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PÓS-GRADUAÇÃO EM PRÁTICA PENAL AVANÇADA

DISCIPLINA: PENAL: PRÁTICA DIRECIONADA

Professor(es): Flávia Siqueira Costa

Aula 4 - Tema: Direito Penal Médico

NOÇÕES GERAIS

Olá, caríssimo(a) cidadão(ã), aluno(a)! Como está? Esperamos que esteja bem!

Seja bem-vindo(a) à quarta aula do módulo outubro/2020 da pós-graduação em


Prática Penal Avançada.

Esta quarta aula tratará das noções introdutórias do Direito Penal Médico.

Quando concluir esta aula você terá uma noção geral de qual o alcance do Direito
Penal Brasileiro na área médica e estará apto a aprofundar o tema nas demais
aulas que teremos!

Bons estudos!

O direito penal médico abrange a responsabilidade penal do profissional no


exercício da medicina. Para analisar a conduta médica é necessária uma
abordagem multidisciplinar, considerando além da legislação penal vigente, a lex
artis1 e o Código de Ética Médica (CANUTO, 201-, p. 143, Kindle).
Algumas das figuras penais associadas à atividade médica são: homicídio
culposo; induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (não é muito comum –
tem sido imputada a psiquiatras, por exemplo); provocar aborto sem/com
consentimento da gestante; lesão corporal; omissão de socorro; sequestro e
cárcere privado; violar segredo profissional; estupro de vulnerável; atestado
médico falso, entre outros. (DANTAS, 20192).
Nesse sentido, maiores aprofundamentos serão abordados a seguir em aula.


1
Lex artis corresponde ao conjunto de regras técnicas que devem ser seguidas pelo médico no exercício
das suas atividades profissionais. (CANUTO, 201-, p. 114).
2
Conforme vídeo indicado no próximo item.

CURIOSIDADES | DISCUSSÕES ATUAIS| ELEMENTOS PERIFÉRICOS

Vídeo Youtube
Título: IX Congresso de Direito Médico - CICLO DE CONFERÊNCIAS II: A
responsabilidade penal do médico
Canal:CFM – Conselho Federal de Medicina
Data: 25/09/2019
Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=TCQymuMF6gI

Vídeo Youtube
Título: STJ Cidadão #04: Erro Médico
Canal: Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Data: 17/03/2017
Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=km-D1n-xlOM

Indicação de Série
Título: Grey’sAnatomy (17 temporadas – especialmente as
temporadas 11 e 16)
Sinopse:“Em Grey'sAnatomy, os médicos do Grey Sloan Memorial
Hospital lidam diariamente com casos e consequências de vida ou
morte. É um no outro que eles encontram apoio, conforto,
amizade e, às vezes, até mais que amizade... Juntos, eles descobrem o quanto a
vida profissional e a pessoal podem ser complicadas e se misturarem no meio do
caminho.” (ADORO CINEMA).
Disponível: Plataforma Netflix

REFERÊNCIAS

1 - DOUTRINA

ESTEFAM, André; JESUS, Damásio De. Direito Penal 2: parte especial - crimes
contra a pessoa a crimes contra o patrimônio. 36. ed. vol. 2. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020. Kindle.

BRAGA, Isabel de Fátima Alvim et. al. Responsabilização penal do médico no

2

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Einstein (São Paulo), 2018.

CANUTO, André Luiz B. Responsabilidade penal médico: uma abordagem eficiente


sobre a responsabilidade médica a partir de estudos sobre atos lesivos ao paciente
e técnica de compliance penal para evitar demandas. 201-. Kindle.

2 - LEGISLAÇÃO

BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de


Janeiro: Poder Legislativo, 1940.

CFM. Código de Ética Médica. Resolução CFM nº 2.217/19. Brasília, 2019.


Disponível em:
http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index6/?numero=24&edicao=4631#page/1

3 –DECISÕES JUDICIAIS

“(...) 1. No presente caso, verifica-se que o acusado, médico do Hospital Municipal


e Maternidade Professor Mario Degni, como servidor público, falsificou prontuário
médico de paciente em trabalho de parto, rasurando as anotações acerca do
batimento cardíaco de seu feto, ao alterar a anotação original (“+140”) com tinta
branca (“branquinho”) e substituir peça anotação “INAUDÍVEL”. 2. O prontuário
médico, sob responsabilidade de Hospital Municipal, elaborado por sua equipe
médica, formada por profissionais de saúde concursados, é um documento público,
no caso, formalmente público e substancialmente privado. 3 O médico, na condição
de servidor público do Hospital Municipal, ao alterar a notação anterior do
prontuário médico de sua paciente, realizada por outro profissional, no caso,

enfermeira, praticou o crime previsto no art. 297 do CP (Falsificação de Documento Público).


4. Agravo regimental não provido.”
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp1464143 SP 2014/0156727-2, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 18/10/2016.

“Nos crimes sexuais, a palavra da vítima possui especial relevância probatória. A


defesa interpôs recurso contra a sentença que condenou o réu a 9 anos de reclusão
pela prática do crime previsto no art. 217-A, § 1º, do CP, pleiteando a aplicação do
princípio in dubio pro reo. De acordo com o relato da vítima, após ter sido operada,

3

foi encaminhada para a sala de recuperação, onde ficou aos cuidados do réu, que
trabalhava como enfermeiro no hospital. Lá, após lhe dar medicação para dormir,
ele teria colocado a maca na qual ela estava deitada fora do alcance da visão de
quem olhasse pela janela do cômodo, apagado a luz e dela abusado sexualmente.
Como a vítima ainda estava sob os efeitos da anestesia da cirurgia e dopada pela
medicação que o réu lhe aplicara, não teve condições de reagir. Inicialmente, os
Desembargadores consignaram que, nos crimes contra a dignidade sexual, a
palavra da vítima possui grande relevância, na medida em que são geralmente
praticados às escondidas. Também destacaram que os depoimentos das
testemunhas foram harmônicos, ao detalhar a conduta do réu, não existindo
justificativa para a alteração do lugar da maca da paciente tampouco para a
aplicação de medicação sem prescrição médica. Os Julgadores observaram, ainda,
que, em razão do cometimento de conduta similar no mesmo hospital, o acusado já
havia sido condenado em outra ação penal na qual, inclusive, fora realizado exame
de DNA. Assim, a Turma concluiu que há elementos de prova suficientes para
justificar o decreto condenatório e negou provimento ao recurso.
O número deste acórdão não pode ser divulgado em razão de o processo tramitar
em segredo de justiça. Disponível em:
https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/informativos/2017/informativo-
de-jurisprudencia-n-355-1/abuso-sexual-contra-paciente-recem-operada-2013-
estupro-de-vulneravel .

“HOMICÍDIO CULPOSO. ERRO MÉDICO. APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 121, §§ 3° E


4°, DO CÓDIGO PENAL. MÉDICA ABSOLVIDA DA IMPUTAÇÃO. RECURSO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO. PLEITO DE CONDENAÇÃO. DESACOLHIMENTO.
IMPRUDÊNCIA E NEGLIGÊNCIA NÃO DEMONSTRADAS CABALMENTE. BEBÊ
INTERNADA EM UTI NEONATAL, SUBMETIDA A TRATAMENTO DE FOTOTERAPIA
PARA OCTERÍCIA. SEPSE NÃO DIAGNOSTICADA PELA RÉ DURANTE O SEU
PLANTÃO MÉDICO. INEXISTÊNCIA DE PROVA SUFICIENTE PARA EMBASAR
CONDENAÇÃO. ERRO ESCUSÁVEL DE DIAGNÓSTICO. INCERTEZA QUANTO À
CULPA E AO NEXO CAUSAL. PRAVALÊNCIA DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO.
ABSOLVIÇÃO MANTIDA. RECURSO PROVIDO.”
TJ-PR. 1ª Câmara Criminal. APL 1658348 PR 165834-8(Acórdão), Rel.
Desembargador Miguel Kfouri Neto, julgado em 11/05/2017.

AUTOAVALIAÇÃO
Após a leitura do Material Pré-Aula você deve acompanhar as vídeo aulas teóricas
ministradas pelo(s) professor(es) deste tema, de acordo com a programação
indicada no cronograma da disciplina. Para finalizar a aprendizagem desta aula
pratique a atividade autoinstrucional disponível em atividade pós-aula. O
gabarito será visualizado, conforme a programação do cronograma da
disciplina.

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