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PÓS-GRADUAÇÃO EM PRÁTICA PENAL AVANÇADA

DISCIPLINA: PENAL: PRÁTICA DIRECIONADA

Professor(es): Patrícia Vanzolini

Aula 6 - Tema: Direito Penal da Mulher

NOÇÕES GERAIS
Olá, caríssimo(a) cidadão(ã), aluno(a)! Como está? Esperamos que esteja bem!

Seja bem-vindo(a) à sexta aula do módulo Outubro/2020 da pós-graduação em


Prática Penal Avançada.

Esta sexta aula tratará das noções introdutórias do Direito Penal da Mulher.

Quando concluir esta aula você terá uma noção geral de várias perspectivas da
mulher no Direito Penal Brasileiro e estará apto a aprofundar o tema nas demais
aulas que teremos!

Bons estudos!

A proteção da mulher no direito brasileiro decorre de uma longa trajetória de


lutas históricas, com o objetivo de desconstruir padrões de violências e
segregações perpetuadas por uma cultura machista e patriarcal.
No Direito Penal a mulher é vista na esfera de tutela, nos crimes contra a
dignidade sexual, nos crimes derivados de violência doméstica e familiar, que
abrangem violência física (lesão corporal ou feminicídio), sexual ou moral, por
exemplo. Também é necessário considerar as discriminações atinentes às
mulheres em razão de recortes de raça.
Em contrapartida, a mulher no Direito Penal aparece também como violadora das
normas penais existentes em nosso ordenamento jurídico, ingressando no
sistema de justiça e no sistema prisional, ensejando outras questões que a
colocam em novas condições de vulnerabilidade, culminando em direitos voltados
para a maternidade no cárcere e chamando a atenção para a objetificação do
corpo da mulher e inferiorização do seu gênero, seja na tipificação de crimes
como o aborto ou em como é tratada pelo Sistema de Justiça.

CURIOSIDADES | DISCUSSÕES ATUAIS | ELEMENTOS PERIFÉRICOS

Podcast Praia dos Ossos


Sobre: No dia 30 de dezembro de 1976, Ângela Diniz foi assassinada com quatro
tiros numa casa na Praia dos Ossos, em Búzios, por seu então namorado Doca
Street, réu confesso. Mas, nos três anos que se passaram entre o crime o
julgamento, algo estranho aconteceu. Doca tornou-se a vítima. (RÁDIO
NOVELO).
N° Episódios: 8
Disponível: plataforma Spotify

Indicação de Série
Título: Unbelievable (1 Temporada – 8 episódios)
Sinopse: “Uma jovem menina de 18 anos (Kaitlyn Dever) que
contou à polícia ter sido estuprada dentro de seu próprio
apartamento, e depois voltou atrás em sua versão. O caso só pôde
avançar, de fato, quando duas detetives do sexo feminino (Toni
Collette e Merritt Wever) assumiram a liderança e compreenderam melhor o
contexto da ocasião.” (ADORO CINEMA).
Disponível: Plataforma Netflix

Reportagem do Jornal O Globo


Título: A solidão das mulheres na cadeia | VIOLÊNCIA ENCARCERADA (4°
Episódio)
Data: 25/09/2019
Sinopse: “A separação dos filhos é a mais dolorosa pena que enfrentam 80%
das 43.562 mulheres presas em todo o país. Elas são mães e correm o risco,
caso não tenham com quem deixar seus filhos, de serem condenadas também à
perda definitiva da guarda. Trata-se de uma realidade cada vez mais recorrente
no Brasil. O encarceramento feminino cresceu em escala geométrica nas últimas
duas décadas. Em 2000, menos de seis mil mulheres se encontravam no cárcere.
Em apenas 16 anos, este número subiu 656%, enquanto que, no caso dos
homens, o crescimento foi de 293%.” (O GLOBO).
Disponível no Link: https://www.youtube.com/watch?v=IvFjMTzHjgM

REFERÊNCIAS

1 - DOUTRINA

ANDRADE, Bruna Soares Angotti Batista de. Entre as Leis da Ciência, do Estado e
de Deus: O surgimento dos presídios femininos no Brasil. 2011. 316 f.
Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-11062012-
145419/publico/2011_BrunaSoaresAngottiBatistaDeAndrade_VOrig.pdf .

SEVERI, Fabiana Cristina. O gênero da justiça e a problemática da efetivação dos


direitos humanos das mulheres. Revista Direito & Práxis, Rio de Janeiro, v. 07, n.
13, p. 81-115, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.12957/dep.2016.16716 .

VENTURI, Gustavo; GODINHO, Tatau (Org.). Mulheres brasileiras e gênero nos


espaços público e privado. São Paulo: Fundação Perseu Abramo : Edições Sesc
SP, 2013.

2 - LEGISLAÇÃO

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado, 1988.

______. Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário


Oficial da União, Poder Legislativo, Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1940.

______. Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006. “Lei Maria da Penha”. Diário


Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 08 de agosto de 2006.

OEA. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência


contra
a Mulher – “Convenção de Belém do Pará”. Belém do Pará, 9 jun. 1994.
Ratificada pelo Brasil na mesma data. Disponível em:
http://www.cidh.org/Basicos/Portugues/m.Belem.do.Para.htm

3 – DECISÕES JUDICIAIS

“(...) 3. O art. 318-A ao Código de Processo Penal dispõe que a prisão preventiva
imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou
pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: I) não
tenha cometido crime com violência ou grave ameaça à pessoa e II) não tenha
cometido o crime contra seu filho ou dependente.
4. A despeito da previsão contida nos incisos I e II do art. 318-A, do Código de
Processo Penal, nada obsta que o julgador eleja, no caso analisado, outras
excepcionalidades que justifiquem o indeferimento da prisão domiciliar, desde
que fundadas em dados concretos que indiquem a necessidade de acautelamento
da ordem pública com a medida extrema para o melhor cumprimento da
teleologia da norma - a integral proteção do menor. (...)”
STJ. 6ª Turma. HC 605.576/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, julgado em 27/10/202.

“(...) 3. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido ‘da


impossibilidade de desclassificação da figura do estupro de vulnerável para o
crime de importunação sexual, tipificado no art. 215-A do Código Penal, uma vez
que referido tipo penal é praticado sem violência ou grave ameaça, e, ao
contrário, o tipo penal imputado ao paciente (art. 217-A do Código Penal) inclui a
presunção absoluta de violência ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14
anos de idade’ (HC n. 561.399/SP, relator Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 23/6/2020, DJe de 30/6/2020). (...).”
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 611.692/SP, Rel. Min. Antônio Saldanha Pinheiro,
julgado em 20/10/2020.

“(...) 3. No caso em exame, a inconstitucionalidade da criminalização do


abortamento, delito previsto no art. 124 do Código Penal, como bem ressaltou o
Ministério Público Federal, em seu parecer, ‘está em trâmite no Supremo Tribunal
Federal, aguardando apreciação daquela Corte Constitucional, a ADPF nº 442,
ajuizada 'em face da alegada controvérsia constitucional relevante acerca da
recepção dos artigos 124 e 126 do Decreto-lei nº 2.848/1940 (Código Penal),
que instituem a criminalização da interrupção voluntária da gravidez (aborto),
pela ordem normativa constitucional vigente'; e na qual 'A parte autora defende
não recepcionados parcialmente os dispositivos legais impugnados pela
Constituição da República. Aponta, como preceitos fundamentais afrontados, os

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da dignidade da pessoa humana, da cidadania, da não discriminação, da
inviolabilidade da vida, da liberdade, da igualdade, da proibição de tortura ou
tratamento desumano ou degradante, da saúde e do planejamento familiar de
mulheres, adolescentes e meninas (...).’ (ADPF nº 442, Despacho de
24/11/2017, in DJE nº 274, divulgado em 29/11/2017)'.’ (...)
7. Na hipótese, a princípio, a conduta do médico em informar à autoridade
policial acerca da prática de fato, que até o presente momento configura crime
capitulado nos delitos contra a vida, não violou o sigilo profissional, pois
amparado em causa excepcional de justa causa, motivo pela qual não se
vislumbra, de pronto, ilicitude das provas presentes nos autos, como sustenta a
defesa. (...)”.
STJ. 5ª Turma. HC 514.617/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
10/09/2019.

AUTOAVALIAÇÃO
Após a leitura do Material Pré-Aula você deve acompanhar as vídeo aulas teóricas
ministradas pelo(s) professor(es) deste tema, de acordo com a programação
indicada no cronograma da disciplina. Para finalizar a aprendizagem desta aula
pratique a atividade autoinstrucional disponível em atividade pós-aula. O
gabarito será visualizado, conforme a programação do cronograma da
disciplina.

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