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~ -- -
I 1200102312
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~.
Banca Examinadora:
Aos meus filhos João Victor e Luís Filipe, que este trabalho lhes seja um
exemplo de objetivo a perseguir;
Agradecimentos
Ao Prof. Wladimir Antônio Puggina, pela dedicação com que orientou-me neste
trabalho, depositando sua confiança na minha capacidade de conclusão.
-
(")
C\J Orientador: Prof. Dr. Wladimir Antônio Puggina
1200102312
SÃO PAULO
2001
Retorno sobre Investimentos Corporativos e Decisões de Financiamento
SUMÁRIO
RESUMO .., 4
1. INTRODUÇÃO 7
1.2 JUS T I F I C A TI V A 9
2. REVISÃO TEÓRICA 15
3. REVISÃO DA LITERATURA ; 29
4. METODOLOGIA 48
5. REALIZAÇÃO DA PESQUISA 67
6. CONCLUSÃO 107
7. BIBLIOGRAFIA 116
RESUMO
As empresas realizam investimentos visando criar valor aos acionistas. Para realizar tais
investimentos são necessários recursos financeiros, cujas fontes podem ser: internas à
empresa (lucros retidos), endividamento ou capital próprio. A teoria de Estrutura de Capital
consiste em dois grandes grupos, o primeiro deles, sob a premissa de Mercado Perfeito,
defende a hipótese de irrelevância da estrutura de capital e das decisões de investimento
serem realizadas independentemente das decisões de financiamento. O segundo grupo
defende a hipótese da relevância da estrutura de capital sob contexto de imperfeições de
mercado, onde as decisões de financiamento passam a fazer parte do processo de criação de
valor da empresa. Este trabalho avalia de forma agregada, a dinâmica dos financiamentos,
investimentos e retomo corporativo das empresas de capital aberto do setor não financeiro, -f--
situadas no Brasil - mercado caracterizado por imperfeições de mercado com restrição ao
acesso a fontes de recursos externas às empresas, grande instabilidade econômica e mercado
de capitais pouco desenvolvido.
Este estudo empírico estima uma taxa de retomo dos investimentos corporativos e verifica a
criação de valor aos acionistas para o período de 1988 a 1999. Além disso, avalia as fontes de
recursos utilizadas pelas empresas, verificando a influência das mudanças ocorridas no cenário
brasileiro referente ao maior acesso das empresas ao mercado internacional de capitais e· à
estabilização inflacionária.
Dadas as imperfeições de mercado, foi testado o modelo "pecking order" contra o "tradeoff',
utilizando método econométrico já realizado no mercado americano, de modo a obter melhor
entendimento sobre as decisões de busca de recursos por parte das empresas do setor não
financeiro, no Brasil.
Dentre os resultados obtidos, cinco merecem destaque. Em primeiro lugar, verificamos que a
estimativa de retomo de investimentos corporativos é de 14,99%, que também pode ser
interpretada como uma estimativa de custo de capital, ou ainda como a taxa requerida pelos
acionistas. Comparando essa taxa com a taxa de retomo entregue pelo setor empresarial
(12,56%), não obtivemos a validação da hipótese de que as empresas criaram valor aos seus
acionistas. Em segundo lugar, observamos que as empresas geram recursos suficientes para
realização de seus investimentos. Em terceiro, constatamos que as empresas definem níveis
de endividamento ótimo, com base no valor contábil e não no valor de mercado. Em quarto
lugar, verificamos que as empresas apresentam aumento nos níveis de endividamento a partir
de 1991, quando passam a ter maior acesso ao mercado internacional de capitais; e um
aumento ainda maior a partir de 1995 com a estabilização inflacionária. Como quinto resultado,
também de grande importância, observamos fortes evidências a favor do modelo "peckíng
order", o qual explica como as empresas priorizam as fontes de recursos para realização de
seus investimentos.
l.lJVTRODUÇÃO
1.1 O B J E TI VO S
São três os objetivos deste trabalho. Primeiro, avaliar empiricamente a taxa de retomo das
empresas de capital aberto do setor não financeiro, no Brasil, a nível agregado. A taxa intema
de retomo é calculada considerando um grande projeto, cujo investimento inicial é a compra de
todas as empresas da amostra no ano inicial do estudo, e recebimento do principal no último
ano do estudo da venda de tOdas as empresas da amostra.
Tal análise nos oferece um indicador a respeito do mOdelo de decisão de financiamento, o que
permite estabelecer como terceiro objetivo do trabalho, uma investigação específica e profunda
do mOdelo de decisão de estrutura de capital utilizado pelas empresas aqui analisadas. É
importante ressaltar que este terceiro objetivo consiste na avaliação do modelo de estrutura de
capital utilizando pela primeira vez, no Brasil, a variável pagamento de divid~ndos como
variável end6gena, além da variável alavancagem, tradicionalmente utilizada, para testar o
pOder de explicação do "pecking order" contra o "tradeoff' na busca de recursos pelas
empresas.
1.2 JUS T I F I C A T I V A
As decisões de financiamento apresentam-se como uma questão muito longe de ser resolvida
em finanças. A teoria de estrutura de capital, assim, como grande parte da teoria de finanças
baseia-se na premissa de que os mercados são perfeitos. Entretanto, dificilmente encontram-se
características de mercados perfeitos, principalmente no Brasil, caracterizado por um mercado
de capitais ainda muito pequeno, com restrições ao acesso a financiamentos de longo prazo,
elevadas taxas de inflação (até 1994) e instabilidade econômica. Empresas inseridas em um
ambiente cujas características diferem de mercado perfeito, não devem tomar decisões
baseadas na teoria desenvolvida sob premissa de mercado perfeito, pois nesse caso podem
estar subtraindo valor dos acionistas. Pesquisas empíricas, tanto no exterior, quanto no Brasil,
demonstram a influência das decisões de financiamento no processo de criação de valor para
os acionistas.
São duas grandes motivações que nos levaram a definir os objetivos aqui propostos: a primeira
refere-se à controvérsia teórica a respeito da relevância da estrutura de capital na criação de
valor ao acionista; e a segunda refere-se a um ambiente econômico propício para realização de
comparação entre período inflacionário e período de estabilização monetária no que se refere a
níveis de endividamento, investimentos, fontes de recursos utilizadas e modelo de estrutura de
capital. A comparação dos fenômenos descritos entre dois períodos economicamente distintos
é realizada pela primeira vez no Brasil.
Essa taxa de retomo do setor corporativo também é um parâmetro para tomada de decisão de
entrada no mercado de capitais brasileiro por parte de investidores, estrangeiros ou não, que
ainda não participam desse mercado. Se o capital dos investidores for adequadamente
remunerado de forma a compensá-los pelo risco que estão assumindo, eles investirão no país;
caso contrário, buscarão oportunidades em outros países. Quanto maior a entrada de novos
investidores no mercado de capitais, mais esse mercado irá se desenvolver, favorecendo as
empresas devido ao aumento da disponibilidade de fontes de recursos no mercado doméstico.
É ainda uma estimativa de custo de capital agregada, que não pode ser utilizada para tomada
de decisão por parte de empresas individuais, desde que seja apropriadamente ajustada ao
risco particular de cada empresa, e assim, utilizada na decisão de realização de projetos de
investimentos. Se o retomo dos investimentos for inferior ao seu custo de capital, as empresas
não estarão gerando retomo compatível com o que os investidores exigem delas, dificultando o
acesso ao mercado de capitais.
Esses estudos citados anteriormente evidenciam movimento de queda nos lucros das
empresas do setor não financeiro da década de 70. Poterba, Feldstein e Dicks-Mireaux (1983)
chegam a explicar parte da queda da lucratividade das empresas através de fatores
específicos, como taxa de produtividade, inflação e regras contábeis. Entretanto, não
conseguem explicar 1% a 1,5% de queda com relação à década anterior.
Nordhaus (1974) capta queda na lucratividade a partir do período pós-guerra até 1973 e
justifica tal queda como sendo um provável ajuste ao risco. Segundo o autor, o custo de capital
diminuiu devido a uma queda da tributação do setor corporativo e também a uma queda na
taxa requerida pelos investidores no mercado acionário, fruto da dissipação do medo de outra
Depressão Econômica ("Great Depression"). O autor cita importantes conseqüências
econômicas a partir da constatação da queda da lucratividade, sendo a primeira delas a
influência nas políticas monetárias e tributárias de modo a alterar o movimento de queda na
lucratividade e incentivar o crescimento. Outra influência é na distribuição de renda, uma vez
que a queda no custo de capital provoca um movimento na mesma direção na desigualdade de
renda.
A pesquisa empírica de Donaldson (1990), entre outras, constata o movimento de queda dos
lucros no final dos anos 60 até anos 70, período, portanto, marcado por uma renúncia aos
objetivos econômicos ("purely economic"). Os anos 80 foram marcados por um movimento de
fusão e aquisição de empresas, que surgiu como uma resposta do mercado a uma
administração que não esteve focada na maximização do valor da empresa, mas sim na busca
pela diversificação de mercados e produtos e política de financiamento conservadora (alta
liquidez). O mercado impõe, então: uma atuação mais profissional, mais focada de acordo com
seu "core businness"; manutenção de menor liquidez e pulverização das ações, acabando com
a dominação de um único investidor que detém maior participação acionária. O mercado de
capitais passa a ser o disciplinador de uma administração mais eficiente da empresa, na busca
da maximização de valor.
Medir alavancagem das empresas é fator de atenção por parte de pesquisadores no mercado
americano, como Bemanke e Campbell, de forma a prever o endividamento excessivo, prevenir
a deterioração da qualidade do crédito e, assim, evitar perigo de crise sistêmica.
No Brasil, pesquisas sobre estrutura de capital (Nakamura, Martelanc)' indicam que o grau de
endividamento durante o período inflacionário é menor do que se não houvesse inflação.
Entretanto, saber o que acontece com a alavancagem financeira após a estabilização
inflacionária é importante para que possamos constatar a teoria de que as empresas devem
estar mais alavancadas.
Além de constatar tal teoria, comparar os índices de endividamento das empresas brasileiras
com as empresas americanas é informação relevante para avaliar qualidade de crédito tanto
As decisões sobre estrutura de capital são objeto de várias pesquisas, tanto nos Estados
Unidos quanto no Brasil, buscando respostas ao grande questionamento da existência ou não
de uma estrutura ótima de capital que maximizaria o valor da empresa, e avaliando o impacto
de custos (tributação, corretagem) e outras imperfeições de mercado na tomada de decisão
sobre estrutura de capital. Na verificação de que a estrutura de financiamento influencia o valor
da empresa, esta passa a tomar decisões de investimentos em conjunto com suas decisões de
financiamento. Estrutura de capital passa a ser mais um fator de criação de valor aos
acionistas.
teoria moderna de estrutura de capital onde o endividamento apresenta vantagens pelo fator
tributação e desvantagens a partir de determinado grau de endividamento devido ao aumento
do custo de falência. Uma quarta posição seria a de selecionar por ordem de prioridade os
recursos mais baratos e em seguida os mais caros. Essa postura está baseada na teoria
moderna de estrutura de capital, cuja premissa é a presença de assimetria de informações.
A partir das considerações anteriores, é possível sumarizar os aspectos que tomam o trabalho
relevante tanto em termos acadêmicos, como na prática da administração financeira das
empresas e no estabelecimento de políticas macroeconômicas. Avaliar o retomo das
empresas, a dinâmica de investimentos e endividamento, o modelo de estrutura de capital, e a
possível criação de valor aos acionistas é importante pelos seguintes aspectos:
2. REVISÃO TEÓRICA
Neste capítulo há uma breve revisão da teoria de estrutura decapitai e conceitos que estarão
sendo utilizados nos capítulos subseqüentes. Não se tem como objetivo aprofundar-se na parte
teórica, pois esta já foi profundamente descrita em outros trabalhos, como por exemplo, Koshio
(1982); Couto (1995); Martelanc (1998) e Tedeschi (1999).
Este capítulo é composto por três partes. A primeira consiste na descrição de alguns conceitos
básicos; a segunda parte refere-se à revisão da teoria dássica de estrutura de capital e a
terceira refere-se à teoria moderna de estrutura de capital. Nesta última parte, o enfoque se
dará nas definições dos modelos "pecking otder; baseado na imperfeição de mercado
assimetria de informações e fttradeoff", baseado nas imperfeições de mercado vantagens de
natureza fiscal e custos de fa/éncía.
Esta última parte do capítulo relaciona-se com o terceiro objetivo do trabalho: testar, entre os
dois modelos ftpecldng arder" e fttradeoff", o que melhor explica a decísão de busca de recursos
pelas empresas. Esses modelos são objetos de pesquisas até os dias de hoje tanto no Brasil,
quanto no exterior.
~1ALGUMASDERMÇÓESBÁ&CAS
2.1.1 Taxa Interna de Retomo (IRR-"internal rate of return")
A IRR é a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas de caixa ao investimento
inicial de um projeto de investimento.
Segundo Gitman2, custo de capital pode ser definido como a taxa de retomo que a empresa
precisa obter sobre os seus projetos de investimentos para manter o valor de mercado de suas
ações. Também pode ser considerado como a taxa de retomo exigida pelos fornecedores de
capital do mercado para atrair seus fundos para a empresa. Se o risco for mantido constante, a
implementação dos projetos, com uma taxa de retomo acima do custo de capital, aumentará o
valor da empresa; e, com a taxa de retomo abaixo do custo do capital, diminuirá seu valor.
Custo de Capital é a taxa de retorno que deve ser ganha pelos investimentos, de tal forma a
manter o valor da empresa inalterado.
É a taxa de retomo requerida pelos acionistas para que o valor de seus investimentos
permaneça inalterado.
2 Gibnan, p.382
É a taxa de retomo requerida pelos credores de tal forma que o valor de seus investimentos
permaneça inalterado.
É custo ponderado de cada tipo específico de capital por sua proporção na estrutura decapitai
da empresa.
2.1.8 "Mal1<etLeverage"
Retomo do capital
próprio
~ ----~~--------------fRetomodocapHm
deterceiros
Os retornos exigidos pelos acionistas crescem com a alavancagem. A partir de um certo ponto,
os credores demandam um retomo maior, transferindo a estes parte do risco dos acionistas,
resultando em uma queda da taxa de crescimento do retomo requerido pelos acionistas.
LlTlamSanehez Garrete
- FGV EAESP - 2001 18
Retomo sobre Investimentos Corporativos e Decisões de Financiamento
(iii)grande quantidade de investidores de forma que não haja influência de atuação isolada de
um deles;
(v)não há restrições de entrada e saída dos mercados: ativos podem ser comprados e vendidos
em qualquer momento. em qualquer quantidade e sem custo;
Retomo do capital
de terceiros
A/avancagem
Duas abordagens são contrárias à abordagem tradicional: a do lucro líquido (ll) e a do lucro
operacional líquido (lOl). A II defende a hipótese de que o custo médio ponderado de capital
decresce à medida que aumenta a alavancagem, devido à utilização de recursos "mais
baratos", ficando inalterados os custos de capital próprio e de terceiros, fazendo com que o
valor total da empresa cresça à medida que aumenta a utilização de dívidas. Por outro lado,
pela abordagem lOl, o custo de capital próprio cresce e o custo médio ponderado de capital
permanece inalterado, fazendo com que o valor total da empresa também não varie,
independentemente da utilização de endividamento na estrutura de capital da empresa. Estas
duas abordagens, entretanto, ignoram o princípio básico de que o retomo está associado ao
risco.
A partir daí, novas teorias surgem, analisando o mercado real, com suas ineficiências. A seguir,
apresenta-se a revisão da teoria moderna de estrutura de capital.
d) Assimetria de informações
A partir dos fatores acima descritos, pode-se constatar que a teoria moderna defende a posição
de que a estrutura de capital é relevante para as empresas e cada uma deve decidir sobre a
estrutura de capital de acordo com suas características de tal modo que maximize a riqueza de
seus acionistas. As características ou determinantes da estrutura de capital podem ser
definidos conforme Titman e Wessels (1988):
Quanto maior o valor dos ativos, maior será o endividamento da empresa, pelo fato de que
a empresa poderá fornecer ativos como garantia aos empréstimos, buscando minimizar os
"agency costs". Esse determinante é definido com base no fator "agency costs", pois
quanto maior a empresa, maior o incentivo dos investidores de não investir buscando
otimização de modo a transferir riqueza dos credores para os acionistas.
2) Crédito Tributário
3) Crescimento
4) Exclusividade
5) Classificação Industrial
6) Tamanho
Conforme citado por Titman e Wessels (1988), vários autores defendem a hipótese de que
quanto maior a empresa, maior a alavancagem, pois empresas maiores tendem a ser mais
diversificadas e possuem menores custos de falência.
7) Volatilidade
8) Rentabilidade
Além desses determinantes, Harris e Raviv (1991) analisam mais de 150 pesquisas empíricas
realizadas sobre as diversas variáveis e suas influências sobre a estrutura de capital. O
trabalho desses autores é referência bibliográfica obrigatória sobre o tema. Eles incluem, além
dos determinantes aqui descritos, outras variáveis como também determinantes da estrutura de
capital: elasticidade de demanda dos produtos, sindicalização dos empregados,
regulamentação, propriedade de ações pelos administradores, entre outras.
Assim como a teoria de estrutura de capital, Modigliani e Miller (1961) também defendem a
irrelevância dos dividendos em um mercado de capitais perfeito. Entretanto, em ambientes com
informações assimétricas, tributação e Uagentcosts", a política de dividendos também passa a
ser relevante. As influências desses fatores podem ser descritas conforme Barclays, Smith e
Watts (1999):
a) Tributação
b) Assimetria de Informações
b) "Agency Costs"
Pesquisa empírica realizada por Barclay, Smith e Watts (1999) confirma a relação negativa
entre rentabilidade e dividendos; e a relação positiva entre pagamento de dividendos e
expectativas de crescimento. Entretanto, o fator tributação não apresenta impacto nos
dividendos. Além desses fatores, os autores testaram a relação tamanho da empresa e
pagamento de dividendos, obtendo confirmação da relação positiva entre essas duas variáveis.
A teoria moderna de estrutura de capital aborda dois modelos de eStrutura de capital que se
contradizem. Muitas pesquisas empíricas foram e são realizadas tanto no exterior quanto no
Brasil para avaliar qual modelo explica melhor o grau de endividamento das empresas. São
modelos definidos a partir dos fatores de imperfeição do mercado: "tradeoff" e ·pecking order".
A hipótese "pecking order", que surge a partir do artigo de Myers (1984), baseia-se na premissa
de presença de assimetria de informação. Para evitar distorções no preço da ação, as
empresas preferem utilizar recursos gerados internamente para financiar seus investimentos. E
como estes poderão ser maiores do que os recursos internos existentes, haverá a necessidade
de restringir o pagamento de dividendos a padrões mínimos e de buscar fundos externamente.
Isto será feito, primeiramente, através de emissão de dívidas; em seguida, dívidas
conversíveis; e, em último lugar, emissão de ações - sempre priorizando títulos de menos risco
aos títulos de mais risco. A estrutura de capital da empresa variará de acordo com as
necessidades de investimento e rentabilidade, não havendo um indicador que revele a
existência de uma estrutura ótima.
Pelo modelo "pecking order", segundo Fama e French (2000), é possível realizar previsões a
respeito do pagamento de dividendos e nível de alavancagem:
a) Dividendos
Myers (1984) entende que o modelo "pecking order" não explica a decisão de pagamento de
dividendos. Entretanto, quando as empresas pagam dividendos, tal decisão é afetada pelo
modelo "pecking order". Por ser caro às empresas emitir títulos, pagamento de dividendos é
menos atrativo para empresas menos rentáveis com grandes oportunidades de investimentos e
são altamente alavancadas. Portanto, controlando outros efeitos, empresas mais rentáveis
pagam mais dividendos, e empresas mais alavancadas com maiores oportunidades de
investimentos pagam menos dividendos.
b) Alavancagem
Sob a ótica de um modelo mais complexo, também descrito por Myers (1984), as empresas,
além dos custos de financiamento atuais, estão preocupadas com o futuro procurando manter
baixo nível de endividamento para manter sua capacidade de alavancar para realização de
investimentos futuros. Portanto, controlando demais variáveis, empresas com maiores
perspectivas de investimentos são menos alavancadas.
Tanto sob a "pecking order" simples, como a complexa, empresas com entradas positivas de
caixa não possuem incentivo algum para aumentar sua alavancagem; investimentos previstos
são financiados com lucros retidos e endividamento de baixo risco.
c) Volatilidade
A fim de diminuir a necessidade de emissão de títulos de maior risco ou ter que adiar
investimentos quando ocorre menor entrada de caixa, as empresas com maior volatilidade de
entrada de caixa são incentivadas a pagar menos dividendos e apresentar menor
endividamento.
Pela hipótese "tradeoff', a empresa deve definir grau de endividamento com base em uma
alavancagem "targer, ponto em que o benefício marginal do endividamento é máximo.
Conforme representado pelo gráfico abaixo, esse é o ponto do topo da curva do benefício
marginal do endividamento.
Target Endividamento
a) Custos de falência
Os custos aumentam quando ocorre queda de rentabilidade, fazendo com que empresas
menos rentáveis apresentem alavancagem "targar menor. Esses custos são maiores quanto
maior a volatilidade dos retornos, direcionando, portanto, empresas menos diversificadas a
estabelecer níveis de alavancagem menores.
b) Tributação
Como explicado anteriormente, o fator tributação pode não ter efeito dependendo da situação
fiscal da empresa. DeAngelo e Masulis (1980) desenvolveram um modelo que permitiu que o
benefício da dedutibilidade de despesa de juros variasse conforme a alavancagem. Nesse
modelo, o nível ótimo de alavancagem depende dos créditos tributários da empresa como
investimentos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e depreciação. Quanto maior o crédito
tributário da empresa, menor a tributação esperada da empresa e, portanto, menor O· prêmio
c) Agency problems
Quadro 1: Influência dos modelos "pecking order" e "tradeofl" no pagamento de dividendos e alavancagem
I
Variável Endógena Variável Pecking Order PeckingOrder Tradeoff
I Exógena Simples Complexa
1
Dividendos Rentabilidade
+ +
Dividendos Alavancagem
Dividendos Oportunidade
de
Investimentos
Dividendos Volatilidade
Alavancagem Rentabilidade
+
Alavancagem Oportunidade
+
de
Investimentos
Alavancagem Volatilidade
Alavancagem Crédito
Tributário
3. REVISÃO DA UTERATURA
o capítulo está dividido em três partes. A primeira parte refere-se à descrição do método
econométrico regressão linear múltipla, o qual é utilizado por grande parte das pesquisas
emplricas e também utilizado neste trabalho.
autores verificam significado estatístico dos testes e realizam análise dos resultados
econométricos.
A segunda pesquisa analisada, de Fama e French (1999) - "The Corporate Cost o, Capital
and the Retum on Corporate Investmenf', consiste no cálculo do custo de capital e retornos
corporativos. A metodologia utilizada por esses autores é utilizada e adaptada neste trabalho
para avaliação do retomo corporativo, considerando as empresas no Brasil. Além do cálculo do
custo de capital e retorno corporativo, realizam análise da dinámica do investimento agregado,
fontes de recursos utilizadas e nfveis históricos de estrutura de capital.
A terceira pesquisa analisada é a de Fama e French (2000) - ItTesting Tradeoff and Pecking
Order ptedictions about dividends and debr em que os autores verificam qual dos dois
modelos apresenta evidências mais fortes. Utilizam, pela primeira vez, a variável dividendos,
além da variável alavancagem, normalmente utilizada como variável dependente. Esses
autores procuram verificar se as decisões de pagamento de dividendos baseiam-se na teoria
moderna de estrutura de capital. Para viabilizar a realização do presente trabalho, no Brasil,
utilizando base de dados disponlvel, a metodologia utilizada na pesquisa dos referidos autores
é aqui aplicada com algumas adaptações.
A terceira parte do capítulo descreve cinco pesquisas realizadas no Brasil na década de 90.
São pesquisas que procuram identificar os determinantes da estrutura de capital e/ou procuram
testar as duas hipóteses de estrutura de capital. As pesquisas de Nakamura (1992) e Tedeschi
Diferentemente das outras pesquisas, Martelanc (1998) utiliza metodologia de Simulação para
propor o melhor modelo de estrutura de capital, dado o cenário de restrição de acesso a
recursos externos à empresa.
estocástico.
O componente estocástico deve ser incluído na regressão devido a três razões básicas:
parâmetros.
Existem três problemas que podem surgir a partir dos dados coletados e cálculo da regressão
que podem gerar respostas imprecisas ao problema estudado:
É importante a detecção de existência de algum dos problemas descritos para que não se
chegue a conclusões imprecisas. Mesmo que não seja possível eliminar o problema, esse
aspecto deverá ser levado em consideração na conclusão dos resultados aqui obtidos.
o trabalho de Sunder e Myers (1998) possui dois objetivos. O primeiro, metodológico, consiste
em checar o poder estatístico dos testes realizados tanto para "pecking arder" quanto para
"tradeoff'. O segundo objetivo é testar qual das hipóteses é melhor explicada para descrever o
modelo decisório sobre estrutura de capital nas empresas. Os testes realizados possuem o
poder de rejeitar a "pecking order" contra a "tradeoff'.
A metodologia utilizada é a regressão linear múltipla - "time séries", o que difere das demais
pesquisas realizadas que utilizam "cross-section". Definem-se equações independentes para
testar cada um dos modelos separadamente. A equação de teste da "pecking arder" baseia-se
na variável exógena déficit de caixa, enquanto que o modelo "tradeoff' é testado com base na
variável nível ótimo de endividamento.
Quadro 2: Resumo das evidências empfricas a favor dos modelos "pecking order" e "tradeofl"
IEvidências a favor da '7radeotr' Evidências a favor da "Peclring Order',' 'I
Schwarts e Aronson (1967): efeito da indústria Myers (1984): efeito negativo na avaliação de
na estrutura de capital. novas emissões de ações ou redução de
leverage
Long e Malitz (1985): gastos com P&D Masulis (1980): não há evidências a favor da
negativamente relacionados com grau de "tradeoff'
endividamento
Smith e Watts (1992): oportunidade de Kester (1986), Titman e Wessels (1988) e Rajan
investimentos e crescimento negativamente e Zingales (1995) encontraram forte relação
relacionados com grau de endividamento negativa entre rentabilidade passada e grau de
endividamento. A "tradeoff' prevê relação
positiva entre esse fator e alavancagem
financeira.
Mackie-Mason (1990): menor probabilidade de Myers (1984) e Myers e Majluf (1984):
empresas com prejuízo (tax loss) assumirem evidências que sustentam a "pecking order"
dívidas
Bradley et at (1984): revisão teórica e empírica
predominando a "tradeoff'
Titman e Wessels (1988): evidências mistas
tanto para "tradeoff' e apecking order"
Os testes demonstram que quando a teoria "tradeoff' e a "pecking arder" são testadas
independentemente, ambas possuem poder de explicação para a variação do nível de
endividamento. Entretanto, o grau de explicação da "pecking order" é muito maior do que o
grau de explicação da "tradeoff".
.:. O modelo "tradeoft", quando testado separadamente, também tem seu poder de
explicação;
.:. Quando testados em conjunto, a "pecking order" apresenta melhor grau de explicação;
.:. A boa performance da "pecking order" não se dá somente devido aos ajustes de caixa
inesperados com dívidas de curto prazo. Os resultados sugerem que as empresas
planejam, antecipadamente, financiar os déficits de caixa com endividamento;
.:. A simulação mostrou que o "tradeoft" não é rejeitado nesse teste, mesmo quando for
falso seu poder de explicação.
O objetivo da pesquisa de Fama e French (1999) foi estimar a taxa de retomo gerada pelas
empresas do setor não financeiro pelo valor inicial de seus títulos e custo de seus
investimentos. A conclusão é que o retomo gerado pelas empresas é maior que o custo de
capital. A estimativa do custo de capital real (retomo exigido pelos acionistas) foi de 5,95%
(denominado como "IRR on value") para o período de 1950 a 1996. E a estimativa de retomo
da empresa foi de 7,38% (denominado como "IRR on cost"), mostrando, portanto, que o
investimento corporativo parece ser lucrativo.
Outro objetivo· desse estudo foi analisar o histórico de ganhos, investimentos e decisões de
financiamento, o que demonstrou ser tão ou até mais interessante do que o primeiro objetivo
proposto.
A metodologia utilizada pelos autores foi o tratamento de todo setor corporativo não financeiro
como um projeto de investimento, e calculando a taxa interna de retomo como sendo aquela
que iguala o valor inicial de mercado das empresas (no primeiro ano de estudo) com o valor
terminal das empresas (no último ano de estudo) + entrada de recursos durante o período da
pesquisa.
A amostra é composta pelas empresas não financeiras de capital aberto. O período do estudo
estende-se de 1950 a 1996, utilizando a base de dados Compustat.
De acordo com Fama e French (1999), antes de 1972, as empresas possuíam maior
participação de ações ordinárias na sua estrutura de capital. As empresas passaram a utilizar
maior proporção de endividamento de longo prazo passando de uma média de 9,46% em 1951
para 25% após 1971. No pós-guerra, as empresas diminuíram muito a alavancagem financeira.
Após 1970, as proporções ficaram mais estáveis por volta de 65% de ações ordinárias e 25%
de endividamento de longo prazo. Esse resultado sugere que as empresas, pelo menos a nível
agregado, mantêm constante o nível de endividamento.
A maioria das empresas que deixa a amostra o faz ou por dificuldades financeiras ou por ser
adquirida através de fusões. A estrutura de capital das empresas que deixaram a amostra é
similar à daquelas que continuam na amostra.
As empresas que entram na amostra possuem maior proporção de ações ordinárias como
fonte de financiamento, 74,35%. À medida que a empresa toma-se mais antiga ("mature"), a
proporção de ações ordinárias cai, aumentando endividamento de longo e curto prazo. Esse
aumento é consistente com o argumento de que endividamento é uma forma mais eficiente de
financiamento para empresas há mais tempo estabelecidas ("mature") (Myers 1977).
As saídas de caixa, na média, foram de 19,11 % do valor contábil e entradas de caixa foram de
15,11 %. Portanto, a entrada líquida média de recursos externos à empresa é 4% do valor
contábil. Novas emissões de ações ordinárias e preferenciais são responsáveis por 26% de
novos financiamentos externos à empresa, ou 1,04% do valor contábil. Novas emissões de
dívidas de longo prazo representam 57% de novos financiamentos externos ou 2,26% do valor
contábil. 17% de novos financiamentos são representados por dívidas de curto prazo ou 0,7%
do valor contábil.
A emissão de novas ações não está relacionada com investimentos. Investimentos médios
estão na proporção de 13,10% do valor contábil e lucros retidos, na média, de 9,12%. Recursos
internos são responsáveis pelo financiamento de 69,50% dos investimentos. Novas emissões
de ações são responsáveis pelo financiamento de 7,9% dos investimentos, dívidas de longo
prazo por 17,2% e dívidas de curto prazo, por 5,3%. Outro resultado interessante é o de que a
fonte de financiamento mais correlacionada com investimento é o endividamento de longo
prazo que é de 0,79. A correlação com endividamento de curto prazo também é alta, mas é
menor 0,60. A correlação com lucros retidos é de 0,56. E com emissão de novas ações é
somente de 0,19.
Conclusões finais
Segundo Fama e French (1999), a "IRR on value" calculada para o setor não financeiro não é
relevante para empresas ou projetos de investimento individuais. Estimativas de custo de
capital para empresas individuais diferem do custo de capital agregado devido às diferenças de
risco e variação no tempo do retomo real esperado. A "IRR on value" é. portanto, um ponto
inicial para cálculo de custo de capital de empresas e projetos.
A IRR que iguala o valor de mercado inicial das empresas não financeiras com o valor das
entradas de caixa e o valor final foi estimada, pelos autores, para o período de 1950 a 1996.
Seu valor nominal é de 10,72%; e, para o período de 1976 a 1996, é de 11,75%. Ajustando
pela inflação, o valor real é de 5.95% para o período de 1950 a 1996 e de 5,57% para o
período de 1973 a 1996. A "IRR on value" mede as transferências líquidas de riqueza entrando
e saindo do mercado corporativo não financeiro. É uma boa estimativa da taxa de retomo
composta de riqueza alocada para o setor não financeiro.
Foram estimadas também as taxas internas de retorno "IRR on Cosi" realizadas pelas
empresas não financeiras do setor corporativo do custo de seus investimentos. Tais estimativas
excederam a "IRR on value": portanto. na média. o investimento corporativo parece ser
lucrativo. Entretanto. considerando que foi utilizado o valor contábil dos ativos e não o valor de
reposição. esse resultado só será verdadeiro se o custo de reposição não ultrapassar 40% do
valor contábil.
uma estrutura de capital corporativo estável com dívidas e ações após 1970, especialmente
quando a estrutura de capital é medida pelo valor contábil.
Neste trabalho, os autores tiveram como objetivo testar os modelo "tradeoff' e "pecking order",
utilizando duas variáveis endógenas: (i)grau de endividamento, conforme demais pesquisas
sobre o tema; e (ii) pagamento de dividendos sendo, segundo os autores, utilizado primeira vez
para testar modelo de estrutura de capital.
Os testes foram realizados através do cálculo dos parâmetros médios a partir das regressões
"cross section" anuais para estudar os determinantes da alavancagem e dos dividendos. O
estudo foi realizado pelo período de 1965 até 1999 utilizando a base de dados Compustat,
excluindo as empresas financeiras e "utilities". Foram definidas várias regressões, utilizando
como variáveis end6genas: pagamento de dividendos, variação do pagamento de dividendos,
"market leverage" e sua variação, "book leverage" e sua variação, para que pudesse buscar um
maior número de evidências a favor de um ou de outro modelo. Outro teste realizado com
relação à alavancagem é testar se ela é "mean-revearting", a favor da "tradeoff'. Isso significa
testar se a alavancagem varia, ao longo dos anos, em torno de uma média, o grau de
alavancagem "target".
o que se mostra mais adequado: "pecking order" ou "tradeoff'? Os dois modelos dividem
previsões sobre dividendos e alavancagem que tenderam a ser confirmadas nos testes. Por
exemplo, os dois modelos previram que, controlando outros efeitos, empresas mais rentáveis
possuem maior "dividend payout" e empresas com menos investimentos possuem menores
"payouts":
.:. Forte evidência da relação negativa entre "market leverage" e investimento, a favor da
"pecking order" complexa e "tradeoff';
.:. Para pagadores de dividendos, o teste produz resultado a favor da "pecking order" nas
decisões de financiamento de curto prazo: variações nos ganhos e investimentos são
absorvidas por dívida;
.:. Não há evidências a favor da "pecking arder" para não pagadores de dividendos
nessas variáveis.
Há resultados que confirmaram o modelo "pecking order" mas contradizem "tradeoff': empresas
mais rentáveis são menos alavancadas. Empresas com mais oportunidades de investimento
possuem menor "market leverage" de acordo com o "tradeoff' e a versão complexa do "pecking
order", Empresas com mais investimentos possuem menores "payout ratíos", mas dividendos
não variam para acomodar variações de curto prazo nos investimentos. Confirmando ·pecking
order", variações de curto prazo em investimento e lucros são absorvidas por variações no
endividamento.
Fama e French (1999) concluem que há uma evidência pelo modelo ·pecking order" na relação
negativa entre alavancagem e rentabilidade. Uma forte evidência contra "pecking order"
(maiores emissores de ações são os menos alavancados "growth firms") e uma área de conflito
("mean reversion" da alavancagem). As várias previsões em comum existentes entre as duas
teorias apresentam fortes evidências pelos testes. Quando há um resultado a favor de uma ou
de outra teoria, o mesmo deve ser analisado com cuidado, pois pode ser devido a fatores
comuns a ambos os modelos.
Suas fontes de dados são Internacional Finance Corporation (IFC) e WorldScope. O período
pré-liberalização é 1980 até 1990 e pós-liberalização é de 1991 até 1999.
calculadas para todos os países e depois separadamente para os países da Ásia e os latino
americanos. Foram definidas. cinco variáveis dependentes que são: (i) Passivo Circulante +
Exigível a Longo Prazo sobre Capital Próprio; (ii) Dívidas de Curto Prazo sobre Capital Próprio;
(iii) Dívidas de Longo Prazo sobre Capital Próprio; (iv) Dívidas de Curto Prazo sobre Dívida
Total; (v) Lucro Retido sobre Dívida Total. E as variáveis exógenas podem ser agrupadas em
quatro diferentes categorias:
a) característica da empresa:
c) fatores macroeconômicos:
1. liberalização financeira;
2. crise financeira;
e) característica da empresa:
g) fatores macroeconômicos:
Entende-se por risco econômico, a volatilidade dos lucros da empresa. A idéia é não
associar um risco financeiro mais elevado com uma alta alavancagem a uma empresa
com risco econômico alto. A variável utilizada para medir o risco econômico foi o
desvio-padrão da rentabilidade das vendas.
Tamanho da empresa (medida pelo Ativo Total) também está relacionado com custo de
falência.
(5) Quanto maior a capacidade de geração de caixa nas operações da empresa, menor o
endividamento.
Essa hipótese tem como objetivo testar "pecking order', quanto maior a capacidade de
auto-financiamento, menor a alavancagem. Capacidade de geração de caílla é medida
pela rentabilidade do patrimônio líquido.
Os testes de regressão linear múltipla foram realizados com base na média dos valores do
período de estudo e chegou-se às seguintes conclusões:
.:. As hipóteses (3) e (4) foram confirmadas, com relação à imobilização de recursos e
tamanho da empresa.
•:. O tipo de capital da empresa, privado nacional, privado estrangeiro e estatal também
ajuda a explicar as diferenças de endividamento das empresas.
•:. Os resultados relativos à hipótese (1) e (2) não foram conclusivos. Não apresentaram o
sinal esperado.
•:. O autor conclui que as decisões de financiamento são tomadas levando-se em conta a
maximização da riqueza do acionista, estando fortemente condicionadas à oferta de
fundos. Oferta de fundos relaciona-se a um mercado de capitais ainda não fortemente
desenvolvido: altas taxas de juros e inflação e outras características do mercado
brasileiro descritas pelo autor.
O teste de heterocedasticidade também foi positivo, ou seja, não há variância comum dos erros
aleatórios. O autor calculou a regressão através do método dos mínimos quadrados
generalizados, com o objetivo de corrigir o problema, não obtendo alterações nos resultados
obtidos pelo primeiro método.
Couto (1995) procurou encontrar relação entre o endividamento e variáveis, que segundo
indicado pela literatura, influenciam a alavancagem das empresas. Esse autor utilizou como
metodologia uma análise de série temporal dos dados das empresas, pois teve como objetivo
medir o grau de relação das variáveis dentro da própria empresa. A análise seccional cruzada
tem poder de comparar o efeito das variáveis entre as empresas.
Com uma amostra de 13 empresas do setor de papel e celulose, o autor classificou-as pelo
tamanho, crescimento, lucratividade e liquidez. Selecionou 7 das 13 que representavam o
grupo com as carácterísticas mais diferentes umas das outras, e detinham 82% do faturamento
total do setor. Os 'dados foram coletados a partir dos demonstrativos contábeis das empresas
escolhidas do período de 1980 até 1993.
Inflação IGP-DI
Foi realizada regressão para cada empresa, utilizando os quatorze anos de estudo para cada
uma delas. Adicionalmente foram realizadas entrevistas com os respectivos administradores
financeiros de duas das sete empresas estudadas. O autor obteve um resultado diferente para
cada uma das empresas, não chegando a um consenso sobre as variáveis que determinam o
endividamento das empresas.
O autor conclui seu trabalho, confrontando os dados obtidos pelas regressões e as entrevistas,
com as seguintes verificações:
.:. Busca de recursos efetuada conforme as necessidades de caixa para capital de giro,
como também para novos investimentos, cuja seleção se dá pelo critério do menor
custo e maior prazo de pagamento;
.:. Endividamento sustentado por ativos fixos dados como garantia; ou seja, quanto maior
o grau de imobilização, maior o endividamento.
de capital fechado não possuem estrutura "targer de capital, evidência contra a hipótese de
"tradeoff" e possuem como primeira fonte de recursos os empréstimos bancários. As de capital
aberto possuem como primeira fonte de recursos ações ordinárias. Esse fato é uma evidência a
favor da assimetria de informações, pois o autor obteve como resposta que 47% das empresas
de capital aberto consideram que suas ações encontram-se sub-avaliadas em mais de 80% do
tempo e 12% delas consideram que elas estão sub-avaliadas entre 50 e 80% do tempo.
Outra verificação do autor foi avaliar as diferenças das decisões de estrutura de capital entre
empresas de administração profissional e as de administração familiar. As primeiras priorizam
os fundos mais vantajosos no momento, enquanto que as de administração familiar buscam
fundos dentro de uma hierarquia pré-determinada, sendo emissão de ações, prioridade, contra
os empréstimos bancários, preferidOS pelas empresas com administração profissional.
Outro fator importante pesquisado pelo autor é o custo de capital utilizado pelas empresas, que
está em uma faixa de 13 à 15%88.
O grande fator limitante do trabalho de Eid (1995) é a metodologia utilizada, baseada somente
nos questionários, que depende da credibilidade das respostas dos administradores. Não
houve confirmação das respostas sobre fontes de recursos utilizadas com dados de
demonstrações financeiras das respectivas empresas.
O ativo tangível pode ser utilizado como colateral para reduzir custo do endividamento,
e também aumentar flexibilidade da empresa.
Esta hipótese confirma tanto "tradeoff', como também a "pecking order" complexa. A
variável investimento é medida por Valor de Mercado do Ativo Total/Valor Contábil do
Ativo Total.
Essa hipótese testa o modelo "pecking order" complexo. Utiliza-se o modelo logit, cuja
medida de insuficiência de recursos internos é a variável Déficit de Caixa (Imobilizaǧo
de recursos + Dividendos - Lucro Antes da Depreciaǧo, Despesas Financeiras e
Imposto de Renda)
.:. Confirmada hipótese (1) com relação à tangibilidade dos ativos, confirmando tanto
"tradeoff' como também "pecking order".
•:. A hipótese (3) não é confirmada devido a não significância do coeficiente estimado.
A metodologia utilizada para avaliar o modelo de estrutura de capital que melhor se adequa à
realidade· brasileira é a dinâmica de sistemas e simulação. Segundo o autor, tal metodologia-
pela primeira vez utilizada no Brasil - serve para analisar como as mudanças estruturais em
parte de um sistema podem afetar o comportamento de todo o sistema.
O autor realiza simulações e apresenta suas conclusões tanto para um mercado perfeito,
quanto para um mercado com ineficiências. Conclui que, em um mercado perfeito, o paradigma
da separação entre as decisões de investimento e financiamento não se sustenta e a
alternativa da irrelevância da estrutura de capital é validada. Entretanto, em um mercado com
restrições ao capital de terceiros (escassez e elevado custo de empréstimos), restrições de
capital próprio (depressão do preço das ações), o autor propõe uma política de hierarquização
de fontes de financiamento. Prioritariamente, as empresas devem utilizar recursos próprios
disponíveis e empréstimos vinculados (oferecidos por órgãos de fomento, eventualmente com
juros subsidiados). Complementarmente, as empresas podem considerar venda de ativos
ociosos.
Caso tais recursos não sejam suficientes, as empresas devem buscar empréstimos de
mercado e emissão de novas ações. As empresas só deverão realizar tais investimentos, se o
retomo for maior que o custo de tais fontes de recursos.
3 Martelanc, p. 3
4 • .IfETOOOLOGlA
A seção 4.3 descreve a metodologia para teste da hipótese VII. É uma aplicação da pesquisa
Fama e French (2000) - "Testing Tradeoft and Pecking Order predictions about dividends
and debf', que testa, dentre os dois modelos da moderna teoria de estrutura de capital, aquele
que melhor se aplica à realidade. Como já citado anteriormente, essa é a primeira pesquisa,
segundo os autores Fama e French, que utiliza a variável pagamento de dividendos como
variável end6gena. Nesta pesquisa, os autores utilizam alguns dos determinantes da estrutura
de capital utilizados em outras pesquisas emplricas, entre eles Rentabilidade e Oportunidades
de Investimentos, fatores determinantes de aceitação de um modelo em contraposição ao outro
conforme definido no capitulo 2-Revisão Te6rica.
.,.,
Essa hipótese já foi testada por Fama e French (1999) e estará, no presente trabalho, sendo
testada no mercado brasileiro. Se a taxa entregue pelo setor empresarial, denominada "IRR on
Cost" exceder o custo de capital, "IRR on value", as empresas criaram valor aos acionistas
durante o período de estudo.
IHip6tese 11:As empresas são capazes de gerar recursos internamente para financiar seus
!investimentos.
Se o fluxo de caixa gerado pelas empresas for igualou superior ao valor do investimento
agregado, é possível dizer que as empresas são capazes de gerar recursos internamente para
financiar seus investimentos.
Essa hipótese também foi definida por Fama e French (1999) e estará sendo testada pela
primeira vez no Brasil.
Hipótese 111:As empresas passam a utilizar maiores proporções de fontes de financiamento de.
longo prazo a partir do início da década de 1990, quando acessam financiamentos no mercado
internacional. '
Esta hipótese, assim, como as hipóteses IV e V, a seguir, serão testadas através do gráfico de
estrutura de capital agregada. O gráfico deve apontar maior utilização de endividamento de
longo prazo a partir de 1990.
Essa hipótese, assim como a anterior, é testada pela primeira vez, no Brasil, devido à
oportunidade de comparação entre um período caracterizado por cenário inflacionário com
taxas de inflação elevadíssimas e um período posterior, caracterizado por estabilidade
econômica. O gráfico de estrutura de capital deve mostrar que ocorre aumento de utilização de
empréstimos tanto de curto prazo quanto de longo prazo a partir de 1994.
O gráfico que utiliza o valor contábil no cálculo das proporções de cada uma das fontes de •
recursos deve apresentar maior estabilidade ao longo do período de estudo do que o gráfico
que utiliza o valor de mercado.
Essa hipótese é uma aplicação no Brasil do teste realizado por Fama e French (1999).
Essa hipótese também é uma aplicação do teste realizado por Fama e French (1999).
Esta hipótese estará sendo testada através da utilização de vários testes econométricos,
através dos quais estaremos buscando maior número de evidências a favor do modelo
"pecking order". Consiste da aplicação, no Brasil, do teste realizado por Fama e French (2000).
As contas Despesas Financeiras e Depreciaç§o foram estimadas, para alguns anos, e para
algumas empresas, individualmente, utilizando a proporção média dessas contas (dos anos
cujas informações estavam disponíveis) sobre Passivo Total e Ativo Imobilizado,
respectivamente.
Nível Agregado
Ivo Valor de mercado presente
Iço Valor contábil presente
Rv Taxa interna de retomo ("IRR on value")
Rc Taxa interna de retomo ("IRR on cost")
Xt Entrada de caixa
VI Lucro
o Ivo: Investimento inicial para cálculo do "IRR on value". É a soma do valor de mercado das
empresas da amostra na data de início de estudo.
VMt = VMAOt + VMAPt + Dividas de Curto Prazo (Cpr + Dividas de Longo Prazo (LP)*
·Dados exlraldos do relatório "Balanço Patrimoniar e "Cotações"
Quando não há cotação, seu valor é estimado pelo preço da cotação da ação preferencial.
Quando não há cotação, seu valor é estimado pelo preço da cotação da ação ordinária.
o lco: Investimento inicial para cálculo do "IRR on cosf. É a soma do valor contábil das
empresas da amostra na data de início de estudo.
CPEt = Ativo Total* - Passivo Circulante (PC)* - Exigivel a Longo Prazo (ELP)*
*Dados extrafdos do relatório "Balanço Patrimonial"
o rv ("IRR on value"): é a taxa de retomo requerida pelos acionistas. É a taxa que iguala o
valor inicial de mercado das empresas com o valor de mercado terminal das empresas
mais recursos gerados. Ou, conforme interpretações dadas por Fama. e French (1999): (i) é
a taxa de retomo de um investidor que compra ações de empresas ao valor de mercado
quando entram na amostra, recebe as entradas líquidas ("net cash f1ows") e as vende, pelo
valor de mercado, no final do período ou quando saem da amostra; (i i) ,~ uma estimativa do
custo de capital das empresas não financeiras; e (iii) é a taxa de retomo composta no valor
de mercado inicial de todos os títulos de empresas não financeiras incluindo os títulos
emitidos durante o período de análise.
1rO=
17 1:/=11Xt - lt + TV.999 ( eq. 1)
1=1 (1 + zv)' (1 + zv)'!
o rc ("IRR on cost"): é a taxa de retomo entregue pelo setor empresarial. O que a difere do
"IRR on value" é que o investimento inicial em uma empresa é o custo dos ativos. Os fluxos
anuais de entradas (saídas) de caixa líquido e o valor terminal no último ano do estulto são
calculados da mesma maneira que o "IRR on value".
Te0= 11:=11Xt - lt +
l'
TVl999 ( eq.2)
1=1 (1+ re)' (1 + re) II
o Xt: entrada de caixa agregada. É a soma das entradas de caixa de cada empresa.
XEt = YEt + Depreciação*
*Extraida do relatório "Origens e Aplicações de Recursos"
Fama e French (1999) definiram VEt ("Cash eamings") como lucro após imposto de renda,
Q It: Investimento bruto agregado. É a soma das saídas de caixa das empresas.
Com o objetivo de analisar as fontes de recursos dos financiamentos, It. é calculado sob
uma outra fórmula equação (3) abaixo. combinando as equações (4) e (5) de cálculo de
dAte LRt:
Q TV: é o valor terminal das empresas no último ano do estudo, 1999. Equivale ao
recebimento do principal de um projeto de investimento. É a soma do valor de mercado das
empresas da amostra.
Q dDLPt: soma das variações das dívidas de longo prazo do ano t-t para o ano t das
empresas.
Q dDCPt: soma das variações das dívidas de curto prazo do ano t-1 para o ano t das
empresas.
Q dAt: Emissão líquida agregada de ações. Seu valor é calculado através da seguinte "conta
de chegada":
Q LRt: Lucro retido agregado. Seu valor é calculado através da seguinte equação:
Considerações Adicionais
o cálculo das variáveis - Valor de Mercado e Valor Contábil das empresas envolve contas de
dívidas com pagamento de juros explícitos. Como não existe disponibilidade de tal informação,
realizaram-se dois tipos de cálculos diferentes. O primeiro cálculo (dívidas com pagamento de
juros explícitos ou Passivo Oneroso) considerou somente as contas: - Empréstimos e
Financiamentos de CP e LP e - Debêntures de CP e Lp, e o segundo, considerou - Passivo
Circulante e- Exigfvel a Longo Prazo.
Fama e French (1999) consideraram somente juros explícitos pelas seguintes razões:
Espera-se, portanto, que o primeiro cálculo resulte em uma taxa interna de retomo maior que o
segundo cálculo, o qual incorpora o viés de baixa.
Refere-se ao cálculo rc e rv, estendendo um ano por vez até atingir os 11 anos. Estarão sendo
geradas 10 taxas de retomo até chegar à taxa interna de retomo relativa aos 11 anos.
Dependendo da evolução será possível eliminar a hipótese de que as taxas de retomo são
altas devido a um otimismo do final do período do estudo, conforme analisa a pesquisa de
Fama e French (1999).
Análises pelo Slume (1974) e Cooper (1994) sugerem que a estimativa apropriada do custo
real de capital é uma ponderação da taxa média ponderada e geométrica dos retornos simples
anuais, cujos pesos dependem da maturidade do fluxo de caixa. Fama e French (1999)
definem a rv como uma estimativa mais precisa de retomo, situando-se abaixo da taxa média
ponderada e acima da taxa média geométrica.
o cálculo das variáveis Investimento, IEt e Lucros Retidos LRt é feito anualmente a partir de
1990 até 1999 (10 anos). Os valores absolutos são comparados e serão contados os anos em
que LRt é maior ou igual a IEt.
b} Comparação das proporções médias entre Entradas de Caixa sobre Valor Contábil, XEtNCt,
Investimento sobre Valor Contábil, IEtNCt, Despesas Financeiras sobre Valor Contábil DFtlVCt
e Pagamento de Dividendos sobre Valor Contábil, DivtIVCt:
XE IE
(L (L
1999 1991
_I )+11 (eq.7); _I )+11 (eq.8);
1=1989 VCt 1=1989 VC1
DF .
(L
1999
_I )+ 11 (eq.9); ( ~ Div1 )+ 11 (eq.10)
1=1989 VC1 1=1989 VCt
)+ 11 (eq.12)
d) Proporções médias da variação de dívidas de curto prazo sobre o valor contábil, dDCPtlVCt
e variação de dívidas de longo prazo sobre o valor contábil, dDLPtlVCt:
( ~dDC~
L.J
)
+ 11 (EQ. 13); ( ~ dDL~ )+11 (EQ.14
1=1989 VCt 1=1989 VC,
A realização dos testes econométricos não exige dados das mesmas empresas para todos os
anos do estudo, portanto, foi possível aumentar a base de dados para 65 empresas. Esse
número varia a cada ano, dependendo da disponibilidade de informações contábeis, as quais
são as mesmas utilizadas pelo estudo anterior (Quadro 6). Além das 42 empresas da amostra,
foram selecionadas as 23 maiores empresas com informações contábeis em pelo menos 4
anos seguidos. O tratamento dos dados foi o mesmo descrito em 4.2.1.
D
UHam Sanchez Carrete - FGV EAESP - 2001 60
Retomo sobre Investimentos Corporativos e Decísões de Financíamento
Quadro 5-Continuação
Variáveis: Modelo de Estrutura de Capital
:Variáveis DescriÇão
5. Alavancagem
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo sobre Ativo
Total
Passivo Oneroso sobre Ativo Total
Tlt+1 Target Leverage Ratio
Variação da "book leverage utilizando Passivo Circulante
D
,
Conforme Fama e French (2000), a variável VJAt é uma variável de medida de oportunidades
de investimentos esperados que reflete o valor dos ativos da empresa. Portanto, apesar de ser
uma "proxy" de investimentos esperados, é uma variável que possui informações sobre
rentabilidade.
Vt = Valor de Mercado das Ações Ordinárias + Valor de Mercado das Ações Preferenciais
+ Passivo Circulante (PC)* + Exigfvel a Longo Prazo (ELP)*
"Dados extrafdos do relatório "Balanço Patrimoniar
a Et equivale à Vt de 4.2.4
Os testes foram realizados através do cálculo dos parâmetros médios a partir das regressões
"cross section" anuais para estudar os determinantes da alavancagem e dos dividendos.
Segundo os Fama e French (2000), essa metodologia reduz a variação dos parâmetros ano a
ano, diminuindo, assim, seu desvio padrão.
Como existe uma "quebra estrutural" durante o período contemplado neste estudo, que é o ano
de 1994 - ano de início da estabilização inflacionária, serão realizadas análises adicionais:
parâmetros médios das regressões do período inflacionário (1991, 1992, 1993) e do período de
estabilização (1995, 1996, 1997, 1998 e 1999).
Todas as regressões estão definidas conforme o artigo de Fama e French (2000). As variações
entre endividamento medido pelo Passivo Oneroso e pelo Passivo Circulante + Exigível a
longo Prazo foram também introduzidas para verificar quais delas apresentam melhores
resultados econométricos. Espera-se, com essas regressões, encontrar evidências tanto a
favor do modelo "pecking arder", quanto "tradeoff', tomando-se como hipótese que os
resultados mais significativos sejam a favor da ·pecking order". Dessa forma, a hipótese VII do
trabalho pode ser validada.
Essa regressão testa ambos os modelos "pecking order" e "tradeoff'. Conforme citado pelos
autores Fama e French (2000), a variável dividendos é utilizada pela primeira vez para testar
um modelo de estrutura de capital. Com isso, pode-se dizer que também está sendo utilizada
pela primeira vez, no Brasil.
Com essa regressão é possível calcular a TPt+1 para cada observação a ser utilizada nas
regressões seguintes. A partir dos parâmetros calculados na regressão (1): Bo, a1, ~, B3, a, e
as , calcula-se o "fitted value" :
Com essa regressão é possível calcular a Tlt+1 para cada observação a ser utilizada nas
regressões seguintes. A partir dos parâmetros calculados na regressão (2), calcula-se o "fitted
vaíue" :
(Regressão Aiavancagem)
Essa regressão difere da regressão (2), pois utiliza como medida de endividamento- "book
leverage" com Passivo Oneroso.
Com essa regressão é possível calcular uma segunda "target leverage" Tlt+1 para cada
observação a ser utilizada nas regressões seguintes. A partir dos parâmetros calculados na
regressão (3), calcula-se o "fitted value" :
Essa regressão difere das regressões (2) e (3) porque utiliza como medida de endividamento-
"market leverage" com Passivo Circulante e o Exigível a Longo Prazo.
Com essa regressão é possível calcular uma terceira "target leverage" TLt+1 para cada
observação a ser utilizada nas regressões seguintes. A partir dos parâmetros calculados na
regressão (4), calcula-se o "fitted value» :
(Regressão A1avancagem)
A regressão (5) é a última regressão do grau de alavancagem e difere das demais por utilizar
"market leverage" com Passivo Oneroso.
Com essa regressão é possível calcular uma quarta "target leverage" TLt+1 para cada
observação a ser utilizada nas regressões seguintes. A partir dos parâmetros calculados na
regressão (4), calcula-se o "fitted value" :
[(6) Dt+1/At+1- ao +(a,+ aNJAt + 8.JEJAt + 8.4dNAt .•. as In(At) + as TL 1t+1)LLt+1/At+1+ e.+1'. lJ
._ '..__ ~. ~ •• _~ ._~ __~ ~~_C_~_. __ • • •. ~_
..~_--'-_._. -'--__. __
•. .. .....:...
__~ __ .__ ..•
(Regressão Dividendos)
A regressão (6) é repetição da regressão (1), incluindo como variável dependente a TL 1t+1 .
Inclui-se tal variável para verificar a influência da alavancagem "tarqet", na definição dos
dividendos. Se for significativa, estatisticamente, é uma evidência a favor da "tradeoff".
__.~_. __~ . ~~ ~~
=
~7} dDt+1/At+1 ao"'+a,LLt+1/At+1 + S20tlAt+1 + ~ dAt+1/At+1+ e.+1
.. __ ._ ... ._~ ~ ~
. .
.._._._. __ .J
I
(Regressão Dividendos)
Essa regressão utiliza como variável dependente a variação dos dividendos, assim como a
regressão (8) abaixo. As regressões (7) e (8) são definidas para verificar se as empresas
redefinem dividendos para acomodar variações nos investimentos, variável medida por
dAt+1/At+1. Espera-se, conforme ·pecking order", que variações nos investimentos não
provoquem variações nos dividendos, mas sim no endividamento. Espera-se que o parâmetro
da variável dAt+1/At+1seja próximo a zero.
(Regressão A1avancagem)
(Regressão A1avancagem)
(Regressão A1avancagem)
t+~
____ • • ~ • ___4. •.•.•.•••_._ •__ ._~_~ •• _ •• _. __ ~._~ ~ ••• r __ ._. ~ • •• __ .";., _.:..- •••• •• • ~ , ,~ • A __ ~~....:..._ ~ ~~'
i
(Regressão A1avancagem)
(Regressão A1avancagem)
t+~
". , ~..l- ~ __
. ~~. ~_.~ ~ ~__ ~
_.
~ ~ ~ ....
_~ ~ . ~ ..__J
I
(Regressão A1avancagem)
Essa regressão, assim como a regressão (16) testa se a alavancagem varia em tomo de uma
média rmean reverting"), evidência a favor da "tradeoff'. Se o parâmetro a1 apresentar-se
estatisticamente significante com valor entre O e 1, aceita-se a hipótese "tradeoff'. Nessa
Essa regressão também faz o teste "meen-revertínq". Diferentemente da regressão (15), pela
variável dependente, o endividamento é medido pelo Passivo Circulante e Exigível a Longo
Prazo.
5. REALIZAÇÃO DA PESQUISA
A tabela a seguir indica o grupo de empresas da amostra. Existe um viés com relação à
pesquisa Fama e French (1999), pois não há entradas e saídas de empresas durante o período
do estudo devido à falta de informação sobre as empresas que fecharam capital antes de 1999.
É possível avaliar, a partir da tabela acima, que existem duas empresas que se destacam das
demais pelo tamanho. Por serem maiores, o valor das suas variáveis terá maior influência no
resultado agregado. Para que esse fato não nos levasse a conclusões viesadas, todos os
cálculos foram realizados duas vezes: primeiro, considerando todas as 42 empresas (Amostra
Total) e, num segundo momento, excluindo as empresas Petrobrás e Vale do Rio Doce,
considerando somente 40 empresas (Amostra Parcial). Tanto para o primeiro, quanto para o
segundo cálculo, as variáveis "dívidas de curto prazo" e "dívidas de longo prazo" foram
medidas de duas formas diferentes: (i) considerando Empréstimos e Financiamentos de Curto
Prazo (CP) e Longo Prazo (LP) e Debêntures de Curto Prazo (CP) e Longo prazo (LP) e (ii)
considerando todo o Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo.
o cálculo das taxas de retomo depende, conforme descrito em 4.2, de várias variáveis, cujos
valores agregados estarão sendo apresentados nas tabelas que se seguem.Todos os cálculos
foram realizados em EXCEL.
A primeira variável a ser calculada é o investimento inicial Ivo e Ico. O cálculo depende do
valor de mercado das empresas e do endividamento. As duas tabelas, a seguir, demonstram os
valores agregados de mercado e endividamento.
I
ANO
1988
(Valor Contábil)
. Ação Ordinária
27.514
Ação Preferencial.
21.740
(Valor t1eMeréaCSo)
Ação Ordinária
14.055
,AÇão Preferencial
13.138
1989 27.295 22.492 20.000 16.280
1990 18.595 16.874 6.001 4.997
1991 37.740 32.033 15.686 13.165
1992 37.811 31.101 15.392 10.224
1993 35.377 29.305 22.870 19.136
1994 37.109 30.987 34.232 24.585
1995 41.448 34.374 24.086 18.016
1996 37.780 31.611 28.999 22.668
1997 35.178 28.094 31.412 27.023
1998 34.866 28.232 16.619 16.593
1999 28.078 22.777 51.296 43.168
Com o valor do investimento inicial, Ivo e Ico em 1988; e valor do principal em 1999, Ivo e Ico
em 1999, resta calcular o fluxo de caixa, (Xrlt) , do projeto de investimentos ao longo dos anos
para que, finalmente, se possam calcular as taxas de retomo.
200.000
164.540
150.000
100.000
50.000 25.931
-50.000 -6.876
-31.648
-69.861
-100.000
200.000
164.540
150.000
100.000
50.000
-50.000
-100.000
Gráfico 3: Fluxo de Caixa "IRR on Cosf' (Passivo Circulante e Exigfvel a Longo Prazo)
200.000 185.268
150.000
100.000
50.000
O +-r=--.-"""""---,--
-50.000
-100.000
-150.000
Gráfico 4: Fluxo de Caixa "IRR on Value" (Passivo Circulante e Exiglvel a Longo Prazo)
200.000 185.268
150.000
100.000
50.000 28.512
-50.000 -8.513
-31.047
-66.883
-100.000
Pode-se observar que nos quatro cálculos realizados, a "IRR on cosi" é inferior à "IRR on
value". Isso pode ser explicado pelo fato do valor de mercado da empresa ser menor que seu
valor contábil no ano do início do estudo, 1988. Por ser o investimento inicial maior no cálculo
do "IRR on cosi" do que "IRR on value", o valor da primeira taxa deve ser menor.
o fato de que o valor de mercado é inferior ao valor contábil agregado pode ser explicado pela
visão, por parte dos investidores, de inexistência de novas oportunidades de investimento. A
tabela a seguir demonstra a evolução da percepção de novas oportunidades de investimentos
ao longo dos anos, considerando a amostra total de 42 empresas, utilizando como medida de
endividamento somente Passivo Oneroso.
-,
I
% Mercado 1 .1
Ano Contábil I
1988 68,42%
1989 79,95%
1990 35,69%
1991 55,24%
1992 52,11%
1993 74,49%
1994 89,39%
1995 66,30%
1996 83,22%
1997 95,28%
1998 71,15%
1999 145,62%
Média 76,40%
Como previsto por Fama e French (1999), verificam-se taxas menores quando se considera
Passivo Circulante e Exigfvel a Longo Prazo na comparação com as taxas de retorno que
utilizam somente Passivo Oneroso. Isso ocorre devido ao viés de baixa na inclusão de passivos
sem pagamento explícito de juros.
Também, em consonância com a análise de Fama e French (1999), a média aritmética resulta
em taxas de retorno maiores, por apresentar um viés de alta.
Como o maior interesse é na "IRR on value", que é a estimativa de retorno dos investimentos
corporativos e estimativa de custo de capital agregada, devem-se analisar seus resultados, que
variam de 11,87% até 18,20%. O cálculo que considera todo o Passivo Circulante e Exigfvel a
Longo Prazo apresenta viés de baixa, então deve-se considerar somente o rv calculado
utilizando amostra total e parcial; a faixa de variação da "IRR on value" cai para 14,99% e
18,20%.
Para verificar qual das duas taxas é a melhor estimativa para o "IRR on value", deve-se
analisar a evolução da taxa de retorno. Se a média das taxas de retorno até o penúltimo ano for
menor que a rv de todo o período do estudo, então há otimismo no último ano do estudo, não
sendo, portanto, uma boa estimativa da taxa de retorno do setor corporativo.
Portanto, a melhor estimativa para a taxa de retomo do setor corporativo é 14,99%. Esse
resultado é consistente com o resultado obtido por Eid (1996), quando as empresas estimaram
seu custo de capital entre 13% e 15%.
Assim como no cálculo das taxas de retomo, a estrutura de capital agregada da amostra será
analisada sob quatro diferentes visões: (i) considerando toda a amostra, com 42 empresas
(amostra total), utilizando somente Passivo Oneroso; (ii) considerando a amostra total,
utilizando o Passivo Circulante (PC) e Exigível a Longo Prazo (ElP); (iii) excluindo as duas
maiores empresas (amostra parcial) e utilizando Passivo Oneroso; e (iv) considerando a
amostra parcial, utilizando PC e ElP. As razões pelas quais a estrutura de capital será
analisada através de 4 diferentes formas, conforme explicitadas no item 5.1.1, relacionam-se
com o fator influência das duas maiores empresas da amostra, bem como pela curiosidade de
avaliar a estrutura de capital considerando todas as contas do PC e do ELP. Para cada uma
das quatro análises, a estrutura de capital será calculada pelo valor contábil ("book leverage") e
pelo valor de mercado ("market leverage").
"Book Leverage"
Utilizando a proporção de cada fonte de recursos sobre o valor contábil ("Book Leverage"),
obteve-se uma média, no período do estudo, de endividamento de curto prazo de 16,56% e de
longo prazo de 14,30%. A utilização de ações ordinárias foi de 37,74% e 31,41% de ações
preferenciais.
%
DívidasCPlBook
Value 16.56% 15.86% 16.82% 14.44% 19.09%
% Dívidas
LP/Book Value 14.30% 12.01% 15.15% 11.68% 17.43%
45.00%
40.00% ~~-~~~--..~~~~-----
35.00% +r,--~7::J--o;;;;;;;:;;;;;;;;;;;;,...LJo-....,e;:--""-'-",;;;;;;;;Ijj:---
30.00% -I---""----------'TI=-------""'~ -.- Ordinárias/BV
25.00% -f-----------------=""""'_ --cr Preferenciais/BV
+IJ~~~;;~iEiiiiiiii~iiii~~=~~~~~~===
-l:r- Dívidas de CP/BV
15.00% -H- Dívidas de LP/BV
20.00%
10.00%
5.00% -1------------------
0.00% -1----,,--,---.------,---.,--,.---.--,--,---.--,
f.õC>.>..At;;::) g," ..ACV..A~ ~ ~ ~ P.f. Ab g,C>.>
~ ~~ ~~~~ ~ ~ ~~
A utilização de ações ordinárias e preferenciais como fonte de capital é maior em todos os anos
contemplados neste estudo, sendo que ações ordinárias é a fonte de recursos prioritária. A
utilização de dívidas de CP apresenta-se até 1997, na média 3% acima da proporção de
dívidas de lP. Nos anos de 1998 e 1999, as proporções de utilização de dívidas de CP e de lP
se igualam.
No primeiro ano contemplado por esta pesquisa, 1989, a proporção de ações ordinárias e
preferenciais é de 40% e 33%, respectivamente. A proporção de dívidas de CP e lP é de 14%
e 12%, respectivamente. Em 1990 a utilização de ações diminui e a de dívidas aumenta,
tendência revertida em 1991. A estrutura de capital permanece estável até 1994. A partir de
1994, a utilização de endividamento se eleva, partindo de 11%-dívidas de CP e 10%-Dívidas de
lP, atingindo 23% em 1999, tanto as de CP quanto as de lP. Em contrapartida, a utilização de
ações declinou a partir de 1994, partindo de 40%-ordinárias e 35%-preferenciais, atingindo, em
1999, 29% de utilização de ações ordinárias e 23% de ações preferenciais.
É possível verificar estabilidade no grau de endividamento a partir de 1992 até 1994. A partir de
1995, ocorre aumento do endividamento até 1999.
"Market Leverage"
% Dívidas
lP/Market Value 18.71% 19.68% 18.35% 18.11% 19.43%
Estrutura de Capital
50,00% -,-------------------
45,00% -f----------.----------
40,00% -f--------~'----_"I._--------
35,00% -t---''\--{ r----:::::õIII~--""""'..".--:-----_F_ -.- Ordinárias/MV
30,00% _ Preferenciais/MV
25,00%
+-~~~qk_6;;:.,L--~~-=-:::=~~~~
-6- Dí\1das CP/MV
20,00% -hf-/J~~...- .•...
~~--P~~~~~
15,00% ~'IE---------'....,.",-". -.-DMdas lP/MV
10,00% +---------"-=---------
5,00% +------------------
0,00% -f-------,----,--.---------r-....,---..---,---,--r---r------.
_cnOJ ~ g,.... g,tt-.D\n.:, ~ ~ ~ ~ g,'b g,OJ
~ ••••C5 -cC5 ••••C5 ~- ••••C5 -cC5 ••••C5 ~- ~ ~
É possível verificar que o Gráfico 6 é muito mais instável que o Gráfico 5. A utilização de ações
ordinárias e preferenciais apresenta-se superior à utilização de endividamento nos anos de
1989, 1993, 1994, 1995, 1996 1997 e 1999, sendo que a proporção de ações ordinárias é
maior que ações preferenciais. A utilização de dívidas de CP apresenta-se superior ao
endividamento de lP, exceto nos anos de 1994 e 1999, quando as proporções se igualam.
Não é possível analisar nenhuma tendência, tanto com relação à integração ao mercado
internacional de capitais, quanto com relação ao período de estabilização inflacionária.
aBook Leverage H
Utilizando a proporção de cada fonte de recursos sobre o valor contábil ("Book leverage"),
obteve-se, na média do período analisado, endividamento de curto prazo de 26,57% e de longo
prazo de 16,97%. A utilização de ações ordinárias foi de 30,81% e de 25,64% a de ações
preferenciais.
40,00% -r------------------,
35,00% +--J-r~~~:;;;;;;4~.__-----____I
-+-%Açóes
30,00% h~7\?-'"o:::::::;:~:o::::a1~~?71 Ordinárias/Book Value
25,00% +---""....-r-'---'o:---------:z'''l:1:::----*---t -0-% Ações
preferenciais/Book Value
20,00% +------~=---_v_~!=::::::!~~
--tr- % Passno
15,00% +---=---~~_=sF---------1 Circulante/Book Value
10,00% +-----------------1 -M-% Exigíwl LP/Book
Value
5,OOOÁl
+----------------1
0,00% -I--,---r--,--,---r-,----,.-,---,---,r---l
Por termos incluído todo o Passivo Circulante e Exigfvel a Longo Prazo, as proporções de
endividamento aumentaram com relação ao estudo anterior (Passivo Oneroso). A utilização de
ações como fonte de recursos é prioritária durante os anos de 1991 até 1995, sendo que ações
ordinárias é mais utilizada que ações preferenciais. A proporção de utilização de PC manteve-
se superior, 7% na média, ao ELP durante todo o período do estudo, exceto em 1999, quando
essas proporções se igualam. A partir de 1995, a utilização de endividamento começa a
aumentar partindo de 23%-PC e 14%-ELP, atingindo em 1999 aproximadamente a mesma
proporção de 30%. Em contrapartida, as ações partiram de 34%-ordinárias e 28%-preferenciais
em 1995, atingindo 21%-ordinárias e 17%-preferenciais em 1999.
É possível verificar aumento de endividamento de longo prazo a partir de 1992, com maior
acesso das empresas ao mercado internacional de capitais e maior endividamento a partir de
1995, com estabilização.
"Market Leverage"
-+-%Ações
50,00% Ordinárias/MarketValue
~% Exígiwl a LP/Market
Value
o Passivo Circulante apresenta-se como fonte de recursos prioritária durante todo o período do
estudo, exceto no ano de 1994, quando se iguala com a proporção de ações preferenciais. A
utilização de ações ordinárias aparece como segunda maior fonte de recursos. Em último lugar,
as fontes de recursos endividamento de longo prazo e ações preferenciais alternam-se ao
longo dos anos.
o gráfico é mais instável do que "book leverage", não sendo possível avalíar nenhuma
tendência dos níveis de endividamento.
5.1.3.3 Amostra com 40 empresas (excluindo Petrobrás e Vale do Rio Doce) - Passivo
Oneroso
Não estaremos analisando o "Market leverage" porque, como já foi ressaltado nos itens 5.1.3.1
e 5.1.3.2, a estrutura de capital apresenta maior variabilidade durante o período contemplado
pelo estudo, dificultando a análise das prioridades na utilização de cada fonte de recursos.
Tabela 11- Estrutura de Capital- "Book Leverage" Passivo Oneroso - Amostra Parcial
Pré- Pós-
!Amostra Parcial Média Integração .. Integração Inflacionário Estabilização
Ações Ordináriasl
BookValue 31.56% 35.61% 30.05% 34.49% 28.05%
Ações
preferenciaisl
BookValue 35.86% 41.32% 33.82% 39.73% 31.22%
Dívidas de CPI
BookValue 16.22% 12.22% 17.72% 13.09°~ 19.98%
% Dívidas de lPI
Book Value 16.36% 10.85% 18.42% 12.69% 20.76%
45,00% -r--------------------,
40,00% ~~-O~-~...__--_=__---------I
l==========~~:!~:;;jJ
••• -~,__-,__---"'''''"=------;
35,00% +-----' ••••.---:;;
-+- Ordinárias/BV
30,00%
25,00% -m- Preferenciais/BV
20;00% -l--------?d'~;rlf~~~ -O- Or.,;das de CP/BV
15,00% +---.:.=-----,:-:-::;;~~*="F------_l -.- Oí~das de lP/BV
10,00% +-.'~--~--------------I
5,00% -1--------------------1
0,00% +--..,r--,--.--..,r---,--.--..,r---,--,--..,r---!
n.fõCb n.Cb<::;n.Cb.... n.Cb"'"n.Cb'b n.cI' n.Cb~ n.Cb!ô n.~ ~Cbfõ n.cfIJ
~J ~J ~J ~J ~J ~J ~J ~J ~J ~ ~J
No primeiro ano contemplado por este estudo, 1989, a proporção de ações ordinárias e
preferenciais é de 40% e 42%, respectivamente. A proporção de dívidas de CP e LP é de 10%
e 8%, respectivamente. A partir de 1990, a utilização de ações começa a diminuir e o
endividamento a aumentar. Em 1999, as fontes de recursos utilizadas são: ações preferenciais,
28%; ações ordinárias, 26%; endividamento de longo prazo, 25%; e endividamento de curto
prazo, 22%.
É possível verificar o aumento de endividamento de longo prazo após 1992 com a integração
ao mercado internacional de capitais; assim como o aumento de endividamento a partir de
1995, com a estabilização.
5.1.3.4 Amostra com 40 empresas (excluindo Petrobrás e Vale do Rio Doce) - PC e ELP
Pré- Pós-
!Amostra Parcial Média Integração Integração Inflacionário Estabilização
PC+ELP 1989~1999 1989-1991 1992-1999 1989-1994 1995--1999
Ações Ordináriasl
BookValue 25.30% 28.67% 24.04% 28.03% ~.03%
Ações
preferenciais/Boo~ ---
Value 28.77% 33.31% 27.07% 32.30% 24.53%
Passivo
Circulante/Book
Value 28.15% 26.28% 28.85% 25.86% 30.89%
Exigível LP/Book
Value 17.78% 11.74% 20.04% 13.81% 22.55%
40,00% .-------------------,
35,00% +---~u....:-----------~
30,00% ~~.t:---A>-==ir~~~C;;::_~'~---_l
-.- % Ações Ordinárias/Book
25,00% pC~;.,:::;;zr~~=::i~:i(~~~~~~ Value
20,00% -1-__ ~ ~=~::::i~:Q_j
~%Ações
15,OOOA! +------:-:--~~~~~~----~
preferenciais/Book Value
10,00% +-1'F----------------I
-tr- % Passbo
5,00% +-------------------1
CircuJante/Book Value
0,00% -!--..,.-...--..,.-...--..,.-...----,--...----,--..--I
m g O; ~ ~ ~ ~ SS Si m
m m m m m ~ m m m m
~m --*- % Exigr.el LP/Book Value
~ ~ ~ T"" T"" T"" T"" .••••..••••. "I:""'" T""
Confirma-se o aumento de endividamento de longo prazo a partir de 1992 com maior acesso
das empresas brasileiras ao mercado internacional de capitais e o aumento de endividamento a
partir de 1995, com o cenário de estabilização.
I Média de 11 anos
Amostra
Passivo
Total
PCeELP
Amostra
Passivo
Parcial
PCe ELPi
I,
i
(1989 até 1999) Oneroso Oneroso I
-: !
Nro de anos que lucros retidos 7 anos 5 anos 6 anos 6 anos
excedem investimentos
A primeira linha da tabela indica o número de anos em que lucros retidos foram iguais ou
excederam investimentos. Os resultados mostraram que as empresas conseguem financiar
seus investimentos em aproximadamente 6 dos 10 anos do estudo. Não há diferença relevante
entre o resultado com amostra total e amostra parcial indicando que as duas maiores empresas
atuam conforme as demais empresas menores.
A relação Investimentos e fontes de recursos pode ser analisada através da correlação entre
Investimentos e variação das dívidas de curto prazo, longo prazo e a "variável de chegada"-
emissão líquida de ações. Quando analisada a amostra parcial, a maior relação de
investimentos é emissão de novas ações (0,95), seguida por dívidas de curto prazo (0,28). Em
último lugar observa-se endividamento de longo prazo (0,15). Quando incluídas as empresas
maiores, a correlação com endividamento de LP passa de 0,15 para 0,28; enquanto que a
correlação com endividamento de CP cai para 0,26.
A alta correlação com emissão de novas ações é de difícil interpretação teórica, pois a variável
dA. é calculada através da igualdade do fluxo de caixa: Entradas de recursos = Saídas de
recursos, conforme explicitado em 4.2.3. dA. é resultado de (I. + DFt + Div. - Vt - OPa- dDLPt -
A amostra utilizada para realização dos testes econométricos está apresentada na tabela a
seguir, consistindo de empresas conforme já especidicado no item 5.1 deste trabalho, além das
empresas adicionadas especificamente para a realização das regressões.
Como descrito em 4.3.4, são definidas 16 regressões para cada ano de estudo. O primeiro ano
analisado por este estudo é o de 1991. Por ser necessário para a análise, que a empresa tenha
pago dividendos dois anos anteriores a esse e o primeiro ano com informações sobre
pagamento de dividendos é o ano de 1989, justifica-se, assim, o ano de 1991 como o ano
inicial para a análise aqui efetuada. O último ano contemplado por este estudo é o ano de
1999, resultando, portanto, em um total de 144 regressões.
Pela facilidade de cálculo, utilizou-se previamente o EXCEL para calcular as regressões e, com
seus resultados, determinar os valores TPt+1,TL 1t+1,TL2t+1,TL3t+1e TL4t+1.Além disso, foram
calculados os parâmetros médios, as médias da estatística-t e o R2 ajustado médio.
Em seguida, as regressões foram calculadas pelo E-VIEWS para que se pudesse confirmar os
resultados previamente calculados pelo EXCEL e obter resultados sobre indicadores de
multicolineatidade e autocorrelação.
=
~1) Dt+1IAt+1 ao +(a1+aNtlAt + B3Et!At+ a4dAtlAt + asln(At))Llt+1/At+1+__
8t_+1
__
(Regressão Dividendos)
Tabela 17: Regressão (1) Média dos 9 anos Correlação entre as Variáveis
A única variável que se mostra significativa em todo o período do estudo é a variável Vt!At que
indica oportunidade de investimento. Entretanto, o sinal não foi o esperado, de acordo com
"pecking order" e "tradeoff. Conforme Fama e French (2000), que obtiveram o mesmo
resultado em sua pesquisa, essa variável pode estar representando rentabilidade e, portanto,
passa-se a ter evidência a favor dos modelos de estrutura de capital "pecking order" e
"tradeoff: quanto maior a rentabilidade, maior o pagamento de dividendos.
As demais variáveis não apresentam serem significativas, estatisticamente. Esse fato pode
estar relacionado à existência de multicolinearidade entre as variáveis. A tabela 17 indica alta
correlação entre as variáveis.
Apesar de existir uma evidência contra os modelos de estrutura de capital, existe uma forte
evidência, presente em todas as regressões, da relação positiva entre a variável vt!At (que
pode estar representando rentabilidade) e a variável pagamento de dividendos.
A regressão (6) é igual à regressão (1), incluindo a variável TL 1t+1. Os resultados foram os
seguintes:
Tabela 21: Regressão (6) Média dos 9 anos Conelação entre as Variáveis
In(At)
Dt+1/At+1 1,00 0,92 0,54 0,28 1,00 0,93
VtJAt*(LLt+1/At+1) 0,92 1,00 0,62 0,34 0,93 0,86
EJAt(Llt+1/At+1) 0,54 0,62 1,00 0,26 0,54 0,45
dAtlAt*(Llt+lIAt+1) 0,28 0,34 0,26 1,00 0,28 0,34
In(At)*(Llt+1/At+d 1,00 0,93 0,54 0,28 1,00 0,94
Tlt+1*(Llt+1/At+1) 0,93 0,86 0,45 0,34 0,94 1,00
Incluindo a variável TL 1t+1,não ocorreu alteração relevante nos resultados. A variável "target
leverage" não se apresentou significativa, estatisticamente. Existe problema de
multicolinearidade entre as variáveis. A tabela 21 indica alta correlação entre as variáveis. Não
há problema de autocorrelação, sendo que a média da medida Durbin-Watson é de 1,88.
Essa regressão possui o papel de confirmar o resultado obtido na regressão (1). A única
variável significativa durante todo o período do estudo foi VtlAt, confirmando a relação positiva
entre rentabilidade e pagamento de dividendos, caso a variável esteja representando
rentabilidade.
\(7) dDt+1/At+1":'
So+{a,Llt+1/At+1+ a2Dt1At+1
+ B3dAt+1/At+1
+ et~+1 _
__._J
(Regressão Dividendos)
r~!_:~:1~At+1= a~ +!f!~~
+ ~~~ ~~~~ In(At~~_~ TPt+2_~~~~~t:1_~ __._.~
(Regressão A1avancagem)
As médias geradas pela regressão (2) não apresentam resultados significativos, com baixo
grau de explicação, e variáveis estatisticamente não significativas. Por isso os resultados não
são apresentados.
~
' __
LPt+1Nt+1=·ao
o _
+ aNJAt + S2EJAt + B30Pt/At+ a..1n(At) + aSTPt+1
••••••• ,,,. • ,~~_, __ • ~ __ ~
+ ~dAtlAt+ e.+1
.~ • ~ ~~ ...:. ~ • • ~ _____'
1
(Regressão Alavancagem)
R2 ajustado: 0,38
o grau de explicação do período estabilização inflacionária (0,39) é maior que o da média dos
9 anos (0,35) e da média do período inflacionário (0,38). Não há problema de multicolineridade,
conforme análise da correlação entre as variáveis. A medida Durbin-Watson média é de 2,11,
indicando não existência de autocorrelação.
R2 ajustado: 0,30
A regressão (5) que utiliza "market leverage" medido pelo Passivo Oneroso apresenta menor
grau de explicação que a regressão (4) que utiliza "market leverage" com Passivo Circulante e
Exigível a Longo Prazo.
A variável DPtlAt não se apresenta estatisticamente significativa, sendo que o sinal permanece
negativo.
Existe confirmação da relação negativa entre a variável Vt!At e alavancagem. Mas não é
possível, ainda, associar tal evidência a favor da "pecking order" ou da "tradeoff', conforme
explicado na regressão (4) acima.
(Regressão A1avancagem)
(Regressão A1avancagem)
A regressão (10) apresenta ~ ajustado médio de 0,28 no período de 9 anos, também sem
apresentar variáveis significativas estatisticamente. Dessa forma, os resultados também não
são apresentados.
~~tts~:J:l::'\;~,L~:;~~:~a.;~r~~
(Regressão A1avancagem)
'Variéver"
......
:.,.». . "Pr()xy", ". '...Cpeficiente .$ifial· " ,~,":',.E$tatísitica'tl
:'~. "" \ ,. ~,.l '. _ ."I . J:~ , .. .~~
TL1t+1 "Targetleverage" 0,031568 + 0,158422
LPtlAt Alavancagem
anterior -0,105538 -1,180215
dEt+1/At+1 Rentabilidade -0,211118 -1,833403
~t1/~t11 º~rt. InvestimJ b 215310
I::"~;;:"::,,,:-"J ê.9771~
dEtlAt+1 Rentabilidade -0,121227 -1,119949
dAtlAt+1 Oport. Investim. 0,014641 0,239960
2
R ajustado: 0,45
. Tabela 36: Regressão (11! Média dos 9 anos Correlação entre as Variáveis
A regressão (11) apresenta evidências a favor da "pecking order" simples para o período de
estabilização inflacionária.
A regressão (12) apresenta evidências a favor da "pecking order" simples para todo o período
do estudo.
l~_~~ ~_ .~~ J
(Regressão Alavancagem)
A regressão (13) apresenta evidências a favor da "pecking order" simples para todo o período
estudado.
(Regressão A1avancagem)
A regressão (14) confirma resultados obtidos pela regressão (13). A relação negativa entre
rentabilidade e alavancagem e a relação positiva entre oportunidades de investimentos e
alavancagem são confirmadas para todo o período do estudo.
2
O R ajustado do período de estabilização é maior (0,91) do que o do período inflacionário
(0,49). Não há indicação de multicolinearidade nem de autocorrelação (Durbin-Watson médio -
2,14).
A regressão (14) apresenta evidências a favor da "peckinq order" simples para todo o período
do estudo.
(:15yd(Ldt+1/At~d=··àó +:ai(TL2t+1:.·.~:LdtlAt)f~dEt~.1/At+1.··.:I-·a~dAt+1/At+1.
+:àsd~At+1"+~sdNAt+1
ftarget leverage D
e
alavancagem Q,345644 ffi g,088313,
dEt+1/At+1 Rentabifidade -0,233396 -0,719312
dAt+1/At+1 Oport. Investim. 0,168524 + 1,048229
dEJAt.1 Rentabifidade -0,170246 -0,433563
dAJAt+1 Oport.lnvestim. -0,006174 -0,159534
2
R ajustado: 0,24
I
(TLt+d-(LdJAt) 1,00 -0,13 0,04 0,02 0,14
dEt+1/At+1 -0,13 1,00 -0,04 -0,14 -0,19
dAt+1/At+1 0,04 -0,04 1,00 -0,05 -0,09
dEtlAt+1 0,02 -0,14 -0,05 1,00 0,17
dAtlAt+1 0,14 -0,19 -0,09 0,17 1,00
A regressão (15) testa o modelo "tradeoff', através da variável (TL2t+1 - LtIAt). Apresentou-se
significativa com sinal positivo durante o período inflacionário e deixou de ser estatisticamente
significativa no período de estabilização. É uma evidência de que a alavancagem é "mean
reverting" durante o período inflacionário. O coeficiente da variável é de 0,51,é uma medida de
velocidade de ajuste da alavancagem à alavancagem "target".
__
!
+8t+1
-'--. . ~-_.~
A regressão (16) apresentou menor grau de explicação que a regressão (15),sem variáveis
estatisticamente significativas. Os resultados da regressão (16) não são apresentados.
Com todas as regressões e resultados obtidos, é necessário apresentar um quadro com todas
as evidências obtidas e, com isso, poder analisar qual modelo de estrutura de capital melhor
explica as decisões de endividamento das empresas da amostra.
A partir dessa tabela, é possível analisar, do lado direito, Alavancagem como variável
dependente com evidências contraditórias. A partir da regressão (11) em diante, há evidências
a favor da "pecking order" simples, relação negativa da Alavancagem com rentabilidade e
relação positiva com oportunidades de investimentos. As regressões (4) e (5) apresentam
evidências a favor da "tradeoff' e "pecking order" complexa, relação negativa entre
Alavancagem e oportunidades de investimentos. A variável que representa oportunidades de
investimentos, nas regressões (4) e (5), é VJAt que contém informações sobre rentabilidade.
Essa questão resolve também as evidências das regressões de Dividendos (1) e (6) que
apresentaram relação positiva entre Dividendos e oportunidades de investimentos, também
representada pela variável VJA.. Representando rentabilidade, confirma-se a relação positiva
entre Dividendos e rentabilidade, conforme ambos os modelos "pecking order" e "tradeoff'.
Considerando que VJA. esteja mesmo representando rentabilidade, a tabela resumo das
evidências empíricas se altera. Para melhor visualização, as colunas de alavancagem e
volatilidade foram excluídas, pois não se obteve resultados estatisticamente significativos.
Segue a nova tabela resumo das evidências a partir dos resultados das regressões.
Renfabil ...\
Média 9 anos
1 +
4
5
6 +
7 +
11 +
12
13 +
14 +
Média 95-99 (Perlodo Estabilização)
1 +
4
5
6 +
7 +
11 +
12 +
13 +
14 +
Média 91-93 (Perlodo Inflacionârio)
1 +
2
4
5
6 +
7
11
12
13 +
14 +
Com essa nova tabela, tomam-se visíveis as fortes evidências a favor do modelo ·pecking
order" simples, mesmo desconsiderando os resultados das regressões (1) a (6) que
apresentaram multicolinearidade.
para verificar se a alavancagem varia em tomo de uma média, de acordo com o conceito
teórico do modelo "tradeoff. Essa evidência não é confirmada durante o período de
estabilização inflacionária.
Outra evidência a favor do modelo "tradeoff é a relação negativa entre Alavancagem e DptlAt,
que representa créditos tributários. Quanto maior o crédito tributário, menor a empresa poderá
aproveitar a dedutibilidade da despesa de juros decorrentes de empréstimos.
6. CONCLUSÃO
6.1 CONCLUSÃO
Para atingir esses objetivos, selecionou-se amostra incluindo as maiores empresas a partir da
base de dados Economática com disponibilidade de informações durante o período de estudo
(1988 até 1999). Essa restrição fez com que a amostra se limitasse a aproximadamente 40
empresas.
Foram aplicadas duas metodologias. A primeira delas refere-se ao cálculo dos retornos
corporativos e análise da estrutura de endividamento, níveis de investimentos realizados e
fontes de recursos utilizadas. Consistiu basicamente na aplicação da fórmula de cálculo de taxa
interna de retomo, cálculo de médias de graus de endividamento e investimentos e correlação
de investimentos com as fontes de recursos, considerando a amostra selecionada como um
grande projeto de investimento. A segunda parte da metodologia refere-se ao teste do modelo
de decisão de estrutura de financiamento, aplicando modelo econométrico de regressão linear
múltipla já testado no mercado americano, para a amostra selecionada.
A pesquisa foi realizada, conforme descrita no capítulo 5, incluindo seus resultados. A seguir,
apresentam-se as conclusões do trabalho.
Não foi possível confirmar a hipótese. Obtiveram-se taxas de "IRR on cost" inferiores às taxas
"IRR on value" devido ao fato do valor de mercado das empresas ser inferior ao valor contábil
no ano de início do estudo.
Estimou-se uma taxa de retorno do setor corporativo de 14,99%, taxa essa que pode também
ser interpretada como uma estimativa de custo de capital agregado, portanto, um indicador
para que as empresas possam calcular seus próprios custos de capital, após ajustes aos riscos
específicos. Fama e French (1999), estimaram "IRR on vaíue" de 5,95%.
!
H.ipótese 11:As empresas são capazes de ge.·rar recursos internamente para financia.r seus!
investimentos. .. j
A hipótese foi confirmada. O resultado obtido na comparação entre volume de investimento e
geração de caixa, ano a ano, foi que em 6 dos 10 anos de estudo, as empresas apresentaram
geração de caixa superior ao volume de investimentos.
Apenas como referência, Fama e French (1999) calculam a média de entradas de caixa sobre
valor contábil de 15,11 % e investimentos sobre valor contábil de 13,12%.
Apesar de conseguirem gerar grande entrada de caixa, maior que o investimento bruto, as
empresas realizam alta proporção de pagamento de juros e dividendos: considerando Amostra
Total, 7,14% do valor contábil em pagamento de juros e 1,46% em pagamento de dividendos.
Considerando Amostra Parcial, pagamento de juros sobre valor contábil sobe para 9% e
pagamento de dividendos também sobe para 1,74%.
Como referência, Fama e French (1999) obtiveram 2,34% do valor contábil em pagamento de
juros e 3,65% em dividendos.
Hipótese /11:As empresas passam a utilizar maiores proporções de fontes de financiamento dei
longo prazo a partir de meados de 1990, quando acessam financiamentos no mercado!
internacional. !
Essa hipótese foi confirmada. Os gráficos 7, 9 e 10 de "Book Leverage" apresentam tendência
de aumento de endividamento de longo prazo a partir de 1991, considerando tanto Passivo
Oneroso, como também, Exigível a Longo Prazo. O gráfico 5 (Amostra Total, Passivo Oneroso)
não apresenta aumento de endividamento. Esse resultado não deve ser utilizado para teste da
hipótese por apresentar viés devido à influência das duas maiores empresas da amostra,
Petrobrás e Vale do Rio Doce. O gráfico 9, equivalente ao gráfico 5, considerando Amostra
Parcial apresenta tendência de aumento do Passivo Oneroso de longo prazo. Considerando
Amostra Total-Passivo Oneroso, a média antes de 1991 (1989 até 1991) era de 12,01% e
passou para 15,15% no período de 1992 até 1999. Considerando Amostra Parcial-Passivo
Oneroso, a média antes de 1991 era de 10,85% e passou para 18,42% após 1991.
Como referência, vale citar que na pesquisa de Fama e French (1999), a média de
endividamento de longo prazo é de 24,99%.
Como referência, na pesquisa de Fama e French (1999), obteve-se correlação de 0,79 com
emissão de dívidas de longo prazo e 0,60 com emissão de dívidas de curto prazo.
e.'.'"1:.0
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trad~óff."·,,
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.e.mi>.
'H ' .... :,',
..,.~.'
.ca
..• Pi.t.al1
·c·. !
A hipótese VI é confirmada. Os resultados obtidos pelos testes econométricos apresentam
fortes evidências a favor do modelo "pecking order" simples para todo o período do estudo.
As regressões de Alavancagem (variável dependente) (4), (5), (11), (12), (13) e (14)
apresentam evidências a favor da "pecking order", considerando todos os anos do estudo
(1991 até 1999), através da relação negativa entre Alavancagem e Rentabilidade e relação
positiva entre Alavancagem e Oportunidade de Investimento.
As regressões de Dividendos (variável dependente) (1), (6) e (7) confirmam a relação positiva
entre Pagamento de Dividendos e Rentabilidade a favor de ambos os modelos "pecking order"
e "tradeoff', conforme previsto.
Apesar das fortes evidências a favor da "pecking order", existe uma forte evidência a favor do
modelo "tradeoff' durante o período inflacionário, através da medida de velocidade de ajuste de
0,51. Neste período, verificou-se que as empresas apresentaram menores graus de
alavancagem e uma estrutura de capital mais estável. Outra evidência a favor do "tradeoff' é a
relação negativa entre crédito tributário e alavancagem, obtida na regressão (4).
A relação negativa entre alavancagem e rentabilidade é consistente com resultados obtidos por
Nakamura (1992) e Tedeschi (1997).
A relação positiva entre alavancagem e a variável valor de mercado sobre valor contábil,
representando oportunidades de investimentos, também não foi constatada por Tedeschi
(1997). Entretanto, obtivemos evidência a favor da relação positiva entre alavancagem e
oportunidade de crescimento, quando esta é representada por percentual de variação do ativo.
Tem-se, portanto, mais uma evidência de que a variável valor de mercado não esteja
representando oportunidade de investimento, mas sim, rentabilidade.
Há resultados inconsistentes com aqueles obtidos por Eid (1995), que demonstra que as
empresas (Sociedades Anônimas, Limitadas, Associações, Fundações e outras) utilizam como
principal fonte de recursos os empréstimos bancários, em seguida ações ordinárias e, em
último lugar, os lucros retidos. Outra constatação obtida por Eid (1995) inconsistente com os
resultados aqui obtidos é o de que as empresas de capital aberto utilizam como principal fonte
de recursos as ações ordinárias. Obtivemos esse resultado quando analisada a amostra total.
Entretanto, na amostra parcial, obtivemos como principal fonte de recursos ações preferenciais.
Outra constatação que merece destaque é a de que considerando somente Passivo Oneroso,
como também Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo, os resultados apresentaram
evidências a favor da "pecking order". As regressões (4), (5), (11), (12), (13) e (14) que
apresentaram evidências a favor da "pecking order", utilizam variável dependente
Alavancagem, medida por Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo as regressões (4), (11),
(12), (14); e medida por Passivo Oneroso as regressões (5) e (13). Esse aspecto foi apontado
por Tedeschi como sugestão para pesquisa futura.
o segundo resultado refere-se à capacidade das empresas de gerar recursos suficientes para
realizar seus investimentos. Terceiro, as empresas utilizam o valor de mercado para definir
seus níveis de endividamento. O endividamento medido pelo valor de mercado não explicou
movimentos esperados da estrutura de capital agregada.
Quinto, o modelo que melhor explica as decisões de busca de recursos por parte das empresas
é ·pecking order" simples, modelo baseado na assimetria de informações. A empresa utiliza
prioritariamente recursos gerados internamente; em seguida, endividamento e, como última
prioridade, emissão de ações, de acordo com seus investimentos (necessidade de recursos).
Chegamos a esse resultado através das evidências: (i) relação positiva entre endividamento e
oportunidade de investimentos, ou seja, quanto maiores as oportunidades de investimentos,
maior o endividamento e (ii) relação negativa entre endividamento e rentabilidade, ou seja,
quanto menor a geração de caixa da empresa, maior o endividamento. As empresas terão que
utilizar a segunda prioridade de fonte de recursos para suprir as necessidades de caixa, caso
lucros retidos não sejam suficientes.
6.3 UMrrAçÕES
o trabalho realizado apresenta uma série de limitações. A primeira é que a amostra utilizada
pode apresentar viés por incluir somente as empresas de grande porte, que foram
selecionadas de acordo com a disponibilidade de informações. Essa fato nos leva a ressaltar
que os resultados obtidos são válidos para as maiores empresas, no Brasil, não se podendo
generalizar os resultados para todas as empresas. O período estudado também apresenta-se
como limitação, pois ainda é muito curto. O estudo de Fama e French (1999) analisou o
período de 1951 até 1996. Testes de reversão à média, como foi realizado através das
regressões (15) e (16), devem ser realizados utilizando-se períodos mais longos de tempo.
Da amostra utilizada, duas empresas (Petrobrás e Vale do Rio Doce) possuem tamanho muito
maior que o restante das empresas, podendo gerar viés no estudo referente ao Retomo
Corporativo, o qual utiliza valores absolutos (moeda corrente). Entretanto, os resultados foram
apresentados levando-se em consideração a amostra total e a amostra parcial, a qual exclui
essas duas empresas para que se pudesse verificar qualquer viés gerado por influência dessas
empresas.
O banco de dados utilizado também é fator de limitação da pesquisa por não oferecer
informações continuamente ao longo dos anos. Descontinuidade de fornecimento de
informação de uma conta nos leva à perda de grande quantidade de observações.
O aspecto acesso ao mercado internacional de capitais não foi analisado no nível individual de
cada empresa, mas apenas considerando o grau de endividamento agregado.
Outra sugestão consiste na ampliação do período analisado, incluindo anos anteriores a 1988,
a fim de testar a hipótese "mean reverting" do modelo "tradeotf" e, assim, verificar qual dos dois
modelos "pecking order" e "tradeoff' apresentam evidências mais fortes, considerando um
cenário inflacionário. Uma metodologia que poderia ser aplicada é a de Sunder e Myers (1998).
Uma terceira sugestão consiste na segmentação das empresas por tamanho e por setor,
analisando-se possíveis diferenças de estrutura de capital e modelo de decisão de
financiamento entre setores e diferenças de tamanho.
Uma quarta sugestão seria verificar a influência do acesso ao mercado internacional de capitais
na estrutura de financiamento das empresas: as empresas que acessam tal mercado deveriam
apresentar endividamento de prazo mais longo, enquanto que as empresas restritas ao
mercado doméstico apresentariam endividamento mais curto.
A quinta sugestão seria incluir em qualquer um dos trabalhos empíricos, além do método de
regressão, normalmente utilizado nessa área, o método de questionário, como utilizado por
Graham em sua pesquisa de campo. Seria um trabalho inédito por estar abordando duas
metodologias complementares e poderia oferecer maiores evidências sobre as decisões de
estrutura de capital, pagamento de dividendos e investimentos, no Brasil.
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