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DISCIPLINA
DIREITOS HUMANOS
CONTEUDISTAS
Telma Maria Melo Nazareth (Conteudista)
Daniel Ferreira do Rêgo (Revisor)
FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva – 1º SGT PM
• 2022 •
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
O CONTEUDISTA
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MÓDULO 1
1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES:
1.1 Direito
Direito é uma palavra que vem do latim directum, cujo significado remete a retidão,
adequação, certo, correto. Etimologicamente, Direito define-se como a “qualidade
daquilo que é regra”.
Nos sistemas jurídicos romano-germânicos, diferente do que ocorre nos sistemas
anglo-saxões, a palavra “direito” não apresenta sentido unífoco, denotando tanto o
sentido de direito objetivo quanto o sentido de direito subjetivo.
Se por um lado, no sistema anglo-saxão, a exemplo do Direito estadunidense, a
expressão law represente o direito objetivo, ou seja, o ordenamento jurídico – o conjunto
de normas jurídicas; por outro lado a palavra right aponta para o direito subjetivo que é a
prerrogativa de exigir o usufruto do conteúdo previsto nas normas.
Miguel Reale (Curso de Filosofia do Direito, 6.ed. São Paulo: Saraiva, 1972.v. 2, p.
617), menciona que o direito é “a vinculação bilateral atributiva da conduta para a
realização ordenada dos valores de convivência”.
Direito é o conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a regular a
vida humana em sociedade.
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1.2 Direito Internacional
3
1.3 Poder de Polícia
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presente quanto daqueles do porvir, surgem sempre como condição fundante
da vida (MORAIS, 2002, p.64).
Os direitos humanos são aqueles princípios ou valores que permitem a uma pessoa
afirmar sua condição humana e participar plenamente da vida. Tais direitos fazem com
que o indivíduo possa vivenciar plenamente sua condição biológica, psicológica,
econômica, social cultural e política. Os direitos humanos se aplicam a todos os homens e
servem para proteger a pessoa de tudo que possa negar sua condição humana. Com isso,
eles aparecem como um instrumento de proteção do sujeito contra todo tipo de
violência.
Os direitos humanos servem, assim, para assegurar ao homem o exercício da
liberdade, a preservação da dignidade e a proteção da sua existência. Trata-se, portanto,
daqueles direitos considerados fundamentais, que tornam os homens iguais,
independentemente do sexo, nacionalidade, etnia, classe social, profissão, opção política,
crença religiosa, convicção moral, orientação sexual e identidade de gênero. Eles são
essenciais à conquista de uma vida digna, daí serem considerados fundamentais à nossa
existência.
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Texto disponível na internet para pesquisa em 13/07/2015 - https://www.algosobre.com.br/nocoes-basicas-pm/direitos-humanos-e-
policia-perguntas-e-respostas.html
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Este ponto também pode ser ilustrado considerando-se a ação de um policial. Se
este policial, durante seu trabalho, agride fisicamente um suspeito durante uma
entrevista ou depoimento, intimidando essa pessoa a confessar um crime, essa ação seria
considerada criminosa (lesão corporal ou tortura), mas também seria uma violação aos
direitos humanos (proibição de tratamento degradante ou tortura). Mas, se por outro
lado um policial não estando de serviço, agindo por conta própria venha a agredir
alguém, esta ação seria criminosa, mas não uma violação dos direitos humanos.
Em ambos os casos apresentados o policial deverá ser punido pela lei criminal de seu
país, mas, no primeiro exemplo, a vítima tem o direito de proteção e indenização do
Estado.
Portanto, as violações dos direitos humanos são violações das normas pertinentes
do direito penal (âmbito nacional) e/ou Direito Internacional dos Direitos Humanos. Num
sentido legal restrito, os direitos humanos são violados somente quando o ato ou
omissão é imputável ao Estado.
A razão principal dos direitos humanos é lidar com um tipo específico de violação –
o abuso de poder pelo Estado. Os padrões internacionais de direitos humanos têm o
objetivo de prevenir que as pessoas se tornem vítimas desse abuso, assegurá-las e
protegê-las caso isto aconteça. Algumas violações de direitos humanos são atos
criminosos por si só – tortura, por exemplo, e execuções ilegais por funcionários do
Estado.
Os criminosos também têm direitos humanos, por exemplo, têm direito a um
julgamento justo e a um tratamento humano quando detidos. Uma vez sentenciados por
uma corte de justiça pelo cometimento de uma ofensa criminal, eles perderão o direito à
liberdade durante o tempo de cumprimento da sentença.
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Ângelo, M. Direitos humanos. São Paulo: Editora de Direito, 1998, p. 18 e s.
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c) imprescritibilidade - não desaparecem ou se extinguem com o decurso do tempo;
d) inalienabilidade - são intransferíveis, a título oneroso ou gratuito;
e) universalidade - destinados a todos, indistintamente. Não se exige uma
característica especial para ser titular de direitos humanos.
f) efetividade - devendo ser garantidos materialmente;
g) interdependência - de forma que há interatividade com os preceitos
constitucionais que dizem respeito aos direitos humanos e os demais ramos do Direito;
h) complementariedade - os direitos humanos deverão ser interpretados de forma
plurilateral, em concordância com princípios de direito público e privado, tanto a nível
nacional quanto internacionalmente.
i) historicidade – decorrem de um longo processo de conquista e positivação.
j) função contra majoritária – servem como uma autolimitação para que a vontade
da maioria não oprima os direitos das minorias.
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nossa vida), e não admite equivalente (ela está acima de qualquer outro princípio ou
ideia). Trata-se de algo que possui uma dimensão qualitativa, jamais quantitativa. A
dignidade possui um valor intrínseco, por isso uma pessoa não pode ter mais dignidade
do que outra.
A dignidade é o conceito que unifica toda a raça humana: independentemente de
sua origem, cor, etnia, sexo, idade, condição social, religião, crença política, situação
penal e outras características individuais e sociais, todos os seres humanos possuem a
mesma dignidade e, por isso, devem ser igualmente respeitados. É isto o que declara
expressamente o artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem: "Todas as
pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos."
Para Flávia Piovesan: “Os direitos humanos são inerentes à existência humana e
objeto de regulação internacional.” (PIOVESAN, 1996).
Na perspectiva da mesma autora, o fundamento base dos direitos humanos é a
dignidade, visto que se trata de uma qualidade que define a essência da pessoa humana,
um valor que confere humanidade ao sujeito. Em suas palavras:
Diz ainda:
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Enfoque teleológico: Fundamentado na imagem e semelhança de Deus.
A teoria das gerações tem como paradigma a evolução histórica dos direitos
humanos na ordem jurídica supra estatal e nas Constituições dos Estados
contemporâneos. Preconiza que o processo de criação de direitos humanos é contínuo e
inesgotável. Os defensores dessa teoria vinculam cada etapa civilizatória a valores
relevantes para a vida social. Sob a inspiração de determinado elemento axiológico,
surgem direitos com o mesmo perfil. Os direitos humanos não são estanques ou
incomunicáveis, mas complementares e conexos: integram-se uns aos outros para realizar
o ideal de dignidade humana.
4
Fonte:http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13317&revista_caderno=29
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Alguns autores preferem utilizar a nomenclatura “dimensões” de direitos humanos
por entenderem que a expressão gerações poderia transmitir a falsa ideia de superação
da geração anterior.
Seja como for, é importante pontuar que os direitos são complementares,
indivisíveis, interdependentes. Desta forma, assegurar o direito à vida (de primeira
geração) e sonegar o direito à saúde (de segunda geração), por exemplo, constitui
contradição haja vista que, sem saúde, o direito à vida resta violado.
A divisão em gerações tem origem didática. Apresentada por Karel Vasak na
conferência na conferência de Estrasburgo, em 1979, este se inspirou no lema da
revolução francesa, ao estabelecer a divisão. Destarte, direitos de primeira geração
apontam para a liberdade; os direitos de segunda geração para a igualdade e os de
terceira geração para a fraternidade. (MAZZUOLI, 2018, p. 51).
1ª geração:
2ª geração:
10
3ª geração:
MÓDULO 2
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ante qualquer interferência autoritária.
O artigo 4º da Constituição Federal de 1988 declara que, sobre qualquer lei nacional,
prevalecem os direitos humanos.
A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não intervenção;
V – igualdade entre os Estados
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político
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econômicos, sociais e culturais, como o direito ao trabalho e à educação e coletivos,
como o direito ao desenvolvimento. A garantia dos direitos humanos universais é feita
por lei, na forma de tratados e de leis internacionais, por exemplo.
História5
5
Fonte: Ministério da Justiça
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem um importante desdobramento
no ordenamento constitucional brasileiro.
Art.10. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São
dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
Art. 2ºI) Todo o ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, sejaraça, cor, sexo,
idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica
ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um
território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra
limitação de soberania.
Art. 5º.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
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VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, (...)
Art. 3º. Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
Art. 5º.
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei.
XLVII - não haverá penas:
c) de trabalhos forçados:
e) cruéis.
Art. 5º. Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel,
desumano ou degradante.
Art. 5º.
III. Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante
Art. 6º. Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido
como pessoa perante a lei.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
direito à vida, á liberdade, à segurança e á propriedade, nos termos seguintes: (...)
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Art. 7º. Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual
proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que
viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos Termos desta
Constituição.
Art. 8º Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe
sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Art. 5º.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei (...);
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
ou abuso de poder;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito
Art. 5º.
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei:
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
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Art. 10.
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública
por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e
deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
Art. 5º
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe dera lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa:
b) o sigilo das votações:
c) a soberania das vereditos:
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida
Art. 11.
I) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido
inocente até que sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em
julgamento público no qual lhe tenham sido assegurada todas as garantias necessárias a
sua defesa.
II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que no momento,
não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será
imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao
ato delituoso.
Art. 5º.
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal:
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu:
LVII: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória.
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Art. 12.
Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua família, em seu
lar ou em sua correspondência, nem a ataques á sua honra e reputação. Todo ser
humano tem direito á proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Art. 5º.
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação:
XI - a casa é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial:
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, (...)
Art. 13.
I)Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das
fronteiras de cada Estado.
II)Todo homem tem direito de deixar qualquer pais, inclusive o próprio, e a este
regressar.
Art. 5º.
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Art. 14.
I) Toda pessoa, vitima de perseguição, tem o direito de procurar e gozar de asilo
em outros países.
II) Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente
motivada por crimes de direito comum ou atos contrários aos objetivos e princípios das
Nações Unidas.
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Art. 4º.
X - concessão de asilo político.
Art. 5º § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a Republica Federativa do Brasil seja parte.
Art. 15.
I) Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de
mudar de nacionalidade.
Art. 12
São brasileiros;
I – natos: (...)
II – naturalizados: (...)
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados,
salvo nos casos previstos nesta Constituição.
Art. 16.
I) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,
nacionalidade ou religião, têm direito de contrair matrimônio e fundar uma família.
Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
II) O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos
nubentes.
III) A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem o direito à
proteção da sociedade e do Estado.
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casamento.
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por
qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º - Os direitos e deveres referentes á sociedade conjugal são exercidos igualmente
pelo homem e pela mulher
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade
responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado
propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada
qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º - O Estado assegurará a assistência á família na pessoa de cada um dos que a
integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Art. 17.
I) Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com os outros.
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Art. 5º.
XXII - e garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvada os casos previstos nesta Constituição.
Art. 18.
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de
manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela
observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
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Art. 5º.
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
suas liturgias.
Art. 19.
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito
incluía liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Art. 20.
I) Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacifica.
II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Art. 5º.
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso a
autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento,
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente
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Art. 21.
I) Todo ser humano tem direito de tomar parte no governo de seu país
diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
II)Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será
expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou
processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular
Art. 22.
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, e a
realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a
organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais
indispensáveis á sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
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Art. 23.
I) Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a
condições justas e favoráveis de trabalho e á proteção contra o desemprego.
II) Todo ser humano, sem qualquer distinção tem direito a igual remuneração por
igual trabalho.
III) Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e
satisfatória, que lhe assegure, assim como á sua família, uma existência compatível com
a dignidade humana, e a que se acrescentará se necessário, outros meios de proteção
social.
IV) Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para
proteção de seus interesses.
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa,
nos termos da lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;
IV – salário mínimo, fixado por lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
Art. 24.
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação razoável de
horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.
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Art. 7º.
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho:
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo negociação coletiva;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
Art. 25.
I) Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua
família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de
desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
II) A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas
as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma assistência social.
Art. 7º
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco
anos de idade em creches e pré-escolas;
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar á criança e ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito á vida, à saúde, á alimentação,
à educação, ao lazer á profissionalização, á cultura, à dignidade, ao respeito, á liberdade e
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á convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do
adolescente e do jovem admitida a participação de entidades não governamentais,
mediante políticas específicas e obedecendo os seguintes preceitos: I, II, 2º, 3º, 4º
Art. 229 - Os pais têm o dever de assistir e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Art. 26.
I) Todo ser humano tem direito á instrução. A instrução será gratuita, pelo menos
nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior,
esta baseada no mérito.
II)A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pela
liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância, e a
amizade entre todas as nações raciais ou religiosas, e coadjuvará as atividades das
Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será
ministrado aos seus filhos.
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Art. 206 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; (...)
Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso
na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito
V- acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um:
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e
assistência á saúde.
Art. 27.
I) Todo ser humano tem direito de participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus
benefícios.
II)Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais
decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Art. 5º.
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
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b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou
de que participarem aos criadores, aos intérpretes e ás respectivas representações
sindicais e associativas.
Art. 28. Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que
os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente
realizados.
Art. 5º.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Art. 29.
I) Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre
desenvolvimento de sua personalidade é possível.
II) No exercício de seus direitos e liberdades, todo homem estará sujeito apenas ás
limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem a satisfazer às justas
exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
III) Estes direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos
contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Art. 5º.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei.
Art. 30. Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o
reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer
atividade ou praticar ato destinado á destruição de quaisquer dos direitos e liberdades
aqui estabelecidas.
27
Art. 5º
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada.
Foto: http://www.pco.org.br/estados/presidios-da-paraiba-sao-denunciados-por-violacao-aos-direitos-humanos/zyiy,a.html
MÓDULO 3
1. TORTURA
A tortura é violação dos direitos humanos que atinge diretamente a pessoa humana,
em sua integridade física e psicológica.
Foto em:http://www.historiadigital.org/curiosidades/10-torturas-da-ditadura-militar/
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Tortura é tudo aquilo que deliberadamente uma pessoa possa fazer a outra,
produzindo dor, pânico, desgaste moral ou desequilíbrio psíquico, provocando lesão,
contusão, funcionamento anormal do corpo ou das faculdades mentais, bem como
prejuízo à moral. (ARNS, 1985, p. 282).
A tortura constitui uma das violações mais flagrantes dos direitos fundamentais dos
seres humanos. Destrói a dignidade das pessoas, degradando seu corpo e abrindo feridas,
muitas vezes irreparáveis, em sua mente e em seu espírito. As conseqüências nefastas
dessa terrível violação dos direitos humanos estendem-se à família das vítimas e a seu
círculo social. Com a prática da tortura os valores e princípios sobre os quais se assentam
a democracia e toda a forma de convivência humana perdem seu significado6.
A proibição de tortura é encontrada em vários tratados internacionais de direitos
humanos e tratados humanitários internacionais; também é considerado um princípio do
direito internacional geral. A proibição da tortura é encontrada no Artigo 5º da
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e em vários outros tratados
internacionais e regionais de direitos humanos.7
"Para fins da presente Convenção, o termo “tortura” designa qualquer ato pelo
qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais são infligidos
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa,
informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa
6
Protocolo Facultativo à Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes – Um Manual para a prevenção, Instituto Interamericano de Direitos Humanos IIDH, 2004, p. 11.
7
Combate à Tortura – Manual para Magistrados e Membros do Ministério Público, Conor Foley
8
Protocolo Facultativo à Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes – Um Manual para a prevenção, Instituto Interamericano de Direitos Humanos IIDH, 2004.
9
Contida na resolução A/RES/39/46, de 10 de dezembro de 1984, que entrou em vigor no dia 26 de junho de 1987.
29
tenha cometido, ou seja, suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta
pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação
de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um
funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, por sua
instigação, ou com seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará
como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de
sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram “10.
Embora haja diversas definições de tortura nos níveis internacional e regional, esses
elementos distintivos essenciais que aparecem na CCT são comuns a todas elas. O
enfoque adotado pelo direito internacional tem sido justamente evitar a elaboração de
uma lista exaustiva dos atos que podem ser considerados tortura, por conta do risco de
que essa lista se revele muito limitada no seu campo de abrangência e não seja capaz de
responder adequadamente aos avanços tecnológicos e valorativos das sociedades
democráticas.
A Convenção estabelece uma série de obrigações aos Estados Partes destinadas a
proibir e prevenir a tortura. Ela é importante, sobretudo porque contém uma definição de
tortura internacionalmente reconhecida e porque exige dos Estados Partes que sua
legislação nacional considere crime de tortura11. Estipula que o direito de não ser
torturado é inderrogável, o que significa que a proibição da tortura prevalece sob
quaisquer circunstâncias.
10
Ressalte-se que um ato não se torna uma sanção legítima somente pelo fato de estar previsto na legislação nacional, devendo guardar
consonância com os padrões internacionais.
11
A Convenção também estipula que os Estados Partes têm a obrigação de permitir o exercício da jurisdição universal relativa à punição da
tortura (Artigos 5 a 8). Quando esses crimes ocorrem, portanto, os tribunais nacionais gozam de plena jurisdição sobre a matéria,
independentemente do lugar onde se produziram os fatos, da nacionalidade dos réus ou da vítima. Por trás desses dispositivos está a ideia
de que alguns crimes, inclusive a tortura, são tão graves que seus autores devem ser julgados onde quer que estejam e não devem
encontrar esconderijo em nenhum canto do mundo.
30
Além disso, a Convenção obriga os Estados Partes a adotar medidas efetivas para
prevenir a tortura e outras formas de tratamento ou pena cruel, desumano ou
degradante. Nesse sentido, refere-se explicitamente à revisão dos métodos de
interrogatório, à garantia de investigações imediatas e imparciais, à garantia de que as
declarações obtidas sob tortura não tenham valor probatório, ao direito de obter
reparação e indenização, entre outros.
NOTA: O crime de tortura foi tipificado em 1997, através da Lei n. 9.445. A lei
brasileira, pois, ampliou o conceito de tortura trazido pela ONU na Convenção de 1984.
De acordo com ela, a tortura é crime comum, não exige a figura do funcionário público
como sujeito ativo.
31
"Art. 1º
Constitui crime de tortura:
I- constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira
pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
§ 1º. - “Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de
segurança, a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
em lei ou não resultante de medida legal”.
Caso No. 0002.00.04985 9-00, Vara 19, Fórum Criminal de São Paulo, 15 de agosto
de 2002 (Brasil)12
Dois homens foram detidos em 10 de janeiro de 2000, acusados de porte ilegal de
armas. Foram levados para o Jardim Ranieri, base da polícia militar recém-inaugurada na
zona sul da cidade de São Paulo, onde também foram indagados sobre um roubo durante
o qual um segurança havia sido morto.O segurança também era policial e trabalhava para
uma empresa privada durante suas folgas. Os policiais que investigavam o assassinato
receberam informações de que os dois homens detidos estavam envolvidos no roubo.
Passaram a interrogá-los a fim de obter uma confissão de culpa ou os nomes dos
responsáveis pela morte de seu colega.
As vítimas disseram que enquanto estiveram detidas no Jardim Ranieri elas foram
submetidas a várias torturas. Disseram que foram furadas e chutadas e sufocadas com
12
Combate à Tortura – Manual para Magistrados e Membros do Ministério Público, Conor Foley
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sacos plásticos colocados em suas cabeças. Uma delas também foi submetida a choques
elétricos com um fio exposto, conectado várias vezes a seu dedo anelar.
Subsequentemente, a vítima veio a perder esse dedo. Laudos médicos indicaram que as
lesões sofridas pelos homens eram coerentes com suas denúncias de haverem sido
torturados. Como resultado da tortura, as vítimas apontaram outro homem, apelidado de
‘Pezinho’ como envolvido no roubo no qual o segurança havia sido morto. ‘Pezinho’ foi
levado à delegacia do Jardim Ranieri sem ter sido formalmente preso. Ele, por sua vez,
apontou outro homem apelidado de ‘Alemão’, que teria sido o autor direto do
assassinato. ‘Alemão’ foi posteriormente morto a tiros pela polícia ‘enquanto resistia à
prisão’. Esses fatos vieram à luz quando o Governador de São Paulo foi convidado a
inaugurar a nova base policial do Jardim Ranieri, mais ou menos na mesma época. Após
ouvir boatos sobre o que havia acontecido, ele ordenou uma investigação completa, que
acabou resultando no processo judicial contra os policiais responsáveis. Dois policiais
foram condenados por terem diretamente realizado a tortura – e receberam penas de
oito e nove anos de reclusão, respectivamente. Um terceiro, o Chefe de Polícia da
Delegacia, foi condenado por não impedir ou investigar o crime e foi sentenciado a dois
anos de prisão. O juiz decidiu que ele havia deixado de cumprir seu dever de investigar as
ações de seus subordinados, apesar das inúmeras irregularidades envolvendo o caso e
que deveriam ser de seu conhecimento. Os dois policiais condenados pelos atos de
tortura também ficaram impedidos de assumir cargos públicos por um período após
haverem cumprido suas penas.
33
Percebam que a Tortura pode estar presente em todos os ambientes, por se tratar
de uma forma violenta e cruel de maltratar o ser humano. Sob um olhar mais amplo e
retirando o viés da estrita terminologia legal, podemos destacar ações tão cruéis com a
tortura, por exemplo, quando praticadas por grupos criminosos, quando praticada nos
ambientes familiares, quando praticada nas escolas, quando praticada enfim, nos diversos
ambientes de “convivência humana”.
Apesar de ainda existir casos de tortura praticados, infelizmente por agentes
governamentais, o fato é que, cada vez mais se têm focado na formação humanitária dos
servidores públicos, na necessidade de obediência a legalidade e a legitimidade.
De outra parte, não podemos jamais deixar que casos isolados de desvio de conduta
de servidores públicos (Policiais – Peritos – Agentes Penitenciários – Juízes, etc.) possam
macular a credibilidade e identidade Institucional.
Uma coisa é o agente outra é a Instituição e, para que esta seja preservada deve
muitas vezes como já vem acontecendo, cortar na própria carne expulsando de suas
fileiras estes “pseudo profissionais”.
O vídeo não tem o condão de forma alguma de denegrir imagem de Instituições ou
de seus agentes, muito pelo contrário, serve de alerta para que, na condição de futuros
profissionais busquemos com nossos atos preservar os Direitos Humanos, Denunciar
atrocidades e, desta forma, fazer cumprir o nosso papel de cidadãos.
MÓDULO 4:
APROFUNDAMENTO DO TEMA13
1. PROTOCOLO DE ISTAMBUL
13
Os exemplos de lesões e respectivos instrumentos são oriundos da Monografia “A Perícia Médico Legal como Instrumento de Prevenção
e Punição da Tortura”, Universidade de Brasília, aluno: Malthus Fonseca Galvão, Curso de Graduação em Direito, disponível na internet.
Acesso em 08/11/2014
http://www.malthus.com.br/rw/forense/Pericia_em_Casos_de_Tortura_monografia_malthus.pdf
34
Humanos, em 9 de agosto de 1999, consiste no documento mais completo que subsidia
os examinadores forenses sobre como devem proceder para identificação, caracterização
e elucidação do crime de tortura.
35
2. EXEMPLOS DE LESÕES E RESPECTIVOS INSTRUMENTOS,
IMPORTANTE COLABORAÇÃO DOS PERITOS FORENSES NA
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL NOS CASOS DE TORTURA.
Mão
Unhas
Soco
36
Mordida
Corda
Chinelo
Taco de Sinuca
37
Cano de ferro
Cabo de aço
Escada
Cubículo de Camburão
38
Chicote
Cacetete
Brasa de cigarro
39
CaceteteTonfa
Choque Elétrico
Mordaça
40
Projetil de arma de fogo
Produtos químicos14
14
RESENHAS E RESUMOS - A TORTURA NA DITADURA MILITAR
http://terracota-ju.blogspot.com.br/2012/09/a-tortura-na-ditadura-militar_274.html, acesso em 10/11/2014
41
MÓDULO 5
1. ESTUDO DE CASO15
15
Fonte de pesquisa: https://mamapress.wordpress.com/2015/05/07/o-estopim-um-filme-que-comeca-com-amarildo-e-ainda-nao-
terminou/ Disponível para pesquisa em 14 de julho de 2015.
42
MÓDULO 6
43
CAPÍTULO XII
DA MOTIVAÇÃO
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos
e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do
ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não
prejudique direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões
orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.
ARTIGO 9
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. Ninguém poderá
ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de
liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com os
procedimentos nela estabelecidos.
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da prisão e
44
notificada, sem demora, das acusações formuladas contra ela.
ARTIGO 14
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualmente, a, pelo
menos, as seguintes garantias:
a) De ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma
minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada;
MÓDULO 7
1.1 Introdução
45
Art. 1º [...]
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Assim como nas demais instituições da sociedade que utilizam normas para regular
as relações, a exemplo da família, das empresas, dos órgãos públicos, etc. no Estado não é
diferente, é necessário que, a par de existirem normas, essas normas possuam cogência,
ou seja, sejam vinculantes, cuja não observância possa implicar em sanção.
Desta forma, da mesma forma que no âmbito do poder familiar, a criança que não
realiza a tarefa escolar pode sofrer alguma reprimenda dos pais, no âmbito da sociedade,
o não cumprimento das normas pode ensejar punição.
Exemplificando, imagine que Caio, munido de uma arma de fogo do tipo pistola,
inconformado com o resultado da partida de futebol do seu time, realize disparos de
arma de fogo contra Tício, nesse cenário, caso capturado, ele será, caso a Autoridade
Policial com atribuição assim decida, preso em flagrante. Indiciado, denunciado,
pronunciado e, ao final, condenado, poderá sofrer a reprimenda de prisão.
O caso acima expõe um exemplo de exercício do poder estatal, poder este destinado
a fazer valer o cumprimento da lei (em sentido amplo), como forma de afirmação da
soberania estatal. Dentro desse contexto se encontra o agente de segurança pública,
autoridade erigida pela própria lei para assegurar o seu cumprimento.
46
Sobre a necessária observância da lei, assevera o Art. 9º I do Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos:
Nas palavras de Cees de Rover, no livro Servir e Proteger – direitos humanos e direito
internacional humanitário para forças policiais e de segurança editado pela Cruz
Vermelha,
“uso da força é qualquer restrição física imposta sobre uma pessoa para obter o
respeito à ordem (legal). O escopo é muito amplo, incluindo simplesmente o ato de tocar
um a pessoa; o uso de meios de restrição, como algemas,; métodos mais violentos, como
bater em uma pessoa; meios técnicos como o gás lacrimogênio e armas de choque
elétrico (conhecidas como tasers; até o uso de armas de fogo” (ROVER, pg. 261)
Com o objetivo de regular o uso da força, alguns dispositivos possuem importância
no cenário internacional, podendo exemplificar: 1) Código de conduta para os
funcionários responsáveis pela aplicação da Lei (Resolução 34/169 da ONU). 2) Princípios
básicos sobre o uso da força e armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela
aplicação da Lei. 3) Portaria interministerial MJ/SDH 4.2262020. 4) Lei 13.060/2014; 5)
Súmula vinculante 11 do STF.
Dentro desse contexto, não obstante a importância de se proceder à análise
completa de todas essas normas, alguns artigos serão analisados nesta apostila.
Aduz o Art. 3º do código de conduta para os encarregados de aplicação da lei:
Como visto, o uso da força se reserva aos casos estritamente necessários, na medida
exigida para o cumprimento do dever. Desta forma, imagine que em operação de
patrulhamento a polícia aviste pessoa foragida. Realizado acompanhamento e captura,
47
não havendo resistência por parte do agente, agressões posteriores não se apresentam
legítimas.
Alguns pontos relevantes podem ser extraídos da leitura dos Princípios básicos sobre
o uso da força e armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei:
Proteção à vida, liberdade e segurança. Importância da qualificação dos
encarregados de aplicação da lei (Preâmbulo).
Ameaças aos encarregados de aplicação da lei são consideradas ameaças à
sociedade em geral.
Dever de equipar os encarregados de aplicação da lei com vários tipos de armas.
Dever de recorrer a meios não violentos antes da arma de fogo.
Princípio 9. Os responsáveis pela aplicação da lei não usarão armas de fogo contra
pessoas, exceto em casos de legítima defesa própria ou de outrem contra ameaça
iminente de morte ou ferimento grave; para impedir a perpetração de crime
particularmente grave que envolva séria ameaça à vida; para efetuar a prisão de alguém
que represente tal risco e resista à autoridade; ou para impedir a fuga de tal indivíduo, e
isso apenas nos casos em que outros meios menos extremados revelem-se insuficientes
para atingir tais objetivos. Em qualquer caso, o uso letal intencional de armas de fogo só
poderá ser feito quando estritamente inevitável à proteção da vida.
48
Princípio 10. Nas circunstâncias previstas no Princípio 9, os responsáveis pela
aplicação da lei deverão identificar-se como tais e avisar prévia e claramente a respeito da
sua intenção de recorrer ao uso de armas de fogo.
Importa destacar que as vedações acima expostas não são incólumes a críticas visto
que buscam prever de forma abstrata vedações ao uso da arma por parte do policial.
Como se sabe, a atividade policial guarda extrema complexidade e somente uma análise
do caso concreto pode permitir às autoridades, Delegado de Polícia, Promotor de Justiça
e Magistrado uma decisão sobre a conveniência de indiciamento; denúncia e sentença,
respectivamente.
A lei 13.060/2014 disciplina o uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo
pelos agentes de segurança pública. A própria lei conceitua instrumentos de menor
potencial ofensivo como: ”Aqueles projetados especificamente para, com baixa
probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes, conter, debilitar ou incapacitar
49
temporariamente pessoas”.
Desta vez, sob a forma legal, preceitua a referida lei o dever de observância aos
princípios da legalidade, necessidade, razoabilidade e proporcionalidade. Prossegue,
afirmando em seu art. 2º:
Art. 2º [...]
Parágrafo único: Não é legítimo o uso de arma de fogo. I – Contra pessoa em
fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou
de lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros; II – Contra veículo
que desrespeite o bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato
represente risco de morte ou lesão aos agentes de segurança ou a terceiros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conteudista.
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REFERÊNCIAS
51
A Constituição Brasileira de 1988 e os Direitos Humanos: Garantias Fundamentais e
Políticas de Memória, publicação na internet, disponível para pesquisa em 07/11/2014.
http://revistacientifica.facmais.com.br/wp-content/uploads/2012/10/6.A-
Constitui%C3%A7%C3%A3o-Brasileira-de-1988-e-os-Direitos-Humanos-Dirceu-
Marchini1.pdf.
O que são os Direitos Humanos, disponível na internet para pesquisa em 13/07/2015
http://www.dudh.org.br/definicao.
REALLE, Miguel, Curso de Filosofia do Direito, 6.ed. São Paulo: Saraiva, 1972.
ROVER, Cees de. Servir e Proteger Direitos Humanos e Direito Internacional. Humanitário
para Forças Policiais e de Segurança. CICV, 2017.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril, 1980
(Coleção Os Pensadores)
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