Você está na página 1de 7

AO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL.

Paciente: DANIEL LÚCIO DA SILVEIRA


Impetrante: PAULO CÉSAR RODRIGUES DE FARIA
Autoridade Coatora: MINISTRO RELATOR DA AP 1044 DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL

LIMINAR

PAULO CÉSAR RODRIGUES DE FARIA, Impetrante, Advogado,


inscrito na OAB/GO 57.637 e OAB/DF 64.817, vem respeitosamente perante esse Excelso
Tribunal, fundamentada no art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal de 1988 e
artigos 188 usque 199, do RISTF, impetrar o presente

HABEAS CORPUS REPRESSIVO


COM PEDIDO LIMINAR

em benefício do Paciente DANIEL LÚCIO DA SILVEIRA, brasileiro,


casado, Deputado Federal, titular do RG n.° 1337947750 IFP/RJ, CPF n.° 057.009.237-00, com
endereço profissional no Gabinete 403, Anexo IV, Câmara dos Deputados, Praça dos Três
Poderes, Brasília/DF. CEP 70.160-900, por ato coator de constrangimento perpetrado pelo
Senhor Ministro do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL relator da AP 1044/DF, pelos
motivos de fato e de direito a seguir delineados.

I – SÍNTESE DOS FATOS, DO ATO COATOR, E FUNDAMENTOS PARA


CONCESSÃO DO WRIT

No ultimo dia 25, fatos lamentáveis ocorreram e praticados pelo ministro


da Suprema Corte, sr. Alexandre de Moraes, ora Autoridade Coatora, ao proferir decisão
nos autos da AÇÃO PENAL 1044/DF, onde figura como réu o ilustre parlamentar federal
Daniel Lúcio da Silveira, ora Paciente, por supostos crimes em face da Lei de Segurança
Nacional, revogada, in totum, em 01/09/2021, quando sancionada a Lei 14.197/21, que
deixaram de existir, ocorrendo a abolitio criminis .
No ato perpetrado na última sexta-feira (25), na calada da noite, restou
assim decidido (Doc. 01 - ato coator):

"(...) DETERMINO a imposição de novas medidas cautelares, EM


CARÁTER CUMULATIVO com as estabelecidas nas decisões de 8/11/2021 e
14/11/2021, nos seguintes termos: (1) USO DE TORNOZELEIRA
ELETRÔNICA, NOS TERMOS DO ART. 319, IX, DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL; não havendo necessidade de oficiar a Câmara dos
Deputados, pois não impede o exercício do mandato, conforme já
decidido por esta CORTE (HC 191.729, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, DJe de
14/10/2020) (...) (2) proibição de ausentar-se da Comarca em que reside,
salvo para Brasília/DF, com a finalidade de assegurar o pleno
exercício do mandato parlamentar; (3) proibição de participar de
qualquer evento público em todo o território nacional; A reiteração do
descumprimento injustificado de quaisquer dessas medidas acarretará, natural
e imediatamente, o restabelecimento da ordem de prisão (art. 282, § 4°, do
Código de Processo Penal). Intime-se a Procuradoria-Geral da República.
Comunique-se à autoridade policial e à Secretaria de Administração
Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro (SEAP/RJ); para cumprimento
IMEDIATO da presente decisão, informando essa CORTE em 24 (vinte e
quatro) horas. Intimem-se os advogados regularmente constituídos, inclusive
por vias eletrônicas. Publique-se. Brasília, 25 de março de 2022." Grifamos.

Extrai-se, em detalhe, o seguinte trecho:

(1) USO DE TORNOZELEIRA ELETRÔNICA, NOS TERMOS DO


ART. 319, IX, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL; não havendo
necessidade de oficiar a Câmara dos Deputados, pois não impede o
exercício do mandato, conforme já decidido por esta CORTE (HC 191.729,
Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, DJe de 14/10/2020) Grifamos

Frise-se que, mais uma vez, a Defesa do parlamentar foi ignorada pelo
ministro Alexandre de Moraes, desrespeitando o § 3º do Art. 282, Código de Processo
Penal:

§ º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o


juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação
da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias,
acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias,
permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo
deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha
elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.
Grifamos.

Todavia, em que pese o ato reprovável, monocrático, e claramente


persecutório ao parlamentar em questão, sua Defesa, que ora impetra este Writ, acredita
que houve violação expressa à autonomia da inabalável Casa de Leis, haja vista contemplar
no Art. 53 da Constituição Federal a seguinte redação:
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
(...)
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão. Grifamos.

Ademais, no julgamento da ADI 5526/DF (Doc. 02 – ADI 5526/DF),


ocorrido em 17 de outubro de 2017, sob a relatoria do sr. Alexandre de Moraes, em seu item
5 restou assim consignado:

Os autos da prisão em flagrante delito por crime inafiançável ou a decisão


judicial de imposição de medidas cautelares que impossibilitem, direta
ou indiretamente, o pleno e regular exercício do mandato parlamentar
e de suas funções legislativas, serão remetidos dentro de vinte e quatro
horas a Casa respectiva, nos termos do §2º do artigo 53 da
Constituição Federal, para que, pelo voto nominal e aberto da maioria
de seus membros, resolva sobre a prisão ou a medida cautelar.
Grifamos

Perceba Excelência que esta própria Suprema Corte, em decisão


colegiada, reconheceu que quaisquer medidas cautelares impostas a parlamentares, que
impossibilitem DIRETA ou INDIRETAMENTE o pleno regular exercício do mandato
parlamentar, deve ser a Câmara dos Deputados comunicada dentro do prazo de 24 horas,
nos exatos termos do § 2º, Art. 53, da Constituição Federal.

Causa espécie à conduta da instituição Ministério Público, definida pela


Carta da República como fiscal da lei , ao afrontá-la, aduzindo exatamente sobre a
desnecessidade de comunicação a esta Casa sobre as medidas cautelares requeridas ao
parlamentar, que, direta e indiretamente, violam a sua imunidade e cerceiam
permanentemente o pleno exercício do mandato parlamentar, como aduzido em sua
manifestação ao STF, fls. 12 (Doc. 03 – Manifestação PGR):

Por derradeiro, as medidas cautelares diversas da prisão ora pleiteadas não


impossibilitam, direta ou indiretamente, o pleno e regular exercício do
mandato parlamentar e de suas funções legislativas, de modo que os autos
não devem ser remetidos à Câmara dos Deputados para deliberação a
respeito, conforme já assentou o Supremo Tribunal Federal na ADI n°
5526/DF. Grifamos.

Com a devida vênia, as medidas impostas violam, mais uma vez, as


prerrogativas do parlamentar Daniel Silveira, eis que tais arbitrariedades impedem o pleno
exercício do mandato parlamentar, direta e indiretamente, sua dignidade e honra, eis que o
condiciona a uso de monitoramento eletrônico sem justificativas plausíveis para tal ato
finalístico.
O Deputado Federal Daniel Silveira está preso, apenas de uma forma
inusitada e criada por um ministro, que é, ao mesmo tempo, ACUSADOR, VÍTIMA e JUIZ,
violando o sistema penal brasileiro, que é acusatório, e não inquisitório.

Não custa lembrar ao ilustre presidente da Suprema Corte que Daniel


Lúcio da Silveira está impedido de: USAR SUAS CONTAS DE REDES SOCIAIS
verificadas, utilizadas para comunicação a seus eleitores, ou seja, ligadas ao mandato;
CONCEDER ENTREVISTAS, e agora, de ir ao encontro de seus eleitores no próprio estado
do Rio de Janeiro, haja vista a imposição de zona de inclusão restrita ao seu domicílio,
Petrópolis/RJ e local de trabalho, Brasília.

Ora, Daniel Silveira não pode publicar, falar, andar, viajar livremente,
pois está TERMINANTEMENTE PROIBIDO de realizar 90% de seus atos como
DEPUTADO FEDERAL, por ato de vontade privativa do sr. Alexandre de Moraes, vil
perseguidor do parlamentar e Autoridade Coatora, impedindo o pleno exercício do seu
mandato, direta e indiretamente, o que irá piorar ainda mais com as novas medidas
tomadas, e SEM A OITIVA DA DEFESA para justificar e desmontar todas as ilações
utilizadas para implementá-las, afrontando o contraditório e ampla defesa em nome do
PODER ABSOLUTO e AUTORITÁRIO do sr. Alexandre de Moraes.

Trata-se de evidente CENSURA PRÉVIA, violando o § 2º, do Art. 220 da


Constituição Federal, onde contempla que:

“ manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob


qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado
o disposto nesta Constituição.
(...)
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica
e artística. Grifamos

Ainda, como ato de HUMILHAÇÃO à pessoa de Daniel Silveira, e, por


via oblíqua, ao próprio parlamento, impõe a Autoridade Coatora que o parlamentar utilize
tornozeleira eletrônica, o que é absolutamente inadmissível, pois sequer figura como
condenado em qualquer processo criminal com trânsito em julgado, para ser considerado
de alta periculosidade ou criminoso.

Nesse sentido, não há dúvidas que as prerrogativas do parlamentar estão


sendo violadas desde 16/02/2021, e por via reflexa, toda a Casa de Leis, que vem agindo
com submissão a um dos poderes da República, o que é vedado pela própria Constituição
Federal, onde:

“rt. º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o


Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Nesses termos, há DUAS ILEGALIDADES patentes e que aviltam a


liberdade de locomoção do Paciente, por:
a) VIOLAÇÃO ÀS SUAS PRERROGATIVAS DE PARLAMENTAR FEDERAL
previstas no § 2º, Art. 53, da Constituição Federal, e entendimento da ADI 5526/DF,
item 5, onde a Casa, no caso, Câmara dos Deputados, DEVERIA TER SIDO
COMUNICADA dentro de 24 horas das medidas impostas, com DELIBERAÇÃO
EM PLENÁRIO para ratificar ou não as medidas, pois interferem direta e
indiretamente no exercício pleno do mandato, o que NÃO FOI FEITO, e afastada a
norma constitucional, EX OFFICIO, pela Autoridade Coatora, que é ATO ILEGAL,
INCONSTITUCIONAL, e com ABUSO DE PODER;

b) VIOLAÇÃO à AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO, eis que violou o § 3º do


Art. 282, do Código de Processo Penal, onde a decisão judicial de imposição de
medidas cautelares que impossibilitem, direta ou indiretamente, o pleno e regular
exercício do mandato parlamentar e de suas funções legislativas, serão remetidos
dentro de vinte e quatro horas a Casa respectiva, nos termos do §2º do artigo 53 da
Constituição Federal, para que, pelo voto nominal e aberto da maioria de seus
membros, resolva sobre a prisão ou a medida cautelar . Grifamos.

Portanto, AS MEDIDAS RESTRITIVAS IMPOSTAS SÃO ILEGAIS, ante


as duas violações à LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO do Paciente apontadas, devendo ser
concedido, inclusive, DE OFÍCIO, o presente Writ, afastando-se a aplicação da SÚMULA
606/STF, eis que não cabe HABEAS CORPUS apenas, e tão somente, contra atos colegiados,
sendo cabíveis contra atos monocráticos de ministros do STF (Precedentes: HC 127.483/PR,
HC 152.707/MC-REF/DF, 203.200/DF):

EMENT“ Habeas corpus. Impetração contra ato de


Ministro do Supremo Tribunal Federal. Conhecimento.
Empate na votação. Prevalência da decisão mais favorável ao
paciente (art. 146, parágrafo único, do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal). Inteligência do art. 102, I, i, da
Constituição Federal. Mérito. Acordo de colaboração
premiada. (...) 12. Habeas corpus do qual se conhece.
Ordem denegada. (HC 127483, Relator(a): DIAS TOFFOLI,
Tribunal Pleno, julgado em 27/08/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-021 DIVULG 03-02-2016 PUBLIC
04-02-2016) Grifamos.

HC 203.200/DF: Cumpre reiterar o convencimento sobre a


envergadura ímpar da ação constitucional voltada à
preservação da liberdade de ir e vir – o habeas corpus. Este
não sofre qualquer peia. É admissível ainda que o ato
atacado emane de Ministro do Supremo. Cabe ao
Colegiado, no que está acima dos integrantes do Tribunal,
analisar, nessa situação, o pedido de implemento de liminar.
3. Solicitem informações ao Relator do inquérito nº 4.781 e da
petição nº 9.456/DF, ministro Alexandre de Moraes. 4.
Colham parecer da Procuradoria-Geral da República. 5.
Publiquem. Brasília, 17 de junho de 2021." Grifamos.

O caso em tela contém DUAS ILEGALIDADES absurdas, que não pode


serm deixadas de lado por aplicação indevida da SÚMULA 606/STF.

Não é crível imaginar que VIOLAÇÕES À CONSTITUIÇÃO


FEDERAL podem ser perpetradas com a aplicação a SÚMULA 606/STF.

Tal verbete NÃO PODE ACOBERTAR DUAS ILEGALIDADES: não


comunicação à Casa para deliberar (Art. 53, § 2º, CF) e ofensa ao contraditório e ampla
defesa (Art. 5º, LV, CF).

É preciso enfrentar a realidade de que um ministro da Suprema Corte


está violando o CÓDIGO DE PROCESSO PENAL e A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, e
não, empurrar para debaixo do tapete, mantendo as ilegalidades ativas.

É preciso cortar na própria carne para o devido respeito às normas


legais e constitucionais, mesmo que o ato tenha sido emanado de ministro desta
Suprema Corte.

II – PREVISÃO LEGAL

O Habeas Corpus está previsto no Art. 648 e seguintes, CPP, além do


Regimento Interno do STF, 188 usque 199, e por previsão constitucional no Art. 5º, LXVIII,
onde conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder .

A Constituição Federal traz em seu inciso XV, Art. 5º que é livre a


locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Em razão da violência a que vem sofrendo, verdadeira coação à sua


liberdade de locomoção e exercício do mandato, além de inúmeras ilegalidades, abuso de
poder e autoridade, vem requerer a concessão do Writ, ex officio, conforme farta
jurisprudência desta Excelsa Corte.

III – DA LIMINAR REQUERIDA

Diante das arbitrariedades, ilegalidades, abuso de poder e autoridade, e


em razão das medidas restritivas de direito e LOCOMOÇÃO, perpetradas em 25/03/2022,
estão presentes os requisitos autorizadores da concessão da medida liminar neste HC, o
periculum in mora, eis que o Paciente está indevidamente cerceado em seu direito de ir e vir,
pois não é vereador, e sim, DEPUTADO FEDERAL, por ato emanado da Autoridade
Coatora, e, após o fim da instrução criminal, despicienda a manutenção de quaisquer
medidas coatoras à sua liberdade, POI SEQUER HÁ CONDENAÇÃO TRANSITADA EM
JULGADO, e o fumus boni iuris previsto no Art. 5º, LXVIII, CF, Art. 647 a 667, CPP c/c Art.
188 a 199, do RISTF, requerendo assim a liberdade plena e imediata do Paciente, incluindo
o afastamento de uso de tornozeleira eletrônica, medida unicamente tomada par humilha-
lo publicamente perante a sociedade e seus eleitores, e indubitável satisfação pessoal da
Autoridade Coatora.

IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a concessão LIMINAR do presente Writ


mandamental para determinar que todas as medidas tomadas no ato coator sejam
IMEDIATAMENTE SUSPENSAS, e que o paciente DANIEL LÚCIO DA SILVEIRA tenha
plena liberdade de locomoção e exercício pleno do mandato paralamentar, rogando em
sequência, as notificações da Autoridade Coatora, bem como ao Parquet, para
manifestações pertinentes, requeridas após a concessão liminar, expedindo o SALVO
CONDUTO em favor do ora Paciente, na forma legal.

Ante a ilegalidade do ato coator, requer que este Eminente Relator


encaminhe OFÍCIO à Câmara dos Deputados para tomar conhecimento da impetração
deste Writ e providências cabíveis quanto à aplicação do § 2º, Art. 53, da Carta da
República.

Por fim, seja confirmada a liminar e afastadas definitivamente todas as


medidas, especialmente, o cerceamento do seu direito de locomoção em todo o território
nacional (Art. 5º, XV, CF), e não utilização de quaisquer equipamentos de monitoramento
(tornozeleira) que cerceiam a sua liberdade de ir e vir.

Termos em que,
Pede deferimento.

De Goiânia/GO para Brasília/DF, 27 de março de 2022, 20:35h

(assinado eletronicamente)
PAULO CÉSAR RODRIGUES DE FARIA
Advogado – DF 64.817 e GO 57.637

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Você também pode gostar