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26/09/2020 AVA UNINOVE
A aprendizagem da língua escrita acompanha o tempo histórico em que se vive. Houve uma época em
que o lápis e o papel eram os únicos recursos disponíveis para se escrever dentro ou fora da escola. Com o
passar do tempo, primeiro surgiram as máquinas de escrever e depois os computadores. As salas de aula
não se apropriaram desses recursos. Os computadores hoje, invadiram todos os ambientes e fazem parte da
rotina das pessoas que as utilizam socialmente para escrever. Por essa razão, a escola não pode ignorar esse
novo contexto da escrita no processo de alfabetização.
Claro está, entretanto, que a simples presença de novas tecnologias não garante a aprendizagem das
crianças. É preciso que a mediação do professor propicie desafios e reflexões sobre a leitura e a escrita.
Mesmo antes de ler e escrever convencionalmente, a criança pode interagir com o computador por meio de
atividades voltadas para a alfabetização. Afinal, muitas crianças têm contato com as letras nos teclados do
computador ou dos celulares e podem usá-las para escrever palavras de acordo com suas hipóteses, mesmo
Como você já viu, na década de 1980, Emília Ferreiro revolucionou as práticas de alfabetização ao
pesquisar o modo como as crianças aprendem e as fases pelas quais passam, apoiando seu estudo na
Epistemologia Genética de seu orientador Jean Piaget. À época, suas ideias sobre a aquisição da leitura e da
escrita pela criança estavam reunidas principalmente na obra “Psicogênese da Língua Escrita” que, desde
1985, passou a ser uma referência para os alfabetizadores. Para a pesquisadora argentina, a alfabetização
não é um estado, mas um processo longo “de início incerto e de final impossível”, ou seja, não é possível
precisar o início dessa aprendizagem nem a sua conclusão, pois as mudanças tecnológicas no mundo
contemporâneo impõem novas aprendizagens sobre a leitura e a escrita. Para ela, estar alfabetizado no
século XXI implica poder transitar de modo eficiente por entre as novas práticas sociais ligadas à escrita
criados e que trazem à cena novos tipos de textos, originando novos comportamentos leitores e escritores,
No livro “O Ingresso na Escrita e nas Culturas do Escrito”, publicado em 2013, Emília Ferreiro afirma
que os recursos tecnológicos não são a salvação para o déficit da alfabetização, porém com a ajuda deles
ocorrem práticas que auxiliam esse processo e o trazem para um contexto compatível com o espaço-tempo
atual.
Nessa obra, a autora destaca algumas contribuições das tecnologias para o ensino da leitura e da
escrita:
- Elas tornam mais acessíveis às crianças uma grande diversidade de textos, aspecto esse que é
essencial na alfabetização;
- As tecnologias favorecem mais autonomia para o aluno que tem à sua disposição ferramentas como,
por exemplo, corretores ortográficos que apontam problemas da escrita independentemente das
intervenções do professor;
- As tecnologias apresentam-se também como fonte alternativa de informações, para além dos livros
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Emília Ferreiro não utiliza o termo “letramento”, mas o incorpora ao processo de alfabetização, vale
dizer, trata da alfabetização em um contexto de letramento. Muitos pesquisadores como Magda Soares e
“alfabetização” e a compreensão e os usos sociais da escrita de letramento. Para Emília Ferreiro, Ana
Teberosky e Telma Weisz, entretanto, entender a aprendizagem do sistema de escrita como uma etapa
técnica e independente do ingresso à cultura letrada é um equívoco. Uma deve andar sempre ao lado do
outro, pois apesar de serem processos diferentes eles são inseparáveis. É preciso alfabetizar letrando.
O letramento digital das crianças
escritos. Diante desse contexto são construídos os conceitos de letras, sílabas, palavras, textos... Assim, as
atividades oferecidas aos alunos nesse processo precisam ser muito variadas. Os estímulos podem utilizar
não apenas massa de modelar, lápis de cor, giz de cera, tintas, papéis variados, mas também telas de
Engana-se quem acredita que a tecnologia só oferece jogos para distrair as crianças. Muitos
aplicativos são destinados à alfabetização, estimulando habilidades cognitivas, motoras, visuais, espaciais e
auditivas.
Emília Ferreiro defende que alfabetizar no século XXI inclui todos os objetos em que circulam textos
e imagens. Para ela, “Alfabetização digital” é um termo que tem sido usado para designar um tipo de
aprendizagem da escrita que envolve signos, gestos e comportamentos necessários para ler e escrever no
Podemos pensar em uma alfabetização feita com instrumentos digitais como um tipo de letramento
em que se cruzam diferentes sistemas de representação (letras, sinais gráficos, ícones, cores, sonoridades,
imagens fixas e em movimento) no mesmo suporte. Esses sistemas interferem no gesto de escrever e no
- Na ideia que a criança cria sobre espaçamento e sobre a disposição do texto na página;
Para a pesquisadora argentina, o cruzamento entre os signos verbais e visuais cada vez mais
influenciará na aprendizagem da escrita e, por essa razão, a escrita no computador precisa fazer parte dos
saberes e práticas ensinados e praticados na escola, pois vários gestos da cultura digital as crianças
aprendem também fora da escola por meio de celulares, jogos, brinquedos eletrônicos etc.
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As crianças precisam aprender a ligar a máquina, compreender a composição do teclado, os símbolos
que nele aparecem, identificar a função de cada tecla, além de também saber digitar as letras, operar com a
tela, interagir com os ícones e manusear o mouse. Dessa forma, essa espécie de alfabetização digital é um
dos componentes do letramento digital e ambos devem ser ensinados pelo alfabetizador, pois a escola não
pode mais ignorar esse novo entorno tecnológico que promove importantes mudanças nas práticas de
leitura e de escrita. Como se vê, essas mudanças tecnológicas trouxeram maiores exigências ao trabalho do
alfabetizador, porque ocorreram alterações nas práticas da leitura e da escrita no mundo contemporâneo.
Hoje, as situações de leitura e escrita são mais complexas, mas o esforço cognitivo das crianças para
compreenderem o sistema de escrita alfabética que permite desvendar a relação entre a língua oral e as
marcas escritas, isto é, entre os fonemas e os grafemas, mantém-se. Por essa razão, permanece também a
necessidade de se colocar as crianças desde muito cedo, em contato com a escrita nos diferentes suportes
Emília Ferreiro e outros pesquisadores sobre a alfabetização insistem na ideia de que a criança “não
pede permissão ao adulto” para se alfabetizar. Trata-se de um processo que se inicia muito cedo desde que
as oportunidades de contato com a cultura escrita sejam dadas. Cabe ao professor identificar por meio de
sondagens periódicas se o processo já começou e em que fase se encontra a criança, já que ela já chega â
escola sabendo muita coisa. É preciso o reconhecimento pelo professor dos saberes que ela já traz para a
escola.
O linguista e especialista em alfabetização Luiz Carlos Cagliari defende que aos 5 anos uma criança
está mais do que pronta para ser alfabetizada, basta o professor desenvolver um trabalho correto de ensino
e de aprendizagem na sala de aula. Nessa idade, ela já conheceu celulares, computadores, tabletes e já pode
Outra questão debatida pelo linguista é a discussão sobre em quanto tempo se alfabetiza. A esse respeito o
autor afirma:
por dia às atividades específicas, todos os alunos aprenderão a ler (com mais ou menos
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dificuldade) em dois ou três meses de trabalho. Esse é o tempo suficiente para que os
Não é possível pensar em escrita como CODIFICAÇÃO, como um código de barras, mas sim como um
sistema de representação em que é preciso associar fonemas e grafemas. Para que isso ocorra é preciso
uma imersão da criança na cultura escrita por meio da interação com diferentes objetos sociais como livros,
calendários, revistas, gibis, dicionários, jornais, livros de receitas, livros de histórias infantis, coletâneas de
Já a partir da Educação Infantil, a criança deve ser introduzida no universo da cultura escrita. Para
poder ter acesso aos diferentes suportes da escrita. Emília Ferreiro insiste na importância das bibliotecas de
sala (“cantinhos de leitura”) que são imprescindíveis tanto na Educação Infantil quanto nos anos iniciais do
Ensino Fundamental.
DE OLHO NA PRÁTICA 1
concentração, o raciocínio lógico além de incentivar a leitura e a escrita, pois o ato de jogar exige
movimentação mental e permite que a criança explore suas hipóteses sobre a escrita para avançar pelas
Débora Garofalo em interessante artigo de outubro de 2017 apresenta algumas ferramentas digitais
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em que os ambientes digitais serão utilizados, considerando sempre a hipótese de escrita em que seus
SAIBA MAIS
O portal “Porvir” dá algumas outras dicas de recursos digitais e plataformas que podem ser aplicadas
na alfabetização:
DE OLHO NA PRÁTICA 2
Escolha um dos jogos digitais sugeridos nesta aula e elabore um plano de aula para crianças em fase
inicial de alfabetização.
ATIVIDADE
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