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farmacêutico
na farmácia
de manipulação
e na indústria
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
De certa forma, a história da farmácia se confunde com a da própria humanidade,
já que ao longo do tempo o ser humano sempre se utilizou de recursos disponíveis
na natureza para melhorar sua qualidade de vida, se alimentar e, principalmente,
para tratar suas doenças. Também é sabido que na Antiguidade não havia qualquer
14 O papel do farmacêutico na farmácia de manipulação e na indústria
Farmácia magistral
Como sabemos, o farmacêutico é um profissional da área da saúde com um
longo histórico e uma considerável formação multidisciplinar. Além do amplo
conhecimento sobre fármacos e medicamentos, possui conhecimentos sobre
o funcionamento do organismo humano. Por essa razão, pode exercer suas
atividades em mais de 70 áreas regulamentadas pelo Conselho Federal de
Farmácia (CRF).
De modo geral, além das farmácias comunitárias, os farmacêuticos podem
atuar na indústria, em pesquisa e desenvolvimento, em análises clínicas e
toxicológicas, na produção de alimentos, em saúde pública e em educação,
ou ainda exercer atividades integrativas e complementares associadas ao
Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o profissional farmacêutico especializado em farmácia ma-
gistral (ou de “manipulação”) é muito bem valorizado no mercado de traba-
lho, que vem se tornando cada vez mais complexo, principalmente devido à
inserção de novas tecnologias (processos, fármacos, excipientes, etc.) e às
rígidas legislações que regem e normatizam esse setor (SÃO PAULO, 2016).
Nesse contexto, é importante destacar que a manipulação farmacêutica tem
como principal característica a preparação individualizada de medicamentos
(cápsulas, sachês, xaropes, etc.) e de outros produtos (como cosméticos) com
objetivo de suprir as necessidades específicas de determinados pacientes, que
O papel do farmacêutico na farmácia de manipulação e na indústria 15
Perfil profissional
Atividades clínicas
Farmácia industrial
Até o século XIX, a farmácia magistral era o estabelecimento de referência
para a população quando o assunto em questão era o medicamento. Porém,
a partir dos anos 1930, a indústria farmacêutica começou a ganhar espaço
e transformar o setor da saúde de forma significativa, principalmente por
facilitar a produção de medicamentos em larga escala, com tecnologias
mais complexas e eficientes. Dessa forma, muitos dos medicamentos que
eram preparados em farmácias magistrais (de forma artesanal) foram sendo
substituídos pelos medicamentos industrializados.
Atualmente, segundo o CFF, o farmacêutico pode atuar em mais de 135
especialidades, principalmente devido ao seu perfil multidisciplinar. Além
do amplo conhecimento técnico e científico sobre fármacos e medicamentos,
o farmacêutico possui formação acadêmica em ciências exatas, biológicas
e humanas. Contudo, é na área de fármacos e medicamentos que a maioria
dos farmacêuticos exerce sua profissão, como em farmácias e indústrias
farmacêuticas (BRASIL, 2013b).
O papel do farmacêutico na farmácia de manipulação e na indústria 21
Perfil profissional
Como sabemos, o profissional farmacêutico possui formação generalista,
humanista, crítica e reflexiva, o que lhe capacita para atuar na promoção,
prevenção e recuperação da saúde do indivíduo e de sua comunidade. De fato,
é necessário que o farmacêutico possua tanto habilidades pessoais quanto
técnicas para produzir medicamentos (alopáticos, homeopáticos, cosméticos
e correlatos), seja no setor magistral ou industrial. Inclusive, como veremos a
seguir, além da produção (ou manipulação) de medicamentos, o farmacêutico
pode desempenhar uma série de outras atividades na indústria farmacêutica.
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Pontos / Atividades
(comuns e Farmácia
divergentes) magistral Indústria farmacêutica
Equipamentos e matérias-primas
Nas farmácias de manipulação, o porte dos equipamentos (misturadores,
vidrarias, tanques, encapsuladoras, etc.) e o volume das matérias-primas e
demais insumos são bem menores do que aqueles utilizados pela indústria,
devido basicamente à diferença de escala de produção (SÃO PAULO, 2016;
2018; ALLEN JR., 2016).
Garantida da qualidade
Como já mencionado, em ambos casos existem normas bem definidas e
rigorosas (POPs) para todas as atividades realizadas, principalmente para o
controle da qualidade. A diferença se traduz apenas em relação ao volume
de atividades, devido à escala de produção entre as farmácias e as indústrias
(SÃO PAULO, 2016; 2018; ALLEN JR., 2016).
Farmacovigilância
Essa é uma atividade mais comum na indústria farmacêutica, principalmente
quando envolve a produção e/ou comercialização de um novo medicamento
ou uma nova apresentação (formulação). Nas farmácias de manipulação,
essa prática acontece de forma esporádica, em que o farmacêutico notifica
alguns casos reportados por seus clientes (PAULO, 2016; 2018; ALLEN JR., 2016).
O papel do farmacêutico na farmácia de manipulação e na indústria 27
Pesquisa e desenvolvimento
Estratégias de marketing
Para dar suporte aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, as
indústrias farmacêuticas costumam investir fortemente em campanhas de
divulgação (entre profissionais de saúde, como médicos, odontólogos, etc.)
e em pesquisa de mercado (em busca de novas oportunidades de negócio).
Apenas algumas farmácias magistrais possuem profissionais treinados para
visitação médica e apresentações em eventos específicos da área de saúde
(PAULO, 2016; 2018; ALLEN JR., 2016).
Referências
ALLEN JR., L. V. J. Introdução à farmácia de Remington. Porto Alegre: Artmed, 2016.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 20, de 05 de maio
de 2011. Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas
como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação. Brasília:
ANVISA, 2011. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/
rdc0020_05_05_2011.html. Acesso em: 15 ago. 2020.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 22, de 29 de abril de
2014. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados –
SNGPC, revoga a Resolução de Diretoria Colegiada nº 27, de 30 de março de 2007, e dá
outras providências. Brasília: ANVISA, 2014. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.
br/resultado-de-busca?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_
mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_101_struts_action=%2Fasset_
publisher%2Fview_content&_101_assetEntryId=3234816&_101_type=document. Acesso
em: 15 ago. 2020.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 44/2009. Dispõe
sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da
dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos
em farmácias e drogarias e dá outras providências. Brasília: ANVISA, 2009. Disponí-
vel em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_44_2009_COMP.
pdf/2180ce5f-64bb-4062-a82f-4d9fa343c06e. Acesso em: 15 ago. 2020.
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Leituras recomendadas
ANACLETO, T. A. et al. Farmacovigilância hospitalar: erros de medicação. Pharmacia
Brasileira, jan./fev. 2010. Disponível em: https://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/
pdf/124/encarte_farmaciahospitalar.pdf. Acesso em: 15 ago. 2020.
PARANÁ. Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná. Diretrizes da Indús-
tria Farmacêutica: guia da profissão farmacêutica. 2. ed. Paraná: CRF-PR, 2016. Dis-
ponível em: https://www.crf-pr.org.br/uploads/revista/28744/Jst8HW1HHT8bPAd-
BLai8y4TvwXDs9Z5c.pdf. Acesso em: 15 ago. 2020.