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MORAL E ÉTICA ANTIGA, MEDIEVAL E MODERNA

A moral e a ética no mundo antigo (até o século V):

Para os antigos, até o século V, a ética, cujo fim era a felicidade, realizava-se pelo
comportamento virtuoso, entendido como a ação que era conforme à natureza. O
homem seria por natureza um ser racional e sua maior virtude, portanto, seria
dominar as paixões e se guiar pela razão, obedecendo às normas éticas.
Mas de onde vêm essas normas? A norma é vivida e aceita pelos homens antigos
como se fosse estabelecida e definida por algo que os gregos denominaram physis
ou Natureza, por uma natureza que está acima de cada indivíduo e é igual em
todos.
Neste caso, fazer o bem significa cumprir a lei da natureza, e fazer o mal é agir
contra a natureza. A harmonia com a natureza será, por conseguinte, o bem, e o
mal, a desarmonia com ela. A natureza seria como uma “razão universal”, dentro
da qual nasceria a razão humana.
Aristóteles já dizia que os homens são políticos por natureza e que, portanto, fazer
o bem equivaleria a sermos bons cidadãos, ou melhor, a estabelecermos uma
harmonia entre a vida individual e a vida coletiva na cidade. Só assim
alcançaríamos a felicidade moral.
Se o indivíduo estivesse em harmonia com a sociedade, isso contribuiria para que
todos os seres humanos estivessem em harmonia com a natureza, o cosmos.

A moral e a ética no mundo medieval (séculos V ao XV):

Se no mundo antigo, as normas que regiam a sociedade eram tidas como algo
ditado pela natureza, ou seja, pelo cosmos, na Idade Média, na sociedade cristã
européia dos séculos V ao XV, elas passaram a significar um conjunto de regras
estabelecido por um ser superior, por Deus.
Assim, fazer o mal seria, para os cristãos, descumprir qualquer mandamento
divino, mandamento que foi revelado por Deus. A moral torna-se o cumprimento de
um dever estabelecido fora de nós, e não tanto uma combinação entre lei da
natureza e autonomia humana.
Mesmo assim seríamos livres, pois podemos escolher entre cumprir ou não a
vontade de Deus. E as consequências do que fizéssemos viriam, sobretudo, após
a nossa morte, com um castigo ou uma recompensa definitiva.
De toda maneira, descumprir consciente e responsavelmente uma lei divina
equivaleria a agir contra Deus, mas equivaleria também a agir mal contra os outros
seres humanos e a fazer o mal a si mesmo. E quando alguém não acreditasse em
Deus, não saberia qual é a norma a cumprir, e nem saberia o que são o bem e o
mal.
No período cristão medieval há uma diferença marcante com a ética antiga: para
os cristãos, o bem já não poderia ser feito na política. O Cristianismo desloca a
liberdade do campo político para o interior do ser humano: é dentro do ser humano
que se dá a luta entre bem e mal, e não só na convivência dos seres humanos
entre si.
No entanto, por mais que no Cristianismo já se dê mais importância ao indivíduo,
ainda se mantém algo parecido com o ideal grego: a de que o bem só pode ser
feito dentro de uma comunidade, a comunidade dos que têm a mesma fé. Se os
antigos falavam da comunidade política, agora é ressaltada a comunidade eclesial
(religiosa).

A moral e a ética moderna (séculos XV ao XVIII):

Após o final da Idade Média, aproximadamente no século XV, a lei moral deixa de
ser entendida como uma dádiva divina e passa a ser estabelecida pelos próprios
seres humanos, tanto através de hábitos e costumes, estabelecidos nas
coletividades, quanto através de convenções ou consensos, escritos ou não (por
exemplo, na Declaração Universal dos Direitos Humanos).
Se na Antiguidade e na Idade Média, a ética dá primazia à existência do ser
humano como parte de uma comunidade, na vida moderna há uma primazia do
indivíduo sobre a coletividade. A moral é, então, o que a soma dos indivíduos
estabelece como lei para si a fim de se protegerem mutuamente, e de não se
prejudicarem reciprocamente, ou até para se beneficiarem.
A ética moderna nega que nós nascemos morais e afirma que nos tornamos seres
morais. Existem autores, como Maquiavel e Hobbes, que dizem que, por natureza,
os seres humanos são maus, ou seja, se não se estabelecer um limite, uma
norma, tenderemos a fazer o mal, e não o bem. Rousseau, ao contrário, diz que
por natureza tendemos ao bem. Todos esses autores, porém, admitem que, por
natureza, não somos seres morais, mas só nos tornamos morais a partir do
estabelecimento de uma lei, de origem humana.

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