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26/09/2020 AVA UNINOVE

Alfabetização e novas tecnologias


DISCUTIR OS PRESSUPOSTOS E DESAFIOS IMPOSTOS AO ALFABETIZADOR NO CONTEXTO DAS NOVAS

TECNOLOGIAS QUE ESTÃO PRESENTES NO SÉCULO XXI.

AUTOR(A): PROF. FLAVIA RENATA ALVES DA SILVA

AUTOR(A): PROF. NADIA CONCEICAO LAURITI

Legenda: TAG: TECNOLOGIAS DIGITAIS, INFRAESTRUTURA TECNOLOGICA, NGN

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          A aprendizagem da língua escrita acompanha o tempo histórico em que se vive. Houve uma época em
que o lápis e o papel eram os únicos recursos disponíveis para se escrever dentro ou fora da escola. Com o

passar do tempo, primeiro surgiram as máquinas de escrever e depois os computadores. As salas de aula

não se apropriaram desses recursos. Os computadores hoje, invadiram todos os ambientes e fazem parte da

rotina das pessoas que as utilizam socialmente para escrever. Por essa razão, a escola não pode ignorar esse
novo contexto da escrita no processo de alfabetização.

          Claro está, entretanto, que a simples presença de novas tecnologias não garante a aprendizagem das

crianças. É preciso que a mediação do professor propicie desafios e reflexões sobre a leitura e a escrita.
Mesmo antes de ler e escrever convencionalmente, a criança pode interagir com o computador por meio de

atividades voltadas para a alfabetização. Afinal, muitas crianças têm contato com as letras nos teclados do

computador ou dos celulares e podem usá-las para escrever palavras de acordo com suas hipóteses, mesmo

que não seja da forma convencional.


INSERIR OBJETO (CRIANÇA INTERAGINDO COM O COMPUTADOR)

                  Como você já viu, na década de 1980, Emília Ferreiro revolucionou as práticas de alfabetização ao

pesquisar o modo como as crianças aprendem e as fases pelas quais passam, apoiando seu estudo na
Epistemologia Genética de seu orientador Jean Piaget. À época, suas ideias sobre a aquisição da leitura e da

escrita pela criança estavam reunidas principalmente na obra “Psicogênese da Língua Escrita” que, desde
1985, passou a ser uma referência para os alfabetizadores. Para a pesquisadora argentina, a alfabetização

não é um estado, mas um processo longo “de início incerto e de final impossível”, ou seja, não é possível

precisar o início dessa aprendizagem nem a sua conclusão, pois as mudanças tecnológicas no mundo

contemporâneo impõem novas aprendizagens sobre a leitura e a escrita. Para ela, estar alfabetizado no

século XXI implica poder transitar de modo eficiente por entre as novas práticas sociais ligadas à escrita

nos atuais contextos mediados pelas novas tecnologias.


          Os professores e os alunos mudaram com a utilização dos novos recursos de comunicação que foram

criados e que trazem à cena novos tipos de textos, originando novos comportamentos leitores e escritores,

que precisam ser estudados e utilizados também no processo de alfabetização.

          No livro “O Ingresso na Escrita e nas Culturas do Escrito”, publicado em 2013, Emília Ferreiro afirma

que os recursos tecnológicos não são a salvação para o déficit da alfabetização, porém com a ajuda deles

ocorrem práticas que auxiliam esse processo e o trazem para um contexto compatível com o espaço-tempo

atual.
                  Nessa obra, a autora destaca algumas contribuições das tecnologias para o ensino da leitura e da

escrita:

          - Elas tornam mais acessíveis às crianças uma grande diversidade de textos, aspecto esse que é

essencial na alfabetização;

          - As tecnologias favorecem mais autonomia para o aluno que tem à sua disposição ferramentas como,

por exemplo, corretores ortográficos que apontam problemas da escrita independentemente das

intervenções do professor;
          - As tecnologias apresentam-se também como fonte alternativa de informações, para além dos livros

didáticos e dos professores.

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          Emília Ferreiro não utiliza o termo “letramento”, mas o incorpora ao processo de alfabetização, vale
dizer, trata da alfabetização em um contexto de letramento. Muitos pesquisadores como Magda Soares e

Roxane Rojo separam os dois termos e chamam as técnicas de codificação e decodificação de

“alfabetização” e a compreensão e os usos sociais da escrita de letramento. Para Emília Ferreiro, Ana

Teberosky e Telma Weisz, entretanto, entender a aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa

técnica e independente do ingresso à cultura letrada é um equívoco. Uma deve andar sempre ao lado do

outro, pois apesar de serem processos diferentes eles são inseparáveis. É preciso alfabetizar letrando.

 
O letramento digital das crianças

                  A alfabetização é resultante de um longo processo que abrange maturidade, psicomotricidade,

memorização, vivências individuais e coletivas de letramento, consciência fonológica, estímulos orais e

escritos. Diante desse contexto são construídos os conceitos de letras, sílabas, palavras, textos... Assim, as

atividades oferecidas aos alunos nesse processo precisam ser muito variadas. Os estímulos podem utilizar
não apenas massa de modelar, lápis de cor, giz de cera, tintas, papéis variados, mas também telas de

computador, tablets etc.

                  Engana-se quem acredita que a tecnologia só oferece jogos para distrair as crianças. Muitos

aplicativos são destinados à alfabetização, estimulando habilidades cognitivas, motoras, visuais, espaciais e

auditivas.

INSERIR OBJETO – CRIANÇA INTERAGINDO COM TABLET/COMPUTADOR

          Emília Ferreiro defende que alfabetizar no século XXI inclui todos os objetos em que circulam textos
e imagens. Para ela, “Alfabetização digital” é um termo que tem sido usado para designar um tipo de

aprendizagem da escrita que envolve signos, gestos e comportamentos necessários para ler e escrever no

computador e em outros dispositivos digitais.

          Podemos pensar em uma alfabetização feita com instrumentos digitais como um tipo de letramento

em que se cruzam diferentes sistemas de representação (letras, sinais gráficos, ícones, cores, sonoridades,

imagens fixas e em movimento) no mesmo suporte. Esses sistemas interferem no gesto de escrever e no

próprio pensamento da criança sobre o funcionamento da escrita.


          As pesquisas realizadas por Emília Ferreiro evidenciam que o computador não interfere na construção

do conceito de representação da escrita alfabética, entretanto a sua utilização influencia a criança em

outros aspectos como:

          - Na ideia que a criança cria sobre espaçamento e sobre a disposição do texto na página;

          - Nos tamanhos e formas das letras com as quais ela interage;

          - No papel dos ícones e símbolos em oposição às letras e números etc.

         

                  Para a pesquisadora argentina, o cruzamento entre os signos verbais e visuais cada vez mais

influenciará na aprendizagem da escrita e, por essa razão, a escrita no computador precisa fazer parte dos
saberes e práticas ensinados e praticados na escola, pois vários gestos da cultura digital as crianças

aprendem também fora da escola por meio de celulares, jogos, brinquedos eletrônicos etc.

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          As crianças precisam aprender a ligar a máquina, compreender a composição do teclado, os símbolos

que nele aparecem, identificar a função de cada tecla, além de também saber digitar as letras, operar com a

tela, interagir com os ícones e manusear o mouse. Dessa forma, essa espécie de alfabetização digital é um

dos componentes do letramento digital e ambos devem ser ensinados pelo alfabetizador, pois a escola não

pode mais ignorar esse novo entorno tecnológico que promove importantes mudanças nas práticas de

leitura e de escrita. Como se vê, essas mudanças tecnológicas trouxeram maiores exigências ao trabalho do

alfabetizador, porque ocorreram alterações nas práticas da leitura e da escrita no mundo contemporâneo.

          Hoje, as situações de leitura e escrita são mais complexas, mas o esforço cognitivo das crianças para

compreenderem o sistema de escrita alfabética que permite desvendar a relação entre a língua oral e as
marcas escritas, isto é, entre os fonemas e os grafemas, mantém-se. Por essa razão, permanece também a

necessidade de se colocar as crianças desde muito cedo, em contato com a escrita nos diferentes suportes

Qual a idade para se alfabetizar?

          Emília Ferreiro e outros pesquisadores sobre a alfabetização insistem na ideia de que a criança “não

pede permissão ao adulto” para se alfabetizar. Trata-se de um processo que se inicia muito cedo desde que

as oportunidades de contato com a cultura escrita sejam dadas. Cabe ao professor identificar por meio de

sondagens periódicas se o processo já começou e em que fase se encontra a criança, já que ela já chega â

escola sabendo muita coisa. É preciso o reconhecimento pelo professor dos saberes que ela já traz para a

escola.

          O linguista e especialista em alfabetização Luiz Carlos Cagliari defende que aos 5 anos uma criança

está mais do que pronta para ser alfabetizada, basta o professor desenvolver um trabalho correto de ensino
e de aprendizagem na sala de aula. Nessa idade, ela já conheceu celulares, computadores, tabletes e já pode

ter interagido com diferentes suportes da escrita

“Por razões ideológicas, interesses políticos e econômicos, somadas, a uma postura


tradicionalista de pessoas que trabalham nos órgãos públicos da educação, ficou

estabelecido que a alfabetização, no Brasil, começaria aos 6 anos [...] Duvidar da

capacidade de aprender das crianças de 5 anos é um grande equívoco” 

(CAGLIARI, 2009, P.108)

Outra questão debatida pelo linguista é a discussão sobre em quanto tempo se alfabetiza. A esse respeito o

autor afirma:

“Se a escola eliminar o entulho do período preparatório, se for clara e objetiva,

priorizando a decifração da escrita como segredo da alfabetização e dedicando uma hora

por dia às atividades específicas, todos os alunos aprenderão a ler (com mais ou menos

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dificuldade) em dois ou três meses de trabalho. Esse é o tempo suficiente para que os

alunos aprendam a decifrar o que está escrito” 

(CAGLIARI, 2009, P.111)

           Não é possível pensar em escrita como CODIFICAÇÃO, como um código de barras, mas sim como um

sistema de representação em que é preciso associar fonemas e grafemas. Para que isso ocorra é preciso

uma imersão da criança na cultura escrita por meio da interação com diferentes objetos sociais como livros,

calendários, revistas, gibis, dicionários, jornais, livros de receitas, livros de histórias infantis, coletâneas de

lendas, computadores, tablets, celulares etc...

          Já a partir da Educação Infantil, a criança deve ser introduzida no universo da cultura escrita. Para
poder ter acesso aos diferentes suportes da escrita. Emília Ferreiro insiste na importância das bibliotecas de

sala (“cantinhos de leitura”) que são imprescindíveis tanto na Educação Infantil quanto nos anos iniciais do

Ensino Fundamental.

DE OLHO NA PRÁTICA 1

ALFABETIZAÇÃO E JOGOS DIGITAIS

                  Os jogos digitais têm um papel importante no processo de alfabetização, pois desenvolvem a

concentração, o raciocínio lógico além de incentivar a leitura e a escrita, pois o ato de jogar exige

movimentação mental e permite que a criança explore suas hipóteses sobre a escrita para avançar pelas

etapas da alfabetização por meio da experimentação.

          Débora Garofalo em interessante artigo de outubro de 2017 apresenta algumas ferramentas digitais

que ajudam na alfabetização e tornam o ambiente de aprendizagem lúdico, interativo e envolvente.

          Para maior detalhamento pesquise:

1. Aulas animadas desenvolvidas pelo Instituto Paramintas e reúnem uma


serie de jogos relacionados à alfabetização. Essa plataforma oferece
propostas de plano de aula e propostas pedagógicas nessa área.
2. Ludo primeiros passos – A ferramenta é bem atrativa e colorida, além de
apresentar recursos que auxiliam e exploram os diferentes níveis de
alfabetização ao associar sons a imagens, aumentando a complexidade de
acordo com o avanço das crianças, chegando a sílabas, palavras e frases.
3. Escola Games que traz uma série de jogos educativos em que destacam: a)
Forme Palavras; b) Voo Mágico; c) Alfabeto de Bolhas.
4. Tux Paint que permite que as crianças possam livremente criar suas
histórias de uma forma lúdica;
5. HagáQuê é um software educativo de apoio à alfabetização que foi
desenvolvido pela Unicamp e auxilia as crianças a criarem histórias em
quadrinhos.
6. Livros Digitais – Desenvolvido pelo Instituto Paramintas, permitindo que as
crianças avancem na alfabetização, criando e compartilhando suas próprias

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histórias. Esse programa permite escolher quatro layouts, adicionando


fotos, ilustrações e textos.
A autora conclui o artigo mostrando a importância de o professor investir no planejamento e no contexto

em que os ambientes digitais serão utilizados, considerando sempre a hipótese de escrita em que seus

alunos estão propondo as atividades em duplas produtivas.

INSERIR OBJETO: IMAGEM DE CRIANÇAS JOGANDO

         

SAIBA MAIS

                  Para conhecer outras ferramentas interativas que auxiliam na alfabetização consulte:


http://porvir.org (http://porvir.org/).

          O portal “Porvir” dá algumas outras dicas de recursos digitais e plataformas que podem ser aplicadas

na alfabetização:

A. Pé de Vento (ambiente digital de aprendizagem com jogos, músicas,


contação de histórias voltado para alunos do primeiro ano. A plataforma é
gratuita e está disponível na Educopédia).
B. Tartaruga Turbinada (livro digital) que permite que a criança leia e interaja
com a história, mesmo sem estar completamente alfabetizada. O livro
possui acesso gratuito e está disponível online).
C. Forma palavras (Jogo online que estimula a leitura e a escrita. O jogo simula
o cenário de uma fábrica e solicita que os jogadores organizem letras até
formarem a palavra indicada pela imagem.
 

DE OLHO NA PRÁTICA 2

          Escolha um dos jogos digitais sugeridos nesta aula e elabore um plano de aula para crianças em fase

inicial de alfabetização.

ATIVIDADE

Considerando a alfabetização no contexto das novas tecnologias,

assinale a única alternativa CORRETA.

A. A presença da tecnologia nas salas de aula atuais garante uma

aprendizagem eficiente da leitura e da escrita.

B. É preciso que as atividades desenvolvidas em sala de aula propiciem

reflexões sobre o funcionamento da escrita alfabética.

C. O computador só deve ser utilizado nos anos iniciais, depois de as

crianças aprenderem a ler e escrever convencionalmente.

D. Estar alfabetizado no século XXI significa poder transitar de modo


eficiente por entre as novas práticas sociais ligadas à escrita, em novos

contextos mediados pela tecnologia.

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