Você está na página 1de 132

Ubiraci Espinelli Lemes de Souza

Como reduzir perdas


nos canteiros
Man u al de gestão do consum o de materiais na construção civil
Ubiraci Espinelli Lemes de Souza

Formado cm Engenharia Civil, em 1983, pela


Escol a Po l i t écn i ca da USP, o b t eve
posteriorm ente os títulos de Mest re (1989),
Dout or (1996) e Livr e Docent e (2001) em
Co n st r u ção Ci vi l pela USP. At u o u com o
pesquisador visit ant e na Pennsylvania St at e
Universit y (Estados Unidos da Am ér ica), de
1993 a 1995. É professor do Departamento de
Engenharia de Const rução Ci vi l , da Escola
Politécnica da USP, desde 1984, ministrando
disciplinas na área de Tecnologia e Gestão da
Produção para a graduação, pós- graduação e
especialização.

Aut or de mais de uma cent ena de art igos


técnicos - publicados pelas principais revistas
e simpósios (nacionais e internacionais) e que
versam sobre Const rução Ci vi l - , tem sido
m em b r o sem p r e p r esen t e nos Co m i t ês
Científicos dos principais eventos sobre Cestão
da Construção.

Com atuação anterior com o diretor técnico da


const rut ora Gesco n , há vár i os anos está
envolvido na pesquisa e consultoria quanto à
gestão da produção de obras de construção
civil, e na coordenação de vários projetos de
relevância nacional e internacional. Podem- se
ci t ar t r abalhos nas ár eas de: indicador es,
produtividade da mão- de- obra, organização do
t r ab al h o na p r o d u ção , o r çam en t o ,
p l an ej am en t o , d i r et r i z es d e gest ão para
empresas públicas ligadas â habitação, projeto
do cant eiro de obras, int eração construtor-
f or n eced or - p r oj et i st a, ap r i m o r am en t o da
atuação de subempreiteiros, dentre outros.

No que se refere às perdas e consumos de


materiais, pode- se destacar a coordenação das
pesquisas denom inadas: Alt ernat ivas para a
Redução de Desp er d íci o de Mat er i ai s nos
Canteiros de Obras, que recebeu o apoio da
FINEP, do SENAI- Nordeste e do ITQC, teve a
p ar t icip ação de out ras 15 Universidades e
estudou quase uma centena de obras em 13
estados brasileiros, tecendo um diagnóstico
sobre as perdas de materiais; Apoio ao Programa
de Redução do Desperdício na Construção Civil
em Santo André, a qual, com o subsídio da
Pr ef eit ur a Mu n i ci p al de Sant o An d r é,vem
est udando ob r as em ex ecução na região,
buscando subsidiar as decisões dos gestores
com base em um processo rápido de avaliação
das perdas; e Gestão do Consumo de Mat eriais
nos Canteiros de Obras (GESCONMAT), com o
apoio da FINEP e do Sinduscon- SP, conduzida
por 3 Universidades, que visa a intervenção
reat iva (intervenção) e pró- ativa (sistema de
gestão) quanto ao consumo dos recursos.
Co m o reduzir perdas nos cant eiros
M an u al d o gest ão d o co n su m o d e m at er i ai s na co n st r u ção ci vi l

©Copyright Editora Pini Lida.


Todos os direitos de reprodução reservados pela Editora Pini Ltda.

Dad o s In t er n aci o n ai s d e Cat al o g ação na Pu b l i cação (CI P)


(Câm ar a Br asi l ei r a d o Li vr o , SP, Br asi l )

Souza, Ubiraci Espinelli Lemes de


Como reduzir perdas nos canteiros : manual de
gestão do consumo de materiais na construção
civil / Ubiraci Espinelli Lemes de Souza. — São Paulo : Pini,
2005.

ISBN 85- 7266- 158- 1

1. Administração de materiais 2. Canteiro de


obras 3. Construção 4. Consumo (Economia)
5. Materiais de construção 6. Perdas - Controle
1. Título.

05- 1 139 CDD- 691

ín d i ces p ar a cat ál o g o si st em át i co :
1. Materiais: Consumo : Construção civil
691
2. Materiais : Perdas : Construção civil
691

Coordenação Manuais Técnicos: Josiani Souza


Projet o Gr áf ico: May ara L. Pereira
Capa: Sérgio Colot lo o Mayara L. Pereira
Revisão: Mônica da Cosia

Editora Pini Lida.


Rua Anhaia, 964 - CEP 01130- 900 • São Paulo, SP - Brasil
Fone: 11 2173- 2328 - Fax: 2173- 2327
Internei: www.p iniweb .com - F- mail: m anuais&pini.com .br

A
I tiragem: 2.000 ex emplares, mar/ 2005 EDITORA AOLIADA

2 J tiragem: 1.000 ex emplares, abr/ 2008


apresentação

A Co n st r u ção Ci vi l v e m se m o d er n i z an d o d e m an ei r a si g n i f i cat i va n as ú l t i m as d écad as, su p l an t an d o


co n cei t o s, h áb i t o s e m o d el o s secu l ar es. O av an ç o t ecn o l ó g i co i n cl u i a evo l u ção d o co n h eci m en t o
e, t am b ém , a m u d an ça d e ab o r d ag em d a ap l i cação d esse co n h eci m en t o , q u e num a so m at ó r i a
si n ér g i ca result a na g r an d e ev o l u ção d o d esen vo l vi m en t o e d a i n o vação .

Q u a n d o se ap r esen t a o d esen vo l vi m en t o d a Indúst r ia d a Co n st r u ção Ci v i l n as últ im as d écad as,


d est aca- se a m u d an ça d o cen ár i o em p ír i co - ar t esan al d e an t i g am en t e p ar a u m a r eal i d ad e at u al
ci en t íf i co- i n d u st r i al . Para essa m u d an ça ocor r er , n ão b ast ar am ap en as o avan ço d o co n h eci m en t o
t écn i co - ci en t íf i co e a al t er ação d as d i r et r i z es b ási cas d a Co n st r u ção , m as a g est ão d o set or f oi
t o t al m en t e r ef o r m u l ad a. Inclui- se nessa r ef o r m u l ação a i n t r o d u ção d e m o d er n as f er r am ent as d e
gest ão nas em p r esas e nos can t ei r os, en v o l v en d o t od as as et ap as d o em p r een d i m en t o .

Nest e l i vr o , est á p r esen t e a ex p er i ên ci a d o aut or, esp eci al i st a n o t em a, q u e há m ai s d e q u i n z e


an o s v em est u d an d o a o t i m i z ação d o u so d os i n su m o s n o can t ei r o e p r o p o n d o m et o d o l o g i as p ar a
r ed u z i r o seu d esp er d íci o . D e u m a f or m a d i d át i ca, o Pr of . So u z a co n seg u i u co n so l i d ar seu vast o
co n h eci m en t o n u m t ex t o m u i t o út il p ar a t odos os p r of i ssi on ai s q u e d e al g u m a f orm a at u am na
gest ão d e m at er i ai s e co m p o n en t es nas ob r as.

V«ihan Agopyan,

Prol. Titular de Materiais e Componentes de Construção Civil


e Diretor da Escola Politécnica da USP
apresentação

Desp er d íci o , ex cesso d e co n su m o d e m at er i ai s e r ecu r sos nat ur ais n ão - r en o vávei s e en t u l h o são


p al avr as q u e, nós const r ut or es, t em os o u v i d o si st em at i cam en t e nos ú l t i m o s an os. Tu d o ist o a
d esp ei t o d o g r an d e esf o r ço q u e t em os em p r een d i d o , a par t ir da d écad a d e 1 9 9 0 , c o m a
i m p l an t ação e m nossas o b r as d e Si st em as d e Gest ão da Qu al i d ad e, d e Gest ão d e Recu r so s
I l u m an o s e, m ai s r ecen t em en t e, d e Gest ão Am b i en t al . Para m ui t os, ai n d a h o j e, a Indúst ria da
Co n st r u ção Br asi l ei r a é si n ô n i m o d e i n ef i ci ên ci a e d esp er d íci o .

M i t o o u r eal i d ad e? O n d e est am o s er r an d o ?

Acr ed i t o q u e os co n cei t o s d i scu t i d o s p el o Pr of . Ub i r aci p ossam n o s aj u d ar a r esp on d er est as e


out r as p er gunt as. El e, d e f or m a p r eci sa e p r ag m át i ca, co n cei t u a, d i ag n o st i ca, car act er i z a, q u an t i f i ca
e p r o p õ e al t er n at i vas p ar a a g est ão d o co n su m o d e m at er i ai s nos can t ei r o s d e o b r a Si m p l es e
o b j et i vo , est e l i vr o se m an t ém eq ü i d i st an t e d as so l u çõ es d em asi ad am en t e t eó r i cas e das d i scu ssões
ap ai x o n ad as q u e co st u m am car act er i z ar os d eb at es so b r e o t em a.

Se al i n h ar m o s o s co n cei t o s aq u i p r op ost os p ar a a Gest ão d o Co n su m o d e Mat er i ai s e m Can t ei r o d e


O b r as às m et o d o l o g i as h o j e ex i st en t es d e Gest ão d e Resíd u o s, est ar em o s cr i an d o c o n d i ç õ es
n ecessár i as p ar a m u d an ças na f or m a d e c o m o nosso Set or é p er ceb i d o p el a so ci ed ad e b r asi l ei r a.

A cad êm i co s, p r of i ssi on ai s l i b er ai s e em p r esár i o s d o Set or d a Co n st r u ção , c o m cer t ez a, en co n t r ar ão


nest e l i vr o a f ont e d e i n sp i r ação e o ap u r o co n cei t u ai n ecessár i os ao seu d esen vo l vi m en t o .

Bo a l ei t u r a!

Francisco An t u n es de V.isconcellos Neto

Diretor da DF Engenharia e Empreendimentos Ltda.


Vice- presidente de Desenvolvimento e Coordenador do Comitê de Meio Ambiente do SindusconSP
prefácio

Nest es vár i o s an o s d e ex p er i ên ci a, i n i ci al m en t e c o m o en g en h ei r o en vo l vi d o c o m a co n st r u ção d e


o b r as d e ed i f i caçõ es e, p or m u i t o t em p o , c o m o prof essor e p esq u i sad o r u n i ver si t ár i o e con su l t or d e
em p r esas, a d i scu ssão q u an t o às p er d as e co n su m o s d e m at er i ai s sem p r e foi m o t i vo d e d eb at es
acal o r ad o s. Qu an t o a t al p o l êm i ca, gost aria d e af i r m ar u m a vi são p essoal p o si t i va.

A Co n st r u ção Ci vi l co n so m e, sim , m ai s m at er i al d o q u e seria n ecessár i o . As p er d as ex ist em e n ão


são p eq u en as. Po r ém , as p er d as f az em p ar t e d e q u ai sq u er p r ocessos d e p r o d u ção . Cab e, p or t ant o,
ao s const r ut or es, c o m o t am b ém ao s r esp o n sávei s p el a p r o d u ção nas ou t r as Indúst rias, b u scar a
sua m i n i m i z ação .

O q u e d i f er en ci a a Co n st r u ção Ci vi l d e vár i as out r as Ind úst r ias é q u e el a é m u i t o m ai s r el evan t e n o


q u e se r ef er e ao m o n t an t e d e r ecu r sos u t i l i z ad os. Por t ant o, se a t aref a d e m i n i m i z ar o d esp er d íci o
d e m at er i ai s d e v e ser ex er ci d a p o r t o d o s, ao s p r o f i ssi o n ai s d a Co n s t r u ç ão Ci v i l c a b e u m a
r esp o n sab i l i d ad e ai n d a m ai or .

Den t r o d e tal con t ex t o, c o m est e l i vr o esp er o co n t r i b u i r p ar a o ap er f ei ço am en t o d as h ab i l i d ad es


d as pessoas l i g ad as à Co n st r u ção a f im d e en car ar em esse d esaf i o t ão i m p or t an t e, q u e en f at i z a a
b u sca p el o au m en t o da su st en t ab i l i d ad e na t aref a d e p r o ver infra- est rut ura p ar a t oda a so ci ed ad e.
agradecimentos

A el ab o r ação d e u m l i vr o d em an d a, d e u m l ad o , a p r évi a aq u i si ção d e co n h eci m en t o s e, d e ou t r o,


a t r ansm i ssão d e um a m en sag em . (!, p or t ant o, r esu l t ad o d e u m p r ocesso d e i n t er ação . Nes.e con t ex t o,
c o m p r az er r eco n h eço q u e a co n f ecção d est e l i vr o r eceb eu i n ú m er as co n t r i b u i çõ es; assim , m esm o
t en t an d o ser ab r an g en t e, co r r o o r i sco d e m e esq u ecer d e pessoas e In st i t u i ções as q uais, d ir et a o u
i n d i r et am en t e, co n t r i b u ír am p ar a sua g er ação . Desd e j á m e d escu l p o p or even t u ai s om i ssões.

Co m eç o m eu s ag r ad eci m en t o s p or m i n h a f am íl i a (d os m eu s pais, Ub i r aj ar a e Láz ar a, a m eus f ilhos,


Tai ná e Cau ê), q u e t em m e p r o p o r ci o n ad o d esd e os co n h eci m en t o s b ási cos - t écn i co s e não- t écn i co s
- at é o sup or t e n ecessár i o p ar a q u e t odas as m i n h as at i vi d ad es prof issionais sej am f act íveis.

Cab e ressalt ar a i m p or t ân ci a d o ap o i o d os col eg as acad êm i co s ligados à USP, c o m q u em p ar t i l h o da


con st an t e b usca p el o ap er f ei ço am en t o d o co n h eci m en t o e p el a t ransm issão d o m esm o. Mu i t o ap r end i
c o m m eu or i en t ad or d e m est r ad o e d o u t o r ad o (Pr of . Dr. Vah an Ag o p yan ), c o m m eu s or i en t an d os
{d est aco aq u i o Prof . José Car l o s Paliar i, q u e eu p od er i a consi d er ar u m co- aut or dest e livro, na m ed i d a
e m q u e t em os ap r en d i d o m u i t o sob r e est e t em a em t r ab al h os con j u n t os), c o m m eu s co l eg as d o
Dep ar t am en t o d e En g en h ar i a d e Co n st r u ção Ci vi l d a Escol a Po l i t écn i ca d a Un i ver si d ad e d e São
Pau l o (PCC- USP) e c o m os al u n o s dos cur sos d e pós- gr aduação, g r ad u ação e esp eci al i z ação . Cab e
ci t ar o ap o i o r eceb i d o t am b ém d e vár i os co l eg as p esq ui sad or es d e fora d a USP.

Em t er m os d e Inst i t ui ções, al ém d o PCC- USP, val e m en ci o n ar aq u el as q u e p ar t i ci p ar am at i vam en t e


d as p esq u i sas q u e t i vem o s a o p o r t u n i d ad e d e co o r d en ar . Dest aco o ap o i o r eceb i d o da Fi n an ci ad o r a
d e Est ud os e Pr oj et os d o Mi n i st ér i o d a Ci ên ci a e Tecn o l o g i a - FINEP, at r avés d o Pr ogr am a Hab i t ar e;
o m esm o d eve ser d i t o q u an t o : ao SEN A I No r d est e, ao I T QC, à Fap esp , ao Si n d u scon - SP, à Pr ef ei t u r a
M u n i c i p a l d e San t o A n d r é, d en t r e o u t r as. Q u a n t o às Un i v er si d ad es, ci t an d o ap en as as q u e
f o r m al m en t e p ar t i ci p ar am d e p r oj et os d e p esq ui sa co n j u n t o s, d ev em ser l em b r ad as, al ém d a sem p r e
p r esen t e UFSCar , as seguint es: UEFS, U EM A , U N I FO R, UFBA , UFC, UFES, U FG, U FM G, UFPB,
UFPI , U FRGS, U FRN , UFS, U FSM , e UPE.

U m agr adecim ent o especial d eve ser d ad o às em presas ligadas à Const rução, passando pelos fornecedores
d e m at eriais e com ponent es, m as p r incip alm ent e às construtoras, q ue, durant e toda a trajetória d e m eu
en vol vi m en t o co m o tem a dest e livro, foram cont ínuas fontes d e inf or m ação e d e idéias, dem onst rando
q u e este é um setor d a eco n o m i a q u e está en g aj ad o na busca pela m elhoria cont ínua.

Ao s co l eg as d o m er cad o da Co n st r u ção , o r eco n h eci m en t o d o m u i t o q u e ap r en d i n o co n vívi o c o m


os m esm o s e da i m p o r t ân ci a d e suas at i vi d ad es na g er ação d e u m p aís m el h or .

Por f im , gost aria d e d ed i car est e l i vr o à Tai n á e ao Cau ê, r az ões m ai o r es da m i n h a vi d a.


sumário

1. A const rução civil e as perdas de m at eriais 13


1.1. O uso d e materiais 13
1.2. A produção de resíduos 15
1.3. A ocorrência de desperdícios 17
Resumo 19
At ividades com plem ent ares 19

2 . Conceit uando as perdas de m at eriais 21


2.1. Visão do leigo 21
2.2. Visão do t écnico 21
Resumo 26
At ividades com plem ent ares 26

3 . Classif icação das perdas 29


3.1. Perdas segundo o tipo d e recurso consum ido 30
3.2. Perdas segundo a unidade para sua m edição 33
3.3. Perdas segundo a fase do em preendim ent o em que ocorrem 33
3.4. Perdas segundo o m om ento de incidência na produção 35
3.5. Perdas segundo sua natureza 36
3.6. Perdas segundo a forma de m anifestação 39
3.7. Perdas segundo sua causa 39
3.8. Perdas segundo sua origem 40
3.9. Perdas segundo seu cont role 42
Resumo 43
At ividades com plem ent ares 44

4 . Diagnóst ico das perdas de m at eriais na produção de edif ícios 45


4.1. Indicadores de perdas 45
4.1.1. Indicadores mensuradores 47
4.1.2. Indicadores ex plicadores 50
4.2. Estudos já realizados sobre o assunto 52
4.2.1. Cenário int ernacional 52
4.2.2. Cenário nacional 53
4.3. Indicadores de perdas de materiais para a const rução de edif ícios 56
4.3.1. Indicadores mensuradores 56
4.3.2. Indicadores ex plicadores 58
Resumo 60
At ividades com plem ent ares 61
sumário

5 . Consum o unit ário de m at eriais 63


5.1. O consum o unitário de materiais com o indicador para subsidiar a gestão dos m at eriais.... 63
5.2. Valores vigentes de consum os unitários de materiais 70
Resumo 70
At ividades com plem ent ares 71

6 . Calculando as perdas e os consum os unit ários vigent es no cant eiro de obras 73


6.1. Det erm inação dos indicadores relativos a um cert o período d e estudo 74
6.1.1. Quant if icação das perdas/ consumos (indicadores mensuradores) 74
6.1.1.1. Indicadores mensuradores globais 74
6.1.1.2. Indicadores mensuradores parciais 80
6.1.2. Condições de ocorrência das perdas/ consumos (indicadores ex plicadores) 81
6.1.2.1. Indicadores de natureza percent ual 81
6.1.2.2. Indicadores quantitativos 83
6.1.2.3. Fatores indutores 83
6.1.2.4. Indicadores caract erizadores 85
6.2. Def inição do período de estudo 86
Resumo 89
At ividades com plem ent ares 90

7 . Previsão do consum o de m at eriais para as obras 91


7.1. Visão analít ica das perdas e consum os 91
7.2. Conceit uando o m odelo para previsão do consum o unit ário 94
7.2.1. Apresent ação geral do m odelo 94
7.2.2. Contex to da previsão 102
7.3. Modelos de previsão dos consum os e perdas d e materiais 106
7.3.1. Mod el o de previsão t radicional 106
7.3.2. Mod el o de previsão inovador 107
7.3.3. Mod el o de previsão analít ico 107
Resumo 114
At ividades com plem ent ares 116

8 . A m elhoria cont ínua na produção e a inserção da discussão do consum o


de m at eriais na vida do em preendim ent o 117
8.1. A gestão do consum o de materiais com o instrumento para a cont ínua
m elhoria do processo de produção 117
8.2. O consum o de materiais e as diversas etapas de um em preendim ent o 122
Resumo 124
At ividades com plem ent ares 125

Ref erências e bibliografia com plem ent ar 127


A CONSTRUÇÃO CIVIL E AS PERDAS
DE MATERIAIS 1
A Indústria da Const r ução Ci vi l ocup a um a p osi ção d e gr ande dest aque na eco n o m i a nacional, haj a
vista a signif icant e p ar cela d o Produt o Int erno Brut o d o país pela q ual é responsável (estudos m ost ram
q u e o Const rubusiness - a cad ei a produt iva em q u e se insere a Con st r u ção - r esponde por valor es
superiores a 1 5 % do PIB n aci on al ) e o cont ingent e d e pessoas que, diret a o u indiret am ent e, em prega
(tala- se em o cu p ar d ir et am ent e por volt a d e 4 m i l h ões d e pessoas e em gerar ap r ox i m ad am en t e 3
em pr egos indiret os para cad a diret o). Port ant o, se, por um lado, a Con st r u ção inf luencia a vida d o país,
por out ro, é t am b ém bast ant e inf luenciad a pelas d ecisões relat ivas à gestão do m esm o (Figura 1.1).

Figura 1.1. Construindo o país.

1.1. O U SO DE M A T ERIA IS

Qu an t o à dem anda por materiais, a Const rução Ci vi l |x> ssui uma im portância t am bém expressiva quando
com parada às dem ais indústrias. Para fins d e dem onst ração d e tal afirmativa, a Figura 1.2 ilustra um edif ício
convencional, sob um a abordagem analít ica, descrevendo os principais produtos q ue o constituem e os
materiais necessários para a produção d e cada uma destas partes. Assim é q ue um edif ício [x x le dem andar,
para sua const rução, grandes quant idades de: cim ent o, britas, areia (para produção do concret o); aço (para
a produção das arm aduras); chapas d e com pensado, m adeira serrada, com|x> nentes m et álicos (para a con-
f ecção rias fôrmas); blocos p tijolos, argamassa (para a conf ecção das alvenarias); dentro outros

A o se f azer um b al an ço a respeito da q u an t i d ad e total d e m at eriais necessária para a p r od ução d e 1


m et ro q u ad r ad o d e ed i f íci o (Figura 1.3), não é d i f íci l superar- se a cifra d e 1.000 kg; em out ras palavras,
pode- se dizer, grosseiram ent e, q u e em 1 m et ro q u ad r ad o d e const r ução tem- se alg o próx im o a 1 tone-
lada d e m at eriais.

Sem pr e m e vem à m ent e, q uand o se está analisando a posição relat iva da Const r ução Ci vi l no cenár io
nacional, a com p ar ação co m a Indústria Aut om obilíst ica. Tendo cm vista q u e se est im ou, grosseiramente,
uma dem anda d e 1 t onelada por m et ro quadrado, poderia ficar a im pressão d e se estar falando d e quan-
t idades sim ilares d e m at eriais consum idos pelas 2 indústrias supracit adas (na m edida em que 1 veícu l o
pesaria, em m éd ia, o m esm o q ue a unid ad e d e área de const rução). No ent ant o, a q uant id ace d e metros
quadrados equivalent es produzidos pela Indústria da Const r ução (Figura 1.4) é bastante superior ao nú-
Estrutura cie
concreto armado

+
Concreto areia
+
+
. brita
Ed i f íci o
co n ven ci o n al
Armadura barras de aço
+
chapas de
compensado

fôrmas madeira serrada


+
componentes
metálicos
Alvenaria

Revestimentos
C i m e n t o ^ ^ + c a l ^ ^ p + areia^
de argamassa

Placas cerâmicas
+

Revestimentos Argamassa de
cerâmicos assentamento
+
Rejunte

Pintura Massas + Tintas I

Tubos
Sist em as h i d r áu l i co s +
Conexões g)

Eletrodutos
+
Sistemas elétricos Conexões
+
etc.
fios

Figura 1.2. Mat eriais o componentes usualmente


utilizados na construção de edifícios.
m ero de veícul os novos disponibilizados a cad a ano (alguns espe-
cialist as f alam em uma r elação ent re 100 e 2 0 0 para 1), d e m aneira
q u e apenas 1 % da Const r ução Ci vi l já bastaria para eqüivaler, em
co n su m o d e m at eriais, à Indústria Aut om obilíst ica. Edifício com rmleca
1.000 m2 í)
1.2. A PRO D U Ç Ã O DE RESÍ D UO S CD

Al ém da ex p r essi vi d ad e do co n su m o d e m at eriais, a Co n st r u ção


é t ida, t am b ém , co m o um a g r an d e geradora d e resíduos. A Fot o
l . l ilustra um a cen a bast ant e co m u m , nos cent r os ur b anos atu- CD
ais, q u al sej a, a d e ter- se, const ant em ent e, caçam b as para a reti-
rada d e en t u l h o est aci o n ad as em vár i as q u ad r as q u e co m p õ em 1.000 kg
u m a d et er m i n ad a part e da ci d ad e. Ob ser ve- se q u e t ais caçam -
bas não ap ar ecem som ent e o n d e se t em con st r u ções novas, gran-
des, sob r esp on sab i l i d ad e d e grandes const rut oras. Ex ist e um a
f r ação d o m er cad o d e co n st r u ção , m u i t as vez es d en o m i n ad a
m er cad o inf or m al, ab r an g en d o con st r u ções novas, m as t am b ém
as ref orm as (d esd e as signif icat ivas at é aq u el as d e p eq u en o por-
te), q u e, em b or a d o t ipo "f o r m i g u i n h as" q u an d o se ol h a cad a
um a das int er venções, é ex t r em am ent e sig nif icat iva em conj un- Figura 1.3. Estimando <i massa do edifícios.
to (m ai or q u e a co n st r u ção dit a f or m al).

a) Comparação de 1 m 2 de construção com 1 veículo

b) Comparação de produção anual da Indústria


da Construção Civil e da Indústria Automobilística

Figura 1.4. Comparação das quantidades de materiais consumidos |>ela Construção Civil o |X?la Indústria Automobi íslica:
a) 1 nv' de construção e 1 automóvel; b) produção anual das indústrias.
Foto 1.1. A presença <k* caçam bas d e entulho em áreas já edificadas.

Embora a geração d e ent ulho seja m aior na const rução inform al q ue na formal, não se d eve usar este fato
co m o desculpa para não se preocupar co m tal aspecto. A Const rução Civil form al (e, portanto, os t écnicos
q ue nela se inserem) tem a obrigação d e com bat er a geração d e resíduos, tanto do |> onto de vista da m elhoria
da ef iciência dos processos sobre os quais tem poder de decisão, quant o no q ue se refere a, adotando tal
postura, ser capaz d e influenciar a forma d e at uação do próprio m ercado inform al (ver Depoim ent o 1.1).

Depoimento 1.1. Ex periência no combate à geração de resíduos na cidade de Santo André- SP.

A Prefeitura Municipal de Santo André, através do Núcleo de Inovações em Políticas Públicas - NIPP,
solicitou ao Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (PCC- USP) um apoio para se tentar combater a geração de resíduos pela Indústria da Constru-
ção, já que ex istia uma grande dificuldade, na região, de se encontrar áreas adequadas para a deposição
de tais resíduos, na medida em que a mesma é cercada por áreas de proteção ambiental e as poucas
áreas adequadas para receber entulho estariam se esgotando, demandando, cada vez mais, um transpor-
te maior do mesmo. O diagnóstico da própria Prefeitura indicava que os maiores problemas (tanto em
lermos de quantidade gerada quanto de destinação dos resíduos) diziam respeito à Construção informal;
havia vários casos de deposição ilegal, utilizando- se de áreas públicas (por vezes córregos ou vias
públicas, conforme mostrado na Foto 1.2) para jogar o material, criando grandes problemas sociais e
ônus para o Poder Público.

Foto 1.2. Deposição indevida de entulho: a) obstruindo córregos; b) ocupando indevidamente vias e passeios públicos.
No âmbito de um conjunto de ações definidas para atuar- se nesta questão, aquela que ganhou mais
destaque (e se imaginou ser, a médio e longo prazo, a mais eficaz) foi a de reunir um grupo cie constru-
toras atuantes na região e implementar, nas mesmas, um programa de aumento na eficiência c!o uso dos
materiais. A sensibilização do operário da Construção formal acaba tendo reflex os no da Construção
informal, seja porque este, numa fase de sua vida, passa pela Construção formal, ou porque, indireta-
mente, acaba sendo influenciado pelos colegas atuantes em construtoras.

1 .3 . A O C O RRÊN C I A DE D ESPERD Í C I O S

Em f ace d o t u d o o q u e foi d it o, é f áci l en t en d er p or q u e, t oda vez q u e se d i scu t e d esen vo l vi m en t o


sust ent ável , a Co n st r u ção é co l o cad a em d est aq u e; t oda vez q u e se f ala em d esp er d íci o d e m at er iais,
n o vam en t e nossa Indúst ria é ci t ad a. Enf im , a Co n st r u ção Ci vi l se r evest e d e u m a i m p or t ân ci a t ão g r an d e
q u an t o ao uso d e m at er i ai s q u e é b ast ant e co b r ad a (e n ão d ever i a ser d if er ent e) q u an t o à b u sca d e
ef i ci ên ci as cad a vez m ai o r es no seu uso.

A i m p o r t ân ci a d o assunt o t em at r aíd o leigos e p r of issionais d e vár i as ár eas (engenheir os, arquit et os,
ecol og i st as, eco n o m i st as et c.) p ar a o seu d eb at e. E, at é c o m o u m a d eco r r ên ci a nat ur al d o s vár i o s inte-
resses en vo l vi d o s e d as d if er ent es l i ng uag ens usad as p or est e co n t i n g en t e d ist int o d e pessoas, a aval i ação
d o co n su m o d e m at er i ai s na Co n st r u ção t em sid o m o t i vo d e m u i t as con t r ovér si as.

Há alguns anos surgiu um a frase, várias vezes repet ida, tanto zyxwvutsrqponmljihgfedcbaZXVUTSRQPONMLJIGFEDCBA
|X)r |x?ssoas leigas quant o jx jr profissionais cia área,
q u e atribuiria a esta Indústria um suposto el evad o desperdício d e m at eriais (Figura 1.5). Diversas ex p licações
têm sido d ad as para se ent ender d e o n d e e por q u e surgiu tal frase que, para este autor pessoalmente, sem pre
toi m ot ivo d e p r eocup ação: enquant o profissional da área, é m eu dever buscar a m elhoria da Const rução; e,
enquant o | )esquisador (e pesquisador q u e lida co m indicadores), m e interessaria ent ender esta falta (ou não) d e
ef iciência, a f i m d e (x x ler p r oj x x ações para sua event ual m elhoria. Sem
discutir, neste m om ent o (o livro tratará d e m ét odos m ais objet ivos para
isto), a ver acid ad e ou não d o núm ero indicado, sem pre m e surpreendeu
o fato de, ao quest ionar um a pessoa q u e m e falava d o su |X)sto desperdí-
ci o d e 3 3 % ("j ogar um prédio fora a cad a 3 const ruídos"), eu não
conseguir resposta con vi n cen t e da m esm a quant o a se estar f alando
em |x> rcentagem "em m assa", ou " em vol u m e", ou "em R$ '
m alm ent e vi n h a um a co l o cação d o tipo: "n ão ent endi b em sua ques-
tão, m as a |x?rda é d e um t erço". E o leitor há d e con vi r co m a
m inha crít ica a tal res|x> sta, já q u e é evid ent e q u e um terço do
vo l u m e d e areia | x x le não significar necessariam ent e um t erço
dos reais gastos para se fazer um revest im ent o d e argam assa.
Mas, enf im , o im port ant e deste com ent ário é con cl u i r q u e os
indicadores são bons q uand o se sabe o que ex at am ent e signi-
f icam (caso cont rário podem induzir a conclusões errôneas).

Ai n d a d ent r o d o cen ár i o das cont r ovér si as, ê int eressant e


cit ar um a d i f i cu l d ad e q u e sem p r e passo ao d ar um a entre-
vist a a um repórt er n ão esp eci al i z ad o em con st r u ção. N ão é
m uit o f ácil ex p l i car a tal prof issional o fato d e q u e perdas
são car act er íst icas d e q u al q u er p r ocesso d e p r o d u ção e d e
q u e cab e aos prof issionais d a ár ea ent end er as p er d as vigen-
tes (t ant o em t erm os q uant it at ivos q uant o d e suas causas) para
subsidiar suas d eci sões sob r e co m o at uar d al i para a f rent e. A
Figura 1.5 ilust ra, hi p ot et i cam ent e, a con f u são q u e se p o d e
criar, q u an t o à i n f or m ação t ransm it ida, q u an d o , por razões FÍ Ru r a t 5 Co n t r o v ^ r si (1 s ,

d e eco n o m i a d e t em p o d e ap r esen t ação d e u m a m at ér i a . .


' l i . / . . na avaliaçao d o
j or nalíst ica, se om .t e p ar t e d os d ad os f or necid os. desperdício na Construção.
Ap ó s est as co l o caçõ es cr ít i cas quant o a
inf or m ações d e algum a m aneira deficien-
tes, cab e cit ar q u e, inf eliz m ent e, as per-
d as f ísicas na Co n st r u ção ai n d a são ele-
vad as (co m o se m ost rará ao longo dest e
livr o) e car ecem d e co m b at e. Tem- se u m
p anor am a at ual o n d e co n vi vem sit uações
r aci o n ai s c o m post uras i n co n ven i en t es
q u an t o à ef i ci ên ci a no uso dos m at eriais,
co n f o r m e se p o d e ver n as Fot os 1.3.
Ol h an d o- se sob um asp ect o posit ivo, a
m elhor ia da ef i ci ênci a no uso dos mate-
riais p od e ser u m cam i n h o ex trem am en-
te saud ável para a m elhoria da ef iciência
da em presa, p o d en d o cont ribui', e mui-
ENTREVISTA COM PLET A
to, para a com p et it ivid ad e da mesma. Mai s
A perda em massa na const rução dest e ed if ício,
no q ue se refere aos revest im ent os int ernos d e argam assa, é d e 5 0 %. q u e isto, em f ace da im port ância j á cita-
da da Indúst ria da Con st r u ção no q u e se
ref ere aos asp ect os am b i en t ai s, as me-
TEXTO RESUM I D O D I V U L GA D O lhorias conseguidas, por m enores q u e se-
A perda em massa na const r ução dest e ed if ício,
j am , geram ef eit os sensíveis em termos d o
no q u e se refere aos revest im ent os internos de argam assa, e d e 5 0 %.
am b i en t e co m o u m t od o.
Figura 1.6. Ruídos na com unicação.

Quant o aos com ponentes para alvenaria

Estoque muito m al resolvido de


blocos de concreto, em ladeira
contígua à obra de alvenaria
estrutural

Reflex os da falta de programação e racionalização d o


Movim ent ação de blocos cerâm icos
cort e de placas cerâm icas
por m eio d e páletes e fazendo- se
uso de gruas para levar os
componentes diretamente ao seu Estoque adequado <lo "pacot e" <le materiais a serem
local de uso utilizados por uma frente de trabalho de assentamento
de placas cerâm icas
Fotos 1.3. Exemplos de diferentes níveis de racionalização na construção: a) blocos para alvenaria; b) placas cerâmicas para
revestim ento.
RESU M O

• A Con st r u ção Ci vi l é um a das m ais im port ant es indúst rias d o país, r espondendo por 1 5 % d o PIB
e ger ando, diret a o u indiret am ent e, por volt a d e 15 m ilhões d e em pr egos no Brasil.

• A q u an t i d ad e d e m at eriais con su m i d os pela Con st r u ção gira em t orno d e 1.000 kg por m et ro


q uad r ad o const r uído; port ant o, uma casa d e 100 m et ros q uad r ad os d e área const ruída dem an-
da 100 t onelad as d e m at eriais.

• Com p ar at i vam en t e a out ras indúst rias, a Con st r u ção usa m uit o m ais m at erial ao longo d e um
ano d e at ivid ad es (por volt a d e 100 a 2 0 0 vezes m ais q u e a Indúst ria Aut om obilíst ica); port ant o,
q ual q uer ação vi sand o à m aior ef i ci ên ci a no uso dos m at eriais d e const r ução p od e ter reflex os
r elevant es q uant o ao d esen vol vi m en t o sust ent ável do país.

• A Const r ução é um a gr ande geradora d e resíduos. Em bora a Const r ução inf orm al seja a m aior
produt ora d e en t u l h o, a busca da m el h or i a num a em p r esa f or m al, al em d e ser i m p or t ant e
quant o aos reflex os posit ivos para a própria em presa, p od e i ncent i var o m ercado inf orm al a
at uar d e m aneir a m ais r acional.

• As inf or m ações sobre o co n su m o o u p er d as o u d esp er d ício d e m at eriais d evem ser f undam en-
tadas em p r oced im ent os co n h eci d o s, d e l evant am ent o e processam ent o d e dados, para serem
út eis para a t om ada d e decisões.

• Em bora a frase i n d i can d o q u e "se joga fora 1 pr édio a cad a 3 const r uíd os" car eça de consistên-
ci a, a Const r ução Ci vi l precisa m elhor ar sua ef i ci ênci a em ut ilizar os m at eriais.

A T I VI D A D ES CO M PLEM EN T A RES

Na m ed id a em q ue dif erent es em presas, e dif erent es obras d e um a m esm a em presa, podem apresent ar
sit uações bast ant e diver sas quant o à ef i ci ên ci a no uso dos m at eriais, é interessante, ant es d e se im aginar
t om ar q uaisq uer d ecisões sobre em q u e pont o at uar: entender- se as razões q ue p od em levar ou não tal
em presa a im p lem ent ar algum a m o d i f i cação no processo vigent e; r anq uear os possíveis f ocos d e ação
segundo a urgência relat iva em serem discut idos; e p er ceb er q uais são as pessoas o u áreas da em presa
q u e p od em cont r ibuir o u ser inf luenciad as p el o tem a em discussão. Co m isto, pode- se program ar me-
lhor um a at uação em prol da r ed ução d e con su m os desnecessários d e m at eriais, ao se def inirem os
obj et ivos pret endidos, os obj et os da ação e a eq u i p e q u e poderá cont r ib uir nesta at u ação. A Tabela 1.1
serve co m o sugestão para se responder, port ant o, às quest ões: q uais as razões q u e levar iam sua em presa
a at uar na r ed ução do co n su m o desnecessário d e m at eriais? Em q u ai s serviços/ m at eriais sua em presa
d ever ia p r ior it ar iam ent e at uar? Qu ai s as j ust if icat ivas para tal d ef i n i ção? Qu al a eq u i p e que poderia
cont r ib uir o u ser inf luenciad a pelas event uai s d ecisões q u e serão t om adas?
Tabela 1.1
Organização preliminar da atuação para redução de consumos desnecessários de materiais na construção

Razões para estudar o consumo de materiais

Razão Im port ância

Possíveis objetos de estudo e priorização relativa

Ser vi ço Mat er i al / Com ent ário Ranqueamento

Com ponente

Envolvidos no estudo

Área/ Dept o. Just ificat iva do Envolvim ent o Pessoa/ Representante


CONCEITUANDO AS PERDAS
DE MATERIAIS 2
Tendo em vista que, neste livro, se tem por obj et ivo cont ribuir para a m elhoria da gestão d o uso dos
m ateriais, uma das pr incipais p r eocup ações diz respeito a m inim izar event uais inef íciências quant o ao seu
consum o, nor m alm ent e cit adas co m o perdas d e m ateriais. Co m o propósit o d e el i m i nar quaisquer con-
trovérsias d e linguagem , co m o as cit adas no cap ít ulo 1, e na m edida em q ue se estará buscando a r ed ução
das perdas d e m at eriais, cab e um cu i d ad o quant o à clara d ef inição do q ue se ent enderá por perdas.

2 .1 . V I SÃ O D O LEI GO

Inicialm ent e, para se ter m ais clareza quant o ao ent endim ent o geral do termo perdas (Figura 2.1), o aux ílio
d e um dicionário 1 nos mostra a associação do t erm o perdas co m "p r i vação d e uma coisa que possuía",
"d an o ", "p r ej uíz o", "m au êx it o", "desgraça" e, at é m esm o, "m or t e". Nota- se um a clara ligação do termo
perdas a coisas ruins, desagradáveis, q ue deix ariam qualquer um triste. Portanto, entende- se perfeitamente a
preocupação q ue o uso da palavra |)erda de m ateriais causa aos profissionais da Const rução.

Figura 2.1. A necessidade de entendimento da palavra perdas.

Da associação da palavra perda com o verbo "perder", surge a discussão relativa à necessidade dc julgam ento
(e, portanto, de juiz e de critério) para definir quem perdeu (e quem ganhou), o que sugere um certo caráter
|)essoal para a def inição de |x?rdas, que (x x leria ser diferente no caso d e se utilizarem critérios diferentes.

2 .2 . V I SÃ O D O T ÉCN I CO

Na m edida em q u e as decisões t écnicas d evem ser respaldadas por análises precisas, cab e aq u i um a
d ef i n i ção obj et iva para a palavra perdas, q u e seja útil ao est udo dos m at eriais. Assum e- se que:

A PERDA DE MATERIAL O CO RRE T OD A VEZ Q U E SE UT ILIZA U M A Q UA N T I D A D E, D O M ESM O ,


M A I O R Q U E A NECESSÁ RIA .

' Utilizou- se o Michaclis Moderno Dicionário di Língua Port uguesa.


Em bora m ais ob j et i va, e el i m i n an d o a associ ação co m um sent im ent o pessoal sugerido pelas def inições
d e d i ci on ár i o, t al d ef i n i ção ai n d a deix a d úvi d as co m r el ação à ref erência (Figura 2.2) a part ir da q ual se
teria a ocor r ên ci a d e perdas: q ual seria a q u an t i d ad e necessária?

Vo c ê P R E C I S A
pe r de r pes o par a c hega r

Figura 2.2. Dif iculdades em se definir .1 referência d e perda nula.

Há, port ant o, q u e se est ab elecer uma ref erência f orm al para b al i z ar a d ef i n i ção de perdas. Dif erent es
ref erenciais são possíveis (e t êm b al i z ad o dif erent es discussões sobre perdas d e m at eriais na const rução).
Indicam - se, a seguir, alg um as possibilidades para tais ref erenciais, t ecendo- se alguns com ent ár ios sobre
cad a um deles:

• Nú m er o s m éd i os d o Set or

Caso existissem (e fossem confiáveis), poderiam com por uma referência interessante, d o |x> nto de vista da
avaliação (la com pet ência relativa, isto é, serviriam com o balizadores da verif icação da posição da empresa
p er ant e os dem ais construtores. Infelizm ente o m er cad o car ece ainda de tais inform ações. Mai s q ue isto,
trabalhar co m a m édia d o m ercado p od e não ser a m elhor escolha cio pont o d e vista d e "benchm arking"- '.

• Nú m er o s m íni m os d o Set or

Novam ent e depara- se co m a dif iculdade advinda da escassez d e inform ações disponíveis quant o à eficiên-
cia da produção ci vi l ; caso existissem tais números, eles representariam um desafio interessante, já q ue a
redução da perda significaria a aprox im ação do líder d o m ercado em termos de ef iciência no uso do insumo.

• No r m as t écnicas

As norm as, d e um m odo geral, cost um am prescrever os lim ites m áx im os e m ínim os q u e assegurem quali-
d ad e e desem penho aos produtos gerados. Por ex em p lo, poder- se- ia def inir perda co m o a quant idade q ue

OzyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZVUTSRQPONMLKJIHFEDCA
benchm arking diz respeito ã busca do melhoria de desem penho através da detecção e adoção das melhores práticas.

22 Co m o reduzir perdas nos cant eir os


ultrapassasse aquela referente à espessura m ínim a d e revestim ent o prescrita em uma norm a. Embora seja
t ot alm ent e coerent e a idéia d e q ue não se deva usar m enos m at erial do q ue o valor m ínim o norm alizado
(para não se correr o risco d e levar o desem penho a níveis inferiores aos m ínim os aceit áveis), os valores
prescritos por norm a p od em ser rigorosos dem ais, em alguns casos, para balizar o pat am ar d e perda zero.
Dent ro do m esm o ex em plo cit ado, p od em ex istir casos em q ue o projetista assum e a necessidade d e um a
espessura d e revest im ent o superior à m ínim a prescrita por norm a, pois quer ter m elhor desem penho q ue
aq u el e garant ido pela sim ples ob ed iência à prescrição m ínim a da m esm a.

• Met as da em presa

Ter- se m et as da em presa co m o ref erência é, a p r i n cíp i o, bast ant e r azoável, pois, baix ando- se a perda a
zero, ter- se- ia al can çad o um ob j et ivo pré- def inido. O pr oblem a d e tal postura é o risco d e se d ef inir em
m et as aq u ém o u al ém d e u m valor r az oável. Mai s q u e isto, na m ed id a em q u e as m et as podem var i ar d e
um a sit uação o u m om ent o para out ro, f icaria d if ícil com p ar ar as perdas m ed i d as para duas sit uações
dif erent es. Ficaria aind a d if ícil com parar- se uma em presa co m out ra, já q u e o valor da perda estaria
associ ad o à m eta est ab elecid a, q u e poderia ser m ais ou m enos aud aciosa em dif erent es em presas.

• Ind icad or es d e or çam en t o

O uso dos i nd i cad or es d e or çam ent o p o d e trazer o m esm o pr oblem a q u e o uso d e m et as da em presa,
em t erm os d e serem sub o u super dim ensionados, f azendo co m q u e os val or es d e perdas sejam questio-
nados q uant o a t erem nasci d o d e um b om ou m au d esem p enho ou d e um b om ou m au or çam ent o.
Mai s q u e isto, é usual, nos or çam ent os, adot arem - se i nd i cad or es d e co n su m o d e m at eriais em b ut ind o
perdas esperadas, o q u e dif icult ar ia o real ent end im ent o da perda cal cu l ad a t endo tal ind icad or co m o
r ef er ênci a.

Em f ace das d if iculd ad es associad as aos ref erenciais cit ados, est e aut or r ecom end a a seguinte postura
para d ef i n i ção da q uant id ad e d e m at eriais consid er ad a d e perda nula:

PERD A É T OD A Q UA N T I D A D E DE MATERIAL C O N SU M I D A A LÉM DA Q UA N T I D A D E T EORICA M EN T E


NECESSÁRIA, Q U E É A Q UELA IN D ICA D A N O PROJET O E SEUS M EM O RI A I S, O U D EM AIS PRESCRI-
ÇÕ ES D O EXECUT OR, PARA O PRO D U T O SEN D O EXECUT A D O.

Tal d ef i n i ção d elim it a a discussão das perdas ao âm b it o da p r od ução, isto é, uma vez d ef i n i co o projet o,
est e seria a ref erência a ser buscada no processo d e p r od u ção e, port ant o, haveria perda caso as at ivida-
des d e p r o d u ção levassem a um a necessidade d e m at eriais superior àq uela cal cu l ad a com base nas
pr escr ições d o projet o.

A q u an t i d ad e d e m at eriais t eor icam ent e necessária p od e ser descrit a at ravés da ex pressão:

Q M T = Q S x Q M / Q S x Q M S/ Q M

o n d e:
Q M T = q u an t i d ad e d e m at erial t eor icam ent e necessária,
Q S = q u an t i d ad e d e saídas (ou serviços) ex ecut ad a,
Q M = q u an t i d ad e d e m at erial (ú n i co o u com p ost o) d em an d ad a,
Q M S = q u an t i d ad e d e m at er ial sim ples d em an d ad a.

Co l o can d o a ex pressão cit ad a em p alavr as, a q u an t i d ad e t eor i cam en t e necessária seria est im ad a, a
part ir dos proj et os e d em ai s esp eci f i cações, det erm inando- se, i ni ci al m ent e, a q u an t i d ad e de produt os
q u e serão gerados p elo ser vi ço em est udo (por ex em p lo, a q u an t i d ad e d e revest im ent o d e argamassa a
ser p r od uz id a); a part ir d aí, se buscaria saber quant o d e argam assa (no caso, por ex em p lo, m at erial
com p ost o a partir d e aglom er ant es e ar eia) seria necessário, m ult iplicando- se a QS, já con h eci d a no
passo ant erior, p elo co n su m o d e argam assa p or uni d ad e d e ár ea revest ida (QM/ QS). O passo f inal seria
o d e se est im ar em as quant idades dos m at eriais sim ples q u e ent r am na co m p o si ção d o m at erial com -
post o; para t ant o, seria necessário co n h ecer q uant o d e cad a um destes insum os é necessário por unida-
d e d e m at erial com p ost o (QM S/ QM ).

A u t i l i z ação da ex pressão supracit ada d em and a alg um as d ef inições ad i ci on ai s. Qu an t o à QS, deve- se


at ent ar para o fato d e q ue, na m edida em q u e se busca o t eor icam ent e necessário, tem- se d e ut ilizar a
q u an t i d ad e líq uid a d e ser vi ço, pois não há j ust if icat ivas para a ad o ção d e núm eros m éd ios o u de núme-
ros eq uivalent es para a m ensur ação do produt o a ser r ealizado. Por ex em p l o (Figura 2.3), há q u e se
descont ar os vãos das par edes q u an d o da est im at iva da q u an t i d ad e d e al ven ar i a o u d e revest im ent o d e
argam assa a ex ecut ar; há d e se ex t rair o vo l u m e d e ar m ad ur a e de elet rodut os, da estrutura d e concr et o
ar m ad o, para se saber o vo l u m e d e con cr et ag em a ser ef et ivad o; dent re out ros.

Figura 2.3. Quant idade líquida de serviço: a) descontar a área dos vãos da alvenaria; I») ex cluir os volum es de
armadura e eletrodutos da estrutura.

No q ue se refere à QM/ QS, tal valor d eve ser o estritamente prescrito no projeto, não devendo agregar perdas
esperadas. Por ex em plo, ao prescrever- se um contrapiso de 3 centímetros de esjx*ssura, ter- se- á uma demanda
teórica de 30 litros (conforme cálculos mostrados na Figura 2.4) de argamassa com pact ada por metro quadrado
d e cont rapiso. Não se deve, aq ui, considerar que, provavelm ent e, por erros na produção, ter- se- á um a
sobrespessura do contrapiso que levaria a um volum e d e argamassa |X)r metro quadrado maior; tal lato | x x le
existir, mas será quantificado na det erm inação das perdas e não na quantidade teoricam ente necessária.

QM = Volume de contrapiso = x e ( m ) _ 1 m 2 x 0,03 m = 0,03 m* _ 30 I


QS Área de contrapiso 1 m2 m2 m2

Figura 2.4. Cálculo de QM/ QS para contrapiso prescrito com espessura de 3cm.

Qu an d o se t em um m at erial com p ost o, p o d e ser necessário avaliar- se a q u an t i d ad e d e cad a um dos


m at er iais si m p l es q u e o const it uem e, nest e caso, t am b ém é f und am ent al ter- se a esp eci f i cação d e
proj et o co m o ref erência para o cál cu l o da Q M S/ Q M .

Assim é q ue, p or ex em p l o , para o caso d a argam assa usada no r evest im ent o d e par edes, supondo- se
ter usad o argam assa ind ust r ializ ad a en sacad a (que, m ist urada à água, gera a argam assa d em an d ad a),
para se est im ar a q u an t i d ad e d e k g d e argam assa seca necessária dever- se- ia m u l t i p l i car o vo l u m e d e
argam assa t ot al p el o peso d e argam assa seca d em an d ad o por u n i d ad e d e vo l u m e d e argam assa apli-
cad a (QM S/ QM ).
Port ant o, neste caso, considerando- se q u e o f abricant e i nd i ca um valor d e 1.600 kg d e argamassa seca
por m et ro cú b i co d e argam assa ap l i cad a (QM S/ QM ), bastaria m ult ip licar tal val or pela quant idade d e
argam assa por m et ro q uad r ad o d e revest im ent o (QM / QS) e, f inalm ent e, m ul t i p l i car o val o r ob t id o p elo
núm er o total d e m et ros q uad r ad os d e revest im ent o a ap l i car (QS), co n f o r m e ilust rado no Qu ad r o 2.1,
para se chegar à q u an t i d ad e d e argam assa indust rializada t eor icam ent e necessária (QM T).

Qu ad r o 2.1. Ilust ração do cál cu l o d e Q M T para revest im ent o d e parede co m argamassa indust rializada.

Revestimento ^ ^ ^ argamassa
de argamassa industrializada

QS = >
A medição da área líquida a revestir levou a 1.000 m 2

QM/ QS = ?
A espessura do revestimento, especificada no projeto como 1,5 cm,
leva a 15 litros de argamassa por m- de revestimento

QMS/ QM = ?
Sabe- se que a argamassa seca industrializada é demandada
na razão de 1,6 kg por litro de argamassa no revestimento

QMTN = >
QMTN = QS x Q M x QMS
QS QM

= 1.000 x 15 1 x 1.6 kg
m-' I

= 24.000 kg de argamassa industrializada

Assim , um a cl ar a d ef i n i ção d o q u e seja a q u an t i d ad e t eor icam ent e necessária d e m at eriais é fundam en-
tal para a est im at iva da perda, dent ro do co n cei t o d e q u e esta seria toda a q u an t i d ad e d e m at erial aci m a
da necessária.

Ap en as para co n cl u i r as d ef i n i ções dest e cap ít u l o, cab e salient ar que, m uit as vezes, se ex pressa a perda
em t erm os percent uais. Nest e caso, seria ap l i cável a seguint e ex pressão:
o n d e:

IP ( %) = i n d i cad or d e per das ex presso p er cent ualm ent e,


Q M R = q u an t i d ad e d e m at erial r ealm ent e necessária,
Q M T = q u an t i d ad e d e m at erial t eor icam ent e necessária.

Note- se q u e se está d et er m inand o o p er cent ual d e perdas em r el ação ao t eor icam ent e necessário, no
sent ido d e tal val or ex pressar o af ast am ent o co m r el ação ao q u e foi prescrit o. Cab e aind a indicar q ue,
m uit as vezes, ao longo dest e livro, em b or a se esteja f aland o da perda per cent ual, vai- se om it ir o adjeti-
vo f inal e citar- se ap enas o t erm o per da.

RESU M O

• Def iniu- se perda d e um cer t o m at erial co m o send o a q u an t i d ad e dest e m at erial ut ilizada a m ais
q u e a q u an t i d ad e necessária.

• Diver sos cam i n h o s p od er i am ser adot ados para se def inir a ref erência d e perda zero: núm eros
m éd ios d o setor; núm eros m ínim os do setor; m et as da em pr esa; norm as t écnicas; i nci cad or es
d e or çam ent o.

• Adot ou- se a q uant id ad e d e m at erial prescrit a p elo proj et o, e d em ai s esp eci f i cações relat ivas ao
produt o, co m o ref erência para a q u an t i d ad e necessária. Tal q u an t i d ad e foi ch am ad a de quanti-
d ad e d e m at er ial t eor icam ent e necessária (QM T ) e é a ref erência adot ada para perda nula.

• A Q M T p od e ser ex pressa, d e um a m aneir a anal ít i ca, co m o Q S x QM / QS x Q M S/ Q M , onde: Q S


= q u an t i d ad e líq uid a d e saída o u ser vi ço ex ecu t ad o; QM / QS = q u an t i d ad e d e m at erial por
u n i d ad e d e ser vi ço; e Q M S/ Q M = q u an t i d ad e d e m at er ial si m p l es por u n i d ad e d e m at er ial
com p ost o.

• A perda d e um m at erial é, m uit as vez es, ex pressa p er cent ualm ent e, r el aci on an d o a q uant id ad e
d e m at er ial r eal m en t e necessária ( Q M R) à q u an t i d ad e d e m at er ial t eor i cam en t e necessária,
at ravés d e:

A T I VI D A D ES CO M PLEM EN T A RES

Co m base em um proj et o d e obra a ser const ruída e para os 3 p r incip ais m at eriais/ serviços sobre cu j as
per das se pr et ende atuar, pede- se:

a) descr eva o produt o a ser gerado, p el o ser vi ço em est udo, d e um a m aneira anal ít i ca, cheg and o
at é o nível dos m at eriais sim ples;
b) d et er m ine os ind icad or eszyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZVUTSRQPONMLKJIHFEDCA
QM/ QS e Q M S/ Q M ;
c) est im e Q S;
d) d et er m ine QM T ;
e) discut a co m o ut ilizar o i nd i cad or d e perdas (e suas diversas p ad r oni z ações d e cál cu l o ) def inido,
nas vár i as out ras at i vi d ad es r elat ivas à gest ão da em presa/ em preendim ent o/ obra/ serviço (por
ex em plo, para fins de: previsão de custos por cor r elação, análise d e projetos, escolha d e t ecnologia,
o r çam en t ação por co m p o si çõ es unit árias; escol ha d e f or neced or d e m at eriais, aq u i si ção d e
m at eriais, r eceb im ent o d e m at eriais, con t r at ação d e subem preit eiros, m ed i ção d e serviços, pa-
gam ent o d e subem preit eiros, d ef i n i ção d e p r oced im ent os d e ex ecu ção d e serviços, cont r ole da
p r od ução, pagam ent o d e tarefas d e f unci onár i os et c.).
Recom enda- se o uso da Tab ela 2.1 co m o ap o i o para as respostas às quest ões supracit adas.

Tabela 2.1. Apoio ao cálculo e utilização dos indicadores QMT, QS, QM/ QS e QMS/ QM.

Serviço:

Constituintes da QMT Regras para det erm inação Mem ória de cálculo

QS

QM / QS

QM S/ QM

Interação com outras atividades de gestão:

At ivid ad e Int eração


CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS 3
Sej a q u al for o ob j et o d e um program a d e m elhorias, é sem pr e int eressant e b aliz ar as decisões t om adas
em um p r évi o ent end i m ent o dos p r ob lem as vigent es. Este r aci o cín i o se ap l i ca, t am bém , ao caso d as
perdas d e m at eriais, isto é, seu ent end im ent o f acilit a seu futuro com b at e.

O ent end im ent o das per das d e m at eriais passa p el o co n h eci m en t o da cl assi f i cação d as mesmas. Isto se
torna m ais im port ant e aind a q u an d o se t em ver i f i cad o a presença d e dif erent es pessoas f alando "idio-
m as" dif erent es ao se referir a perdas (conf or m e mostra a Figura 3.1), conf undindo- se causas, conseqüên-
cias, t ipos d e recursos et c.

Fu l an o d a Si l va Bel t r an o d e So u z a

- tinha RS 100,00; - tinha RS 100,00;

- foi à loja de materiais de - foi à loja de materiais e comprou


construção e gastou RS 50,00 cimento faturado |>ois sua carteira
em sacos de cimento; havia sido furtada no caminho;

- recebeu o material e o deixou - recebeu o material, estocou- o


sob a ação da chuva, estragando e utilizou- o corretamente.
todo o aglomerante.
Perdeu 1 0 0 %
Perdeu 100% ... do seu capital
... do material (mas 0 % do material)
(mas 50% do seu capital)

Figura 3.1. Diversas int erpret ações para o termo perdas.

Nest e livr o classif icam - se' as p er d as segundo:

• o t ipo d e recurso con su m i d o;


• a u n i d ad e para sua m ed i ção ;

' Adipt.ido de Andr.uk• (1999).

Co m o reduzir perdas nos cant eiros


• a fase d o em p r een d i m en t o em q u e o co r r em ;
• o m om ent o d e i n ci d ên ci a na p r od u ção;
• sua nat ureza;
• a f orm a d e m anif est ação;
• sua cau sa;
• sua or igem ;
• seu cont r ole.

3 .1 . PERD AS SEG U N D O O T I PO D E REC U RSO C O N SU M I D O

A p r o d u ção d e u m a ob r a d e co n st r u ção d em an d a u m a sér i e d e r ecu r sos (Figur a 3 .2 ), q ue p o d em


ser cl assi f i cad o s cm d o i s g r an d es gr up os: o dos r ecu r sos f ísicos e o d os r ecur sos f i n an cei r os. Em bo-
ra, n u m a est rat égia co m p et i t i va p or cust os, o au m en t o d a ef i ci ên ci a no uso dos recursos f ísi cos
si g n i f i q u e um a r ed u ção da d em an d a p or r ecur sos f i n an cei r o s, é b ast ant e cl ar a a n ecessi d ad e d e se
sep ar ar em os 2 g r u p os para se m el h o r ar a at u ação so b r e os m esm os (p o r ex em p l o , o o p er ár i o
d ever i a est ar p r eo cu p ad o em n ão q u eb r ar as p l acas cer âm i cas, en q u an t o o set or d e Su p r i m en t os
est ar ia m ai s en vo l vi d o c o m o p r eço d e d i f er en t es p l acas cer âm i cas d i sp o n ívei s no m er cad o).

Sacos de
cimento

Figura 3.2. Recursos necessários para a produção de uma obra de construção.

Qu an t o aos recursos f ísicos, cab e a ci t ação d aq u el es q u e n or m al m en t e são os m ai s discut idos nos


em p r eend im ent os d e const r ução, q uais sej am : m at eriais, mão- de- obra e eq uip am ent os.

E q uant o aos recursos f inanceir os, pode- se estar con su m i n d o m ais unid ad es m onet árias q u e o teorica-
m ent e necessário p or m ot ivos est rit am ent e f inanceir os o u co m o con seq ü ên ci a d e perdas físicas.

A Figura 3.3 ilustra a classif icação propost a, quant o ao t ipo d e recurso con su m i d o, enq uant o os Qu a-
dros 3.1 e 3.2 m ost ram ex em p l os associad os a tal cl assi f i cação.
Materiais

Figura 3.3. Classificação (ias perdas segundo o tifx> de recurso consumido.

Qu ad r o 3 .1 . Ex em p los d e perdas d e recursos f ísicos.

a) Perdas de Materiais b) Perdas de Mão- de- obra

Uma parte da argamassa, utilizada pelo O executor da marcação da alvenaria, ao não


pedreiro revestindo uma parede, caiu ao chão receber a planta correta com a precisa localização
durante a aplicação e endureceu depois de das paredes de um novo andar, tem de paralisar
um certo tempo, tornando- se entulho. suas atividades para esperar informações.

c) Perdas de Equipamentos

A grua tem d e f icar pesada, deix ando


d e trabalhar, durant e um dia d e
ocor r ência d e fortes vent os.
Qu ad r o 3 .2 . zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Ex em plos d e perdas f inanceir as.

a) Decorrentes das Perdas de Recursos Físicos

Um a obra ond e se t em alta i n ci d ên ci a d e perdas físicas gasta m uit o m ais recursos f inanceir os para com pr ar m at eriais
ad i ci onai s q u e um a obra sem perdas físicas.

b) Estritamente Financeiras

b.1) Um construtor, por u m erro no cál cu l o da quant idad e necessária d e cim ent o para ex ecut ar um a casa, com pr ou
p o u co m enos q u e o necessário d e um grande fornecedor, por um preço at raent e. A com pr a f inal t eve d e ser feita num
revendedor m enor, q u e cobrava m uit o m ais por saco d e ci m en t o.

2 a aquisição 1 d aquisição

b.2) Por falta, no m ercado, da p l aca cer âm ica especif icada (de cust o m édio) foi necessário com p r ar out ro t ipo (superando
as especif icações) m ai s car o.

Sup er and o a esp eci f i cação Con f or m e a esp eci f i cação

b.3) Em bora o cronogram a de obra sugerisse a necessidade d e 1 cam i n h ão de b locos por sem ana, o construtor, dispondo
d e recursos f inanceiros, resolveu com p r ar 6 viagens d e um a vez só. Poderia ter ap l i cad o tais recursos e ir utilizande- os passo
a passo, evi t an d o um a perda est rit am ent e f inanceir a:

Compra total no início

Est oque
na obra
Sem ana 0 Sem . 1 Sem . 2 Sem . 3 Sem . 4 Som . 5 Sem . 6

Di n h ei r o em
outra ap l i cação 6$ Zer o Zer o Zer o Zer o Zer o Zer o

Compra parcelada

Estoque
na obra

Di n h ei r o em
outra ap l i cação 6$ 5$ 4$ 3$ 2S IS Zer o
3 .2 . PERD AS SEG U N D O A U N I D A D E PARA SUA M ED I Ç Ã O

As perdas podem ser m edidas em diferentes unidades, sendo as principais: em massa, em vol um e e em
unidades m onet árias. É im port ant e salient ar q u e o val or das perdas p od e m udar bast ant e ao se adot ar um a
ou outra unidade, conf or m e ilustrado no Qu ad r o 3.3. Mai s q ue isto, as perdas p od em ser expressas em
valores absolutos o u relativos/ percentuais (por ex em p lo: ter- se perdido 2 metros cú b i cos d e concret o; o u
ter- se deparado co m uma perda percent ual, em volum e, d e 5 % d e concret o).

Qu ad r o 3 .3 . Ex pressão das perdas per cent uais d e m at eriais em m assa e em reais para o caso d e
revest im ent o int erno d e par edes co m argam assa.

Na execução do serviço de revestimento de argamassa, especificado com 2 cm de espessura, o gestor percebeu


ter ocorrido um consumo de areia superior ao teoricamente necessário. Para mensurar a perda ocorrida, compôs
a tabela abaix o, relativa ao consumo teoricamente necessário e ao real, para o caso de 1 m J cie argamassa
aplicado em tal revestimento.

Recurso Quantidade R$ teoricamente Quantidade Perda ( %) R$ gasto Perda


teoricamente necessário real em massa em RS
necessária
Areia úmida 1.270 kg 46,00 1.905 kg (1.830 1) 50% 69,00 50%
(1.220 I)

Cim ent o 163 kg 61,00 163 kg - 61,00 -

Cal 169 kg 38,00 169 kg • 38,00 •

Mat er ial total 1.552 kg - 2.237 kg 41 % - -

Of i ci ai s 20 h 100,00 20 h - 100,00 -

Ajudant es 12 h 48,00 12 h - 48,00 -

RS total - 293,00 _ 316,00 8%

3 .3 . PERD AS SEG U N D O A FASE D O EM PREEN D I M EN T O EM Q U E O C O RREM

Na m edida em q u e as perdas aco n t ecem toda vez q u e se est ab el ece u m con su m o d e m at eriais superior
ao t eor icam ent e necessário, tal ocor r ência p od e se dar em dif erent es m om ent os d o em p r eend im ent o
Por f alha, d esconhecim ent o o u conservadorism o ex cessivo, o projetista p od e estar con ceb en d o uma obra
superdim ensionada em t erm os d o consum o d e m at eriais. Por ex em plo, vários leitores já d evem ter o u vi d o
um a frase, do t ipo i nd i cad o a seguir, d e parent e leigo em const r ução ci vi l : "cont rat ei um em preit eiro
m uit o bom para fazer m inha casa; precisa ver q ue pilares enor m es a est ão sust ent ando!" Este pode ser um
caso, inf elizm ent e com u m , ond e o m au (ou inex istente) projet o cr iou a dem anda por m at eriais (o concre-
to, o aço e as fôrm as para a estrutura d e concr et o arm ado) event ualm ent e desnecessários (será que a tal
casa térrea, sem l aj e d e cobert ura, precisava de estrutura d e concr et o arm ado?). O quadro 3.4 traz um
ex em p lo da ocor r ência d e tal t ipo de perdas: a não- previsão d e um desnível, ent re a superf ície ca l aj e na
varanda e na sala cont ígua, obrigou o espessam ento d o cont rapiso em tal sala (e no resto do apart am ent o)
para se ob ed ecer ao desnível prescrito d e 3 cm ent re os dois am bient es cit ados.

Qu ad r o 3 .4 . Ex em plo d e per da d e argam assa, para cont rapiso, ocorrida no proj et o.

O projeto da própria estrutura de concreto armado pode favorecer ou não a minimização da necessidade dc
argamassa para contra pisos de um apartamento. Analisando- se as duas concepções projjostas pelo projetista esírutural
indicadas abaixo, e considerando- se, em ambas, que o arquiteto prescreveu a necessidade de um desnível de 3 cm
entre a varanda e a sala, tem- se, na alternativa "a", um consumo de argamassa de contrapiso muito superior ao induzido
pela alternativa "b".

Planta de arquitetura Alternativas estruturais (corte M- M)


a)

b)

Contrapiso previsto
em a) em b)
2,5 cm 3 cm 2,5 cml
5,5 cm r [4,5 cm

No caso da fase d e Pr o d u ção da obra, inúm eras perdas p od em ocorrer. Em f ace da ênf ase co m q u e
serão t rat adas neste livro, estas perdas serão m ai s cu i d ad osam en t e d ef inid as no item 3.4.

Qu an t o à f ase d e Ut i l i z ação , as per das t am b ém p o d em est ar present es. Por ex em p l o , t oda vez q ue,
i n ad ver t i d am en t e, u m usuár io lava o " h al l " d e el evad or es e d eix a água cai r p ela cai x a do elevador,
part es d o ci r cu i t o el ét r i co p od em ser m ol h ad as, l evan d o a def eit os q u e r eq u er em sua t roca ant es d o
t em p o q u e seria n o r m al m en t e d em an d ad o no caso d e um a u t i l i z ação em co n f o r m i d ad e co m os b ons
p r oced i m en t os. Si t u ação sem el h an t e p o d e ocor r er por d ef i ci ên ci a na lim p ez a dos revest im ent os d e
um a h ab i t ação , o n d e o uso d e produt os d e l i m p ez a i n ad eq u ad o s p o d e l evar à d eg en er ação p r eco ce
dos m esm os. Esgot ar e en ch er u m a p i sci n a, a cur t os i n t er val os d e t em p o (em lugar d e fazer um
t r at am ent o da água), ind uz um t r ab al h o m ecân i co cícl i co da sua est rut ura q u e f avo r ece o ap ar eci-
m ent o d e fissuras. Al ém das f alhas na u t i l i z ação , a o b so l escên ci a f u n ci o n al o u est ét ica p o d e levar a se
ter d e subst it uir um a d et er m i n ad a part e da co n st r u ção ant es d e a m esm a p er d er as car act er íst icas d e
d esem p en h o esp er ad as; por ex em p l o , al g u m as vez es t roca- se a louça sanit ár ia, m esm o q ue ai n d a
est eja f u n ci o n an d o b em , d evi d o a lançar- se, no m er cad o , um d esen h o d e p eça dif er ent e, t or nando o
m o d el o ant er i or fora d e m o d a. O Qu ad r o 3.5 ilustra um out r o ex em p l o d e gast o ad i ci o n al de mate-
rial ao longo da u t i l i z ação da ed i f i cação .
Q u a d r o 3 .5 . zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Ex em p l o d e perda d e m at er i al na Ut i l i z ação : r epint ur a, p or m o t i vo s est ét icos, ant es d o
p r az o t eor i cam en t e previst o.

Um morador, tendo adquirido uma casa recém- construída, possuindo pintura externa feita utilizando- se um sistema
de pintura adequado sobre uma base também adequada, não gostou da cor, repintando a fachada assim que se mudou.
Houve perda na utilização, na medida em que ocorreu um gasto de tinta imediato, que só era previsto 4 anos depois,
quando se imagina ter uma necessidade de repintura para recompor o desempenho da película superficial do sistema
de pintura.

3 .4 . PERD AS SEG U N D O O M O M EN T O D E I N C I D ÊN C I A N A PR O D U Ç Ã O

Na m ed i d a em q u e a p r o d u ção p o d e ser r esp onsável p or gr and es co n su m o s ex cessi vos de m at eriais,


discut em - se, aq u i , co m m ai o r p r of u n d i d ad e, os vár i os m om en t os d e i n ci d ên ci a associ ad os a t al f ase d o
em p r een d i m en t o .

Co n f o r m e ilustra a Figura 3.4, as perdas p o d em se m anifest ar nas seguint es et apas d a fase de Pr od u ção:
r eceb i m en t o d os m at er i ai s e co m p o n en t es; est o cag em d os m esm os; p r o cessam en t o i n t er m ed i ár i o ;
processam ent o f inal; e m ovi m en t ações ent r e as et apas d o ílux ogram a dos processos m ost rado.

Processam ento
Recebim ent o
final

Figura 3.4. As diferentes etapas da fase de Produção onde as |K'r< las |X)d<>m ocorrer.

Cab e d est acar q u e as et ap as ci t ad as são g enér i cas, p o d en d o ter- se a o co r r ên ci a d e t odas elas (e, m esm o,
ter- se al g u m as d el as repet idas), co m o deix ar- se d e ter al g um as d as et ap as em f u n ção d a alt ernat iva d e
f o r n eci m en t o d e m at er iais/ com p onent es ad ot ad a e/ ou d o p r oj et o d o p r ocesso co n ceb i d o . As Figuras
3.5 e 3.6 ex em p l i f i cam íl u x og r am as d o p r ocesso possíveis para os caso s do con t r ap i sos feitos, respecti-
vam en t e, co m argam assa d osad a e m ist urada cm obra e co m ar gam assa ind ust r ializ ad a en sacad a; note-
se q ue, n o p r i m ei r o caso, tem- se u m n ú m er o m ai o r d e p ossíveis m om en t os p ar a i n ci d ên ci a d e p er d as
na Pr o d u ção . A Figura 3.7 ilustra al g u m as d as perdas q u e p o d em ocorrer.
Dosagem de cim ent o
Recebim ent o Estocagem
e areia e mistura Ex ecução
dos sacos o dos sacos o da argamassa do contrapiso
de cim ent o de cim ent o de contrapiso

Recebim ent o Estocagem ít


de areia de areia

Figura 3.5. Fluxograma tios processos para o caso de contrapiso com dosagem e mistura em obra.

Recebim ent o Estocagem Mistura da Ex ecução


dos sacos dos sacos argamassa
o o o do
de argamassa de argamassa seca
contrapiso
industrializada industrializada com água

Figura 3.6. Fluxograma dos [Wocessos para o caso de contrapiso com argamassa industrializada ensacada.

Men o s areia no cam i n h ão


d o q ue o prescrito na
(recebim ent o)

Carregam ent o d o m iít urador


co m areia úm ida na quant idade
especif icada para areia seca,
Sacos em pedrados aum ent ando o consum o d e
(estocagem ) cim ent o por m 1 d e argamassa
(processam ent o intermediário)

Cont rapiso Incorporação ad i ci onal


d e argamassa no cont rapiso
Laj e de (processam ento final)
concr et o
ei, ej > e m i n .

Figura 3.7. Ilustrações de perdas passíveis de ocorrência, nas diferentes etapas dos fluxogramas dos processos, no caso do
contrapiso: a) recebimento; b) estocagem; c) processamento intermediário; d) processamento final.

3 .5 . PERD AS SEG U N D O SUA N AT UREZ A

As per das f ísicas d e m at eriais p od em ocor r er sob três dif erent es nat urezas (Figura 3.8): furto o u ex t r avio;
ent ulho; e i ncor p or ação.
/

ALM OXARI FADO Est e m at erial E mesmo!


de const rução vai u nem t inha
me r ender uma percebido
boa grana!

Fu r t o

Ei , Jo ão ! Pront o, Manuel!
Me cor t a um Aqui est á o pedaço de tubo
E pra j á, pedaço de tubo que você me peciu
Manuel! com 60 cm ?

En t u l h o

Figura 3.8. Natureza das |»erdas tísicas de materiais: a) por furto; b) incorporada; c) entulho.

O furto ou ex t r avio cost um a ser p o u co signif icat ivo no caso das obras d e um cert o port e. Em bora m ais
signif icat ivo em obras p eq uenas, o n d e se usa um a q uant id ad e pequena d e m at eriais (por ex em p lo, 1
saco d e ci m en t o r oub ad o é p er cen t u al m en t e im port ant e num a reform a q u e ut ilizará 10 sacos no t ot al)
e se t em , nor m alm ent e, um m enor con t r ol e d e ent rada e saída d e m at eriais e pessoas, os furtos d evem
ser d if icult ad os cm obras m aior es t am bém , em esp eci al quant o aos com p on en t es d e b aix o peso/ volum e
e alt o cust o unit ário. Al ém do furto d o t ipo m ais co n ven ci o n al (alguém se ap ossand o d e algo, ao retirar
tal ob j et o d e seu l ocal d e est ocagem ), algum as vez es se d ep ar a co m r ecl am ações, em geral pont uais,
quant o a ter- se entrega d e m at eriais em q u an t i d ad e inf erior à cont rat ada.

Por ex em p lo, um a d ef i ci ên ci a no en ch i m en t o d e um cam i n h ão d e ar eia, no local de ex t ração, p o d e


gerar um a ent rega co m m enos m at erial q ue o ci t ad o na not a f iscal; a não- per cepção quant o a esta
dif er ença result aria num a perda no r eceb im ent o.

O ent ulho representa a nat ureza d as perdas m ais co m u m en t e present e na m ent e d as pessoas, q u an d o se
f al a em p er d as d e m at er iais, m esm o não send o, para o caso d e vár i o s ser viços, a m a s r el evan t e
q u an t i t at i vam en t e f al an d o. É o ent ul ho, co l o cad o em caçam b as, q u e é vist o na TV e nas fotos em
revist as e j or nais, q u an d o se crit ica a Const r ução co m o geradora d e resíduos; são os restos de m at eriais
não ou i n d evi d am en t e ut ilizados q ue ger am a sensação d e sujeira n u m cant ei r o d e obras, cau san d o,
m esm o, suscep t ib ilid ad e m aior à ocor r ên ci a d e acid ent es. Port ant o, é bast ant e im port ant e ent ender a
sua ocor r ên ci a para se propor event uai s ações vi san d o com b at er sua g er ação.

O ent ulho é, t am b ém , d en o m i n ad o "o lix o q u e sai" da obr a. Pod e ser gerado em vár ios serviços e ser
r elat ivo a dif erent es m at eriais (por ex em p l o, geram- se, algum as vezes, q uant id ad es não desprezíveis d e
ent ulho d e gesso, d e argam assa, d e m adeira serrada e com p ensad a et c.). A Foto 3.1 ilustra ê. ocor r ên ci a
d e ent ulho num and ar d e um a obra em fase d e acab am en t o.
Foto 3.1. Entulho reunido após limpeza de ambiente em ex ecução, juntando- se gesso endurecido a sacaria e outros rejeitos.

A perda incor p or ad a, em b or a m uit as vez es m enos p er cep t ível visualm ent e q u e a perda por ent ulho,
p od e representar, para alguns m at eriais, a nat ureza m ais present e d e perdas d e m at eriais na const rução.
Mu i t as at ivid ad es d e m ol d ag em "i n l o co " l evam a incor p or ações d e m at eriais superiores à t eoricam ent e
prescrit a: é isto q u e ocor r e, por ex em p lo, ao se fazer um a l aj e um p o u co m ais espessa q ue o i n d i cad o
no proj et o d e f ôrm as; toda vez q u e um revest im ent o int erno d e par edes co m argam assa, previsto para
ter l cent ím et ro, al can çar 2 cent ím et r os d e espessura m éd i a, tem- se per da incor p or ad a; dent re out ros
ex em p l os.

A perda incorporada é t am b ém d en om i n ad a "l i x o q ue f i ca" na obr a, na m edida em q u e a parcela d e


m at er i ai s i n co r p o r ad a n ão est ava p r evist a e, p or t ant o, não seria necessár ia d o p on t o d e vist a d o
especif icador . As Fotos 3.2 ilustram d ois casos d e per das incorporadas.

Fotos 3.2. a) viga com largura su|> erior à prevista em projeto;


b) revestimento de argamassa externo mais es|> esso que o especificado.
3 .6 . PERD AS SEG U N D O A FO RM A D E M AN I FEST AÇÃO

Al ém das já cit ad as dif erent es nat urezas das perdas (furto, ent ulho o u i ncor p or ação), pode- se distinguir,
para cad a um a delas, dif erent es f orm as d e m anif est ação.

Co m o ex em p los d e dif erent es form as d e m anif est ação das perdas, podem - se cit ar:

• sacos d e ci m ent o, cal , gesso, argam assa et c. co m peso real inf erior ao nom i nal ;
• areia no cam i n h ão recebida em q u an t i d ad e m enor q u e a ind icad a na nota f iscal;
• aço desbit olado;
• argam assa saind o por rasgos na em b al ag em ;
• sacos d e ci m en t o em p ed r ad os;
• areia car r ead a d o est oque pela ch u va;
• co n su m o d e ci m en t o, na dosagem , superior ao est ab elecid o no t raço;
• pont as d e aço não ap r oveit áveis;
• argam assa en d u r eci d a ao p é da p ar ed e revest ida;
• gesso en d u r eci d o na caix a d o gesseiro;
• viga m ais larga q ue o est ab elecid o no proj et o;
• revest im ent o co m espessura superior à prescrit a;
• l aj e m ais espessa q u e o i n d i cad o no proj et o;
• et c.

A Figura 3.9 ilustra alg um as das f orm as d e m anif est ação das perdas.

Figura 3.9. Fx em plos do diferentes form as do m anifestação do perdas: a) recebim ent o do sacos do gesso com poso inferior
ao indicado na embalagem; b) aço entregue com diâm et ro m aior que o nom inal, im plicando monos metros por kg recebido;
c) gesso endurecido na caix a d o aplicador por se ler ultrapassado o tem po m áx im o de uso; d) l aj e "em barrigada" levando a
m aior espessura q ue a especif icada.

3 .7 . PERD AS SEG U N D O SUA CAUSA

M ai s q u e ident if icar a f orm a d e m anif est ação d as perdas, o ent end im ent o d o p or q uê d e elas ocor r er em
p od e aj ud ar bast ant e na futura tarefa d e tentar evit ar q u e t ais perdas aco n t eçam .

Portanto, a causa de uma certa |x?rda seria a razão imediata para q ue ela tenha acont ecido. Assim é que, para
as várias manifestações possíveis, |xxlem- se elencar as prováveis causas (que não necessariamente são únicas,
isto é, a perda, ocorrida sob uma determ inada forma d e manifestação, pode ter sido fruto de diferentes causas).

Tem- se, por ex em p lo, q u e:

• o recebim ent o d e m aterial a m enos q ue o prescrito (sob as m anifestações: sacos co m menor quan-
t idade q ue a nom inal, com ponent es d e dim ensões reduzidas, quant idades d e material a granel em
"a ver ") podem ter, co m o causa, falhas na verif icação quantitativa no recebim ent o na obra;
• a sobra d e m uit os p ed aços d e barras de aço p od e ter, co m o causa, a não- ut ilização das pont as
r em anescent es d e cort es d e barras d e 12 m et ros;

• a presença d e m uit o ent ulho d e b locos p od e ter co m o causas: o transporte inad eq uad o (por
ex em plo, fazendo- se uso d e j er icas em lugar d e carrinhos co m bases planas), o uso d e ferramentas
im próprias (com o, por ex em p lo, cort ar blocos co m a colher d e pedreiro em lugar d e usar um a
serra elét rica co m o d i sco corret o), o d esm or onam ent o d e um est oque por ch o q u e co m um
equipam ent o de transporte et c.;

• a espessura d e um revest im ent o, m aior q u e a esp eci f i cad a, p od e ter co m o causas: um desaprum o
das par edes revest idas, um a falta d e esquadro ent re paredes cont íguas, ou um a não- coincidên-
ci a ent re a f ace da viga d e con cr et o ar m ad o e a f ace da al ven ar i a (gerando n ecessd ad e d e
enchi m ent os d e argam assa).

A Figur a 3 .1 0 ilust ra al g u m as cau sas d e p er d as: a) a esco l h a d e eq u i p am en t o d e t ransport e inade-


q u ad o au m en t an d o as ch an ces d e q u eb r as d e b l o co s; zyxwvutsrqponmljihgfedcbaZXVUTSRQPONMLJIGFEDCBA
b) a d ef i ci ên ci a no ci m b r am en t o l evan d o a
d ef o r m açõ es ex cessi vas d o p i l ar e co n seq ü en t e i n co r p o r ação d e co n cr et o ad i ci o n al ; c) a falta d e
p r u m o d a al ven ar i a o b r i g an d o a au m en t o d a espessura d o r evest i m en t o d e ar gam assa para acer t ar
a g eom et r i a da su p er f íci e f i n al .

Figura 3.10. Exemplos de causas de |x> rdas: a) equipamento <le transporte inadequado; b) deficiência no cimbramento;
c) alvenaria fora de prumo.

3 .8 . PERD AS SEG U N D O SUA O RI G EM

Se as causas das perdas se r el aci o n am às razões im ediat as para sua ocor r ên ci a, é im port ant e, t am bém
d e n t r o r i o o b j e t i v o rir» d i m i n u i r o d e s p e r d í c i o , e n t e n d e r e m - s e a s r a z õ e s " m a i s d i s t a n t e s " q u e o m en t a-
r am as m anif est ações det ect adas, q u e represent ariam as origens das perdas.

Assim é q ue, em b or a a causa da perda d e b l o co s possa ter sido o uso d e co l h er d e pedr eir o para
ex ecut ar seu cort e, poder- se- ia cit ar co m o origem da m esm a, por ex em p lo, a não- com pat ibilidade das
d im ensões das par edes co m as dos com p on en t es d e al ven ar i a d isp oníveis, ger and o a necessidade d e
cor t e dos m esm os. Port ant o, a or igem estaria na fase d e Pr oj et o, ap esar d e a m anif est ação se associar à
et apa d e p r ocessam ent o int er m ed iár io da fase d e Pr o d u ção . A Figura 3 .1 1 i nd i ca a associação dos
m om ent os d e i n ci d ên ci a às dif erent es fases do em p r een d i m en t o o n d e as origens das perdas p od em
estar; note- se q u e a fase da or igem p od e ser a da própria m anif est ação o u ant erior a esta.

O Qu ad r o 3.7 at rela alg um as m anif est ações d e perdas, q ue ocor r em na fase d e Pr od u ção, às possíveis
origens e suas respect ivas fases, en q u an t o a Figura 3.12 ilustra alg um as das origens cit adas.
Ml = momento de incidência
OR = origem

Figura 3.11. Indicação genérica <los possíveis momentos de incidência e origem das manifestações de perdas.

Qu ad r o 3 .7 . Associ ação d e m anif est ações d e per das às suas causas e origens.

Manif est ações Causas Origens Fase do


de perdas em preendim ento
Entulho de blocos Corte com Falta de procedimento de produção Planejam ent o
de concreto ferramenta formal para prescrição da ferramenta
e/ ou t écnica e da técnica adequadas para
inadequadas corte de blocos

Falta de treinamento dos operários Produção


quanto ao procedimento a ser seguido

Falta de com pat ibilização modular Concepção


entre as dimensões das paredes e a dos
componentes de alvenaria

Entulho de placas Corte com Falta de procedimento de produção Planejam ent o


cer âm icas ferramenta formal para prescrição da ferramenta
e/ ou t écnica e da técnica adequadas para corte
inadequadas de placas cerâm icas
Falta de treinamento dos operários Produção
quanto ao procedimento a ser seguido

Projeto prescrevendo placas muito Concepção


grandes para ambientes muito pequenos,
gerando percentual elevado de
placas cortadas

Espessura média Falta de Falta de treinamento do encarregado Produção


elevada do esquadro entre quanto aos procedimentos para
revestim ento paredes inspeção do serviço
interno de paredes projetadas
com argamassa para serem
perpendiculares

Vigas de Falta de coordenação de projetos Concepção


concreto mais
espessas que
a alvenaria
a)
Est as placaszyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZVUTSRQPONMLKJIHFEDCA
são
muito grandes.
- Acho que t er ei de
cort ar todas para
f inalizar a f iada? usar no lavabo!
Corto o bloco ou

Figura 3.12. Exemplos de origens das perdas: a) falta ou inadequação de procedimentos de produção; b) a especificação de
componentes que, não com patíveis com as dimensões <1o produto a ser realizado, levem a quantidade elevada <le cortps; c) falta
de coordenação <k) trabalho dos diversos projetistas.

3 .9 . PERD AS SEG U N D O SEU C O N T RO LE

A ocor r ên ci a d e perdas, enq uant o si nôni m o d e i n ef i ci ên ci a d e um cert o processo d e p r od ução, p od e


ser associada a quaisquer processos; em out ras palavras, as perdas est ão present es em t odas as at ivida-
des. Port ant o, não é vergonha algum a con vi ver co m perdas {ver Dep o i m en t o 3.1) na Const rução; o q u e
se d eve evit ar é q u e t ais per das al can cem nívei s p r eocup ant es ou q ue ocor r am p r ed om inant em ent e por
negligência na co o r d en ação dos processos.

Depoimento 3.1. As perdas na Construção Civil e as perdas na produção de entrevistos para a TV.

Toda vez que tive oportunidade de dar uma entrevista para algum programa ou jornal da TV, despendia
vários dos minutos iniciais, da conversa prévia à gravação propriamente dita da entrevista, procjrando
ex plicar ao (ou à) repórter o significado da palavra perdas, para tirar o seu lado pejorativo (que muitas
vezes era algo que o entrevistador poderia ex plorar).

Meu ex emplo, na tentativa de ser mais claro e de sensibilizar mais o profissional da carreira de jornalis-
mo, era relativo ao seu trabalho. Minhas colocações eram: "se considerarmos que o tempo teoricâmente
necessário para se ter uma entrevista, que passará durante meio minuto num telejornal, seja de ex ata-
mente meio minuto, todas as horas gastas pelo jornalista e sua equipe para sua produção (incluindo o
estudo piéviu do tissunlu, / / m / > ,i bubL< i de um ui> pcci< ili$l< i p,it< i se/ eutievisUidu, iiuií> o tvmpo g< is(u
tentando o contato por telefone, mais o deslocamento até o local da entrevista, mais a entrevista, mais
a volta aos estúdios e a edição da matéria), subtraídas deste meio minuto, seriam consideráveis perdas".

Portanto, ter perdas não é sinônimo de incompetência; ter perdas facilmente evitáveis (o que provavel-
mente não se aplicaria ao caso do jornalista), sim!

Como conclusão da conversa prévia, normalmente eu incluía o comentário de que, com base nas consi-
derações que havia feito, as perdas relativas à produção da entrevista seriam bem maiores que as que
citaria para a Construção, embora isto não me permitisse afirmar que o jornalista fosse mais ou menos
eficiente que eu, profissional da Construção.
As perdas são separáveis, port ant o, em d uas p ar celas: a dit a evi t ável ; e aq uela d enom i nad a inevit ável. À
p ar cela evi t ável dá- se o n o m e d e d esp er d ício. A d ist inção d o q u e seja d esp er d ício, em r elação à perda
i nevi t ável , d ep en d e d o est ab elecim ent o d e crit érios, os q u ai s não são n or m al m en t e d e d ef inição mate-
m át ica g ener al i z ável ; é t am b ém r az oável aceitar- se q u e o d esp er d íci o seja a p ar cela das pe- das t écnica
e eco n o m i cam en t e evi t ável . Assim é q ue, p r ovavelm ent e, para em presas diferent es, o lim it e ent re o
evi t ável e o i n evi t ável não seja ex at am ent e o m esm o, d ep en d en d o d o nível d e t ecnologia vigent e na
em presa, da cap aci t ação d e seu pessoal, d o p ad r ão cia obra em ex ecu ção et c. N o ent ant o, não se d eve
f azer uso d e t al "d i ca", r elat iva à d i f i cu l d ad e d e se def inir se há d esp er d íci o (ou se som ent e perda
inevit ável), para j ust if icar t odas as perdas q u e ocor r em nas obras. Na o p i n i ão dest e autor, boa part e d as
perdas (em esp eci al q u an d o se t em alt os níveis d e perdas) é evi t ável at ravés d e ações sim ples, de m elhor ia
d e gestão da p r od u ção dos ser viços o u d e p eq uenos ap r im or am ent os d e projet o.

O Dep o i m en t o 3.2. traz a d escr i ção sucint a d e um caso real, vi vi d o p elo autor, evi d en ci an d o claram en-
te a ocor r ên ci a d e d esp er d íci o d e b l o co s d e con cr et o.

Depoimento 3.2. Desperdício de blocos de concreto.

Ao estudar a produção de um conjunto de edifícios de apartamentos, ex ecutados em alvenaria estrutural


de blocos de concreto, quanto às perdas dos próprios blocos utilizados, este autor ficou decepcionado ao
receber a informação sobre as perdas, calculadas na primeira semana de análise, que foi de 10,4%, um
valor bem mais elevado que o esperado, seja pela qualidade dos blocos que estavam sendo utilizados,
pela tipologia do projeto ou pela forma de movimentação dos componentes (eram levados por uma grua,
em páletes, até a laje de utilização). Imaginando ter- se uma oportunidade para melhoria da eficiência
do processo de produção, uma investigação complementar, "in loco", permitiu a percepção do seguinte
problema: os blocos eram levados para o andar com alvenaria por fazer em quantidades normalmente
superiores à necessária; uma vez abertos os páletes, os blocos iam sendo usados, havendo sobra ao final.
Os blocos que sobravam já não eram mais facilmente transportáveis, pois a grua não mais conseguia
acessar o pavimento fechado (observe- se que algumas das alvenarias eram feitas após a concretagem da
laje superior); restaria a opção de se fazer o transporte manualmente, pela escada, o que demandaria um
esforço adicional da mão- de- obra, que não estava muito motivada no canteiro em discussão. Alguns
operários, maldosamente, para não terem de fazer o transporte dos blocos para o novo andar, os lança-
vam pelas janelas, gerando pilhas de entulho nas imediações da torre.

Não há dúvida alguma, de minha parte, de que se tenha apresentado um claro ex emplo de desperdício,
onde algumas poucas ações (e um pouco mais de atenção de parte da gestão) poderiam reduzir sensivel-
mente as perdas.

RESU M O

• Qu al q u er ação vi sand o à r ed u ção d as perdas cie m at eriais d eve ser p r eced id a por um ent endi-
m ent o d o p r ob lem a, o q u e passa por se ent ender as vár i as f acet as das perdas.

• As perdas p od em dif erir quant o: ao t ipo d e recurso con su m i d o; à u n i d ad e adot ada para sua
m ed i ção ; à fase d o em p r eend i m ent o em q ue ocor r em ; ao m om ent o d e i nci d ênci a na Produ-
ção; a sua nat ureza; à f orm a d e m anif est ação; a sua causa; a sua or igem ; ao seu ccnt r ole.

• Qu an t o aos recursos consum id os, estes p o d em ser: f ísicos, podendo- se est udar os m at eriais, a
mão- de- obra e os eq uip am ent os; e f inanceir os, p od en d o ser o u não decor r ent es dc ocor r ên ci a
d e perdas físicas.

• Podem - se m ed ir as perdas d e m at eriais em unid ad es m onet ár ias o u em unid ad es físicas; no q u e


se refere a estas últ im as, as perdas p od em ser aval i ad as em massa ou em vo l u m e.
• Seja q ual for a uni d ad e d e m ensur ação, as perdas p od em ser ex pressas em valor es absolut os ou
p er cent uais.

• O con su m o d e m at eriais a m ais q u e o t eor i cam en t e necessário p o d e ocor r er nas diferent es fases
do em p r een d i m en t o: Co n cep ção , Pr o d u ção ou Ut i l i z ação .

• N o q u e se refere esp eci f i cam ent e à fase de Pr od u ção, as per das d e m at eriais p od em ocorrer: no
seu r eceb im ent o, na est ocagem , no pr ocessam ent o int er m ediár io, no processam ent o f inal ou
nas m o vi m en t açõ es dos m at eriais ent re estas et apas.

• As perdas p od em ocor r er sob as seguint es nat urezas: r oubo o u furto, ent ulho o u m at erial incor-
p or ad o.

• Pode- se, ai n d a, ex p licit ar m elhor a forma d e m anif est ação d e um a per da, por ex em p lo, citan-
do- se q u e ela ocor r eu na m edida em q u e o cam i n h ão d e areia foi acei t o co m quant idade d e
m at erial m enor q u e a esp eci f i cad a.

• Cad a m anif est ação p o d e ter razões diferent es para ter ocor r id o; às m ais "p r ó x i m as", denom i-
nam- se causas, e às m ais "d ist ant es", origens.

• As perdas são inerent es aos processos d e p r od u ção; no ent ant o, há q u e se dist inguir a f r ação
consid er ad a i nevi t ável , dent ro d o cont ex t o vigent e, d aq uela vi ável d e ser el i m i n ad a, denom i-
nada d esp er d ício.

AT I V I D AD ES CO M PLEM EN T ARES

Com b at er as perdas d e m at eriais em um cant eir o d e obras d em an d a, inicialm ent e, o corret o ent endi-
m ent o d o problem a q u e se quer enfrentar. Dent r o dest e cont ex t o, m i n i m i z ar o d esp er d íci o d e m at eriais
n u m cert o ser vi ço ex ige, i ni ci al m ent e, um a ab or d agem analít ica sobre q u e t ipo, on d e, co m o , quando e
por q u e as perdas a serem at acad as aco n t ecem .

Co m o int uit o d e se ex ercit ar tal postura p r évia à d ef i n i ção d e um p l an o d e r ed ução das perdas, para o
caso d o ser viço d e revest im ent o d e paredes int ernas co m argam assa, pede- se:

a) ident if ique p elo m enos um a perda possível por t ipo d e recurso en vo l vi d o no ser viço;
b) q uant o às per das f ísicas d e m at eriais, i n d i q u e os dif erent es m om ent os d e i n ci d ên ci a das m esm as
no processo d e p r od u ção;
c) para cad a m om ent o, ex em p l i f i q ue p el o m enos um a forma d e i n ci d ên ci a d e p er d a;
d) i n d i q u e a nat ureza da perda para cad a ex em p l o d ad o;
e) para cad a ex em p l o ind iq ue, ai n d a, p elo m enos uma causa p l au sível ;
f) para cad a causa cit e, p el o m enos, um a or igem cab ível .
DIAGNÓSTICO DAS PERDAS DE MATERIAIS
NA PRODUÇÃO DE EDIFÍCIOS

Toda vez q u e se t ece a aval i ação, d e algum produt o ou processo, é d esej ável reduzir- se o subjet ivism o,
no q u e se refere à f or m ação e à ex pressão, da o p i n i ão d o avaliador. Co m isto se m i n i m i z am os riscos d e
f alhas d e ent end im ent o da m esm a.

Rara se p od er discut ir, port ant o, o diagnóst ico das perdas, passa- se, neste cap ít u l o, por uma apresenta-
ção inicial dos i nd i cad or es q u e p od em ser ut ilizados, preocupando- se, post eriorm ent e, com a apresen-
t ação d e valor es para t ais i nd i cad or es obt idos em est udos ant er ior m ent e realizados.

4 .1 . I N D I C A D O RES D E PERD AS

A padronização d e linguagem e d e procedim ent os, para se realizar e se expressar a avaliação das perdas de
materiais, é desejável. Se este livro, até aqui, já passou por uma série d e def inições de linguagem, insere- se
mais fortemente, daqui para a frente, a ut ilização d e indicadores a fim d e favorecer a discussão objet iva das
|> erdas de materiais nos cant eiros de obras (a Figura 4.1 ilustra o interesse |x>r tal tipo d e postura).

Acho que
a perda
f oi grande A perda física
global de aço
f oi de 8 %

Figura 4.1. O uso de indicadores evitando as divergências relativas a avaliações subjetivas.

Com o reduzir |> erdas nos canteiros


Os ind icad or es represent am inf or m ações quant it at ivas o u qualit at ivas q ue m ed em e aval i am o com por-
t am ent o d e dif erent es aspect os d o ob j et o d o est udo. Seu levant am ent o cr ia um sistema d e inf orm ações
q u e p o d e ser bast ant e útil para aj u d ar na t om ada d e decisões.

Os ind icad or es vão ser usados, aq ui, t ant o para ex pressar q uant it at ivam ent e a m agnit ude das perdas
quant o para se discut ir as razões para sua m anif est ação. Rara t ant o, em b or a os ind icad or es possam ser
quant it at ivos o u qualit at ivos, valer á sem pr e a idéia d e ter- se p ad r on i z ação e signif icad o o m enos ine-
q u ívo co possível para quaisquer deles.

No q u e se refere às perdas, est e aut or acredit a q u e dif erent es ind icad or es p od er ão ser úteis para se
avaliar o cen ár i o já propost o q u an d o se t rat ou (no cap ít u l o 3) das dif erent es f acet as das mesmas. A
Figura 4.2 procura ilustrar a idéia d e ter- se d ois grandes con j u n t os d e inf or m ações p r op or ci onávei s
p elos ind icad or es: um r elat ivo à m ensur ação (ou q uant i f i cação) das perdas; e out ro d i z en d o respeito às
razões (ou à ex p l i cação ) para sua ocor r ên ci a.

- tipo de recurso |> erdido


- unidade de mensuração
- fase do empreendimento
- momento de incidência
na produção

Indicadores
mensuradores

Indicadores
explicadores

- natureza
- forma de incidência
- causa
- origem
- caracterização tecnológica

Figura 4.2. Grupos <le indicadores para quantificar as pordas e discutir as razões para sua ocorrência.

Ai n d a na o p i n i ão do autor, e con f or m e a própria Figura 4.2 i nd i ca, não é ex at am ent e m at em át ica a


d ef i n i ção dos lim it es q uant o a o n d e a m ensur ação t erm ina e a ex p l i cação se i ni ci a; acredit a este q ue o
progressivo ap r i m or am ent o da m ensur ação acab a d esem b ocan d o nas razões cias perdas. Independen-
t em ent e desta discussão sem ânt ica, a Figura 4.3 abor da, um p o u co m ai s d et alhad am ent e, a interpreta-
ção dada ao con j u n t o d e inf or m ações necessárias para a análise das perdas e os ind icad or es a serem
ut ilizados.
Perda financeira global

• St
rZ
Recursos- Produção Produto O
O
t
Perda física global 1ÍÇ
3
C
O
E
o
o
O Processamento O Processamento O
Recebimento Estocagem
intermediário final c
'rz
\ u
\ Perda no PerdazyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZVUTSRQPO
pàs/ /
processamento,
&
\ processamento
Perda p ré- processa mento intermed ário \ intermediário intermediário
X / •
v ^ . /

n /
/
\ / rz
\ / N'
\ / = $

Parcela Parcela Parcela zyxwvutsrqponmljihgfedcbaZXVUTSRQPONML


,P5
incorporada por entulho |X>r furto O
S-
3 8
Cr
• S,
•O
- KT,
n rz
O
Fatores quantitativos: FQ,; FQ2 , ...;FQn £o * O
•o
c -2 3
rz ~
3 a
C S
< s> < Sl
O
.8 o
C j w
fO
u
Fatores indutores: Fl,; Fl 2 , ...;FI,
2 - s,
C JZ
rz ~
c

o
> fZ rz
C 5 «
Fatores caracterizadores: FC,; FC2 , ...;FC( c -C 12
« 1> O
~> "ü <-
C 2 £

Figura 4.3. Integração dos diversos indicadores úteis para a análise das perdas.

4 .1 .1 . Indicadores m ensuradores

N o q u e se refere às perdas globais, ocor r en d o na fase d e Pr o d u ção d e um em p r eend im ent o, associadas


ao supr im ent o d e m at eriais, pode- se avaliá- las d o pont o d e vista da ef i ci ên ci a no uso cos recursos
f ísicos ou dos recursos f inanceir os d em and ad os.
No q u e se refere às perdas f ísicas d e m at eriais, as m esm as p o d em ser m ensuradas at ravés d e cif erent es
unid ad es físicas, co m o , por ex em p l o, em m assa. Su p o n d o q u e se ad ot e a form a p er cent ual para expres-
são das perdas, o i nd i cad or d e perda física d e m at eriais g l ob al - I PM Gl o b ( %) - seria ex presso, confor-
m e j á m ost rado no cap ít u l o 2, por:

I P M G I O b W = ( %- Q M T ) x 1 0 0

o n d e:

Q M R = q u an t i d ad e d e m at eriais r ealm ent e necessária,


Q M T = q u an t i d ad e d e m at eriais t eor icam ent e necessária.

Tal i n d i cad or d iz respeit o ao processo co m o um t odo, incluindo- se t odas as et apas do flux ogram a dos
processos.

O i nd i cad or d e perda f inanceir a d e m at eriais global - IPF Gl o b (%) - seria d ef inid o, analogam ent e, por:

i p r Gl o b ( %) = ( Q M ^ MoT M °T ) x 1 0 0

o n d e:

Q M o R = q uant id ad e m onet ária r ealm ent e necessária,


Q M o T = q u an t i d ad e m onet ária t eor icam ent e necessária.

An al o g am en t e ao q u e foi dit o para os recursos f ísicos, o IPF Gl o b ( %) d iz respeit o ao processo d e


p r o d u ção vist o co m o um t odo.

Em bora o ob j et i vo dest e livro seja o d e discorrer f und am ent alm ent e sobre as perdas físicas, não é d if ícil
r el aci on ar as perdas f inanceir as a estas: as perdas f inanceir as glob ais ser iam a co m p o si ção das perdas
est rit am ent e f inanceir as co m as decorrent es d e per das f ísicas (o Qu ad r o 4.1 ex plicit a tal relação, já
apresent ada co n cei t u al m en t e no cap ít u l o 3, p or m ei o d e indicadores).

Qu ad r o 4 .1 . Rel aci on am en t o ent re as perdas f inanceir as e as físicas.

Con f or m e já ilust rado ant er ior m ent e na Figura 3.2, as perdas f inanceir as p od em ser subdivididas em
"est r it am ent e f inanceir as" e "d ecor r ent es d e per das f ísicas".

Supondo- se q ue, n u m cert o processo d e p r o d u ção , 100 unid ad es d e um d et er m i n ad o co m p o n en t e


sej am t eor icam ent e necessárias (recursos físicos) e q u e cad a uni d ad e t enha seu cust o t eórico d e RS
10,00, os recursos f inanceir os t eóricos d em an d ad os al can çar i am a cifra d e RS 1.000,00.
Na p r o d u ção real p od em ter ocor r i d o per das f ísicas d e 1 0 % e perdas est rit am ent e f inanceir as t am b ém
d e 1 0 %; isto levar ia, conf or m e ex em p l i f i cad o abaix o, a perdas f inanceir as glob ais a 2 1 %.

Situação teórica Perdas Situação real

Recursos físicos demandados 100 unidades 10% 110

Custo |>or unidade RS 10,00 10% 11


Recursos financeiros demandados R$ 1.000,00 21% R$ 1.210,00
Percebe- se, p or t ant o, q u e:

1 + I PFGI o b ( %) = / 1 + I PM GI o b ( %) \ x / 1 + IPest r .FGIo b ( %) \


100 V 100 / \ 100 /

o n d e IPest r .FGIob ( %) = p er d a est r i t am ent e f i n an cei r a ex pressa p er cen t u al m en t e.

So b u m p o n t o d e vist a an al ít i co , u m i n d i cad o r d e p er d as d e m at er i ai s g l o b al (I PM GI o b ) p o d e ser que-


b r ad o cm p ar cel as m en or es, na m ed i d a em q u e se t enha seu ír aci o n am en t o ao l on g o das et ap as d o
íl u x og r am a d os p r ocessos da Pr o d u ção (Figur a 4 .4 ). Co m o regra g er al , ap r im or a- se a car act er i z ação d as
p er d as ao lidar- se co m i n d i cad o r es q u e se asso ci em a part es m en o r es d o p r ocesso cu j a ef i ci ên ci a se
q u er m el hor ar .

Recursos: QM R = QM T + AQM c > PRO D U Ç Ã O O Pr od ut os: QS

On d e:
A Q M j = q u an t i d ad e d c m at er iais al ém
d a t eo r i cam en t e necessár ia na et apa i

AQM receb. A QM est o c. ^ A Q M p r o c . int.^ AQM |)r0C. final

A QM m o vj m Cn t ação AQMm 0 vj m cr > Iaçã0 AQMm o vj m cn t ação

A QM p r o d u çào = AQMr eceb . + AQMest oc. + AQM p r o c . int + AQM p r o c . final + A Q M m o v j m e n t Jç ò e s

I PM c i o b . = I PM r 0 c eb . + I PM c s i o c . + ' P M p r 0 c. int. + I PM p r 0 c . final. + IPM m o v i m en t açõ es

Figura 4.4. Decomposição do indicador de perdas de materiais global em indicadores parciais de perdas de materiais, associados
às etapas da fase de Produção.

O s i n d i cad o r es p ar ci ai s d e p er d as p o d em ser bast ant e út eis na l o cal i z ação da p ar t e d o pr ocesso d e


p r o d u ção m ai s su scep t ível às m esm as e q u e, p or t ant o, d ever i a r eceb er u m t r at am ent o esp eci al n o seu
co m b at e. É i m p or t an t e sal i en t ar q u e, em b o r a d esej ável , n em sem p r e é p ossível dispor- se d e t od os os
i n d i cad o r es p ar ci ai s; na m ed i d a em q u e se l evan t ar m ui t os i n d i cad o r es p o d e n ão ser u m a t aref a f áci l ,
m u i t as vez es ut ilizam - se o i n d i cad o r g l ob al e um o u ou t r o p ar ci al (se p ossível , o s associ ad os às et ap as
o n d e se i m ag i n a est ar em os m ai o r es p r o b l em as) para su b si d i ar as d eci sõ es r el at i vas à m el h or i a d a ef ici-
ên ci a d o p r ocesso g l o b al .

H á q u e se i n d i car , t am b ém , u m a p o ssi b i l i d ad e, p or vez es int er essant e, q u al seja a d e su b d i vi d i r o


i n d i cad o r g l ob al p or su b co n j u n t o s d e et ap as da Pr o d u ção . Por ex em p l o , p o d e haver int eresse e m se
d et er m i n ar em as p er d as q u e o co r r em , na ex ecu ção d o r evest i m en t o i nt er no d e p ar ed es co m ar g am assa,
ap ó s a d o sag em e m ist ura d os ag l o m er am o s; nest e caso , o i n d i cad o r t raria i n f o r m açõ es co m r el ação à
m o vi m en t ação f i nal e à ap l i cação p r o p r i am en t e dit a d a ar gam assa.
Co m o co l o cação f i n al , co m r esp ei t o aos i n d i cad o r es m en su r ad o r es, os m esm os p o d em ter dif eren-
t es o b j et o s d e est ud o: o m er cad o (o u um co n j u n t o d e ob r as c o m al g u m a car act er íst i ca co m u m );
u m a d et er m i n ad a ob r a (e, p o r t an t o , u m co n j u n t o d e ser vi ço s); p ar t e d e um a o b r a; u m ser vi ço
esp ecíf i co ; um m at er i al co m p o st o ; o u u m m at er i al si m p l es. A Tab ela 4 .1 ex em p l i f i ca est es dif eren-
t es f o co s dos i n d i cad o r es.

Tabela 4 .1 . Indicador es co m dif erent es ob j et os d e est udo

Foco Comentários
Mat erial na A detecção do nível de perdas vigente na construção de edifícios pode subsidiar
construção decisões de gestão de recursos naturais. Note- se que falar em perdas de materiais em
geral pressupõe a adoção de algum critério para adicionarem- se perdas ocorridas
com objetos de estudo distintos (como, por exemplo, concreto, aço, tijolos etc.)
Areia na obra A areia pode estar sendo usada em diversos serviços, tais com o concretagem,
assentamento de alvenaria, contrapiso etc. Indicadores globais para a obra,
embora permitam menores entendimentos do processo, podem ser úteis como
avaliação expedita do processo de produção.
Concreto em t: usual detectarem- se níveis de perdas de concreto menores para andares tipo, em
diferentes porções com paração com andares atípicos, de um edifício de múltiplos pavimentos.
do edif ício Tal tipo dc informação pode ser útil para a definição de cuidados adicionais
toda vez que houver uma expectativa dc perdas superior para uma dada
porção da obra por executar.
Placas cerâm icas A distinção das perdas de um certo material/ componente por serviço aprimora a
no revestimento cie informação do indicador. Por exemplo, as perdas de placas cerâmicas podem ser de
paredes internas magnitudes diferentes no que se refere a paredes, pisos e fachada.

Argamassa Ainda que se esteja produzindo a argamassa, a ser usada no contrapiso, com base em
na ex ecução do cimento e areia, a disponibilização de um indicador para o material composto
contrapiso gerado (a argamassa) pode ajudar bastante a avaliar as perdas cm etapas específicas
do processo global. Neste caso, por exemplo, pode- se ter informações mais
elucidativas quanto à aplicação final, que denotem possíveis falhas na espessura
final da cam ada aplicada.

Cimento para o Ainda que o material final participante de um serviço seja composto (neste caso, a
revestimento argamassa de revestimento interno), os indicadores associados aos materiais simples
interno de paredes que o compõem podem incluir informações adicionais, tais como a relativa à
eficiência no recebimento, estocagem, dosagem e mistura dos mesmos antes de se
gerar o material composto.

4 .1 .2 . Indicadores ex plicadores

Em bora o ír aci on am en t o dos ind icad or es m ensuradores já em but a uma cert a d ose d e ex p l i cação das
perdas, out ros i nd i cad or es p od em aux iliar na tarefa d e se ent ender m elhor as razoes para ter- se alcan-
çad o o nível d e per das const at ado, f acilit and o um futuro co m b at e dos m aus d esem p enhos event ual-
m ent e det ect ados; tais ind icad or es são aq u i d en om i n ad os ind icad or es ex p licad or es d as perdas.

Discut em - se, neste tex to, as seguintes classes d e indicadores ex plicador es (Figura 4.5): natureza percent ual;
fat ores quant it at ivos; fatores indut ores; e fatores car act er izador es.
Os indicadores de natureza percentual aum ent am a ex plicação dos motivos que podem ter levado a um certo
nível de perdas, na m edida em que indicam as parcelas d e perdas encontradas sob cada natureza: furto,
ent ulho ou incorporação. O Depoim ent o 4.1 registra o indicador de natureza percentual, estimado pelo autor,
para a construção do edifícios em geral, e o tipo de subsídio à tomada d e decisões que ele pode trazer.

Depoimento 4.1. Indicador de natureza percentual para as perdas de materiais na construção.

Com base em um amplo estudo coordenado pelo autor, estimaram- se as frações relativas a cada uma das
naturezas de perdas na construção dos edifícios analisados. Embora em situações específicas o furto
possa ser relevante, ao se estimar o seu valor médio para um ex tenso conjunto de obras, não se detectou
relevância digna de nota. Portanto, apresentam- se, a seguir, os valores para as perdas de materiais na
Construção, separados em:

• perdas por entulho = 30%,


• perdas incorporadas = 70%.

Note- se que, embora ex ista uma grande preocupação com as perdas por entulho (totalmente justificável
por razões já comentadas neste próprio livro), fica uma recomendação para que não se esqueça de atuar
também com relação às perdas incorporadas que, para vários serviços, pode representar uma fração bem
mais relevante que a da perda por entulho.
Os ind icad or es quant it at ivos b uscam um incr em ent o na ex p l i cação das perdas at ravés da m ensur ação
d e caract eríst icas, d o produt o ob t id o, dir et am ent e cor r el aci on ávei s ao nível d e perdas det ect ado. Assim
é que, por ex em p l o: ao se m ensurar a var i ação p er cent ual da espessura de revest im ent os d e argamassa
da f achad a, chega- se a um val o r q ue, nor m alm ent e, t em forte associ ação co m o i n d i cad or d e perdas d e
argam assa d e revest im ent o; ao se q u an t i f i car o vo l u m e p er cent ual d o co n cr et o q u e rest ou sem ser
ap l i cad o ao f inal d e um a concr et agem , tem- se um a forte cor r el ação co m a perda no r ecebim ent o; ent re
out ros. O s i nd i cad or es quant it at ivos, port ant o, são aq uel es que, al ém d e est arem ap on t an d o <is f orm as
d e m anif est ação das perdas, est ão t am b ém i n d i can d o part e do seu valor.

No caso dos fatores indut ores e dos car act er iz ad or es, a q u an t i f i cação das per das n or m al m en t e não está
present e, e sim , discut em - se razões (causas, origens, cont ex t o t ecn ol óg i co) para se ter um a m aior ou
m enor ex pect at iva q uant o ao nível d e perdas. Co m o ex em p los d e fat ores indut ores, podem- se cit ar: a
inex ist ência o u p r ecar i ed ad e de p r oced im ent os d e p r od u ção; a falta d e t reinam ent o dos operários; et c.
No caso dos car act er iz ad or es, podem - se cit ar, co m o ex em p l os: o t ipo d e f erram ent a adot ada para
ap l i car a argam assa no assent am ent o d e al ven ar i a (bisnaga, palet a o u col h er de pedr eir o); o t ipo d e
f or necim ent o d e b l ocos ad ot ad o (palet izados ou soltos); o uso d e aço pré- cort ado/ dobrado ou de barras
d e 12 m et ros para o ser vi ço d e ar m ação ; et c. Assim , os fatores indut ores e car act er iz ad or es procuram
registrar as co n d i çõ es associad as ao ser vi ço q u e possam represent ar: possíveis causas o u origens das
perdas, no caso dos indut ores; o u as caract eríst icas t ecnol óg i cas associáveis a ex pect at ivas distintas d e
ocor r ên ci a das perdas, no caso dos car act er iz ad or es. O co n h eci m en t o da inf luência d e t ais fatores no
est ab elecim ent o das per das t alvez seja a p r i nci p al i n f or m ação q u e o gestor p od e ter para analisar o
ef eit o, sobre as perdas, das vár i as alt ernat ivas d e t ecnologia e gest ão, associadas ao processo d e concep -
ção e d e p r o d u ção das obras d e const r ução.

4 .2 . EST U D O S JÁ REALI Z AD O S SO BRE O A SSU N T O

Este it em não t em a pret ensão d e fazer um levant am ent o com p l et o sobre t odos os est udos já ocorridos
a respeit o das per das d e m at eriais, m as de, sim plesm ent e, cit ar aq u el es q u e o aut or considera serem
m ai s ilust rat ivos d o t em a, t ant o int er nacional q uant o n aci on al m en t e. Ser ão cit ad os t rabalhos q u e se
car act er i z em por apresent ar val or es para os ind icad or es d e per das físicas, os q uais ser ão apresent ados
r esum idam ent e, co m o int uit o d e se m ostrar os diagnóst icos q u e vêm send o registrados sobre o assunt o.
Note- se q u e tais ind icad or es nascer am d e m et odologias e co b r em escop os var i ávei s m as, na m edida d o
possível, tenta- se i nd i car tais d if er enças para f acilit ar o ent end i m ent o por part e d o leit or (a leitura dos
t rabalhos or iginais é r eco m en d ável para sanar event uai s d úvi d as d aq u el es q u e car ecer em d e um dom í-
nio m ais ap r of und ad o d as inf or m ações cit adas).

4 .2 .1 . Cenário internacional

A lit er at ur a i n t er n aci o n al , co n t em p l an d o p r ed o m i n an t em en t e t r ab al h o s r eal i z ad o s em países de-


sen vo l vi d o s, acab a, at u al m en t e, sen d o d o m i n ad a p or t r ab al h o s q u e, q u an d o d escr evem ind icad o-
res sob r e p er d as, n o r m al m en t e p r i vi l eg i am a an ál i se da per da p or en t u l h o , t endo- se i n cl u si ve um
d est aq u e esp eci al p ar a r esíd uos r el aci o n ad o s à p r óp r i a em b al ag em dos m at er i ai s e co m p o n en t es
en t r eg u es nos can t ei r o s. Tal si t u ação se d eve, na o p i n i ão d o aut or, ao car át er d os pr ocessos d e
p r o d u ção vi g en t es nesses países, m ai s acen t u ad am en t e d e m o n t ag em d e par t es pr é- f abr icadas q u e
d e m o l d ag em ; co m ist o, a p er d a i n co r p o r ad a p er d e i m p o r t ân ci a ant e o q u e se ver i f i ca q u an d o a
m o l d ag em "i n l o co " é ai n d a r el evan t e.

Dent r o dest e cont ex t o, em b or a out ros t r abalhos ven h am sendo realizados, destaca- se, por sua const an-
t e ci t ação p elos pesquisador es em ger al, ai n d a q u e bast ant e ant igo, o ex t enso e int enso t rabalho com an-
d ad o por Sk oyl es (1 9 7 6 , 1978, 1987).

Tr ab alhand o co m o assunt o, no Rei n o Un i d o , por vár i os anos, p od e ser con si d er ad o um dos m aior es
est udiosos das per das d e m at eriais no m und o. A Tabela 4.2 traz um resum o dos i nd i cad or es de perdas
d et er m inad os por Sk oyles. Note- se q ue, em b or a já se m ost rem não desprezíveis, tais indicadores repre-
sent am essencialm ent e a perda por ent ulho (m ot ivo m aior da pesquisa d e Sk oyles). O autor, ac analisar
seus indicador es, ch am a a at en ção para alguns aspect os, dos quais cab e aq ui dest acar: q u e as perdas são
m ais el evad as d o q u e se esp er ava, super ando, m uit as vezes, aq uel as q u e são em b ut id as nos orçam ent os,
o q u e p o d e signif icar um risco d e insucessos em em p r eend i m ent os, na m ed id a em q ue se p od er i a
chegar a cust os superiores àq ueles consi d er ad os ao se prever o p r eço a ser cob r ad o dos cont rat ant es;
q u e as per das var i am bast ant e d e can t ei r o para can t ei r o, o q u e faria supor q u e ex istem p r ob l em as
passíveis d e serem com b at i d os (t endo em vista q u e algum as obras conseg uem ter per das bem baix as),
vi san d o m i n i m i z ar as perdas. Tais duas consid er ações, q u e ser vir am para os d ad os brit ânicos, p od em
ser, cert am ent e, transferidas para o cen ár i o brasileiro, co m o se verá m ai s à frente.

Tabela 4 .2 . Val or es das per das d e m at eriais por ent ulho, baseadas no est udo em 1 14 cant eiros d e
obras (SKOYLES, 1976)

M at erial N u de Faixa de variação índice de perdas ( %)


canteiros dos resultados ( %) Real Usual'

Concreto em infra- estrutura 12 3 a 18 8 2.5

Concreto em superestrutura 3 - 2 2.5

Aço 1 - 5 2.5

Tijolos comuns 68 1 a 20 8 4.0

Tijolos à vista 62 1 a 22 12 5.0

Tijolos estruturais vazados 2 - 5 2.5

Tijolos estruturais m aciços 3 9 a 11 10 2.5

Blocos leves 22 1 a 22 9 5.0

Blocos de concreto 1 - 7 5.0

Telhas (inclusive de cum eeira) 1 - 10 2.5

Madeira - tábuas 3 12 a 22 15 5.0

Madeira - compensados 2 - 15 5.0

Rev. Argamassados - paredes 4 2 a7 5 5.0

Rev. Argamassados - tetos 4 1 a4 3 5.0

Rev. Cerâm icos - paredes 1 - 3 2.5

Rev. Cerâm icos - pisos 1 - 3 2.5

Tubos cobre 9 - 7 2.5

Tubos PVC 1 - 3 2.5

Conexões de cobre 7 - 3 -

Vidro - chapas 3 - 9 5

Janelas pré- envidraçadas 2 - 16 -

4 .2 .2 . Cenário nacional

Vár i as pesquisas, ex ecut adas t ant o pelos pesquisadores acad êm i co s quant o p el o m ei o profissional, t êm
sido d esen vol vi d as em t orno d e um assunt o q ue, em f u n ção d e alg um as d i vu l g ações não p r ecisas d e
ind icad or es no passado, t roux e cel eu m as e a cr i ação d e m it os q ue d i f i cu l t avam sua discussão.

fm ornamentação, no Reino Unido, na época th trabalho de Skoyles.

Co m o r ed u z i r j> erdas n o s can t ei r o s


Feliz m ent e, um con j u n t o d e t rabalhos t êm , cad a vez m ais, t or nad o a discussão dos ind icad or es d e
perdas m enos um a desculpa para cr ít icas descom pr om issadas ao Set or e m ais um instrum ento d e refe-
r ência para o p l an ej am en t o d e açõ es para sua m el hor i a con t ín u a. Den t r e t ais t rabalhos, este aut or
gost aria d e dest acar três: Pint o (1 9 8 9 ); So i b el m an (1 9 9 3 ); e Ag op yan ; Souz a; Paliari; An d r ad e (1998)),
q u e serão discut idos r esum id am ent e a seguir.

O t rabalho d e Pint o (1989) é considerado, por este autor, uma espécie d e m arco d e referência para o
incent ivo e o uso dos indicadores a fim d e avaliar as perdas d e m at eriais na const rução. Em bora baseando-
se no estudo d e uma única obra de const rução d e edif ícios, e t rabalhando predom inant em ent e com base
em quant it at ivos ad vi nd os da análise d e notas fiscais e d e projet os (e m enos da ob ser vação cont ínua em
cam p o), o t rabalho reúne um conj unt o de inf orm ações ricas e pioneiras para discut ir as perdas de materi-
ais nos cant eiros. A Tabela 4.3 resum e os indicadores det erm inados por Pint o, que, assim com o os d e
Sk oyles, m ostram um cenár io d e perdas físicas não desprezíveis (note- se q u e os valores são bastante m ais
elevad os q u e os da Tabela 4.2, em part e porque, agora, as perdas por incor por ação foram consideradas).

Tabela 4 .3 . Ind icad or es d e per das d e m at eriais apresent ados por Pint o (1989).

Materiais Perda detectada ( %) Expectativa usual de perda* (%)

Madeiras em geral 47,5 15

Concreto usinado 1/ 5 5

Aço CA 50/ 60 26,0 20

Componentes de vedação 13,0 5

Cimento CP 32 33,0 15

Cal Hidratada 102,0 15

Areia lavada 39,0 15

Argamassa colant e 86,5 10

Placas cerâm icas - parede 9,5 10

Placas cerâm icas - piso 7,5 10


* segundo opinião d e Pint o, indicada no seu t rabalho referendado.

So i b el m an (1 9 9 3 ) registra t r ab alho r eal i z ad o na UFRGS, o n d e se t em um con j u n t o d e obras m ai or


sendo est udado (5 obras), co m um a m et odologia m ais d et alhad a e co m m ai or q u an t i d ad e d e verif ica-
ções d e cam p o . Os result ados da pesquisa, m ost rados r esum id am ent e na Tabela 4.4, m ost ram , t am bém ,
um cen ár i o d e perdas f ísicas el evad as e d enot am a ex ist ência d e grandes var i açõ es dos indicadores d e
perdas ao se com p ar ar em cant eir os d e obras dif erent es.

Tabela 4 .4 . Ind i cad or es per cent uais d e perdas d e m at eriais apresent ados por So i b el m an (1993).

M at erial Obras Média


A B C D E
Aço 18,8 27,3 23,0 7,9 18,3 19,0

Cim ent o 86,1 45,2 36,5 109,8 135,4 82,6

Concret o 5,7 17,2 - 15,9 - 12,9

Ar eia 24,6 29,7 - 133,3 43,8 44,4

Argamassa 103,0 87,5 40,4 152,1 85,0 93,6

Tijolo Furado - 8,2 93,3 33,6 107,3 5C,0

Tijolo Maci ço 43,5 15,2 - 47,2 109,9 54,0


Mai s recentem ente, em um grande projeto d e pesquisa coordenado pelo Depart am ent o d e Engenharia de
Const rução Ci vi l da Escola Polit écnica da USP (PCC- USP), com a parceria d e pesquisadores de outras 15
Uni ver si d ad es(UEFS, UEM A , UN IFOR, UFBA , UFC, UFES, UFM G, UFPB, UFPI, UFRGS, UFRN , UFS, UFSCar ,
UFSM , UPE), e co m o ap oio da FINEP - Programa Habit are e do Senai, estudaram- se 19 materiais, em por
volt a d e 100 cant eiros cie obras, espalhados por 12 estados brasileiros, buscando- se um diagnóstico cada
vez m ais ex tenso e preciso quant o aos indicadores d e perdas na const rução de edifícios. A Tabela 4.5 reúne
as m édias e m edianas das perdas det erm inadas para as várias obras e para os principais serviços estudados.

Tabela 4 .5 . Ind icad or es d e perdas d e m at eriais d et er m inad os na pesquisa Finep/ Senai (Agopyan et alii,
1998; Souza et alii, 1 9 9 9 ): a) para os m at eriais na ob r a; b) para o ci m en t o na ex ecu ção d e em b o ço
int erno e ex t erno e em cont rapiso; c) para m at eriais sim ples ut ilizados em out ros serviços.

a)
M at erial Valor da perda Número de casos
na obra média ( %) mediana ( %) mínima ( %) máxima ( %) estudados
Areia 76 44 7 311 28

Saibro 182 174 134 247 4

Cim ent o 95 56 6 638 44

Pedra 75 38 9 294 6

Cal 97 36 6 638 12

>)
Serviço Valor da perda Número de casos
Média ( %) Mediana ( %) Mínima ( %) Máxima ( %) estudados
Emboço Interno 104 102 8 234 11

Emboço Externo 67 53 - 11 164 8

Contrapiso 79 42 8 288 7

c)
M at erial Serviço Valor da perda Número
Média Mediana Mínim a Máx im a de casos
( %) ( %) ( %) ( %) estudados
Concreto usinado Estrutura 9 9 2 23 35

Aço Estrutura 10 11 4 16 12

Blocos e tijolos Al venar i a 17 13 3 48 37

Eletrodutos Elét rica 15 15 13 18 3

Condutores Elét rica 25 27 14 35 3

Tubos PVC Hidráulica 20 15 8 56 7

Placas cerâm icas Revestimento cerâm ico 16 14 2 50 18

Cesso Revestimento com gesso 45 30 - 14 120 3

O s result ados dest e t rabalho per m it em tecer- se as seguint es consid er ações:

• con f i r m an d o os result ados d e out ros t rabalhos, encont raram - se valor es d e per das físicas bastan-
t e relevant es;
• t am b ém se det ect ou q u e as perdas são bast ant e var i ávei s d e obra para ob r a;
• os m at eriais básicos, q ue passam por um processo d e dosagem e m istura, para serem posteriorm ente
subm et idos a processo d e m old agem na obra, são m ar cad os pelos m aiores valor es d e perdas;
• os m at er i ai s usados na est rut ura ap r esen t am val o r es d e p er d as inf er ior es ao s r el at i vos aos reves-
t im ent os (um a d as r az ões p r o vávei s para isto é o f at o d e os r evest im ent os even t u al m en t e t er em
d e "r eso l ver " f alhas d e q u al i d ad e d e p r od ut o d os subsist em as ant er ior es);
• o co r r em gr and es p er d as d e ar gam assa na ex ecu ção d e r evest im ent os;
• os sist em as p r ed i ai s f oram t am b ém m ar cad o s por p er d as n ão d esp r ez ívei s;
• a d et ecção das perdas no nível dos ser viços p ar ece b em m ai s esclar eced or a q u e no n ível da ob r a.

4 .3 . I N D I C A D O RES D E PERD AS D E M AT ERI AI S PARA A C O N ST RU Ç Ã O D E ED I FÍ C I O S

Co m base na est rut ura d e i n d i cad o r es propost a no it em 4 .1 e n u m b an co d e d ad os q u e r eú n e por vol t a


d e 150 ob r as est ud ad as (as d o Pr oj et o Finep / Senai e m ai s u m as 5 0 ob r as est ud ad as n o âm b i t o d o PCC-
USP co m m et od ol og i a co m p at ível ) são, a seguir, ap r esent ad os i n d i cad o r es q u e, se acr ed i t a, possam
ser vir d e r ef er ência i n i ci al para a d iscussão d as p er d as d e m at er iais nos can t ei r os d e ob r as d e ed i f íci os.

4 .3 .1 . Indicadores m ensuradores

a) In d i cad o r es d e p er d a geral d e m at er iais

Sup ond o q u e existisse um a obra q ue tivesse perdas físicas, nos serviços q ue consom em significativas quantida-
des d e m ateriais (concret agem , arm ação, alvenaria, revestimentos internos e d e f achada co m argamassa, reves-
timentos co m gesso, revestimentos cerâm icos e contrapiso), no nível dos valores m edianos determ inados no
estudo d e por volta d e 150 obras d e const rução d e edifícios, o autor est im ou a massa total d e perdas e com pa-
rou- a co m a massa t eoricam ent e necessária para produzir tal edif ício. Co m isto, foi [X)ssível fazer uma estima-
tiva d o indicador d e perda global d e materiais para o m ercado d e const rução. Ainda co m base nas perdas físicas
para t al edif ício hipot ét ico, o autor valorou tais perdas (estim ando as perdas financeiras decorrentes de perdas
físicas) e t am bém valor ou os materiais t eoricam ent e necessários para a pr odução d e tal edif ício; a com par ação
destes dois valores perm itiu o cál cu l o da perda financeira percent ual decorrent e da perda física.

A Figura 4 .6 ilustra o r aci o cín i o ad ot ad o, q u e l evo u aos seguint es i n d i cad or es:

Indicador de perda física de m ateriais para o m ercado form al de const rução de edifícios: = 2 5 %
(percent ual em massa de m ateriais)

Indicador de perda f inanceira, d ecorrent e da perda física de m ateriais para o m ercado form al de
const rução: = 1 0 % (custo dos m at eriais perdidos em relação aos t eoricam ent e necessários)

Portanto, [> ercebe- se que, d o |5onto d e vista físico, as perdas d e materiais são bastante elevadas, devendo- se ter
um a cont ínua int ervenção, na Produção, visando alcançarem - se (ou manterem- se) níveis eficient es de utiliza-
ção dos materiais, o q u e se reveste d e grande im port ância ant e a enor m e relevância da Const rução Ci vi l
enquant o consum idora d e m at eriais (conf or m e já discut ido ant eriorm ent e). Há q u e se lembrar, conf orm e
t am bém já com ent ado, que se está f alando d e perdas e não d e desperdício, o q ue p od e sugerir (e trata- se d e
pura verdade) q ue não necessariam ente seja viável elim inar toda a perda. I lá t am bém q ue se lembrar q ue
calcular perdas pressupõe a def inição d e referência para perda nula, que t am bém está sujeita a divergências
entre diferentes gestores. D e qualquer m aneira, o indicador d e perdas físicas para os materiais claram ent e
indica que há espaço para um a at uação pró- ativa no sentido d e aum ent o da ef iciência no uso dos materiais.

D o pont o d e vista f inanceiro, o indicador cal cu l ad o mostra, t am bém claram ent e, q u e se está longe de ter um
desperdício q u e se apr ox im e d o cen ár i o proposto pela tal frase relativa a "jogar- se fora 1 pr édio a cad a 3
const ruídos": o indicador d e perdas f inanceiras d e 1 0 %, supondo- se q ue os m at eriais representem 5 0 % d o
cust o da obra, significaria estar- se lidando co m 5 % d o cust o da m esm a. N o ent ant o, apesar d e isto significar
um al ívi o para todos os profissionais da const rução, não se d eve deix ar d e perceber o grande risco q u e t al
nível d e perda f inanceira p od e significar para os produt ores d e obras: em f ace d o at ual m er cad o competiti-
vo, 5 % d o cust o d e um a obra representa um a f ração ex t rem am ent e significativa para o sucesso d o construtor.
R$ (QM 0 R) c£> Material (QMR) O PRODUÇÃO

QMqT + AQM 0 QMT +

I J
KQMTj x IPj x _R£_)zyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSRQPONMLJIHGFEDCBA
I QM T íx I P í
edifício hipotético
QMi
Onde:
QM q R = quantidade monetária realmente necessária
QM R = quantidade de material realmente necessário - Tipologia convencional habitacional
QMoT = quantidade monetária teoricamente necessária - Estrutura de concreto armado
A QM C = perda monetária - Alvenaria de blocos de vedação
QMT = quantidade de material realmente necessário - Revestimentos internos e de fachada
QM = perda de material com argamassa
QMTj = quantidade de material i teoricamente necessário - Revestimento de gesso cm áreas secas
IPi = indicador de perda global do material i - Revestimentos cerâmicos de piso e parede
R$ = custo por unidade monetária nas áreas molhadas
QMj - Contrapiso interno de argamassa

Fi g u r a 4 .6 . Il u st r ação <l<) r aci o cín i o ad o t ad o p ar a est i m at i va d o s i n d i cad o r es p ar a o m er cad o < ie Co n st r u ção .

Portanto, a redução das perdas d e m at eriais é ex t rem ent e desej ável, tanto d o pont o d e vista da busca da
sust ent abilidade da const rução quant o da com p et it ivid ad e das em presas d e const rução.

b) Indicadores globais d e perdas d e m at eriais por serviço

A Tabela 4.6 reúne as perdas d e m at eriais para alguns serviços d e const rução. Note- se q u e são apresen-
tados os valor es m ínim o, m ed iano e m áx im o det ect ados no conj unt o d e obras com p on d o o banco d e
dados do autor. A idéia d e se apresent arem faix as d e valores é bastante útil para fins de se criarem
ref erências d e desem penho, na m edida em q ue se t êm os valores ex t rem os das perdas bem co m o o
val or m ais presente no m ercado.

Tabela 4 .6 . Indicadores d e perdas d e m at eriais por serviço.

Mat erial/ com ponent e Valor das perdas ( %)


m ínim a mediana máxima
Concreto usinado 1 9 33

Aço 0 10 16
Blocos/ tijolos 0 10 48
Argamassa para revestimento interno de paredes 8 102 234

Argamassa para revestimento de fachada - 1F 53 164

Argamassa para contrapiso 8 42 288


Pasta de gesso 30 120

Placas cerâm icas 1 13 50

' Valor negativo de fterda significa em r/(/c> se utilizou m enos material que o teoricamente necessário; como regra, uma ocor r ência deste íi/ x>
é indesejável, já que se estaria usando menos material rjue o prescrito no projeto.
' tdem nota de rodafH? anterior.
c) Ind icad or es d e per das p ar ci ai s d e m at eriais

Apresent am - se, aq ui, est im at ivas d e valor es d as per das por et apa da fase d e Pr o d u ção (em alguns casos,
levando- se em cont a a p or ção da obra em discussão ou um a esp ecíf ica f orm a d e m anif est ação), q u e
nascer am d e um a aval i ação baseada em ind icad or es p ar ci ai s d i sp onívei s para alg um as obras (mas não
para t odas as est udadas) e nas op i n i ões d e vár i os dos pesquisadores q u e at uar am na pesquisa Finep/
Sen ai . Co m o p r i n cíp i o para se def inir em as perdas para cad a f r ação em q u e foi d i vi d i d o o processo
global, a perda m ed i ana d e um a m at erial, num cer t o ser viço, foi dist ribuída dent re estas vár i as parcelas.

As Tabelas 4.7 a 4 .1 0 ilust ram t ais i n d i cad or es para os seguint es m at eriais: con cr et o, aço , b locos e
argam assa d e cont r apiso.

Tabela 4 .7 . Ind icad or es d e perdas par ciais p er cent uais para o con cr et o usinado (%).

Perda global
9,0

recebim ent o transporte laj es vigas sobras outros

1,5 1,0 3,0 1,5 1,0 1,0

Tabela 4 .8 . Indicadores d e perdas parciais percent uais para o aço para estruturas d e concr et o arm ado {%).

Perda global
10

recebim ent o desbitolamento cort e Traspasse excessivo

0 0 8 2

Tabela 4 .9 . Ind icad or es d e perdas p ar ciais per cent uais para os b l ocos para alvenar ia (%).

Perda global
13

recebim ent o est ocagem transporte ap l i cação

1 3 4 5

Tabela 4 .1 0 . Ind icad or es d e perdas p ar ciais p er cent uais para a argam assa para cont r ap iso (%).

Perda global
42

dosagem transporte sobrespessura ent ulho

4 1 34 3

4 .3 .2 . Indicadores ex plicadores

Nest e item, para cada um dos quatro grupos de indicadores ex plicadores, indica- se um ex em plo para um
m at erial específ ico, co m base em inf orm ações representando um conj unt o ex tenso d e obras. Com isto,
imagina- se fomentar a futura geração d e indicadores, para cada caso específ ico para o qual o leitor tenha d e
ex plicar as perdas ocorridas, na m edida em q ue diferentes situações associam- se a diferentes ex plicações.
a) Ind i cad or d e nat ureza p er cent ual

Co m base no est udo d e diversas ob r as d e revest im ent o int erno d e paredes, pode- se co n cl u i r q u e as
per das d e argam assa, ocor r en d o ap ós seu processam ent o int erm ediário, se apresent am d e acor d o co m
os seguint es i nd i cad or es d e nat ureza p er cent ual:

• i n cor p or ação: 7 9 %,
• ent ulho: 2 1 %.

Este t ipo d e i n f or m ação é út il para ent ender q u e ações vi san d o m i n i m i z ar per das por incor p or ação
(co m o , por ex em p lo, ter p r oced im ent os para garant ia d e esquadro ent re paredes cont íguas) p od em ter
ef eit os signif icat ivos na r ed u ção da perda t ot al.

b) Ind icad or es quant it at ivos d e perdas

A Tabela 4.11 ilustra a cor r elação ex istente ent re indicadores ex plicadores quant it at ivos (no caso, a varia-
ção percent ual da espessura d e lajes d c concr et o) co m as perdas globais d o m at erial. No ex em plo, perce-
be- se q u e as obras o n d e se det ect aram var iações percent uais d e espessura (det erm inadas por m eio da
m ed i ção am ost rai das espessuras reais das lajes e com p ar ação destas co m as espessuras prescritas no
projet o estrutural de fôrmas) m aiores t iveram perda global d e concr et o t am bém m aiores.

Tabela 4 .1 1 . Ind i cad or es d e var i ação p er cent ual d e espessura d e laj es e perdas glob ais de concr et o para
29 obras.

Variação percentual da espessura das lajes Perda global de concreto mediana


<= 5 % 6%

> 5% 11%

c) Ind icad or es indut ores d e perdas

A Tabela 4 .1 2 procura mostrar a i n d u ção q u e alguns fatores p od em ter sob r e a ocor r ên ci a d e m aiores
o u m enor es per das d e um cer t o m at er ial. N o ex em p l o apresent ado, d ois fat ores indut ores são propost os
para ex p l i car as perdas d e p l acas cer âm i cas ut ilizadas para revestir paredes e pisos. Qu an t o ao p r im eir o
deles, q u al seja, a p or cent agem d e p l acas cort adas no revest im ent o ex ecut ad o, se im agina que, quant o
m aior ela for, m aior será a perda glob al, na m edida em q u e a o p er ação d e cor t e em b u t e um risco d e
perda p ar ci al ou total da p l aca. Qu an t o ao segundo, o t am an h o da p l aca, im agina- se q ue, quant o m aior
ela for, m aior será a perda esperada, já q u e cada p l aca perdida signif ica um a área m aior d e p l acas
cer âm i cas per dida. A Tabela 4 .1 2 registra o ef eit o con j u n t o dos dois fatores, coer en t e co m as ex plica-
çõ es cit adas, a part ir d e um con j u n t o d e result ados reais d e obras est udadas na pesquisa Finep/ Senai.

Tabela 4 .1 2 . Perdas glob ais d e p lacas cer âm i cas, em revest im ent os d e pisos e paredes, em r el ação aos
seguint es fat ores ex p licad or es indut ores: % d e p l acas cor t adas e t am an h o das p l acas cer âm icas.

Peças cortadas Tamanho da placa Perdas globais - piso Perdas globais - paredes
(PC) (cm x cm) ( %) (%}
PC< = 2 0 % <= 20 x 20 5 8

> 20 x 20 8 13

2 0 % < PC< = 40% <= 20 x 20 18 14

> 20 x 20 26 21

40%< PC< = 60% <= 20 x 20 18 13

> 20 x 20 27 29
d) Ind i cad or es car act er iz ad or es

A Tabela 4.13 mostra co m o dif erent es p r oced i m ent os para a ex ecu ção d e um ser vi ço p od em inf luenciar
o val o r d as perdas. Registra per das inf eriores d e con cr et o para concr et agens ex ecut ad as f azendo uso d e
eq uip am ent os m ais precisos na op er ação d e n i vel am en t o sup er f icial dos com p on en t es sendo m oldados
(o uso d e eq u i p am en t o laser ou d e nível al em ão traz m elhor result ado q u e o t r abalho co m a t r ad icional
m angueira d e nível). Port ant o, um i n d i cad or car act er iz ad or p od e b al i z ar a ex pect at iva d e perdas f act íveis
para um a det er m inada sit uação.

Tabela 4 .1 3 . A var i ação d as per das d e co n cr et o em f u n ção d o i n d i cad or car act er i z ad or r eat i vo ao
eq u i p am en t o aux iliar da o p er ação d e nivelam ent o d as laj es sendo m oldadas.

Caracteriz ação da operação de nivelamento Mediana da perda global


das lajes sendo moldadas de concreto
Uso de nível laser ou nível alemão 7%

Ut ilização de mangueira de nível 10%

RESU M O

• Os ind icad or es do perdas per m it em um a discussão m ais ob j et iva {o, port ant o, m ais ef icaz) d o
d esem p enho q uant o ao uso d e m at eriais na p r od ução.

• Os ind icad or es p od em ter t ant o um carát er m ais m ensurador das perdas ocor r i d as quant o um
m ais ex p l i cat i vo das m esm as.

• Dent r e os ind icad or es m ensuradores das perdas d e m at eriais, podem - se cit ar: os i nci cad or es
globais d e perdas (f ísicos e f inanceir os decor r ent es d e perdas físicas), q u e aval i am as perdas
ocor r id as co m r el ação ao processo total d e uso d o m at erial na ob r a; os ind icad or es p ar ciais d e
perdas, q u e aval i am as perdas ocor r id as no âm b it o d e p ar celas (et apas ou subgrupo de et apas)
d o pr ocesso d e Pr o d u ção .

• O grupo dos i nd i cad or es ex p l i cad or es é com p ost o pelos: d e nat ureza p er cent ual, q ue servem
para i nd i car a p or cent agem das perdas ocor r id as sob cad a um a d as dif erent es nat urezas possí-
vei s (furto, en t u l h o e i ncor p or ação); fatores quant it at ivos, q ue, ao q uant if icar f orm as de m ani-
f est ação, n or m al m en t e d enot am q u an t i f i cação das perdas; fatores indut ores, q u e se associam ,
usualm ent e, a causas ou or igens d as per das e, port ant o, a razões para se esperarem m aiores ou
m enor es perdas d o m at er ial; fatores car act er izador es, os q uais, d an d o inf or m ações sobre aspec-
tos da t ecnologia q u e será ad ot ad a, f acilit am a d ef i n i ção d a ex pect at iva quant o a um a m aior ou
m enor perda.

• Vár i os est udos têm sido feit os p r op i ci an d o valor es para os ind icad or es m ensuradores das per-
das. N o cen ár i o int er nacional destaca- se a pesquisa d e Sk oyles q ue, t endo p or p r incip al f oco as
perdas por ent ulho, m ost rou q u e os ind icad or es d e perdas no Kei n o Un i d o nao er am desprezí-
veis e sob r ep u j avam as ex p ect at ivas em b ut id as nos or çam ent os. N o Brasil, os t rabalhos d e Pin-
to, Soi l b el m an et alii e Agopyan/ Souza et al i i m ost raram ind icad or es d e perdas físicas glob ais
por ser vi ço el evad o s e dist ribuídos em largas f aix as d e valor es (a d ist ância ent r e os val or es
m ín i m o e m áx im o é signif icat iva).

• U m con j u n t o d e i nd i cad or es h i er ar q u i cam en t e dispost os (i n d i cad or es m ensuradores globais e


p ar ci ai s e i n d i cad o r es ex p l i cad o r es d e n at u r ez a p er cen t u al , q u an t i t at i vo s, i n d u t o r es e
car act er iz ad or es) p o d e ser út il co m o ref erência para q uai sq uer açõ es r elat ivas à gestão dos
m at eriais vi sand o à m i n i m i z ação das per das na p r od ução.
• Os ind icad or es d e per das p od em se referir ao m er cad o (con j u n t o d e obras), a um a obra especí-
f ica, a um a part e da obr a, a um grupo d e serviços, a um ser viço det er m inado, a um m at erial
com p ost o ou a um m at er ial sim ples.

AT I V I D AD ES CO M PLEM EN T ARES

Co n f o r m e ci t ad o neste cap ít u l o, ter- se um co n j u n t o d e i n d i cad or es h i er ar q u i cam en t e arranjados, e


co n t em p l an d o t ant o a m ensur ação q uant o a ex p l i cação das perdas, representa um im port ant e r ef er encial
para se discut ir a gestão dos m at eriais. Dent r o dest e cont ex t o, para o caso dos b l ocos e/ ou t ijolos usados
no ser vi ço d e ex ecu ção d e al ven ar i a, nas co n d i çõ es vigent es nos cant eir os d e obras d e uma em presa
q u e vo cê co n h eça, pede- se:

a) i n d i q u e uma faix a d e valor es (i n d i car os valor es m ín i m o, m ed i an o e m áx im o) esperada para a


perda glob al d e com p onent es;
b) ind iq ue as et apas da Pr o d u ção relat ivas ao ser vi ço glob al e ap on t e as perdas parciais (com base
no val or m ed i an o da perda glob al) q u e vo cê esperaria para cad a et ap a;
c) co m base na ex p er i ên ci a ad q uir id a no cap ít u l o 3, co m r el ação às dif erent es nat urezas das
perdas, ex presse sua ex pect at iva quant o à nat ureza p er cent ual da perda m ed i an a;
d) co m base na ex p er iência ad q uir id a no cap ít u l o 3, co m r el ação às form as d e m anif est ação das
perdas, ap on t e os ind icad or es quant it at ivos q u e p od er i am ser est udados para subsidiar o diag-
nóst ico das perdas;
e) co m base na ex p er iência ad q uir id a no cap ít u l o 3, co m r el ação às causas e origens das perdas,
i n d i q u e os fatores indut ores q u e t eriam inf luência sobre as per das glob ais esperadas, procuran-
do i nd i car q u e fatores est ariam associados à ocor r ên ci a dos valor es m ín i m o, m ediano e máxi-
m o da faix a d e perdas globais propost a no item " a" ;
f) ind iq ue ai n d a uma car act er i z ação do ser vi ço, alt ernat iva àq u el a vigent e na obr a, que, na sua
op i n i ão, poderia alt erar sua ex pect at iva q uant o às perdas.
CONSUMO UNITÁRIO DE MATERIAIS 5
Este cap i t u l o apresent a o uso d o co n cei t o de con su m o unit ário d e m at eriais, co m o alt ernat iva à discus-
são d e perdas, no b al i z am ent o da gest ão dos m at eriais. In i ci al m en t e se d ef i n e o con su m o unit ário e se
ex p l i ca sua asso ci ação co m o co n cei t o d e p r od u t i vi d ad e; post eriorm ent e, apresent am - se val or es d e
co n su m o unit ário d e m at eriais vigent es na Const r ução n aci on al .

5 .1 . O C O N SU M O U N I T Á RI O D E M AT ERI AI S C O M O I N D I C A D O R PARA SU BSI D I A RA GEST Ã O


D O S M AT ERI AI S

Pr i n ci p i o este item ap ont and o um a injust iça hist órica a q u e é subm et ida a gestão dos m at eriais em
r el ação à gestão d e out ros recursos, co m o , por ex em p lo, a m ão- de- obra: fala- se em m inim izar o "des-
p er d íci o d e m at er iais", en q u an t o se p r op õe a m elhorar a "p r o d u t i vi d ad e da m ão- de- obra". Nota- se,
cl ar am ent e, um a co n o t ação pej or at iva ao se referir aos m at eriais, dando- se a ent ender q u e vam os tentar
m inim iz ar os p r ob lem as d e um a sit uação, "a p r i or i ", ruim : tenta- se d i m i n u i r o d esp er d ício. No caso da
mão- de- obra, a frase signif ica: vam o s m elhor ar algo q u e já é b om , o u seja, a p r od u t i vi d ad e (q ue é algo
q u e se busca para t oda Indúst ria em nosso país). O Dep o i m en t o 5.1 ilustra tal sensação d e discrim ina-
ção q u e sem p r e sent i co m r el ação a est e aspect o.

Depoimento 5.1. O especialista cm desperdício.

Enquanto gestor de recursos físicos no canteiro de obras, tenho coordenado vários projetos de pesquisa
sobre materiais e mão- de- obra para a Construção, vários deles reunindo grupos bastante numerosos de
pesquisadores e profissionais. É interessante comparar uma saudação (supostamente honrosa, na medida
em que as pessoas tentavam, nesta colocação, frisar que eu era o especialista do assunto) que me
faziam, ao chegar a uma reunião com tais parceiros de trabalho. A figura abaix o hipoteticamente repre-
senta minha chegada para reuniões: no primeiro caso, por ex emplo, com o pessoal da pesquisa Finep/
Senai (estudo dos materiais); no segundo, com os envolvidos na Pesquisa sobre mão- de- obra:

Chegou o
homem do
desperdício
- <

Rece/ íçào na minha chegada a reuniões dos Projetos de Pesquisa: a) Finep/ Senai; b) Produtividade.

É sensível a diferença de impressão que uma pessoa, não conhecedora do assunto tecnicamente, teria,
da minha pessoa, ao escutar a minha apresentação nestas duas diferentes reuniões!
Esforço c£> Result ado

Figura 5.1. Conceit uando produtividade.

A quest ão q ue fica é: não é possível estudar t am bém a "p r od ut i vi d ad e" dos m at eriais?

A resposta, na op i n i ão d o autor, é: SIM, é possível discut ir a p r od ut i vi d ad e dos m at eriais t am bém !


Para dem onst rar tal p osição, e ent ender a r el ação ent re perdas e p r od ut ivid ad e, é necessário, inicial-
m ent e, definir- se o q ue seja p r od ut ivid ad e. A Figura 5.1 ilustra tal con cei t o: d ad o um processo d e
p r od u ção que, a partir d e uma certa q u an t i d ad e d e "esf or ço", gera "r esult ad os", p r od ut ivid ad e seria
a ef i ci ên ci a em t ransf orm ar tal esf orço nos cit ad os result ados. Em out ras palavr as, quant o m enos
esf orço for necessário despender para gerar um m esm o result ado, tanto m elhor a pr odut ividade.

No caso d o uso d os m at er iais, o esf or ço seria a q u an t i d ad e d e m at er iais d em an d ad a para se con-


cl u i r um a u n i d ad e d o ser vi ço (r esult ado). Por ex em p l o, poder- se- iam discut ir os seguint es indica-
dor es d e p r o d u t i vi d ad e d e m at er iais: m et ros cú b i co s d e co n cr et o gastos para co n cr et ar 1 m } d e
est r ut ur a; lit ros d e ar gam assa para ex ecu t ar 1 m 2 d e r evest i m en t o i nt er no d e p ar ed es; núm er o d e
kg d e ci m en t o p ar a p r o d u ção d e 1 m* d e co n t r ap i so i nt er no et c. Not e- se, co n f o r m e ressalt ado na
Tab el a 5 .1 , q u e m el h o r es p r o d u t i vi d ad es d e m at er i ai s si g n i f i cam , co m o já m en ci o n ad o , m enores
q u an t i d ad es d o m at er i al p or u n i d ad e d e p r od u t o g er ad o no ser vi ço . Por t ant o, d ent r o do> l i m i t es
da o b ed i ên ci a ao p r oj et o, tem- se m el h o r d esem p en h o q u an d o o i n d i cad o r d e p r o d u t i vi d ad e d e
m at er i ai s é m enor .

Tabela 5 .1 . Com p ar ação da produt ividade d o concret o usinado ent re duas obras.

Obra A Obra B
}
Indicador de produt ividade 1,08 m de concret o 1,0 4 m J de concret o
dos m at er iais m 3 de est rut ura m } de est rut ura

Co m p ar ação d a p r o dut ividade pior m elhor

Def inid a a produt ividade dos m at eriais, resta, agora, correlacioná- la às perdas. O Qu ad r o 5.1 mostra,
m at em at icam ent e, um r aciocínio sobre o qual não seria dif ícil d e con ven cer o leit or: a produt ividade é
tanto m elhor quant o m enor for a perda.
Qu ad r o 5 .1 . Co r r el ação ent re p r od u t i vi d ad e e perdas d e m at eriais.

Parte- se da ex pressão, já apresent ada, da perda p er cent ual d e m at eriais, q ual sej a:

,P,%) = 2 ^ m I x 1 o o
Rear r an j an d o os t erm os e m ult ip licand o- se e d ivid ind o- se (para não alt erar o val o r ) o segundo mem-
br o da eq u ação p ela "q u an t i d ad e d e saíd as" (QS) d o p r ocesso, tem- se:

I P ( %) _ Q S , QMR - QMTN
100 QMTN X QS

Def i n i n d o, analogam ent e, ao q ue foi feito para perdas:

p r od ut i vi d ad e real (PR), co m o sendo a r el ação ent re a Q M R e QS, e


p r od ut i vi d ad e d e ref erência (Pref ), co m o send o a r el ação ent re a Q M T e QS,

tem- se q u e:

Rear r anj and o a ex pressão, chega- se a:

PR = Pr e f X

E, port ant o, dem onstra- se q u e a p r od ut i vi d ad e m elhora (o i nd i cad or PR d i m i n u i , o q u e significa m enor


esf orço) t oda vez q ue a perda d i m i n u i .

Assim , d iscut ir - se p er d a o u p r o d u t i vi d ad e d o s m at er i ai s si g n i f i ca estar- se d i scu t i n d o coi sas sem e-


l h an t es. Para evi t ar , p o r ém , o uso d o t er m o p r o d u t i vi d ad e, já co n sag r ad o , na Co n st r u ção , para
ref erir- se à m ão- de- obr a, vai- se u t i l i z ar a d en o m i n ação co n su m o u n i t ár i o p ar a o caso d o s m at e-
r i ai s, assi m d ef i n i d o :

Consum o unit ário de m at eriais ( C U M ) é a quant idade de m at erial necessária para se produz ir uma
unidade de produto resultante do serviço em que este m at erial está sendo utiliz ado.

Coer en t em en t e co m o q u e se fez para o caso das q uant id ad es d e m at eriais dem andadas, q u an d o se


d ef inir am as q uant id ad es real e t eor icam ent e necessária, ut ilizam - se os t erm os: con su m o unit ário d e
m at erial real (CUM R) e co n su m o unit ário d e m at erial t eor icam ent e necessário ( CUM j ) .

Surge, ent ão, a quest ão: q u an d o usar a ab or d agem d e perdas o u a d e co n su m o unit ário?

Na ver d ad e, q uaisq uer d el as p o d e ser út il. Em bora a quest ão d e "m ar k et i n g " t enha sido levant ada para
j ust if icar a int r od ução da discussão d e um a alt ernat iva à p alavr a perdas (ou desper dício), cab em algu-
m as discussões t écn i cas sobre a d i f er en ci ação dos d ois cam i n h os.

Enquant o o con su m o unit ário m ed e o d esem p enho o co r r i d o quant o ao co n su m o d e m at eriais, o indi-


cad o r d e perdas aval i a a d i scr ep ân ci a d o d esem p enho real co m r el ação a um d esem p en h o consid er ad o
d e per da nula. Está aq ui, p r ovavel m ent e, a m ai or dif erença ent re estes d ois tipos d e indicadores, ilustra-
da g ener i cam ent e na Figura 5.2.
Ferrari esport iva de um Ferrari usada na Fórmula 1 Embora a Ferrari
motorista amador vendida no
mercado seja
Alcanço
359 km/ h muit o mais
Alcanço na ret a! produt iva que o
250 km/ h fusquinha do
na ret a! jovem motorista,
ela perde paia
uma Ferrari usada
na Fórmula I

Fusquinha de um jovem bom Fusquinha de uma senhora idosa Embora o


motorista que não teve dinheiro que tem o carro desde 0 km, f usquinha do
para comprar um carro e é bastante cuidadosa jovem seja menos
mais possant e no trânsito produt ivo que a
Ferrari, ele não
Chego a 100 km/ h Ando, no máximo, |>erde do
com est e carro! a 40 km/ h! fusquinha da
senhora idosa

Figura 5.2. Situações do cot idiano para ilustrar a diferença entre perdas e produtividade.

O f at o d e não represent ar um a co m p ar ação co m r el ação a um a r ef er ência significa um a desvant a-


gem para o C U M em r el ação ao IP. A ab or d ag em por perdas, ao f ix ar u m a r ef er ência d e perda nula,
d et er m ina u m a m et a. A d ef i n i ção d e tal m et a j á represent a, por si só, um a d iscussão rica no sent id o
d e debater- se at é o n d e a ef i ci ên ci a d o processo p o d e cheg ar ; si g ni f i ca, port ant o, lix arem - se objet i-
vos a cum p r i r . O co n su m o uni t ár i o é cal cu l ad o sem tal p r eo cu p ação , o q u e t ornaria a discussão d o
seu val o r algo m enos ch o can t e e, port ant o, m enos pró- at ivo, no sent id o d e p r eo cu p ar as pessoas
co m a gest ão d os m at eriais.

No ent ant o, há t am b ém um a sér ie d e vant ag ens q u e j u st i f i cam a ad o ção d o C U M co m o cam i n h o


para a discussão d os m at eriais. Em p r im eir o lugar, há q u e se frisar q u e per das r ed uz i d as não signi-
f i cam m en or co n su m o (o b ser vem os co m en t ár i o s e a t abela const ant es d o Qu ad r o 5.2) e, se o
ob j et i vo é gastar- se m en os m at er ial, o int eressant e é ter b ai x o C U M e não som ent e p er d as baix as.
Quadro 5 .2 . zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Ex em plo num érico para distinguir perdas d e consum o unit ário.

Suponha que, para o caso d e uma obra A, desejando um m aior confort o int erno, o projetista tenha
esp ecif icad o um revest im ent o d e paredes co m 2 cent ím et ros d e espessura, quando, para a oora B, tenha
prescrito 1 cent ím et ro para a espessura d o revest im ent o d e argam assa. Suponha ainda que, d evi d o a
alguns problem as durant e a pr odução da obra, o revest im ent o tenha al can çad o uma espessura real d e
3 cent ím et ros na obra A e d e 2 cent ím et ros na obra B. A tabela abaix o indica que, apesar de ter perda
m enor, a obra A possui um consum o d e argamassa m aior q ue a obra B.

Obra Espessura especificada Espessura real Perda ( %) CUM (litros de argamassa/ nv revestido)
A 2 cm 3 cm 50 30

B 1 cm 2 cm 10 0 20

A não- necessidade d e adotar- se referência d e perda nula pode ser bastante útil, também, em alguns
casos o n d e tal ref erência é d e d if ícil d ef inição. O Qu ad r o 5.3 ilustra tal af ir m ação para o caso d e
argam assas para o assent am ent o d e alvenar ia. Dif icilm ent e se chega a um consenso, neste caso, sobre
um ref erencial d e perda nula, até p or q ue as event uais proposições (tais co m o a d e se considerar a
sit uação ideal d e ex ist ência d e filetes d e argam assa, d e seção quadrada d e 1cm por l em ) são normal-
m ent e bastante divergent es da sit uação real det ect ada.

Quadro 5 .3 . Di f i cu l d ad e para def inição da referência d e perda nula: o caso da argamassa d e assenta-
m ent o d e alvenar ia.

2 filet es
com secção ^
quadrada
de 1 x 1 cm

CU M t pot encial = 2 x (0,1 dm x 0 ,1 dni x 10 drn) = 0,2 dm» = 0,2 lit ro


m m m
A figura acim a indica uma possível condição a ser adotada com o sendo de perda nula, quanto à argamassa
demandada para se assentar um metro linear de alvenaria. No entanto, conforme mostrado, o consumo por
metro de junta seria, neste caso, d e 0,2 litros de argamassa, o que não tem nenhuma proximidade com os
números reais característicos d e boas aplicações (que se aprox imam d e 1 litro de argamassa por metro de junta)
e com as verificações físicas reais sobre com o a argamassa se aloja na região interna da alvenaria assentada.

Cab e ainda salientar que, para o caso dos indicadores d e perdas, se citou que os mesmos poderiam ser calcu-
lados para as diferentes fases do empreendimento (Concepção, Produção e Ut ilização) e que, para o caso da
Produção, se teria o projeto/ especificação com o referência d e perda nula. No caso do consumo unitário, o
próprio projeto está incluído no maior ou menor valor calculado para o indicador. A Figura 5.3 usa os dados
relativos à obra "A", do Quad r o 5.2, para ilustrar os aspectos contemplados pelo consum o unitário.

Portanto, enquant o o projet o é ap enas origem para perdas elevadas na pr odução, no caso do consum o
unit ário el e pode ser o responsável por parcela consider ável d o m esm o.

Considerando- se todos os aspectos citados, conclui- se que o C U M pode ser um indicador bastante interes-
sante para subsidiar a gestão dos materiais, perm itindo também uma abordagem analít ica, conform e se
preconizou para os indicadores de perdas. O Qu ad r o 5.4 ilustra tais idéias, num ex em plo completo para a
alvenaria d e vedação, onde, na verdade, se com p õe a idéia d e consum o unitário com a d e perdas.
Situação real Situação do projeto

Argamassa
incorporada
(30 l/ m*')

Entulho (4 l/ m 2)

e = 3 cm = 2 cm (teoricamente necessário) eprojeto ~2 c m


+ 1 cm (perda incorporada)
CUM t = 20 l/m2

Situação real = (projeto + ineficiência na produção)

CUM r = CUM t + CUM inef.

34 l/ m 2 = 20 l/ m 2 + (10 l/ m 2 + 4 l/ m 2)

Perda Perda
incorporada por entulho

Figura 5.3. O consumo unitário como resultante da eficiência/ineficiência no projeto/especificação e na produção.

Quadro 5 .4 . Abordagem analít ica d o consum o unit ário para o serviço d e alvenar ia, com pondo- se
co m a abordagem d e perdas d e m ateriais.

A tabela a seguir indica os vários aspectos a contemplar para se discutir o C U M para o caso da alvenaria; note-
se que poderiam ser estudados tanto os blocos quanto a argamassa demandada para as juntas d e assentamento.
Enquanto a alvenaria é, normalmente, mensurada em m 2 , fala- se no número de blocos e no volume de arga-
massa utilizados. Enquanto o C U M de blocos pode ser expresso em unidades por m 2 d e alvenaria, no caso da
argamassa pode- se falar em litros por m 2 d e alvenaria. O efeito do projeto sobre os valores do C U M é sentido
d e maneira distinta para os dois recursos em estudo: no caso dos blocos, o tamanho dos mesmos e as espessuras
das juntas horizontal e vertical influenciam o número m ínim o de unidades demandadas |x?r m 2 de alvenaria (a
figura anexa apresenta um ex emplo de cálculo do C U M j para os blocos); no caso da argamassa, o tamanho dos
blocos e a prescrição sobre quais juntas se deve preencher também têm influência sobre a quantidade d e juntas
a preencher por n r de alvenaria (vide, também, a figura da página seguint e para exemplo). Em ambos os
casos, uma ineficiência maior ou menor (avaliada através da m edição das perdas por entulho dos blocos, ou do
uso ex cessivo de argamassa para as juntas, advindo d e incorporação ou geração de entulho demasiados)
favorece, respectivamente, a m ajoração ou m inoração do CUM .
Serviço Mat eriais / Component es

Descrição
Geral

Alvenaria Blocos de concreto Juntas de argamassa

UnicJacie
m* Unidade Litros de arg,-massa
de mensuração

CU M - Unidade/m 2 alvenaria Litros/m 2 alvenaria


111
Decomposição Litros x 1junta
- -
do CU M m
'junt a 7
ffl alvenaria

Tamanho do bloco Tamanho do bloco e polít ica


Efeitos do define CUM J:
projet o/especificação -
de preenchimen:o definem
sobre o CU M t
1m2 m
' junt a
Abloco + juntas m2alvena'ia

Perdas (por entulho) Muit o mat erial incorporado e/ou


Efeitos da produção - elevadas levam a ent ulho eleva o valor de litros
sobre o CU M r m
aumento do CU M 'junt a

Efeitos do tamanho dos blocos e juntas sobre os C U M j de blocos e argamassa de assentamento.

- Bloco + junt as (20 x 40) cm 2 - Tijolo + junt as = > (5 x 20) cm-

UOJO
II 20
I2 15
40 . 20 .

12,5 blocos/m 2 alvenaria 100 t ijolos/m 2 alvenaria

7,5 ml junt a/m 2 alvenaria 25 ml junt a/m 2 alvenaria


5 .2 . zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
VALORES VI GEN T ES DE C O N SU M O S U N I T ÁRI O S DE M AT ERIAIS

Co m base num b anco d e dados q ue reúne por volt a d e 150 obras est udadas, indicam - se, a seguir, as
faix as d e consum os unit ários encont radas (Tabela 5.2), apont ando- se os valor es m ínim o, m ediano e
m áx im o, para diferentes m ateriais, em vários serviços. Em bora o ideal seja sem pre trabalhar co m os
núm eros próprios da em presa, imagina- se q ue os valores apresent ados possam servir d e referência para
a discussão do assunto.

Tabela 5 .2 . Valores d e C U M (m ínim o, m ed iano e m áx im o) encont rados em estudos abrangendo obras


d e const rução brasileiras.

Material/ componente Unidade de mensuração Valor do CUM


mínima mediana máxima
Co ncr et o usinado m J por m ' de est rut ura 1,01 1,09 1,33

Aço kg por kg de armadura 1 1,1 1,16

Ar gam assa de assent ament o lit ros por met ro linear


d e junt a 0,7 2,1 4,5
7
Ar gam assa para revest iment o lit ros por m revest ido 7,3 24,3 74,1
int erno de paredes

Ar gam assa para revest iment o lit ros por m 2 revest ido 12,3 25,4 66,0

de f achada

Argam assa para co nt r apiso lit ros por nv' de cont rapiso 11,8 33,5 77,5

Pasta de gesso lit ros por m ' revest ido 3,8 5,8 9,8

Placas cer âm icas nv' de placas por nv' revest ido 1,01 1,13 1,50

RESU M O

• Os indicadores d e perdas (IP) aval i am o afastam ento da ef iciência, no uso dos m ateriais, co m
relação a uma sit uação d e ref erência, à q ual se associaria uma perda nula.

• O consum o unit ário d e m at eriais (CUM ) é def inido co m o a r elação entre a quant idade total d e
m at erial ut ilizado e a q uant id ad e d e produt o gerado pelo ser viço em est udo. Representa a
aval i ação da pr odut ividade dos m ateriais.

• O IP dem anda a def inição d e referência para a perda nula: isto t em uma conseqüência boa, na
m edida em q u e obriga a discussão prévia da sit uação "i d eal "; m as traz dif iculdades e divergên-
cias em algum as sit uações. O IP pode ser cal cu l ad o para as diferentes fases d o em preendim ent o
e, no caso da fase d e Produção, o Projet o pode, no m áx im o, ser origem da perda, m as não
m om ent o d e ocor r ência.

• O C U M prescinde da d ef inição da referência ideal, b em co m o elim ina problem as eventual-


m ent e trazidos por más def inições d e sit uações d e perdas nulas ou d if iculd ad es d e com p ar ação
d e perdas ent re d uas sit uações on d e se adot aram ref erências distintas. O C U M é direta e conjun-
t am ent e inf luenciado pelas def inições d e projet o/ especif icação e pela m aior ou menor eficiên-
cia no processo d e produção.

• Os valores apresent ados para o CUM , para diversos materiais/ serviços, mostram- se dis|x> stos em
faix as largas (com valor es m íni m o e m áx im o relat ivam ent e b em afastados), denot ando tanto a
possibilidade quant o a op or t unid ad e d e se t rabalhar o Projet o e a Pr od ução no sentido d e se
al cançar em produt ividades m elhores no uso dos m at eriais.
AT I V I D AD ES CO M PLEM EN T ARES

Co n f o r m e foi cit ad o neste cap ít ulo, o co n su m o unit ár io dos m at eriais p od e represent ar um cam i n h o
prom issor para o b al i z am ent o da gest ão dos m at eriais nas obras d e const r ução. Dent r o deste cont ex t o,
para o caso d o aço e con cr et o usados na p r od u ção d e est rut uras d e con cr et o ar m ad o, nas co n d i çõ es
vigent es nos cant eir os d e ob r as d e um a em presa q u e vo cê co n h eça, pede- se:

a) ind iq ue um a faix a d e valor es (i n d i car os valor es m ín i m o, m ed i an o e m áx im o) esperada para o


CUM ;
b) cx p l i ci t e as inf luências d e proj et o sobre o val or do C U M ;
c) co m base na ex p er i ên ci a ad q uir id a no cap ít u l o 3, co m r el ação às f orm as d e m anif est ação e às
cau sas d as perdas, discut a as inf luências q u e a Pr o d u ção p od e ter sobre o val or do C U M .
CALCULANDO AS PERDAS E OS CONSUMOS r
UNITÁRIOS VIGENTES NO CANTEIRO DE OBRAS O

Considerando- se q u e q ual q uer processo d eci sór i o t em m ais ch an ce d e ser bem - sucedido quant o me-
lhores f orem as inf or m ações em q u e se baseia, preconiza- se, aq ui , a aval i ação das perdas 5 consum os
unit ários d e m at eriais, nas obras d e const r ução, co m o int uit o d e criar- se tal con j u n t o d e inf orm ações
m ais precisas.

Deve- se lem brar, i ni ci al m ent e, q u e os cant eir os d e obras d e const r ução ab r igam um processo d e produ-
ção n or m al m en t e com p l ex o, já q u e se t em , dif erent em ent e d e out ras indúst rias, m od if icações quase
q u e d iár ias nas co n d i çõ es d e t rabalho, na m ed id a em q u e t ant o os serviços quant o os locais d e ex ecu-
ção o u as co n d i çõ es d e cont ex t o vão se alt er ando. Port ant o, t odo diagnóst ico q ue se f aça d eve conside-
rar tal sit uação, t om ando- se os d evi d os cu i d ad o s para conseguir- se a pr ecisão necessária q uant o aos
d ad os levant ados, m as ai n d a m ant end o a ex eq ü i b i l i d ad e da ap r op r i ação.

Ex ist em diver sas alt er nat ivas q u e p od em ser ad ot ad as q u an d o se p r et end e aval i ar a m agnit ude das
perdas/ consum os de m at eriais (Figura 6.1). Tais cam i n h os p od em diferir q uant o ao "ob j et o da m ensur ação"
e quant o ao "car át er " q u e os i nd i cad or es adot ados assum em .

RS
Objeto da
avaliação Quantidade
de materiais
Avaliação das
perdas/ consumos
de materiais
Subjetivo
Caráter dos
indicadores Quantitativo/
Objetivo

Figura 6.1. Obj et o e caráter da avaliação das |H> rda< / consumos.

Em b or a se est ej a t ent and o aval i ar as per das/ consum os f ísicos d e m at er iais, pode- se adot ar, co m o
o b j et o da m en su r ação, os gastos co m m at eriais, isto é, avaliar- se a per da f i n an cei r a d ecor r ent e da
perda f ísica co m o int uit o d e t ent ar p ond er ar sob r e um a m ai o r o u m en or ex ist ência d e perda f ísica
dos m at eriais. Lm b or a est e seja u m p r o ced i m en t o út il, e n o r m al m en t e d e f áci l aco p l am en t o ao con-
t r ole d e cust os d e u m em p r een d i m en t o (co m p ar ação dos gast os reais co m r el ação aos or çad os), t em
el e al g u m as d ef i ci ên ci as, j á ap ont ad as ant er ior m ent e, e q ue, p r i n ci p al m en t e, d i z em respeit o às difi-
cu l d ad es: em se d et er m i n ar se a per da d et ect ad a n asceu d e u m p r ob l em a f ísico (por ex em p lo, perda
d e co n cr et o u si n ad o em r el ação ao m on t an t e t eo r i cam en t e necessár io), d e u m a f alha d o p r óp r i o
o r çam en t o (q u an t i d ad e or çad a está subest im ada o u sup er est im ad a; ou o cust o uni t ár i o propost o não
co n d i z co m o m er cad o ) ou d e um a i n ef i ci ên ci a na p r o d u t i vi d ad e f i n an cei r a na aq u i si ção d o i n su m o
(p or ex em p l o , t endo- se um p r eço u n i t ár i o, d o m esm o, m u i t o el evad o para os p ad r ões vi g en t es);
r elat ivas a estar- se m ist ur and o m at er i ai s co m m ão- de- obra nas i n f or m ações d i sp on ívei s; d ent r e ou-
tras. Port ant o, em f u n ção da i m p or t ân ci a já d em onst r ad a das p er d as f ísicas (ou consum os), r ecom en-
da- se (e est e será o t em a d i scu t i d o ao longo dest e cap ít u l o ) a ad o ção d e post uras q u e p r eco n i z em a
aval i ação esp ecíf i ca dos m at er iais.
Em b or a aval i açõ es su b j et i vas d as p er d as t am b ém p ossam ser f eit as (co m o , p or ex em p l o , acredit ar- se o u
n ão , em f u n ção d a p r esen ça d e "si n ai s", t ais c o m o o m en o r o u m ai o r gr au d e l i m p ez a d e um a ob r a, q u e
a p er d a possa ser "el evad a"), em f u n ção da i m p o r t ân ci a d e t ais p er d as e d a co m p l ex i d ad e cit ad a d o
p r o cesso d e p r o d u ção , acr edit a- se q u e i n d i cad o r es q u an t i t at i vos (q u e m en su r em as p er d as/ consum os e
os f at ores q u e o s i n d u z em ) e o b j et i vo s sej am d esej ávei s.

Port ant o, vi san d o ter- se u m b o m d i ag n ó st i co q u an t o às p er d as/ consum os d e m at er i ai s n os cant eir os,


d escr evem - se, a seguir, post ur as o b j et i vas, e f o cad as na m en su r ação d o s p r óp r i os m at er iais, q u e se
acr ed i t a ser em co m p at ívei s co m o n ível d e p er d as h o j e vi g en t e e co m a co m p l ex i d ad e d o s can t ei r os d e
o b r as d e co n st r u ção d e ed i f íci o s.

6.1. DETERM INAÇÃO DOS INDICADORES RELATIVOS A UM CERTO PERÍODO DE ESTUDO


Consid er a- se q u e o d i ag n ó st i co d as p er d as/ consum os d e m at er i ai s en vo l ve t ant o a sua q u an t i f i cação
q u an t o o co n h eci m en t o das co n d i çõ es em q u e está o co r r en d o . Usan d o a n o m en cl at u r a já propost a n o
cap ít u l o 4 , tal d i ag n óst i co en vo l ver i a a d et er m i n ação d o s i n d i cad o r es m en su r ad o r es (per das/ consum os
g l ob ai s e/ ou p ar ci ai s) e a val o r ação (p or ex em p l o , a ár ea r eal da seção d o p i l ar m o l d ad o ) o u d et ecção
(p or ex em p l o , o co n h eci m en t o d a f er r am ent a ad o t ad a p ar a o co r t e d e b l o co s p ar a al ven ar i a) dos aspec-
t os co n t em p l ad o s nos i n d i cad o r es ex p l i cad o r es.

6 . 1 . 1 . Qu an t i f i cação d as p er d as/ co n su m o s (i n d i cad o r es m en su r ad o r es)

6.1.1.1. Indicadores mensuradores globais

A o se aval i ar o ser vi ço c o m o u m t od o, o u um a d e suas et ap as, pode- se co n si d er ar q u e se está aval i an d o


u m p r ocesso o n d e se t em , c o m o en t r ad a, os m at er iais, e, c o m o saíd a, os p r od ut os (ser vi ço acab ad o )
u san d o t ais m at er i ai s. Na m ed i d a em q u e se p r et en d e an al i sar a ef i ci ên ci a q u an t o ao uso d os m at eriais,
há q u e se p r o ced er a um a aval i ação co n t áb i l , co n f o r m e ilust r ado na Figura 6 .2 .

Figura 6.2. Visão contábil <l.i quantificação cl.is perdas/ consumos de materiais.

In i ci al m en t e se d eve co m en t ar a n ecessi d ad e d e se d ef i n i r o p er ío d o d e est ud o ao q u al o i n d i cad o r d e


p er d as/ consum os se ref ere. Na Figura 6.2 ind icou- se q u e tal p er ío d o se i n i ci a n u m a dat a d en o m i n ad a
IPE (i n íci o d o p er ío d o d e est ud o) e t er m ina em FPE (f inal d o p er ío d o d e est u d o).

Para a q u an t i f i cação d o q u e r eal m en t e ent ra n o p r ocesso, d u r an t e u m cer t o p er ío d o d e t em p o, há q u e


se co n si d er ar t od o e q u al q u er m at er i al : a) r eceb i d o d o f o r n eced o r ; b) r eceb i d o d e ou t r as font es (p or
ex em p l o , out r as o b r as da m esm a em p r esa); c) r et i r ad o d o can t ei r o p ar a ser en t r eg u e em out ro d est i n o
(p o r ex em p l o , ced i d o p ar a ou t r a o b r a d a m esm a em p r esa); d) acu m u l ad o o u r et i r ad o d o est o q u e.
Port ant o, há q u e se m onit orar os r eceb im ent os d e f ornecedores, as event uais t ransf erênciaszyxvutsrqponmlkjihgfedcba
de o u para
out ras obras e o b al an ço das ent radas e saídas d e insum os d o est oq ue para se ter o val o r das ent radas
líq uid as d e m at eriais, co n f o r m e m ost rado na Figura 6.3.a.

N o q u e se refere à q u an t i f i cação dos result ados do processo, há q u e se m edir os serviços ex ecut ados.
Por ex em p lo, há q u e est im ar q uant o d e alvenar ia f oi produzida (Figura 6.3.b) dur ant e o m esm o p er íod o
d e est udo para o q ual se est im aram as ent radas líq uid as d e m at eriais. Observe- se q u e é im port ant e
trabalhar- se co m q uant i f i cações reais do result ado, isto é, não se r ecom end a a ad o ção d e crit érios q ue
l evem a q u an t i f i cações eq u i val en t es dos ser viços produzidos, con f or m e com en t ad o no Qu ad r o 6.1.

a) Balanço do material que entrou no processo, entre IPE e FPE

a.1) Recebimento de fornecedores

ü +

a.2) Transferência dc ou para outras obras

I
a.3) Variação da quantidade no estoque njin
0 1 1 1
n n n
IPE FPE Sal d o d e m at er ial

b) Balanço quanto às saídas do processo, entre IPE e FPE

Serviço dc alvenaria

::::::::
o T T T T
FPE IPE Sal d o d e saída

Figura 6.3. Detalhamento tia quantificação de entradas e saídas d o processo de produção, entre IPt e FPE: a) balanço do material
que entrou; b) balanço quanto aos serviços executados.
Qu ad r o 6 .1 . Qu an t i f i cação d o ser vi ço r eal m ent e ex ecu t ad o: ex em p l o para o caso d a al ven ar i a.

Caso se tenha produzido, ao longo d e u m dia d e t rabalho, a alvenar ia mostrada na figura abaix o, quant os
m 2 t eriam sido gerados: a) 13 m 2 (5 m x 2,60 m); ou b) 11,56 m 2 (5 m x 2,60 m - 1,2 m x 1,2 m)?

Em b or a a postura " a)" seja m uit as vez es ad ot ad a para se consid er ar a "d i f i cu l d ad e" em se produzir a
al ven ar i a (na m ed i d a em q u e a ex ist ência d o vão dif icult a o t r abalho d o pedr eir o), a post ura ' b )" seria
aq u el a a ser ad ot ad a, pois represent a a área real para a q u al os b l ocos são necessários.

Co m base nas quant idades levant adas cit adas, poder- se- ia cal cu l ar o ind icad or d e con su m o d e m at eriais
at r avés d a seguint e ex pressão:

EST (IPE) + FO RN ± T RA N SF - EST (FPE)


CUM =
QS

o n d e:

C U M = co n su m o unit ár io d o m at er ial ent r e IPE e FPE,


EST (t) = q u an t i d ad e d e m at er ial n o est oq ue n o inst ant e t,
FO RN = q u an t i d ad e r eceb i d a d e f or neced or es ent r e IPE e FPE,
T RA N SF = q u an t i d ad e ced i d a (sinal negat ivo) o u r eceb id a (sinal p osit ivo) d e m at er ial, fruto d e transfe-
r ências d e o u par a a ob r a,
Q S = q u an t i d ad e d e saíd as p r od uz id as ent r e IPE e FPE.

Tam bém co m base nas quant idades levant adas se poderia est im ar o indicador d e perdas; há que se definir
previam ent e, no entanto, a quant idade d e referência d e perda nula. A Figura 6.4 ilustra o raciocínio reco-
m endado para tal def inição, isto é, para a escolha d o C U M j (consum o unit ário d e m at eriais t eor icam ent e
necessários).

Definir valor
com respaldo
técnico

CUM T

Figura 6.4. Def inição do valor de CUM T .


Um a vez def inida a ref erência, o i nd i cad or d e perdas seria cal cu l ad o at ravés da ex pressão:

EST (IPE) + FO RN ± T RA N SF - EST (FPE) 1 , _


IP ( %) = CÜM Í - l ] x 100

O Qu ad r o 6.2 ex em p lif ica o cál cu l o dos ind icad or es globais, d e co n su m o e d e perdas, para o caso d o
ci m en t o ut iliz ad o na ex ecu ção d e revest im ent os int ernos d e parede. A Tabela 6.1 ilustra u n a p lanilha
ut i l i z ável para o cô m p u t o das q uant id ad es d e sacos d e ci m en t o est ocadas num cer t o m om ent o e a
m ovi m en t ação d e sacoszyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZVUTSRQPONMLKJIHFEDCA
para ou do est oque dur ant e um cert o p er íod o. A Tabela 6.2 reproduz as diretri-
zes q u e f oram ut ilizadas no proj et o Finep/ Senai para se fazer a q u an t i f i cação d o revest im ent o int erno
d e paredes co m argam assa r eal i z ad o num cer t o p er íod o. Cab e ressaltar q ue, em t odos os casos, há q u e
se ter p r oced im ent os b em d ef inid os para a ap r op r i ação dos dados.

Qu ad r o 6 .2 . Ex em plo d e cál cu l o dos i nd i cad or es globais, d e co n su m o unit ár io e perdas, para o


ci m en t o usado na argam assa para revest im ent o int erno d e paredes.

Tendo i n i ci ad o a ex ecu ção do revest im ent o int erno d e paredes, para o q u al opt ou p elo uso de argamas-
sa d e ci m en t o e cal dosada e m ist urada em obr a, o gestor resolveu aval i ar o con su m o e a perda glob al
d e ci m en t o. Para t ant o, dur ant e o p er íod o d e est udo co m p r een d i d o ent re o p r im eir o e o últ im o dias d e
um cert o m ês, levant ou as q uant id ad es i n d i cad as na t abela a seguir:

Di a Estoque (sacos) Recebim ento de fornecedores Transferências Área revestida


(sacos) (sacos) (m 2)
IPE 80 800

entre IPE 50
e FPE 100 - 20

50

50

FPE 40 4800

balanço 40 250 - 20 4000

Consider ando- se q u e 1 saco d e ci m en t o tenha 50 kg d e m at erial, o i nd i cad or global d e consum o seria


cal cu l ad o co m o :

(80 x 50) + (250 x 50) - (20 x 50) - (40 x 50) _ 3,38 kg d e ci m en t o


CUM - 4000 ~ " m 2 revest ido

Considerando- se q u e as esp eci f i cações do revest im ent o ind icassem um a espessura t eór ica de 1 cm e um
co n su m o d e 150kg d e ci m en t o por m* d e argam assa ap l i cad a, ter- se- ia o seguint e consum o unit ár io
t eor icam ent e necessário:

_ ( 0 ,0 1 m V m 2 ) x ( 150 k g / m 3 ) _ 1,5 kg d e ci m en t o
1 nr m 2 revest ido

O i nd i cad or glob al de perdas seria, ent ão, cal cu l ad o co m o :

[ (8 0 x 50) + (250 x 50) - (20 x 50) - (40 x 50) 1


I P < %) = [ 4 0 0 0 x 1,5 - } \ ^ 0 0 = 1 2 5 ,2 %
Tab el a 6 .1 . Ex em p l o d e p l an i l h a p ar a avaliar- se as q u an t i d ad es d e saco s d e ci m en t o est ocad as, r ecebi-
d as e r et ir ad as d o est oq u e.

Cont role de estocagem / recebim ent o / dest inaçao de sacos de cim ent o
Ident if icação da obra e do responsável pela colet a
Ob ser vad o r : Ob r a:

Recebimento de material

dat a Qu an t i d ad e (sacos) fornecedor observações

nota fiscal r eceb id a

Saída de material

dat a quant idade (sacos) destino observações

Tabela 6 .2 . Ex em p l o d e diret rizes para q u an t i f i cação d o revest im ent o int erno d e p ar ed es co m argam assa
(Pr oj et o Finep/ Senai).

P.3.6.4 Med i ção dos Serviços: Revestim ento interno: Em boço Dat a: 27/ 02/ 97
Argamassa produzida em obra Versão: 2Q

Procedim ent os e cr it ér ios de m edição


De posse do projeto arquitetônico ou projeto específico de alvenaria, o observador deverá calcular a
área das faces a serem em boçadas de acordo com os seguintes critérios:

a) Fazer um cr oqui representativo em planta, em folha A4, ident if icando as paredes a serem em boçadas,
inclusive o teto.

b) Em cada face a ser revestida, delim itar a área de acordo com a espessura do revestimento.

c) Em faces onde a largura da parede é diferente das larguras da viga e/ ou pilares, considerar faces
diferentes desde que a espessura do revestimento tam bém seja diferente.

d) Não havendo "dent es", considerar o com prim ent o da face com o sendo o com prim ent o da alvenaria
mais a largura ou com prim ent o dos pilares.

e) Da mesma forma, considerar a altura da face com o sendo o pe- direito, ou seja, altura da alvenaria
mais a altura aparente da viga, caso ex ista.

f) Descont ar as aberturas existentes.


traço teórico previsto.

Código
Traço em volum e
Traço em massa
Kg cim ./ W
Kg cal/ m 3
Kg areia/ m J

Total (m 2)

Planilha n a 3.6.4. Medição do revestimento interno:


emboço ou massa única
Argamassa produzida em obra

A. Ident ificação
Observador: Cód. obra:
Pavim ent o: Croqui n» Data IPE: Data FPE:
B. Medições efetuadas
Face Cód. Esp. Face (cm) Abertura (cm) Área % Completa Dit . Dif.
Material (cm) Comp. Altura Comp. Altura Líquida (m>) IPE FPE (%) (nV)
6.1.1.2. Indicadores mensuradores parciais

Raci o cín i o bastante sem elhant e, ao m ostrado para os indicadores globais, se ap lica no caso d e se querer
det erm inar indicadores parciais d e perdas/ consumos. A idéia cont inua sendo a d e se m onit orar a quan-
t idade líquida d e m at eriais (sim ples ou com post os) q ue adentra a et apa, ou subconj unt o de et apas,
durant e um cert o período d e estudo, e com pará- la co m a quant idade d e resultados da etapa ou co m a
quant idade t eoricam ent e necessária d e m at eriais para ter gerado tais resultados. Evident em ent e, há q ue
se proceder às d evid as adapt ações, conf or m e ilustrado no Qu ad r o 6.3, para a etapa d e produção d e
argamassa mista, d e cim ent o, cal e areia, para revestim entos internos d e paredes.

Qu ad r o 6.3. Ex em plo d e aval i ação d o indicador d e perdas para a etapa d e dosagem/ mistura d e
argam assa.

Tendo det ect ado um valor alt o para os indicadores globais d e perda e d e consum o d e cim ent o, no
serviço d e revest im ent o int erno d e paredes co m argamassa, o gestor d e uma obra d e const rução d e
ed if ício resolveu apurar o indicador par cial relat ivo à etapa d e "processam ent o int erm ediário", isto é,
aq u el e on d e o cim ent o é dosado e m ist urado co m os dem ais const it uint es da argamassa a ser ut ilizada.
Ilustra- se, a seguir, o processo co m o um todo e a etapa q u e se est udaria co m m aior prof undicade:

O p r ocesso g l o b al

Recebiment o Estoque Dosagem e mist ura Estoque de


de cal de cal de argamassa de cal argamassa de cal

Recebiment o Estoque Dosagem e mist ura de Aplicação do


de ciment o de ciment o argamassa de ciment o e cal revest iment o

A et ap a esp ecíf i ca

Processo:
dosagem/mist ura

Sacos de ciment o Transporte de argamassa

Passou-se a reunir, durant e um cert o período de tem|>o, dados relat ivos ao número de sacos de ciment o gastos a cada dia
nesta et apa: o gestor solicit ou ao responsável pela dosagem/mist ura que guardasse, num local def inido, todos os sacos de
ciment o ut ilizados para gerar argamassa para revest iment o int erno de parede, conforme mostrado na figura abaixo:
Para avalliar a quant idade de result ados, isto é, de argamassa gerada no processo de dosagem/mist ura, durante o mesmo
período de tempo, o gestor orient ou o operador para que anot asse o número de recipient es de argamassa produzidos,
t endo-se o cuidado de medir a alt ura taltante para preenchê-los complet ament e (vide figura abaixo).

Co m base no procediment o cit ado, foi |x>ssível reunir os dados mostrados a seguir:

Dia Sacos de ciment o usados Volume diário de argamassa (1)


1 = IPE 7 1620
2 8 1892
3 8 1843
4 8 1923
5 = FPE 7 1680
Balanço 38 8958

Co m isto foi possível calcular- se o indicador par cial d e consum o:

, . 3 8 sacos x 50 k g / saco 0,212 kg 212 kg d e cim ent o


C U M dos./ mist. = „ — - ,. = — - =
8.958 litros lit ro m d e argamassa

Considerando- se que se prescrevera um consum o d e 150 kg d e cim ent o por m 1 d e argamassa, o indica-
dor parcial d e perdas seria d ad o por:

212 - 150
IP dos./ mist. ( %) = — — — x 100 = 4 1 %

6.1.2. Cond i ções d e ocor r ên ci a das perdas/ consum o (ind icad or es ex plicadores)

Conf or m e já com ent ad o, al ém d o conhecim ent o dos valor es das perdas/ consumos globais o u parciais,
pode- se avaliar os fatores presentes q ue os induzem . Assim é q ue a d et er m inação d os indicadores,
cit ados ant eriorm ent e co m o correspondendo ao grupo d e "ex p licad or es", pode ser bastante útil para o
diagnóst ico da ef iciência no uso dos m ateriais.

6 . zyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZVUTSRQPONMLKJIHFEDCA
1 . 2 . 1 . Indicadores de natureza percentual

Os indicadores d e natureza percent ual t razem consigo, por ex em plo, uma inf orm ação sobre qual po-
deria ser o f oco d e at uação m ais prom issor para com bat er as perdas o u consum os indesejáveis, na
m edida em q ue ex p licam on d e a perda está. Tanto os indicadores d e consum o unit ário q j an t o os d e
perdas podem se benef iciar desta abordagem .

No caso d o CUM , sabendo a fração relativa a cada uma das naturezas das perdas, poder- se- ia subdividir o
consum o em parcelas relativas a cada natureza. A Tabela 6.3 ilustra um ex em plo onde, para duas situa-
ções diferentes (A e B), d e aval i ação da etapa d e ap l i cação final d e gesso em revestimento interno d e
paredes, se det erm inou, além do C U M parcial, a natureza percent ual do consum o d e materiais. O C U M
parcial incorporado seria dado pela m ult iplicação da porcentagem incorporada pelo C U M parcial; ao se
efetuar tal operação, para os casos A e B , chega- se, respect ivam ent e, aos valores d e C U M parcial incorpo-
rado d e 4,42 kg/ m 2 (= 0,71 x 6,22) e d e 4,46 kg/ m 2 (= 0,59 x 7,56), valor es bastante próx im os. Qu an t o ao
C U M par cial ent ulho, a sit uação é b em dif erent e; adotando- se o m esm o t ipo d e m ult ip licação, nsste caso
d o C U M par cial pela porcent agem d e ent ulho, chega- se a valor es d e C U M par cial ent ulho d e 1,80 kg/ m 2
(= 0,29 x 6,22), para o caso A, e d e 3,10 kg/ m 2 (= 0,41 x 7,56), para o caso B, mostrando- se, este últ im o,
m uit o m ais pr oblem át ico q u e o prim eiro. Um a const at ação deste t ipo provavelm ent e levaria a u n a obser-
vação m ais atenta, no caso B, dos fatores q ue pudessem induzir a el evação do consum o d evi d o z ger ação
d e ent ulho (por ex em p lo, uma pega m uit o rápida d o gesso o u uma falta d e t reinam ent o do operário para
preparar a q uant id ad e de m at erial coerent e co m o t em po d e ap l i cação disponível).

Tabela 6.3. Dad o s relat ivos à et apa d e ap l i cação f inal d e pasta d e gesso em revest im ent o interno d e
paredes.

Casos estudados C U M par cial % de incorporação % de entulho


(kg de gesso por m 2 revestido)
A 6 ,22 71 29

B 7,56 59 41

O m esm o t ipo d e ut ilid ad e p od e ser vist o, at é d e uma form a m ais diret a, para o caso d e indicador es d e
perdas. É int eressant e ent ender, em t erm os da sua nat ureza, o n d e est ão as p ar celas d e um ind icad or d e
perdas. Por ex em p lo, a Tabela 6.4 ind ica os result ados relat ivos a concr et agens m onit or adas em d uas
obras dif erent es e q u e t iveram ind icad or es glob ais d e perdas iguais: IP glob al = 7 %. N o caso D, ter- se
d et ect ad o q u e o ent ulho represent aria 2 0 % cia perda, signif icaria ter IP glob al ent ulho d e 1 ,4 % (isto é,
1 , 4 % d e co n su m o ad i ci o n al d e con cr et o, em r el ação ao t eor icam ent e necessário, d evi d o a ent ulho).
Cab er i a, neste caso, um a at en ção redobrada em aspect os do t ipo: m elhor ar a est im at iva da q uant id ad e
a solicit ar, para evit ar sobras ao f inal; m elhor ar o sistema d e transportes, para evit ar derram am ent o d e
m at erial; ent re out ros.

Tabela 6.4. Nat ur eza p er cent ual e a perda glob al para dif erent es concret agens.

Casos est udados IP g l ob al ( %) % d e i n co r p o r ação % d e en t u l h o


C 7 100 0

D 7 80 20

A d et er m i nação das porcent agens, d e cad a nat ureza das perdas/ consum os, passa p el o levant am ent o:
das perdas/ consum os d o processo em est udo; e d as q uant id ad es relat ivas a cad a nat ureza. 3 or t ant o,
al ém das q u an t i f i cações já ci t ad as (q ue f oram usadas para se det erm inar os ind icad or es m ensuradores),
há q ue se acr escent ar a tarefa da m ed i ção d as event uais 3 nat urezas: furto, i n cor p or ação e ent ulho.

Dest as, a p ar cela relat iva ao ent ulho é aq u el a nor m alm ent e m ais f isicam ent e vi su al i z ável , sendo, m uit as
vezes, aval i ad a por m ed i ção diret a. Assim é q u e se p od e, por ex em p lo, solicit ar que, ap ós a ex ecu ção
da al ven ar i a d e um cer t o p avi m en t o, se r eco l h am t odos os caco s d e b l ocos e se pese o m at erial ant es d e
dar um dest ino f inal a est e ent ulho; o m esm o p od e ser feito co m restos d e p l acas cer âm i cas e pontas d e
barras d e aço ; o con cr et o r em anescent e no cam inhão- b et oneir a poderia ser est im ado (j á que virará
ent ulho a ser ret ornado à concr et ei r a, o q u e t am b ém acont ecer ia se o m andássem os despej ar na própria
obra); os restos d e argam assa não ap r ovei t ad a, q u e caír am no ch ão dur ant e seu l an çam en t o ou dur ant e
o sarraf eam ent o d o revest im ent o d e p ar ed e, t am b ém p od er i am ser r eunid os e m ensurados. Not e- se
q ue, na m aior ia dos casos, as m ensur ações cit ad as não são nor m alm ent e d e f ácil ex ecu ção , seja p or q ue
não é tarefa f ácil reunir o ent ulho d e m aneir a separada por t ipo d e m at erial, o u p or q ue a est im ação da
q u an t i d ad e d e m at erial q u e lhe d eu or igem não é m uit as vez es diret a (por ex em p lo, ao se pesf.r 100 kg
d e argam assa en d u r eci d a, é preciso fazer algum as p on d er ações para se d et er m inar a q u an t d ad e d e
ci m en t o q ue foi co n su m i d o em tal ent ulho).
A aval i ação da q u an t i d ad e i n co r p o r ad a é, em g er al , feit a co m b ase na aval i ação da geom et ria f i nal (e na
sua d i scr ep ân ci a co m r el ação à g eom et r i a p r escr it a) d o co m p o n en t e p r o d u z i d o . Por ex em p l o , a avali-
ação d o v o l u m e f i nal d o s p i l ar es m o l d ad o s d e u m p avi m en t o , su b t r aíd o d o v o l u m e d e ar m ad u r a em b u-
t ida nos m esm os, l evar i a à q u an t i d ad e i n co r p o r ad a d e co n cr et o ; a som a d o s vo l u m es d e ar gam assa
(ob t i d os p el a m u l t i p l i cação d a ár ea d o am b i en t e pela espessura m éd ia da cam ad a), present es no con t r ap i so
d e cad a am b i en t e d e u m p avi m en t o , p er m i t i r i a o cál cu l o da ar gam assa i n co r p o r ad a; et c. Cab e a ci t ação
d e q u e, em f u n ção da d i f i cu l d ad e em se m en su r ar co m p l et am en t e as f r açõ es d e cad a nat ureza d as
p er d as/ consum os, é m u i t o c o m u m inferir- se o i n d i cad o r d e nat ur ez a p er cen t u al co m b ase em um con-
j u n t o d e f at ores q u an t i t at i vos (q u e ser ão d escr it os ai n d a nest e cap ít u l o d o livr o).

A q u an t i d ad e d e m at er i al co n su m i d o p or f urt o é, ai n d a, n o r m al m en t e, d e m ai s d i f íci l est i m ação ; os


l evan t am en t o s a est e respeit o g er al m en t e se l i m i t am à q u an t i f i cação d o m at er i al en t r eg u e, para checar-
se a even t u al f alt a d e u m a p ar cel a. Isto é m ai s f áci l p ar a al g u n s m at er i ai s (p or ex em p l o , sacos d e arga-
m assa i n d u st r i al i z ad a) e m ai s d i f íci l p ar a out r os (p or ex em p l o , co n cr et o u si n ad o). Not e- se q u e o proces-
so d e aval i ação d as q u an t i d ad es en t r eg u es já é, p or si só, um a ação p ar a r ed u ção d e perdas/ consum os,
j á q u e, u m a vez d et ect ad a a f alt a, esta seria d ed u z i d a da q u an t i d ad e paga e, por t ant o, n ão se conf igu-
raria a p er d a o u co n su m o ad i ci o n al .

6.1.2.2. Indicadores quantitativos

N o q u e d i z r esp eit o aos i n d i cad o r es q uant i t at i vos, os m esm os são d et er m i n ad o s at r avés d e m en su r ações
p on t u ai s esp ecíf i cas. Por ex em p l o , sab er q u al é o val o r d a espessura d as l aj es p o d e ser bast ant e út il para
ent ender- se o n d e p o d e est ar u m a p ar t e d o co n cr et o u t i l i z ad o na m o l d ag em da est rut ura de co n cr et o
ar m ad o d e u m ed i f íci o , em esp eci al se o caso em est ud o fosse o d e u m ed i f íci o d e al ven ar i a est r ut ur al,
o n d e as l aj es q u ase q u e r ep r esen t am a t ot al i d ad e d a d est i n ação d o co n cr et o . A espessura d o revest im en-
t o d e f ach ad a é t am b ém u m i m p o r t an t e ex p l i cad o r d e o n d e (e c o m q u e m ag n i t u d e) os co n su m o s
ad i ci o n ai s o u p er d as p o d em est ar aco n t ecen d o n o caso d e ar gam assa p ar a r evest i m en t o ex t erno. Not e-
se q u e t ais i n d i cad or es, al ém da id éia d o m o m en t o d e i n ci d ên ci a, t r az em co n si g o u m a cer t a q u an t i f i cação
d as d em an d as por m at er i al . Cab e t am b ém ressalt ar q u e, d i f er en t em en t e d as q u an t i d ad es q u e se neces-
sita est i m ar para d ef i n i r a nat ur ez a p er cen t u al , aq u i n ão há a p r eo cu p ação d e se m onit or ar t odas as
i n co r p o r açõ es p ossíveis. Por ex em p l o , pode- se d eci d i r t r ab al har ap en as co m o l evan t am en t o d os indi-
cad o r es d e espessura d e l aj e (em lugar d e se m on i t or ar t am b ém as d i m en sõ es d e p ilar es, vigas e esca-
d as), na m ed i d a em q u e se acr ed i t e q u e as m ai o r es p o ssi b i l i d ad es d e af ast am ent o, co m r el ação ao
p r oj et ad o, est ej am nest e t ip o d e co m p o n en t e. É usual, t am b ém , a d ef i n i ção d e um val o r para os ind ica-
d or es q u e nasça d e u m l evan t am en t o am ost r ai ; assi m é q u e, p or ex em p l o , n ão se t r ab al h a, nor m alm en-
te, co m a d et er m i n ação da espessura d o r evest i m en t o i nt er no d e p ar ed es aval i an d o- se t odas as p ar ed es,
e si m sort eando- se al g u m as p ar ed es q u e r ep r esent ar ão o co n j u n t o .

A Tab el a 6 .5 m ost ra post ura ad o t ável , q u an t o ao l evan t am en t o d est e t ip o d e i n d i cad o r , at r avés d o


ex em p l o para o caso da espessura d e laj es. Not e- se a p r eo cu p ação , m ost r ada na p l an i l h a, q u an t o à
ap r esen t ação : d o o b j et i vo p r et en d i d o; d o r ot eir o d e cál cu l o (f ór m ula para d et er m i n ação d c i n d i cad o r );
d o p r o ced i m en t o d e co l et a e d a p er i o d i ci d ad e d e sua r eal i z ação . À s vez es se i n d i cam p r o ced i m en t o s
al t er n at i vos (Figura 6.5) para o l evan t am en t o d o i n d i cad or . Co m t ud o isto se p r et en d e: sensib iliz ar a
pessoa r esp on sável p el a co l et a; instruí- la q u an t o ao i n d i cad o r a ser d et er m i n ad o e q u an t o ao l o cal da
m en su r ação ; d ef i ni r q u an d o f azer a co l et a; e sugerir p r o ced i m en t o s al t er n at i vo s a ser em usados q u an d o
se d ep ar ar co m d i f i cu l d ad es q u e i n vi ab i l i z em a ad o ção d o p r o ced i m en t o o r i g i n al .

6.1.2.3. Fatores indutores

Qu an t o ao s i n d i cad o r es ex p l i cad o r es d o t ip o f at ores indut ores, em lugar da ên f ase em q u an t i f i car as


p er d as, tem- se a g r an d e p r eo cu p ação d e l evan t ar p ossívei s ex p l i caçõ es cau sai s e d e o r i g em d as p er d as.
Na m ed i d a em q u e, a p r i or i , se con si d er a q u e n ão se sab e a r az ão q u e l evo u à o co r r ên ci a das p er d as, o
cam i n h o para l evan t am en t o dest es i n d i cad o r es passa p el o ap o n t am en t o das co n d i çõ es em q u e o servi-
ço aco n t ece. Port ant o, i nd i car em - se as car act er íst i cas d e cad a m o m en t o d e o co r r ên ci a o u o r i g em d as
per das, é a g r an d e t aref a a ser cu m p r i d a.
Tabela 6.5. Indicador ex plicador quant it at ivo para concr et o arm ado - espessuras d e lajes.

Ob j et ivo

Um a das parcelas de perdas de concret o pode est ar co m p r endida pelas variações dim ensio nais dos elem en-
tos est rut urais. Dent re esses element os est rut urais, pequenas variações na espessura da laje podem acarre-
tar um co nsum o elevado de concret o. Esse indicador objet iva conhecer a var iação da espessura da laje em
relação à espessura def inida em projet o.

Roteiro p a calculo

Formuleis
T 2 i
1 m
Á e (%) = x 10 0 t/2
r . i
Variáveis
Ae ( %) = var iação percent ual da espessura real em relação à def inida cm projet o
e
r i = espessura real m edida no pont o
e
t = espessura t eórica, que é a de projet o
n = número de m edições de c r i

Procedimento de coleta

Ut ilizar um a f uradeira de im pact o co m b r o ca de víd ea. Co m esse equipam ent o, f ura-se a laje em lo cais
est rat égicos, p o ssib ilit ando m aio r represent at ividade das m ed içõ es. Evident ement e, co nt inua-se m edindo
as abert uras " nat urais" ( shafts).

Co m o crit érios de m ed ição para esse procedim ent o, t êm-se:


realizar pelo menos 2 f uros por espessura de laje, sendo: 1 no cent ro da laje e out ro a 1 met ro d a borda de
um a viga;
aco nselha-se realizar 10 furos por pavim ent o, d ivid id o s conf orm e it em ant erior;
dar pref erência para aqueles pavim ent os onde o recebim ent o do concret o foi monit orado.

Evident ement e, esse pro cedim ent o exige q ue a eq uip e de colet a t enha em m ãos o equipam ent o e que o
const rut or aut o r ize a r ealização dos f uros. A m ed ição deve ser coerent e co m o núm er o de paviment os,
acont ecendo no m ín im o em 3.

Co m o roteiro genérico, para a geração d e planilhas para a colet a d e tais inf orm ações, o Quad r o 6.4
ilustra a p r eocu p ação em se descrever cad a um destes m om ent os q ue, diret a ou indiret am ent e, se
associam à ocor r ência d e perdas; a p r eocup ação é a d e citar, para cada um deles, as caract erís.icas q ue
pot encialm ent e poderiam originar ou causar perdas. Por ex em plo, no q ue se refere ao projeto, ter- se
uma co n cep ção d o revest im ent o cer âm i co co m grande núm ero do p lacas cort adas é um pot encial
ex plicador d e perdas; no recebim ent o, ter- se ou não procedim ent os, para a ver if icação da entrega d e
m ateriais, pode sugerir m enor ou m aior p r ob ab ilid ad e d e que perdas neste m om ent o do flux ograma
dos processos ven h am a ocorrer; et c.

Qc' v B
e =A -B
r Vò

Figura 6.5. Procedimento alternativo para detecção da espessura real de lajes.


Qu ad r o 6 .4 . Rot ei r o p ar a a d ef i n i ção d e f at ores ind ut or es a ser em ob ser vad os.

Na m ed i d a em q u e se está est u d an d o p er d as/ consum os na p r o d u ção , as or i g en s d as p er d as só p o d er ão


est ar na Co n cep ção e na p r óp r ia Pr o d u ção ; no q u e se r ef er e à Pr o d u ção , p od em - se ter or igens e cau sas
al o cad as às d if er ent es et ap as d o f lux ogr am a d o s p r ocessos. Por t ant o, os f at ores d evem ser d ef i n i d os co m
vist as a analisar- se cad a um d o s seguint es m o m en t o s:

Co n cep ção

Def i n i d o s as p ossívei s o co r r ên ci as e m o m en t o s d as p er d as na Pr o d u ção , o p r ó x i m o passo refere- se à


list agem d as p r o vávei s cau sas d e cad a u m a dest as o co r r ên ci as. A an ál i se cr ít i ca post er ior d eve p er m i t i r
a p er cep ção q u an t o a est as cau sas est ar em o u n ão present es n o p r ocesso em est ud o.

A part ir d as cau sas, pode- se part ir p ar a a d ef i n i ção d e p ossívei s or i g en s asso ci ávei s a cad a cau sa (p or
ex em p l o , a p er d a ex cessi va d e b l o co s p ar a al ven ar i a p o d e ter sur gid o d evi d o a d ef i ci ên ci as na at i vi d ad e
d e co r t e (cau sa), q u e p o d e ter si d o o r i g i n ad a na falt a d e p r evi são d e f er r am ent a ad eq u ad a para a m esm a
(or i g em , n o p l an ej am en t o da p r o d u ção ) e ter si d o acen t u ad a p el a inex ist ência d e m ei o s b l ocos (or i g em ,
em sup r i m ent os) e p or u m p r oj et o q u e n ão se p r eo cu p o u co m a ad o ção d e d i m en sõ es das p ar ed es
co er en t es co m as d os b l o co s (or i g em , na co n cep ção ). Not e- se, co m o já co m en t ad o , q u e as causas est ão
nas et ap as d e Pr o d u ção e as or i g en s p o d em est ar t ant o nest as m esm as et ap as q u an t o na Co n cep ção .

Por t ant o, r ecom en d a- se q u e a list agem d e asp ect os ind ut or es siga a l óg i ca i n d i cad a a segu r:

3- ) Levantamento de possíveis origens <

Et apa "i - k " (ant er ior ) Et apa V

2 2 ) Levantamento de possíveis causas

1- ) Definir possível momento de incidência

6.1.2.4. Indicadores caracterizadores

Qu an t o ao s i n d i cad o r es ex p l i cad o r es car act er i z ad o r es, a Tab el a 6.6 ilustra u m a p l an i l h a d e car act er i z a-
ç ão d e ser vi ço , q u e ser ve c o m o ger ad or a cie i n f o r m açõ es sob r e a t ecn o l o g i a ad o t ad a n o n*esm o.

Tab el a 6 .6 . Ex em p l o d e p l an i l h a p ar a car act er i z ação d o ser vi ço d e al ven ar i a.

Car act er íst i ca Descr i ção


Tipo de contratação de mão- de- obra • própria • subempreitada
Forma de pagamento dos pedreiros • por hora • por tarefa
Mei o de transporte dos blocos • grua • carrinhos especiais
• carrinhos comuns ou m anual
Tipo de alvenaria • estrutural/ resistente • de vedação
Dim ensões dos com ponent es
Projeto para a produção da alvenaria • existe • não existe
Cab e ressaltar q u e um m esm o val or para as perdas (ou para consum os) p od e ser consid er ad o relat ivo a
um b om d esem p enho em um a obra e a um m au d esem p enho em out ra, na m edida em q u e a obra à
q ual se associa possua car act er íst icas q u e ger em ex pect at ivas m elhor es o u piores quant o às perdas/
consum os. Assim é q u e são esperados con su m os m aior es d e argam assa d e assent am ent o q uand o se usa
col h er d e pedr eir o na p r od u ção da al ven ar i a em lugar d e bisnaga; perdas m enor es d e b locos são espe-
radas num a obra d e al ven ar i a est rut ural q u e em outra d e al ven ar i a d e ved ação ; et c.

6 .2 . D EFI N I ÇÃ O D O PERÍ O D O DE EST UD O

No it em 6.1 descreveu- se a colet a d e vár i os indicador es, q u e ser iam r elat ivos a um cer t o período d e
est udo (vi d e Figura 6.2), i n i ci an d o na dat a IPE e t er m inand o em FPE. Em bora se t enha salient ado q u e os
i nd i cad or es d i z em respeit o a u m cert o p er íod o d e t em po, nada se f alou sobre q ual d ever ia ser a dura-
ção o u o m om en t o d e inser ção dest e p er íod o ao longo da vi d a d o em p r een d i m en t o . Cab e agora,
port ant o, discutir- se a esse respeit o.

Podem - se d i vi d i r os est udos d e perdas/ consum os, q uant o à d u r ação d o p er íod o a q ue se associam os
i nd i cad or es gerados, em d ois grandes grupos: os est udos d e longa d u r ação ; e os est udos ex pedit os.
Note- se q u e a ex t ensão relat iva (isto é, a at r ib uição da ad j et i vação longa o u curt a d u r ação), q uand o se
est udam as perdas/ consum os d e um cert o m at er ial n u m ser vi ço esp ecíf i co, d eve ser pensada com para-
t ivam ent e à d u r ação do ser viço em análise (e não da obra ou d o em p r eend i m ent o co m o um t odo).
Em bora não seja clar a a fronteira ent re am b os, est e aut or considera q u e d ur ações d e 1 m ês o u m ais
est ariam al o cad as no grupo dos est udos d e longa d u r ação, en q u an t o est udos d e 1 sem ana ou m enos
p er t en cer i am ao grupo dos ex pedit os. A Tabela 6.7 ilustra as p r i nci p ai s possibilidades q uant o ao perío-
d o d e est udo. Observe- se q u e os est udos ex pedit os p od em ser sucessivam ent e repet idos, abrangendo
u m largo prazo d e aval i ação (em bora cad a i nd i cad or diga respeit o a um p eq u en o p er íod o d e est udo).

Tabela 6.7. Dif erent es possibilidades d e d u r ação d e um est udo d e perdas/ consum os.

Estudos Durações
De longa duração • 1 mês

• serviço com o um todo

De curta duração • Período entre entregas sucessivas

• Ciclo de ex ecução de uma porção da obra


(por exemplo, um andar- tipo ou um
apartam ento)

• 1 semana

• 1 dia

• poucas horas (por exemplo, ciclo de uso de


uma porção delimitada de material)

Podem - se cit ar algum as caract eríst icas relat ivas aos est udos por p er íod os longos, co m o , p or ex em plo:

• tem- se um m enor ôn u s r elat ivo q uant o à colet a d e q uant id ad es (de ent radas e d e resultados dos
processos), na m edida em q ue o t rabalho r elat ivo às ver i f i cações em IPE e FPE (t ais co m o a
q u an t i f i cação d e serviços) é d i l u íd o por um p er íod o d e t em p o m aior ;
• t eor icam ent e os ind icad or es obt idos são m ais precisos, já q ue event uai s erros de q uant i f i cação
pont uais (por ex em p l o, na aval i ação do m at erial est ocad o) são d i l uíd os nas grandes quant ida-
des en vo l vi d as ao longo d o p er íod o d e est udo;
• d ú vi d as sobre o processo d e levant am ent o são m ais d if íceis d e sanar q u an d o são discut idas
m uit o t em p o ap ós sua ef et i vação;
• os i nd i cad or es são f acilm ent e at r eláveis à gest ão or çam ent ár ia e à aval i ação d e custos d o em-
p r een d i m en t o ;
• as lições ex t raídas nor m alm ent e ser vem para out ros ser viços ou obras, na m edida em q ue boa
part e d e um ser vi ço (em esp eci al no caso d aq u el es d e m enor d ur ação total) p od e já ter sido
ex ecut ad a q u an d o da d i sp on i b i l i z ação dos indicador es.

Qu an t o aos est udos ex pedit os, tem- se que:

• p od em signif icar m ais ôn u s r elat ivo no levant am ent o d e dados, na m ed id a em que, repet idos
sucessivam ent e, d em an d ar i am m ai or t em po de col et a;
• a m enor p r ecisão dos indicadores, d evi d o ao fat o d e p eq u en os erros d e ap r op r i ação serem m ais
signif icat ivos no âm b it o d e q uant id ad es m enores, p o d e ser com p ensad a p elo fato d e ter- se a
event ual i nf or m ação a corrigir m ais recent e, o q u e gera m ai or p r ob ab i l i d ad e d e ter- se na me-
m ória a event ual f alha det ect ada e o cam i n h o para sua cor r eção;
• a event ual necessidade d e se despr ezar em os i nd i cad or es gerados em um per íodo ex pedit o não
significa um a perda d e esf orço d e colet a signif icat iva;
• as lições ex t raídas nor m alm ent e ser vem para a cont ínua t om ada d e d ecisões sobre o ser vi ço em
an d am en t o .

Qu an t o à g er ação d e i nd i cad or es m ensuradores (perdas/ consum os glob ais e parciais), a grande preocu-
p ação d eve ser a d e ter- se a ap r op r i ação d as q uant i d ad es em est oque e d e ser viços feita co m procedi-
m ent os coer ent es co m o p er íod o d e est udo. Assim é que, para est udos d e longa d u r ação, pode- se pensar
em fazer um ex t enso e d et al h ad o levant am ent o no IPE e no FPE (conf or m e m ost rado, no Qu ad r o 6.5,
co m a d escr i ção d e est udo d e caso d e longa d u r ação para al ven ar i a); p or ém , deve- se ter pr ocedim ent os
ágeis (m as sem perder a p r ecisão) para os est udos ex pedit os (con f or m e ex em p l i f i cad o, t am bém para o
caso d e al ven ar i a, no Qu ad r o 6.6).

Qu ad r o 6.5. Ex em p lo d e p r oced im ent os ad ot ad os para q u an t i f i cação d e est oque e ser viço ex ecut ad o
para est udo d e longa d u r ação d e b l ocos para al ven ar i a.

Co m o ob j et i vo d e r ealiz ar um diagnóst ico m i n u ci oso quant o aos b l ocos para al ven ar i a, visand o enten-
der as perdas e consum os vigent es no seu processo d e p r od ução, para subsidiar decisões r elat ivas à
p r escr ição d e futuras posturas t ecnol óg i cas e d e gestão, um a em presa const rut ora m onit orou as perdas/
con su m os d e b l ocos cer âm i co s ao longo d e boa part e da ex ecu ção d o ser vi ço d e alvenar ia, num a d as
suas obras em an d am en t o.

Em t erm os d o levant am ent o d e com p on en t es no est oque, t ant o no IPE quant o no FPE:

• avaliaram - se as q uant i d ad es est ocadas sep ar ad am ent e para cad a t ipo d e b l o co usado (o proj et o
prescrevia 5 dif erent es com p onent es);
• percorreram - se, al ém da região do est oque p r i n ci p al , t odas as partes da obra para busca d e
event uai s est oques secund ár ios (por ex em p l o, p eq uenas q uant id ad es d eix ad as em região d e
al ven ar i a já co n cl u íd a ou em f i nal i z ação);
• p ilhas d e b l ocos m al ar r anj adas f oram even t u al m en t e reorgani-
zadas para evit ar f alhas na cont agem dos com p on en t es;
• as p i l h as e suas q uant id ad es foram apont adas em plant a sucint a
d e levant am ent o;
• o levant am ent o foi feito por 2 pessoas, num m esm o dia, e f inalizado
co m uma avaliação crít ica cruzada (um a das pessoas analisava o
levant am ent o da outra) dos dados apropriados;
• p ar a o d i a d a aval i ação d o est o q u e escol h eu - se u m sáb ad o
(n ão h aver i a j o r n ad a d e t r ab al h o em al ven ar i a nest e d i a) p ar a Levantamento
evi t ar q u e a m o vi m en t ação d e m at er i ai s p ud esse co n f u n d i r a de estoque
co n t ag em .
No q ue se refere à q u an t i f i cação cios ser viços:

em lugar d e se m ensurar a área d e al ven ar i a para, post eriorm ent e, transformá- la em q uant id ad e
d em an d ad a d e b locos, optou- se por con t ar a q u an t i d ad e d e com p on en t es assentes;
os mesmos 2 responsáveis pela quant if icação do estoque levant aram
t am bém o serviço realizado, no m esm o final de sem ana (usando,
neste caso, o dom ingo);
cada parede possuía um "código", definido em planta
elaborada para subsidiar a coleta, e seus componen-
tes eram apropriados separadamente (quantificou- se
separadamente cada tipo d e com ponente);
a co n ci l i ação / ver i f i cação dos d ad os (b em co m o
os event uai s ret ornos para sanar pr oblem as detec-
tados) foi feita logo após a col et a.

Qu ad r o 6.6. Ex em p lo d e p r oced i m ent os ad ot ad os para q u an t i f i cação d e est oq ue e ser vi ço ex ecut ado


para est udo ex p ed it o d e b locos para al ven ar i a.

Qu er en d o m onit orar o ef eit o d e alg um as d ecisões t om adas no dia- a- dia da obra sobre perdas/ consu-
m os d e blocos, um a em presa decidiu- se p or adot ar a postura d e realizar est udos ex pedit os, com perío-
dos sem anai s sucessivos, ab r angend o t oda a ex ecu ção d o ser vi ço d e al ven ar i a.

Qu an t o aos levant am ent os r ealizados:

• escolheu- se, para aval i ação , ap en as o co m p o n en t e d e m aior uso na ob r a;


• no IPE d o pr im eir o p er íod o d e est udo, ant es d e os pedreiros co m eçar em seu t rabalhe, m arca-
ram- se co m um " X" 5 0 0 b locos, do t ipo sendo est udado, no est oq ue pr óx im o à m aior frente d e
t r ab al h o;
• na sexta- feira seguint e, t am b ém ant es d o i n íci o da j or nad a d e t r abalho (e co m um gasto d e
t em po total inf erior a 30 m inut os), cont ou- se o núm er o d e b locos m ar cad os rem anescent es no
est oque (N1 ) e o núm er o d e b l ocos m ar cad os assent es (N2 ) (ver foto abaix o);
• a perda sem anal era cal cu l ad a co m o :

( 5 0 0 - N 1) - N 2
I P ' %» = 500 - N I X 1 0 °

• o p r oced i m en t o se repet ia a cad a sem ana.


Note- se q ue ex ist em sit uações em q ue as colet as são f acilit adas, tais co m o : no caso d e o IPE ser um
m om ent o em q ue ai n d a não se t enha n en h u m m at erial em est oque e/ ou ser vi ço ex ecut ad o; no caso d e
o FPE associar- se ao t ér m ino co m p l et o d o ser viço; m om ent os d e p eq uena q u an t i d ad e est ocada; et c.

Qu an t o à colet a dos ind icad or es d e nat ureza p er cent ual, tem- se as d if iculd ad es já cit adas, q ue, obvia-
m ent e, f i cam m ais f acilm ent e solúveis para o caso d e levant am ent os ex pedit os, na m edida em q ue é
m ai s f act ível a est i m ação dos con su m os associados a cad a um a das nat urezas, p r i nci p al m ent e para
períodos q u e sej am associados a ci cl o s d e ex ecu ção d e serviços (com o, por ex em p lo, estimar- se as
p or cent agens i n cor p or ad as e na f orm a d e en t u l h o r elat ivas ao p er íod o d e t em p o d e p r od u ção dos
revest im ent os d e um apart am ent o).

Qu an t o aos fatores quantitativos, indutores e caract erizadores, são estes, co m o já com ent ado, dc m ais rápida
obt enção. Pode- se, inclusive, dizer que, muitas vezes, os estudos ex peditos fazem uso de fatores quantitativos
em substituição aos próprios indicadores m ensuradores (perdas/ consumos globais ou parciais).

RESUMO

• O levant am ent o d e ind icad or es em cam p o , at ravés d e p r oced im ent os ob j et i vos e, se possível,
quant it at ivos, p od e ser bast ant e útil para subsidiar a t om ada d e d ecisões na Const r ução Ci vi l .

• Os ind icad or es m ensuradores, en vo l ven d o a q u an t i f i cação, glob al o u p ar ci al , d e perdas/ consu-


m os, são ob t i d os co m base em um a aval i ação con t áb i l d o processo d e p r od ução, sendo neces-
sário apropriarem - se: as q uant id ad es d e m at eriais q u e adent r am o processo em est udo; e os
produt os ger ados p elo m esm o (q uant id ad e d e ser vi ço ex ecut ad a).

• Os m at eriais p od em p r ovir : dos f ornecedores; d e t ransf erências d e out ras font es (por ex em p lo,
out ras obras da m esm a em pr esa); da dif erença ent re o est oque i n i ci al e o f inal.

• A q u an t i d ad e d e ser vi ço é cal cu l ad a com parando- se as q uant id ad es ex ist ent es no i n íci o e no


f inal d o p er íod o d e est udo.

• Pl an i l h as ad eq u ad as p o d em ser úteis para f acilit ar e m elhor ar a co n f i ab i l i d ad e dos dados obti-


dos p el o levant am ent o d e cam p o .

• Os levant am ent os dos ind icad or es d e nat ureza per cent ual d em an d am , al ém das quant idades d e
m at er ial e d e ser vi ço, já necessárias para a d et er m i n ação dos i n d i cad or es m ensuradores, a
q u an t i f i cação d c cad a p ar cela relat iva às 3 nat urezas possíveis: furto, incor p or ação e ent ulho.

• Os fatores quant it at ivos são cal cu l ad o s co m base em ver i f i cações pont uais esp ecíf icas co m o ,
por ex em p l o, a ver i f i cação da espessura d o revest im ent o, co m base em am ost ragem .

• Os fatores indut ores nascem da an ál i se cr ít ica d o ser vi ço em est udo, sendo q u e os aspect os a
serem ob ser vad os p od em ser def inidos at ravés d e um a seq üência d e r aci o cín i o , que co m eça
co m a d ef i n i ção dos m om ent os d e i n ci d ên ci a e d e or igem d as perdas, e é seguida pelo aponta-
m ent o das possíveis causas para cad a m om ent o d e i nci d ênci a e das possíveis origens para cad a
cau sa.

• O s fat ores car act er iz ad or es represent am o ap on t am en t o (Ias car act er íst icas t ecnológicas q ue
sej am consi d er ad as associ ávei s a um a m ai or ou m en or ex pect at iva q u an t o a perdas.

• Os i nd i cad or es d e per das (m ensuradores e/ ou ex p licad or es) p od em se referir a diferentes perío-


dos d e est udo, q u e são classif icáveis em : d e longa d u r ação; e ex pedit os.

• Co m o ex em p los d e p er íod os d e longa d u r ação, tem- se: 1 m ês; o ser vi ço co m o um todo. Qu an -


to aos est udos ex pedit os, podem - se ter d ur ações: relat ivas ao int er valo ent re entregas sucessivas
d e m at eriais; iguais ao ci cl o d e p r o d u ção d e uma p or ção da ob r a; d e 1 sem an a; de 1 d i a;
relat ivas ao ci cl o para uso d e um a cert a q u an t i d ad e def inida d e m at eriais.

• Devem - se adot ar p r oced im ent os para a q u an t i f i cação d e est oques e d e ser viços coerent es co m
a d u r ação do est udo, isto é, para o caso d e est udos d e longa d u r ação, cab em pr ocedim ent os
m ais d et al had os e onerosos, enq uant o os est udos ex pedit os car ecem d e ap r op r i ações ágeis, m as
q u e não com p r om et am a pr ecisão desej ada do indicador.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Vo cê foi i n cu m b i d o d e diagnost icar as perdas/ consum os d e m at eriais nas obras d e um a em presa d e


const r ução. Para t ant o, d eve co m p o r (con ceb er e inst rum ent alizar) um a propost a d e levant am ent o d e
i n d i cad o r es e i m p l em en t á- l a p ar a um ser vi ço esco l h i d o (i m ag i n a- se q u e, h aven d o sucesso na
i m p l em en t ação para o m esm o, possa- se, a seguir, en vol ver out ros serviços na análise).

Para cum p r ir sua tarefa, solicit a- se q u e vo cê:

a) escolha o m at erial/ serviço a estudar.

b) co m p o n h a um m ét od o d e levant am ent o e pr ocessam ent o d e d ad os relat ivos a um período d e


longa d u r ação, passando p ela:

b.1) def inição dos princípios gerais do m ét odo: objet ivos, m om ent o e local de utilização, pesso-
as envolvidas etc.
b.2) proposição d e procedim ent os (inclusive f azendo a d ef inição d as event uais planilhas ne-
cessárias) para se m onit orarem as quant idades d e m at eriais: recebidas, transferidas, esto-
cadas.
b.3) proposição d e procedim ent os (inclusive f azendo a d ef inição das event uais planilhas ne-
cessárias) para se m onit orarem as quant idades d e serviço concl uíd o.
b.4) def inição (con cep ção inicial, f órm ula d e cál cu l o , forma d e colet a et c.) dos indicadores a
serem det erm inados: m ensuradores (perdas/ consum os glob al e parciais), d e nat ureza
percent ual, fatores quant if icador es, fatores indut ores e fatores caract erizadores.
b.5) i m p l em en t ação d o m ét odo, cál cu l o dos ind icad or es e an ál i se dos m esm os.
b.6) p r om oção d e um a aval i ação crít ica d o p r óp r io m ét od o im p lem ent ad o, buscando even-
t uais alt er ações q u e p r o m o vam um a m elhor ia no seu d esem p en h o, vi san d o a sua con-
t ínua ut i l i z ação pela em presa.

c) co n ceb a, inst r um ent alize e im p lem ent e um m ét odo ex pedit o d e est udo d as perdas/ consum os,
ap licand o- o si m ul t aneam ent e ao m ét od o d e longa d u r ação, repet indo- se sucessivam ent e os
períodos d e col et a.
d) Co m p ar e os d ois m ét odos ut ilizados q uant o: aos result ados f ornecidos, à f aci l i d ad e de utiliza-
ção , ao t ipo d e subsídio q ue p od em d ar para a t om ada d e decisões et c.
PREVISÃO DO CONSUMO DE MATERIAIS
PARA AS OBRAS 7
O en t en d i m en t o d e um pr ocesso passa, m uit as vez es, por at i vi d ad es o n d e, co n f o r m e m ost rado na
Figura 7.1, a part ir d e am ost ras da sit uação real, se tenta ex p l i car o m esm o, criando- se um m od elo para
sua vi su al i z ação. Dep oi s disto, 6 t am b ém usual q u e se ut ilize tal m od el o para se t ent ar prognost icar o
q u e p od e acon t ecer num processo real sem elhant e ao q u e foi diagnost icado.

M o d el o
r ep r esent at ivo,
est i m ad o a part ir
d as am ost r as

M o d el o

Entender = diagnosticar + prognosticar

Figura 7.1. O processo envolvido no entendimento de um serviço.

Em sendo um dos obj et ivos deste livro ent ender a dem anda por m at eriais para serviços d e const rução,
m uit o se apresent ou de diagnóst icos já realizados sobre perdas/ consumos, permitindo- se tecer várias ex-
p licações sobre sua ocor r ência. O próprio cap ít ulo 6 foi d ed i cad o à or ganização da at ividade d e levanta-
m ent o dos dados q ue p od er iam subsidiar um diagnóst ico esp ecíf ico para um a certa obra/ em presa.

Este cap ít u l o procura discut ir os aspect os com p l em en t ar es para se ent ender a d em an d a por m at eriais,
d iscut ind o o m od el o q u e se im agina represent ar o co n su m o d e m at eriais num ser vi ço e sua ut i l i z ação
para prognost icar d em an d as em ser viços futuros.

7.1. VISÃO ANALÍTICA DAS PERDAS E CONSUM OS

O r aci o cín i o an al ít i co p od e ser usado para m elhor ar o ent end i m ent o d e um processo, conf or m e ilustra-
do g en er i cam en t e no Qu ad r o 7.1.
Qu ad r o 7 .1 . A ab or d agem anal ít i ca au m en t an d o o ent end im ent o d e at ivid ad es do dia- a- dia.

Ao ter de program ar algum as viagens necessárias para ex ercer sua profissão, um vendedor dispõe da seguinte
inf orm ação d e dois colegas d e trabalho: o prim eiro indicou que dem ora, em m édia, 6 horas, do m om ent o
q ue sai da sua casa, em São Paulo, at é chegar ao escritório d o client e, no Rio d e Janeiro; o segundo ex plicou
q ue gasta 6 horas, da sua casa a outro client e, localizado, neste caso, em Sant iago d o Chile. A inform ação
global p od e não ser suficiente para o ent endim ent o com plet o do problem a, dim inuindo, por ex emplo, a
ch an ce d e sucesso em event ual prognóstico q ue o vendedor |x>ssa fazer com relação a viagens pessoais suas.

Um a ab or d ag em d e carát er m ais an al ít i co passaria pela d eco m p o si ção da vi ag em em 3 part es: o percur-


so ent re a casa da pessoa e o aer opor t o; o vô o ent re os aeroport os das 2 ci d ad es; e o p er cur so final ent re
o aer opor t o da cidade- dest ino e o escrit ório do client e. Talvez o p r im eir o colega inf orm ant e d em o r e
t ant o, na vi ag em ent re São Paulo e Rio, d evi d o a m orar longe d o aeroport o em São Paulo e o end er eço
d o cl i en t e t am b ém ser dist ant e do aer opor t o do Rio; no caso d e o ven d ed or m orar pert o do aeroport o
em São Paulo e estar se d ir igind o a um local b em pert o d o aer opor t o no Rio, t alvez pudesse prever um
t em p o d e vi ag em "por t a a port a" b em m ais cur t o.

No caso da est im at iva da d em and a por m at eriais num cert o ser vi ço d e const r ução, a inf or m ação p od e
ler dif erent es níveis d e d eco m p o si ção , co m o , por ex em p l o:

• estipular- se a q u an t i d ad e total d e m at erial necessária para um ser vi ço na obra co m o um t odo.

Por ex em p lo, pode- se estar f alando d e se const ruir um ed if ício m ais o u m enos d o m esm o porte que out ros
já edif icados pela em presa e balizar- se a previsão d e consum o total nos valores totais relativos a estas
ex p er iências anteriores. Algum as t écnicas d e previsão d e custos baseiam- se neste r aciocínio; por ex em plo,
suponha q ue sua em presa seja especializada na const rução d e edif ícios habit acionais para classe d e renda
m édia- baix a, de m esm a t ipologia, e q u e vo cê tenha um b anco d e dados on d e vem registrando, para t odas
as obras deste t ipo q ue edif icou, o núm ero d e metros lineares d e t ubulações para ram ais d e água fria e o
núm ero d e banheiros ex istentes. Seria possível pensar- se (evident em ent e num m om ent o ainda com falta
d e m elhores inf orm ações) em prever a q uant id ad e d e t ubulações, para ram ais d e água, co m base na
com p ar ação do núm ero d e banheiros da nova obra co m aq u el e relat ivo às obras d o seu b anco de dados.

• trabalhar- se co m a vi são d e q u e a q uant id ad e total d e m at eriais é fruto da m u l t i p l i cação da


q uant id ad e d e ser vi ço a ex ecut ar p el o co n su m o unit ário d e m at eriais no ser vi ço

Esta tem sido a postura m ais usual na el ab o r ação d e or çam en t os t idos co m o det alhados, podendo- se
dist inguir d uas op er ações relevant es: a q u an t i f i cação do ser vi ço (q ue car ece d e pr ocedim ent os form ali-
z ad os e unif or m izados, para q u e haj a coer ên ci a ent re levant am ent os feit os por pessoas diferentes) e a
d ef i n i ção do co n su m o unit ár io real, q ue, acredit a est e autor, t em sido ger alm ent e baseada no val or
m éd i o ant er ior m ent e d et ect ad o para diversas sit uações já vi ven ci ad as. Assim é q u e o processo d e diag-
nóst ico passaria p el o levant am ent o real da q u an t i d ad e total d e m at eriais d em an d ad a por um serviço e
p ela q u an t i f i cação dest e ser viço, para ent ão gerar- se um valor d e co n su m o unit ár io vigent e; un- conj un-
to d e con su m os unit ários, ant eriorm ent e aval i ad os, geraria um "m o d el o " d e co n su m o q ue poderia ser
repassado, na form a d e prognóst ico, para um n ovo caso a ser enf rent ado, con f or m e ilustra a Figura 7.2.

• a p er cep ção d e q u e o con su m o unit ár io real p od e ser d ecom p ost o em f rações m enores (confor-
m e já co m en t ad o nos cap ít u l os ant eriores)

Esta é a post ura q u e se irá discut ir nest e cap ít ulo e q u e se im agina ser a m elhor dent re t odas, tornando-
se cad a vez m ais forte à m ed id a q u e m ais inf or m ações (ad vind as d e diagnóst icos sem elhant es aos mos-
t rados no cap ít u l o 6) est iver em disponíveis. Este aut or acr ed it a q u e não seja um a tarefa dif ícil co n ven cer
o leit or d e tal o p i n i ão ; para t ant o bastaria relembrar- se d e q u e as f aix as d e co n su m o vigent es são extre-
m am en t e var i ávei s (vi d e cap ít u l o 5) e q u e os erros d e or çam en t o e d e gest ão d o proj et o e da p o d u ção,
frutos da não- percepção de t ais dif erenças, p od em f aci l m en t e cor r oer toda a m argem d e lucr c q ue um
Diagnóst ico obra i

Qmatcrial i
+

Qserviço i

CU M
Qmatcrial
Qser viço

Prognóst ico obra j

cserviço j x CU M

Obras reais M odelo

Figura 7.2. A det erm inação <k> consum o unit ário real (diagnóst ico) e sua ut ilização no prognóstico para futuras obras.

construtor espera numa obra d e const rução d e edif ícios. Portanto, a m elhoria d o ent endim ent o é uma
fortíssima ferram enta para se m elhorar a com p et it ivid ad e das em presas.

No âm bit o da visão analít ica d o consum o unit ário, há q ue se relem brar q ue t al consum o pode ser
f r acionado conf or m e mostrado a seguir:

CUM r = CUM r + C U I V W

O consum o unit ário real (CUM K ) nasce da com p osição d e uma parcela def inida p elo Projeto, denomi-
nada consum o unit ário t eoricam ent e necessário (CUMr ), e d e outra originada em inef iciências (perdas)
durant e a ut ilização do m at erial na Pr od ução (CUM i n «J.

Dent ro da abordagem analít ica, inicialm ent e cab e a discussão d o CUM r . Sua estim ativa pode ser m ais
ou m enos com plex a em f unção d o m aterial/ serviço em estudo (vi d e casos mostrados, ant eriorm ent e, no
Qu ad r o 5.4); para todos eles, no ent ant o, há q ue se ressaltar a im port ância d e uma r ecom endação, já
feita ant eriorm ent e, q ual seja, a d e se t rabalhar co m as quant idades d e serviço reais e não as equivalen-
tes (vi d e ex em plo mostrado, ant eriorm ent e, no Qu ad r o 6.1).

No q ue se refere ao CUM i n cí ., há q u e se lem brar q ue tal parcela está relacionada à ocorrência d e perdas
durant e as et apas d o processo d e pr odução d o serviços; a abordagem analít ica d e tais perdas (Figura
7.3) e, portanto, do CUM irt Cl ., leva às seguintes percepções:

• as perdas na p r od ução podem ocorrer nas diversas et apas do flux ogram a dos processos (recebi-
m ent o, est ocagem , processam ent o int erm ediário, processam ent o final e m ovim ent ações ent re
tais et apas);
• em cad a etapa podem- se ter diferent es m anifest ações d e perdas, em m agnit udes distintas e sob
diferentes nat urezas (furto, incor p or ação e ent ulho);
• cad a uma das m anif est ações pode ter sido m ot ivada por diferent es causas;
Ex p l i cação das per das

Etapas Estocagem
Processamento O Processa nent o
Recebiment o
int ermediário final

Perdas
.Quant idades separadas
Diferent es manifest ações • -Diterentes
nir, naturezas por forma de manifest ação
Quant if icação
[Mn [NT],[N2],[N3Í e natureza

Causas para a
manifest ação M i
Causas sob a na tu reza Ni
EU S! [GTJ

Origens

Explicação Busca da associação:


(modelo) Qmíní = f ( Q ' ) P a r a cada caract erização do serviço

Figura 7.3. At ividades envolvidas na geração de uni m odelo para ex plicação do CUMin< .t-

• cada causa p od e ter t ido diferentes origens;


• o ent endim ent o da associação ent re causas e origens e as quant idades d e cada t ipo d e manifes-
t ação d e perdas geraria um m odelo q ue ex plicaria o CUMi n ef .

O processo d e PREVISÃ O d o C U M proposto seguiria o cam i n h o inverso ao descrit o para a EXPLICA-


ÇÃ O. A Figura 7.4 procura ilustrar tal idéia, q ue será adot ada co m o diret riz para quaisquer previsões d e
consum o d e m ateriais. Em bora nem sem pre se disponha d e inf orm ações num nível d e det alham ent o
ad eq uad o para a ap l i cação com plet a do m od elo d e prognóst ico proposto, seu uso, ainda q u e simplifi-
cad o, é r ecom endável, na m edida em q ue cria consciência quant o aos aspect os que levam à ex pectati-
va d e um m aior ou m enor consum o unit ário d e m ateriais. Imagina- se, t am bém , q ue o seu cont ínuo uso
(p r incip alm ent e q u an d o seguido do diagnóst ico d o consum o real na obra em ex ecu ção) f acilit ará,
inclusive, o enr iq uecim ent o das inf orm ações q ue subsidiam o próprio m odelo, gerando um cír cu l o
virt uoso (Figura 7.5) d e m elhoria da gestão d o consum o d e m at eriais nas obras d e const rução.

7.2. CO N CEI T UA N D O O M O D EL O PARA PREVI SÃ O D O C O N SU M O UN I T Á RI O

7.2.1. Ap r esent ação geral do m od elo

Discorre- se aqui, conceit ualm ent e, sobre o m od elo para previsão do consum o unit ário d e materiais,
procurando- se apresentar diferent es possibilidades para seu est abelecim ent o, em termos: a) do nível d e
d ecom p osi ção adot ado; b) da int ensidade da visão analít ica im prim ida.

a) Nível d e d ecom p osição d o indicador d e consum o

Duas possibilidades se apresent am , quais sej am (Figura 7.6): prognost icar o C U M diret am ent e, sem
decom pô- lo em frações m enores; d ecom p or o C U M em partes m enores, sendo q u e a com p osição d o
prognóst ico d e cad a uma destas partes levaria, ao f inal, ao prognóst ico d o CUM .
e (Ia causa Ck com origem Ql )

Figura 7.4. Prognóstico <lo CUM .

Figura 7.5. Círculo virtuoso na gestão do consumo de materiais.

A prim eira postura é nor m alm ent e consid er ad a d e m ais f ácil e rápida ap l i cação , na m edida em q ue,
basicam ent e, se t em d e est ipular um ú n i co núm er o. Im agina- se q u e tal pr evisão se b aseiezyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZ
GTI ex periên-
ci as ant eriores (q ue p od em o u não ter sido registradas f orm alm ent e), pessoais o u d e t erceiros (out ros
prof issionais o u m anuai s disponíveis).

O segundo cam i n h o im p lica um a d i f i cu l d ad e m aior, já q u e se t em d e prognost icar parcelas d o C U M ;


no ent ant o, se im agina q u e tal processo, um a vez p er cor r id o crit eriosam ent e, possa levar a vár i as van-
tagens, t ais co m o uma m aior p r ecisão na p r evisão e a i n d u ção d e um a m aior consci ênci a quant o ao
ser vi ço a ser ex ecut ad o, já q ue se terá d e p ond er ar m ais d et alhad am ent e q uant o ao projet o e à futura
p r od ução, para se im aginar o q u e acont ecer á co m cad a p ar cela d o C U M .

A Figura 7.7 ilustra, port ant o, as d uas possibilidades, r elem b r and o, con f or m e já dem onst rado anterior-
m ent e, q u e o C U M p od e ser cal cu l ad o a part ir do con h eci m en t o d o CUM r e das per das esperadas.
Qu a n t o
ma t e r i a l
vou p r e c i s a r ?

Figura 7.6. Nível cie decom posição no prognóstico d o CUM .

CUM D i r et am en t e

Consumo de
materiais?

CUMr, Perdasj

0
C U M = 1 ; . , | C U M r , x (1 + Per d as, ) |
100

Figura 7.7. Indicadores d e CUM : sem e co m decom posição.


b) Int ensidade da abordagem analít ica

A previsão cio consum o unit ário de m ateriais, conf or m e cit ado, depende da diret a estim ativa d e C U M
ou d o p r évio prognóst ico d e CUM r e d o val or das perdas. Send o assim, a Figura 7.8 ilustra, generica-
m ente, o r aci ocín i o en vo l vi d o no processo d e previsão, seja el e decom post o o u não. Portanto, um
processo d e previsão da dem anda por m at eriais num serviço se basearia nas ex pect at ivas quant o às
caract eríst icas da obra conceb id a e ao processo d e p r od ução q u e se adotará para sua ex ecução: en-
quant o projet o/ especificações perm it iriam calcular- se o CUM r , projet o/ especif icações e o processo d e
pr odução a adot ar balizar iam a previsão d e perdas, co m base na m aior ou m enor det ecção d e prová-
veis causas e origens.

CUM r eí.

Perdas

CU M

Figura 7.8. As características da obra (enquanto produto e processo de produção) influenciando a ex pectativa quanto ao CUM .

b.1) previsão direta do C U M

O Qu ad r o 7.1 mostra um ex em p l o d a est im at iva d o C U M d e argam assa d e assent am ent o de alvenar ia


r eal i z ad o por um a em presa const rut ora. Note- se q ue a pr evisão baseou- se num a ex pect at iva quant o
às car act er íst icas d e co n cep ção d o produt o e d o processo d e p r od u ção a ser ad ot ad o numa nova obra
em const r ução, co m base na co m p ar ação (nest e caso at é cer t o pont o inf orm al) co m as ca'act er íst icas
d e out ras ob r as já ex ecutada;» pela em presa e cu m us C U M ap i o p i i ad o s (nest e caso, f orm alm ent e)
para tais obras.
Qu ad r o 7 .1 . Ex em plo d e pr evisão diret a d e C U M .

Um a em presa const rut ora, q u e t r abalha f reqüent em ent e co m obras d e ed if ícios h ab i t aci on ai s em alve-
naria est rut ural, t em , sist em at icam ent e, cal cu l ad o o CUM,,.,,! d e argam assa indust rializada r eat i vo ao
assent am ent o d e tal al ven ar i a, con f or m e m ost rado na t abela a seguir:

Ban co d e C U M ^ i d e argam assa de assent am ent o d e al ven ar i a.

Ob r a CUM r eal
(kg de argamassa/ m 2 de alvenaria)
Jardim das Flores 15,4

Solário das Andorinhas 13,9

Caminho do Mar 18,7

At enas 15,3

Florença 17,0

Cent ral 13,5

Em t endo d e prever a dem anda por argam assa para um a nova obr a, co m caract eríst icas sem elhant es,
t ant o d e proj et o quant o d e processo, às cit ad as no b an co d e d ad os m ost rado, o prof issional responsável
p el a p r evi são d eci d i u assu m i r u m a val o r d e C U M igual à m éd i a d o s val o r es an t er i or es, ist o é:

rnx* (1 5 , 4 + 1 3 ,9 + 1 8 ,7 + 1 5 ,3 + 1 7 ,0 + 1 3 ,5 )
C.UM = = 15,6 kg d e argam assa/ nr al ven ar i a

b .2 ) pr evisão d o CUM T

Na m ed id a em q ue a q u an t i d ad e t ot al d em an d ad a d e m at er iais é cal cu l ad a pela m u l t i p l i cação da


q u an t i d ad e d e ser vi ço p el o C U M do m at erial esp eci f i cam en t e sendo est udado, há q u e se observar se
t ais m at eriais são o u não q uant if icad os da m esm a m aneir a q u e o ser vi ço em q u e se inserem , pois isto
int erfere co m a p r evisão do val or d e CUM r , con f or m e se ilustra, a seguir, para três dif erent es m at eriais:
aço em barras, para o ser viço d e ar m ação da estrutura d e con cr et o; con cr et o usinado, para o serviço d e
concr et ag em da m esm a estrutura; b l ocos d e con cr et o, para o assent am ent o d e paredes d e alvenar ia d e
ved ação d e u m ed i f íci o.

No caso d o aço , t ant o as ar m ad ur as (produt o d o ser vi ço d e ar m ação) quant o as barras d e aço necessá-
rias são q uant if icad as em kg, e, caso não ex ista per da, cad a 1 kg d e ar m adur a d em and ar i a 1 kg d e barra
d e aço . Assim é q u e o valor d e CUM T é igual a 1.

No caso d o con cr et o usinado, a sit uação só não é igual em f u n ção de, usualm ent e, adotar- se o vo l u m e
t ot al da estrutura p r od uz id a, sem descontar- se event uais em b ut id os na m esm a, co m o represent at ivo da
q u an t i d ad e d o ser vi ço d e con cr et ag em a ex ecut ar. Para ilustrar q u ão represent at ivos tais em but im ent os
p o d em ser, no Qu ad r o 7.3 estima- se o vo l u m e d e ar m adur a co n t i d o dent ro dos com p onent es estrutu-
rais a concret ar. Assim , ao considerar- se q u e nenhum a perda ex ist a, o vo l u m e d e con cr et o usinad o
necessário (CUM T ) para pr oduzir 1 m 3 d e estrutura seria m enor q u e 1 m \ já q u e seria necessária a
sub t r ação d o vo l u m e dos em b ut im ent os (ar m ação, elet rodut os, passagens d e t ub ulações et c.) d o volu-
m e da est rut ura.
Qu ad r o 7.3. Im port ância volum ét rica da arm adura enquant o em but im ent o na estrutura de concret o.

A análise de projetos d e estruturas d e concret o arm ado para edif ícios habit acionais convencionais perm it e
detectarem- se tax as d e arm adura m édias da ordem de 100 kg d e aço por m J d e estrutura. Supondo- se que
uma certa estrutura tivesse ex at am ent e tal taxa de arm adura e considerando- se uma densidade d o aço d e
7.865 kg por m 1 , poder- se- ia calcular o espaço percentual da armadura na estrutura da seguinte m aneira:

• lem brando que: densidade = m | * ssa ,


1 vol u m e

massa
• segue que: vol u m e = , —r >
& 1 densidade

• em 1 m* d e estrutura ter- se- iam 100 kg d e aço, o q ue significaria um vol u m e d e armadura de:

v Z = a 0 1 2 7 m '

• tal valor representa o seguinte percent ual volum ét r ico da estrutura:

0,0127 m 3 d e aço i n _
T m 3 d e estrutura * 1 0 0 - 1 ,2 7 %

Portanto, supondo- se que a estrutura d e concr et o tivesse apenas as arm aduras co m o em but im ent os, o
CUM r r t seria d e 0,9873 m J d e concr et o usinado por 1 m 5 d e estrutura.

A o se discut ir os blocos para alvenar ia, ilustra- se a sit uação m ais com plex a d e cál cu l o do CUM T , na
m edida em q ue o produt o d o serviço (área assente d e alvenaria) e o m at erial/ com ponent e ut ilizado
(bloco) são m ensurados em unidades diferentes: m 2 para o prim eiro e unidades para o segundo. Confor-
m e já cit ado ant eriorm ent e (vi d e Qu ad r o 5.4), o CÚM T poderia se def inido, para este caso. a partir d o
cál cu l o d o núm ero d e unidades (blocos) que cab er i am em uma unid ad e d e produt o (m- de alvenar ia);
isto poderia se feito at ravés d o uso da ex pressão:

1 | (C + ev) x (H + eh)|

on d e: C = com pr im ent o d o b loco; H = altura d o b loco; ev = espessura da junta vert ical da alvenaria; eh
= espessura d a junta horizont al da alvenar ia.

Situações semelhantes a esta ocorrem para outros materiais/ serviços com o, por ex em plo, para placas cerâmi-
cas (caso os com ponentes sejam estimados em unidades) nos revestimentos cerâm icos e para o volum e ou
massa de argamassa, ou quant idade d e aglomerantes e agregados, para revestimentos d e argamassa.

b.3) previsão das perdas

No q u e se ref ere às perdas, cab e i n i ci al m en t e r elem b r ar q u e as m esm as aco n t ecem sem pre q u e se
ut iliza m ai s m at er ial q u e o t eor i cam en t e necessár io. Tal q u an t i d ad e ad i ci o n al p od e ser d evi d a a
m anif est ações q u e p od em surgir em dif er ent es et ap as d o processo d e p r o d u ção . Port ant o, as m aio-
res ou m enor es ex p ect at i vas d e per das p o d em ser con si d er ad as, na ab or d ag em an al ít i ca, com posi-
ções d e m ai or es ou m en or es ex p ect at i vas d e per das nas dif er ent es et apas, co n f o r m e ilust rado na
Figura 7.9, o n d e t am b ém se ilustra a idéia d e se f azer p r evisões das p er d as em cad a et apa p ar a,
p ost er ior m ent e, det erm inar- se a perda t ot al. A Figura 7.10 ilust ra, ai n d a, d if er ent es p ossib ilid ad es
d e se ag r up ar em et apas d o p r ocesso d e p r od u ção para o cál cu l o das perdas. Not e- se q u e tal agru-
p am en t o d eve ser d ef i n i d o em f u n ção da f orm a d e at uar e d e col et ar i n f or m ações pela em pr esa
usuária d os i n d i cad o r es d e p er d as; p or ex em p l o , em se co n si d er an d o im p or t ant e ent ender- se a
ef i ci ên ci a da eq u i p e r esp onsável p el o p r ocessam ent o f inal d o ser vi ço (por ex em p l o, a eq u i p e q u e
ap l i ca o gesso em r evest im ent os int ernos, o u aq u el a q u e assent a a al ven ar i a), t al vez seja interessan-
t e adotar- se a post ura " c " d a Figura 7.10.

O Qu ad r o 7.4 ilustra o r aci ocín i o ap l i cad o p elo responsável pela est im at iva das perdas d e placas cerâ-
m icas, para obras diferent es d e sua em presa.

Ex pectativas quanto às Ex pectativas quanto


características d o produto e d o às razões para
processo que afetam a etapa i ineficiência na etapa i Exj> ectalivas quanto Perda global
ao valor das yn
Projeto/ espec i f icação Causas perdas na etapa i " i = 1 Perdas na etapa i
+
Planejam ent o da produção Origens

Figura 7.9. A perda total com o soma das |> erdas esperadas nas diferentes etapas d o processo de produção.

a) Divisão complet a em et apas

Estocagem Processament o Processamento


Recebiment o
int ermediário final

b) Processament o int ermediário como marco divisório

Processament o Processament o
Recebiment o + est ocagem
int ermediário final

c) Separação do processo f inal

Processament o
Recebiment o + est ocagem + processament o int ermediário c=>
f inal

Figura 7.10. Diferentes decomposições da perda total gerando conjunt o de etapas a terem suas perdas previstas.
Qu ad r o 7.4. Ex pect at ivas d e perdas d e placas cerâm icas.

Tendo algum as obras sendo ex ecut adas sim ult aneam ent e, um t écnico da em presa foi cham ado a opinar
sobre a q uant id ad e necessária d e placas cer âm icas para o revest im ent o interno d e paredes d e áreas
m olhadas d e 3 destas obras.

Co m o inf orm ações prévias, tal t écnico sabia que, em obras anteriores, a em presa havia com put ado
perdas, para este m at erial, neste serviço, var iáveis d e 4 % a 8 %; m ais q ue isto, em bora não registrado
f orm alm ent e, imagina- se que as perdas no recebim ent o e est ocagem representam por volt a d e 2 0 % das
perdas totais, sendo o restante fort em ent e associado à etapa d e processam ent o f inal. Analisando os
projet os disponíveis e o processo d e p r od ução esperado, o t écnico tinha ex pect at ivas quant o às obras
q u e d em an d avam o revest im ent o cer âm i co, conf or m e m ostrado na t abela a seguir:

Ex pect at ivas quant o às obras.

Obra Caract eríst icas


Portal dos Pássaros Placas cerâmicas de 20 cm x 20 cm, com mesma cor em todos
os ambientes das 5 torres do empreendimento, com paginação da
cerâmica baseada em dimensões modulares da mesma.
Entrega do material paletizado no andar de uso pelo
fornecedor. Empreiteiro é parceiro da empresa e esta é a
terceira das 5 torres que executa no empreendimento.

Savana Placas de 30 cm x 30 cm, com cor variando nos ambientes (todos


de tamanho reduzido) dos diferentes apartamentos da única
torre da obra. Material será entregue no pequeno estoque
disponível nas imediações do portão da obra, que tem
dificuldades de espaço para estocagem, demandando a criação
de diferentes regiões de armazenamento. Empreiteiro por
contratar (sem expectativa de adotar- se empresa já conhecida).

Cidade Jardim Placas cerâmicas de 30 cm x 40 cm, com faixa decorativa


intermediária, em ambientes de grandes dimensões. Entrega,
l^elo fornecedor, em defxSsito grande nas proximidades cfo elevador
de obras. Empreiteiro por contratar (expectativa de ter- se
empreiteiro parceiro da empresa).

No processo de d ef inição d e sua previsão para o C U M d e placas cerâm icas, o t écnico passou pelas
seguintes et apas (indicadas em t abela adiant e):

• subdivisão das et apas d o processo d e pr odução d o revest im ent o cer âm i co: "pré"- "processam ent o
f inal" = recebim ent o + est ocagem + transporte para a frente d e t rabalho; e "processam ent o
f i n al ";
• f aix as d e v ar i ação d e p er d as vig en t es e m cad a et ap a;
• caract eríst icas inf luenciadoras das perdas;
• d ef inição da ex pect at iva por et apa;
• perda global esperada.
Raciocínios pertinentes ao processo de previsão das perdas.

Etapas " Pr é" "processam ent o "Processam ent o


f i n al " f i n al "
Perdas vigentes 0 ,8 % a 1 ,6 % (2 0 % do total) 3 ,2 % a 6 ,4 % (8 0 % do total)
Caract eríst icas Portal dos (- ) entregue na frente (- ) placas pequenas
induzindo maiores Pássaros de serviço (+ ) ambientes pequenos
perdas (+ ) ou menores (obra A) (- ) m odulação
perdas (- ) (- ) empreiteiro parceiro
(- ) operários acostumados
ao serviço
(- ) reaproveitamento
de sobras
Savana (+ ) ex pectativa de estocagem (+ ) placas médias
(obra B) def icient e (+ ) placas diferentes (menor
(+ ) ex pectativa de mais chance de reaprovei.amento
m ovim ent ação de placas de sobras)
(+ ) ambientes pequenos
(+ ) empreiteiro desconhecido
Cid ad e (- ) estocagem adequada (+ ) placas cerâm icas grandes
Jardim com transporte não excessivo (- ) ambientes grandes
(obra C) (- ) provável empreiteiro
de confiança
Perdas previstas A 0 ,8 % 4 ,5 %
por etapa B 1 ,6 % 6 ,4 %
C 1 ,0 % 5 ,5 %
Perdas previstas A 5 ,3 %
globais B 8 ,0 %
C 6 ,5 %

Port ant o, previsões d e perdas dif erent es para cad a grupo d e et apas do processo d e p r od u ção (no "pr é"-
"p r ocessam en t o f i n al ": 0 , 8 % para a obra A, 1 , 6 % para B e 1 % para C; no "p r ocessam ent o f i n ei ": 4 , 5 %
para A, 6 , 4 % para B e 5 , 5 % para C) levar am a ex pect at ivas dist int as quant o às perdas t ot ais de p l acas
cer âm i cas das obras: 5 , 3 % para A, 8 % para B e 5 , 5 % para C.

7 .2 .2 . Contex to da previsão

O m od el o ad ot ad o para a p r evisão p od e ter co m p l ex i d ad e var i ável em f u n ção d o cont ex t o o r d e ocor-


re, en vo l ven d o , ent re out ros, os seguint es aspect os: o m om ent o em q ue o prognóst ico é feit e; o n ível
das inf or m ações d isp oníveis; a ref erência d e valor es d e per das ad ot ad a.

a) Mo m en t o d o prognóst ico

A p r evisão da q uant id ad e d e m at eriais necessária para um cer t o ser vi ço p o d e ter d e ser feita en- diferen-
tes m om ent os, e subsidiando dist int as decisões dos gestores, co m o , p or ex em p l o (Figura 7.11): as rela-
t ivas a invest ir ou não num a op or t uni d ad e, para fazer um d et er m inad o ser vi ço para u m cont rat ant e,
q u an d o da l i ci t ação do m esm o; aq u el as necessárias para a d ef i n i ção dos pr eços q u e d evem constar da
propost a co m er ci al para tal ex ecu ção ; as d em an d ad as para se elab or ar um proj et o para a p r od ução
ad eq u ad o; as necessárias para b aliz ar o con t r ol e do con su m o dur ant e a ex ecu ção do ser vi ço.
q
Proposta

o
Discussões no período dc prc-cxccução

o
Discussões durant e a execução do serviço

Figura 7.11. Diferentes momentos d o empreendimento em que .1 previsão «Io consumo de materiais | x x lc ser necessária.

A cada uma destas fases se associam necessidades diferentes quant o à abrangência e precisão das informa-
ções necessárias. Por ex em plo, ter- se a sim ples referência d e consum os m áx im os pode servir para balizar
a análise d e riscos no m om ent o d e se decidir por investir ou não numa licit ação e para conf eccionar a
proposta d e preços; o conhecim ent o det alhado dos fatores que inf luenciam o consum o e uma boa previ-
são do C U M são necessários para se balizar a program ação e o cont role d e um serviço; entre outros.

b) Inf orm ações disponíveis

Nor m alm ent e, à m edida que se al can çam et apas m ais adiant adas do em preendim ent o, tanto a necessi-
d ad e d c precisão quant o a disponibilidade d e inf orm ações para a previsão aum ent am . Ainda assim, é
im port ant e observar q ue se pode t rabalhar a previsão f azendo uso d e fontes d e inform ação co m dife-
rentes riquezas. A Figura 7.12 ilustra as possíveis fontes d e inf orm ações para subsidiar o prognóstico d o
CU M ; elas dizem respeito ao conhecim ent o do produt o que se irá elaborar e da t ecnologia e gestão
en vol vi d os na sua produção.

Observe- se que, em f unção d e se t rabalhar co m m odelos d e previsão sim plif icados, m uit as vezes, ainda
q u e inf orm ações m ais ricas est ejam disponíveis, elaboram - se previsões d e dem anda por materiais sem
levar em conta tais fontes m ais det alhadas. Mas ressalte- se q ue este aut or acredit a que, por ex em plo,
t rabalhar co m o projet o ex ecut ivo permita uma m elhor previsão q ue ter um ant eprojet o com o base d e
ent endim ent o das caract eríst icas d o serviço; assim com o ter- se um projet o para p r od ução com plem ent a
em m uit o as inf orm ações ad vind as do conhecim ent o da forma usual d e atuar da em presa.

c) Ref erência d e perdas e consum os

Conf or m e m ostrado ant eriorm ent e (vide Qu ad r o 7.4), a previsão se baseia em , a partir d o conhecim en-
to das caract eríst icas do serviço a ex ecut ar, escolher- se um valor d e perdas ou consum o dentre aqueles
(ref erência) det ect ados em aval i ações ant eriores d o m esm o t ipo d e serviço. Portanto, o processo d e
pr evisão pressupõe um acú m u l o ant erior d e inf orm ações sobre as perdas ou consum os de m at eriais
(inf orm ações históricas). Tal ex periência p od e ser classif icada cm f unção da sua origem (Figura 7.13) e
d a forma d e ex pressão (Figura 7.14).

Qu an t o às fontes das inf orm ações hist óricas sobre perdas e consum os, podem- se ter: opiniões d e cu n h o
pessoal, até cert o ponto inform ais, mas fruto da vi vênci a profissional pessoal; inf orm ações próprias da
em presa, fruto d o registro form al d o desem penho verif icado em obras ant eriorm ent e realizadas; infor-
m ações sobre o desem penho das em presas d o m ercado, f orm alm ent e registradas e organizadas, nor-
m alm ent e divulgadas sob a form a d e m anuais d e or çam ent ação. Em bora não se d eva desprezar a expe-
T i p o l o g i a d o ser vi ço / o b r a Anteprojeto

Consumo? Inf or m ações?

Projeto executivo

Escantilhào

Detalhe- padráo efe


batente envo)ven e
enchido com bisnaga

Projeto para a produção


Fi g u r a 7.12. Fontes de informação para a previsão.

riência profissional d e cada um , ao basear- se em opiniões pessoais não analít icas corre- se, normalmen-
te, m aior risco, pois estas são sem pre sujeitas a um alt o grau d e subj et ividade; m ais q ue isto, não é
sim ples transferir tal conhecim ent o, o q u e significa dif iculdades para o registro da ex periência da em-
presa para dar suporte às decisões a serem t om adas por novos ingressantes na m esm a. ( ) banco d e
dados da em presa é sem pre desej ável, tanto em f unção da ob j et i vi d ad e que credit a às inf orm ações
quant o em f unção d e m inim izar as chances d e perder- se a história da em presa; m ais q ue isto, sempre é
interessante trabalhar- se co m os dados da própria em presa. Na falta d e um b anco d e dados próprio (e
t am bém para poder comparar- se co m os concorrent es, no caso d e se dispor d e dados próprios), os
m anuais d e or çam ent ação procuram registrar, organiza da m ente, a ex periência do m ercado.

Quant o às form as d e apresent ação dos valores históricos, as op ções vão desde a sim ples estimativa d o
valor m édio do C U M até a disponibilização d e equações definidas estatisticamente e correlacionando os
fatores influenciadores do consum o aos seus valores. Os valores m édios (ou m edianos) são muito usados
por representarem a região central dos valores at ribuídos a diversas ex periências; no entanto, costum o
considerar que a "m édia é uma boa representante d e todas as obras mas não d e uma obra em part icular",
isto é, pode ser que a obra cuj o consum o se deseja prever tenha caract eríst icas que a afastem da região
central dos valores históricos em direção aos valores m áx im o ou m ínim o, o q ue levaria a um n"au prog-
nóstico. As faix as d e valores, localizando, além da m édia ou m ediana (região cent ral), os lim ites da varia-
ção das perdas/ consumos, facilit a, |>or ex em plo, acrescentarem- se discussões d e risco d o prognóstico
feito. Adicionando- se os fatores que, positivam ente ou negativamente, influenciaram os valores históricos,
- Op i n i ão pessoal
/
NQOzyxwvutsrqponmljihgfedcbaZXVUTSRQPONMLJIGFEDCBA
sei qual A perda vai
vai ser a ser de uns 8%!

M inha primeira obra M inhas obras

- Ban co d c d ad os d a em p r esa
Obra Caract eríst icas Perda
A Alt o padrão; concret o usinado; etc. 12 %
B Obra de escrit órios pequenos individualizados; et c. 17 %
C Alvenaria estrutural; laje pré-fabricada; et c. 4%
D Conjunt o de casas populares com blocos cerâmicos; et c. 8%

- Dad o s d o m er cad o

Figura 7.13. fontes d e informações históricas sobre perdas e consumos.

- Valor médio
- Faixa de valores indicando as ext remidades (mínimo e máximo) e o cent ro da dist ribuição (média ou mediana)
M édia ou mediana
I 1 1
mínimo máximo

- Faixa de valores associada à indicação das caract eríst icas que favorecem uma expect at iva mais próxima t io mínimo
e daquelas que favorecem aproximar-se do máximo
M édia ou mediana
I 1 H
mínimo máximo
Fatores (caract eríst icas)
Redutores M aximizadores
r1 Ml
r2 M2
r3 M3

- Tabelas de obras, |)erdas/consumos ocorridos e caract eríst icas relevant es


Obra Perdas/consumos Caract eríst ica 1 Caract eríst ica 2 Caract eríst ica 3 Caract eríst ica n
A
B
C
D
• ••

- Procediment os permit indo a associação das caract eríst icas inf luenciadoras aos valores das perdas/consumos
CUM = CUM T X(1 + JP J
100
onde:
CUMJ = 1
Dimensão caract eríst ica
IP = f (caract eríst ica 1, caract eríst ica 2,..., caract eríst ica n)

Figura 7.14. Diferentes formas de organizar e apresentar as informações históricas.

Com o reduzir |> erdas nos canteiros


permite- se uma m aior precisão no prognóst ico, já q ue se torna possível, avaliando- se a m aior ou m enor
presença de tais fatores na obra em análise, prever- se em q ue pont o da faixa se im agina estar. A Tabela co m
a i nd i cação das obras e suas caract eríst icas torna m ais física a com p ar ação da obra por ex ecutar co m as
ant eriorm ent e diagnost icadas. E, f inalm ent e, a d isp onib iliz ação d e ferram entas d e aux ílio à previsão base-
adas em aval i ação estatística acrescent a conf iab ilid ad e ao processo.

7 .3 . M O D ELO S D E PREV I SÃO D O S C O N SU M O S E PERD AS DE M AT ERI AI S

Sem a pret ensão d e esgotar o assunt o (at é p or q u e cad a em presa o u prof issional p od e d esenvolver seus
próprios p r oced im ent os para subsidiar a p r evisão d o co n su m o d e m at eriais), apresent am - se três mode-
los d e p r evi são d o C U M , aq u i d en o m i n ad o s: t r ad i ci on al ; i n o vad o r ; e an al ít i co . Im agina- se q ue tal
discussão perm it a um a aval i ação cr ít i ca, por part e d o leitor, no sent ido d e aux iliá- lo na escolha d o
f orm at o q ue acredit ar ser o m ai s co n ven i en t e para cad a sit uação q u e vi ven ci ar num futuro t rabalho; no
m ín i m o, im agina- se f om ent ar o d eb at e q uant o às vant agens e desvant agens d o event ual m od elo sendo
ad ot ad o e quant o aos cam i n h o s alt ernat ivos q u e p od em ser t rilhados.

7 .3 .1 . M od elo de previsão tradicional

Ad o t ad o p ela m ai or part e dos m an u ai s d e o r çam en t ação n aci o n ai s e est rangeiros, e t am bém p el as


em presas q u e diagnost icam e registram os valor es do C U M para suas obras, o Mo d el o Tradicional apre-
senta as seguint es car act er íst icas:

• t rabalha co m valor es m édios d e C U M ;


• dever ia ser p er i od i cam en t e at u al i z ad o para refletir as event uais alt er ações dos desem penhos
vigent es no m er cad o;
• os val or es m éd i os d e C U M apresent ados vem , m uit as vezes, aco m p an h ad o s da i n d i cação d e
algum as car act er íst icas do ser vi ço a q u e est ariam associados;
• é bast ant e int eligível e f ácil d e ut ilizar;
• trata- se d o m od elo m ais dif undido ent re os profissionais q ue t rabalham co m previsão d e consum o;
• possuem a d ef i ci ên ci a d e som ent e f ornecer o val or m éd i o do C U M (e, port ant o, d e não dar
f l ex i b i l i d ad e ao responsável p elo prognóst ico) e d e não ex p licit ar as inf luências q u e cif erent es
car act er íst icas d o ser vi ço possuem sobre o C U M esper ado.

A Figura 7.15 ilustra, para o caso d e ex ecu ção d e alvenar ia d e ved ação , o t ipo d e inf or m ação disponível
n u m m anual d e o r çam en t ação (T CPO 2 0 0 0 ) seguindo o Mo d el o Tr ad i ci onal d e previsão. Note- se q u e o
val o r m ost r ado para o co n su m o d e b l o co s ( CUM ) é um val o r m éd i o , q u e p r o cu r a, na vi são dos
elab or ad or es d o m an u al , represent ar a sit uação m éd i a vigent e no m er cad o. A d escr i ção do ser vi ço
em b u t e a ci t ação d e algum as caract eríst icas q u e i n f l u en ci am o con su m o (por ex em p lo, neste caso, a
ci t ação da espessura da junt a d e assent am ent o d e 10 m m ). Note- se q u e o val or d e C U M , de 13,13
unid ad es por m et ro q u ad r ad o assente, signif ica um a con si d er ação d e perda d e 5 %, já q ue, neste caso,
ser iam t eor icam ent e necessários ap enas 12,5 b locos para co m p o r I i r r d e al ven ar i a.

Componentes unid. consumos


Dimensões (cm)
6.7 x19 x 39 9x 19 x 39
Espessura da parede sem revestimento (cm)
6.7 9
04221.005 04221.004
Argamassa 1:1:5.5 m' 0.0053 0.0069
Bloco de concreto un 13.13 13,13
Andaimes
Pedreiro h 0.66 0.66
Servente h 0.66 0.66

Figura 7.15. CUM de blocos d e concreto na ex ecução de paredes d e alvenaria (TCPO 2000).
7 .3 .2 . M od elo de previsão inovador

Vi san d o increm ent ar o nível d e i nf or m ação co n t i d o na ap r esent ação de d ad os hist óricos d o C U M , o


M o d el o In ovad or caract eriza- se por :

• apresent ar a faix a d e valor es d e C U M (em lugar d e som ent e cit ar o val or m éd i o);
• indicar os fatores que favorecem um aum ento ou uma dim inuição dos valores previstos para o CUM ;
• ex igir, d o responsável p elo prognóst ico, um a t om ada d e decisões sobre o n d e localiz ar o valor
d e C U M ao longo da faix a propost a, d em an d an d o , port ant o, a d ef i n i ção prévia d e um a ex pec-
t at iva quant o à presença o u não dos dif erent es fatores inf luenciad or es q u e aco m p an h am a faix a
d e valor es d o C U M ;
• dar f lex ib ilid ad e e m aior co n f i ab i l i d ad e à previsão, na m edida em q ue perm it e determ inar- se
um val or d e C U M coer en t e co m as caract eríst icas do ser vi ço send o an al i sad o.

A Figura 7.16 ilustra, para o caso da argamassa utilizada no revestimento d e paredes internas, o tipo de
inform ação disponível num m anual d e orçam ent ação (TCPO 2003) seguindo o Mo d el o Inovador d e previ-
são. Note- se que a faixa de valores d c C U M parte d e um valor m ínim o d e 0,0073, chegando ao m áx im o d e
0,0741 m 3 d e argamassa por m 2 revestido, o q ue representa uma var iação d e quase 1 0 0 0 %; tal const at ação
da var iação vigent e no m ercado, por si só, já serviria para demonstrar a im portância de se adotar um m étodo
q ue permita ajustar a previsão d o C U M às características de cada obra, na medida em que as discrepâncias
ix x iem ser grandes dem ais para se contentar em adotar, pura e simplesmente, um valor m édio do m ercado.
Indica- se, ainda, o valor cent ral da faixa, at ravés da cit ação da m ediana dos C U M históricos. Os fatores
inf luenciadores cit ados abrangem causas, origens e car act er izações relevant es para as possíveis perdas
det ect áveis neste serviço; a ex pectativa quant o a alguns deles dem anda conhecer- se o projeto :1a obra (por
ex em plo, o tipo d e revestimento de piso q ue se vai adotar) e, quant o a outros, o processo d e produção que
se im agina utilizar (por ex em plo, o tipo d e equipam ent o de transporte d e argamassa q ue estará presente).

Mi n . = 0,0073 Med . = 0,0243 Máx . = 0,0741


Argamassa (mVm 1 )

Edifícios residenciais Edifícios com erciais


Edifícios para baixa r en d i Edifícios de alto padrão
Alvenaria com com|> onentes regulares Alvenaria com componentes
geometricamente geometricamcnte irregulares
Existência de procedimentos de ex ecução Não existem procedimentos de ex ecução
de alvenaria de alvenaria
Revestimento de piso não- modular Revestimento d c piso modular
Paredes sem instalações embutidas Parede contendo instalações hidr. embutidas
Am bas as faces de paredes internas Faces internas dc paredes externas
Paredes |> equenas Paredes grandes
Reaproveitamento de argamassa quando Sem reaprovçitamento de argamassa quando
cai na aplicação cai na aplicação
Paredes a revestir sobre piso liso já cx ccutado Parede sobre piso ainda não ex ecutado
Quant idade diária de trabalho elevada Pouca quantidade de trabalho diária
Aproveitamento total da argamassa misturada .Não é necessário usar toda a argamassa
misturada
Transixirte com equipamento- » e em Tr.inqvirlp v m of|iiip.irrw> nlf« nu r>m
vias adequados vias não adequados.

Figura 7.16. F«>ix«i d c valores d o CUM de argamassa, na ex ecução de eml> oço/ massa única para paredes internas (TCPO 2003).

7 .3 .3 . M od elo de previsão analít ico

O Mo d el o d e Pr evi são An al ít i co , co n f o r m e o nom e i nd i ca, p r econi z a um a p r evisão baseada na obser-


vação cui d ad osa d e vár i os dos aspect os r el aci on ad os a uma ex p ect at iva m aior o u m enor de co n su m o
d e m at eriais num d ad o ser viço. Caract eriza- se por:

• d ecom p or a tarefa d e est im ar o C U M em prognóst icos p ar ci ai s relat ivos a f rações do ind icad or ;
• est im ar os consum os t eóricos e as perdas en vo l vi d o s no uso d o m at er ial em estudo;
• cal cu l ar as perdas globais co m o som atória das perdas ocorridas em diferent es et apas do proces-
so d e produção, event ualm ent e (em f unção do t ipo d e m at erial em est udo) dist inguindo as
naturezas percent uais das m esm as (f rações representadas pelo ent ulho e a incorporação, por
ex em plo, no caso d e argamassas);
• ter o prognóst ico d e cada um a das frações d e perda b aliz ad o nas ex pect at ivas quant o a origens
e causas presentes nas con cep ções do produt o e do processo d e p r od ução a ser im plant ado;
• ex igir, em f unção das caract eríst icas cit adas aci m a, um d om ínio maior, por part e do responsável
pela previsão, da p er cep ção quant o ao produt o e ao processo adot ados;
• perm it ir q ue as caract eríst icas específ icas do serviço inf luenciem a previsão;
• gerar m aior consciência co m r elação aos fatores indut ores d e consum o, pr ovavelm ent e facili-
tando a ocorrência d e discussões q u e viab iliz em futuras ações, d o pont o d e vista d o projeto d o
produt o ou do processo d e produção, visando à redução d e consum os desnecessários;
• f acilit ar a ut ilização do prognóst ico do consum o co m o subsídio para a or ganização da produ-
ção e seu cont role.

Indica- se, a seguir, o raciocínio seguido pelo autor na def inição cie um m étodo para previsão analítico,
tam bém para o caso do uso d e argamassa para com por revestimentos internos de parede. Note- se que o
m étodo pode ser m ais bem entendido ao se perceber os passos que foram seguidos na sua concepção: o
consum o total foi quebrado em parcelas d e consum o; tal quebra distingue as diferentes etapas do processo
d e produção onde o consum o (eficiente ou ineficiente) pode ocorrer, além da natureza cias perdas existentes;
para cada parcela se definem os fatores que influenciam o consum o; define- se uma regra associando as
perdas/ consumos a tais fatores; o consum o total é fruto da com posição cios consumos parciais.

No q ue se refere a quebrar- se o consum o total em parcelas m enores, a Figura 7.17 ilustra o r aciocínio
adot ado: a base (alvenar ia) receberá uma cam ad a cie "argam assa incor p or ad a" (espessura efeal ), relat iva
tanto ao consum o t eoricam ent e necessário (eT) quant o à perda incorporada (Ae); haverá uma parcela d e
m at erial q ue terá vi r ad o "en t u l h o" nas prox im idades d o posto cie t rabalho, tanto d evid o a ter- se m at erial
q ue cai u ao ch ão e não foi aproveit ado, quant o a se ter t ido sobra d e argam assa, no caix ot e cio pedreiro,
sem ser ut ilizada; haverá, t am bém , perda por ent ulho, e event ual m ent e furto, ao longo das out ras
et apas (recebim ent o, est ocagem , dosagem/ mistura e transporte) q u e precedem a ap l i cação final.

Etapas " pré-aplicação f inal"

Dosagem
Recebi ment o Est ocagem
mist ura

- < V.ii = + zyxvutsrqponmlkjihgfedc


Jo

Perda
incorporada

Figura 7.17. Momentos de incidência (e natureza) tias perdas/ consumos de argamassa na ex ecução <le revestimento interno de paredes.

Portanto, pode- se ex pressar o C U M através de:

argamassa incorporada + ent ulho na ap l i cação final + outras perdas


CUM =
nr nr' nr
A ex pressão «interior p o d e ser reescrit a co m o :

CUM - í a r B a m a s s a incor p or ad a + ent ulho na ap l i cação f i n al \ ^


" \ vsrpnjiedaZUOJ ri m3 / X '

o n d e F representa um fator m aj or ad or da q u an t i d ad e d e argam assa necessária para abast ecer a frent e d e


t rabalho, fruto d as perdas q u e p od em ocor r er nas et apas ant eriores.

Co m base na reunião d e um signif icat ivo conj unt o d e daclos históricos, sobre consum os d e argamassa, foi
possível cum pr ir as et apas d e apont am ent o dos fatores inf luenciadores e d e d ef inição d e procedim ent os
para se prognost icar consum os para cada um a das três parcelas cit adas na ex pressão d e cál cu l o do CUM .

Para o caso da argam assa incorporada por n r d e revest im ent o, pode- se cit ar que:

• os val or es d e e r M l dos revest im ent os var i ar am d e 0,8 cm a 3,5 cm ;


• os fatores consi d er ad os indut ores d e m aior es o u m enor es i n cor p or ações est ão ind icad os na
Tabela 7.1;

Tabela 7 .1 Fatores q u e i n f l u en ci am a q uant id ad e incorporada d e m at erial na ed i f i cação.

FATORES COMENTÁRIOS

Uso previsto para a edificação A maior preocupação com cumprir prazos do que reduzir
consumos, leva a considerar que edifícios com erciais
induzem uma espessura maior de revestimento.

Padrão da edif icação Edifícios de alto padrão levam a maiores espessuras de


revestimento, pois os clientes são mais exigentes quanto
a defeitos da base e, ainda, porque o custo da
sobrespessura não é tão relevante para o cliente.

Qualid ad e da alvenaria Alvenarias executadas com blocos ou tijolos de


qualidade inferior induzem um maior consumo de
argamassa de revestimento, a fim de corrigir a
não- conformidade dos materiais da base.

Existência de procedimentos/ Quando a vedação é mal ex ecutada, cabe ao


equipamentos aux iliares para revestimento "encobrir" as falhas desse serviço.
ex ecução da vedação

Tipo de revestimento de Quando as faces das paredes a serem revestidas encontram- se


piso do ambiente em um ambiente com revestimento de piso modular, há uma
necessidade maior de perpendicularidade entre as faces verticais
que pode induzir o aumento de espessura desse revestimento.

Espessura da viga superior A ex igência de inexistência de "dent es" na face revestida, quando
comparada com a espessura a parede se localiza sob viga de maior espessura, leva ao
da parede aumento da espessura do revestimento.

Ex istência de instalações na Quando o revestimento está em contato com instalações, há muitas


parede a ser revestida vezes um consumo adicional de argamassa para "escondê- las".

Parede revestida faz parte da O prumo da fachada e a posição dos contramarcos nas aberturas
vedação externa são "acertados" com base na face externa da alvenaria, o que induz,
muitas vezes, maiores espessuras de revestimento da parede interna.

Área a ser revestida Considera- se que há uma maior possibilidade de variação de


espessura quanto maior for a área a ser revestida. Áreas de 12 m 2
seriam o limite entre uma face pequena e outra considerada
grande.
• Podem - se ut ilizar d e 2 dif erent es cam i n h o s para se est im ar sua gr andeza: anal i sand o parede a
p ar ed e; o u assum indo um a ex pect at iva baseada num a aval i ação global das caract eríst icas d o
ed i f íci o. O Qu ad r o 7.5 ilustra os p r oced im ent os propost os.

Qu ad r o 7 .5 . Pr oced i m ent os para est im at iva do vo l u m e d e argam assa incor p or ad a por n r revestido

I lá duas form as d e se prever o m at erial incor p or ad o ou a espessura real d o revest im ent o. A prim eira
delas é at ravés d e um processo d et alhad o, p ar ed e a par ede; a segunda d iz respeit o à proposição d e um
núm er o m éd io para o ed i f íci o co m o um t odo.

I"1 O PÇ Ã O - Processo d et al had o por p ar ed e

A espessura real d o revest im ent o d e um a p ar ed e var ia d e 0 ,8 cm a 3,5 cm , con f or m e faix a ab ai x o


i nd i cad a. Para a ob t en ção da espessura real previst a para um a cert a p ar ed e (ou um conj unt o delas),
parte- se do val or m ín i m o desta faix a e se faz um acr ésci m o, q u e é d ef inid o co m o f u n ção dos fat ores
inf luenciad or es ant er ior m ent e cit ados.

Faix a d e var i ação da espessura r eal d e r evest i m ent o i n t er n o d e argam assa.

0 ,8 c m 3 ,5 c m
M •

A t abela da página seguint e associa pesos a cad a fator anal i sad o; a espessura real é obt ida conf or m e
ex post o nas eq u açõ es a seguir:

e = val or m ín i m o da faix a supracit ada + S ? x (valor m áx i m o da faix a - val or m ín i m o da faix a)


real ]Q

e = 0 ,8 + — x (3 , 5 - 0 , 8 )
«Ml <ctn> ^ q

e = 0,8 + 0,27 x I p
real (cm)

o n d e I P é o som at ór io dos pesos, con f or m e propost os na t abela seguint e.


Peso de cada fator que faz a espessura real do revestim ento interno variar.

Fatores Pesos (P)


O edif ício é com ercial? Si m + 1,5
Não + 0,0

O edifício é dc alto padrão? Si m + 1,5


Não + 0,0
Os blocos utilizados para vedação são de qualidade inferior? Sim + 1,5
Não + 0,0
Existem procedimentos de ex ecução de vedação e equipamentos aux iliares? Si m + 0,0
Não + 1,0
O ambiente a revestir tem piso modular? Si m + 0,5
Não + 0,0
A largura da viga é maior que a espessura da parede a revestir? Si m + 1,5
Não + 0,0
A parede a revestir é de vedação externa? Sim + 1,0
Não + 0,0
A face a revestir tem contato com instalações? Si m + 1,0

Não + 0,0
A área a revestir é grande (superior a 12 m 2 )? Sim + 0,5
Não + 0,0

2"1 O PÇ Ã O - Nú m er o m éd i o para o ed i f íci o co m o um t odo

Def inem - se 3 faix as d e var i ação da espessura real, em f unção d o t ipo d e ed i f íci o e do seu uso, con-
f orm e ex post o a seguir:

Faixa de variação das espessuras reais esperadas para diferentes edifícios.

2,0 cm zyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZVUTSRQPONMLK
3,0 cm
Ed i f íci o co m er ci al •
4

2,5 cm 3,5 cm
Ed if ício r esid encial d e alt o p ad r ão •
4

1,0 cm 2,0 cm
Ed i f íci o r esid encial d e p ad r ão p op ular •
4

Observe- se q ue, para se situar dent ro d e cad a faix a cit ad a, pode- se basear, co m o ref erência, na ex pec-
t at iva q uant o à p r ed om i n ân ci a ou não das sit uações cit ad as na t abela q ue foi ut ilizada para o cál cu l o
d et al h ad o. O cál cu l o d o m at erial i ncor p or ad o, em litros/ m 2 , é igual ao val or da espessura real, em
cent ím et ros, m u l t i p l i cad o por 10.
Para o caso d o ent ulho por n r revestido, gerado nas at ividades relat ivas à ap l i cação final da argamassa,
pode- se cit ar que:

• o b anco d e dados at ual cont ém valores var iand o d e 0,01 a 4,4 litros por n r ;
• os fatores considerados indutores d e m aiores o u m enores quant idades d e ent ulho, na ap l i cação
final, estão indicados na Tabela 7.2;

Tabela 7.2. Fatores q ue inf luenciam a geração d e ent ulho.

Fatores Com entários

Existência de política de A existência de diretrizes pré- definidas, para o reaproveitamento


reaproveitamento da argamassa da argamassa que cai durante a aplicação, leva à geração de uni
que cai durante a aplicação volume menor de entulho.

Base horizontal do ambiente A possibilidade de recolhimento do material que cai é maior


onde o revestimento está sendo quando o ambiente revestido já tem contrapiso ou sua laje é do
ex ecutado tipo "acabada", o que resulta em menor quantidade de ent ilho.

Espessura do revestimento Considera- se que quanto menor a espessura do revestimento,


menor a quantidade de entulho gerado.

Tamanho da área diariamente Considera- se que quanto maior a área a ser revestida, menor a
revestida por oficial relevância de eventual sobra de material nos finais de jornada
de trabalho (áreas superiores a 18 m 2 por oficial por dia são
consideradas grandes).

Finalização do serviço Quando existe, na empresa, uma diretriz para que o serviço só
termine quando toda a argamassa, presente nas m asse iras, for
utilizada, tem- se uma probabilidade de geração de menor
quantidade de entulho.
• o Qu ad r o 7.6 ilustra o p r oced i m en t o propost o para avaliar- se a grandeza d o en t u l h o esperada.

Qu ad r o 7 .6 . Est im at iva d e ent ulho, por nr 1 revest ido, gerado na ap l i cação f inal da argam assa.

A faix a d e var i ação d o ent ulho gerado é apresent ada na figura a seguir:

Faixa de variação do entulho gerado na ex ecução de revestim ento interno.

0,0 l/ m2 4,4 l/ m2
< •

A esco l h a d e u m val or , d en t r o da f ai x a, é b asead a na aval i ação d os f at or es i n íl u cn ci ad o r cs, cit a-


d os an t er i o r m en t e, ao s q u ai s se at r i b u em p esos. O co n su m o d e ar g am assa d evi d o à g er ação d e
en t u l h o (E), p r evi st o p ar a u m a o b r a, é f u n ção d o so m at ó r i o d o s pesos o b t i d o s (co n f o r m e p r op ost o
na t ab el a ab ai x o).

Peso de cada fator, para a previsão do entulho de argamassa gerado.

Fatores Pesos (P)

Existe política expressa para reaproveitamento de argamassa? Sim +0

Não +5

A base favorece o recolhimento? Sim +0

Não +2

A espessura do revestimento é baixa (< 1 cm)? Sim +0

Não +2

O serviço só é finalizado quando a argamassa termina? Sim +0

Não + 0,5

A área diária revestida por operário é grande (superior a 18 m 2)? Sim +0

Não + 0,5

Calcula- se o ent ulho gerado at ravés da seguint e ex pressão:


yp
E = val o r m ín i m o da faix a (figura aci m a) + — x (valor m áx im o da faix a - val or m ín i m o da faix a)
10

E (l/ m 2 ) = 0 + ^ x 4 , 4 = 0,44 x 2>


Qu an t o ao fator m aj or ad or F, relat ivo às perdas ocor r id as p r evi am ent e à ap l i cação f inal:

• os d ad os hist óricos i n d i car am dif er enças associadas aos fat ores d osag em e t ransport e, conf or m e
cit ad o na Tabela 7.3;

Tabela 7.3. Fatores q ue i n f l u en ci am a perda na dosagem e t ransport e d o m at erial.

Fatores Com ent ários


Local da dosagem A dosagem fora do canteiro elimina a possibilidade dc
perdas nessa etapa.

Cuidados no transporte Quanto menor o cuidado, maior a perda.

• sugere- se o p r oced i m en t o i n d i cad o no Qu ad r o 7.7 para b aliz ar a ex pect at iva quant o ao val o r
d o fator F.

Qu ad r o 7 .7 . At r i b u i ção d e val or para F.

Para cál cu l o do co n su m o ad i ci o n al d e m at erial nas et apas d e r eceb im ent o, dosagem e transporte, utili-
zam- se fat ores d e m aj or ação. Para o caso d e argam assa ensacad a o u em silo, adota- se o valor d e 6 %;
para o caso d e argam assa pr oduzida em obra, o fator d e m aj o r ação é igual a 1 1 %. Tais valor es são frutos
da an ál i se dos d ad os hist óricos r eunid os em diversas pesquisas ant er ior m ent e ci t ad as neste livro.

O C U M total est im ado, con f or m e já ci t ad o, é ob t id o p elo som at ório da q uant id ad e incorporada e da


q u an t i d ad e d e ent ulho est im adas, m aj o r ad o em f unção cia ex pect at iva d e con su m o nas et apas d e do-
sagem e t ransport e.

RESU M O

• Ent ender o co n su m o d e m at eriais, em ser viços d e const r ução, ex ige d ois dif erent es t ipos d e
co n h eci m en t o : a ex p l i cação d e con su m os m edidos, co m base nos fatores inf luenciador es pre-
sentes, em casos reais vi ven ci ad o s (D I A GN ÓST I CO); e a pr evisão d o co n su m o , esperado para
um n o vo caso aind a não aco n t eci d o ( PRO GN Ó ST I CO ) .

• O uso d e post uras m ais analít icas, isto é, q u e co n t em p l em as dif erent es part es d o f enôm eno
en vo l vi d o num m aior o u m enor con su m o d e m at eriais, co m o regra geral, m elhora o diagnósti-
co e f or t alece o prognóst ico.

• A dem anda por m at eriais, num serviço a ser realizado, p od e ser est im ada: prevendo- se direta-
m ent e a q u an t i d ad e t ot al; prognost icando o co n su m o unit ár io (CUM ) q ue, m ult ip licad o pela
quant idade d e serviço, levaria à dem anda total; t rabalhando co m ex pect at ivas relat ivas a frações
do C U M que, com post as, gerariam o C U M a ser m ult iplicado pela quant idade total d e serviço.

• Um a das m aneiras d e perceber a possibilidade d e fracionar- se o zyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZXVUTSRQPONMLJIHG


C U M é lem brar q ue a quant idade
d e m at erial, d em and ad a por um serviço, é com post a de um a part e t eoricam ent e necessária, isenta
de perdas (q ue se associa ao consum o unit ário t eórico, CU M t ) , e d e outra, associada à ocorrência
d e perdas (const it uindo o consum o unit ário relat ivo a inef iciências, CUMmcf ).

• Enquant o o CUM t é d ef inid o co m base na co n cep ção d o produt o (proj et o e especif icações), o
CUMmeí. sofre inf luências d o pr ópr io proj et o do produt o (na m edida em q u e este f avoreça ou
não causas d e m anif est ações d e perdas), m as t am b ém d as caract eríst icas esperadas para o pro-
cesso d e p r od ução.
• zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
O C U M p o d e ser cal cu l ad o co m o : C U M r + CUMmcí .Pode, t am b ém , ser reescrit o co m o :
C U M T x (1 + IP/ 100). Port ant o, a est im at iva d o C U M p od e se basear nas ex pect at ivas d e C U M ,
e das perdas na p r od u ção.

• Tais perdas podem ocorrer em diferent es et apas d o processo d e produção; em cada etapa po-
dem- se ter m anifest ações diferentes; cad a m anif est ação pode se dar segundo diferentes nature-
zas e pode ser d evi d a a distintas causas, q ue podem , t am bém , ter origens variadas.

• Um m od elo d e previsão torna- se m ais rico ao se ap licar um r aciocínio part indo das origens e
causas esperadas para chegar at é a q uant if icação das perdas. O val or cal cu l ad o das perdas,
associado à q uant if icação do CUM r , leva ao C U M previsto.

• Seria desejável a ocorrência de um círculo virtuoso relat ivo à discussão do consum o de materiais:
o uso d e um m odelo d e previsão subsidiaria a estimativa de dem anda para um serviço por execu-
tar; o diagnóstico d o consum o real, durante a ex ecução d o serviço, seria seguido d e unia confron-
t ação entre os valores previstos e os detectados; as discrepâncias seriam discutidas, não somente
com o intuito d e aj udar na gestão, mas t am bém para fins d e event uais m elhorias no m étodo d e
previsão a ser ut ilizado em novo ciclo.

• Os m odelos d e previsão podem variar: quant o ao nível d e d ecom p osição adot ado na previsão
d o C U M (pode- se estimá- lo diret am ent e, ou est im ar frações d o m esm o a serem com postas); e
quant o à int ensidade da abordagem analít ica.

• Em termos da abordagem analít ica, o C U M , é est im ado dif erent em ent e em função d o t ipo d e
m at erial em est udo (por ex em plo, o consum o t eórico é d e: 1 kg d e aço por kg de ar m ação;
m enos d e 1 nv; d e concr et o usinado para cad a m J d e estrutura; e 12,5 blocos de 19 x 39,
assentes co m junt as d e 1 cm , para cad a m 2 d e alvenar ia); as perdas podem ser estim adas levan-
do- se em cont a a prévia det ecção dos fatores inf luenciadores que, se im agina, estarão presentes.

• Os m odelos d e previsão podem ser usados em diferentes contex tos, definidos em termos: do
m om ent o da previsão; das inform ações disponíveis; e das referências d e perdas/ consumos adotadas.

• Qu an t o ao m om ent o da previsão, pode- se referir: à fase d e est udo d e viab ilid ad e; ao m om ent o
d e elab or ação d e uma proposta para ex ecu ção do serviço; à ocasião das discussões pré- execu-
ção; ou à fase d e discussões q ue ocor r em durant e a ex ecu ção do serviço.

• Qu an t o à riqueza das inf orm ações disponíveis sobre o serviço que deverá ser ex ecut ado, pode-
se ter: som ent e idéia quant o à t ipologia da obr a; o ant eprojet o elabor ado; o projeto ex ecut ivo
f inalizado; o projet o para a pr odução disponível.

• Quant o às referências para a definição dos valores d e perdas/ consumos, há diferenças quanto: à
fonte/ proveniência das mesmas; e às formas de organizar/ apresentar as mesmas. Quant o à fonte/
proveniência, podem- se basear em : opiniões pessoais sobre as perdas/ consumos; banco de dados da
empresa; dados representativos do mercado. Quant o às diferentes formas d e organizar/ apresentar as
referências de CUM , pode- se fazer uso: de valores médios; de faixa d e valores (abrangendo os
valores mínimo, mediano e máx imo); d e faixa associada à cit ação de fatores majoradores e minoradores
de perdas/ consumos; d e tabela de registros d e obras, conjugadas aos valores d e C U M e aos fatores
presentes; d e procedimentos associando m atem aticam ente os fatores aos valores de CUM .

• Podem- se classificar os m odelos d e previsão vigent es em : t radicionais; inovadores; e analít icos.

• Qu an t o aos m odelos t radicionais: t rabalham com valores d e C U M sem decom posição; adot am
valor es m édios; representam um cam i n h o int eligível e f ácil d e ap licar ; não apresert am flexibi-
lidade para adapt ar o valor prescrit o às caract eríst icas part iculares d e uma obra.
• Quant o aos modelos inovadores: trabalham com valores de C U M sem decom posição; apresen-
tam faixa de valores associada à indicação dos fatores m ajoradores e minoradores do CUM ; são
flex íveis em termos de se permitir considerar as características d e uma certa obra na previsão;
ex igem posicionam ent o, do responsável pela previsão, na adoção do CUM .

• Quant o aos m odelos analít icos: trabalham com o C U M decom posto; tal decom posição pode
ser feita de diferentes maneiras (em f unção das etapas do processo de produção, da natureza das
perdas etc.); são mais precisos e podem ser mais representativos de cada situação particular de
obra; dem andam maior envolvim ent o e conhecim ent o d e parte do responsável pela previsão;
criam maior compromisso da previsão com o projeto e a produção.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Você foi incum bido da com posição de modelos de prognóstico de consumos unitários de materiais, na
produção de serviços de construção, numa empresa que produz obras d e edifícios. Para tanto, imagina- se
que você, para o(s) mesmo(s) material(is)/ serviço(s) escolhidos nas "atividades com plem entares" do capítu-
lo 6 (para o(s) qual(is) foi elaborado um diagnóstico das perdas/ consumos), conceba e implemente cami-
nhos para previsão, para poder subsidiar decisões relativas a próx imas obras onde tal serviço ocorrerá.

Para cum prir sua tarefa, solicita- se que você:

a) com ponha um método t radicional de previsão, com base em dados históricos e/ ou opiniões
pessoais, e o com pare com m anuais d e orçam ent ação disponíveis.

b) com ponha um método inovador, também com base em dados históricos e/ ou opiniões pesso-
ais, apontando os valores m ínim o, m ediano e máx imo esperados para a faixa de CUM , além de
associar aos valores m ínim o e m áx im o os fatores que os induzem.

c) elabore um método analít ico, principiando pela decom posição das etapas do fluxograma rela-
tivas ao material/ serviço em estudo, e chegando até a sugestão de procedim entos que permitam
o cálculo do CUM a partir da suposição das causas e origens mais relevantes presentes.

d) discuta os 3 métodos produzidos quanto ao processo d e elaboração do prognóstico: a quem


deveria ser atribuída a tarefa de previsão; quando tal previsão poderia/ deveria ser feita; com
base em quais tipos de inform ação se deveria trabalhar; com quem se deveria interagr.

e) Escolha o(s) método(s) a ser(em) utilizado(s) e elabore, formalmente, os procedim entos para sua
im plem ent ação.
A MELHORIA CONTÍNUA NA PRODUÇÃO E A
INSERÇÃO DA DISCUSSÃO DO CONSUMO DE
MATERIAIS NA VIDA DO EMPREENDIMENTO

Tendo por foco o consum o de materiais nos canteiros de obras, os capítulos anteriores principiaram a
discussão do assunto pela apresentação do cenário vigente na Indústria da Const rução, seguiram defi-
nindo e classificando as perdas e os consumos unitários de materiais e, finalmente, preocuparam- se
com o diagnóstico e o prognóstico da demanda por materiais nas obras d e construção. Co n tudo isto,
imagina- se ter dado subsídios para a melhoria da gestão do consum o de materiais nos serviços que
tomam parte da produção de obras civis.

Para com plem ent ar esta discussão, este capít ulo propõe uma postura visando à melhoria da produção,
com base na busca da m elhoria contínua da ef iciência no uso dos materiais, e, ao seu final, procura
inserir a preocupação quanto ao consum o de materiais nas dem ais fases que com põem a vida dos
em preendim ent os.

8 .1. A GESTÃO DO CONSUM O DE M ATERIAIS COM O INSTRUM ENTO PARA A CONTÍNUA


M ELHORIA DO PROCESSO DE PRODUÇÃO

Embora as chances de sucesso de quaisquer at ividades que se proponha a fazer dependam fortemente
d e um bom projeto e de uma boa program ação, este autor acredita que um bom cont role da produção
seja tam bém um ponto importante de ser ressaltado. Em particular na Const rução Ci vi l , indústria extre-
mamente com plex a, onde o processo se m odifica ao longo da elaboração do produto, o controle torna-
se, também na opinião do autor, ainda mais relevante.

Dentro do cenário exposto - e partindo- se da hipótese de que um bom projeto foi elaborado - preco-
niza- se aqui a im plem ent ação d e um acom panham ent o cont ínuo do consum o de materiais com o ins-
trumento para aux iliar no cont role da produção, visando à melhoria cont ínua. O cam inho proposto
baseia- se num método bastante difundido, quando se busca a melhoria cont ínua, qual seja, o uso do
ci cl o PDCA.

A sigla, em inglês, representa: P d e "p l an " (programar); D d e "d o " (ex ecutar); C d e "cont r ai" (controlar);
e A de "act ion" (ação). A Figura 8.1 ilustra, genericam ente, o ci cl o PDCA, que representa o cam inho
proposto para a gestão do consum o dc materiais nos canteiros.

Figura 8.1. Apresentação genérica d o ci cl o PDCA.

Com o reduzir |»erdas nos canteiros


Co m base em t odo o co n h eci m en t o d esen vol vi d o co m r el ação ao co n su m o d e m at eriais, e a partir d o
proj et o d o produt o a ser elab or ad o, a at i vi d ad e d e "p r og r am ar " en vol ver i a a co n cep ção da p r od ução
(ab r angend o a discussão dos recursos necessários - m at eriais, mão- de- obra e equipam ent os/ ferram en-
tas - e da sua or g an i z ação na ob r a) e, a part ir (ias co n d i çõ es p r econi z ad as p elos pr oj et os d o produt o e
d o processo, a el ab o r ação d e um prognóst ico quant o ao co n su m o unit ário d e m at eriais. O processo d e
p r o d u ção seria, ent ão, im p lem ent ad o (et apa d e "ex ecu ção ") co m base no q u e foi program ado. O "con-
t r ole" dir ia respeit o à aval i ação d o co n su m o unit ár io d e m at eriais vigent e e das co n d i çõ es reinant es
(r el aci onad as a causas, origens e nat ureza d e event uais perdas det ect adas). A "aval i ação " seria represen-
tada p elo conf r ont o destas inf or m ações co m aq uel as previst as na et apa d e "p r o g r am ação ". Co m o resul-
t ado desta com p ar ação, poder- se- iam t om ar decisões relat ivas à al t er ação ou não das con d i ções vigen-
tes ("r ep r o g r am ação ") ou, ai n d a, alterarem - se as ex p ect at ivas quant o ao co n su m o unit ário.

O Qu ad r o 8.1 d escr eve um a ex p er i ên ci a, vi ven ci ad a p el o autor, na i m p l em en t ação d e um PDCA visan-


d o à m i n i m i z ação dos con su m os desnecessários em ob r a, na const r ução d e um con j u n t o d e ed if ícios na
ci d ad e d e São Paulo.

Qu ad r o 8.1. Im p l em en t ação d e gestão cont ínua d o co n su m o d e m at eriais.

A partir da solicit ação do Diret or Técn i co d e uma construtora paulist a, p r eocup ad o em reduzir os desper-
d ícios d e m at eriais nos cant eiros d e obras d e sua em presa, este aut or im plem ent ou (ao longo d e algum as
sem anas) a gestão cont ínua do consum o d e m at eriais em alguns serviços, presentes na const rução d e um
conj unt o hab it acional para classe d e renda m éd ia, const it uído por 7 torres, co m núm ero d e andares
var iand o d e 15 a 17. Dent r e os serviços cont em plados, descreve- se aqui a ex periência relat iva aos b locos
usados na alvenar ia d e ved ação d e uma das torres (a prim eira a ser ex ecut ada) do em preendim ent o.

O processo d e i m p l em en t ação abrangeu um encont r o para sensib iliz ação q uant o ao t em a e el ab or ação
da p r og r am ação i n i ci al , seguido d e reuniões, co m p er i od i ci d ad e sem anal, on d e, tendo- se d isp onível o
diagnóst ico cia perda sem anal r elat iva aos b l ocos ut ilizados, se d iscut iam ações a serem adot adas para
m el hor ar o d esem p enho.

Qu an t o à r eunião i ni ci al :
• esta t eve a presença d o Dir et or Técn i co e d o Co o r d en ad o r d e Ob r as da em presa, do Engenheiro
Responsável pela obra, d o m estre da const rut ora e dos responsáveis p elo ser viço d e alvenar ia
(sub em p r ei t ad o);
• vi sand o à sensib iliz ação dos en vol vi d os, os con cei t os relat ivos a perdas/ consum os foram apre-
sent ados, b em co m o a r el evân ci a (sob os pont os d c vista am b ient al e eco n ô m i co ) d e se m inim izar
con su m os desnecessários d e m at eriais;
• co m base na discussão da faix a d e ind icad or es d e perdas vigent e para o caso dos com p onent es
para al ven ar i a d e ved ação (m ín i m o d e 3 % e m áx i m o d e 4 8 %, para as obras analisadas at é
aq u el e m om ent o) e dos fatores (causas e origens) associad os aos núm eros apresent ados, debat e-
ram- se os cam i n h os a serem t r ilhados para a or g an i z ação d o t r ab alho nesta ob r a;
• co m base nas d ef i n i ções ant eriores, est abeleceu- se a ex p ect at iva d e per das a ser adot ada (note-
se q u e, q uant o a esta d ef i n i ção, buscou- se u m com p r om i sso ao m esm o t em po ousado m as
f act ível, para não se correr o risco d e definir- se um a meta t ão f ácil q u e não m ot ivasse, nem um a
tão d if ícil q u e se t ornasse im possível d e ser at ingida);
• co m o m et a, f i cou est ab el eci d o q ue se buscaria um a perda m enor o u igual a 3 % (valor m ín i m o
da faix a d e val or es usada na ép oca).

Qu an t o às t arefas a cum pr ir , as per das d e b l ocos er am aval i ad as sem anal m ent e (em geral, no início da
m an h ã das sextas- feiras), adot ando- se um m ét odo ex pedit o (id ênt ico ao descrit o ant eriorm ent e no Qu ad r o
6.6). Em seguida a tal colet a e ao im ediat o processam ent o (o t rabalho d e colet a d e d ad os e cál cu l o da
perda d em an d ava por volt a d e 1 hora), fazia- se a r eunião para a aval i ação e event ual r epr ogr am ação
d o ser vi ço. A t abela a seguir apresent a os ind icad or es d e per das cal cu l ad o s para as 5 sem anas iniciais cio
ser viço. A perda ao f inal da prim eira sem ana foi bast ant e b aix a, o q ue, im agina est e autor, tenha sido
reflex o, al ém <Jo fato d e se t erem seguido as diretrizes iniciais t raçadas para a ex ecução, da conscient iz ação
para a r ed u ção das perdas gerada pela r eunião d e sensi b i l i z ação; co m o result ado da reunião se aco r d o u
m ant erem - se as co n d i çõ es vigent es. N o ent ant o, a perda aum ent ou m uit o na segunda ser r an a, prova-
vel m en t e d evi d o à int ensa t r oca d e o p er ár i o s q u e o co r r eu sem o co n co m i t an t e t r ei n am en t o e
sen si b i l i z ação dos novos ingressantes; decidiu- se por m elhor ar o t r einam ent o d e ingresso, t ant o d o
pont o d e vista dos aspect os t écni cos d o ser vi ço quant o da im port ância da r ed u ção d e desperdícios d e
m at eriais. O result ado f oi sent ido ao f inal da t erceira sem ana, q u an d o o ind icad or d e perdas volt ou para
pat am ar es desej áveis. Ao f inal da quart a sem ana det ect ou- se novo au m en t o d as perdas, o que foi atribu-
ído a uma f alha no proj et o d e m o d u l ação da alvenar ia (persistia um a necessidade, aind a el evad a, d e
cort es d e b l ocos cm cert as regiões da par ede), o q u al foi cor r igid o, logo ap ós o encont r o, p el o enge-
nheiro da obra. O valor, na sem ana seguint e, volt ou a níveis bast ant e agradáveis. Co m o b al an ço destas
5 sem anas, alcançou- se um val o r d e per das (3 , 2 1 %) bast ant e p r óx im o da m eta def inida (3 %), a q u al
seria buscada ao longo do restante d o em p r eend i m ent o.

Indicadores de perdas semanais e com entários sobre os valores ocorridos.

Ver i f i cação Perdas ( %) Ob ser vações


1 0,60 Efeito de sensibilização

2 6,51 Rotatividade de operários


sem treinamento adequado

3 1,65 Treinamento admissional


(t écnico e de sensibilização)

4 3,80 Número de blocos cortados


el evad o

5 1,71 Alterações do projeto e


m odulação

Balanço geral 3,21

Al ém das ferramentas já apresentadas neste livro, para apoio às discussões necessárias ao longo da implementação
da gestão contínua do consum o de materiais (tanto no canteiro de obras quanto na empresa de um m odo
geral), podem- se citar várias outras, das quais serão comentadas, sucintamente, as aqui denominadas: ferra-
mentas da qualidade; e critérios para tomada d e decisão co m relação ao processo d e produção.

Qu an t o às f erram ent as da q u al i d ad e, podem - se cit ar:

• o "Br ai n st o r m i n g " (ou "t em p est ad e d e id éias"), t écnica q u e pret ende induzir a ger ação d e idéias
(Figura 8.2.a), por part e d e um grupo, p r ocur and o incent ivar seus int egrant es a emitir, inicial-
m ent e, o m ai or núm er o de op i n i ões (não censur ad as neste m om ent o), para, num segundo mo-
m ent o, cont ar co m vár i as alt er nat ivas a serem an al i sad as na busca d e um a resposta para a
quest ão i n i ci al .

• as Folhas de Ver i f i cação (Figura 8.2.b), q u e subsidiam as discussões na m ed id a em que, tendo- se


p r ep ar ad o p r evi am ent e uma lista d e aspect os a serem cont em p lad os, se d iscut em tais itens, ao
longo d o processo d e t om ada d e decisões, para ch ecar se algum d el es d ei x ou ou não d e ser
cu m p r i d o .

• o Dig r am a d e Causa e Efeito (Figura 8 .2 .c) em que, na m ont agem d e um a figura com a forma d e
espinha d e peix e, os en vo l vi d o s na discussão d e um pr oblem a vão ap ont and o, or ganizadam ent e,
os event uais m ot ivos para um cert o p r ob lem a.
• o Diagrama de Pa reto (Figura 8 .2 .d), através do qual se pode perceber a importância relativa
dentre vários itens.

• o Gráfico de Tendências (Figura 8 .2 .e), que permite discutirem- se, por exemplo, tendências de
um certo fenômeno avaliado por um certo indicador.

• o 5 VV1 II (Figura 8 .2 .0 que, com o m eio para orientar uma discussão, sugere que se busquem
respostas às questões: "o que" (em inglês, "what "), "q uem " (em inglês, "who"), "onde" (em
inglês, "where"), "quando" (em inglês, "vvhen"), "por que" (em inglês, "vvhy") e "com o" (em
inglês, "how").

O projeto não Os operários Construção


estava pronto não tomaram civil é assim
no início o cuidado devido mesmo!
da obra com os materiais

X
Foi culpa do
fornecedor!

Por quê?

Folha de referência de aspect os a cont emplar na discussão de perdas


Foi cont emplado?
Tema
Sim Não
Tipo de manifest ação
Nat ureza da manifest ação
Causa
Origem
Quant if icação
Cust os
Responsabilidade
Facilidade do combat e

c) Mét odo M ão-de-obra Equipament o

Latas não complet ament e \ Pintor não t reinado \ Uso de rolo \


ut ilizadas não são adequadament e muit o grosso
adequadament e \ quant o ao momento \ Consumo excessivo
vedadas e guardadas V da aplicação 1 de tinta de
acabament o na
Estoque inadequado J Aquisição de pint ura interna
das tintas (sob o sol tinta com baixa* de paredes
e com f ácil acesso / capacidade
a estranhos) / de cobert ura
Organização M at erial
d) Valor das perdas para diferent es mat eriais
( % em massa ou volume)

Argamassas Gesso
I
Component e Concret o
i
de alvenaria usinado

e) Consumo unit ário de argamassa de assent ament o apropriado, semanalment e


(kg de argamassa indust rializada por m 2 de alvenaria)

20

15

10
• Semana a semana
5 Acumulado

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Semana

o r
- O que gerou um consumo de argamassa tão elevaco?
- Quem executou est e serviço? E conveniente pensar
em t rocar a mão- de- obra?
- Qnde O consumo f oi maior:
nasvsrpnjiedaZUOJ
paredes de áreas molhadas ou de áreas secas?
- Quondo se notou o aumento do consumo:
antes ou após a mudança do fornecedor?
- Por que o projeto prescreve espessura mínima de 2 cm?
- Como é o processo de projeção:
manual ou mecânico?

Fi g u r a 8 . 2 . A l g u m a s fcrr.inv?nla$ d a q u a l i d a d e : a ) " b r a i n s t o r m i n g " ; b ) f o l h as v er i f i c aç ão ; c ) d i ag r d o cau sa o ef ei t o ; d )

d i ag r am a d<* Pa r d o ; e) g r áf i c o <k> l e n d ê n c i a s ; 0 5 W1 M .

Qu an t o aos crit érios, para t om ada d e decisão, relat ivos a m od if icações no processo de p r od ução
visando à redução d e perdas, há q ue se ressaltar que, assim co m o acon t ece em vários outros tipos d e
decisão, norm alm ent e se pret ende al cançar uma sit uação m elhor (e, port ant o, caract erizada por um
cert o BENEFÍCIO), às cust as d e algum a m od if icação, q ue pode d em and ar algum t ipo de Ô N U S. E,
portanto, diferentes alt ernat ivas d e ação podem estar associadas a diferent es relações BENEFÍCIO- ÔNUS.
Mai s que isto, cada uma das alt ernat ivas pode ter m aior ou m enor FACILIDADE DE IM PLEM ENT A ÇÃ O
e, event ualm ent e, alt erar a Q UA LI D A D E D O PRO D U T O obt ido. Qu an t o aos benef ícios esperados,
estes podem ser aval i ad os em term os da redução d e consum o d e m at eriais esperada; no que se refere
aos ônus, há que se avaliar o invest im ent o necessário para, por ex em plo, alt eração dos materiais, acrés-
ci m o no t reinam ent o d e mão- de- obra ou d isp onib iliz ação d e novos equipam ent os para se al cançar a
sit uação m elhorada. Qu an t o à f acilid ad e d e im plant ação, há q ue se ponderar a respeito, por ex em plo:
d o t em po d em and ad o para q ue se im plant em as m odif icações pret endidas e da acei t ação ou não d e tais
m od if icações pelos ex ecutores. Há q ue se posicionar, t am bém , quant o à ex pect at iva por uma event ual
alt eração d o padr ão d e q u al i d ad e al can çad o. Port ant o, um a vez at ribuídos pesos a cad a um destes
aspectos, a serem considerados numa decisão, a alt ernat iva a ser escolhida (pode- se optar, inclusive,
por não se alt erar a sit uação vigent e) poderá ser aquela d e m elhor nota ponderada quant o aos vários
aspect os cit ados, conf or m e ilustrado na Tabela 8.1.

Tabela 8.1. Ex em plo d e aval i ação e ponderação d e quesitos, para balizar a tom ada d e decisões quant o
a alt erações d o processo d e pr odução, visando à r ed ução d o consum o d e m ateriais.

Notas (0 a 10) para cada alternativa em cada quesito


Quesito Peso Sit uação vigente Alt ernat iva Alt ernat iva Alt ernat iva
( %) A B C
Balanço 50
Benefício X
ônus

Facilidade de 30
im plem ent ação

Padrão de 20
qualidade do
produto esperado"

I (Peso i x Nota i)

* con d i ção obrigatória = superar os padrões m ínim os est abelecidos.

8.2. O C O N SU M O DE M ATERIAIS E AS D IVERSA S ETAPAS DE U M EM PREEN D I M EN T O

Ex istem diversas m aneiras d e se representar a seqüência d e fases q ue const it uem um em preendim ent o;
a Figura 8.3 ilustra aquela q ue será usada na presente discussão.

Figura 8.3. Fases que com põem um empreendimento.


A gestão d o co n su m o d e m at eriais p od e influir, e ser inf luenciad a, por t odas estas fases (e não som ent e
dizer respeit o ao m om ent o da ex ecu ção d o ser viço, para o q ual se t em um d et er m inad o m at erial, co m
seu C U M , sendo analisad o).

N o q u e se ref ere ao est udo d e vi ab i l i d ad e, a m el h or i a dos i n d i cad or es d e co n su m o unit ár io p od e


f avor ecer a co n secu ção d e m ai or p r ecisão na an ál i se d e um a op or t u n i d ad e d e negócios; isto f i cou
p ar t icular m ent e evi d en ci ad o q u an d o se det ect ou q u e os níveis d e var i ação d e perdas podem signif icar
acr ésci m os d e cust os, para um a obr a, da o r d em d e 5 % (vi d e cap ít u l o 4). Cab e lem b r ar que a t ipologia
d o em p r een d i m en t o p od e inf luenciar bast ant e as per das e, conseq üent em ent e, o cust o das obras.

Durant e o projeto, o ent endim ent o do consum o d e m ateriais poderia ser usado co m o instrumento para o
balizam ent o da con cep ção e da def inição das especif icações. Isto é evident e na m edida em que, conf orm e
discut ido no capít ulo 3, além d e as perdas poderem ocorrer no próprio projeto, este pode ser origem de
muitas perdas q ue se manifestam durante a produção da obra. Relembre- se que, no capít ulo 7, se enfat izou
a im|x> rtância da análise do projeto para se prever o CUM ; o r aciocínio em sentido inverso poderia ser
usado, isto é, poder- se- iam ter diretrizes de projet o q ue conduzissem à ex pectativa de m inim ização do
consum o. Out r o aspecto, al ém da con cep ção propriam ent e dita, q ue não pode ser esquecido quant o aos
projetos, diz respeito à forma e det alham ent o da apresent ação, tendo em vista q ue falhas neste aspect o
podem induzir erros na produção e, conseqüent em ent e, m aj orar o consum o de materiais.

Dent r e as at ividades abrigadas pela fase d e Planej am ent o, (x x lem - se cit ar o planej am ent o geral da obra,
en vol ven d o, direta ou indiret am ent e, o con su m o de m ateriais, def inindo os m om ent os d e sua necessidade
e a int erferência ex istente ent re diferentes serviços. Tudo isto p od e inf luenciar (e ser inf luenciado) pela
análise dos consum os esperados. N o âm bit o ainda do Planej am ent o, t alvez a tarefa cie m ab r int eração
co m a gestão d o con su m o seja o Or çam en t o, q u e p od e ser vist o co m uma im port ância q ue vai m uito al ém
da sim ples est im at iva d o cust o total d e uma obr a. O or çam ent o é, na verdade, um a das at ividades d e
planej am ent o relat ivas ao uso d e recursos na ob r a; assim é que, enquant o baseado em incicadores d e
con su m o unit ário de m ateriais, o or çam ent o é uma ferram enta poderosa dent ro do r aciocínio d e progra-
m ação (o C U M inserido na com p osi ção unitária representaria a previsão, m aj or ada ou não, cio consum o)
c d e cont r ole (serviria co m o referência para a com p ar ação dos indicadores apropriados durante a ex ecu-
ção e, portanto, co m o balizador das t om adas d e decisão relat ivas à gestão d o consum o durante a produ-
ção). O Or çam en t o poderia representar o grande cent ralizador d e discussões en vo l ven d o o Projet o e a
Pr odução, tornando- se um instrum ento estratégico tanto m ais relevant e quant o m ais assumir tal espaço,
d eix and o d e ser um a at ivid ad e às vez es relegada a segundo p lano (por vezes sob a responsabilidade d e
profissional co m p eq ueno p od er d e d ecisão ou r elat ivam ent e afast ado da int eração co m projetistas e
ex ecut ores), para se t ornar cam i n h o d e passagem obrigatória das decisões sist êm icas da em presa.

A Cont rat ação d e Fornecedores, de m ateriais, mão- de- obra ou equipam ent os, p od e ser t am bém benefici-
ada p elo m aior ent endim ent o do consum o d e m ateriais. N o caso do f ornecim ent o de m ateriais e com po-
nentes, tal int eração é bastante ó b vi a; apenas para ressaltar um cios aspect os envolvid os, diria q ue "n ão se
d eve com p r ar pelo m enor p r eço e sim escolher um f ornecedor pela m elhor r elação cust o- benef ício". Para
just if icar tal af irm at iva basta olhar os valor es m áx im os encont rados para as perdas d e b locos para alvena-
ria (vi d e capít ulo 4): só há um a m aneira de se al can çar valores d e perdas da or d em d e 4 8 %, qual seja,
ad q uir ind o b locos d e q u al i d ad e ex t rem am ent e def icient e. E, ao alcançar- se um nível d e perdas desta
grandeza, os ônus d e p r od ução serão enorm es, sobrepuj ando em m uit o o sim ples côm p ut o do cust o
ad i ci onal d e b locos perdidos (haja vista os gastos ad icionai s co m mão- de- obra d e alvenaria, a pr ovável
m aior d i f i cu l d ad e no revest im ent o das paredes et c.). Qu an t o aos f ornecedores d e mão- de- obra (ou à
mão- de- obra própria), não se d eve esquecer d e incluir a m ot i vação para m i n i m i z ação d o desperdício d e
m at eriais nas form as d e pagam ent o adot adas. Por ex em p lo, as var iações d e consum o d e argamassa no
assent am ent o de alvenar ia p od em signif icar ônus t ão el evad os quant o a p r em i ação dos operários por
p r o d u ção ; port ant o, est ipular tarefas q u e m o t i vem t ant o a p r o d u t i vi d ad e da mão- de- obra q u an t o a
m i n i m i z ação do desperdício d e m at eriais p od e ser algo ex t rem am ent e interessante. Em relação às ferra-
m ent as e equipam ent os adot ados, devem- se t am bém t om ar tais decisões pensando no consum o d e mate-
riais; por ex em p lo: o uso d e bisnaga, m eia- cana ou paletas, para assent am ent o d e alvenar ia, eslá associado
a um consum o apr ox im adam ent e 5 0 % inferior àq u el e ver if icado para sit uações on d e se adota a col h er d e
pedreiro para fazer o serviço; numa obra estudada pelo autor, as perdas de blocos cerâm icos para vedação
(que eram transportados em páletes por uma grua) triplicaram após a saída da grua.

Quant o à fase de Produção, além d e todas as considerações que já foram feitas ao longo do livro, cab e
apenas citar que as mesmas deveriam ser cont em pladas nos procedim entos d e produção. Não se pode
deix ar de falar, também, da importância do treinamento e da m otivação dos operários (relembre- se o
efeito da sensibilização no valor das perdas, anteriormente descrito no Quad r o 8.1). A valorização do
papel, do responsável pela obra, referente à gestão do consum o de materiais é algo fundamental.

Finalm ent e, há que se com ent ar que, em bora só se t enham discutido brevem ente as perdas na Utiliza-
ção da obra entregue (vide capít ulo 3), tal fase possui relevância bastante grande, em termos dos ônus
diretos que têm ex igido das empresas construtoras, do valor com ercial de uma boa imagem do empre-
endedor perante os client es e do grande destaque que a busca do desenvolvim ent o sustentável tem
recebido (e, imagina o autor, cada vez mais receberá) de parte da sociedade. Tal fase pode, e deve,
receber uma abordagem sem elhante à que se deu à fase de Produção da obra.

Portanto, cab e frisar a idéia de que a gestão do consum o de materiais, embora tenha efeitos muito
com ent ados quant o à Produção dos serviços, pode e deve ser cont em plada em todas as etapas do
em preendim ento, para que o m áx im o das vantagens possíveis possa ser alcançado.

RESUMO

• Embora o projeto, as especif icações e a program ação adequados sejam relevantes para se con-
seguir eficiência no uso dos materiais, o cont role reveste- se d e grande importância para a redu-
ção d e consumos desnecessários de materiais na Const rução Ci vi l .

• A gestão do consum o de materiais, nos canteiros de obras, pode ser baseada num cor j unt o de
atividades com pondo um ciclo repetitivo (com base no PDCA = "p l an ", "d o ", "cont rol", "act ion"),
envolvendo: a Program ação, a Ex ecução, o Cont role e a Avaliação.

• Na Program ação concebe- se a produção e prognostica- se o CUM .

• A Ex ecução deve im plem entar o serviço nos moldes com o foi concebido na fase anterior.

• O Cont role se responsabilizaria pela avaliação tanto do C U M vigente quanto das demais condi-
ções reinantes no processo d e produção.

• A Avaliação representaria a com paração entre o programado e o verif icado, analisando- se even-
tuais discrepâncias e as razões para as mesmas. Algum as decisões podem ser tomadas, na dire-
ção de se reprogramar o processo de produção, iniciando- se um novo ci cl o.

• Esta abordagem , de sucessivas programações e controles, pode garantir um eficaz cam inho para
se m inim izar consum os desnecessários na obra.

• Para aux iliar a tomada de decisões pode- se, ainda, fazer uso de ferramentas adicionais, tais
com o: ferramentas da qualidade; critérios para tomada d e decisão.

• Quant o às ferramentas da qualidade, podem- se cit ar: "brainst orm ing"; folhas de verificação;
diagrama d e causa e efeito; diagrama de Pareto; gráfico de t endências; 5VV1H.

• Quant o aos critérios para balizar a tomada de decisões, relativas a alterações propostas para o
processo de produção, visando à redução do consum o de materiais, pode- se fazer uso de uma
matriz de quesitos, que subsidia a decisão através de uma nota ponderada, atribuída a cada
alternativa, que contem pla os quesitos considerados relevantes (por ex em plo: balanço benefí-
cios x ônus; f acilidade d e im plem ent ação da alternativa; padrão d e qualidade do produto).
• A gestão do consumo de materiais interage com as diversas fases do empreendimento: Estudo de
Viabilidade; Projetos; Planejamento; Contratação de Fornecedores; Produção da Obra; e Utilização.

• Durant e o Estudo de Vi ab i l i d ad e pode- se fazer uso d e indicadores associados «1 diferentes


tipologias. Na fase de Projetos, deve- se lembrar que se podem ter perdas na mesma, além de
esta ser origem das perdas na produção e de a qualidade da representação poder inf uenciar tais
perdas. Quant o ao Planejam ent o, além da definição dos momentos de necessidade de materiais
e das interferências entre serviços que ocorrerão, tem- se o Orçam ent o com o aspecto extrema-
mente relevante, podendo este constituir- se no elo central da interligação das várias atividades
d e gestão do consum o de materiais (da Concep ção à Produção da Obr a). Quant o â Contratação
de Fornecedores, o entendim ento do consum o pode contribuir para a m elhor escolha quanto
aos materiais, equipam entos e ferramentas e quanto à própria rem uneração de subempreiteiros
de mão- de- obra ou dos operários da empresa. Na Produção, o balizam ent o dos procedimentos
e a relevância do treinamento e sensibilização dos envolvidos não devem ser esquecidos. E,
quanto à fase d e Ut ilização, a busca pelo desenvolvim ent o sustentável tem valorizado o enten-
dimento das perdas de materiais.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Considerando- se que uma empresa incorporadora- construtora pretende implementar um Programa de


Gest ão do Consum o de Mat eriais envolvendo todas as fases d o em preendim ento, você deve levantar,
det alhadam ent e, os aspectos que poderiam ser cont em plados (e tornarem- se m ot ivos de discussão
sistêmica pelo gestor responsável pelo Programa) em cada uma das fases do mesmo. Para tanto, escolha
um material/ serviço a ser cont em plado e, para cada fase do em preendim ent o (estudo d e viabilidade,
projetos, planejam ento, contratação d e fornecedores, produção da obra e ut ilização) discuta todos os
pontos a serem cont em plados, as pessoas que deverão ser envolvidas, as fontes de informações cabíveis
e event uais procedim ent os a adotar, constituindo um docum ent o preliminar, lançando bases para a
organização da gestão pretendida.
REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIAS
COMPLEMENTARES

A GOPYA N , V. zyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZVUTSRQPONMLKJIHFEDCA
et< il. Alt ernat ivas para a redução do desperdício de m at eriais nos canteiros de obras: introdução.
São Paulo, PCC/ EPUSP, 1998. (Relat ório Final: v. 1 a 5. Departam ento d e Engenharia de Construção Ci vi l
- PCC- EPUSP.)
A N D RA D E, A. C. Mét od o para quant if icação das perdas de m at eriais em obras de const rução de edif ícios:
superestrutura e alvenaria. São Paulo, 1999.235p. Dissertação (Mestrado) - Escola Polit écnica, Universidade
d e São Paulo.
BOSSINCK, A. G.; BROUWERS, H. j. H. Construction wast e: quant ificat ion and source evaluat ion. Jour nal of
Const ruct ion Engineering and Managem ent , v. 122, n. 1, p. 55- 60, mar., 1996.
ENSHASSI, A. Mat erials control and wast e on building sites: data in the study vvas obt ained from 86 housing
projects on several locations in the gaza strip. Building Research and Inf orm at ion, v. 24, n. 1, p. 31- 4,
1996.
FRANCHI, C. C ; SOIBELM A N, L.; FORM OSO, C. T. As perdas de m ateriais na indústria da construção civil.
In: SEM INÁ RIO QUA LI D A D E NA CO N ST RUÇÃ O CIVIL: GESTÃO E T ECN OLOGIA , 2, Porto Alegre,
1993. Anais. Porto Alegre, UFRGS, 1993. p. 133- 98.
FRIEDMAN, A.; CAMMALLERI, V. Reducingenergy, resourcesand construction waste through eífective residential
unit design. Building Research and Inf orm at ion, v. 3, n. 2, p. 103- 08, mar., 1995.
H O N G KON G POLYTECHNIC (Department of Building and Real Est at e);THE H O N G KO N G CONSTRUCTION
ASSOCIATION LTD. Reduct ion of Const ruct ion Wast e. Final Report . Hong Kong, mar., 1993.
M CD ON A LD , B.; SMITIIERS, M. Im plem enting a waste management plan during the construction phase of a
project : a case study. Const ruct ion Managem ent and Econom ics Inf orm at ion, v. 16, n.4, p. 71- 8, 1998.
MICF1AELIS: Mod er no dicionário da língua portuguesa. São Paulo, Com panhia Melhoram ent os, 1998. 2259p.
PALIARI, J. C. Met odologia para a colet a e análise de inf orm ações sobre consum o e perdas de m at eriais e
com ponent es nos cant eiros de obras de edifícios. São Paulo, 1999. 473p. Dissertação (Mestrado) - Escola
Polit écnica, Universidade de São Paulo.
PINTO, T. P. Perdas de m at eriais em processos const rut ivos t radicionais. São Carlos, Universidade Federal de
São Carlos/ Departam ento de Engenharia Civil, 1989.
SILVA, L. L. R.; SOUZA , U. E. L.; LIBRAIS, C. F. Previsão da produt ividade na ex ecução de coit rapisos. In:
SIM PÓSIO BRASILEIRO DE T ECN OLOGIA DE ARGAMASSAS, 4, Brasília, 2001. Anais. Brasília, 2001. p.
565- 75.
SKOYLES, E. R. Sit e account ing for wast e materiais. Building Research and Pract ice, IP 30/ 79, 1979.
SKOYLES, E. R. Sit e account ing for wast e of materiais. Building Research Establishment, CP 5/ 73, 1978.
SKOYLES, E. R. Sit e account ing for wast e materiais. Building Research and Pract ice, IP 5/ 78, 1977.
SKOYLES, E. R. Mat erials wast age: a misuse of resources. Building Research and Pract ice, jul./ íug., 1976.
SKOYLES, E. R.; SKOYLES, J. Wast e prevent ion on site. London, Mit chell, 1987.
SOIBELM A N, L. As perdas de m at eriais na const rução de edif icações: sua incidência e cont role. Porto Alegre,
1993. 127p. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós- graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal
do Rio Gr an d e do Sul.
SOUZA , U. E. L. Pesquisa "Avaliação dos consum os de m at eriais nos cant eiros de obras da região Nordest e
do Br asil". São Paulo, 1998. PCC/ EPUSP, SENAI; ITQC, 1998.
SOUZA , U. E. L. Redução do desperdício cie argamassa através do cont role do consum o em obra. In: SIM PÓSIO
BRASILEIRO DE T ECN OLOGIA DE ARGAMASSAS, 2, Salvador, 1997. Anais. Salvador, 1997. p. 459- 68.
SOUZA , U. E. L. zyxvutsrqponmlkjihgfedcbaZVUTSRQPONMLKJIHFEDCA
et al. Projet o de apoio ao program a de redução do desperdício na const rução ci vi l em Sant o
André. São Paulo, EPUSP, 2000. 120p.
SOUZA , U. E. L. et al. (a) Perdas de materiais nos cant eiros cie obras: a quebra do mito. Qualid ad e na
Const rução, v. 2, n. 13, p. 10- 5, 1998.
SOUZA , U. E. L.; PALIARI, J. C ; A GOPYA N, V. Quant if icando consum o d c materiais. Qualid ad e na
const rução, v. 1, n. 5, p. 35- 6, mar., 1998.
TCPO 2000. Tabelas de com posições de preços para orçam entos. 1 ed., São Paulo, PINI, 2000. 388p.
TCPO 2003. Tabelas de com posições de preços para orçam entos. 1 ed., São Paulo, PINI, 2000. 439p.
Indicado para todos os profissionais da indústria construção civil, zyxvutsrqponmlkjihgfed

COM O REDUZIR PERDAS NOS CANTEIROS é um manual de


gestão do consumo de materiais nas obras. Tem como objetivo
colaborar para a redução do desperdício, além de integrar- se às
discussões de outras fases do empreendimento, tais orçamento,
projeto, programação, escolha tecnológica dentre outras. Apresenta
valores de perdas e consumos de materiais vigentes nas obras de
construção e discute com o preparar prognósticos de desempenho
em futuras obras, a partir do conhecimento das características dos
serviços que serão realizados

0 2 .8 3 7 C O M A C O

Você também pode gostar