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Este Guia expressa o entendimento da Anvisa sobre as melhores práticas com relação a
procedimentos, rotinas e métodos considerados adequados ao cumprimento de requisitos técnicos
ou administrativos exigidos pelos marcos legislativo e regulatório da Agência. 1
As recomendações contidas neste Guia produzem efeitos a partir da data de sua publicação no Portal
da Anvisa e ficam sujeitas ao recebimento de sugestões da sociedade por meio de formulário
eletrônico, disponível em xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
Copyright©2018. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. A reprodução parcial ou total deste
documento por qualquer meio é totalmente livre, desde que citada adequadamente a fonte. A
reprodução para qualquer finalidade comercial está proibida.
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2. INTRODUÇÃO
Desde 1976, para que um medicamento seja industrializado, exposto à venda ou
entregue ao consumo no Brasil é necessário que ele seja registrado junto ao Ministério da Saúde. Até
1999, os registros de medicamentos eram realizados pela Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária
do Ministério da Saúde. Ao se criar a Anvisa e determinar-se suas competências, por meio da Lei nº
9.782, de 26 de janeiro de 1999, o registro de medicamentos tornou-se responsabilidade dessa
entidade.
A solicitação de registro de um medicamento é o procedimento por meio do qual uma
empresa legalmente instituída no Brasil e interessada em disponibilizar o medicamento no país
apresenta os dados que subsidiem a segurança, a eficácia e a qualidade do medicamento.
O objetivo da submissão da solicitação de registro é prover à Anvisa informação
suficiente para que a agência decida:
• se o medicamento é seguro e eficaz no uso proposto e se os benefícios do
medicamento superam os riscos relacionados ao uso;
• se a bula e a rotulagem propostas para o medicamento são apropriadas, não
induzem a população a erro e contêm toda a informação necessária para subsidiar
o uso racional do medicamento;
• se os procedimentos de produção do medicamento e os métodos de controle de
qualidade utilizados são adequados para garantir todas as características e a
qualidade do medicamento durante o prazo de validade.
A documentação de segurança e eficácia exigida na solicitação do registro deve contar
toda a história do desenvolvimento do medicamento, desde o descobrimento da molécula até a
avaliação do uso em seres humanos, incluindo, entre outras informações, os resultados dos estudos
não clínicos e dos estudos clínicos conduzidos para investigar a segurança e a eficácia do medicamento
na condição clínica pretendida.
A concessão do registro de um medicamento é embasada no racional de que os
benefícios conhecidos e potenciais do medicamento, quando usado para diagnosticar, prevenir ou
tratar a doença ou condição clínica identificada, superam os riscos conhecidos e potenciais do
medicamento. Na análise da solicitação de registro, a Anvisa considera as evidências científicas
disponíveis para fazer uma avaliação da relação benefício-risco. Essas evidências podem ser
provenientes de várias fontes, incluindo, mas não limitado a, ensaios clínicos nacionais e
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3. BASE LEGAL
A comprovação da segurança e da eficácia para a concessão do registro de um
medicamento é um requisito previsto na Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976, quando no inciso II
do art. 16 a lei traz como requisito específico para o registro de drogas, medicamentos, insumos
farmacêuticos e correlatos “que o produto, através de comprovação científica e de análise, seja
reconhecido como seguro e eficaz para o uso a que se propõe(...)”.
A Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, confere à Anvisa a atribuição da concessão do
registro de medicamentos, além de incumbir à agência regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos
e serviços que envolvam risco à saúde pública, dentre estes os medicamentos de uso humano.
Em 2003, a Anvisa publicou o Regulamento técnico para medicamentos novos ou
inovadores com princípios ativos sintéticos ou semissintéticos, por meio da Resolução - RDC nº 136,
de 29 de maio de 2003, sendo este o primeiro marco regulatório da agência que previa a comprovação
de segurança e eficácia para o registro de medicamentos novos ou inovadores sintéticos e
semissintéticos.
Em 2014, houve uma reestruturação da regulamentação de registro de medicamentos
sintéticos e semissintéticos, com a publicação da Resolução - RDC nº 60, de 10 de outubro de 2014,
unificando em uma mesma resolução os critérios técnicos para registro de medicamentos sintéticos e
semissintéticos enquadrados como novos, genéricos e similares.
A RDC 60/2014 trouxe maior robustez regulatória no entendimento do que se espera
como prova de qualidade, de segurança e de eficácia no registro de medicamentos em relação à norma
anterior. Com a descrição de critérios fixos e bastante restritivos, a RDC nº 60/2014 impossibilitava a
classificação de produtos com inovações que não se enquadrassem em nenhuma das categorias
regulatórias previstas na norma, criando um entrave regulatório para a entrada destes medicamentos
no mercado nacional.
Em 2017, a Gerência-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED) realizou
uma revisão sumária da RDC nº 60/2014, que culminou na publicação da Resolução - RDC nº 200, de
26 de dezembro de 2017. As principais modificações trazidas pela RDC nº 200/2017 em relação à
norma anterior foram: (1) a alteração da definição de medicamento novo, excluindo-se novos sais,
isômeros, ésteres, éteres, complexos ou demais derivados de tal categoria; (2) flexibilização de provas
para Registro de Medicamento com Mesmo(s) IFA(s) de Medicamento Novo já Registrado; e (3) criação
da categoria Inovação Diversa, a qual permitia a inclusão de medicamentos não enquadrados nas
demais categorias de inovadores descritas na norma.
Apesar de a RDC nº 200/2017 ter representado um avanço na regulação de
medicamentos sintéticos e semissintéticos, o enquadramento regulatório em categorias de registro
com requerimentos de desenvolvimento clínico fixos ainda representava um entrave regulatório e
limitava o acesso da população a alternativas terapêuticas por questões administrativas e não técnicas.
Tal entendimento motivou uma nova revisão da regulamentação de registro de medicamentos
sintéticos e semissintéticos, que resultou na publicação da RDC XX/20XX.
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5.1.5. Farmacocinética/Toxicocinética
Na caracterização da farmacocinética não clínica é esperado que seja apresentada a
avaliação da absorção, da distribuição, do metabolismo, da excreção e das interações medicamentosas
farmacocinéticas.
A toxicocinética é parte integrante do programa de testes não clínicos e complementa
os dados toxicológicos gerados, tanto em termos de compreensão dos testes de toxicidade quanto em
comparação com dados clínicos, como parte da avaliação de risco e segurança em humanos. Assim, a
avaliação de toxicocinética pode ser realizada dentro dos estudos de toxicologia geral, não sendo
necessariamente exigida a condução de um estudo específico de avaliação toxicocinética.
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5.2.4. Carcinogenicidade
Os estudos de carcinogenicidade são aqueles conduzidos para identificar uma possível
capacidade de uma substância teste de gerar um tumor em animais e avaliar se há risco relevante em
humanos.
Os estudos de carcinogenicidade devem ser realizados quando a exposição humana
justificar a necessidade de informações de estudos ao longo da vida em animais para avaliar o potencial
carcinogênico. Qualquer preocupação de segurança derivada de investigações laboratoriais, estudos
de toxicologia em animais e dados em humanos pode levar à necessidade de estudos de
carcinogenicidade.
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5.2.8. Imunotoxicidade
A imunotoxicidade pode ser definida como um efeito não intencional no sistema
imunológico provocado por uma substância teste e abrange uma variedade de efeitos adversos,
incluindo imunossupressão ou imunoestimulação.
A imunotoxicidade de todo insumo farmacêutico ativo novo deve ser avaliada.
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9. AVALIAÇÃO DE BENEFÍCIO-RISCO
O propósito desta seção é identificar brevemente os benefícios e riscos chaves e
apresentar uma análise de benefício-risco sucinta, integrada e claramente explicada para o
medicamento avaliado na(s) indicação(ões) terapêutica(s) pleiteada(s). Caso haja mais de uma
indicação terapêutica pleiteada, a análise pode ser apresentada conjuntamente considerando todas as
indicações terapêuticas pleiteadas ou separadamente para cada indicação terapêutica.
A análise de benefício-risco é baseada na ponderação entre os benefícios chaves e os
riscos chaves do medicamento. Nem todos os benefícios ou riscos identificados serão necessariamente
considerados como benefícios ou riscos chaves.
Benefícios chaves são os efeitos favoráveis geralmente avaliados por meio do desfecho
primário e outros desfechos clinicamente relevantes nos estudos do programa de desenvolvimento de
um medicamento. Caso um desfecho substituto seja utilizado para a avaliação de um benefício, deve-
se considerar a natureza desse desfecho e a magnitude do benefício clínico esperado. Outras
características importantes do medicamento também podem ser consideradas como benefícios (por
exemplo, conveniência da forma farmacêutica ou da via de administração que pode aumentar a adesão
ao tratamento ou efeitos que afetem outros indivíduos além do paciente acarretando benefícios
populacionais).
Riscos chaves são efeitos desfavoráveis importantes sob a perspectiva clínica ou de
saúde pública com base em suas frequências ou gravidade. Riscos incluem eventos adversos e outros
efeitos desfavoráveis associados ao medicamento, como interações medicamentosas, riscos
identificados nos dados não clínicos, riscos a outras pessoas além do paciente (por exemplo, ao feto
ou a quem prepara ou administra o medicamento), riscos baseados na classe farmacológica ou no
conhecimento atual do medicamento, uso incorreto e potencial de abuso.
A perspectiva do paciente, se disponível, deve ser considerada na identificação de
benefícios, riscos e na análise de benefício-risco. Essa perspectiva pode ser obtida diretamente dos
pacientes ou indiretamente de outros agentes envolvidos (por exemplo, pais ou cuidadores) por meio
de métodos quantitativos, qualitativos ou descritivos.
Nas ocasiões em que a população alvo seja diferente da população estudada (por
exemplo, emprego de estratégias de enriquecimento), a análise de benefício-risco deve considerar a
população alvo.
Em casos específicos, alguns efeitos podem ser considerados tanto como um benefício
quanto como um risco. Nesses casos, o efeito deve ser discutido em apenas um dos cenários (ou como
um benefício ou como um risco), não devendo ser discutidos duplicadamente em ambos os contextos.
A conclusão da análise de benefício-risco é resultante de uma ponderação entre os
benefícios chaves, os riscos chaves e as incertezas relacionadas, com base nos dados apresentados
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Ou no formato de comentários
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16. GLOSSÁRIO
Para efeitos deste guia, são adotadas as seguintes definições:
ANIMAL JOVEM: um animal em qualquer estágio pós-natal não totalmente amadurecido em termos
de morfologia e função de órgão ou sistema.
BIODISPONIBILIDADE: propriedade que indica a velocidade e extensão da absorção de um princípio
ativo, proveniente de uma forma farmacêutica, a partir de sua curva concentração versus tempo na
circulação sistêmica ou sua excreção na urina, medida com base no pico de exposição e na magnitude
de exposição ou exposição parcial.
BIODISPONIBILIDADE ABSOLUTA: é a fração da dose que é efetivamente absorvida após administração
extravascular de um medicamento. É calculada tendo como referência a administração do mesmo
fármaco por via intravascular, que possui por definição biodisponibilidade igual a 100%.
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