Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
KENNY DALGLISH
Existem jogadores que se tornam símbolos de um clube, mesmo que eventualmente joguem
parte da carreira em outro lugar. Pelé está ligado eternamente ao Santos. Raí, ao São Paulo.
Baresi, ao Milan. Kenny Dalglish é uma lenda viva e um semideus para a metade vermelha de
Liverpool. Considerado o melhor jogador da Escócia em todos os tempos e, para os torcedores
dos Reds, o melhor jogador britânico da história, à frente de lendas como Bobby Moore ou
Kevin Keegan, Dalglish foi multicampeão como jogador e treinador, liderando o Liverpool no
período mais vitorioso da história do clube. Por isso, sua volta como treinador no final do ano
passado foi vista pelos mais fanáticos como a redenção dos Reds e o retorno às glórias.
Melhor jogador do campeonato inglês na temporada 1982/1983 e eleito em 2009 pela revista
Four Four Two como o maior atacante britânico após a Segunda Guerra Mundial, em 22 anos
de carreira Dalglish vestiu apenas o verde e branco do Celtic e o vermelho do Liverpool,
transformando-se em símbolo de ambas as equipes. Jogador com maior número de partidas
pela seleção da Escócia (102) e maior artilheiro (30, ao lado de Denis Law), disputou duas
Copas do Mundo (1978 e 1982) e foi peça importante de alguns dos momentos de mais brilho
dos times britânicos na Europa.
Logo seu talento chamou a atenção de clubes profissionais. Depois de testes no West Ham e
no Liverpool, assinou contrato em 1967 com o Celtic. Sean Fallon, lendário ex-jogador do clube
e na época assistente técnico, foi visitar Kenny e sua família em casa. Ao saber que Sean batia
à porta, Dalglish correu para o quarto e rasgou os pôsteres do Rangers que decoravam seu
quarto.
Os anos verdes
Dalglish chegou ao lado verde e branco de Glasgow aos 16 anos de idade, mas logo foi
emprestado ao Cumbernauld United, marcando 37 gols na temporada 1967/1968. No ano
seguinte, tornou-se profissional e foi presença constante no time reserva. Estreou com a
camisa do Celtic em um empate com o Hamilton Academical, nas quartas de final da Copa da
Liga da Escócia, mas somente três anos depois firmou-se como titular dos Bhoys. E em grande
estilo: em um amistoso contra o Kilmarnock, marcou seis dos sete gols do time na vitória por 7
a 2.
As dúvidas sobre a contratação foram por água abaixo na goleada sobre o Hamburgo de
Keegan no jogo de volta da Super Copa da UEFA de 1977: 6 a 0, com um gol de Dalglish. Em
sua primeira temporada pelos Reds, Dalglish jogou 62 partidas, marcando 31 gols, incluindo o
do título da Copa dos Campeões da Europa, contra o Bruges, da Bélgica.
O melhor ainda estava por vir. Com a contratação do jovem Ian Rush, em 1980, Dalglish passou
a contar com um companheiro de ataque de alto calibre e foi tricampeão inglês em
1981/1982, 1982/1983 e 1983/1984. O domínio na Inglaterra se refletiu na Europa, com a
conquista da Copa dos Campeões em 1980/1981 e 1983/1984. Premiado como o melhor
jogador do campeonato inglês na temporada 1982/1983, quando marcou 18 gols, esteve entre
os melhores da Europa na época, comparado a Zico, Platini, Maradona e Rummenigge.
Em 1985, Dalglish, com 12 títulos pelos Reds, tornou-se técnico do time, com a aposentadoria
de Joe Fagan após a tragédia de Heysel, quando 39 torcedores morreram e mais de 600
ficaram feridos por causa da ação dos hooligans britânicos antes da final da Copa dos
Campeões, entre Liverpool e Juventus. O incidente levou os times ingleses a serem suspensos
de competições européias por cinco anos e o Liverpool, por mais um, encerrando um período
de domínio absoluto das equipes do país no cenário internacional.
Aos poucos, a carreira do jogador-treinador foi migrando para o banco de reservas. Ian Rush
foi vendido à Juventus de Turim em 1987 e os jovens John Aldridge e Peter Beardsley foram
contratados para formar a nova dupla de ataque dos Reds. Dalglish entrou em campo apenas
duas vezes no campeonato inglês daquele ano, mas saiu campeão novamente. Em 1988/1989,
não jogou nenhuma partida. Em 05 de maio de 1990, aos 39 anos, fez sua última aparição
como jogador, em um jogo contra o Derby County.
Neste ano, o Liverpool conquistou seu terceiro campeonato inglês em cinco anos de
Dalglish como treinador, recebendo também o terceiro troféu de Técnico do Ano. Em
1991, deixou o cargo com a equipe ainda disputando os títulos do campeonato inglês e
da FA Cup. Sua aposentadoria, porém, durou pouco tempo.
Em junho de 1999, voltou ao Celtic como diretor de futebol, assumindo também o banco de
reservas do time no ano seguinte com a saída de John Barnes (que tinha sido uma aposta sua).
Foi campeão da Liga da Escócia com uma vitória de 2 a 0 sobre o Aberdeen, mas deixou o
clube ao final da temporada, insatisfeito com a dispensa de Barnes. Nos dez anos seguintes,
Dalglish deixaria o futebol de lado, cuidando da fundação The Marina Dalglish Appeal, para
levantar recursos para o tratamento do câncer.
Em abril de 2009, o então técnico do Liverpool, Rafa Benitez, ofereceu a Dalglish um cargo de
direção das categorias de base dos Reds. O ex-jogador e técnico tornou-se, então, também um
embaixador do clube. Em 2010, com a saída de Benitez, cresceram as pressões para que
Dalglish assumisse o cargo. Em vez disso, Roy Hodgson foi trazido do Fulham. Uma decisão
ruim: com um começo de temporada fraco, Hodgson foi demitido e Dalglish voltou a ser
técnico do time, como interino até o fim do campeonato. Com a recuperação da equipe na
Premier League ao longo da temporada, Dalglish assinou em maio um contrato de mais três
anos. Apesar de uma história brilhante como jogador e treinador, Dalglish parece disposto a
escrever novos capítulos e gravar seu nome mais uma vez na galeria de ídolos do Liverpool.
Ficha
Dalglish
Posição: Atacante
Clubes como jogador: Celtic (1969/1977) e Liverpool (1977/1990); 823 jogos, 336 gols