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1.1 Introdução
9
10 1 Conceitos básicos em vibrações
Nesse capı́tulo, o estudo de vibrações será iniciado pela discução dos con-
ceitos básicos relacionados com vibrações.
Excitação Resposta
f (t) x(t)
Sistema Vibratório
Figura 1.2: Máquina de lavar (a) e uma opção de modelo discreto (b) [5].
Uma vez definido o tipo de modelo matemático que será utilizado (in-
cluindo os graus de liberdade que serão considerados), os próximos passos no
procedimento de análise de um sistema vibratório incluem:
a) Caracterizar os componentes constituintes do sistema com relação ao seu
comportamento dinâmico;
1.3 Componentes de sistemas discretos 13
Fs = kx (1.1)
onde k é a constante de rigidez da mola [N/m] ou simplesmente constante de
mola e x = x2 − x1 é a deformação aplicada à mola.
Ms = k t θ (1.2)
onde kt é a constante de mola torcional [N.m/rad] e θ = θ2 − θ1 [rad].
Exemplo 1.1. Seja um sistema vibratório formado por uma viga em ba-
lanço (engastada-livre) que suporta em sua extremidade livre uma máquina
de massa m como mostrado na Fig. 1.8.a.
O interesse aqui está no movimento vertical da máquina. Nesse caso, a
viga é o elemento que sofrerá maior deformado durante o movimento e, as-
sumindo que a massa da máquina é muito maior que a massa da viga, pode-se
inicialmente desprezar a massa da viga e sua dissipação e representa-la como
um elemento de mola. A máquina é admitida como um elemento rı́gido, ou
seja, não sofre deformação e não armazena energia potencial, e cuja massa
está concentrada na extremidade da viga. Desta forma, o sistema pode ser
representado como mostrado na Fig. 1.8.b e o objetivo é então determinar a
constante de mola equivalente que represente a rigidez da viga.
Da Teoria de Flexão de Vigas [1], tem-se que a deformação vertical y(x)
da linha neutra de uma viga engastada-livre em um ponto x devido a um car-
16 1 Conceitos básicos em vibrações
EI x(t)
m
m
€
kv
€
L€
a.
b.
Figura 1.8: Sistema vibratório composto por viga em balanço e massa em sua
extremidade livre.
P L3
δst = y(x = L) = (1.5)
3EI
Como a constante de mola independe de a força ser estática ou dinâmica,
pode-se obter a constante de mola da viga kv como
1.3 Componentes de sistemas discretos 17
Fs P 3EI
kv = = = 3 . (1.6)
x δst L
t
u
Diz-se que duas ou mais molas estão associadas em paralelo quando sofrem
a mesma deformação.
Seja o caso de duas molas em paralelo como mostrado na Fig. 1.10.a.
keq = Fs /x. A partir da Fig. 1.10.b tem-se que a força Fs nada mais é que a
soma de cada uma das forças de mola individuais, ou seja,
Fs = Fs1 + Fs2 = k1 x + k2 x
Fs = (k1 + k2 )x. (1.9)
keq = k1 + k2 . (1.10)
É possı́vel mostrar que a Eq. (1.10) pode ser generalizada para um número
n de molas em paralelo, sendo que a constante de mola equivalente é dada
por
Xn
keq = ki . (1.11)
i=1
Fs = k1 (x0 − x1 ), (1.13)
e
Fs = k2 (x2 − x0 ). (1.14)
Para chegarmos a uma relação como a dada pela Eq. (1.12) é necessário
eliminar a variável x0 das equações. Para tanto, pode-se isolar x0 na Eq. (1.13)
tal que
Fs + k1 x1
x0 = , (1.15)
k1
e substituindo em Eq. (1.14) tem-se
k2
Fs = k2 x2 − (Fs + k1 x1 ). (1.16)
k1
Manipulando a Eq. (1.16) chega-se a
k2
Fs = (x2 − x1 ),
1 + k2/k1
n
!−1
X 1
keq = . (1.18)
k
i=1 i
Viga Ev I
kv
Lv
Lc
Cabo
AEc kc
m m
a. b.
Figura 1.12: Sistema vibratório formado por um tambor de içamento e massa
sendo erguida.
PL
δst = , (1.19)
AE
onde A é a área de seção transversal do elemento e E o módulo de elasticidade
do material. Logo, a constante de mola equivalente para o cabo fica
Ac Ec
kc = . (1.20)
Lc
A rigidez equivalendo do sistema é então dada por
−1
1 1
keq = +
kv kc
−1
L3v
Lc
= +
3Ev I AEc
3AIEv Ec
= 3 . (1.21)
Lv AEc + 3Lc Ev I
Fm = ma = mẍ, (1.23)
onde m é a massa do elemento e a = ẍ a sua aceleração. Note que nesse caso
a força associada ao elemento é proporcional a aceleração, sendo esta outra
caracterı́stica dos elementos de inércia.
A Eq. (1.23) assume um movimento de translação. No caso de movimento
de rotação, o comportamento do elemento de inércia é dado por
T = Ttr,c + Trot,c
1 1
= mx˙c 2 + Jc θ̇2 , (1.30)
2 2
onde x˙c é a velocidade do centro de massa e Jc é o momento de inércia de
massa em torno do centro de massa.
k2
a
kt
Sem
escorregamento Barra rígida de
massa desprezível
b
k1
m1
x1
tan θ = ≈ θ,
b
xe
tan θ = ≈ θ, (1.32)
a
xe
tan θe = ≈ θe .
re
A relação entre θe e re levou em consideração o fato que não há escorre-
gamento entre a esfera e o plano sobre a qual a mesma está posicionada.
Escrevendo cada grau de liberdade em termos de x1 , tem-se então
x1
θ= ,
b
a
xe = x1 , (1.33)
b
a
θe = x1 .
bre
Utilizando o Método da Energia Potencial para determinar a rigidez equi-
valente em relação a x1 tem-se que
3
1 X
keq x21 = Ui
2 i=1
1 1 1 (1.34)
= k1 x21 + k2 x2e + kt θ2
2 2 2
1 2 1 a 2 2 1 1 2
= k1 x1 + k2 x1 + kt 2 x1 ,
2 2 b 2 b
de onde conclui-se que a rigidez equivalente é dada por
a 2
1
keq = k1 + k2 .+ kt (1.35)
b b2
A massa equivalente pode ser obtida através do Método da Energia Cinética.
Nesse caso, tem-se que
3
1 X
meq ẋ21 = Ti
2 i=1
1 1 1 (1.36)
= m1 ẋ21 + me ẋ2e + Je θ̇e2
2 2 2
a 2 2
1 1 1 a
= m1 ẋ21 + me ẋ21 + Je ẋ21 ,
2 2 b 2 bre
onde considerou-se tanto o movimento de translação como o movimento de
rotação da esfera e Je é o momento de inércia da esfera. A massa equivalente
é então dada por
a 2 2
a
meq = m1 + me + Je . (1.37)
b bre
1.3 Componentes de sistemas discretos 25
P z2
y(z) = (3L − z). (1.39)
6EI
O deslocamento vertical da extremidade da viga nesse caso é dado por
P L3
yext = y(z = L) = , (1.40)
3EI
e relação entre o deslocamento vertical de cada ponto e o deslocamento da
extremidade (grau de liberdade de interesse) pode ser escrito como
z2
y(z) = yext (3L − z). (1.41)
2L3
Derivando em relação ao tempo, tem-se que a relação entre a velocidade
vertical de cada ponto e a velocidade da extremidade fica
z2
v(z) = ẏ(z) = ẏext (3L − z). (1.42)
2L3
Substituindo na integral tem-se
L 2
z2
1
Z
2
T = ρA (3L − z) ẏext dz. (1.43)
2 0 2L3
1 33 2
T = mv ẏext (1.44)
2 140
onde mv = ρAL é a massa da viga, e de onde conclui-se que a massa equi-
valente da viga em relação ao movimento de sua extremidade é
33
meq = mv . (1.45)
140
Fd = cẋ (1.46)
onde c é a constante de amortecimento viscoso e ẋ = ẋ2 − ẋ1 é a diferença
de velocidade imposta às extremidades do amortecedor (Fig. 1.14).
1.3 Componentes de sistemas discretos 27
X
Fi = mẍ
i
−kx − cẋ + f = mẍ
mẍ + cẋ + kx = f, (1.51)
Posição de
equilíbrio
k kx(t)
f (t) f (t)
m m
c˙x (t)
c
€
x(t) € x(t)
€ €
€ a.
€ b.
€
Figura 1.16: Sistema massa-mola-amortecedor e€diagrama de corpo-livre.
Posição de m m
equilíbrio δst
mg € mg
k c ky(t) cy(t)
€ €
a. b.
€ €
Figura 1.17: Sistema massa-mola-amortecedor na posição vertical e diagrama
de corpo-livre.
d2 d
m (x − δst ) + c (x − δst ) + k(x − δst ) + mg = f
dt2 dt
mẍ + cẋ + kx − kδst + mg = f
mẍ + cẋ + kx = f (1.55)
f1 (t) x1 (t)
Sistema Linear
f2 (t) x2 (t)
Sistema Linear
f (t + τ ) x(t + τ )
Sistema Invariante
Figura 1.21: Sistema com excitação harmônica na forma de uma massa des-
balanceada.
não podem ser representadas por equações e cujos valores não podem ser
previstos de antemão. Estas excitações são chamadas de excitações aleatórias
ou não-determinı́sticas. Um exemplo de uma função aleatória é mostrada na
Fig. 1.25. A solução de sistemas envolvendo excitações aleatórias requer o uso
de ferramentas estatı́sticas e não serão consideradas neste estudo.
φ/ω
ω = 2πf. (1.64)
dx(t)
v(t) = ẋ(t) = = −ωA sen(ωt − φ)
dt
π π
= −ωA cos(ωt − φ − ) = ωA cos(ωt − φ + ) (1.66)
2 2
d2 x(t)
a(t) = ẍ(t) = = −ω 2 A cos(ωt − φ)
dt2
= ω 2 A cos(ωt − φ + π) (1.67)
sen()
x (t)
ωt − φ + π 2
x(t)
ωt − φ + π ωt − φ
cos()
x(t)
Das equações acima tem-se que ẍ(t) = −ω 2 x(t). A relação entre x(t) e ẋ(t)
é mais complicada pois envolve uma mudança de fase de π/2, a qual não pode
ser representada simplesmente por uma mudança de sinal (como no caso de
uma mudança de fase de π). O efeito da diferença de fase entre deslocamento,
velocidade e aceleração no tempo pode ser observado na Fig. 1.28.
Note que as operações de derivação acabam misturando representações em
senos e cossenos, o que dificulta a manipulação algébrica das equações. Por
esse motivo, utiliza-se uma representação complexa do movimento harmônico
como será visto a frente.
f (t) = Fm cos(ωt − φ)
n o
= Re Fm ei(ωt−φ) . (1.69)
f (t) = Fm sen(ωt − θ)
n o
= Im Fm ei(ωt−θ) . (1.70)
Im ( )
Im ( )
x (t)
ωt − φ + π 2
x(t)
ωt − φ + π ωt − φ
Re ( )
x(t)
T T /2
2 2
Z Z
ap = x(t) cos pωT tdt = x(t) cos pωT tdt, (1.80)
T 0 T −T /2
T T /2
2 2
Z Z
bp = x(t) sen pωT tdt = x(t) sen pωT tdt, (1.81)
T 0 T −T /2
Exemplo 1.5. Seja a função onda quadrada mostrada na Fig. 1.33. Deter-
mine sua representação através de Série de Fourier.
x(t)
−π π 2π 3π t
−1
1.5
0.5
x(t)
−0.5
−1
−1.5
−10 −8 −6 −4 −2 0 2 4 6 8 10
t (s)
Z a
x(t)dt = 0
−a
∞
a0 X ap ipωT t bp ipωT t
+ e−ipωT t + − e−ipωT t
x(t) = + e e
2 p=1
2 2i
∞ ∞
a0 X 1 bp X 1 bp
= + ap + eipωT t + ap − e−ipωT t (1.85)
2 p=1
2 i p=1
2 i
∞ ∞
ap − ibp
a0 X X ap + ibp
= + e ipωT t
+ e−ipωT t
2 p=1
2 p=1
2
Finalmente, reconhecendo que c˜p ∗ = c̃−p tem-se que uma função x(t)
periódica pode ser escrita como
∞
X
x(t) = c˜p eipωT t (1.88)
p=−∞
onde
T
ap − ibp 1
Z
c˜p = = x(t)e−ipωT t dt. (1.89)
2 T 0
Note que:
• Cada coeficiente c˜p está associado a um seno e cosseno com frequência fp =
p/T representados juntos no termo eipωT t (e no seu complexo conjugado
e−ipωT t ). O módulo de c˜p representa uma medida da ”importância”daquela
frequência na função periódica. Essa informação é de grande utilidade
no estudo de vibrações pois permite identificar as frequências com maior
vibração, no caso de o sinal em análise ser a resposta do sistema. Já no
caso onde o sinal em análise é a excitação do sistema, permite identificar
as frequências onde tem-se uma excitação elevada e onde há uma grande
probabilidade de o sistema também apresentar uma resposta elevada.
• Como o somatório vai de −∞ até ∞, tem-se em teoria frequências ne-
gativas. Mas faz sentido dizer que um seno ou cosseno possui frequência
negativa??
De fato, não faz sentido dizer isso e as frequência negativas aparecem
apenas devido ao artifı́cio matemático utilizado para escrever os senos e
cossenos na forma exponencial e obter a Eq. (1.88).
• A informação de fase é de extrema importância na representação de
uma função periódica através da Série de Fourier. De fato, duas funções
48 1 Conceitos básicos em vibrações
−3
x 10
7 −40
6 −50
|H (f)| [dB ref. 1 m/N]
5 −60
|H(f)| [m/N]
4 −70
3 −80
2 −90
1 −100
0 −110
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
Frequencia [Hz] Frequencia [Hz]