção igual ou
maior a 16 mm². Entretanto em solos que tenham natureza alcalina, devemos utilizar cabos de
cobre com secção superior a 25 mm². Entretanto, deve ser observado os valores da corrente de
defeito fase-terra, podendo ser necessário secções superiores.

c) Conexões

São elementos utilizados nas emendas e derivações para conectar os condutores.

Dentro da grande variedade de conectores existentes, pode-se destacar os seguintes:

• Conectores aparafusados

Tratam-se de peças de metal utilizados na emenda de condutores, devendo ser evitado


seu uso em condutores de aterramento, sempre que possível.

• Conexão exotérmica

Trata-se de um processo de conexão a quente, resultando numa fusão entre o elementos


de conexão e o condutor. Existem vários tipos de conexão utilizando este processo.

d) Condutor de ligação

É o condutor utilizado para aterramento das massas, por exemplo carcaças de


equipamentos, fazendo a ligação entre eles e o terminal de aterramento parcial e principal,
devendo este último ser interligado à malha de terra.
32

2.9 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS (DPS)

Tratam-se de dispositivos que tem por finalidade a garantia do chamado


“grampeamento” de tensão a níveis inferiores e tempo que sejam suportáveis, de maneira que
consiga manter a integridade, continuidade dos equipamentos e dispositivos da instalação. São
utilizados na limitação e eliminação das descargas atmosféricas.

2.9.1. As diferenças classes de DPS

Um DPS deverá, de acordo com sua Classe I, II ou III, conforme a norma ABNT NBR
IEC 6164-1, suportar as ondas de descargas atmosféricas normalizadas de acordo com o ensaio
correspondente à sua classe.

• Classe I: tratam-se dos DPS capazes de eliminar os defeitos diretos causadas por
descargas atmosféricas.

• Classe II: tratam-se de DPS destinados a proteção de equipamentos contra


sobretensões decorrentes de descargas atmosféricas. Seus ensaios são efetuados
com a máxima corrente de descarga na forma de onda 8/20 µs. Podendo ser
instalado em cascata com um DPS Classe I, Classe II ou sozinho; devendo ser
instalado junto a um dispositivo de desconexão a montante, tendo sua capacidade
de interrupção no mínimo igual a corrente máxima de curto circuito calculada
para o local da instalação.

• Classe I+II: Tratam-se de DPS que reúnem as características dos DPS classe I e
II em um único equipamento.

• Classe III: Tratam-se de DPS destinados a proteção de equipamentos situados a


uma distância maior de 30 m em relação ao DPS de cabeceira. Seus testes são
executados com uma forma de onda de corrente combinada 12/50 µs e 8/20 µs.
33

2.9.2 Localização do DPS

Conforme orientado pela norma (ABNT, 2005), o DPS deverá estar localizado próximo
ao ponto de entrada da edificação, ou seja, próximo do ponto em que os condutores elétricos
entram na edificação

Para sua instalação, deve-se realizar a conexão de um de seus terminais ao fio que sai
do disjuntos e o outro terminal a barra de aterramento, representada pelo condutor de proteção
(PE). A Figura 9 ilustra como essas conexões são feitas.

Figura 9 - Esquema de Ligação de um DPS em um circuito elétrico.

Fonte: adaptado de https://blog.wendelrocha.eng.br/17-engenharia/24-vale-a-pena-ter-


dr-e-dps-em-casa, acessado em 23/06/2017.
34

2.10 Regulamentação

De acordo com o código de defesa do consumidor (Lei Federal), na seção IV no artigo


39 inciso 8, todo o serviço ou fornecimento de material, deverá atender às exigências das
normas da ABNT. A norma NR10, norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e
Emprego, exige que todas as edificações possuam SPDA.

A lei municipal, somente irá confirmar o que já está explícito no código de defesa do
consumidor e na NR10, o que pode ser saudável, mas não dispensável.
35

CAPÍTULO 3. PROJETO DA EDIFICAÇÃO

3.1. TIPO DE SPDA ADOTADO

Utilizamos a norma (ABNT, 2005), elaborada e de propriedade da Associação Brasileira


de Normas Técnicas (ABNT), como procedimento para realizarmos o dimensionamento do
Projeto de Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas – SPDA.

Por ser o projeto que irá permitir a distribuição da proteção, por toda estrutura,
ocasionando assim o aumento da eficiência do sistema, quando comparado com os demais
métodos, adotamos a proteção tipo “Gaiola de Faraday” para execução do referido projeto.

Este método, que consiste no envolvimento com uma mala de condutores elétricos nus,
denominada de Malha Captora, em toda a estrutura superior da construção, tendo seu
fechamento sendo todo interligado, criando assim um anel elétrico, onde todos os pontos de
captação estão no mesmo potencial, sendo seguidamente interligada a malha de aterramento,
através da utilização de condutores de cobre, alumínio ou aço, conhecidos como descida,
estando estes condutores espaçados de acordo com o nível de proteção adotado.

3.1.1 Características da edificação

Seja um prédio de 4 pavimentos com as seguintes informações:

• Largura: 20 metros
• Comprimento: 30 metros
• Altura: 12,7 metros
• Construção: Pré-moldada
• Cobertura: Telha Metálica

Com base nestas informações, iremos iniciar o projeto do SPDA. Escolhemos para
projetar o método de Faraday, que utiliza como captor uma malha sobre a estrutura do edifício.
36

3.1.2 Aspectos construtivos

Primeiramente, iremos definir o nível de proteção a ser adotada. Como rege a norma
NBR 5419, por ser tratar de uma estrutura comum e residencial, o nível de proteção será de
grau III.

Após termos definido o nível de proteção, iremos definir a quantidade de prumadas


(descidas) e o mesh da Gaiola de Faraday. O espaçamento médio das prumadas está definida
conforme a Tabela 4, em função do nível de proteção.

Tabela 4 - Espaçamento médio dos condutores de cada descida conforme o nível de proteção.

Espaçamento médio (m) Nível de proteção


10 I
15 II
20 III
25 IV
Fonte: (ABNT, 2005).

Com o mesh da Gaiola (20m x 20m) definido, iremos encontrar a quantidade de


prumadas, através da Equação (2).

(20 + 30)
𝑁𝑁º 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑚𝑚𝑝𝑝𝑑𝑑𝑝𝑝𝑝𝑝 = 2 . = 5 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑚𝑚𝑝𝑝𝑑𝑑𝑝𝑝𝑝𝑝
20

Equação (2)

Depois é preciso calcular o comprimento do condutor das descidas e cobertura, podendo


estes serem de cobre nu, cabo de 35 mm² ou de barra chata de alumínio 7/8” x 1/8”.

Teremos então:

Comprimento das barras de cobertura = (3 x 30m) + (4 x 20m) = 170metros


37

Comprimento dos cabos de descida = (5 x 15m) + (2 x 30m) + (2 x 20m) = 175 metros


Sendo assim o sistema com as barras de cobertura e as barras prumadas pode ser visto
conforme a Figura 10.

Figura 10 - Malha formada pelos condutores de cobertura e descida.

Fonte: Autor.

As conexões podem ser feitas da seguinte maneira, entre as barras através de rebites ou
parafusos com rosca mecânica, e entre os cabos de cobre nu, através de conector em X. A Figura
11 demonstra a aplicação de malha de condutores de cobre nu aplicada em cobertura pré-
moldada semelhante ao projeto realizado.
38

Figura 11- Malha aplicada em cobertura pré-moldada.

Fonte: (PINHEIRO, 2013).

Deve-se sempre lembrar de jamais realizar a fixação das barras diretamente na parede,
pois, podem vir a ocorrer diversos problemas, conforme relatado abaixo.

• Corrosão eletrolítica devido à diferença de materiais utilizados na barra e no


parafuso utilizado para fixação;

• Necessidade de se utilizar uma barra com área maior, para compensar a perda de
seção devido a perfuração para fixação;

• Ocorrência de dilatação devido ao Efeito Joule, durante a incidência de uma


descarga elétrica, ocasionando assim a retirada da parede com bucha e tudo.
39

Figura 12 - Barra chata de alumínio.

Fonte: (PINHEIRO, 2013).

É de extrema importância, que nas descidas, existam caixas aéreas com junção de
medição para que seja realizado, sempre que necessária, medição, como mostra a Figura 13.
40

Figura 13 - Caixa de medição

Fonte: (PINHEIRO, 2013).

Essas caixas devem estar instaladas pontos próximos da ligação ao eletrodo de


aterramento e em altura de fácil acesso, conforme a Figura 14. Também deverá ocorrer dentro
destas caixas, a conexão entre as descidas do SPDA e o sistema de aterramento.
41

Figura 14 - Local de instalação da caixa para leitura da medição.

Fonte: (PINHEIRO, 2013).

3.1.3 Malha captora

Apesar de existir a possibilidade de se utilizar a cobertura metálica como captora natural,


deverá ser descartado sua utilização para este fim dentro deste projeto, pois não temos
informações suficientes para tal, como por exemplo: tipo de material de fabricação (alumínio,
aço, zinco ou outros), e sua espessura, para verificarmos se a mesma poderia ser considerada
como captora natural.

De acordo com a norma (ABNT, 2005), para que uma estrutura metálica, possa ser
considerada captora natural, devendo verificar se a mesma possui alguns dos critérios abaixo,
estabelecidos como características padrões para captores naturais:
42

a) Quando existir a necessidade de prevenção contra perfurações ou pontos aquecidos,


não poderá, o elemento metálico, ser inferior a 0,5 mm;

b) Quando não existir importância contra a prevenção de perfurações ou ignição de


materiais combustíveis, o elemento metálico, poderá ser inferior a 2,5 mm;

c) Deve ser observado, que o elemento metálico, não poderá ser revestido de material
isolante, não sendo considerado os seguintes revestimentos como isolante: camada
de pintura de proteção, 0,5 mm de asfalto ou 1 mm de PVC;

d) Devemos nos atentar para que a continuidade elétrica entre as partes diversas,
tenham sido executadas de maneira que assegure durabilidade;

e) Podemos excluir do volume a ser protegido, os elementos não-metálicos, acima ou


sobre o elemento metálico (ocorrerá normalmente o impacto de descargas
atmosféricas em telhas de fibrocimento, que tenham elementos metálicos de
fixação).

Tabela 5 – Espessuras mínimas dos componentes do SPDA.

Aterramento Descidas Captores


Material
PPF NFP NPQ
4 0,5 0,5 2,5 4 Aço Galvanizado a quente
0,5 0,5 0,5 2,5 5 Cobre
- 0,5 0,5 2,5 7 Alumínio
5 0,5 0,5 2,5 4 Aço Inox
NPQ – não gera ponto quente;
NPF – não perfura;
PPF – pode perfurar.
*Todas as medidas encontram-se em mm.
Fonte: (ABNT, 2005)
43

Por não possuirmos as informações mínimas necessárias para utilizarmos a cobertura


como captora natural, se fez necessário, a instalação de uma malha captora sobre esta. Para
criação da malha captora, deverão ser utilizadas barras chata de alumínio de 7/8 x 1/8, sendo
disposta em torno do perímetro da cobertura e para que seja atingindo o grau de proteção
pretendido, dispor também estas barras pelo centro da cobertura

Serão utilizadas para descidas, cabo de cobre nu de 35 mm², tendo sido projetadas um
total de 5 descidas, dispostas com aproximadamente, 20 m de espaçamento entre elas, conforme
orientação constante na NBR-5419, para o nível de proteção III. Será utilizado cabo de cobre
nu de 35 mm² em todas as decidas, além de ter sido projetado caixas de inspeção, do tipo
suspensa, em todas as decidas, facilitando desta maneira, a separação dos condutores de descida
com a malha de aterramento. Todas as descidas estão diretamente conectadas há uma haste de
aço cobreada de alta camada de 5/8” x 2400mm.

3.1.4 Malha de aterramento

A malha de aterramento será composta por cabos de cobre nu de 50 mm², depositados


no solo com uma profundidade de 50 cm. Estes deverão estar interligados a hastes de
aterramento de 5/8” x 2,4 m, podendo a interligação ser feita através de solda exotérmica ou
conector de pressão adequado, sendo sua distribuição realizada de acordo com o projetado.

Como se faz necessária a medição periódica da resistência da malha de aterramento,


foram projetadas, caias de inspeção em alguns pontos da malha. É obrigatório a utilização da
solda exotérmica nas conexões entre haste-cabo ou cabo-cabo, que encontram-se diretamente
enterrados.

Poderão ser utilizados conectores de pressão, somente em conexões haste-haste ou cabo-


cabo que estiverem ocorrendo dentro de caixas de inspeção, porém os conectores necessitam
ser do tipo grampo terra duplo com parafuso tipo “U”.

Sendo proibida a utilização de conectores simples, comumente utilizados em


aterramentos residenciais. Todas estas especificações, requisitos e conceitos, estão de acordo
com as determinações da norma em questão.
44

Em concordância com a norma, o comprimento do eletrodo para o nível III é


independente da resistividade. Devendo apenas obedecer ao comprimento mínimo total,
estabelecido pela norma, que deverá ser de 2,4 metros.

Desta maneira, iremos utilizar 5 eletrodos de 5/8”, com comprimento de 2,4 m cada,
para cada descida. Estes deverão ser instalados na parte externa do volume a ser protegido,
respeitando a distância de 1m em relação as fundações da estrutura.

Todos os eletrodos deverão estar conectados entre si através de um cabo de cobre nu


com seção transversal de 50 mm², que deverá contornar o prédio e ser equipotencializado
próximo ao quadro geral de entrada da instalação, conectando-o ao terminal principal de
aterramento.
45

CAPÍTULO 4. PROJETO FÍSICO

O presente projeto físico tem como objetivo, descrever as instalações de SPDA


projetadas para uma edificação de quatro pavimentos. Esclarecendo a todos os envolvidos os
procedimentos, materiais adotados, normas técnicas e características gerais do projeto. Serão
explicados, através de detalhes os aspectos mais importantes para a execução e para uma clara
compreensão do projeto.

Implantação de um sistema de captação contra choques diretos das descargas


atmosféricas, que será instalado em anel perimetral de barra chata de alumínio de 5/8’’ x 1/8’’
formando uma gaiola de Faraday com mesh equivalente as suas dimensões, ou seja anel
perimetral e uma derivação transversal. E Conforme memorial de cálculos anexo a este
processo. As descidas num total de cinco, serão feitas com a cordoalha de cobre nu 35mm² e
conectados nas barras do telhado e terminal de pressão diretamente as hastes e cabos da malha
de aterramento dentro das respectivas caixas de inspeção.

A malha de aterramento em volta da edificação deverá ser feita com cabos de 50 mm²
numa profundidade mínima de 500 mm ou 0,5 m conforme item 5.1.3.5.2 da NBR 5419 que
diz que eletrodos de aterramento formados de condutores em anel ou condutores horizontais
radiais devem ser instalados a esta profundidade mínima.

A malha de aterramento em volta da edificação deverá ser conectada a malha de topo


da edificação e suas respectivas descidas.
46

CAPÍTULO 5. CUSTOS PARA EXECUÇÃO DO PROJETO

Em um projeto é indispensável à formulação de uma seção que demonstre claramente


os recursos necessários para a execução do projeto, até mesmo para verificação e avaliação da
viabilidade do investimento financeiro de um novo projeto.

Os modelos de demonstrativos de descrição dos materiais e orçamento dos materiais


relacionados para execução variam em função da classe e do método escolhido.

São apresentados nas tabelas 6 e 7 toda descrição dos materiais e orçamento de cada
item envolvido para execução do projeto.

5.1. DESCRIÇÃO DOS MATERIAIS

Tabela6 - Descriçãode Materiais

Unidade Quantidade Unidade Medida Descrição Item


7/8 x
m 170 “ Barra chata de alumínio 1
1/8
Pçs 5 - - Caixa de inspeção suspensa e conectores afins 2
m 5 “ 5/8 Haste cobreada alta camada 3
m 100 mm² 50 Cabo cobre nu normatizado 4
Pçs 5 - - Conector cabo-haste em bronze natural 5
Pçs 5 mm² 35 Terminal olhal de compressão 6
m 12,5 “ 1 Eletroduto PVC 7
Pçs 3 “ 1 Luva PVC rosca 8
Caixa de inspeção tipo solo e tampas de PVC
Pçs 5 mm 300 9
(Polipropileno)
Pçs 20 “ 1 Abraçadeira metálica tipo D com cunha 10
Pçs 100 - - Bucha de nylon e parafuso S8 11
Pçs 160 mm 22 x 44 Suporte para fita de alumínio – Base + tampa 12
m 100 mm² 35 Cabo cobre nu normatizado 13
1/4 x
Pçs 100 “ Parafuso latão 14
7/8
Pçs 100 “ 1/4 Porca latão 15
Pçs 35 mm² 35 Presilha em latão 16
Pçs 5 mm² 35 Conector em bronze Cabo-Cabo 17
47

5.2. ORÇAMENTO DOS MATERIAS RELACIONADOS PARA EXECUÇÃO

Tabela7 - Orçamento dos materiais relacionado para execução.

Preço Total Preço Parcial


Quantidade Descrição Item
(R$) (R$)
2040,00 12 170 Barra chata de alumínio 1
120,40 24,08 5 Caixa de inspeção suspensa e conectores afins 2
135 27 5 Haste cobreada alta camada 3
1200 12 100 Cabo cobre nu normatizado 4
134,95 26,99 5 Conector cabo-haste em bronze natural 5
8,85 1,77 5 Terminal olhal de compressão 6
50 4 12,5 Eletroduto PVC 7
9 3 3 Luva PVC rosca 8
Caixa de inspeção tipo solo e tampas de PVC
120,40 24,08 5 9
(Polipropileno)
20 6,17 20 Abraçadeira metálica tipo D com cunha 10
121 1,21 100 Bucha de nylon e parafuso S8 11
577,60 3,61 160 Suporte para fita de alumínio – Base + tampa 12
1000 10 100 Cabo cobre nu normatizado 13
41,73 0,4173 100 Parafuso latão 14
40,00 0,40 100 Porca latão 15
35,00 1,00 35 Presilha em latão 16
17,50 3,50 5 Conector em bronze Cabo-Cabo 17
48

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, foi realizado de maneira detalhada, os passos necessários para realizar o
projeto de um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas, quais eram as finalidades
desse projeto.

O Capítulo 1 foi totalmente dedicado a falar das descargas atmosféricas, mostrando


desde o início da formação dos raios, até o momento em que eles são capturados e direcionados
pelo SPDA à terra, assim como dos dispositivos e equipamentos necessários para o
funcionamento dos mesmos.

Como se faz necessário a utilização do sistema de aterramento em conjunto com o


SPDA, foram citados também os riscos que as correntes elétricas perigosas podem trazer para
o nosso organismo.

Ao final foi feito um estudo de caso onde foi possível aplicar e utilizar todo o
embasamento aqui reunido, aplicando-o na prática, através de um projeto.

Dentro do que este trabalho se propôs a apresentar, é possível afirmar que de maneira
clara e objetiva, a maioria dos objetivos traçados foram alcançados. O objetivo principal era
demonstrar os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas existentes e como realizar o
seu dimensionamento.

A maior dificuldade foi a especificação de todos os itens necessários para a realização


de um Sistema de Proteção Contra descargas Atmosféricas, tendo em vista que não existe
somente uma maneira de realizar a proteção e de que cada maneira possui equipamentos e
montagens próprias a sua peculiaridade. Outra dificuldade encontrada foi em relação ao
processo construtivo dos sistemas de aterramento que não eram tão explícitos.

Não foi possível, neste projeto, adotar métodos que possibilitem a um morador de um
prédio, construir um SPDA, individual e que proteja somente a sua unidade, tendo em vista que
o mesmo deve ser realizado de maneira volumétrica e total do edifício a ser implementado.
49

Mesmo assim, o trabalho apresentou, de forma sucinta e direta, as maneiras necessárias


para a elaboração e escolha de um SPDA, as exigências de um projeto, os cuidados que deve
ser tomado ao fazê-lo e como esse projeto deve ser executado. Além disso, foram apresentadas
quais as ferramentas e os equipamentos necessários para fazer as medições dos parâmetros
exigidos de um bom aterramento, como a resistividade do solo.

Sendo assim, foi possível através deste trabalho orientar para que práticas inadequadas
de aterramento e dimensionamento de SPDA não sejam mais realizadas por falta de
conhecimento técnico do assunto.

É evidente, no entanto, que a leitura completa da NBR-5419 também se faz necessária


já que existem alguns detalhes que não foram abordados nessa obra.

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Também como sugestão para trabalhos futuros, especialmente com uma disponibilidade
de tempo maior, seria interessante um projeto semelhante, com um maior número de descidas
e estreitando mais a malha de topo da edificação, tendo uma maior quantidade de cordoalha de
cobre nu e consequentemente aumentando a área de captação, de modo que aumente a
porcentagem de proteção.
Também se sugere que seja feita para o sistema, um plano de manutenção preventiva
anual, e sempre que atingido por uma descarga atmosférica, para verificar eventuais
irregularidades e garantir a eficiência do SPDA.
50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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