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Kit Adaptação Simulados UFPR 2021 Proibido Cópia e Divulgação

Questões de Filosofia, Sociologia e


Literatura e Propostas de redação
para seguir o atual edital UFPR 2021

@ufpr_insights_
@medisinapse
KIT ADAPTAÇÃO SIMULADOS UFPR 2021
@UFPR_INSIGHTS_ e @MEDISINAPSE
INSCRIÇÃO TURMA NOME DO CANDIDATO

ASSINO DECLARANDO QUE LI E COMPREENDI AS INSTRUÇÕES ABAIXO:


ORDEM

A INSTRUÇÕES

1. Escolha uma prova de 60 questões (Campo Real, Universidade Positivo,


UFU, UFMS, FADEP)
2. Quando chegarem as questões de Literatura, Filosofia, Sociologia e a
Proposta de redação, como geralmente são diferentes da Banca UFPR,

Conhecimentos Gerais e Redação


resolva as questões separadas por nós neste PDF.
3. As propostas de redação inseridas em cada Kit foram retiradas das
provas da Campo Real e da Universidade Positivo, ambas universidades
que têm os vestibulares elaborados pela banca da UFPR.
4. Dessa forma, você estará simulando exatamente como será a prova da
UFPR no dia 18/07
5. Esse PDF contém 5 Kits adaptação para outras provas que você utilizar
como simulado. E em cada kit há a seguinte organização:
- 4 Questões de Filosofia (seguindo as obras catalogadas pela UFPR);
- 4 Questões de Sociologia (seguindo as obras catalogadas pela UFPR);
- 4 Questões de Literatura (seguindo as obras catalogadas pela UFPR);
- 1 Proposta de Redação (gênero Dissertativo Argumentativo, o qual foi
estabelecido pela UFPR)
6. Ao final dos Kits há um texto explicativo sobre como é o estilo textual
Geral

exigido pela UFPR nesse ano, a fim de comentar suas particularidades.


7. Este Kit Adaptação para Simulados estilo UFPR 2021 foi elaborado pelos
perfis @UFPR_INSIGHTS e @MEDISINAPSE, ambas estudantes.
Portanto, caso encontre algum erro pedimos para que nos comunique, a
fim de corrigi-lo.
8. Agradecemos muito por sempre nos apoiarem nestes projetos e, caso
também conheça alguém que precise de ajuda para dar procedência aos
momento tão
estudos neste momento tão delicado,
delicado,indique
indiqueeste
estematerial
materialeeos
osdemais
demais
produzidos por nós@UFPR_INSIGHTS
da @UFPR_INSIGHTS e @MEDISINAPSE
e @MEDISINAPSE

DURAÇÃO DESTA PROVA: 5 horas e 30 minutos


Checklist obras de Filosofia 01

Hannah Arendt: “A condição Humana”

Heráclito de Éfeso: “Coleção os Pensadores” (pág. 81 a 116)

John Locke: “Ensaio acerca do Entendimento Humano”

Nicolau Maquiavel: “Discursos sobre a primeira Década de Tito Lívio”

Platão: “Excerto do diálogo de Hípias Maior e excerto de A República”

Checklist obras de Sociologia 02

Anthony Giddens: livro didático “Sociologia”

Roque de Barros Laraia: “Cultura: um conceito antropológico”

Gérard Lebrun: ”O que é Poder”

Juia et al O'Donnel: livro didático “Tempos Modernos”

Afrânio et al Silva: livro didático “Sociologia em movimento”

Checklist obras de Literatura 03

Basílio da Gama: O Uraguai

Gonçalves Dias: Últimos Cantos

Aluísio de Azevedo: Casa de Pensão

Lima Barreto: Clara dos Anjos

Guimarães Rosa: Sagarana

João Cabral de Melo Neto: Morte e Vida Severina

Bernardo Carvalho: Nove Noites

Milton Hatoum: Relato de um Certo Oriente

Links para aulas do Youtube sobre as obras Literárias 04


Mix das aulas do Entrelinhas sobre todas as obras:
Primeira prova 05
1. Segundo o livro A condição humana, de Hannah Arendt, as três atividades humanas fundamentais são:
a) a fabricação, o trabalho e a ação e são designadas pela expressão homo faber.
b) o labor, o trabalho e a ação e são designadas pela expressão vita activa.
c) o jogo, o labor e o trabalho e são designadas pela expressão homo ludens.
d) a linguagem, o labor e o trabalho e são designadas pela expressão homo laborans.
e) a política, a linguagem e o trabalho e são designadas pela expressão zoon politikon.

2. “Do arco o nome é vida e a obra é morte”.


HERÁCLITO. Sobre a natureza. Trad. de José Cavalcante de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 56.
Coleção “Os Pensadores”.
Este fragmento ilustra bem o pensamento de Heráclito, que acreditava ser o mundo o eterno fluir, comparado a
um rio no qual “entramos e não entramos”. Assinale a alternativa que explica o fragmento mencionado acima.
a) Todas as coisas estão em oposição umas com as outras, o que explica o caráter mutável da realidade. A
unidade do mundo, sua razão universal resulta da tensão entre as coisas, daí o emprego frequente, por parte de
Heráclito, da palavra guerra para indicar o conflito como fundamento do eterno fluxo.
b) A harmonia que anima o mundo é aberta aos sentidos, sendo possível ser conhecida na multiplicidade
daquilo que é manifesto, uma vez que a realidade nada mais é que o eterno fluxo da multiplicidade do Logos
heraclitídeo.
c) A unidade dos contrários, a vida e a morte, é imóvel, podendo ser melhor representada para o entendimento
humano por intermédio da imagem do fogo, que permanece sempre o mesmo, imutável e continuamente inerte,
e não se oculta aos olhos humanos.
d) O arco, instrumento de guerra, indica que a ideia de eterno fluxo, das transformações que compõem o fluxo
universal, é o fundamento da teoria do caos, pois o fogo se expande sem medida, tornado a realidade sem
nenhuma harmonia ou ordem.

3. John Locke afirma em Ensaio acerca do entendimento: “é de grande utilidade para o marinheiro saber a
extensão de sua linha, embora não possa com ela sondar toda a profundidade do oceano. É conveniente que
saiba que ela é suficientemente longa para alcançar o fundo dos lugares necessários para orientar sua viagem,
e preveni-lo de esbarrar contra escolhas que podem destruí-lo. Não nos diz respeito conhecer todas as coisas,
mas apenas as que se referem à nossa conduta. Se pudermos descobrir aquelas medidas por meio das quais
uma criatura racional, posta nesta situação do homem no mundo, pode e deve dirigir suas opiniões e ações
delas dependentes, não devemos nos molestar por que outras coisas escapam ao nosso conhecimento”. Tendo
em conta o texto acima e a teoria do conhecimento de Locke, é INCORRETO afirmar que:
a) o homem, utilizando suas faculdades racionais, pode conhecer tudo sobre todas as coisas do mundo.
b) o homem deve saber os limites da razão para ter conhecimento certo daquilo que é possível conhecer.
c) Há certas coisas que a razão do homem não pode conhecer.
d) assim como o marinheiro guia sua viagem por uma sonda de tamanho conhecido, o homem deve orientar sua
conduta por aquilo que conhece.

4. Leia o texto a seguir.


Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão parte
da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. Ele toma como
exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como modelo.
Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria um mundo
de mera aparência.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar:
a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, enquanto co-participante da criação divina, alcança a verdadeira
causa das coisas a partir do reflexo da ideia ou do simulacro que produz.
b) A participação das coisas às ideias permite admitir as realidades sensíveis como as causas verdadeiras
acessíveis à razão.
c) Os poetas são imitadores de simulacros e por intermédio da imitação não alcançam o conhecimento das
ideias como verdadeiras causas de todas as coisas.
d) As coisas belas se explicam por seus elementos físicos, como a cor e a figura, e na materialidade deles
encontram sua verdade: a beleza em si e por si.
e) A alma humana possui a mesma natureza das coisas sensíveis, razão pela qual se torna capaz de
conhecê-la.

5. O racismo institucional e a negação coletiva de uma organização em prestar serviços adequados para
pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica. Pode estar associado a formas de preconceito
inconsciente, desconsideração e reforço de estereótipos que colocam algumas pessoas em situações de
desvantagem.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).
O argumento apresentado no texto permite o questionamento de pressupostos de universalidade e justifica a
institucionalização de políticas antirracismo. No Brasil, um exemplo desse tipo de política é a:
a) reforma do Código Penal.
b) elevação da renda mínima.
c) adoção de ações afirmativas.
d) revisão da legislação eleitoral.
e) censura aos meios de comunicação

6. (UFT) Sobre a globalização econômica é CORRETO afirmar que:


a) as instituições financeiras globais transferiram suas sedes e as suas gestões, administrativa e política, para
os países subdesenvolvidos.
b) as inovações tecnológicas têm alcançado de maneira desigual a cidade e o campo, entre os países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
c) a xenofobia e os conflitos étnicos, raciais e religiosos foram extintos na Europa neste início de século XXI e
tiveram forte redução na Ásia e na África.
d) as culturas e as tradições dos países em desenvolvimento foram homogeneizadas no último século e
substituídas pelos eventos globais dos países desenvolvidos.
e) as novas tecnologias se difundiram, durante o século XX, com equidade no espaço geográfico e o acesso,
atualmente, às tecnologias de comunicação é universal.

7. “Os produtores da chamada cultura erudita fazem parte de uma elite social, econômica, política e
cultural e seu conhecimento ser proveniente do pensamento científico, dos livros, das pesquisas universitárias
ou do estudo em geral (erudito significa que tem instrução vasta e variada adquirida sobretudo pela leitura). A
arte erudita e de vanguarda é produzida visando museus, críticos de arte, propostas revolucionárias ou grandes
exposições, público e divulgação.“ Renato Borges. Retirado de:
https://www.professorrenato.com/index.php/sociologia/ 104- cultura-erudita-e-cultura-popular
A partir da citação de Borges selecione a opção correta:
a) cultura popular e erudita possuem o mesmo prestígio, ambas são importantes para a sociedade de forma
igualitária, visto que a junção das duas formam a cultura local
b) Cultura popular possui maior prestígio, pois engloba a maior parte da população e, por isso, possui maior
representatividade. Por este motivo a maior parte da população a conhece
c) Verdades folclóricas reproduzem a cultura dos círculos eruditos, pois o folclore de cada região é de grande
importância para a ciência mundial
d) Cultura popular e erudita não se dedicam à renovação e à conservação dos patrimônios culturais, tendo em
vista que os patrimônios culturais são imateriais, não há razão para conservá-los.
e) Os responsáveis pela cultura erudita se resumem à elite, esta cultura é transmitida, legitimada e confirmada
por diversas instituições sociais

8. Leia o texto para responder à questão.Assim diz o filósofo francês Gérard Lebrun: Se, numa
democracia, um partido tem o peso político, é porque tem força para mobilizar um certo número de eleitores. Se
um sindicato tem peso político, é porque tem força para deflagrar uma greve. Assim, força não significa
necessariamente a posse de meios violentos de coerção, mas de meios que me permitam influir no
comportamento de outra pessoa. À força não é sempre (ou melhor, é rarissimamente) um revólver apontado
para alguém; pode ser o charme de um ser amado, quando me extorque alguma decisão (uma relação amorosa
é, antes de mais nada, uma relação de força; conferir as Ligações perigosas, de Lactos). Em suma, a força é a
canalização da potência, é a sua determinação. E é graça a ela que se pode definir a potência na ordem nas
relações sociais ou, mais especificamente, políticas.
Fonte: LEBRUN, Gérard. O que é o poder. São Paulo: Brasiliense, 1981. (coleção Primeiros Passos)
Do exposto pelo filósofo Gérard Lebrun, pode-se afirmar que, do ponto de vista político, o conceito de poder e de
força significa
a) obter consenso das pessoas em torno de uma ideia
b) insuflar os indivíduos na realização de suas ações
c) delimitar o comportamento de um grupo social.
d) exigir o comando das relações sindicais
e) conseguir subsídios junto aos partidos políticos.

9. O Uraguai foi publicado pela primeira vez antes da independência do Brasil, em 1769, e narra as
disputas entre espanhóis e portugueses pelos territórios do sul do continente, envolvendo os índios e os jesuítas.
No fragmento abaixo, podemos conferir um trecho da fala do comandante português:
“O nosso último rei e o rei de Espanha Determinaram por cortar de um golpe, Como sabeis, neste ângulo da
terra, As desordens de povos confinantes, Que mais certos sinais nos dividissem.” (GAMA, Basílio da. “Canto
Primeiro”. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 47.)
O talento de Basílio da Gama, que transforma o árido assunto em matéria literária, recebe, cem anos depois, o
elogio de Machado de Assis. Ao compará-lo com seu contemporâneo, Tomás Antônio Gonzaga, o escritor afirma:
“Não lhe falta, também a ele, nem sensibilidade, nem estilo, que em alto grau possui; a imaginação é
grandemente superior à de Gonzaga, e quanto à versificação nenhum outro, em nossa língua, a possui mais
harmoniosa e pura”
(MACHADO DE ASSIS. A nova geração. In. Obras completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1973. p.815).
Sobre o poema de Basílio da Gama, considere as seguintes afirmativas:
I- O contexto histórico trabalhado no poema de Basílio da Gama é fundamental para o seu entendimento:
a descentralização do poder colonial, protagonizada pelo Marquês de Pombal, e a disputa de territórios coloniais
entre Espanha e Portugal, mediada e pacificada pelos jesuítas, na segunda metade do século XVIII.
II- Ao longo dos cinco cantos de O Uraguai, compostos em decassílabos sem rima, podemos perceber a
marca da epopeia, na narração da guerra e dos feitos dos heroicos portugueses, e a presença da sátira, na
caricatura dos jesuítas, particularmente na figura do Padre Balda.
III - O grande destaque dado aos índios e à defesa da sua terra, a exaltação lírica da natureza e a centralidade
do par amor/morte, presente na relação de Lindoia e Cacambo, deram ao poema de Basílio da Gama o lugar de
inaugurador do romantismo em todos os manuais de história da literatura brasileira.
IV - Para narrar acontecimentos reais da ação de portugueses e espanhóis na disputa dos territórios delimitados
pelo rio Uruguai, que hoje correspondem ao noroeste do Rio Grande do Sul e ao norte da Argentina, Basílio da
Gama toma o cuidado de inserir apenas personagens ficcionais no seu poema, para não se comprometer.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa I é verdadeira.
b) Somente a afirmativa II é verdadeira.
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

10. (UFCG-PB) Com relação à importância do espaço, em Clara dos Anjos, considere como verdadeiras (V)
ou falsas (F) as afirmações abaixo.
( ) As descrições tornam-se cansativas e sem função estética no contexto da obra.
( ) As descrições de partes do subúrbio tornam-se instrumento de denúncia das condições de vida dos mais
pobres.
( ) Embora a descrição seja de espaços urbanos do início do século XX, ela permanece atual, tendo em vista a
permanência de muitas das situações de exclusão apresentadas.
( ) O narrador, ao chamar a atenção para alguns espaços, esquece de aproximá-los da realidade dos
personagens.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) F, V, V, F
b) V, F, F, V
c) F, V, V, V
d) V, F, V, F
e) V, F, V, V

11. (UFPR)Escritores de uma nova geração, Milton Hatoum (nascido em 1952) e Bernardo Carvalho
(nascido em 1960) já garantiram seu lugar no panorama multifacetado da literatura brasileira contemporânea.
Relato de um certo oriente, publicado em 1989, marcou a estreia de Milton Hatoum na literatura. Nove noites,
publicado em 2002, é o sétimo livro lançado por Bernardo Carvalho, que estreou na literatura em 1993 com o
livro de contos Aberração. A respeito das comparações entre Relato de um certo oriente e Nove noites,
considere as seguintes afirmativas:
1 Milton Hatoum consegue trazer para a sua ficção o espaço amazonense sem cair no exagero do exotismo;
Bernardo Carvalho, por sua vez, tensiona o realismo pela inclusão, na ficção, de fatos e personagens históricos,
autobiografia e experiências pessoais.
2. Através de estratégias diferentes, os dois romances buscam compreender o passado, conscientes da
obrigação histórica de recuperá-lo tal como aconteceu: Relato de um certo oriente resgata a memória trágica de
uma família que viveu em Manaus; Nove noites investiga a morte de um antropólogo no sul do Maranhão, para
entregar ao leitor a solução de um mistério até então não resolvido.
3. A epígrafe de W.H. Auden – “Que a memória refaça/A praia e os passos/O rosto e o ponto do encontro” (em
tradução de Sandra Stroparo e Caetano Galindo) – anuncia o elemento central da narrativa de Milton Hatoum. O
título do romance de Bernardo Carvalho se refere às nove noites que o antropólogo Buell Quain passou na
companhia de Manoel Perna, durante a sua estada entre os índios Krahô.
4. O tratamento dado aos nativos em Relato de um certo oriente pode ser verificado na humilhação e nos abusos
sofridos pelas caboclas e índias que trabalhavam na casa de Emilie, principalmente por parte dos dois
“inomináveis”. Em Nove noites, a narração do jornalista volta a momentos centrais da história do Brasil no século
XX – Estado Novo, Ditadura Militar e Período Democrático –, marcando a situação de vulnerabilidade
permanente dos índios num mundo de brancos.
5. Na Manaus multicultural da primeira metade do século XX, Emilie e seus filhos, com a curiosidade natural do
imigrante, atravessam constantemente o rio que separa a cidade da floresta. Da mesma forma, o
narrador-jornalista de Nove noites visita inúmeras vezes os índios Krahô, em busca de informações sobre o
suicídio de Buell Quain.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras


b) Somente as afirmativas 2 e 5 são verdadeiras
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras
e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.

12. (UEL) “Os rios que correm aqui têm a água vitalícia.
Cacimbas por todo lado;
Cavando o chão, água mina.
Vejo agora que é verdade
O que pensei ser mentira
Quem sabe se nesta terra
Não plantarei minha sina?
Não tenho medo de terra (cavei pedra toda a vida),
e para quem buscou a braço
contra a piçarra da Caatinga
será fácil amansar
esta aqui, tão feminina”
(MELO NETO, João Cabral de. “Morte e vida Severina e outros poemas para vozes”. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1994. p. 41.)
Em relação ao trecho acima, de “Morte e Vida Severina”, considere as afirmativas.
I. Esses versos referem-se ao momento em que Severino chega à zona da mata e encontra a terra mais
macia. Isso nos é revelado num estilo suave e melodioso, em que a sonoridade das palavras expressa o
entusiasmo do retirante.
II. “Rios”, “cacimbas”, “água vitalícia” e “água mina” são expressões que remetem a um pensamento
positivo sobre a região por onde passa o retirante Severino. Isso mostra a sua alegria por ter encontrado um
lugar onde ele viverá com toda a sua família até a morte.
III. Nesse trecho Severino encontra o que procura: água e, consequentemente, vida. Isso está retratado
nos versos “Não tenho medo de terra/ (cavei pedra toda a vida)”.
IV. A expressão “tão feminina” do último verso é uma metáfora de terra macia, fácil de trabalhar, e se opõe
à expressão “piçarra da Caatinga”, que significa terra dura, pedregosa.
V. Os versos “Os rios que correm aqui/ têm a água vitalícia” significam que os rios nunca morrem. Essa
constatação refere-se à região da Caatinga, onde Severino vive sua saga.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas as afirmativas I, III e V são corretas.
b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas.
c) Apenas as afirmativas I, II e V são corretas.
d) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Apenas as afirmativas IV e V são corretas.
VESTIBULAR 2019

REDAÇÃO

Redação
Leia o seguinte texto:
O SUS e as terapias alternativas

A polêmica é inevitável na mesma dose em que se faz desnecessária. Ao disponibilizar no


SUS vinte e nove terapias alternativas, o Ministério da Saúde acertou ou errou? Quer se defenda
uma posição ou outra, o fato é que cada uma delas tem a sua ponta de razão.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) julga que o ministério comete um equívoco,
sobretudo porque as terapias alternativas não se adequam à eficácia e à segurança, fatores
imprescindíveis ao exercício da medicina. Isso ocorre porque tais métodos (à exceção da
acupuntura e homeopatia) não trazem consigo comprovação científica. Em decorrência
da autossugestão, um paciente até pode apresentar sinais de melhora em seu quadro de
enfermidade, mas essa situação é efêmera e está longe de se traduzir em tratamento. O CFM
considera um absurdo as autoridades terem colocado sob a guarda do SUS as práticas que
geram apenas efeito placebo, e isso no momento em que o nosso sistema público de saúde está
falido e sem verba para os procedimentos mais elementares.
Aqueles que defendem a iniciativa do governo federal afirmam que a medida do ministério
está de acordo com todos os protocolos da OMS: o conforto emocional do paciente tem sempre
de ser levado em conta, ou seja, ele tem o direito de seguir o tratamento no qual acredita – até
porque o efeito placebo, em alguns casos, ajuda na recuperação. Assim, cabe ao profissional
da saúde explicar claramente em que consiste o tratamento comprovado pela ciência e também
o caminho da terapia alternativa, até porque as duas possibilidades não são conflitantes nem
excludentes. Se as crenças do enfermo o beneficiam no tratamento científico, tanto melhor.
Há em todo o mundo diversas publicações sobre abordagens não convencionais, como,
por exemplo, o “European Journal of Integrative Medicine” e o “American Journal of Chinese
Medicine”. No Brasil, o próprio Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) financia estudos e pesquisas nesse campo. Em relação à falência do SUS, que é pública
e notória em todo o País, a argumentação dos que se opõem ao CFM segue a seguinte linha
de raciocínio: não será a introdução de terapias integrativas que quebrará ainda mais o sistema.
A mazela que o faliu por inteiro tem outro nome: é a corrupção generalizada em todos os
setores da vida pública. Concluindo: se alguém crê nesses métodos não convencionais e quer se
tratar por meio deles, tem todo o direito, democraticamente, de encontrá-los no SUS. A questão
é republicana.

(Disponível em: <https://istoe.com.br/o-sus-e-as-terapias-alternativas/>.)

Suponha que você tenha a palavra final na decisão acerca da disponibilização pelo SUS de terapias
alternativas. Escreva um texto em que você apresente e justifique sua decisão, mobilizando todos
os recursos linguístico-textuais para ser convincente.

1 Prova 1
VESTIBULAR 2019

Seu texto deve:


• ter entre 15 e 20 linhas;

Redação
• contextualizar o tema;
• apresentar justificativas do posicionamento defendido.

H O
U N
S C
R A
limite mínimo

3 Prova 1
Gabarito Primeira prova 06
1. B
2. A
3. A
4. C
5. C
6. B
7. E
8. A
9. B
10. A
11. C
12. E
Segunda prova 07
1. (Ufu 1999) Heráclito de Éfeso (500 a.C.) concebia a realidade do mundo como mobilidade,
impulsionada pela luta dos contrários. Sobre sua filosofia, é correto afirmar que
I. a imagem do fogo, com chamas vivas e eternas, representa o Logos que governa o movimento perpétuo dos
seres.
II. a luta dos contrários é aparência que afeta apenas a sensibilidade humana.
III. a mobilidade dos seres resulta no simples aparecer de novos seres.
IV. a harmonia do cosmo é resultado da tensão eterna da luta dos contrários.
Assinale
a) se as afirmações II e III são corretas.
b) se as afirmações I e IV são corretas.
c) se apenas a afirmação IV é correta.
d) se apenas a afirmação I é correta.

2. Locke distingue entre ideias simples e ideias complexas.Sobre a diferença entre essas ideias, é
incorreto afirmar que:
a) Ideias simples têm origem na observação.
b) Ideias complexas surgem pelo trabalho das faculdades da mente (composição,
relação, abstração) sobre ideias simples.
c) Ideias simples podem ser criadas.
d) Ideias complexas podem ser criadas pela mente.
3. (Unioeste 2009) “A busca da beleza e a melhor forma de representá-la fazem parte do universo de
preocupações humanas. Beleza essa que pode ser contemplada nas obras de arte, em objetos do uso cotidiano
e no próprio corpo humano. Na história da humanidade, entretanto, pode-se notar que os padrões de beleza
mudam de acordo com diferentes culturas e épocas e que esses padrões não estão somente presentes nas
obras de arte” (L. E.Kaminski)
Sobre arte e beleza, considerando principalmente o
texto acima, seguem as seguintes afirmações:
I. Na história da humanidade, o padrão de beleza
sempre foi o mesmo.
II. Platão considerava que não havia um belo absoluto e imutável.
III. Aristóteles considerava que a tragédia é a arte superior, porque ela imita a ação dos deuses.
IV. Na Idade Média, sob a influência da Igreja, a arte valorizava os aspectos materiais e corporais do homem.
V. A beleza sempre esteve associada apenas às obra de arte.Das proposições feitas acima
a) II, III e IV são corretas.
b) apenas I e III são corretas.
c) II, III e V são corretas.
d) todas elas são corretas.
e) todas elas são incorretas.

4. (Mackenzie SP/2005) O significado da palavra trabalho passou por sucessivas interpretações.


Segundo Hannah Arendt, a partir do século XVI, “o trabalho ascendeu da mais humilde e desprezada posição ao
nível mais elevado e à mais valorizada das atividades humanas, quando Locke descobriu que o trabalho era a
fonte de toda a propriedade(...)” .Assinale a alternativa que se relaciona com a noção de trabalho difundida após
a Primeira Revolução Industrial.
a) Apesar da introdução das máquinas no processo de produção, substituindo o trabalho humano, este
continuou a ser fundamental para os donos das fábricas, que remuneravam os trabalhadores conforme a sua
produtividade.
b) A fábrica passou a ser identificada como o lugar em que todas as forças produtivas da sociedade poderiam
ser liberadas e a dimensão da energia humana, através das máquinas, foi percebida como fonte de melhorias
para os trabalhadores.
c) O trabalho passou a ser sinônimo de cansaço e penalização para os operários, que estavam submissos ao
maquinário do patrão, a exigências quanto à produtividade e à adaptação ao “tempo da fábrica”.
d) A autodisciplina, o controle próprio e o abandono da ociosidade são valores pregados pelos patrões, que
reconhecem a validade desses princípios, para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
e) Mesmo sendo submetido ao “sistema das fábricas”, é o trabalhador que detém o domínio das técnicas de
produção e do processo de trabalho, o que lhe permite uma certa margem para a negociação salarial com os
patrões.

5. O filósofo Gérard Lebrun, em seu livro intitulado O que é o poder, discorre sobre diferentes abordagens
do conceito de poder. Na apresentação da obra, tece considerações sobre o binômio poder/dominação, tendo
como referência a obra de Michel Foucault. Escreve Lebrun:
Quando a questão é compreender como foi e continua sendo possível a resignação, quase ilimitada, dos
homens perante os excessos do poder, não basta invocar as disciplinas e as mil fórmulas de adestramento que,
como mostra Foucault, são achados relativamente recentes da modernidade. Sua origem e seu sucesso talvez
se devam a um sentimento atávico dos deserdados, de serem por natureza excluídos do poder, estranhos a este
–talvez derivem da convicção de que opor-se a ele seria loucura comparável a opor-se aos fenômenos
atmosféricos. Ainda que o poder não seja uma coisa, ele se torna uma, pois é assim que a maioria dos homens
o representa. É preciso situar a tese de Foucault dentro de seus devidos limites: o homem condicionado,
adestrado pelos poderes, é o privilegiado, o europeu. Não é o colonizado, não é o proletário do Terceiro Mundo
(assim como não era o proletário europeu do século XIX). Estes, o poder não pensa sequer em domesticar:
domina-os–e muito de cima.
(LEBRUN, Gérard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 08.)
Com base na reflexão desenvolvida por Lebrun, é correto afirmar que:
a) o conceito de poder tem a possibilidade de ser interpretado a partir de noções como “disciplina” ou
“adestramento”, construídas no próprio sujeito, considerando ao mesmo tempo a natureza estrutural e as
condicionantes macrossociais do poder que orientam os indivíduos à ação social.
b) as diferentes enunciações do conceito de poder presentes na obra de Foucault devem levar em consideração
a situação dos trabalhadores novecentistas em países de Terceiro Mundo; do contrário o poder só pode ser
entendido como narrativa dos opressores.
c) o poder é um fenômeno que prescinde das instituições políticas e sociais para que se manifeste e, conforme
Lebrun, toda forma de poder é uma manifestação da domesticação e do adestramento do indivíduo para a ação
coletiva, tendo como princípio a vigilância e a punição.
d) a explicação oferecida por Foucault possui limitações e não corresponde à realidade das relações de poder
existentes no mundo moderno e contemporâneo, sobretudo quando se destaca a análise do proletariado do
Terceiro Mundo.
e) as relações de poder serão compreendidas em profundidade se assumirmos como parâmetro de nossas
análises os processos de colonização no século XIX e a opressão ao proletário do Terceiro Mundo.

6. (Enem PPL 2016) A teoria da democracia participativa é construída em torno da afirmação central de
que os indivíduos e suas instituições não podem ser considerados isoladamente. A existência de instituições
representativas em nível nacional não basta para a democracia; pois o máximo de participação de todas as
pessoas, a socialização ou “treinamento social” precisa ocorrer em outras esferas, de modo que as atitudes e as
qualidades psicológicas necessárias possam se desenvolver. Esse desenvolvimento ocorre por meio do próprio
processo de participação. A principal função da participação na teoria democrática participativa é, portanto,
educativa.
(PATEMAN, C. Participação e teoria democrática Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.)
Nessa teoria, a associação entre participação e educação tem como fundamento a
a) ascensão das camadas populares.
b) organização do sistema partidário.
c) eficiência da gestão pública.
d) ampliação da cidadania ativa.
e) legitimidade do processo legislativo.

7. (UFT/2014) Sobre a globalização econômica é CORRETO afirmar que:


a) as instituições financeiras globais transferiram suas sedes e as suas gestões, administrativa e política, para
os países subdesenvolvidos.
b) as inovações tecnológicas têm alcançado de maneira desigual a cidade e o campo, entre os países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
c) a xenofobia e os conflitos étnicos, raciais e religiosos foram extintos na Europa neste início de século XXI e
tiveram forte redução na Ásia e na África.
d) as culturas e as tradições dos países em desenvolvimento foram homogeneizadas no último século e
substituídas pelos eventos globais dos países desenvolvidos.
e) as novas tecnologias se difundiram, durante o século XX, com equidade no espaço geográfico e o acesso,
atualmente, às tecnologias de comunicação é universal.

8. (Ufu 2007) Considere a afirmação de um dos intelectuais mais importantes do pensamento neoliberal
−Friedrich August Von Hayek. “A democracia pode exercer poderes totalitários, e um governo autoritário pode
agir com base em princípios liberais”.HAYEK, F. A. von, Fundamentos da liberdade, Brasília: Universidade de
Brasília, 1983, p. 111. Para Hayek, a vontade da maioria da população pode ser um obstáculo à liberdade
econômica e uma ditadura pode defendê-la. Considerando que essa formulação (uma ditadura pode defender a
liberdade econômica) foi feita com referência ao regime político de Augusto Pinochet, no Chile (1973-1990),
assinale a alternativa correta que demonstra o que esse pensador neoliberal entende por democracia.
a) Democracia sempre é um governo de acordo com a vontade da maioria.
b) A democracia define-se pela garantia da liberdade econômica, mesmo que em detrimento da liberdade
política.
c) A democracia é a garantia plena dos direitos e liberdades políticas.
d) A democracia é o único tipo de governo defendido pelo liberalismo.

9. (CAMPO REAL) Leia o seguinte excerto, retirado de “Corpo fechado”, de Guimarães Rosa:

– Mané Fulô, tenho um particular, com licença de seu doutor...


Pura formalidade, a convocação: Targino falou alto, ali à porta da venda, a três passos da minha pessoa. Manuel
Fulô tremia nas pernas, e eu ouvi tudo. Peremptório e horrível:
– Escuta, Mané Fulô: a coisa é que eu gostei da das Dor, e venho visitar sua noiva, amanhã... Já mandei recado,
avisando a ela... É um dia só, depois vocês podem se casar... Se você ficar quieto, não te faço nada... Se não...
– E Targino, com o indicador da mão direita, deu um tiro mímico no meu pobre amigo, rindo, rindo, com a gelidez
de um carrasco mandchu. Então, sem mais cortesias, virou-se e foi-se.
Eu perdi o peso do corpo, e estava frio. Me mexia todo, sem querer. Manuel Fulô oscilou para o balcão, mas não
pode segurar o copo; passou a mão no suor da testa:
– Eu... eu... eu...
Aí eu vi que já se ajuntara gente, todos falando por metades só:
– Coitado do Mané... Coitadinha dessa moça... Coitado do Mané Fulô... Peguei-lhe do braço. Arrastei-o. [...].
(ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 293.)

É correto afirmar que o desfecho do conflito consiste:


a) no duelo trágico entre os dois sertanejos: Targino, o maior valentão da cidade, não só assassina Mané Fulô,
por reagir à afronta, como desonra a memória do rapaz, conhecido por ter o corpo fechado, ao violentar a jovem
noiva, das Dor.
b) no plano orquestrado pelo médico-narrador: ele dá abrigo ao rapaz e à jovem noiva, das Dor, em sua casa,
pois Targino não se atreveria a invadir a propriedade do único médico-feiticeiro da cidade, conhecido, inclusive,
por ter o corpo fechado.
c) na fuga de Mané Fulô da Laginha: ele monta em sua besta, Beija-Fulô, e sai em disparada por conta da
vergonha em ser desonrado e do medo de enfrentar o valentão Targino, conhecido na cidade por ter o corpo
fechado.
d) na aceitação de Mané Fulô em relação ao seu destino: ele deixa que Targino, o valentão conhecido por ter o
corpo fechado,realize o seu desejo, para que males piores não o atinjam e interfiram no seu casamento com das
Dor.
e) no auxílio de Antonico das Pedras ou das Águas: ele, curandeiro-feiticeiro de Laginha, fecha o corpo de Mané
Fulô em troca da besta Beija-Fulô, o que possibilita ao rapaz enfrentar e matar Targino, usando somente uma
pequena faca.

10. UFPR

Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do interior com a intenção de chegar ao litoral, à
cidade do Recife. Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao Recife, diz ele: – Nunca
esperei muita coisa, digo a Vossas Senhorias. O que me fez retirar não foi a grande cobiça; o que apenas
busquei foi defender minha vida da tal velhice que chega antes de se inteirar trinta; se na serra vivi vinte, se
alcancei lá tal medida, o que pensei, retirando, foi estendê-la um pouco ainda. Mas não senti diferença entre o
Agreste e a Caatinga, e entre a Caatinga e aqui a Mata a diferença é a mais mínima. Está apenas em que a terra
é por aqui mais macia; está apenas no pavio, ou melhor, na lamparina: pois é igual o querosene que em toda
parte ilumina, e quer nesta terra gorda quer na serra, de caliça, a vida arde sempre com a mesma chama
mortiça. […]

Sim, o melhor é apressar o fim dessa ladainha, fim do rosário de nomes que a linha do rio enfia; é chegar logo ao
Recife, derradeira ave-maria do rosário, derradeira invocação da ladainha, Recife, onde o rio some e esta minha
viagem se finda. (MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 186-
187.)

Considerando o trecho acima e a leitura integral do auto de João Cabral de Melo Neto, assinale a alternativa
correta.
a) O auto de João Cabral foi concluído em 1955, tempo em que ainda se iluminavam as casas com
lamparinas, e, nessa situação, a percepção que Severino tem dos lugares que conhece é prejudicada pelas
limitações da época e por sua própria ignorância.
b) A comparação de Recife com a “derradeira ave-maria/ do rosário”, assim como as várias rezas que
Severino testemunha ao longo da viagem, mostra a presença constante da religiosidade como um fator de atraso
na vida dos nordestinos.
c) Ao final, fica claro para o leitor que a vida no Recife também seria semelhante à das regiões menos
desenvolvidas da Caatinga, do Agreste e da Zona da Mata, porque a pobreza não é causada pelas condições
naturais, mas por uma estrutura social excludente.
d) O empenho social de João Cabral de Melo Neto é o de sugerir aos retirantes que não saiam de sua
terra, visto que, sem preparo, eles enfrentam dificuldades enormes no Recife, valendo mais a pena procurar
desenvolver sua própria região.
e) Ao chegar ao Recife, Severino ouve uma longa conversa entre dois coveiros e, percebendo que sua
viagem havia sido inútil, entende a conversa como uma sugestão e se suicida, atirando-se no rio Capibaribe.

11. (UFPR) O romance Nove Noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga
estadunidense Ruth Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da
área. A tentativa de representar aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura
Brasileira presente, ao menos, desde a poesia de Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores
a ele. Considerando isso, leia o trecho abaixo, extraído de um ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado
em 1934:

Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma
volta romântica ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem
muitos modos pelos quais a cultura de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões
heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não é por meio de um regresso aos ideais preservados para
nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de suas moléstias. O utopismo romântico que
se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto pode ser no estudo etnológico,
um empecilho como um auxílio.

(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de
sociologia e antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)

Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a
alternativa em que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de
“utopismo romântico”, ou, segundo definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.

a) “Não entendia o que dera na cabeça dos índios para se instalarem lá, o que me parecia de uma burrice
incrível, se não um masoquismo e mesmo uma espécie de suicídio”.
b) “São órfãos da civilização. Estão abandonados. Precisam de alianças no mundo dos brancos, um
mundo que eles tentam entender com esforço e em geral em vão. [...] Há quem tire de letra. Não foi o meu caso.
Não sou antropólogo e não tenho uma boa alma. Fiquei cheio”.
c) “Os índios costumavam beber aquelas águas, pescar e a se banhar nelas, até o dia em que começaram
a cair doentes, um depois do outro, e foram morrendo sem explicação. [...] Com o tempo descobriram a causa do
envenenamento do rio Vermelho. Um hospital, construído rio acima, [...] estava despejando o lixo hospitalar
naquelas águas”.
d) “Tanto os brasileiros como os índios que tenho visto são crianças mimadas que berram se não obtêm o
que desejam e nunca mantêm as suas promessas, uma vez que você lhe dá as costas. O clima é anárquico e
nada agradável”.
e) “Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do tempo
que passou entre esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser,
pode escolher sua irmã, seu primo, sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o
sonho de aventura do menino antropólogo”.

12. (UFG) No livro "Casa de Pensão", de Aluísio Azevedo, o eixo principal da intriga é a relação
Amâncio-Amélia que:

(__) revela a mulher, ainda em conformidade com os princípios românticos, idealizando o sentimento de amor,
contrariando, assim, os interesses daqueles que a rodeiam.
(__) permite a análise de uma coletividade que se coloca em torno de interesses exclusivamente materiais.
(__) desencadeia o destino trágico da personagem-protagonista, determinando o seu processo de degradação
iminente.
(__) possibilita a descrição de suas personalidades, revelando suas fraquezas, taras e patologias, como é próprio
da tendência naturalista.

a) V, V, V, F
b) F, F, F, V
c) F, V, V, V
d) V, F, V, F
e) F, F, V, V
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QUESTÃO DISCURSIVA 02

Os excertos abaixo se referem a diferentes contextos e foram escritos sob perspectivas distintas, mas tocam em um mesmo
tema.
Texto 1.
Um estudo mostrou que depois que a pílula anticoncepcional passou a ser amplamente usada nos EUA nos anos 1970, o
número de mulheres na pós-graduação ou que investiam em carreiras profissionais aumentou radicalmente. A proporção de
advogadas e juízas, por exemplo, subiu de 5% em 1970 para quase 30% em 2000. Apenas 9% dos médicos eram mulheres em
1970; o número era de quase 30% em 2000. O mesmo padrão existe para dentistas, arquitetas, engenheiras e economistas.
A pílula não fez isso tudo sozinha, mas teve um papel importante. Antes de sua aparição, o padrão antigo que as mulheres
norte-americanas seguiam era terminar o ensino médio e casar imediatamente ou alguns anos mais tarde, adiando o casamento
apenas tempo suficiente para obter um diploma de graduação. Goldin e Katz descobriram em 2002 que, após o advento da pílula, a
idade do primeiro casamento das mulheres começou a subir, acompanhando a taxa de sua participação em programas de pós-
graduação.
(Adaptado de: HAGER, T. Dez drogas: as plantas, os pós e os comprimidos que mudaram a história da medicina. Tradutor: A. Xexenesky. São Paulo: Todavia,
1. ed., 2020, p. 197.)

Texto 2.
Foi somente após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), de 1961, que as mulheres brasileiras tiveram mais
oportunidades de ingressar no ensino superior. Até o fim da década de 1960, as mulheres representavam apenas um quarto das
pessoas com educação superior no Brasil [...] Contudo, a situação mudou rapidamente. Em 1980, as mulheres somavam 45,5% das
pessoas com educação superior, mas, no ano 2010, elas correspondiam a 58,2% dos universitários brasileiros. [...] O Brasil é um
exemplo de país que conseguiu reverter o hiato de gênero na educação em geral e na educação superior em particular. O caso
brasileiro pode servir de exemplo na medida em que as políticas universalistas adotadas no país – tais como o direito do voto
feminino, a educação igualitária, os direitos civis e de família da Constituição de 1988 – contribuíram para que as mulheres
avançassem na conquista de maiores níveis educacionais.
(Adaptado de: ALVES, J.E.D.; CAVENAGHI, S.M. et al. Meio Século de feminismo e o empoderamento das mulheres. In: BLAY, E. A.; AVELAR, L. (orgs.).
50 anos de feminismo: Argentina, Brasil e Chile: a construção das mulheres como atores políticos e democráticos. São Paulo: EDUSP, 2017. p. 15-54.)

Redija um texto de opinião que identifique o tema comum aos dois textos e analise os aspectos trazidos por cada um deles.
Seu texto deve:
- ter entre 8 e 10 linhas;
- identificar o tema comum aos dois excertos;
- mencionar, de forma articulada, os principais argumentos de cada texto;
- concluir com a defesa de um ponto de vista sobre o assunto, em diálogo com as análises apresentadas.

Limite mínimo
Gabarito Segunda prova 08
1. B
2. C
3. E
4. C
5. A
6. D
7. B
8. B
9. E
10. C
11. E
12. C
Terceira prova 09
1. (Ueg 2013) As histórias, resultado da ação e do discurso, revelam um agente, mas este agente não é
autor nem produtor. Alguém a iniciou e dela é o sujeito, na dupla acepção da palavra, mas ninguém é seu autor.

ARENDT, Hannah. A condição humana. Apud SÁTIRO, A.; WUENSCH, A. M. Pensando melhor – iniciação ao
filosofar. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 24.
A filósofa alemã Hannah Arendt foi uma das mais refinadas pensadoras contemporâneas, refletindo sobre
eventos como a ascensão do nazismo, o Holocausto, o papel histórico das massas etc. No trecho citado, ela
reflete sobre a importância da ação e do discurso como fomentadores do que chama de “negócios humanos”.
Nesse sentido, Arendt defende o seguinte ponto de vista:
a) a condição humana atual não está condicionada por ações anteriores, já que cada um é autor de sua
existência.
b) a necessidade do ser humano de ser autor e produtor de ações históricas lhe tira a responsabilidade sobre
elas.
c) o agente de uma nova ação sempre age sob a influência de teias preexistentes de ações anteriores.
d) o produtor de novos discursos sempre precisa levar em conta discursos anteriores para criar o seu.

2. (UFPR 2020) Em determinado momento do diálogo de Hípias Menor, de Platão, Sócrates declara que
encontrou dificuldade para responder à pergunta “qual o critério para reconheceres o que é belo e o que é
feio?”. De acordo com Platão, a dificuldade está em que:
a) os juízos de Beleza são subjetivos, sendo relativos a quem os enuncia.
b) o belo e o feio não se distinguem realmente.
c) é preciso conhecer o que é Beleza para que se possam identificar as coisas belas.
d) o critério de Beleza não é acessível aos homens, mas apenas aos deuses.
e) a Beleza é uma mera aparência.

3. Leia o texto a seguir. Por conseguinte, todo homem, ao consentir com outros em formar um único corpo
político sob um governo único, assume a obrigação, perante todos os membros dessa sociedade, de
submeter-se à determinação da maioria e acatar a decisão desta. Do contrário, esse pacto original, pelo qual
ele, juntamente com outros, se incorpora a uma sociedade, não teria nenhum significado e não seria pacto
algum, caso ele fosse deixado livre e sob nenhum outro vínculo além dos que tinha antes no estado de
natureza.
LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo. Trad. Julio Fischer. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p.470. Com
base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de John Locke, assinale a alternativa correta.
a) O ser humano deve superar o estado de natureza fundando a sociedade civil e o Estado, cedendo seus
direitos em prol da paz social.
b) Os indivíduos, no estado de natureza, são juízes de si mesmos, fundam o Estado para garantir segurança e
direitos individuais por meio das leis.
c) O poder do Estado deve ser absoluto para a garantia dos direitos naturais da humanidade, como a vida, a
liberdade e a propriedade.
d) O pacto ou contrato social é o garantidor das liberdades e direitos, sendo o poder legislativo o menos
importante, já que é possível sua revogação por aqueles que participam do poder executivo.
e) O ser humano se realiza como um ser possuidor de bens, sendo sua posse o que garante tolerância religiosa,
livre-iniciativa econômica e liberdade individual.

4. Heráclito de Éfeso afirmava que “ninguém pode banhar-se duas vezes nas mesmas águas de um rio”.
Para ele, o que mantém o fluxo do movimento é
a) a identidade do ser.
b) o simples aparecer de novos seres.
c) a harmonia que vem da calmaria dos elementos.
d) a estabilidade do ser.
e) a luta dos contrários, pois “a guerra é pai de todos, rei de todos”.

5. Leia o texto a seguir.


O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar
o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada de etnocentrismo, é
responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais.
(LARAIA, R. Cultura. Um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 1986. p.75.)
Segundo a antropóloga Ruth Benectic, a cultura expressa a forma como os homens veem o mundo. As
diferentes culturas expressam diversas concepções do cosmos. Com base no texto e nos conhecimentos sobre
o tema, assinale a alternativa correta.
a) A incapacidade para gerir os conflitos culturais demonstra que o etnocentrismo prevaleceu em determinada
sociedade.
b) As culturas contemporâneas eliminavam elementos etnocêntricos que prejudicavam a visão de mundo.
c) As diferentes culturas podem contribuir para uma visão etnocêntrica da vida e das diversas formas de ver o
mundo.
d) O etnocentrismo é uma característica das culturas ocidentais, pois considera que o seu modo de ver o mundo
é a melhor.
e) O etnocentrismo é uma das consequências da incapacidade de respeito às diferenças culturais e da ideia de
superioridade da própria cultura.

6. (UFU 2019) Para Pais (1990, p. 164), “a cultura pode ser entendida como um conjunto de significados
compartilhados; um conjunto de símbolos específicos que simbolizam a pertença a um determinado grupo; uma
linguagem com seus específicos usos, particulares rituais e eventos, através dos quais a vida adquire um
sentido. Esses ‘significados compartilhados’ fazem parte de um conhecimento comum, ordinário, quotidiano.”
PAIS, José Machado. A construção sociológica da juventude-alguns atributos Revista Análise social: Lisboa, vol.
XXV, 1990. p. 164.
Considerando-se o excerto acima, é correto afirmar que
a) a juventude pode ser estudada como uma categoria social na qual é possível estabelecer similaridades e
diferenças sociais.
b) a cultura juvenil, para as Ciências Sociais, estabelece padrões individuais e próprios em todos os
grupamentos humanos.
c) a juventude não pode ser estudada como uma categoria social, porque os jovens não estão no mercado de
trabalho, e trabalho é a categoria fundamental para as Ciências Sociais.
d) a juventude é um problema social que deve ser enfrentado pelo Estado e pela Economia, mas está distante
de se tornar um problema sociológico, pois carece de teorias próprias.

7. (Ufu 2004) São características da chamada globalização ou mundialização do capital, exceto.


a) Desregulamentação dos direitos sociais, inclusive daqueles relacionados à proteção social dos trabalhadores.
b) Fim da divisão internacional do trabalho e ruptura das barreiras dos Estados nacionais aos movimentos
migratórios.
c) Abertura das economias dos países periféricos aos produtos e serviços dos países capitalistas hegemônicos.
d) Proeminência do capital especulativo e volátil, que busca taxas de juros que o valorizem mais do que
conseguiriam na esfera produtiva.

8. (Ufu 2006) Tendo em vista a análise de Marx e Engels no Manifesto Comunista, é possível dizer que
estes autores viam a democracia representativa como
a) condição institucional a partir da qual as desigualdades econômicas podem ser superadas.
b) uma das formas assumidas pelo Estado burguês, determinada pela ordem da acumulação capitalista.
c) objetivo estratégico das lutas dos trabalhadores pelo fim das condições subumanas de vida e trabalho.
d) uma forma de governo e um regime político que, se mal conduzidos, criam a propriedade burguesa dos meios
de produção.

9. (CAMPO REAL) Sobre “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, considere as seguintes
afirmativas:
1. Narrando em primeira pessoa, Augusto Matraga conta a sua saga de mimado filho de fazendeiro, que
mandava e desmandava em Murici, a jagunço redimido e corajoso do bando de Joãozinho Bem-Bem, justiceiro
famoso do sertão mineiro e baiano, que o apadrinha e protege ao fim da narrativa.
2. No plano do enredo, a trajetória de Augusto Matraga é marcada por alguns momentos importantes, como a
surra, ordenada pelo Major, que o leva a abandonar seus hábitos de desmando; e o encontro, por acaso, com
Tião, antigo conhecido, que o leva a questionar a decisão de levar uma vida segundo os conselhos do padre.
3. Em algumas passagens, as descrições da natureza estão relacionadas a momentos importantes na trajetória
de Matraga, como na passagem em que ele decide deixar Tombador: antes de partir, em certa manhã, ao cessar
a chuva, ele presencia uma revoada de pássaros que voam em direção ao sul, que é para onde ele acaba indo.
4. O tempo se configura a partir de um fluxo de consciência: o narrador-Matraga, ex-jagunço e novo fazendeiro
de Murici, organiza os eventos de seu passado em uma ordem não linear, obedecendo ao fluxo de sua memória,
o que dificulta as relações de causa-efeito na construção do enredo.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras

10. (CAMPO REAL) Leia o seguinte excerto, retirado do romance “Nove noites” (2002), de Bernardo
Carvalho:
Isto é para quando você vier. Foram apenas nove noites. Se agi como se ignorasse os motivos que o levaram ao
suicídio foi para evitar o inquérito. A polícia tomou conhecimento do caso e fez o inventário dos fatos e do espólio
a pedido dos americanos. Não me julgue mal. Não teria podido responder a nada. O silêncio foi um peso que
carreguei durante anos, enquanto estive à sua espera. Já não posso me arriscar a que tudo desapareça comigo.
[...]
(CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 24.)

É correto afirmar que a carta-testamento de Manoel Perna:

a) é endereçada ao narrador-investigador, após o encontro realizado durante uma visita deste à cidade de
Carolina, e revela, como documento histórico decisivo, a razão pela qual Buell Quain se suicidou: a doença
contagiosa que o antropólogo havia contraído entre os Krahô.
b) é endereçada ao pai do antropólogo, lida pelo narrador-investigador quando de sua visita aos Estados Unidos,
e revela, com base nas nove noites de conversa, a razão mais provável pela qual Buell Quain se suicidou: a
descoberta de uma relação de adultério entre sua esposa e seu irmão.
c) é endereçada ao destinatário da oitava carta, cuja existência era presumida pelo narrador-investigador, e
revela suas conjecturas, com base nas nove noites de conversa de Perna com o antropólogo, acerca da razão
pela qual Buell Quain se suicidou: a última carta recebida do homem com quem o antropólogo viveu um triângulo
amoroso.
d) é endereçada a Heloísa Alberto Torres, lida pelo narrador-investigador quando da consulta ao arquivo da
ex-diretora do Museu Nacional, e revela, por meio de um relato baseado em impressões vagas, a razão pela qual
Buell Quain se suicidou: o desejo de contribuir, por meio de seu seguro de vida, com a proteção aos índios.
e) é endereçada ao marido de sua irmã, lida pelo narrador-investigador quando de sua visita aos Estados
Unidos, e revela, por meio de um relato baseado em suas conversas com o antropólogo, a razão pela qual Buell
Quain se suicidou: a situação financeira precária pela qual sua irmã estava passando

11. (UFU) Assiste ao enterro de um trabalhador de eito e ouve o que dizem do morto os amigos que o
levaram ao cemitério:

— Essa cova em que estás, com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida.
— É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio.
— Não é cova grande, é cova medida, é a terra que querias ver dividida.
— É uma cova grande para teu pouco defunto, mas estarás mais ancho que estavas no mundo.
— É uma cova grande para teu defunto parco, porém mais que no mundo te sentirás largo.
— É uma cova grande para tua carne pouca, mas a terra dada não se abre a boca.

MELO NETO, João Cabral de. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p.159-160.

A partir do trecho acima, de Morte e vida Severina, e de seu conhecimento sobre a obra, assinale a alternativa
correta.
a) Como grande parte dos poetas do Modernismo, João Cabral de Melo Neto abdica totalmente da rima
em seu texto.
b) Conhecido como o “poeta-engenheiro”, João Cabral de Melo Neto arquiteta todo o seu poema em
redondilhas maiores, ou seja, com sete sílabas poéticas.
c) O trecho aborda, a partir dos comentários dos amigos do trabalhador morto, temas sociais amplos,
como a desigualdade na distribuição de terras e a fome.
d) No trecho, ambientado no enterro do personagem-narrador Severino, questiona-se a falência da
reforma agrária no nordeste, na época marcada pela presença dos latifúndios.
12. (UFPR) Ao mesmo tempo em que narram fatos, os narradores de Casa de Pensão e Clara dos Anjos
também assumem postura intrusa e opinativa: eles interrompem a narração de acontecimentos e inserem seus
comentários e opiniões, apresentando análises sociológicas ou psicológicas de acontecimentos, ambientes e
personagens. Nas alternativas abaixo, foram transcritos trechos dos dois romances.
Assinale a alternativa em que se observa tal atitude intrusa e opinativa do narrador no romance de Aluísio
Azevedo.

a) “Por outro lado, as mulatas folgavam em tê-lo perto de si, achavam-no vivo e atilado, provocavam-lhe
ditos de graça, mexiam com ele, faziam-lhe perguntas maliciosas, só para ‘ver o que o demônio do menino
respondia’. E logo que Amâncio dava a réplica, piscando os olhos e mostrando a ponta da língua, caíam todas
num ataque de riso, a olharem umas para as outras com intenção”.
b) “Muita vez chorou de ternura, mas sempre às escondidas; muita vez sentiu o coração saltar para o filho,
mas sempre se conteve, receoso de cair no ridículo./ E não se lembrava, o imprudente, de que o amor de pai é
bem ao contrário do amor de filho; não se lembrava de que aquele nasce e subsiste por si e que este precisa ser
criado; que aquele é um princípio e que este é uma consequência; que um vem de dentro para fora e que o outro
vem de fora para dentro”.
c) “O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado do pai ou do
futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. Não imaginava as
catástrofes imprevistas da vida, que nos empurram, às vezes, para onde nunca sonhamos ter de parar. Não via
que, adquirida uma pequena profissão honesta e digna do seu sexo, auxiliaria seus pais e seu marido, quando
casada fosse”.
d) “A casa da família do famoso violeiro não ficava nas ruas fronteiras à gare da Central; mas, numa
transversal, cuidada, limpa e calçada a paralelepípedos. Nos subúrbios, há disso: ao lado de uma rua, quase
oculta em seu cerrado matagal, topa-se uma catita, de ar urbano inteiramente. Indaga-se por que tal via pública
mereceu tantos cuidados da edilidade, e os historiógrafos locais explicam: é porque nela, há anos, morou o
deputado tal ou o ministro sicrano ou o intendente fulano”.
e) “O provinciano, muito desvigorizado com a moléstia, sentia perfeitamente que os lúbricos impulsos, que
dantes lhe inspirava a graciosa rapariga, iam-se agora destecendo e dissipando à luz de um novo sentimento de
gratidão e respeito. A primitiva Amélia desaparecia aos poucos, para dar lugar àquela extremosa criança, àquela
irmãzinha venerável, que lhe enchia o quarto com o frescor balsâmico de sua virgindade e rociava-lhe o coração
com a trêfega mimalhice de sua ternura”
VESTIBULAR 2017

REDAÇÃO

Redação
Leia o texto a seguir.

Empresários querem criar novo país na Europa – com polícia e leis próprias

Procuram-se pessoas jovens, criativas e inovadoras para viver de graça em ilhas


paradisíacas da Europa. Garantem-se fundos de investimento para iniciar suas startups
e auxílio de empreendedores experientes para tocar novos negócios em um país novinho
em folha – política e economicamente independente de qualquer outro governo. Só não
há ainda data confirmada para a contratação.

É que o Sui generis, um microestado privado idealizado por empresários canadenses,


ainda não tem um endereço definido – nem prazo para sair do papel. Precisam, primeiro,
encontrar uma nação que tope vender um espaço de terra a eles. Quatro possíveis
lugares podem se transformar no país Sui generis: Açores (Portugal), Møn (Dinamarca),
Golfo Kvarner (Croácia) e Hiiumaa (Estônia). Mas ainda não há nenhuma negociação
em curso – apenas um estudo para avaliar a viabilidade de fundar o país em um desses
lugares.

A intenção dos canadenses é construir uma nação bem diferente das outras: uma
sociedade igualitária e livre. Sem impostos ou taxas, com espaços que estimulem a
criatividade, num sistema de economia baseado na disseminação da informação.

(Carol Castro, 23/02/2016. Disponível em: <http://super.abril.com.br/ideias/empresarios-querem-criar-no-


vo-pais-na-europa-com-policia-e-leis-proprias>. Acesso em: 1º set. 2016.)

Que destino você prevê para esse país? Escreva um texto expressando sua opinião
sobre esse empreendimento.

Seu texto deve:

● fazer referências ao texto acima;


● apresentar argumentos claros e autônomos ao desenvolver o tema;
● ter de 16 a 20 linhas.

Utilize a folha pautada para o rascunho

1 Prova 3
VESTIBULAR 2017

Redação
H O
U N
S C
RA

limite mínimo

3 Prova 3
Gabarito terceira prova 10
1. C
2. C
3. B
4. E
5. E
6. A
7. B
8. B
9. B
10. C
11. C
12. B
Quarta prova 11
1. “Mas não é uma conduta extraordinária, e por assim dizer selvagem, o correr todo o povo a acusar o
Senado em altos brados, e o Senado o povo, precipitando-se os cidadãos pelas ruas, fechando as lojas e
abandonando a cidade? A descrição apavora. Responderei, contudo, que cada Estado deve ter costumes
próprios, por meio dos quais os populares possam satisfazer sua ambição [...]. O desejo que sentem os povos
de ser livres raramente prejudica a liberdade porque nasce da opressão ou do temor de ser oprimido. [...]
Sejamos, portanto, avaros de críticas ao governo romano: atentemos para o fato de que tudo o que de melhor
produziu esta república provém de uma boa causa. Se os tribunos devem sua origem à desordem, esta
desordem merece encômios, pois o povo, desta forma, assegurou participação no governo. E os tribunos foram
os guardiões das liberdades romanas.”
(MAQUIAVEL, Nicolau. Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio. 3 ed., Brasília: Editora da UNB,
1994, p. 31–32.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a sociedade renascentista, é correto afirmar que o pensamento
de Maquiavel:
a) restabeleceu no Mundo Moderno as formas clássicas do pensamento político, especialmente as da República
romana, que garantiram os mecanismos de representação popular nas novas Repúblicas em formação na Itália
e no norte da Europa.
b) introduziu o conceito de desordem no pensamento renascentista para explicar os processos evolutivos dos
Estados e das formas de governos possíveis, baseando-se na proposição do modelo republicano romano como
ideal para os Estados modernos.
c) recuperou os princípios romanos e, afirmando que os fins justificam os meios, forneceu para os movimentos
sociais da Era Moderna uma justificativa para se rebelarem contra a tirania e a opressão, em nome de uma boa
causa que legitimaria um governo autoritário de caráter popular.
d) inspirou-se nas formas clássicas, especialmente romanas, idealizando-as para afirmar que os conflitos entre
os poderosos e o povo contribuem para a ampliação das liberdades republicanas e que os modos desses
conflitos dependem dos costumes políticos dos povos.
e) pretendeu estabelecer o princípio republicano democrático romano como conceito básico da política moderna,
afirmando que, para satisfazer suas aspirações, é legitimo que o povo se rebele e promova desordens com a
finalidade de mudar o regime político e a organização da produção econômica.

2. “Do arco o nome é vida e a obra é morte.”


HERÁCLITO. Sobre a natureza Trad. de José Cavalcante de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 56.
Coleção “Os Pensadores”.
Este fragmento ilustra bem o pensamento de Heráclito, que acreditou ser o mundo o eterno fluir, comparado a
um rio no qual “entramos e não entramos”.
Assinale a alternativa que explica o fragmento mencionado acima.
a) Todas as coisas estão em oposição umas com as outras, o que explica o caráter mutável da realidade. A
unidade do mundo, sua razão universal resulta da tensão entre as coisas, daí o emprego frequente, por parte de
Heráclito, da palavra guerra para indicar o conflito como fundamento do eterno fluxo.
b) A harmonia que anima o mundo é aberta aos sentidos, sendo possível ser conhecida na multiplicidade
daquilo que é manifesto, uma vez que a realidade nada mais é que o eterno fluxo da multiplicidade do Logos
heraclitídeo.
c) A unidade dos contrários, a vida e a morte, é imóvel, podendo ser melhor representada para o entendimento
humano por intermédio da imagem do fogo, que permanece sempre o mesmo, imutável e continuamente inerte,
e não se oculta aos olhos humanos.
d) O arco, instrumento de guerra, indica que a ideia de eterno fluxo, das transformações que compõem o fluxo
universal, é o fundamento da teoria do caos, pois o fogo se expande sem medida, tornado a realidade sem
nenhuma harmonia ou ordem.

3. (Uenp 2009) Estética é um ramo da filosofia que tem por objeto o estudo da natureza do belo e dos
fundamentos da arte. Ela estuda o juízo e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções
pelos fenômenos estéticos, bem como as diferentes formas de arte e do trabalho artístico; a ideia de obra de
arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes. Por outro lado, estética também pode ocupar-se
da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo. Sobre filosofia estética
julgue as proposições:
I. Aristóteles desvaloriza as manifestações artísticas, posto que as considera como imitação da imitação.
II. Platão desenvolve um conceito de beleza baseado na ideia de proporcionalidade, na simetria e na definição.
III. Hume sugere uma teoria do gosto deslocando a noção de belo e feio do objeto para o sujeito.
Assinale a alternativa correta:
a) I, II e III estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) II e III estão corretas.
d) apenas III está correta.
e) todas estão incorretas.

4. Hannah Arendt abre A condição humana com a seguinte declaração: Em 1957, um objeto terrestre,
feito pela mão do homem, foi lançado ao universo, onde durante algumas semanas girou em torno da Terra
segundo as mesmas leis de gravitação que governam o movimento dos corpos celestes - o Sol, a Lua e as
estrelas. É verdade que o satélite artificial não era nem lua nem estrela; não era um corpo celeste que pudesse
prosseguir em sua órbita circular por um período de tempo que para nós, mortais limitados ao tempo da Terra,
durasse uma eternidade. Ainda assim, pôde permanecer nos céus durante algum tempo; e lá ficou, movendo-se
no convívio dos astros como se estes o houvessem provisoriamente admitido em sua sublime companhia.

ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 9.

Assinale a alternativa abaixo que NÃO fornece uma explicação desse fato, de acordo com as ideias da autora:
a) Segundo Hannah Arendt, o homem, por meio de uma de suas condições mais essenciais, o trabalho, seria
capaz de rivalizar artificialmente com as leis eternas da natureza.
b) O objeto lançado ao espaço pela primeira vez demonstra não apenas a capacidade do homem de rivalizar
com as leis da natureza, mas também a de separar-se de sua condição natural.
c) A autora se utiliza do fato em questão para refletir, no livro citado, sobre as ações humanas no mundo.
d) O fato relatado aponta para a produção do homem futuro, motivado por uma rebelião contra a existência
humana tal como nos foi dada.
e) O fato em questão, segundo a autora, aponta para a única saída possível para o homem depois da destruição
da Terra, a saber, a possibilidade de encontrar um novo planeta para morar.

5. O sociólogo britânico Anthony Giddens, um dos mais importantes pensadores das implicações sociais
da globalização, toma a relação entre confiança e modernidade como um dos fenômenos contemporâneos que
mais sofreram transformações em face dos impactos da globalização. Os conceitos de desencaixe e reencaixe
são fundamentais à compreensão desses novos processos. Complementam estes conceitos outros dois,
igualmente importantes: o primeiro se refere a "relações verdadeiras que são mantidas por, ou expressas em,
condições sociais estabelecidas em circunstâncias de co-presença"; o segundo diz respeito "ao
desenvolvimento de fé em fichas simbólicas ou sistemas peritos"
(GIDDENS; 1990; 84).
Esses conceitos, respectivamente, recebem as seguintes definições:
a) segurança ontológica e reflexividade.
b) sistemas abertos e sistemas abstratos.
c) compromissos com rosto e compromissos sem rosto.
d) experimentação prática e experimentação simbólica.
e) contrato e risco.

6. (Ueg 2016) Para alguns sociólogos e filósofos, a cultura possuiria um valor intrínseco e poderia nos
ajudar não apenas na fruição de nossa sensibilidade, mas nos levar a uma nova compreensão da realidade e de
nosso ser e estar no mundo. Com a indústria cultural verifica-se que a cultura
a) recupera seu valor simbólico, contribuindo para uma nova compreensão da realidade e para a emancipação
humana.
b) perde sua força simbólica e crítica, transformando- se em mero entretenimento que elimina a reflexão crítica.
c) perde seu valor de mercado para tornar-se, graças à tecnologia, um entretenimento acessível a toda a
população.
d) deixa de ser um produto de elite e passa a ser acessível a todos os cidadãos, contribuindo com sua
autonomia.
e) torna-se mais sofisticada, na medida em que os meios de criação cultural passam a ser submetidos ao
desenvolvimento tecnológico.
7. (Unioeste 2010) O que significa globalização? Marque a alternativa correta.
a) A expansão da lógica da produção mercantil para a maior parte do globo, através da mundialização do capital
e da disseminação universal da cultura ocidental.
b) O protecionismo, a subsunção da produção de mercadorias às necessidades humanas e a estatização da
economia.
c) A integração da economia mundial, a estatização da indústria pesada e a internacionalização das empresas.
d) A estatização da indústria pesada, o protecionismo e o controle de preços da cesta básica.
e) O surgimento de um mundo multipolar, o enfraquecimento dos Estados Unidos no cenário internacional e o
aumento da importância econômica e política dos países do hemisfério sul.

8. (Enem 2ª aplicação 2016) O processo de justiça é um processo ora de diversificação do diverso, ora de
unificação do idêntico. A igualdade entre todos os seres humanos em relação aos direitos fundamentais é o
resultado de um processo de gradual eliminação de discriminações e, portanto, de unificação daquilo que ia
sendo reconhecido como idêntico: uma natureza comum do homem acima de qualquer diferença de sexo, raça,
religião etc.
(BOBBIO, N. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos.Rio de Janeiro: Campus, 2000.)
De acordo com o texto, a construção de uma sociedade democrática fundamenta-se em:
a) A norma estabelecida pela disciplina social.
b) A pertença dos indivíduos à mesma categoria.
c) A ausência de constrangimentos de ordem pública.
d) A debilitação das esperanças na condição humana.
e) A garantia da segurança das pessoas e valores sociais.

9. (CAMPO REAL) No que diz respeito à obra “Duelo”, de Guimarães Rosa, é correto afirmar que o conflito
central consiste no desejo de vingança que o personagem:

a) Turíbio nutre em relação a Cassiano: após pegar Silivana na cama com Cassiano, Turíbio sai em perseguição
do amante de sua esposa, alcança-o, após longo tempo, e mata-o, de forma cruel e demorada, com a ajuda de
Timpim Vinte-e-Um, compadre de Cassiano.
b) Timpim Vinte-e-Um nutre em relação a Turíbio: após o assassinato de Cassiano, homem que ajudou muito sua
família, Timpim Vinte-e-Um sai em perseguição daquele que ele julga responsável pela morte do seu benfeitor,
Turíbio, alçando-o em uma estrada deserta e matando-o com um tiro à queima-roupa.
c) Cassiano nutre em relação a Turíbio: após ser descoberto como amante de Silivana, Cassiano, com a ajuda
de Timpim Vinte-e-Um, persegue Turíbio (que tentou matar Cassiano sem sucesso) e o elimina, para que um
ficasse com sua esposa e o outro com as poucas posses do marido traído.
d) Cassiano nutre em relação a Turíbio: após assassinar, por engano, o irmão de Cassiano, Turíbio sai em fuga e
é perseguido pelo rapaz, que, morrendo sem alcançar o seu objetivo, incumbe Timpim Vinte-e-Um de matar
Turíbio, realizando, assim, seu desejo por vingança.
e) Turíbio nutre em relação a Cassiano: após assassinar propositalmente o irmão, Turíbio persegue Cassiano por
um longo tempo, com o objetivo de eliminar o último membro da família do amante de sua esposa, Silivana, o
que ele consegue com a ajuda de Timpim Vinte-e-Um.

10. Sobre Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho, assinale a alternativa correta.
a) Embora esse romance seja construído, em grande parte, com base em fontes factuais, a alternância
entre os dois grandes planos narrativos – a longa carta de Manoel Perna e a pesquisa do narrador-investigador –
não permite que se chegue às verdadeiras razões que levaram Buell Quain ao suicídio, mas sim a conjecturas
possíveis, pois os elementos “memória” e “ficção” são partes constitutivas do processo de construção da
narrativa.
b) Retomando certa corrente da tradição literária brasileira, o romance-reportagem, tradição esta que
remete à década de 1970, esse romance apresenta o que se pode denominar como uma versão realista sobre o
suicídio de Buell Quain, pois a narrativa se constrói com base em uma série de fontes factuais (depoimentos,
fotos, cartas, reportagens etc.) que, ao final do livro, acabam por borrar as fronteiras entre romance e jornalismo.
c) Construído a partir da alternância entre dois grandes planos narrativos – a longa carta de Manoel Perna
e a pesquisa do narrador- investigador –, os reais motivos que levaram Buell Quain ao suicídio são revelados ao
final do romance, graças à carta deixada por Manoel Perna, testemunha ocular, que informa o
narrador-investigador sobre a doença degenerativa que o antropólogo havia contraído ao chegar no Brasil.
d) Embora construído a partir da alternância entre dois grandes planos narrativos – a longa carta de
Manoel Perna e a pesquisa do narrador-investigador –, o mistério sobre a morte do antropólogo é solucionado a
partir do encontro ao acaso do narrador com um velho senhor americano, em 2001, que, em seu leito de morte
no hospital, ouvia as histórias lidas por um jovem rapaz; rapaz este que revela a identidade do doente: Buell
Quain.
e) Retomando certa corrente da tradição literária brasileira, o romance-reportagem, que se inicia na
década de 1970, esse romance apresenta o que se pode denominar como uma versão realista-naturalista sobre
o suicídio de Buell Quain, pois recorre a um expediente típico dos discursos que buscam a verdade dos fatos: a
carta de uma testemunha ocular, Manoel Perna, que narra detalhadamente os acontecimentos que envolveram
Buell Quain nos seus últimos dias de vida.

11. Sobre o poema O Uraguai (1769), de Basílio da Gama, considere as seguintes afirmativas:
1. No Canto I, cuja abertura obedece às regras de composição épica, apresentam-se as tropas lideradas por
Gomes Freire de Andrade, cujo objetivo era enfrentar a resistência dos Sete Povos das Missões, sob a influência
dos padres jesuítas, cujos interesses, do ponto de vista da obra, eram nobres porém incompatíveis com a política
pombalina.
2. No Canto II, Cepé e Cacambo, líderes indígenas, discutem com Gomes Freire de Andrade a batalha a ser
travada. Diante da impossibilidade de uma solução pacífica, ocorre o primeiro embate, no qual Cepé morre e
Cacambo, depois de muito lutar, precisa fugir com seus companheiros em direção ao interior da floresta.
3. No Canto III, após atear fogo no campo inimigo, Cacambo volta para casa e cai prisioneiro do Padre Balda,
mas consegue fugir com o auxílio de seus companheiros, embora, logo a seguir, acabe morrendo na floresta
junto com Lindóia, sua amada.
4. No Canto IV, no qual ocorre a famosa morte de Lindóia, Tanajura, avó da índia suicida, é assassinada por
ordem do Padre Balda, um vilão do poema, que manda amarrá-la dentro de uma choupana para que se ateasse
fogo, de modo a destruir o povoado antes que a comitiva de Gomes Freire de Andrade o invadisse.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.

12. Assinale com V as verdadeira e F as falsas, a respeito da obra Casa de pensão, de Aluísio Azevedo.
( ) O narrador-observador, em 3ª pessoa, intercala fatos já acontecidos com comentários próprios sobre as ações
das personagens; em algumas passagens esses ‘comentários’ se manifestam com linguagem bastante irônica.
( ) O protagonista, Amâncio, acadêmico de medicina no Rio de Janeiro, evita com veemência dedicar-se à leitura
dos textos científicos, mas lê romances de José de Alencar e deseja produzir poesias byronianas e acaba
desistindo do curso de medicina.
( ) Não há preocupação em descrever o cotidiano de agrupamentos humanos, porque a motivação deste enredo
se baseia em um fato verídico que abalou o Rio de Janeiro em 1876, conhecido como a “Questão Capistrano”.
( ) Amâncio esbofeteia um colega de classe e o professor em defesa de D. ngela, sendo por isto severamente
castigado. Este fato modifica profundamente o seu caráter e visão de mundo, marcando na obra uma das teses
naturalistas: o homem é um produto do meio.
( ) A carta do velho Vasconcelos, recebida por Amâncio na pensão, desencadeia uma reação extremamente
emotiva no rapaz, até então movido por um profundo desprezo pela figura paterna.
A sequência correta é
a) V, F, V, V ,V
b) V, V, V, F ,F
c) F, F ,V ,F ,V
d) V, V ,V ,F ,V
e) V, V, V, V, V.
VESTIBULAR 2018

REDAÇÃO

Redação
Leia o texto a seguir:

Uma loja tem um vendedor e uma gerente que são negros. Ambos foram vítimas de discriminação
racial por parte de um superior hierárquico e decidiram processar a empresa em que trabalham para
buscar uma reparação. O tipo de ofensa praticada contra eles foi o mesmo, mas a indenização que cada
um receberá será diferente. A gerente ganhará uma reparação maior que a do vendedor. [...]
É o que vai acontecer a partir de novembro deste ano, quando a reforma trabalhista entrar em vigor.
O novo texto da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) agora também prevê a reparação para o dano
extrapatrimonial, que é tudo aquilo que extrapola o que é considerado patrimônio: vale para dano moral,
estético, discriminação racial, religiosa e sexual, por exemplo.
Para fixar alguns parâmetros, a nova lei estabelece níveis da ofensa – que vai de leve a gravíssimo
– e vincula a indenização ao último salário recebido pelo ofendido – entre três e cinquenta vezes esse
valor. Esse é um dos pontos mais polêmicos da nova lei – e um daqueles que seriam alterados via medida
provisória, que, até agora, ninguém viu.
O advogado especialista em relações do trabalho Fabiano Zavanella, sócio do escritório Rocha,
Calderon e Advogados Associados, explica que a reforma trabalhista se propôs a disciplinar a situação do
dano extrapatrimonial. “Ao longo do tempo, isso causou uma série de dissabores. A figura do dano moral,
em especial, foi muito banalizada. Foi tornada algo normal, rotineiro, e perdeu força”, argumenta.
Para ele, a banalização desse tipo de ação acabou fazendo com que houvesse sentenças muito
duras para coisas não justificadas e outras muito brandas para situações que eram graves. Com a reforma,
há uma busca por estabelecer parâmetros. A configuração desse tipo de dano vai levar em conta quem foi
vítima da ofensa, quem causou essa ofensa, o potencial de reparação, grau de responsabilidade, se houve
alguma tentativa de reparação ou perdão e a situação econômica das partes.
E é neste ponto em que ela está amarrada ao salário dos envolvidos. “Há críticas, porque, em tese,
haveria um tratamento discriminatório. Quando se fala de situação econômica do agressor e do agredido,
já vai para um caminho do direito comum. Você tem que confortar quem sofreu a agressão e coibir quem
maltratou, mas não é passar um cheque em branco”, pondera.
Avaliar e mensurar em dinheiro quanto vale um sofrimento causado é uma tarefa difícil. O professor
de Direito do Trabalho Elton Duarte Batalha, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, lembra que
historicamente a Justiça do Trabalho não costuma aplicar indenizações altas para dano moral. É comum
ver casos de humilhações com danos graves receberem indenizações baixas. Agora, com quatro tetos, o
problema é que uma ofensa a uma pessoa de hierarquia superior custa mais caro. [...]
Para Batalha, o problema é vincular o valor da indenização ao último salário. “Poderiam usar um
outro parâmetro, que é o teto do maior benefício previdenciário pago pelo INSS”, sugere. A questão, nesse
caso, é de não estabelecer uma vinculação entre o grau de desenvolvimento profissional da vítima e os
valores a serem recebidos – a opção por algo que não fosse pessoal seria mais adequada. [...]

(Adaptado de Fernanda Trisotto. Jornal Gazeta do Povo, set. 2017.)

De acordo com o texto, foi aprovada uma mudança na regra atual – pela qual os juízes é que
estipulam o valor a ser pago à vítima – envolvendo indenizações por danos extrapatrimoniais. Com
com base na sua leitura, escreva um texto refletindo sobre os efeitos práticos dessa mudança.

1 Prova 3
VESTIBULAR 2018

Seu texto deve:

Redação
- contextualizar o tema que vai ser abordado.
- avaliar a mudança, inserindo-a nas discussões que vêm sendo feitas em âmbito nacional para
coibir ações discriminatórias de todos os tipos.
- ter entre 15 e 20 linhas.

H O
U N
S C
R A

limite mínimo

3 Prova 3
Gabarito quarta prova 12
1. D
2. A
3. D
4. E
5. C
6. B
7. A
8. B
9. D
10. A
11. C
12. A
Quinta prova 13
1. (Ufu 2018) Considere o seguinte texto do filósofo Heráclito (século VI a.C.). "Para as almas, morrer é
transformar-se em água; para a água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, forma-se a água e da
água, a alma” Heráclito. Fragmentos, extraído de: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução do autor. Em relação ao excerto acima, podemos afirmar que ele
ilustra
a) a concepção heraclitiana que valoriza a importância do movimento na descrição da realidade.
b) a concepção dialética do pensamento heraclitiano, segundo a qual o movimento é uma ilusão dos sentidos.
c) a concepção heraclitiana da realidade, segundo a qual a multiplicidade dos fenômenos subjaz uma realidade
única.
d) o pensamento religioso de Heráclito, segundo o qual a morte é a libertação da alma.

2. O que caracteriza o empirismo de Locke?


Assinale todas as alternativas corretas.
( ) Defesa da ideia de que tudo o que está na mente passou antes pelos sentidos.
( ) Defesa da ideia de que Deus não existe, porque não pode ser observado.
( ) Defesa da concepção segundo a qual ideias como Deus, infinito, perfeição, embora não possam ser
observadas diretamente, ainda assim têm origem na sensação.
( ) Toda ideia nasce de uma sensação ou da combinação, relação e abstração de outras ideias.
( ) Existem algumas ideias inatas na mente humana.
a) V - F – V – V - F
b) F – F – V – V – F
c) F – V –F – F – V
d) F – V – V – V – V
e) V – V- V – V – F

3. Segundo o livro A condição humana, de Hannah Arendt, as três atividades humanas fundamentais
são:
a) a fabricação, o trabalho e a ação e são designadas pela expressão homo faber.
b) o labor, o trabalho e a ação e são designadas pela expressão vita activa.
c) o jogo, o labor e o trabalho e são designadas pela expressão homo ludens.
d) a linguagem, o labor e o trabalho e são designadas pela expressão homo laborans.
e) a política, a linguagem e o trabalho e são designadas pela expressão zoon politikon.

4. Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e
pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que
ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o
nosso livre arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio]
nos permite o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N.O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).

Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra
a). o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao valorizar a interferência divina nos
acontecimentos definidores do seu tempo.
b). rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
c). afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
d). romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
e). redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.

5. “Discursos sobre o sexo não se multiplicaram fora do poder ou contra ele, porém, lá onde ele se exercia
e como meio para seu exercício: criaram-se em todo canto incitações a falar; em toda parte, dispositivos para
ouvir e registrar procedimentos para observar, interrogar e formular. Desenfurnam-no e obrigam-no a uma
existência discursiva”. Trecho de História da Sexualidade, Vol. I – A Vontade de Saber” in Sociologia em
Movimento (p. 503). Tendo como referência os estudos sobre sexualidade em “A Vontade de Saber”, no qual o
autor se propõe a analisar os discursos de verdade em torno da sexualidade, é CORRETO afirmar sobre essa
obra que:
a) o objetivo principal da obra foi fazer uma história das condutas, comportamentos e práticas sexuais das
sociedades ocidentais.
b) o tema principal do livro são os problemas de censura e de liberdade sexual nas sociedades ocidentais.
c) em “A Vontade de Saber”, o discurso sobre repressão sexual moderna é criticado por ocultar a proliferação de
discursos a respeito da sexualidade.
d) Foucault demonstra que os discursos sobre a sexualidade apenas descrevem a natureza reprodutiva humana
e não se articulam com quaisquer relações de poder.
e) em “A Vontade de Saber”, o autor defende a existência de uma verdade sobre o sexo que está escondida nos
discursos sobre sexualidade

6. (Uffs) A temática “Cultura e Socialização Política” muitas vezes acaba por tratar da questão
“subdesenvolvimento e cultura”. Nesse sentido muitos teóricos apontam que os países ou as regiões que se
encontram numa situação de subordinados economicamente tendem a produzir uma cultura também
subordinada. Com relação ao tema, é correto afirmar:
a) No capitalismo, cultura não tem qualquer relação com desenvolvimento ou desenvolvim ento econômico.
b) Nas condições do capitalismo monopolista, havendo uma universalização das leis deste modo de produção,
tendencialmente ocorre também uma universalização dos valores culturais e ideológicos.
c) Um país pode ficar subordinado a outro por razões de comércio, mas isso em nada afeta a ideologia ou a
cultura do país subordinado.
d) Só ocorre subordinação cultural se os dois países em questão professarem a mesma religião.
e) Existe, sim, subordinação cultural quando ocorre a subordinação econômica, mas a única classe afetada com
a subordinação é a classe burguesa.

7. (UNIMONTES MG) Chama-se globalização, ou mundialização, o crescimento da interdependência de


todos os povos e países da superfície terrestre. Relaciona-se à globalização, EXCETO:
a) Efetivação de um sistema econômico capitalista, de âmbito mundial, e a formação de blocos econômicos
regionais.
b) Fortalecimento das fronteiras nacionais, através da internacionalização da economia, amenizando os
contrastes regionais.
c) Geração de um grande impacto nas relações de capital e trabalho, com um contingente cada vez maior de
desempregados.
d) Ampliação do terciário, notadamente o setor de serviços, e, consequentemente, da economia informal.

8. Escreve Gerard Lebrun: “Com efeito, o que é política? A atividade social que se propõe a garantir pela
força, fundada geralmente no direito, a segurança externa e a concórdia interna de uma unidade política
particular (conforme descreve Julien Freundem Qu’estceque laPolitique). Não é dogmaticamente que eu
proponho esta definição (outras são possíveis), mas simplesmente para ressaltar que, sem o uso da noção de
força, a definição seria visivelmente defeituosa. Se, numa democracia, um partido tem peso político, é porque
tem força para mobilizar um certo número de eleitores. Se um sindicato tem um peso político é porque tem força
para deflagrar uma greve. Assim, força não significa necessariamente a posse de meios violentos de coerção,
mas de meios que permitam influir no comportamento de outra pessoa. A força não é sempre (ou melhor, é
rarissimamente) um revólver apontado para alguém”. (LEBRUN, Gerard. O que é poder. São Paulo: Brasiliense,
1981, p. 04.)
Qual é a relação entre força e política expressa pelo autor nesse excerto?
a) Não há relação direta entre força e política, pois nenhuma se apresenta como componente essencial que
permita explicar as diferentes formas de exercício do poder.
b) A política e a força anulam-se enquanto categorias que pretendem explicar as diferentes noções de poder
hoje existentes. O poder, por sua vez, é formado exclusivamente pela força, seja militar ou civil, pois ele é
manifestação simbólica das estruturas de repressão.
c) Significa afirmar que as estruturas de poder instrumentalizam a força e a política como forma de manter um
determinado modelo de governança. A relação entre elas se dá nessa condição: força e política só existem, de
fato, quando as estruturas de poder, ou seja, o governo, considera tais estruturas necessárias para a
manutenção de uma determinada ordem institucional repressiva.
d) Força e política não são conceitos excludentes ou contrários. Para que a política seja exercida, é necessária
uma capacidade de mobilização, consentimento e construção de hegemonia por quem deseja agir politicamente.
Assim, a força implica o poder de que se dispõe na construção de maiorias políticas.
e) A relação entre política e força se expressa na destituição do poder e na construção das resistências nos
movimentos sociais e nos sindicatos. A política e a força física são instrumentos usualmente presentes na
militância partidária como forma de questionar o exercício do poder.
9. (UFPR) Leia o trecho abaixo, extraído de SAGARANA, de João Guimarães Rosa:

Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A


erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas
alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga,
brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas
fendilhadas, entrando em convulsões.

– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!… É o
mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão. (GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra
completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)

O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está
presente em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma
adequada.

a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir
da ação direta de Deus.
b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez
da natureza.
c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da
narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região.
d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento
tão reversível quanto a condição humana.
e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da
força física e da valentia.

10. Escritores de uma nova geração, Milton Hatoum (nascido em 1952) e Bernardo Carvalho (nascido em
1960) já garantiram seu lugar no panorama multifacetado da literatura brasileira contemporânea. Relato de um
certo oriente, publicado em 1989, marcou a estreia de Milton Hatoum na literatura. Nove noites, publicado em
2002, é o sétimo livro lançado por Bernardo Carvalho, que estreou na literatura em 1993 com o livro de contos
Aberração.
A respeito das comparações entre Relato de um certo oriente e Nove noites, considere as seguintes afirmativas:
1) Milton Hatoum consegue trazer para a sua ficção o espaço amazonense sem cair no exagero do
exotismo; Bernardo Carvalho, por sua vez, tensiona o realismo pela inclusão, na ficção, de fatos e personagens
históricos, autobiografia e experiências pessoais.
2) Através de estratégias diferentes, os dois romances buscam compreender o passado, conscientes da
obrigação histórica de recuperá-lo tal como aconteceu: Relato de um certo oriente resgata a memória trágica de
uma família que viveu em Manaus; Nove noites investiga a morte de um antropólogo no sul do Maranhão, para
entregar ao leitor a solução de um mistério até então não resolvido.
3) A epígrafe de W.H. Auden – “Que a memória refaça/A praia e os passos/O rosto e o ponto do encontro”
(em tradução de Sandra Stroparo e Caetano Galindo) – anuncia o elemento central da narrativa de Milton
Hatoum. O título do romance de Bernardo Carvalho se refere às nove noites que o antropólogo Buell Quain
passou na companhia de Manoel Perna, durante a sua estada entre os índios Krahô.
4) O tratamento dado aos nativos em Relato de um certo oriente pode ser verificado na humilhação e nos
abusos sofridos pelas caboclas e índias que trabalhavam na casa de Emilie, principalmente por parte dos dois
“inomináveis”. Em Nove noites, a narração do jornalista volta a momentos centrais da história do Brasil no século
XX – Estado Novo, Ditadura Militar e Período Democrático –, marcando a situação de vulnerabilidade
permanente dos índios num mundo de brancos.
5) Na Manaus multicultural da primeira metade do século XX, Emilie e seus filhos, com a curiosidade
natural do imigrante, atravessam constantemente o rio que separa a cidade da floresta. Da mesma forma, o
narrador jornalista de Nove noites visita inúmeras vezes os índios Krahô, em busca de informações sobre o
suicídio de Buell Quain.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras


b) Somente as afirmativas 2 e 5 são verdadeiras
c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras
e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
11. (UFPR) No romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, o narrador tece considerações generalizantes a
respeito da sociedade de sua época, ao mesmo tempo em que narra a vida da protagonista, de sua família e a
malandragem de Cassi Jones. A respeito de aspectos da construção de Clara ou de fatos de que ela participa,
assinale a alternativa correta.

a) A afirmação “é próprio do nosso pequeno povo fazer uma extravagante amálgama de religiões e
crenças de toda a sorte, e socorrer-se desta ou daquela, conforme os transes e momentâneas agruras de sua
existência” (capítulo I) explica a frequência de Clara a igrejas e templos de diferentes religiões.
b) A frase “A gente pobre é difícil de se suportar mutuamente; por qualquer ninharia, encontrando ponto de
honra, brigando, especialmente as mulheres” (capítulo VII) alude às provocações que Clara desferia contra suas
vizinhas.
c) A ponderação “Cada um de nós, por mais humilde que seja, tem que meditar, durante a sua vida, sobre
o angustioso mistério da Morte, para poder responder cabalmente, se o tivermos que o fazer, sobre o emprego
que demos a nossa existência” (capítulo VIII) refere-se à cena da morte de Clara.
d) O comentário “O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado
do pai ou do futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. Não
imaginava as catástrofes imprevistas da vida” (capítulo VIII) prenuncia as dificuldades que Clara enfrentou no
seu casamento com Cassi.
e) A análise “A educação que recebera, de mimos e vigilâncias, era errônea. Ela devia ter aprendido da
boca dos seus pais que a sua honestidade de moça e de mulher tinha todos por inimigos, mas isto ao vivo, com
exemplos, claramente…” (capítulo X) denuncia a frágil educação recebida por Clara como responsável pelo seu
destino.

12. (UEL)
Como se lê num espelho,
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma,
Também refletem os céus;
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Considere as seguintes afirmações sobre os versos anteriores, do poeta romântico Gonçalves Dias:

I. Na lírica amorosa romântica, as forças do amor e os elementos da natureza são comparáveis entre si porque
sugerem a idéia de uma composição harmoniosa e equilibrada.
II. Os olhos serenos da amada representam para o poeta o repouso de seus próprios olhos, que neles se
consolam da agitação da vida.
III. A paixão romântica é com frequência expressa como perturbação dos sentidos e perda da própria identidade
de quem ama.

Está correto o que vem afirmado apenas em


a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
20/20

QUESTÃO DISCURSIVA 02

02 - Leia o trecho a seguir, de crônica de Antonio Prata publicada no Jornal Folha de São Paulo em 18/08/19:
Majipack em Paramaribo
A capital do Suriname é Paramaribo. A mitocôndria é a organela celular responsável pela respiração. Metonímia é a parte pelo
todo. A área do círculo é Pi r². Os fenícios eram grandes navegadores. Eis aí algumas coisas que aprendi durante os 11 anos
cumpridos (e compridos) em regime semiaberto, das sete e quinze da madrugada à uma e meia da tarde, nos cafundós da década
de 90. Não, tô fazendo piada às custas da realidade: estudar não foi uma condenação, frequentei ótimos colégios e sou grato aos
professores por me ensinarem o que é uma célula, um poema, por me ajudarem a compreender o que está à minha volta, a 3.000
km ou 3.000 anos de mim.
Uma vez, largado na areia, comecei a especular com uns amigos sobre a distância da ilha à nossa frente. Como a praia era
um semicírculo, sabíamos a sua extensão por conta do meu aplicativo de corrida e a ilha estava bem entre as duas pontas, no centro
do círculo, usamos os conhecimentos de Pitágoras para calcular a distância. Naquele dia me senti extremamente grato às minhas
professoras de geometria. (E ainda mais grato ao Pitágoras, que chegou àquelas conclusões sem professoras de geometria nem o
sistema de GPS).
Embora deva muito à escola, tenho algumas críticas à grade curricular. Parece-me questionável que o número atômico do
tungstênio seja mais importante do que saber trocar um pneu e, por mais que eu concorde que é bacana ter uma noção básica do
sistema de vassalagem na alta Idade Média, não valeria a pena incluir no currículo algumas lições sobre como lidar com um pé na
bunda?
Sugestão para um dia letivo no primeiro colegial. Literatura: modernismo. Culinária: arroz branco. Matemática: logaritmo.
Sobrevivência urbana: troca de pneus em carros Ford (com ênfase no cadeado em caso de estepe externo). História: feudalismo.
Comunicação interpessoal: os cunhados e as festas de fim de ano.
Tenho pensado nestes assuntos há uma semana, desde que tive, pelas ondas do rádio, uma das maiores revelações dos meus
41 anos sobre a terra. O responsável pela iluminação chama-se Rusty Marcellini. Apesar deste nome de mágico em desenho
animado, Rusty é um simpático erudito da culinária e o que ele me ensinou despretensiosamente, no meio da tarde, numa entrada
na CBN, é que se guardarmos o rolo de Majipack na geladeira fica bem mais fácil de desenrolar. (Atenção, sonoplastia: gongo).
Eu guardei o rolo de PVC na geladeira. Horas depois, ele se soltou quase como papel higiênico. Não escondeu sua ponta, não
rasgou, não se comportou como aquele durex gigante possuído por um exu sarcástico cujo maior prazer é acabar com a paciência
e a felicidade de inocentes seres humanos que só queriam guardar meia maçã pra mais tarde.
Redija um texto de opinião (tipo argumentativo), avaliando as críticas e a proposta de diversificação do currículo de Antonio
Prata no texto-base.
Seu texto deverá:
 contextualizar o tema;
 identificar aspectos positivos e aspectos negativos do currículo escolar em sua relação com as demandas do cotidiano;
 apresentar um posicionamento fundamentado, em diálogo com as críticas do autor;
 apresentar os elementos formais e discursivos característicos de um texto argumentativo;
 ter no mínimo 12 e no máximo 15 linhas.

H O
U N
S C
RA

Limite mínimo
Gabarito quinta prova 14
1. A
2. A
3. B
4. C
5. C
6. B
7. B
8. D
9. D
10. C
11. E
12. C
Dissertação Argumentativa- UFPR 15
Ao longo da formação do estudante brasileiro o ensino básico treina-o para um tipo
de redação ENEM, que possui gênero e estrutura própria. Apesar de que a atual
produção de texto exigida na UFPR seja do mesmo gênero que o estilo de prova
anteriormente citada, ela possui especificidades próprias. Uma dessas
especificidades é o seu enunciado, que possui vários comandos para orientar o
aluno (e que devem ser seguidos à risca).
Neste documento iremos te orientar sobre a estrutura dessa produção de texto e
como compreender e colocar em prática de acordo com o seu enunciado próprio.

Estrutura 16
Como os demais tipos exigidos de Dissertação, nesse em específico também será
necessária a divisão em três partes:
● Introdução;
● Desenvolvimento;
● Conclusão.
Entretanto, isso não quer dizer que necessariamente terão que ser divididos em três
parágrafos, isso irá depender do número de linhas que o enunciado delimitar. Mas,
de forma geral, a introdução e a conclusão devem, juntas, totalizar 50% do seu texto
e o desenvolvimento os 50% restantes.
1. Introdução
Para iniciar o seu texto é necessário que o tema delimitado pelo texto base seja
reiterado. Assim, você cumprirá um dos requisitos solicitados nos critérios de
avaliação da banca: a citação da fonte (nome do autor que escreveu o texto base,
local em que publicou, o tema tratado, etc). Além disso, o aluno também pode,
brevemente, posicionar-se sobre o tema. Isso pode ser feito da seguinte forma:
“Assim como Zygmunt Bauman, acertadamente, define…”, pois neste caso o
estudante estaria concordando com o dito pelo autor no texto base e os demais
argumentos essenciais seriam explorados no desenvolvimento do texto.
2. Desenvolvimento
Assim como dito anteriormente, no desenvolvimento a opinião do aluno deve ser
defendida, usando argumentos de autoridade, dados ou outras formas de
preferência (que serão explicadas a seguir)
3. Conclusão
Por fim, na conclusão o aluno deverá retomar a sua tese explicitada ao longo do
texto ou delimitar uma proposta de enfrentamento (uma breve forma de solucionar o
problema proposto no texto base, mas lembrando: essa forma difere-se da proposta
de enfrentamento do ENEM, pois não é necessário que os 5 elementos sejam
utilizados).
A conclusão, dependendo do número de linhas, não precisará de um parágrafo
separado, por isso, ela pode ser escrita em apenas uma linha.
Como iniciar a proposta 17
Como dito anteriormente, o enunciado deve receber muita atenção durante a leitura
e compreensão da proposta. Por isso, indica-se que o aluno inicie sua prova lendo
atentamente o enunciado, antes mesmo de ler o(s) texto(s) base(s).
Após lê-lo e perceber suas particularidades, o estudante deve ler o(s) texto(s)
base(s) e, ao longo dessa leitura, é indicado que ele responda mentalmente (ou com
breves anotações para otimizar seu tempo) os questionamentos que foram
propostos no enunciado.
1. Como iniciar a introdução?
Existem três maneiras de iniciá-la, que ficarão à critério do aluno:
● Pelo tema: apresentar as ideias do texto base, já mencionando a fonte deste
último;
● Pela tese: iniciar deixando evidente o seu posicionamento sobre o tema
proposto. Dica: essa forma é indicada quando o texto exigir poucas linhas
(como de 8 a 12 linhas), pois isso já otimizará tempo;
● Por um repertório: dessa forma, o aluno precisa trazer uma outra área do
conhecimento para comprovar seu posicionamento que virá a seguir. Essa
outra área do conhecimento pode ser uma música, um filme, um pensamento
de um filósofo, etc. Entretanto, precisam ser passagens breves, já que a
introdução não deverá ultrapassar o limite de 5 linhas do seu texto.
2. Como iniciar o desenvolvimento?
Assim como já visto no texto exigido pelo ENEM, o gênero “Dissertação
Argumentativa'' exige que o posicionamento do aluno seja claro e,
consequentemente, corretamente embasado. Entretanto, existem expressões
usuais que não devem ser utilizadas para cumprir esse critério, como “porque eu
acredito que” ou “eu discordo”.
Dessa forma, existem maneiras mais adequadas para argumentação. São elas:
● Argumento de autoridade: trata-se de utilizar os pensamentos comprovados
por especialistas na área tratada. Dica: caso na hora não se lembre de
nenhuma informação que possa ser utilizada é indicado que o aluno intercale
a produção de texto com as questões objetivas, pois lendo-as ele terá
insights sobre os temas tratados nas questões, os quais podem ser utilizados
no seu texto;
● Argumento de prova concreta: um exemplo de fato histórico ou dado
estatístico que não pode ser refutado;
● Argumento por comparação: trata-se de uma forma em que o aluno compara
uma ocasião fictícia (filme, livro, música) com a realidade atual,
demonstrando os acontecimentos que podem se repetir caso essas
divagações venham a ocorrer no mundo real.
3. Como iniciar a conclusão?
Por fim, na conclusão o aluno precisa resgatar as principais ideias desenvolvidas
durante o seu texto, de forma que elas sejam condensadas e finalizadas. Por isso,
terminar o texto iniciando uma nova ideia ou fazendo um questionamento não são
formas indicadas para cumprir os requisitos deste gênero textual.
Assim como as outras partes do seu texto, a conclusão também permite diferentes
formas de ser realizada. São elas:
● Retomada da tese: uma espécie de um breve resumo sobre as suas teses
discutidas durante a redação. Essa forma é indicada para quando o texto
precisa ser muito curto (como de 8 a 12 linhas);
● Proposta de enfrentamento: trata-se de uma suposição do que pode ser feito
para que o tema da proposta seja solucionado. Dica: evite expressões do
senso comum, como “é necessário conscientizar a população sobre…”. Uma
melhor forma seriam os “investimentos na formação educacional dos jovens,
investimentos em políticas públicas”, etc

Como o seu texto será avaliado 18


● Gênero (se o texto segue a estrutura de uma Dissertação Argumentativa): 8
pontos;
● Coesão e coerência (bom uso de conectivos e bom encadeamento de ideias):
6 pontos;
● Argumentatividade: 10 pontos;
● Estética global do texto: 6 pontos.

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