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Faculdade Joaquim Nabuco.

Prof. Ms. Lourenço Torres.


proflourencotorres@yahoo.com.br
 TIPOS E USOS DE ARGUMENTOS
JURÍDICOS.
 Sofismas
 Entimemas de uso jurídico
 Tópico, protase, formal, Gnome.
 Falácias (lat. fallere – enganar): um raciocínio errado com aparência de verdadeiro. É um argumento
logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na tentativa de provar eficazmente o que
alega.
 Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de
conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso.
 Ou seja, são utilizados como paradigmas exemplos que são usados de forma casual, isolada e pouco frequente. Assim,
o que é exceção é utilizado como regra.
 Exemplo: "O fogo é quente e sei disso por dois motivos: ele é vermelho; e medi sua temperatura com um
termômetro".
 Exemplo: dizer que “pós-graduação não é necessariamente garantia de qualidade”.

 Sofismas (gr. sofisma): são raciocínios mediante os quais intencionalmente se quer defender algo falso e
confundir o contraditor.

 Entimemas: são silogismos retóricos imperfeitos formal e logicamente, suas conclusões não decorrem
necessariamente de suas premissas. São pragmaticamente úteis quando o objetivo é persuadir sem a
exigência de uma rígida coerência lógica, ou quando esta não é possível, ou quando é estrategicamente
desejável (ADEODATO).
 Erística (gr. erizein - batalhar): é a arte de discutir, mais precisamente, a arte de discutir de modo a
vencer, e isto per fas et per nefas (por meios lícitos ou ilícitos). De fato, é possível ter razão objetivamente
no que diz respeito à coisa mesma, e não tê-la aos olhos dos presentes ou inclusive aos próprios olhos
(SCHOPENHAUER).
 O objetivo da erística é vencer uma discussão e não necessariamente descobrir a verdade de uma questão.
 Sofisma ou sofismo:
(gr.) sofisma σόϕισμα, derivado de sofizestai σοϕίξεσϑαι
"fazer raciocínios capciosos“).
 É um raciocínio, ou falácia, também chamado de refutação
aparente, refutação sofística e também de silogismo
aparente, ou silogismo sofístico, mediante os quais se quer
defender algo falso e confundir o contraditor.
 Não se devem confundir os sofismas com os paralogismos:
os primeiros procedem da má fé, os segundos, da
ignorância. Isto é, não são intencionalmente produzidos
para enganar.
 Para Aristóteles, qualquer falso silogismo era considerado
um paralogismo, pois contém obrigatoriamente uma
premissa ambígua.
Sofismas e falácias são raciocínios que pretendem demonstrar como verdadeiros
argumentos que são logicamente inválidos [Bastos]. Um sofisma é, assim, um erro
lógico, um defeito de lógica num argumento.

 Argumento ad hominen. A expressão latina significa, literalmente, contra o


homem.
 É o argumento que repele a tese-idéia-argumento de outro, com base em qualidades
ou condições especiais dessa pessoa, sem considerar as validade ou invalidade do seu
argumento.
 Ao invés de se enfrentar o argumento do adversário, ataca-se a pessoa do adversário.
Ataca-se o homem e não a idéia.
 Ou, por outro lado, há sofisma ad hominem quando se pretende sustentar a própria
tese com base nos predicados e respeitabilidade do orador, e não na razoabilidade da
tese mesma. Busca-se, em suma, convencer o auditório não pela força das idéias, mas
pela simpatia ou antipatia por quem as defende ou representa.
 Exemplos:
 quem busca desqualificar a tese adversária fazendo ataques pessoais ao caráter do
opositor.
 quem sustenta a validade de sua tese escorando-a na própria honorabilidade ou
respeitabilidade, ou na respeitabilidade de outros seus defensores (espécie de
argumento ab auctoritatem).
 O sofisma de conclusão irrelevante (ou ignoratio elenchi).
 Busca iludir o interlocutor apresentando uma conclusão que
não é, de modo algum, decorrente das premissas
apresentadas.
 As premissas não sustentam a conclusão, que não decorre
logicamente daquelas, ou não está com elas relacionada. Há
uma utilização de “inteligência confusa” para confundir o
auditório. As premissas podem até ser verdadeiras, mas não
levam à conclusão proposta pelo orador.
 Exemplo:
 O latrocínio é um dos crimes mais horrendos e repugnantes que há.
Um latrocida é sempre alguém perigoso e degenerado. Aqui, a
pobre vítima deixou na orfandade 16 rebentos. Demais disso, o réu
registra extensa folha de antecedentes. Por isso, o réu deve ser
condenado.
 O sofisma de petição de princípio (petitio principii) .
 Ocorre quando o orador pressupõe como certo exatamente aquilo que deveria
demonstrar.
 Faz-se um raciocínio saindo de um ponto de partida quando o que se quer provar é
justamente esse ponto de partida. Pensando no silogismo como se fosse uma parede,
o argumento eivado pela petição de princípio é como um tijolo assentado sobre ele
mesmo.
 A enunciação da tese começa com uma afirmação (como a do exemplo, “o réu agiu
em legítima defesa”), seguida de páginas e páginas de citações de doutrina e
jurisprudência, e nenhuma referência a provas que amparem a afirmação inicial.
 Por isso, fundamentar não é citar, copiar e transcrever; é falar do caso, dos fatos e das
provas.
 Exemplo:.
 [P1] O réu agiu em legítima defesa ao ser agredido pela vítima.
 [P2] A lei diz que o homicídio em legítima defesa não é crime [?].
 [P3] Quando uma pessoa agride a outra injustamente, a lei não obriga o agredido a fugir ou se
acovardar. Dá-lhe, ao contrário, o direito a uma reação.
 [P4] Por que o réu, uma vez agredido, deveria deixar a vítima tirar-lhe a vida? A lei não o obrigava a
isso.
 [C1] Logo, o réu agiu em legítima defesa.
 Círculo vicioso.
 O ponto de partida (a premissa) e a conclusão são
apoiados um no outro, formando um círculo entre
duas afirmações não demonstradas.
 A afirmação X é sustentada pela afirmação Y, que,
por sua vez, só é sustentada pela afirmação X.
 Exemplo:
 Ex.: [P1] Por que o réu subtraiu a moto? [C1] Para fugir
dos seus perseguidores e salvar-se.
 [P2] Por que estava sendo perseguido? [C2] Porque
subtraiu a moto”.
 Falsa causa. (lat.) post hoc ergo propter hoc: depois disso, então, por
causa disso.
 Consiste em apontar um fenômeno como causa de outro, apenas
porque o antecedeu.
 Atribui causalidade a aquilo que é mera sucessão.
 Ocorre quando não se apura o nexo de causalidade, e se afirma a
relação causa-efeito apenas com base na sucessão cronológica dos
fatos.
 Exemplos:
 “Evidente que o réu foi autor dos furtos de que fala a denúncia. Note-se
que o réu começou a trabalhar na casa da vítima em 23-12-99 (fls. 55). O
primeiro furto aconteceu em 25-12-99. Antes nada tinha sido furtado.
Todos os furtos aconteceram depois que o réu tornou-se empregado da
vítima. Portanto, o réu é o ladrão.”
 Duas jovens foram encontradas mortas. O namorado de uma delas foi
preso por ter sido, segundo a polícia, o último a ver sua namorada viva.”
 Generalização apressada. Também chamado de sofisma
de enumeração imperfeita ou de indução viciosa.
 Consiste em se atribuir ao todo o que é próprio da parte,
em considerar como regra o que é exceção. Acontece
quando se estende a conclusão da observação de um
caso a outros casos que não são semelhantes.
 Ex.: “mesmo ao se falar em sucessão, a regra é clara: os
últimos serão os primeiros”.
 Ex.: “as coincidências, o caso fortuito, é o princípio dos crimes
culposos; logo, não passou de fatalidade o atropelamento da
vítima”.
 Ex.: “Alguém inteiramente incapaz de entender a gravidade
de seus atos é inimputável; então, alguém embriagado,
também o é”.
“Silogismos retóricos imperfeitos formal e logicamente
pragmaticamente úteis quando o objetivo é persuadir
sem a exigência de uma rígida coerência lógica” . “Estão
relacionados à argumentação judicial e com a
investigação de contradições no discurso argumentativo”.
(ADEODATO)
 Entimema formal:
 É aquele ao qual falta ou permanece subentendida uma das premissas ou mesmo
a conclusão.
 [PM1] Todos os homens são mortais.
[pm1] Sócrates é homem.
[C1] Sócrates é mortal (epifonema).
 [PM2] ?
[pm2] Sócrates é um homem.
[C2] Logo, Sócrates é mortal (epifonema).
 [PM3] Todos os homens são mortais,
[pm3] e Sócrates é um homem (epifonema).
[C3]?
 Entimema tópico:
 São aqueles enumerados como topoi ou lugares comuns. Deduzem conclusões
prováveis a partir de pontos de vista tidos como geralmente aceitos.
 Se P, então C.
▪ Ex1.: “os gordos são bem humorados” (topoi).
“Este rapaz é gordo, logo é bem humorado”.
▪ Ex2.: “dura lex, sed lex” (topoi jurídico).
“A lei foi infringida, logo a lei tem que ser aplicada”.
 Entimema protase (ou paradigmático  paradigma):
 Deduz conclusões silogísticas formalmente rigorosas a partir de
premissas prováveis ou verossímeis, ou a partir de um paradigma.
 Ex.: “São isentos de pena os inimputáveis (art. 26, CP), ou seja, os
inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do ato
[paradigma]; logo, o agente acometido de embriaguez completa
também (art. 28, § 1º, CP) [protase].
 Gnome (axioma ou máxima):
 É uma afirmação de caráter geral, fundamentada em uma
personalidade ou obra reconhecida na vida pública.
▪ Ex.: “este princípio remonta desde o Código de Hamurabi”.
▪ “o Corpus Iuris Civilis (ou o Código de Napoleão) já positivava este
comportamento”.
 É equivalente à sentença latina (epifonema) que comumente
marca o final de um argumento ou raciocínio.
▪ Ex.: “Dormientibus non succurrit jus” – “o Direito não socorre aos que
dormem”.
Prof. Lourenço Torres

proflourencotorres@yahoo.com.br

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