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1.

A Antropologia Cultural no domínio das Ciências Sociais

Pretendemos com este resumo:


 Conhecer a história da Antropologia e conceptualizar
 Conhecer e distinguir os principais ramos da Antropologia Geral
 Identificar e explicar os princípios, métodos e técnicas antropológicas

1. 1. A construção da ciência antropológica


Para a emergência da Antropologia, jogaram papel importante as contribuições de
vários povos, períodos e individualidades. Entretanto a Antropologia é uma ciência
recente (séc. XIX), porém o contexto de sua emergência é remota, coincidindo com as
primeiras reflexões do homem sobre si e sobre a natureza, o cosmo e o universo. As
manifestações desse período são muitas, tais como: manuscritos de povos com escrita,
pinturas rupestres e etc.

De acordo com MELLO (2005), citado por PEDRO e SIQUISSE (S/A), a contribuição
greco-romana e da idade média para a construção do pensamento antropológico,
circunscreveram-se na conservação de escritos, tradução dos sistemas de pensamento de
outros povos e viagens descritivas, feitas por alguns pesquisadores como o árabe IBN
Khaldun, no séc. XIV.

MARTINEZ (2004), aponta o renascimento europeu e as viagens de exploração, como


elementos que possibilitaram o contacto com o exotismo das outras culturas, o que criou
uma curiosidade em conhece-las e estuda-las. Na Verdade desde o inicio da expansão
europeia, como afirma LEACH (1989), os europeus tiveram a tendência para tratar
todos os povos descobertos do sul de África e das Américas, como seres poucos
humanos. Usaram critérios segundo o qual o modelo do homem e humanidade ideal era
somente o europeu, os restantes eram considerados sub-humanidade, que devido a
cultura exótica (usavam peles de animais, comiam carne crua e falavam língua
ininteligível e etc) constituíam objecto de estudo para diversos pesquisadores e era
incansavelmente debatido nas universidades (por exemplo de Salamanca, 1550-1555).

De facto os estudiosos começaram a dispor de muito material, que constituíram


documentos essenciais para a produção antropológica. No séc. XIX, dá-se a primeira
descoberta fóssil, o que contribuiu para o surgimento da Antropologia Física. Vieram
também as contribuições das missões científicas mais organizadas e sistematizadas, de
naturalistas, geógrafos e humanistas, que tinham como objectivo principal colher mais
informações e fazer observações.

Portanto o maior repertório documental, o avanço de técnicas, induziu a especialização,


possibilitando a emergência da Antropologia Cultural, lançando-se uma nova disciplina
dentro do conhecimento humano.

1.2. A Antropologia e sua divisão


De acordo com MARTINEZ (2004), etimologicamente a antropologia é originária do
grego “anthropos” que significa Homem e “logia”estudo ou ciência. Ela define-se como
sendo o estudo do homem, das suas actividades e comportamentos.

A ciência antropológica é uma ciência integrante, a qual no seu desenvolvimento


comporta seis domínios de estudos fundamentais nomeadamente:
a)Antropologia Biológica ou Física
b)Antropologia pré-histórica
c)Antropologia Psicológica
d)Antropologia Linguística
e) Antropologia Social
f) Antropologia Cultural

Esta última constituirá o nosso foco de aprendizagem, pois dedica-se mais aos
problemas de relativismo cultural (investigação da originalidade de cada cultura), o
estudo das relações que se estabelecem entre os diferentes níveis numa dada sociedade e
do fenómeno de transmissão cultural.

Entretanto a ciência antropológica, tem como objecto material, o estudo do homem,


mas é necessário ter em conta que há mais ciências que também estudam o homem, de
facto é assim com a sociologia, psicologia e etc. Como objecto formal, a antropologia
trata do homem e do seu comportamento como um todo, levando em conta todos os
aspectos da existência humana, biológica e cultural, passada e presente, Contudo o
objecto de estudo da antropologia cultural é a cultura na sua totalidade.
A antropologia define os seus objectivos ao procurar atingir um conhecimento global
do homem, abarcando as dimensões físicas, históricas e geográfica e para desenvolver o
seu objecto de estudo precisa do apoio de outras ciências.

1.3. Princípios de estudo antropológico


1.3.1. Princípio Holístico
A antropologia olha a humanidade como um todo, por isso é considerada como a
ciência coordenadora do ser humano.
1.3.2. Principio Histórico
Com este princípio, visa colectar o máximo das informações sobre os contactos entre os
povos.
1.3.3. Principio Comparativo
Através da comparação de formas particulares de cultura, se torna possível apurar e
esclarecer os conceitos fundamentais de uma cultura.
1.3.4.Principio interdisciplinar
De facto nenhuma ciência é capaz de se prover sozinha, surgindo a necessidade de
interdisciplinaridade com outras ciências humanas e sociais.

1.4. O método de trabalho em Antropologia


Cada ciência possui caminhos próprios para desvendar o seu objecto de estudo, para a
antropologia, os privilegiados são:
 Método histórico- usado na pesquisa de eventos através do tempo, para
compreender as transformações culturais
 Método estatístico, que é empregue para apresentar a variabilidade dos aspectos
estudados.
 Método etnográfico, comummente usado na análise descritiva das sociedades
humanas
 Método etnológico ou comparativo, visa aferir as diferenças e as semelhanças
apresentadas por um material de referência de diferentes meios culturais ou de
tempos culturais.
 Método monográfico, usado para estudar em profundidades um determinado
grupo humano em todas as suas dimensões.
 Método genealógico, fundamentalmente usados no estudo do parentesco e todas
as suas implicações políticas, culturais e sociais.

1.5. Técnicas antropológicas


A observação participante constitui a principal técnica antropológica, sendo que o
antropólogo se integra no grupo, participando das actividades e das manifestações
do grupo. Com esta técnica o antropólogo apreende as unidades sociais restritas
simultaneamente de dentro e de fora, nas suas especificidades.

Exige do antropólogo uma dedicação exclusiva, permanente, prolongada, partilha e


relacionamento constante, observando com todos os seus sentidos e com todo o seu
ser. Outras técnicas podem ser: registo de dados, questionário, entrevistas e
formulários.

2. Bibliografia
 BERNADI, B. Introdução aos Estudos Etno-Antropológicos. Lisboa,
Edições 70, 1974.
 LEACH, E. A diversidade da Antropologia. Lisboa, Edições 70, 1989.
 MARTINEZ, P. F.L. Antropologia Cultural. S/E, 2004.
 MELLO, L.G de. Antropologia Cultural, iniciação, teorias e temas.
Petrópolis, Editora Vozes, 2005

Resumo elaborado por: Manuela Manuel

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