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JORNALZINHO BEM-TE-VI

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Ano XII N. 21 Abril/2018

Bioágua traz economia


para o semiárido cearense
A relação da população do sertão nordestino uso doméstico para irrigação das plantas.
com o período de estiagem passou por importan- O Esplar – Centro de Pesquisa e Assessoria
tes transformações nos últimos anos. Antes vista desenvolve a implantação de sistema de reúso de
como algo a ser combatido, a seca começou a ser água através do projeto Educação Ambiental nas
tratada como um fenômeno normal da região a Escolas, financiado pela instituição internacional
partir da difusão de políticas sociais de convivên- ActionAid. A tecnologia já foi instalada em duas
cia com o semiárido. A implantação de cisternas regiões atendidas pelo Esplar: um bioágua na co-
para o armazenamento de água já é realidade em munidade Vila Rica, em Quixadá, destinado ao
várias regiões do Ceará e transformou a relação grupo de jovens; e outro na escola rural Lourenço
de milhares de famílias com a seca. O Bioágua, José de Lira, localizada no assentamento Alvaçã/
um sistema de reúso de água cinza, é outra alter- Goiabeiras, no município de Santana do Acaraú.
nativa de convivência com o semiárido que veio Nesta edição do Jornalzinho Bem-te-vi, vamos
fortalecer a agricultura familiar. Ele consiste em conhecer melhor a realidade das crianças e dos
um processo de filtragem da água proveniente do adolescentes beneficiados com o bioágua.

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Água para a horta escolar


Bioágua implantado em escola rural evita o desperdício de água e ajuda na irrigação da horta escolar

A escola rural Lourenço José de Lira, localizada com financiamento da ActionAid, apoio técnico
no assentamento Alvaçã/Goiabeiras, em Santana do Instituto Bem Viver e participação de toda a
do Acaraú, já contava com uma pequena horta comunidade escolar.
para suprir a demanda de frutas, hortaliças e er- A tecnologia consiste em processo de filtragem,
vas medicinais. Por outro lado, a chegada de uma por mecanismos de impedimento físico e biológi-
nova tecnologia mudou a forma com a qual a es- co, dos resíduos presentes nas “águas cinzas”, ou
cola lidava com o uso da água. O bioágua foi im- seja, a água utilizada nas torneiras dos banheiros
plantado no local pelo Esplar em janeiro de 2018, e na lavagem de louça. “Antes a água se transfor-
mava em lama e ficava empoçada, causando mau
cheiro na escola”, relata Francisco Edmilson Lira,
morador do assentamento que também colabo-
rou com a implantação da tecnologia no local.
A água cinza, antes descartada, agora é desti-
nada para a irrigação da horta cuidada pelos pró-
prios alunos, que complementa a merenda esco-
lar. Além disso, a chegada do bioágua envolveu a
comunidade em discussões sobre a importância
da economia de água. “Os alunos se destacaram
diante do reúso da água. Houve uma conscienti-
zação em relação à redução do consumo de agua
na escola, em suas residências e, consequente-
mente, no planeta”, revela Maria Lucilene Ponte,
Alunas apresentam maquete do sistema bioágua em evento escolar professora de Ciências.

Economia de 50% no consumo de água


Com o reúso de água para a irrigação da horta e
a diminuição do desperdício, a escola obteve 50%
de economia no valor mensal da conta de água,
conforme a diretora Rosângela Queiroz. Para a di-
retora, além de ser uma alternativa na escassez de
água, o bioágua promove o cultivo da horta, que
resulta em uma alimentação mais saudável. “Toda
a escola participou de palestras e
debates para propor melhorias”,
conta Rosângela. A estudante
Ana Gisele Lúcio de Lira, do 8º
ano, relata que o projeto fez com
que os alunos refletissem sobre
a preservação da natureza. “Não
devemos desperdiçar água. Ela é
o bem mais precioso. Temos que
economizar ao máximo”, afirma.
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Jovens usam bioágua


na agricultura familiar

A falta de oportunidades leva muitos jovens a Com a parceria entre o STRAAF e o Esplar,
abandonarem o campo. Para perpetuar a tradição realizou-se a implantação do bioágua na comu-
da agricultura familiar entre as novas gerações, o nidade Vila Rica. O grupo de jovens já cultivava
Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores hortaliças, mas buscava soluções para manter a
e Agricultoras Familiares (STRAAF) do municí- produção. “Nós incentivamos os jovens a se sus-
pio de Quixadá promoveu a criação de grupos de tentarem no meio rural. Os jovens de Vila Rica
jovens em comunidades rurais da região. “A gente são um exemplo. Antes isso aqui era deserto. Hoje
faz visitas para acompanhar e incentivar os nossos nós já temos cinco variedades de plantas frutífe-
jovens. Nem todos tem a percepção de que tra- ras, além de ervas medicinais, hortaliças e legu-
balhar sem veneno e permanecer no campo é a minosas”, afirma Sivaldo Nunes, diretor de políti-
saída”, relata Tatiana Moreira, secretária da Juven- ca agrícola do STRAAF.
tude do STRAAF. Os próprios jovens cuidam do bioágua e con-
trolam a filtragem da água e a produção de adubo.
“Nós acompanhamos todo o processo. Tem o tan-
que para colocar as minhocas e tirá-las quando
engordarem. Passamos a água mais limpa para o
outro tanque. Depois disso, é que a água vai para
os irrigadores das plantas”, explica Ednílson Cân-
dido Batista, 16 anos. Posteriormente, o material
do tanque das minhocas será
utilizado como adubo. Raí Cas-
telo Branco, de 19 anos, revela
que o grupo assumiu todos os
cuidados necessários, inclusive
a limpeza do terreno. “A ideia é
suprir a demanda da comunida-
de primeiro. Nós vamos vender
para a comunidade e, no futuro,
vender em Quixadá. ”, revela Raí.
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Bem te vi!
um projeto que, com tanto esforço, está dando
frutos. O grupo surgiu com a proposta de reunir
Juliana Alves da Silva, os jovens para descobrir coisas sobre Quixadá e
17 anos, integrante sobre nosso sertão. Tem muita gente que não co-
do grupo de jovens e nhece a história de Quixadá. Agora, a gente tem
moradora da comu-
o prazer de conhecer. Além disso, o projeto trou-
nidade Vila Rica, em
Quixadá - CE. xe o prazer de a gente cuidar um pouco do meio
ambiente. O mundo está cheio de desperdício.
O meio ambiente está muito prejudicado. Falta
conscientização. Uns têm a consciência de que
Sou da comunidade Vila Rica, onde agora tem tem que ter zelo, mas alguns não ligam. Fingem
o projeto Bioágua com o grupo de jovens. A che- que não veem. Mas a gente tem que pôr a mão
gada do bioágua foi muito boa para a nossa co- na consciência. Se o mundo está poluído, a gente
munidade. Além de unir os jovens, é um projeto também está. Se a gente cuidasse mais do meio
muito bom para a natureza. Causa felicidade ver ambiente, não ia ter tanta doença.

Cruzadinha
Vamos relembrar as palavras que você aprendeu nesta edição do Jornalzinho Bem-te-vi!

Vertical
1 - Reutização.
2 - Sistema de reúso de
água cinza.
3 - Diminuição de gastos.
4 - Instituição de ensino.
Horizontal
5 - Ato de irrigar.
6 - Espaço territorial de
povoamento humano
7 - Fertilizante.
8 - Terreno onde são cul-
tivados alimentos.
9 - Ato de filtrar.

Respostas: 1 - reúso; 2 - bioágua; 3 - economia; 4 - escola; 5 - irrigação; 6 - assentamento; 7 - adubo; 8 - horta; 9 - filtragem.

EXPEDIENTE ESPLAR - Centro de Pesquisa e Assessoria

Textos: Aline Moura Endereço: Rua Princesa Isabel, 1968, Benfica, Fortaleza - CE
Fotos: Aline Moura e Deninha Maia CEP: 60015-035 Telefone: (85) 3252.2410 / 3221.1324
Ilustrações: Freepik Site: http://esplar.com.br/
Edição e diagramação: Aline Moura E-mail: esplar@esplar.org.br
Colaboração: Neuma Morais Facebook: https://www.facebook.com/Esplar/

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