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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO/

UNIVERSIDADE DO MINHO
Universidade do Minho
Escola Superior de Enfermagem

VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA


GERAL: PROMOVER A MELHORIA DOS CUIDADOS DE
ENFERMAGEM

Autor:

Sandra Oliveira

Vila Real, 2019


UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO/
UNIVERSIDADE DO MINHO

Universidade do Minho
Escola Superior de Enfermagem

Mestrado em Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica


1º Ano - 1º Semestre

INVESTIGAÇÃO EM ENFERMAGEM
PRÉ-PROJETO DE ESTÁGIO E RELATÓRIO FINAL

VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA GERAL:


Promover a melhoria dos cuidados de enfermagem

Autor:

Sandra Oliveira

Vila Real, 2019


RESUMO

A ventilação não invasiva (VNI) assume cada vez maior importância na prática clinica, como
sendo uma opção terapêutica segura e eficiente, sem necessidade de recorrer a métodos
invasivos da via aérea. O enfermeiro, como elemento crucial da equipa multidisciplinar na
monitorização do doente hospitalizado submetido a VNI, é-lhe exigido uma prática
profissional de excelência, baseada na evidência. (Ferreira et al., 2009 como citado em
Soares, 2014).

Delineei como objetivo geral deste estudo «contribuir para a melhoria dos cuidados de
enfermagem prestados ao doente submetido a VNI no serviço de urgência (SU) geral do
Centro Hospitalar de Trás-Os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) de Vila Real».

A metodologia utilizada foi a metodologia de projeto. Utilizando como amostra, enfermeiros


do SU do CHTMAD de Vila real, preconiza-se avaliar as necessidades formativas acerca da
temática em estudo através de um questionário sociodemográfico e de necessidades
formativas, além da aplicação de uma lista de verificação e, posteriormente, realizar uma
formação teórico-prática e elaboração de um manual de VNI.

De forma a avaliar a eficácia da formação, será feita nova observação utilizando a mesma lista
de verificação. Espero obter melhoria dos cuidados prestados, de modo a uniformizar os
mesmos e aumentar a sua qualidade e ainda, aumento da sensibilização da equipe de
enfermagem para desenvolverem e aprofundarem conhecimentos no âmbito da VNI

Palavras chave: Ventilação não invasiva, cuidados de enfermagem, doenças respiratórias

ii
ABSTRACT

The non invasive ventilation assumes increasing importance in clinical practice, as a safe and
efficient therapeutic option, without the need to resort to invasive methods of the airway. The
nurse, as a crucial element of the multidisciplinary team in the monitoring of hospitalized
patients undergoing non invasive ventilation, professional practice of excellence, based on
evidence (Ferreira, Nogueira, Conde, & Taveira, 2009 como citado em Soares, 2014).

I outlined as a general objective of this study «to contribute to the improvement of nursing
care provided to patients undergoing noninvasive ventilation in the general emergency service
of CHTMAD Vila Real».

The methodology used was the project methodology. Using as a sample, nurses of the general
emergency service of CHTMAD Vila Real, I went to evaluate the training needs about the
subject under study through a sociodemographic questionnaire and training needs, also the
application of a checklist and, after perform a theoretical-practical training and elaboration of
a manual of non-invasive ventilation.

In order to evaluate the effectiveness of training, a new observation will be made using the
same checklist. I hope to improve the care provided, so as to standardize the same and
increase its quality, also increase the awareness of the nursing team to develop and deepen
knowledge in the context of noninvasive ventilation.

Keywords: non invasive ventilation, nursing care, respiratory diseases

iii
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................... 2

3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 5
3.1. Tipo de metodologia.................................................................................................. 5
3.2. População e amostra ................................................................................................. 6
3.3. Questões de investigação........................................................................................... 8
3.4. Diagnóstico de situação ............................................................................................. 8
3.5. Definição de objetivos ............................................................................................... 10
3.6. Planeamento .............................................................................................................. 11
3.7. Execução …………………………………………………………………………........12
3.8. Avaliação………………………………………………………………........................13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ...................................................................................... 13

iv
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

ARS- Administração Regional de Saúde

CHTMAD- Centro Hospitalar de Trás-Os-Montes e Alto Douro

DGS- Direção Geral de Saúde

DPOC- Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

EAP- Edema agudo do pulmão

ICCMU- Intensive Care Coordination & Monitoring Unit

ICN- International Council of Nurses

MEPSC- Mestrado em Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica

OE- Ordem dos Enfermeiros

ONDR- Observatório Nacional das Doenças Respiratórias

p.- página

SNS- Sistema Nacional de Saúde

SPSS- Statistical Package for the Social Sciences

SU- Serviço de urgência

VNI- Ventilação não invasiva

v
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.- Cronograma de atividades 2019/2020………………………………………….12

vi
1. INTRODUÇÃO

No âmbito do Mestrado de Enfermagem da Pessoa em Situação Crítica, 1º ano, 1º semestre,


ano letivo 2018/2019, na unidade curricular de Investigação em Enfermagem, foi sugerida a
elaboração de um pré projeto de estágio e relatório final ou de dissertação.

Para superar este objetivo curricular optei pela realização de um pré projeto de estágio e
relatório final, sendo o tema dirigido para os cuidados de enfermagem ao doente submetido a
VNI no SU geral do CHTMAD de Vila Real.

A escolha do tema supracitado prende-se essencialmente com a minha experiência como


enfermeira nesse serviço, tendo em conta a quantidade elevada de doentes com patologia
respiratória (mais comumente doença obstrutiva crónica agudizada (DPOC) ) em situação
critica com necessidade de VNI e a reestruturação da equipe de enfermagem nos últimos três
anos, devido à admissão de vários elementos novos, provenientes de serviços muitos distintos,
a maioria deles, com poucos anos de experiência profissional. Foi também uma necessidade
formativa apontada pelo enfermeiro chefe do SU, quando questionado.

Além disso, a VNI assume cada vez maior importância na prática clinica, como sendo uma
opção terapêutica segura e eficiente, sem necessidade de recorrer a métodos invasivos da via
aérea. O enfermeiro, como elemento crucial da equipa multidisciplinar na monitorização do
doente hospitalizado submetido a VNI, é-lhe exigida uma pratica profissional de excelência,
baseada na evidência. (Ferreira, Nogueira, Conde, & Taveira, 2009 como citado em Soares,
2014).

As doenças respiratórias têm um grande impacto na saúde, sociedade e na economia mundial,


quer pela taxa de mortalidade ou morbilidade associada. Estima-se que cerca de 1 bilião da
população mundial sofra de doença respiratória crónica, e que 4 milhões acabem por falecer
pelo mesmo motivo (European Respiratory Society-ERS, 2013).

Segundo a Norma da Direção Geral de Saúde (DGS) nº028/2011 atualizada em 2013, a


prevalência da DPOC em Portugal atinge 14.2% nos indivíduos adultos com mais de 40 anos
de idade. Por outro lado, o número de internamentos por DPOC entre 2000 e 2008, aumentou
cerca de 20% representando um custo superior a 25 milhões de euros, o que equivale a um
aumento de 39.2%. O custo por doente internado também aumentou 16%.

1
A utilização de VNI diminui os custos associados ao internamento e a taxa de mortalidade,
além de que melhora significativamente a qualidade de vida dos doentes (Marques, Oliveira,
Pereira, Realista, & Sequeira, 2016 como citado em Camilo, 2018). Porém, há ainda um longo
caminho a percorrer para que o sucesso da mesma seja alcançado na totalidade (Frederiksen,
Grofte, Lomborg, & Sorensen, 2013 como citado em Camilo, 2018).

A VNI deve ser efetuada em episódios agudos de DPOC. Estes, estão associados ao
agravamento da doença, ao declínio acelerado da função respiratória e ao aumento da
mortalidade. O controlo e tratamento desta afeção permitem, não só a melhoria da qualidade
de vida dos doentes e famílias, como a maior racionalização dos elevados custos envolvidos
(DGS, 2013 norma).

Para 2020, as metas da DGS, constantes no Programa Nacional para as Doenças Respiratórias
de 2017, são duplicar a percentagem de diagnósticos de DPOC nos cuidados de saúde
primários relativamente a 2014, reduzir em 10% os internamentos por DPOC relativamente a
2014, melhorar a prestação de cuidados e promover as boas práticas na área das doenças
respiratórias.

Posto isto, delineei «contribuir para a melhoria dos cuidados de enfermagem prestados ao
doente submetido a VNI no SU do CHTMAD de Vila Real» como objetivo geral do meu
estudo.

No que concerne à redação do trabalho, este encontra-se estruturado em introdução,


fundamentação teórica, metodologia, onde se aborda o tipo de estudo, a população e amostra,
as questões de investigação, o diagnóstico de situação, os objetivos, o planeamento, a
execução, avaliação e, por fim, apresento as referências bibliográficas.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As doenças do sistema respiratório são uma das principais causas de morte na União
Europeia, incluindo Portugal, onde continuam a ser a terceira causa de morte (Observatório
Nacional das Doenças Respiratórias- ONDR, 2017).

Os registos de utentes nos Sistema Nacional de Saúde (SNS) com patologias respiratórias,
estão ainda muito aquém do que são as previsões baseadas nas prevalências estimadas. Se se

2
considerar, por exemplo, a DPOC, o registo de utentes passou de 54 660 em 2011 para 136
958 em 2017 (ONDR, 2018).

Estima-se que em 2020 as doenças do aparelho respiratório sejam responsáveis por cerca de
12 milhões de mortes no mundo. Em Portugal, têm uma elevada prevalência, sendo
responsáveis por cerca de 19% dos óbitos e a principal causa de internamento hospitalar. Na
região norte, o número de internamentos por patologias respiratórias aumentou de 30 268 em
2007 para 36 184 em 2016 (ONDR, 2018).

A VNI consiste no fornecimento de assistência ventilatória sem uma entubação endotraqueal


invasiva, utilizando em contrapartida uma máscara como interface, embora seja possível
utilizar outras interfaces. É uma forma de ventilação que aplica uma pressão durante a fase
inspiratória maior do que durante a fase expiratória, providenciando um suporte ventilatório
completo (Barradas, 2016).

Atualmente, a comunidade cientifica define cinco situações em que está indicada com nível 1
de evidência segundo a classificação de Oxford para a medicina baseada na evidência:
exacerbação da DPOC, edema agudo do pulmão (EAP), pneumonia, desmame da ventilação
mecânica invasiva e prevenção da insuficiência respiratória pós extubação (Barradas, 2016).

Os objetivos da VNI são, diminuir o trabalho respiratório, o repouso dos músculos


respiratórios e a melhoria das trocas gasosas (Ferreira, Nogueira, Conde, Taveira, 2009).
Segundo Roque et al (2014) como citado Morais, (2016), tem ainda como benefícios a
melhoria da ventilação alveolar com recrutamento de unidades alveolares, alivio da dispneia e
diminuição da frequência respiratória, diminuição da hipertensão pulmonar, do débito
cardíaco e do consumo de oxigénio pelo miocárdio e otimização da relação
ventilação/perfusão.

Além destes benefícios, esta ventiloterapia evita ainda a entubação orotraqueal, com
consequente diminuição dos riscos associados (lesão traqueal e infeções nosocomiais, por
exemplo), não necessita de sedação, permitindo assim ao doente falar, manter tosse eficaz e
alimentação oral e é relativamente fácil de instituir, não necessitando de unidade de cuidados
intensivos, o que reduz o tempo de internamento hospitalar e consequente diminuição dos
custos e mortalidade (Ferreira et al., 2009).

Estão descritas também algumas desvantagens/efeitos secundários, embora geralmente pouco


importantes e raramente obrigando à interrupção da técnica, tais como, congestão nasal,

3
conjuntivite, secura das mucosas, eritema/úlcera de pressão no nariz, distensão gástrica, fugas
de ar pela máscara e pneumonia de aspiração (Ferreira et al., 2009).

Os cuidados de enfermagem são cada vez mais um fator determinante para a sobrevivência
dos doentes e para os aspetos relacionados com a manutenção, a reabilitação e a preservação
da saúde (Doenges & Moorhouse, 2010 como citado Espirito Santo, 2014), o que envolve
habilidade técnica, conhecimento formal e processo de pensamento que leva da observação ao
diagnóstico (Carpenito-Moyet, 2012 como citado Espirito Santo, 2014).

A Ordem dos Enfermeiros (OE) também ressalva a importância dos cuidados na excelência da
profissão de enfermagem, redigindo, em 2011, um manual de padrões de qualidade dos
cuidados de enfermagem, que engloba seis enunciados a considerar, nomeadamente, a
satisfação dos doentes, a promoção da saúde, a prevenção de complicações, bem estar e
autocuidado dos doentes, readaptação funcional e organização dos serviços de enfermagem
(OE,2011).

Posto isto, é fácil entender que o enfermeiro desempenha um papel essencial na promoção da
adaptação do doente ao interface e ventilador, na deteção precoce de complicações, na
resolução de problemas e na redução do tempo de VNI, promovendo o desmame logo que
possível (Leite, 2018). A mesma autora, refere ainda a importância do papel do enfermeiro na
diminuição do medo e ansiedade do doente e na mobilização e eliminação de secreções
quando necessário.

O doente submetido a VNI exige portanto, grande disponibilidade e dedicação do


profissional, obrigando a monitorização rigorosa e reavaliações frequentes, principalmente na
fase inicial (Leite, 2018). Advoga-se por isso, que seja instituída por profissionais treinados e
conhecedores da técnica (Grilo & Alminhas, 2017), incluindo seus efeitos fisiológicos e
possíveis complicações (Morais, 2016).

A Intensive Care Coordination & Monitoring Unit (ICCMU, 2014) afirma a importância da
monitorização do doente submetido a VNI, quer dos sinais vitais, como do estado de
consciência. Refere ainda a importância do enfermeiro na prevenção da úlcera de pressão no
nariz, de manter o doente confortável e sem dor, com posicionamento correto para uma boa
expansão torácica e para evitar a obstrução da via aérea, higiene e hidratação oral, bem como
cuidados oftálmicos a cada duas horas, vigiar adaptação do doente ao ventilador, observando
a expansão torácica e o uso de músculos acessórios, providenciar alimentação oral se tolerar,
monitorizar e vigiar as eliminações e, nunca esquecendo as medidas de prevenção de infeção.

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Segundo estudo realizado por Barradas (2016), a avaliação sistemática dos sinais vitais
durante a VNI são fundamentais para prever o sucesso ou falha da mesma e, esta falha pode
levar a ventilação mecânica invasiva tardia, com consequente aumento da morbilidade e
mortalidade (ICCMU, 2014).

Par tudo isto também são fundamentais os registos de enfermagem, de modo a garantir a
continuidade e melhoria dos cuidados prestados, devendo eles representar de forma fiel a
prática (Morais, 2016). A má caraterização nos processos clínicos de dados relativos à VNI
como, por exemplo, o registo da hora exata de inicio, parâmetros ventilatórios usados, padrão
de resposta do doente, evolução dos parâmetros vitais e a não reavaliação gasimétrica 1 hora
após o inicio impede a correta continuidade de cuidados (Barradas, 2016).

Neste sentido, verifica-se que os enfermeiros demonstram falta de conhecimento baseado na


evidência científica no âmbito da sua prática, todavia torna-se essencial para promover a
qualidade dos cuidados (Grilo & Alminhas, 2017).

Jose Alves, Presidente do ONDR e da Fundação Portuguesa do Pulmão também refere que há
muito a melhorar nesta área a nível de todos os profissionais de saúde (2017).

3. METODOLOGIA

A fundamentação teórica apresentada no capítulo anterior permitiu-me adquirir


conhecimentos que serviram de suporte para o desenvolvimento empírico do presente estudo,
surgindo agora o momento de apresentar os processos metodológicos do mesmo, de forma a
dar-lhe o seguimento prático.

3.1. Tipo de metodologia

Tendo em conta que este trabalho serve de base para um futuro projeto de estágio e relatório,
optei pela Metodologia de projeto.

Etimologicamente, o termo projeto deriva do latim projectare, que significa lançar para a
frente, atirar; assim, pode dizer-se que, projetar é investigar determinado tema, problema ou
situação com a finalidade de conhecer e apresentar as interpretações dessa realidade (Ruivo,
Ferrito & Nunes, 2010).

5
O próprio prefixo “pró” denota algo que vem de trás, que é precedente, tendo, portanto, o
significado de realizar algo antes de uma ação, de planear, planificar, programar, projetar
(Sousa, s.d).

Centrando-se na resolução de problemas, permite adquirir capacidades e competências de


características pessoais pela elaboração e concretização de projetos numa situação real,
constituindo-se, portanto, como uma ponte entre a teoria e a prática (Ruivo et al, 2010).

Posto isto, pode definir-se a metodologia de projeto como um conjunto de técnicas e


procedimentos utilizados, para estudar qualquer assunto da realidade social, permitindo
prever, preparar e orientar o caminho que os intervenientes irão seguir ao longo da realização
do projeto, centrando-se na investigação, análise e resolução de problemas ( Leite et al, 2001
como citado em Ruivo et al, 2010).

Na fase de diagnóstico de situação, irei realizar um estudo observacional, descritivo,


transversal, para descrever os acontecimentos num único grupo representativo da população
em estudo, sem intervir, sendo os dados recolhidos num único momento (Ribeiro, 2010).

3.2. População e amostra

Este pré projeto refere-se a um estágio a realizar no segundo ano curricular do Mestrado em
Enfermagem da Pessoa em Situação Critica (MEPSC), no SU geral do CHTMAD de Vila
Real.

Este está integrado na Administração Regional de Saúde (ARS) norte, sendo que o serviço
mencionado dá resposta a cerca de meio milhão de habitantes, na sua maioria provindos de
meio rural e com uma população muito envelhecida.

O SU é polivalente, possui uma equipa multidisciplinar fixa de 63 enfermeiros e 34


assistentes operacionais e médicos de medicina geral, cirurgia geral, ortopedia, pneumologia e
neurologia, que trabalham em regime de rotatividade. Tem ainda apoio, quando solicitado, de
cardiologia, psiquiatria, gastroenterologia, otorrinolaringologia e oftalmologia.

A filosofia preconizada pelos responsáveis desta unidade e seus colaboradores centra-se numa
gestão harmoniosa de relação interpessoal aberta ao diálogo e à participação de todos os seus
elementos, perspetivando a satisfação de todos os intervenientes, de modo a promover a
qualidade dos cuidados prestados (Manual da qualidade do CHTMAD, 2018).

6
A escolha deste contexto prendeu-se com o fato de ser um serviço onde são atendidos,
predominantemente, doentes em situação critica e por ser neste que exerço atividade como
enfermeira, proporcionando-me maior conhecimento acerca da realidade do mesmo e
facilidade acrescida na obtenção de dados.

Para o presente projeto e, tendo em conta que população se define “…como o conjunto de
elementos (indivíduos, espécie, processo) que têm características em comum” (Fortin, Côté,
& Filion, 2009, p.311) e, cujos elementos são escolhidos através de critérios de inclusão
(Fortin et al. 2009), a população sobre a qual este estudo se debruça inclui os enfermeiros da
prestação direta de cuidados no SU geral do CHTMAD de Vila Real ( critério de inclusão),
sendo esta, portanto, constituída por 63 enfermeiros.

A amostra é parte da população; são os elementos da população que restam após aplicar
critérios de exclusão.

Este processo designa-se amostragem e permite escolher uma porção da população de modo a
representar uma população inteira, isto é, possibilita estimar as características da mesma com
base na informação obtida através de uma amostra (Fortin et al., 2009). Habitualmente,
proporciona a redução de custos, redução da necessidade de mão de obra, recolha mais rápida
de informação e obtenção de dados mais compreensivos (Smith, 1975 como citado em
Ribeiro, 2010).

Assim, serão excluídos da população os enfermeiros que não derem consentimento para
participar no estudo, que estejam ausentes no período de recolha de dados, a autora dos
questionários e os que se encontrem em horário de amamentação.

Esta amostra será obtida através de uma amostragem não probabilística por conveniência.
Nesta, a probabilidade relativa de um qualquer elemento ser incluído na amostra é
desconhecida e os elementos foram escolhidos com base na minha conveniência, mediante
critérios selecionados por mim, isto é, uma seleção não aleatória. Como tal, não permite
mensurar a representatividade da amostra, pelo que os resultados não podem ser
estatisticamente generalizados (Ribeiro, 2010).

No entanto, se as características da amostra forem semelhantes às da população, os resultados


podem ser equivalentes aos de uma amostragem probabilística, mas não podemos garantir a
sua confiabilidade, pois não é possível utilizar ferramentas estatísticas para medir a precisão
dos resultados (Ochoa, 2015).

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Para o estudo em questão, parece-me o método de amostragem adequado, uma vez que,
pretendo responder às necessidades apenas de um determinado serviço.

Para a caraterização da amostra será aplicado um questionário sociodemográfico onde consta


o género, idade, anos de serviço, anos de serviço no SU e habilitações académicas.

3.3. Questões de investigação

A(s) questão(ões) de investigação constitui o elemento fundamental do início de um estudo


(Ribeiro, 2010). Indicam o que o investigador quer obter como informação (Fortin et al,
2009).

Tendo em conta a problemática do estudo formularam-se as seguintes questões:

1. Quais as necessidades formativas dos enfermeiros do SU do CHTMAD de Vila Real


em VNI?

2. Como melhorar a prestação de cuidados de enfermagem a doentes submetidos a VNI?

3.4. Diagnóstico de situação

Este visa elaborar um modelo descritivo da realidade sobre a qual se pretende atuar e mudar,
identificando os problemas existentes na população em estudo (Ruivo et al, 2010).

A prática baseada em evidência tem como ponto de partida perguntas formuladas na prática
clínica, centradas no que se faz diariamente, nos problemas com que se lida na prestação de
cuidados (Ruivo et al, 2010).

Um problema de investigação é uma situação que necessita de uma solução, de um


melhoramento ou de uma modificação (Adebo como citado em Fortin et al, 2009).

Posto isto, e, tendo em conta que nos últimos três anos o SU admitiu 21 enfermeiros novos,
com pouco tempo de integração no mesmo, que a prestação de cuidados a doentes críticos
submetidos a VNI é prática diária e após reunião informal com o chefe de serviço, decidi
orientar o meu estudo segundo o problema “quais as necessidades formativas dos enfermeiros
do SU do CHTMAD de Vila Real em VNI, de modo a melhorar os cuidados de enfermagem,
para obter ganhos em saúde?”

8
Para identificar e validar este problema ao qual pretendo dar resposta, irei utilizar como
instrumentos de recolha de dados um questionário sociodemográfico e um de diagnóstico de
necessidades acerca da formação em VNI e ainda uma lista de verificação (check list).

O questionário parece-me adequado para o estudo em questão, na medida em que possibilita


uma maior sistematização dos resultados fornecidos, permite uma maior facilidade de análise
bem como reduz o tempo que é necessário despender para recolher e analisar os dados. Além
disso, garante o anonimato e redução de custos (Amaro, Póvoa & Macedo, 2005).

No entanto, apresenta algumas desvantagens, nomeadamente ao nível da dificuldade de


conceção, pois é necessário ter em conta vários parâmetros como a quem se vai aplicar, o tipo
de questões a incluir, o tipo de respostas que se pretende e o tema abordado; devido ao
anonimato e características de resposta fechada, possibilita uma elevada taxa de não
respostas ou respostas aleatórias (Amaro, Póvoa & Macedo, 2005).

O questionário sociodemográfico irá contemplar o género, idade, anos de serviço, anos de


serviço no SU e habilitações académicas através de respostas mistas e o questionário de
diagnóstico de necessidades, com respostas fechadas, irá questionar acerca dos conhecimentos
e necessidades formativas em VNI. Este último será aplicado apenas após a validação de um
pré teste fornecido a 20 enfermeiros que não contemplem a amostra.

Apos a aplicação dos questionários, os enfermeiros que consentirem, serão observados na


prestação de cuidados ao doente submetido a VNI, com base num check list.

As listas de verificação são técnicas de observação preenchidas por alguém que observa outro;
utiliza-se para verificar se determinados comportamentos e atitudes existem ou não; a resposta
é dada em termos de «sim» ou «não» (Ribeiro, 2010).

É a única forma efetiva de verificar os cuidados prestados, no entanto, o comportamento dos


participantes podem sofrer algumas alterações por saberem que estão a ser observados.

O período previsto para a recolha de dados é o mês de dezembro de 2020.

Contudo, antes de iniciar a recolha de dados, será efetuado um pedido de autorização da


aplicação do projeto ao Concelho de Administração do CHTMAD. Caso aprovem o mesmo,
será pedido o parecer à comissão de ética da instituição e, aos participantes será entregue um
consentimento com toda a informação acerca do estudo.

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Ao longo de todo o processo, serão tidos em conta ainda os seis princípios éticos que devem
guiar uma investigação, segundo as diretrizes éticas para a investigação em enfermagem,
emitidas pelo ICN (International Council of Nurses) em 1996 (atualizadas e reeditadas em
2003), nomeadamente, o princípio da beneficência, da não maleficência, da fidelidade, da
justiça, da veracidade e da confidencialidade.

Posteriormente, para o tratamento e análise de dados, pretendo utilizar o software SPSS


(Statistical Package for the Social Sciences) versão 22.0. Irei construir uma base de dados na
qual os mesmos serão inseridos, com posterior análise de tendências e elaboração de gráficos.

3.5. Definição de objetivos

Enquadrando os objetivos na metodologia de projeto, estes são assumidos como


representações antecipatórias centradas na ação a realizar (Ruivo et al, 2010).

Objetivo geral:
 Contribuir para a melhoria dos cuidados de enfermagem prestados ao doente
submetido a VNI no SU do CHTMAD de Vila Real.

Objetivos específicos:
 Avaliar a prestação de cuidados de enfermagem ao doente submetido a VNI no SU do
CHTMAD de Vila Real ;
 Realizar formação teórico-prática subordinada ao tema da VNI, destinada aos
enfermeiros do SU do CHTMAD de Vila Real;
 Elaborar um manual de VNI para consulta dos enfermeiros do SU do CHTMAD, de
forma a facilitar o acesso destes à evidencia científica mais relevante sobre esta
temática.

Os critérios de êxito serão explicitados na fase de planeamento.

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3.6. Planeamento

No planeamento é elaborado um plano de ação, onde constam as atividades a realizar para


atingir cada um dos objetivos, fazendo referência ainda às estratégias e recursos a utilizar.

Objetivo 1- Avaliar a prestação de cuidados de enfermagem ao doente submetido a VNI


no SU do CHTMAD de Vila Real antes e após a formação

Atividades

- observar os enfermeiros durante a prestação de cuidados ao doente submetido a VNI

- verificar se houve melhoria dos cuidados de enfermagem prestados após a formação

Estratégia: utilizar uma lista de verificação para fazer o registo da observação nos dois
momentos

Recursos: equipe de enfermagem do SU

Critério de êxito: 100% dos enfermeiros do SU melhoram a prestação de cuidados ao


doente submetido a VNI, segundo os itens da lista de verificação, após a formação.

Objetivo 2- Realizar formação teórico-prática subordinada ao tema da VNI, destinada aos


enfermeiros do SU

Atividades

- Elaborar um plano de sessão

- Divulgar a formação através de cartazes informativos colocados no SU

- Realizar a formação

Estratégia: realizar pesquisa bibliográfica acerca da temática

Recursos: humanos (equipe de enfermagem do SU), materiais, nomeadamente, auditório


do CHTMAD, computador, projetor, folhas de presença, cartazes informativos e recursos
financeiros param a impressão dos cartazes.

Critério de êxito: presença na formação de, pelo menos, 70% dos enfermeiros do SU.

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Objetivo 3- Elaborar um manual de VNI para consulta dos enfermeiros do SU do CHTMAD,
de forma a facilitar o acesso destes à evidência científica mais relevante sobre esta temática.

Atividades

- Elaborar o manual de VNI

Estratégia: realizar pesquisa bibliográfica acerca da temática

Recursos: financeiros, para impressão do manual

Critérios de êxito: existência do manual de VNI, 100% dos enfermeiros do SU têm


conhecimento da mesma.

3.7. Execução

O planeamento de uma investigação inclui um plano de execução, nomeadamente, a


construção de um cronograma (tabela 1), onde constem as atividades previstas e a
representação do tempo necessário para a execução das mesmas.

Tabela 2.
Cronograma de atividades 2019/2020
Atividades out nov dez jan fev mar

Elaboração do projeto
Revisão da literatura
Formalização dos aspetos éticos
Construção dos instrumentos de recolha de
dados e aplicação de pré teste
Seleção da amostra
Recolha, tratamento e análise de dados
Realização da formação teórico pratica
Realização do manual de VNI
Avaliação
Redação final do relatório

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3.8. Avaliação

Após colocar em prática todas as atividades delineadas, chega a hora de avaliar o processo
e o produto final.

Para tal, irei preencher novamente a lista de verificação, observando os enfermeiros na


prestação de cuidados ao doente submetido a VNI, que frequentaram a formação e, fazer
uma comparação com os resultados obtidos antes da formação.

Espero obter melhoria dos cuidados prestados, de modo a uniformizar os mesmos e


aumentar a sua qualidade e ainda, aumento da sensibilização da equipe de enfermagem
para desenvolverem e aprofundarem conhecimentos no âmbito da VNI. Isto para beneficio
último do doente que, poderá assim ter uma recuperação mais célere, reduzindo também
tempo e custos de internamento.

Além disso, pretendo reunir de forma informal com o enfermeiro chefe do SU para fazer
uma avaliação de todo o processo, nomeadamente verificar a consecução dos objetivos
delineados inicialmente e fazer uma reflexão acerca de pontos positivos e negativos
ocorridos, na tentativa de encontrar ajustes que poderão ser feitos num estudo posterior.

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