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Objetivo
Apresentação geral das obrigações tributárias, principais e acessórias, das entidades imunes,
previstas pela Constituição da República (art. 150, inciso VI, alínea "b" e/ou “d”), no que toca a
esfera federal e Municipal.
A Constituição brasileira coloca entre os casos de imunidade tributária para entidades sem
fins lucrativos, os Templos de Qualquer Culto e as Instituições de Educação e de Assistência Social,
Sem Fins Lucrativos atendidos os requisitos da lei, não os eximindo, porém, de prestarem
informações. Devido a isso, a Receita Federal, órgão que fornece o CNPJ para que as entidades
acima tenham existência formal junto à esfera federal do Estado brasileiro, exige a entrega de uma
declaração denominada DIPJ (Declaração de Imposto de Pessoa Jurídica), onde deverão estar
contidas as informações financeiras e patrimoniais da entidade, com suas flutuações durante o ano
anterior a entrega.
Já da isenção, lhes aproveita esse beneficio às entidades assim previstas em lei, no caso
semelhante, pelo art. 15 da Lei 9532/97, Instituições de caráter Filantrópico, Recreativo, Cultural e
Científico e as Associações Civis que Prestem os Serviços para os quais houverem sido instituídas e
os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos.
Para todos os casos, exceto as entidades imunes que se enquadram em templos de qualquer
culto, há a obrigação legal (Lei nº 9.532, de 1997, art. 12, § 2º e Código Tributário Nacional Artigo
14, III) de obrigações acessórias (escrituração de livros formais) sob pena de perda da imunidade
ou isenção (art. 32, Lei 9.430/96). Para as que se enquadraram com templos, não há esta obrigação
expressa na Constituição ou na Lei Tributária. Trata-se de um caso de preferência legislativa ou
lacuna legal.
A Receita Federal, porém, independente da legalidade de tal exigência, exige a escrituração
sob pena de perder a isenção e imunidade (veja trecho do site colado mais adiante).
A não entrega dentro do prazo ou a entrega com imprecisões, no que se considera como não
entregue, enseja multa e restrições no CNPJ da entidade, como Inatividade do CNPJ em até 5 anos e
classificação como Omissão depois desse prazo. Em casos graves, como desvio da finalidade da
entidade, etc..., pode-se, inclusive, abrir procedimento administrativo de investigação e julgamento,
onde a pena final pode ser a cassação (existe é claro, todo um processo com direito a defesa, etc..).
Ocorre que a entrega correta da referida declaração, e ainda mais, dentro do prazo, é
temerária sem a constante escrituração dos livros e a correta manutenção da documentação.
Vale ressaltar que os Livros, Balancetes e Balanços a escriturar, só serão considerados como
aptos a produzirem efeitos legais, se forem executados conforme determinados procedimentos e
requisitos técnicos e legais. Sua elaboração, inclusive, é prerrogativa do profissional contábil (Art.
39 do DL5844/43, Artigo 819 do RIR, NBTC2-1 e Resolução CFC 563/848).
Abaixo, trecho de texto elaborado pela Receita Federal, retirado do site da mesma
(http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2005/pergresp2005/pr24a31.htm) :
024 Quais as pessoas imunes do imposto de renda que estão sujeitas à entrega da DIPJ?
São imunes do imposto sobre a renda e estão obrigadas a DIPJ:
a. os templos de qualquer culto (CF/1988, art. 150, VI, "b");
b. ......
c. as instituições de educação e as de assistência social, sem fins lucrativos (CF/1988, art. 150, VI, "c").
Para gozo da imunidade, as instituições citadas em "b" e "c" estão obrigadas a atender os requisitos:
a. ...
b. ...
c. manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a
respectiva exatidão;
d. conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem
de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham
a modificar sua situação patrimonial;
e. Apresentar, anualmente, a DIPJ, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal;
Multa mínima aplicada pelo atraso ou falta de entrega da DIPJ é de R$ 500,00 (quinhentos reais).
Declaração que não atenda às especificações técnicas: Considera-se não entregue a declaração que não
atender às especificações técnicas estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal. O sujeito passivo será
intimado a apresentar nova declaração, no prazo de dez dias contados da ciência à intimação, e sujeitar-se-á à
multa já mencionada anteriormente.
Em qualquer dos casos supracitados (itens a e b) a multa mínima a ser aplicada será de R$ 500,00,
(quinhentos reais) podendo ser reduzida em 50% se pagos antes de findo o prazo legal de impugnação ou em
30% se pagos dentro do prazo de 30 dias da ciência da decisão de primeira instância
Considerar-se-á não entregue a declaração que não atender às especificações técnicas estabelecidas pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Nessa hipótese, o sujeito passivo será intimado a apresentar
nova declaração, no prazo de dez dias, contados da ciência da intimação, e sujeitar-se-á à multa prevista no
inc. I do art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002
OBS:
1) As empresas inativas em determinado trimestre mas obrigadas a entregar a declaração (empresas com
movimento em trimestre anterior do mesmo o ano) estão sujeitas à multa por atraso na entrega no valor de
R$200,00, podendo ser reduzida em 50% se pagos antes de findo o prazo legal de impugnação ou em 30% se
pagos dentro do prazo de 30 dias da ciência da decisão de primeira instância
2) Outrossim, a lei 10.426/2002 prevê a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez)
informações incorretas ou omitidas na DCTF.
SOBRE A DACOM
A Receita Federal editou a Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, instituindo
o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) em substituição ao Demonstrativo
de Apuração da Contribuição para o PIS/Pasep não-cumulativo (DAPIS).
Estão obrigadas à entrega do Dacon as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são
equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, submetidas à apuração da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), nos regimes
cumulativo e não-cumulativo, inclusive aquelas que apuram a Contribuição para o PIS/Pasep com
base na folha de salários.
Não estão obrigados à apresentação do Dacon, ainda que se encontrem inscritos no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), ou que tenham seus atos constitutivos registrados em
cartórios ou Juntas Comerciais:
- o consórcio constituído na forma .....................;
- a pessoa física que individualmente preste serviços profissionais.............................;
- a pessoa física que explore .......................;
.........
- as pessoas jurídicas imunes e isentas do imposto de renda, cujo valor mensal das contribuições
a serem informadas no Dacon seja inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais); (A cada ano a
Receita cria algumas isenções dispensando da entrega, que devem, ser sempre verificadas
como exemplo em 2006)
- as pessoas jurídicas inativas.............................
MULTA DACOM
A pessoa jurídica que deixar de apresentar o Dacon nos prazos estabelecidos ou que apresentá-lo com
incorreções ou omissões, estará sujeito às multas de 2% (dois por cento) ao mês-calendário ou fração,
incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da Contribuição para o PIS/Pasep, informado no
Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega deste demonstrativo ou de entrega após o
prazo, limitada a 20% (vinte por cento) daquele montante,
Caso apresente com incorreções de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou
omitidas.
A multa mínima a ser aplicada será de:
I - R$ 200,00 (duzentos reais), tratando-se de pessoa jurídica inativa;
II - R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.
Observado os valores mínimos, as multas serão reduzidas:
I - em cinqüenta por cento, quando o demonstrativo for apresentado após o prazo, mas antes de qualquer
procedimento de ofício;
II - em vinte e cinco por cento, se houver a apresentação do demonstrativo no prazo fixado em intimação.
A única distinção permitida em nossa legislação vigente, para com as relações de trabalho,
são as que existem entre setor privado e setor público. Dentro do setor privado, as entidades imunes,
sem fins lucrativos, para a lei trabalhista, não se distinguem das demais entidades privadas.
Obrigatório então, a estas entidades, todas as formalidades legais comuns e rotineiras a quaisquer
outras empresas.
A única exceção é que, quem auxilie os serviços na entidade, seja voluntário. Assina um
termo declaratório conforme a Lei do Voluntariado ( LEI Nº 9.608/98), não se enquadrando, é claro,
nos quesitos que configurem a relação de empregado e empregador, como pessoalidade,
onerosidade, não eventualidade, subordinação, etc. Em relação ao Ministro Religioso, não se
considera como profissão o sacerdócio, podendo receber financeiramente quantia ou auxilio
somente a titulo de custeio. Pode recolher INSS e, se receber por serviço definido, deve recolher.
MULTA DA RAIS:
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO GABINETE DO MINISTRO PORTARIA Nº 14, DE 10 DE
FEVEREIRO DE 2006 - Aprova normas ”.......................”
Art. 1º Esta Portaria fixa parâmetros para a gradação da multa administrativa variável prevista “........”
Art. 2º O empregador que não entregar a RAIS no prazo legal ficará sujeito à multa prevista no art. 25 da
Lei nº 7.998, de 1990, a ser cobrada em valores monetários a partir de R$ 425,64 (quatrocentos e vinte e cinco
reais e sessenta e quatro centavos), acrescidos de R$ 53,20 (cinqüenta e três reais e vinte centavos) por
bimestre de atraso, contados até a data de entrega da RAIS respectiva ou da lavratura do auto de infração, se
este ocorrer primeiro. Parágrafo único. O valor da multa resultante da aplicação do previsto no caput deste
artigo deverá ser acrescido de percentuais, em relação ao valor máximo da multa prevista no art. 25 da Lei nº
7.998, de 1990, a critério da autoridade julgadora, na seguinte proporção:
I - de 0% a 2,5% - para empresas com 0 a 25 empregados;
II - de 2,6% a 5,0% - para empresas com 26 a 50 empregados;
.....
Art. 3º O empregador que omitir informações ou prestar declaração falsa ou inexata ficará sujeito à multa
prevista no art. 25 da Lei nº 7.998, de 1990, a ser cobrada em valores monetários a partir de R$ 425,64
(quatrocentos e vinte e cinco reais e sessenta e quatro centavos), acrescidos de R$ 26,60 (vinte e seis reais e
sessenta centavos) por empregado omitido ou declarado falsa ou inexatamente.
Art. 4º O valor resultante da aplicação dos arts. 2º e 3º será dobrado se o atraso na entrega ou correção do
erro ou omissão ultrapassar o último dia do ano de exercício para entrega da RAIS em referência.
Art. 5º As multas previstas nesta Portaria serão aplicadas em dobro no caso de reincidência, oposição à
fiscalização ou desacato à autoridade.
Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação. LUIZ MARINHO
A questão municipal é geralmente algo muito mais simples nesta área. A imunidade
desta categoria de entidades lhes protege da tributação municipal. O município, cada um do
país, tem autonomia para legislar, porem, não podem desrespeitar determinações
constitucionais e legais, e onerar de tributos as entidades protegidas pelo legislador com
imunidades ou isenções.
No primeiro caso, do ISS (que deve respeitar uma lista de atividades permitidas e
constantes duma Lei Complementar Federal), não incide esse imposto para organizações
religiosas visto que a assistência religiosa não é considerada serviço tributável, e se o fosse,
ainda assim está protegida com imunidade constitucional.
No Caso do Alvará, exigência essa em parte questionável, visto que se tornou quase
como imposto anual cobrado pelos municípios ao invés de uma real taxa cobrada somente na
abertura da pessoa jurídica, muitos municípios em suas leis têm isentado as organizações
religiosas desse expediente (entre outras atividades não lucrativas e beneficentes). Essa
isenção do pagamento da taxa não exime a entidade de pedir seu Alvará de Funcionamento,
inclusive porque este seria imprescindível para comprovar, em caso de questionamentos, ou
argumentações com autoridades por motivos diversos (principalmente de preconceito
religioso) a legalidade da entidade. Necessário então questionar no município a existência da
isenção.
No caso do IPTU, a questão é mais controversa. Muitos casos têm sido decididos em
tribunal. Em geral concede-se a favor da entidade religiosa a isenção do IPTU nos casos em
que seja próprio e no nome da entidade o local do templo. Essa exigência é ilegal, e tem sido
concedida na justiça a isenção, independente da titularidade do imóvel, bastando, e enquanto,
se comprovar a atividade não lucrativa e religiosa. Isso mesmo que o sacerdote ou ministro
religioso more no local, o tendo como habitação. Esse entendimento de isenção vai a tal ponto
que houve um caso mais extremo em que a Igreja Católica ganhou judicialmente isenção de
uma propriedade sua locada para uma atividade lucrativa e empresarial. Teve de comprovar
que e o aluguel recebido convertia-se inteiramente em favor de sua finalidade religiosa e não
lucrativa. Como se percebe, deve-se questionar o município em questão. Importante é o dono
do imóvel oficializar (seja qual for o instrumento, locação, cessão ou comodato) a relação com
a entidade, mesmo que o dono seja o próprio Ministro Religioso.
Em resumo
Caso a entidade pretenda ainda ser reconhecida como de Utilidade Publica em qualquer
esfera ou ainda conceder os benefícios da isenção do Imposto de Renda para beneméritos doadores
(RIR, art. 819) a exigência dos livros oficiais e demais declarações é inconteste.