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CONCRETO ARMADO I - CAPÍTULO 1

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Julho 2014

MATERIAIS
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1.1 – Histórico

O material composto concreto armado surgiu há mais de 150 anos e se trans-


formou neste período no material de construção mais utilizado no mundo, devido
principalmente ao seu ótimo desempenho, economia e facilidade de produção. Abaixo
são citadas algumas datas históricas, em termos do aparecimento e desenvolvimento
do concreto armado e protendido, conforme Rusch (1981).

1824 – O inventor inglês Joseph ASPDIM recebeu a patente de um produto que vinha
desenvolvendo desde 1811, a partir da mistura, queima e moagem de argila e pó de
pedra calcária retirado das ruas. Este novo material pulverulento recebeu o nome de
cimento portland, devido à semelhança do produto final com as pedras encontradas
na ilha de Portland, ao sul da Inglaterra.

1848/1855 – O francês Joseph-Louis LAMBOT desenvolveu no sul da França, onde


passava suas férias de verão, um barco fabricado com o novo material, argamassa
de cimento e areia entremeados por fios de arame. É considerado o inventor do ferro-
cimento (argamassa armada) que deu srcem ao hoje conhecido concreto armado. O
processo de fabricação era totalmente empírico e acreditando estar revolucionando a
indústria naval, patenteou o novo produto já em 1848, apresentando-o na feira inter-
nacional de Paris em 1855. Infelizmente sua patente não fez o sucesso esperado
sendo superada pelas patentes posteriores de outro francês, Monier.
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1861 – O jardineiro (paisagista) e horticultor francês Joseph MONIER foi na realidade


o único a se interessar pela descoberta de seu compatriota Lambot, vendo neste bar-
co a solução para os seus problemas de confinamento de plantas exóticas tropicais
durante o inverno parisiense. O ambiente quente e úmido da estufa era favorável ao
apodrecimento precoce dos vasos feitos até então de madeira. O novo produto além
de bem mais durável apresentava uma característica peculiar: se o barco era feito
para não permitir a entrada de água seguramente não permitiria também a sua saída,
o que se encaixava perfeitamente à busca de Monier. A partir desta data começou a
produzir vasos de flores com argamassa de cimento e areia, reforçada com uma ma-
lha de aço. Monier além de ser bastante competente como paisagista, possuía um
forte espírito empreendedor e viu no novo produto grandes possibilidades, passando
a divulgar o concreto armado inicialmente na França e posteriormente na Alemanha e
em toda a Europa. Ele é considerado por muitos como o pai do concreto armado. Em
1875 construiu no castelo de Chazelet, nos arredores de Paris uma ponte de concreto
armado com 16,5 m de vão por 4m de largura.

1867 – Monier recebe sua primeira patente para vasos de flores de concreto com ar-
maduras de aço. Nos anos seguintes consegue novas patentes para tubos, lajes vi-
gas e pontes. As construções eram construídas de forma empírica mostrando que o
inventor não possuía uma noção clara da função estrutural das armaduras de aço no
concreto.

1877 – O advogado, inventor e abolicionista americano Thaddeus HYATT publicou


seus ensaios com construções de concreto armado. Hyatt já reconhecia claramente o
efeito da aderência aço-concreto, da função estrutural das armaduras, assim como da
sua perfeita localização na peça de concreto.

1878 - Monier consegue novas patentes fundamentais que dão srcem a introdução
do concreto armado em outros países.

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1884 – Duas firmas alemãs FREYTAG & HEISDCHUCH e MARSTENSTEIN & JOS-
SEAUX, compram de Monier os direitos de patente para o sul da Alemanha e reser-
vam-se o direito de revenda para toda a Alemanha.

1886 – As duas firmas alemãs cedem o direito de revenda ao engenheiro G. A.


WAISS, que funda em Berlim uma empresa para construções de concreto segundo o
“Sistema Monier”. Realiza ensaios em “Construções Monier” e mostra através de pr o-
vas de carga as vantagens econômicas de colocação de barras de aço no concreto,
publicando estes resultados em 1887. Nesta mesma publicação o construtor oficial
Mathias KOENEN, enviado aos ensaios pelo governo Prussiano, desenvolve baseado
nos ensaios, um método de dimensionamento empírico para alguns tipos de “Con s-
truções Monier”, mostrando que conhe cia claramente o efeito estrutural das armadu-
ras de aço. Deste modo passa a existir uma base tecnicamente correta para o cálculo
das armaduras de aço.

1888 – O alemão C. W. F. DÖHRING consegue uma patente segunda a qual lajes e


vigas de pequeno porte têm sua resistência aumentada através da protensão da ar-
madura, constituída de fios de aço. Surge assim provavelmente pela primeira vez a
ideia da protensão deliberada.

1900 – A construção de concreto armado ainda se caracterizava pela coexistência de


sistemas distintos, geralmente patenteados. O professor da Universidade de Stuttgart
Emil MÖRSCH desenvolve a teoria iniciada por Koenen e a sustenta através de inú-
meros ensaios realizados sobre a incumbência da firma WAISS & FREITAG, a qual
pertencia. Os conceitos desenvolvidos por Mörsch e publicados em 1902 constituem
ao longo do tempo e em quase todo o mundo os fundamentos da teoria de dimensio-

namento de peças de concreto armado.

1906 – O alemão LABES concluiu que a segurança contra abertura de fissuras con-
duzia a peças antieconômicas. Koenen propôs em 1907 o uso de armaduras previa-
mente distendidas. Foram realizados ensaios em vigas protendidas relatadas por
BACH em 1910. Os ensaios mostraram que os efeitos danosos da fissuração eram

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eliminados com a protensão. Entretanto Koenen e Mörsch reconheceram já em 1912


uma perda razoável de protensão, uma vez que o concreto encurta-se com o tempo,
devido à retração e deformação lenta.

1928 - O francês E. FREYSSINET já havia usado a protensão em 1924. Entretanto só


em 1928 desenvolveu um processo empregando aços de alta resistência protendidos,
capazes de provocar tensões de compressão suficientemente elevadas e permanen-
tes no concreto. Estuda as perdas devido à retração e deformação lenta do concreto
e registra várias patentes sobre o sistema Freyssinet de protensão. É considerado o
pai do concreto protendido.

1.2 – Viabilidade do concreto armado

O concreto armado é um material de construção composto, constituído de concre-


to e barras de aço nele imersas. O funcionamento conjunto dos dois materiais só é

viabilizado pelas três propriedades abaixo:


 Aderência aço-concreto – esta talvez seja a mais importante das propriedades
uma vez que é a responsável pela transferência das tensões de tração não absor-
vidas pelo concreto para as barras da armadura, garantindo assim o perfeito fun-
cionamento conjunto dos dois materiais;
 Coeficientes de dilatação térmica do aço e do concreto praticamente iguais –
esta propriedade garante que para variações normais de temperatura, excetuada
a situação extrema de incêndio, não haverá acréscimo de tensão capaz de com-
prometer a perfeita aderência aço-concreto;
 Proteção da armadura contra a corrosão – Esta proteção que está intimamente

relacionada com a durabilidade do concreto armado acontece de duas formas dis-


tintas: a proteção física e a proteção química. A primeira é garantida quando se
atende os requisitos de cobrimento mínimo preconizado pela NBR 6118:2014 que
protege de forma direta as armaduras das intempéries. A proteção química ocorre
devido à presença da cal no processo químico de produção do concreto, que en-
volve a barra de aço dentro do concreto, criando uma camada passivadora cujo

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“ph” se situa acima de 13, criando condições inibidoras da corrosão. Quando a


frente de carbonatação, que acontece devido à presença de gás carbônico (CO 2)
do ar e porosidade do concreto, atinge as barras da armação essa camada é des-
passivada pela reação química do (CO 2) com a cal, produzindo ácidos que abai-
xam o “ph” desta camada para níveis iguais ou inferiores a 11.5, criando as condi-
ções favoráveis para o processo eletroquímico da corrosão se iniciar. A corrosão
pode acontecer independentemente da carbonatação, na presença de cloretos
(íons cloro Cl -), ou sulfatos (S - -).

1.3 – Vantagens do concreto armado

 Economia – é a vantagem que juntamente com a segunda a seguir, transforma-


ram o concreto em um século e meio no material para construção mais usado no
mundo;
 Adaptação a qualquer tipo de forma ou fôrma e facilidade de execução – a produ-
ção do concreto não requer mão de obra especializada e com relativa facilidade
se consegue qualquer tipo de forma propiciada por uma fôrma de madeira;
 Estrutura monolítica – (monos – única, litos – pedra) esta propriedade garante à
estrutura de concreto armado uma grande reserva de segurança devido ao alto
grau de hiperestaticidade propiciado pelas ligações bastante rígidas das peças de
concreto. Além disso, quando a peça está submetida a um esforço maior que a
sua capacidade elástica resistente, ela ao plastificar, promove uma redistribuição
de esforços, transferindo às peças adjacentes a responsabilidade de absorver o
esforço;
 Manutenção e conservação praticamente nulas – a ideia que a estrutura de con-

creto armado é eterna não é mais aceita no meio técnico, uma nova mentalidade
associa à qualidade de execução do concreto, em todas as suas etapas, um pro-
grama preventivo de manutenção e conservação. Naturalmente quando compara-
do com outros materiais de construção esta manutenção e conservação aconte-
cem em uma escala bem menor, sem prejuízo, no entanto da vida útil das obras
de concreto armado;

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 Resistência a efeitos térmico-atmosféricos e a desgaste mecânico.

1.4 – Desvantagens do concreto armado

 Peso próprio – a maior desvantagem do concreto armado é seguramente o seu


grande peso próprio que limita a sua utilização para grandes vãos, onde o concre-
to protendido ou mesmo a estrutura metálica passam a ser econômica e tecnica-
mente mais viáveis. A sua massa específica é dada pela NBR 6118:2014 como
2500 kg/m3;
 Dificuldade de reformas e demolições - hoje amenizada com tecnologias avança-
das e equipamentos modernos que facilitam as reformas e demolições;
 Baixo grau de proteção térmica – embora resista normalmente à ação do fogo a
estrutura de concreto necessita de dispositivos complementares como telhados e
isolamentos térmicos para proporcionar um conforto térmico adequado à constru-
ção;
 Fissuração – a fissuração que é um fenômeno inevitável nas peças tracionadas de
concreto armado, devido ao baixo grau de resistência à tração do concreto, foi por
muitas décadas considerada uma desvantagem do material. Já a partir do final da
década de setenta, este fenômeno passou a ser controlado, baseado numa redis-
tribuição das bitolas da armadura de tração, em novos valores de cobrimentos mí-
nimos e até mesmo na diminuição das tensões de serviço das armaduras, pelo a-
créscimo das mesmas. Cabe salientar que a fissuração não foi eliminada, apenas
controlada para valores de aberturas máximas na face do concreto de tal forma a
não comprometer a vida útil do concreto armado e também a estética.


1.5 Concreto
O concreto é uma mistura em proporção adequada ( traço) dos materiais ci-
mento, agregados (areia e brita) e água resultando em um novo material de constru-
ção, cujas características do produto final diferem substancialmente daquelas dos
materiais que o constituem.

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1.5.1 – Propriedades mecânicas do concreto

1.5.1.1 - Resistência à compressão

A resistência mecânica do concreto à compressão, devido a sua função estru-


tural assumida no material composto concreto armado, é a principal propriedade
mecânica deste material a ser analisada e estudada. Esta propriedade é obtida atra-
vés de ensaios de compressão simples realizados em corpos de provas ( CPs), com
dimensões e procedimentos previamente estabelecidos em normas nacionais e es-
trangeiras.

A resistência à compressão depende basicamente de dois fatores: a forma do


corpo de prova e a duração do ensaio. O problema da forma é resolvido estabele-
cendo-se um corpo de prova cilíndrico padronizado, com 15 cm de diâmetro e 30 cm
de altura, que é recomendado pela maioria das normas do mundo, inclusive as bra-
sileiras.

Em outros países, como por exemplo, a Alemanha, adota-se um corpo de


prova cúbico de aresta 20 cm, que para um mesmo tipo de concreto fornece resis-
tência à compressão ligeiramente superior ao obtido pelo cilíndrico. Isto se deve a
sua forma, onde o efeito do atrito entre as faces do corpo de prova carregadas e os
pratos da máquina de ensaio, confina de forma mais efetiva o CP cúbico que o cilín-
drico, devido a uma maior restrição ao deslocamento transversal das faces carrega-
das. Adota-se neste caso um fator redutor igual a 0,85, que quando aplicado ao CP
cúbico transforma seus resultados em valores equivalentes aos do CP cilíndrico, po-
dendo assim ser usada a vasta bibliografia alemã sobre o assunto.

Normalmente o ensaio de compressão em corpos de prova é de curta dura-


ção e sabe-se a partir dos trabalhos realizados pelo alemão Rüsch, que o resultado
deste ensaio é ligeiramente superior ao obtido quando o ensaio é de longa duração.
Isto se deve a microfissuração interna do concreto, que se processa mesmo no con-
creto descarregado, e que no ensaio de longa duração tem seu efeito ampliado de-
vido à interligação entre as microfissuras, diminuindo assim a capacidade resistente
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do CP à compressão. Uma vez que grande parcela do carregamento que atua em


uma estrutura é de longa duração os resultados do ensaio de curta duração devem
ser corrigidos por um fator, denominado Coeficiente de Rüsch, igual a 0,85.

1.5.1.2 - Resistência característica do concreto a compressão - fck

Quando os resultados dos ensaios a compressão de um grande número de


CPs são colocados em um gráfico, onde nas abscissas são marcadas as resistên-
cias obtidas e nas ordenadas a frequência com que as mesmas ocorrem, o gráfico
final obedece a uma curva normal de distribuição de frequência, ou curva de Gauss.

Observa-se neste gráfico que a resistência que apresenta a maior frequência


de ocorrência é a resistência média fcj, aos “j” dias, e que o valor equidistante entre a
resistência média e os pontos de inflexão da curva é o desvio-padrão “s” (ver fig. 1.1),
cujos valores são dados respectivamente por:

fcj 
nf (1.1)
ci

s
 f  f cj 2
ci
(1.2)
n 1

Onde n é o número de CPs e fci é a resistência à compressão de cada CP “ i”.

A área abaixo da curva é igual a 1. Um valor qualquer da resistência marcado


no eixo das abscissas divide esta área em duas outras que representam as probabi-
lidades de ocorrência de valores maiores ou menores que este. Do lote de CPs en-
saiados a resistência a ser utilizada nos cálculos é baseada em considerações pro-
babilísticas, considerando-se em âmbito mundial a resistência característica fck do
lote de concreto ensaiado aquela abaixo da qual só corresponde um total de 5% dos
resultados obtidos, ou seja, um valor com 95% de probabilidade de ser ultrapassado
(ver fig. 1.1).

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Para um quantil de 5% obtém-se a partir da curva de Gauss:

fck  fcj  1,645s (1.3)

A partir de resultados de ensaios feitos em um grande número de obras e em

todo o mundo percebe-se que o desvio-padrão “s” é principalmente dependente da


qualidade de execução e não da resistência do concreto. A NBR-12655:2006 que
trata do preparo, controle e recebimento do concreto, define que o cálculo da resis-
tência de dosagem deve ser feito segundo a equação:

fcj  fck  1,645sd (1.4)

Onde sd representa o desvio-padrão de dosagem.

Figura 1.1 – Curva de Gauss para CPs de concreto ensaiados à compressão


Resistência característica fck

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De acordo com a NBR-12655:2006 o cálculo da resistência de dosagem do


concreto depende, entre outras variáveis, da condição de preparo do concreto, defi-
nida a seguir:
 Condição A (aplicável às classes C10 - fck=10 MPa, até C80 – fck=80 MPa): o
cimento e o os agregados são medidos em massa, a água de amassamento é

medida em massa ou volume com dispositivo dosador e corrigida em função da


umidade dos agregados;
 Condição B
(aplicável às classes C10 até C25): o cimento é medido em massa, a água de
amassamento é medida em volume mediante dispositivo dosador e os agregados
medidos em massa combinada com volume, de acordo com o exposto em 6.2.3;
(aplicável às classes C10 até C20): o cimento é medido em massa, a água de
amassamento é medida em volume mediante dispositivo dosador e os agregados
medidos em volume. A umidade do agregado miúdo é determinada pelo menos
três vezes durante o serviço do mesmo turno de concretagem. O volume de a-
gregado é corrigido através da curva de inchamento estabelecida especificamen-
te para o material utilizado;
 Condição C (aplicável apenas aos concretos de classe C10 e C15): o cimento é
medido em massa, os agregados são medidos em volume, a água de amassa-
mento é medida em volume e a sua quantidade é corrigida em função da estima-
tiva da umidade dos agregados e da determinação da consistência do concreto,
conforme disposto na NBR 7223, ou outro método normalizado ( A NBR
7223:1992 foi cancelada e substituída pela NBRNM 67:1998).

Ainda de acordo com a NBR-12655:2006, no início da obra ou em qualquer


outra circunstância em que não se conheça o valor do desvio-padrão sd, deve-se

adotar para o cálculo da resistência de dosagem os valores apresentados na tabela


1.1, de acordo com a condição de preparo, que deve ser mantida permanentemente
durante a construção. Mesmo quando o desvio-padrão seja conhecido, em nenhum
caso o mesmo pode ser adotado menor que 2 MPa.

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Tabela 1.1 – Desvio- padrão a ser adotado em função da


condição de preparo do concreto (NBR 12655:2006)

Condição Desvio-
padrão (MPa)
A 4,0
B 5,5
C 7,0

1)
Para condição de preparo C, e enquanto não se conhece o desvio-padrão, exige-
se para os concretos de classe C15 um consumo mínimo de 350 Kg de cimento por
metro cúbico.

1.5.1.3 - Módulo de elasticidade longitudinal

O módulo de elasticidade longitudinal para um ponto qualquer do diagrama


x (tensão x deformação) é obtido pela derivada (d /d ) no ponto considerado, que
representa a inclinação da tangente à curva no ponto. De todos os módulos tangen-
tes possíveis o seu valor na srcem tem grande interesse, uma vez que as tensões
de serviço na estrutura são da ordem de 40% da tensão de ruptura do concreto, e
neste trecho inicial o diagrama x é praticamente linear. De acordo com o item
8.2.8 da NBR-6118:2014 o módulo de elasticidade ou módulo de deformação tan-
gente inicial é dado por:

E ci  α E 5600 f ck para f ck ≤ 50 MPa (1.5a)

f ck
E ci  21,5x103 α E 3  1,25 para f ck > 50 MPa (1.5b)
10

Sendo
αE = 1,2 para basalto e diabásio
αE = 1,0 para granito e gnaisse
αE = 0,9 para calcário
αE = 0,7 para arenito

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Onde
Eci e fck são dados em megapascal (MPa).

O módulo de deformação secante a ser utilizado nas análises elásticas de


projeto, principalmente para determinação dos esforços solicitantes e verificação dos
estados limites de serviço, pode ser estimado pela expressão:

E cs  α i E ci (1.6a)
Sendo
f ck
α i  0,8  0,2  1,0 (1.6b)
80

1.5.1.4 - Coeficiente de Poisson e módulo de elasticidade transversal

De acordo com o item 8.2.9 da NBR-6118:2014 para tensões de compressão


inferiores a 50% de fc (ruptura à compressão) e para tensões inferiores a resistência

à tração fct, o coeficiente de Poisson (relação entre a deformação transversal e longi-


tudinal) e o módulo de elasticidade transversal são dados respectivamente por:

= 0,2 (1.7)

1 Ecs
Gc    0,42Ecs (1.8)
21  ν  2,4

1.5.1.5 - Diagrama tensão-deformação ( x )

Conforme o item 8.2.10 da NBR-6118:2014 o diagrama x na compressão


para tensões inferiores a 0,5 fc pode ser adotado como linear e as tensões calcula-
das com a lei de Hooke, com o módulo de elasticidade igual ao secante Ecs.

Para os estados limites últimos o diagrama x na compressão apresentado


na figura (1.2) abaixo é um diagrama idealizado, onde se nota dois trechos distintos,
o primeiro curvo segundo uma parábola de grau “n”, com deformações inferiores a
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εc2 e o segundo constante, com deformações variando de εc2 a εcu. Para o trecho
curvo a tensão no concreto é dada por:

  εc  
n

σ c  0,85fcd 1   1    (1.9a)
ε c2  
  

Onde fcd representa a resistência de cálculo do concreto dada no item 12.3.3


da NBR 6118:2014 mostrada adiante no item 1.8, a potência “n” é dada na figura
1.2 em função dos grupos de resistência I (C20 a C50) e II (C55 a C90).

O valor da resistência no trecho constante é igual a σc = 0,85 fcd (o valor do


coeficiente 0,85 só muda quando se adota o diagrama retangular simplificado).

Figura 1.2 - Diagrama tensão-deformação idealizado (compressão)


(Adaptada da Fig. 8.2 da NBR 6118:2014)

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Os valores a serem adotados para os parâmetros εc2 (deformação específica


de encurtamento do concreto no início do patamar plástico) e εcu (deformação espe-
cífica de encurtamento do concreto na ruptura) são os seguintes:

εc2 = 2‰
concretos de classes até C50 (1.9b)
εcu = 3,5‰

εc2 = 2‰ + 0,085‰ (fck – 50)0,53


concretos de classes C55 até C90 (1.9c)
4
εcu = 2,6‰ + 35‰ x [ (90 – fck) / 100 ]

Figura 1.3 - Diagramas tensão-deformação parábola-retângulo

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1.5.1.6 - Resistência à t ração

Conforme o item 8.2.5 da NBR-6118:2014 os conceitos relativos à resistência


a tração direta do concreto fct são análogos aos do item anterior relativo à compres-
são. Assim tem-se a resistência média do concreto à tração fctm e a resistência ca-
racterística do concreto à tração fctk, ou simplesmente ftk. Este valor tem 95% de
probabilidade de ser superado pelos resultados do lote de concreto ensaiado. Na
tração, o diagrama x é bilinear conforme a figura (1.4) mostrada a seguir.

Enquanto na compressão o ensaio usado é o da compressão direta, na tração


são normalizados três ensaios: tração direta, tração indireta (compressão diametral)
e tração na flexão. O ensaio de compressão diametral, conhecido mundialmente
como ensaio brasileiro por ter sido desenvolvido pelo Prof. Lobo Carneiro, é o
mais utilizado, o mais simples e fornece resultados mais homogêneos e ligeiramente
superiores ao da tração direta.

Figura 1.4 - Diagrama tensão-deformação bilinear na tração


(Adaptada da Fig. 8.3 da NBR 6118:2014)

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O valor da resistência à tração direta pode ser considerado igual a:

fct = 0,9 fct,st (1.10)


ou
fct = 0,7 fct,f (1.11)

Onde fct,st é a resistência a tração indireta e fct,f é a resistência a tração na flexão.


Na falta desses valores pode-se obter a resistência média à tração dada por:

fct,m = 0,3 (fck)2/3 (MPa) P/ concretos de classes até C50 (1.12a)

fct,m = 2,12 ln(1+0,11fck) (MPa) P/ concretos de classes C55 até C90 (1.12b)

Os valores da resistência característica a tração fctk inferior e superior, usa-

dos em situações especificas, são dados por:

2/3
0,21 (fck)(MPa) até C50
= fctk,inf = 0,7 fct,m (1.13a)
1,484 ln (1 + 0,11f ck) (MPa) C55 até C90

2/3
0,39 (fck)(MPa) até C50
= fctk,sup = 1,3 fct,m (1.13b)
2,756 ln (1 + 0,11f ck) (MPa) C55 até C90

1.5.2 – Características reológicas do concreto

Segundo o dicionário Aurélio reologia é “parte da física que investiga as pr o-


priedades e o comportamento mecânico dos corpos deformáveis que não são nem
sólidos nem líquidos”. As características reológicas do concreto que interessam ao
estudo do concreto armado são:

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1.5.2.1 - Retração (shrinkage)

A retração no concreto é uma deformação independente do carregamento e,


portanto, de direção sendo, pois uma deformação volumétrica que ocorre devido à
perda de parte da água dissociada quimicamente do processo de produção do con-
creto, quando este “seca” em contato com o ar. Segundo a NBR 6118:2014 depen-
de da umidade relativa do ambiente, da consistência do concreto no lançamento e
da espessura fictícia da peça.

A deformação específica de retração do concreto cs pode ser calculada con-


forme indica o anexo A da NBR 6118:2014. Na grande maioria dos casos, permite-
se que ela seja calculada simplificadamente por meio da tabela 1.2. Esta tabela for-
nece os valores característicos superiores da deformação específica de retração en-
tre os instantes to e t , cs(t , to) e do coeficiente de fluência φ(t ,t0), em função da
umidade média ambiente e da espessura equivalente ou fictícia da peça em , dada
por:
2A c
(cm) e m  (1.14)
u

Onde Ac é a área da seção transversal e u é o perímetro da seção em contato com a


atmosfera.

Os valores desta tabela são relativos a temperaturas do concreto entre 10 oC


e 20 oC, podendo-se, entretanto, admitir temperaturas entre 0 oC e 40 oC. Estes va-
lores são válidos para concretos plásticos e de cimento Portland comum.

Nos casos correntes das obras de concreto armado o valor da deformação


específica devido à retração pode ser adotado igual a cs(t , to) = –15x10-5, satisfa-
zendo ao mínimo especificado na NBR-6118:2014 em função da restrição à retração
do concreto imposta pela armadura. Este valor admite elementos estruturais com
dimensões usuais, entre 10 cm e 100 cm, sujeitos a umidade relativa do ar não infe-
rior a 75%. O valor característico inferior da retração do concreto é considerado nulo.

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1.5.2.2 - Fluência (creep)

A fluência é uma deformação que depende do carregamento e é caracteriza-


da pelo aumento da deformação imediata ou inicial, mesmo quando se mantém
constante a tensão aplicada. Devido a esta deformação imediata ocorrerá uma redu-
ção de volume da peça, provocando este fato uma expulsão da água quimicamente
inerte, de camadas mais internas para regiões superficiais da peça, onde a mesma
já tenha se evaporado. Isto desencadeia um processo, ao longo do tempo, análogo
ao da retração, verificando-se desta forma um crescimento da deformação inicial,
até um valor máximo no tempo infinito.

Da mesma forma que na retração, as deformações decorrentes da fluência do


concreto podem ser calculadas conforme indicado no anexo A daNBR-6118:2014.
Nos casos em que a tensão inicial, aplicada no tempo to não varia significativamen-
te, permite-se que essas deformações sejam calculadas simplificadamente pela ex-
pressão:
 1  (t  , t 0 ) 
ε c (t  , t 0 )  ε ci  ε cc  σ c (t 0 )   (1.15)
 E ci (t 0 ) Eci (28) 

Onde:
- c(t , to) é a deformação específica total do concreto entre os instantes t o e t ; 

- εci é a deformação inicial produzida pela t ensão σc(t0);


- εcc é a deformação devido à fluência;
- c(t0) é a tensão no concreto devida ao carregamento aplicado em t 0;
- Eci(t0) é o modulo de deformação longitudinal calculado na idade do carrega-
mento j=t0 pelas expressões (1.5a) e (1.5b);
- Eci(28) é o modulo de elasticidade longitudinal calculado na idade t=28 dias
pelas expressões (1.5a) e (1.5b);
- (t , t0) é o limite para o qual tende o coeficiente de fluência provocado por car-
regamento aplicado em t0.

1.18
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___________________________________________________________________________

Tabela 1.2-Valores característicos superiores da deformação especifica de re-


tração εcs(t ,t0) e do coeficiente de fluência φ(t ,t0) (Tab. 8.2 d a NBR6118:2014)

Umidade media
40 55 75 90
ambiente (%)

Espessura fictí-
cia 20 60 20 60 20 60 20 60
2 Ac/u (cm)
φ(t ,to) 5 4,6 3,8 3,9 3,3 2,8 2,4 2,0 1,9
C20 a 30 3,4 3,0 2,9 2,6 2,2 2,0 1,6 1,5
C45 60 2,9 2,7 2,5 2,3 1,9 1,8 1,4 1,4
φ(t ,to) 5 2,7 2,4 2,4 2,1 1,9 1,8 1,6 1,5
to
C50 a 30 2,0 1,8 1,7 1,6 1,4 1,3 1,1 1,1
dias
C90 60 1,7 1,6 1,5 1,4 1,2 1,2 1,0 1,0
5 -0,53 -0,47 -0,48 -0,43 -0,36 -0,32 -0,18 -0,15
εcs(t ,to) 30 -0,44 -0,45 -0,41 -0,41 -0,33 -0,31 -0,17 -0,15

60 -0,39 -0,43 -0,36 -0,40 -0,30 -0,31 -0,17 -0,15

O valor de (t , t0) pode ser calculado simplificadamente por interpolação da


tabela 1.2. Esta tabela fornece o valor característico superior do coeficiente de fluên-
cia (t , t0). O seu valor característico inferior é considerado nulo.

1.5.2.3 - Variação de temperatura

A variação da temperatura ambiente não se transmite imediatamente ao con-


creto, tendo uma ação retardada sobre a sua própria variação de temperatura, devi-
do ao baixo grau de condutibilidade térmica do concreto. Quanto mais interno estiver
o ponto considerado menor será sua variação de temperatura em função da tempe-
ratura ambiente.

1.19
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___________________________________________________________________________

Segundo a NBR 6118:2014, para efeito de análise estrutural, o coeficiente de


dilatação térmica do concreto pode ser admitido como sendo igual a αc = 10-5/°C.

Considerando o mínimo especificado na NBR-6118:2014 para a deformação


específica do concreto devido à retração cs(t , to) = –15x10-5, isto equivale a uma
0
diminuição uniforme de temperatura igual a 15 C.

1.6 – Aço

O aço é uma liga metálica composta basicamente de ferro e de pequenas


quantidades de carbono, com percentuais variando de 0,03% a 2%, que lhe confere
maior ductilidade possibilitando que o mesmo não se quebre quando é dobrado para
execução das armaduras. Os teores de carbono para aços estruturais utilizados na
construção civil variam de 0,18% a 0,25%.

A armadura usada nas peças de concreto armado é chamada passiva e a u-


sada na protensão do concreto protendido é chamada ativa.

1.6.1 – Categoria

Para aplicação estrutural o aço produzido inicialmente nas aciarias precisa ser
modificado, o que acontece por meio de dois tipos de tratamento: a quente e a frio.
O tratamento a quente consiste na laminação, forjamento ou estiramento do aço a-
cima da temperatura crítica, em torno de 720 oC. Os aços assim produzidos apre-
sentam maior trabalhabilidade, podem ser soldados com solda comum e apresentam
diagrama tensão-deformação com patamar de escoamento bem definido. Estão in-
cluídos neste grupo os aços CA 25 e CA 50.

O tratamento a frio ou encruamento é obtido por uma deformação imposta ao


aço por meio de tração, compressão ou torção abaixo da temperatura crítica, impri-
mindo basicamente ao mesmo um aumento da sua resistência mecânica. O aço CA
60 pertence a este grupo, que apresenta um diagrama tensão-deformação sem pa-
tamar de escoamento.

1.20
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___________________________________________________________________________

Segundo a NBR 7480:1996 o aço a ser usado nos projetos de estruturas de


concreto armado deve ser classificado nas categorias CA 25, CA 50 e CA 60, em
que CA significa Concreto Armado e o número representa o valor característico da
resistência de escoamento do aço, fyd, em kN/cm2 ou kgf/mm2.

A NBR 7480:1996 classifica como barra o aço produzido exclusivamente por


laminação a quente com bitola nominal maior ou igual a 5 mm e como fio o produzi-
do por laminação a frio (trefilação ou equivalente) com bitola nominal não superior a
10 mm (tabela 1.3).Os valores nominais dos diâmetros, das áreas das seções trans-
versais e da massa por metro são os estabelecidos pela NBR-7480:1996, cujos va-
lores mais usados estão indicados na tabela 1.4, abaixo.

Para se obter a massa por unidade de comprimento (kg/m) das barras basta
multiplicar a área da seção transversal por 1m de comprimento (que dá o volume da
barra por metro) , vezes a massa específica do aço. Assim, por exemplo, para a bar-
ra com bitola igual a 8 mm a área da seção transversal é igual a π x (8x10 -3 m)2 / 4 =
0,503x10-4 m2 = 0,503 cm2 e a massa por unidade de comprimento é (0,503x10 -4
m2) x (1 m) x (7850 kg/m) = 0,503 x 0,785 = 0,395 kg/m. A massa específica do aço
é dada no item 1.6.3 a seguir.

Tabela 1.3 – Diâmetros nominais de barras e fios - NBR 7480:1996

BARRAS Φ≥ 5 mm - LAMINAÇÃO A QUENTE - AÇOS CA-25 E CA-50

5 6,3 8 10 12,5 16 20 22 25 32 40

FIOS Φ≤ 10 mm – LAMINAÇÃO A FRIO – AÇO CA-60

2,4 3,4 3,8 4,2 4,6 5,0 5,5 6,0 6,4 7,0 8,0 9,5 10

1.21
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Tabela 1.4 – Valores nominais para fios e barras de aço

Diâmetro nomi- Massa rea nominal


nal Nominal da seção
(mm) (kg/m) (cm2)

Fios Barras

5,0 5,0 0,154 0,196

6,0 0,222 0,283

6,3 0,245 0,312

6,4 0,253 0,322

7,0 0,302 0,385

8,0 8,0 0,395 0,503

9,5 0,558 0,709


10,0 10,0 0,617 0,785

- 12,5 0,963 1,227

- 16 1,578 2,011

- 20,0 2,466 3,142

- 22,0 2,984 3,801

- 25,0 3,853 4,909

- 32,0 6,313 8,042

- 40,0 9,865 12,566

1.22
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___________________________________________________________________________

1.6.2 – Tipo de superfície

Os fios e barras podem ser lisos, entalhados ou providos de saliências ou


mossas. Para cada categoria de aço, o coeficiente de aderência deve atender ao
indicado na NBR-6118:2014.

Para os efeitos desta norma, a capacidade aderente entre o aço e o concreto


está relacionada ao coeficiente de aderência 1, listados na tabela 1.5.

Tabela 1.5 – Valor do coeficiente de aderência η1


(Tabela 8.3 da NBR 6118:2014)

Tipo de superfície η1
Lisa (CA 25) 1,00
Entalhada (CA 60) 1,40
Nervurada (CA 50) 2,25

1.6.3 – Massa específica e propriedades mecânicas do aço

Para a massa específica do aço da armadura passiva pode ser adotado o


valor s = 7850 kg/m3. O valor do coeficiente de dilatação térmica, para intervalos
de temperatura entre -20 oC e 150 oC pode ser adotado como αs = 10-5/ oC. O módu-
lo de elasticidade, na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, pode
ser admitido igual a:
Es = 210 GPa = 21000 kN/cm2 = 2100000 kqf/cm2.

1.6.4 – Diagrama tensão-deformação

O diagrama tensão-deformação do aço, os valores característicos das resis-


tências ao escoamento fyk e à tração (ruptura) fstk, e da deformação última de ruptu-
ra u devem ser obtidos de ensaios de tração realizados segundo a NBR ISO-

1.23
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___________________________________________________________________________

6892:2002. O valor de fyk para os aços sem patamar de escoamento é o valor da


tensão correspondente à deformação permanente de 2 ‰.

Para cálculo nos estados limites de serviço e último pode-se utilizar o diagra-
ma tensão-deformação simplificado mostrado na figura (1.5) abaixo, para os aços
com ou sem patamar de escoamento.

Figura 1.5 – Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras


passivas (Adaptada da fig. 8.4 da NBR 6118:2014)

1.7 – Definições da NBR 6118:2014

Concreto estrutural – termo que se refere ao espectro completo das aplicações do


concreto como material estrutural.

1.24
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___________________________________________________________________________

Elementos de concreto simples estrutural – elementos estruturais produzidos


com concreto sem nenhuma armadura, ou quando a possui é em quantidades inferi-
ores aos mínimos estabelecidos nesta norma.

Elementos de concreto armado – elementos estruturais produzidos com concreto


cujo comportamento estrutural depende da perfeita aderência aço-concreto e onde
não se aplicam alongamentos iniciais nas armaduras, antes da materialização desta
aderência.

Elementos de concreto protendido – elementos estruturais produzidos com con-


creto onde parte da armadura é previamente alongada por equipamentos especiais
de protensão com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fis-
suração e os deslocamentos da estrutura e propiciar o melhor aproveitamento de
aços de alta resistência no ELU ( estado limite último).

Armadura passiva – qualquer armadura que não seja usada para produzir forças
de protensão, ou seja, armadura utilizada no concreto armado.

Armadura ativa (de protensão) – armadura constituída por barras, fios isolados ou
cordoalhas, destinada a produzir forças de protensão, isto é, armaduras com pré-
alongamento inicial.

Estados limites da NBR 6118:2014 (itens 3.2 e 10.3)

 Estado limite último (ELU) – estado limite relacionado ao colapso, ou a qual-


quer outra forma de ruína estrutural, que determine a paralisação do uso da es-

trutura.
1. estado limite último da perda do equilíbrio da estrutura, admitida como
corpo rígido;
2. estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura
no seu todo ou em parte, devido às solicitações normais e tangenciais;

1.25
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___________________________________________________________________________

3. estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura


no seu todo ou em parte, considerando os efeitos de segunda ordem;
4. estado limite último provocado por solicitações dinâmicas;
5. estado limite último de colapso progressivo;
6. estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutu-
ra, no seu todo ou em parte, considerando exposição ao fogo, conforme a
NBR 15200;
7. estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutu-
ra, considerando ações sísmicas, de acordo a NBR 15421;
8. outros estados limites últimos que eventualmente possam ocorrer em ca-
sos especiais.

 Estados limites de serviço (ELS)


1. Estado limite de formação de fissuras (ELS-F) – estado em que se inicia a
formação de fissuras. Admite-se que este estado limite é atingido quando
a tensão máxima de tração na seção transversal for igual a f ct,f , já definida
anteriormente como a resistência característica à tração do concreto na
flexão.
2. Estado limite de abertura das fissuras (ELS-W) – estado em que as fissu-
ras se apresentam com aberturas iguais aos máximos estabelecidos nesta
norma.
3. Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF) – estado em que as
deformações atingem os limites estabelecidos para utilização normal es-
pecificados nesta norma.
4. Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE) – estado em que as vi-
brações atingem os limites estabelecidos para utilização normal da cons-

trução.

1.26
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___________________________________________________________________________

1.8 – Ações

Conforme a NBR 6118:2014 na análise estrutural deve ser considerada a in-


fluência de todas as ações (designada genericamente pela letra F) que possam pro-
duzir efeitos significativos para a segurança da estrutura em exame, levando-se em
conta os possíveis estados limites últimos e os de serviços. Embora a norma espe-
cífica para ações e segurança nas estruturas seja a NBR 8681:2003, a norma NBR
6118:2014 traz em seu item 11 os conceitos necessários à determinação das ações
e seus coeficientes de ponderação. As ações são classificadas, conforme a NBR-
8681:2003 e a NBR 6118:2014, em permanente, variáveis e excepcionais.

1.8.1 – Ações permanentes

Ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constan-


tes durante toda a vida da construção. Também são consideradas permanentes as
ações que crescem com o tempo, tendendo a um valor limite. As ações permanen-
tes devem ser consideradas com seus valores representativos mais desfavoráveis
para a segurança (NBR 6118:2014).

1.8.1.1 – Ações permanentes diretas

As ações permanentes diretas são constituídas pelo peso próprio e pelos pesos
dos elementos construtivos fixos e das instalações permanentes (NBR 6118:2014).
 Peso próprio (avaliado com a massa específica do concreto armado)
 Peso dos elementos construtivos fixos e de instalações permanentes (avaliado
conforme as massas específicas dos materiais de construção correntes com ba-

se nos valores indicados pela NBR 6120:1980, versão corrigida de 2000)


 Empuxos permanentes (consideram-se como permanentes os empuxos de terra
e outros materiais granulosos quando forem admitidos não removíveis)

1.27
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___________________________________________________________________________

1.8.1.2 – Ações permanentes indiretas

As ações permanentes indiretas são constituídas pelas deformações impostas


por retração e fluência do concreto, deslocamentos de apoio, imperfeições geométri-
cas e protensão (NBR 6118:2014).

 Retração do concreto - a deformação específica de retração do concreto pode


ser calculada conforme indica o anexo A da NBR 6118:2014.
 Fluência do concreto - as deformações decorrentes da fluência do concreto po-
dem ser calculadas conforme indicado no anexo A da NBR 6118:2014.
 Deslocamentos de apoio - os deslocamentos de apoio só devem ser considera-
dos quando gerarem esforços significativos em relação ao conjunto das outras
ações, isto é, quando a estrutura for hiperestática e muito rígida.
 Imperfeições geométricas – na verificação do estado limite último das estruturas
reticuladas, devem ser consideradas as imperfeições geométricas globais e lo-
cais do eixo dos elementos estruturais da estrutura descarregada.

Momento mínimo - o efeito das imperfeições locais nos pilares pode ser substitu-
ído em estruturas reticuladas pela consideração do momento mínimo de 1 a or-
dem
 Protensão - a ação da protensão deve ser considerada em todas as estruturas
protendidas, incluindo, além dos elementos protendidos propriamente ditos, a-
queles que sofrem a ação indireta da protensão, isto é, de esforços hiperestáticos
de protensão.

1.8.2 – Ações variáveis

1.8.2.1 – Ações variáveis diretas

As ações variáveis diretas são constituídas pelas cargas acidentais previstas


para o uso da construção, pela ação do vento e da água, devendo-se respeitar as
prescrições feitas por Normas Brasileiras específicas (NBR 6118:2014).

1.28
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___________________________________________________________________________

 Cargas acidentais previstas para o uso da construção - cargas verticais de uso


da construção; cargas móveis, considerando o impacto vertical; impacto lateral;
força longitudinal de frenação ou aceleração; força centrífuga.
 Ação do vento - os esforços devidos à ação do vento devem ser considerados e
recomenda-se que sejam determinados de acordo com o prescrito pela NBR

6123:1988 - versão corrigida 2:2013, permitindo-se o emprego de regras simpli-


ficadas previstas em Normas Brasileiras específicas.
 Ação da água - o nível d'água adotado para cálculo de reservatórios, tanques,
decantadores e outros deve ser igual ao máximo possível compatível com o sis-
tema de extravasão.
 Ações variáveis durante a construção - as estruturas em que todas as fases
construtivas não tenham sua segurança garantida pela verificação da obra pronta
devem ter, incluídas no projeto, as verificações das fases construtivas mais signi-
ficativas e sua influência na fase final.

1.8.2.2 – Ações variáveis indiretas

 Variações uniformes de temperatura

A variação da temperatura da estrutura, causada globalmente pela variação da


temperatura da atmosfera e pela insolação direta, é considerada uniforme. Ela de-
pende do local de implantação da construção e das dimensões dos elementos estru-
turais que a compõem. De maneira genérica podem ser adotados os seguintes valo-
res (NBR 6118:2014):
a) para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja superior a 50 cm,
deve ser

considerada uma oscilação de temperatura em torno da média de 10ºC a


15ºC;
b) para elementos estruturais maciços ou ocos com os espaços vazios inteira-
mente fechados, cuja menor dimensão seja superior a 70 cm, admite-se que
essa oscilação seja reduzida respectivamente para 5ºC a 10ºC;

1.29
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___________________________________________________________________________

c) para elementos estruturais cuja menor dimensão esteja entre 50 cm e 70 cm


admite-se que seja feita uma interpolação linear entre os valores acima indi-
cados.

 Variações não uniformes de temperatura

Nos elementos estruturais em que a temperatura possa ter distribuição significa-


tivamente diferente da uniforme, devem ser considerados os efeitos dessa distribui-
ção. Na falta de dados mais precisos, pode ser admitida uma variação linear entre
os valores de temperatura adotados, desde que a variação de temperatura conside-
rada entre uma face e outra da estrutura não seja inferior a 5ºC (NBR 6118:2014).

 Ações dinâmicas

Quando a estrutura, pelas suas condições de uso, está sujeita a choques ou vi-
brações, os respectivos efeitos devem ser considerados na determinação das solici-
tações e a possibilidade de fadiga deve ser considerada no dimensionamento dos
elementos estruturais, de acordo com a seção 23 da NBR 6118:2014.

1.8.3 – Ações excepcionais

No projeto de estruturas sujeitas a situações excepcionais de carregamento,


cujos efeitos não podem ser controlados por outros meios, devem ser consideradas
ações excepcionais com os valores definidos, em caso particular, por Normas Brasi-
leiras específicas (NBR 6118:2014).

1.8.4 – Valores das ações

1.8.4.1 – Valores característicos

Os valores característicos Fk das ações são estabelecidos na NBR-


6118:2014 em função da variabilidade de suas intensidades.

1.30
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___________________________________________________________________________

Para as ações permanentes Fgk (a letra g será usada para ações permanen-
tes), os valores característicos devem ser adotados iguais aos valores médios das
respectivas distribuições de probabilidade, sejam valores característicos superiores
ou inferiores. Esses valores são definidos na NBR-6118:2014 ou em normas especí-
ficas, como a NBR-6120:1980, versão corrigida de 2000.

Os valores característicos das ações variáveis Fqk (a letra q será usada para
ações variáveis), estabelecidos por consenso em Normas Brasileiras específicas,
correspondem a valores que têm de 25% a 35% de probabilidade de serem ultra-
passados no sentido desfavorável, durante um período de 50 anos. Esses valores
são aqui definidos ou em normas específicas, como a NBR-6120:1980, versão corri-
gida de 2000.

1.8.4.2 – Valores representativos (NBR 6118:2014)

As ações são quantificadas por seus valores representativos, que podem ser:

 os valores característicos conforme definido acima;


 valores convencionais excepcionais, que são os valores arbitrados para as ações
excepcionais;
 valores reduzidos, em função da combinação de ações, tais como:

1. verificações de estados limites últimos, quando a ação considerada se


combina com a ação principal. Os valores reduzidos são determinados a
partir da expressão oFk , que considera muito baixa a probabilidade de
ocorrência simultânea dos valores característicos de duas ou mais ações

variáveis de naturezas diferentes;


2. verificações de estados limites de serviço. Estes valores reduzidos são
determinados a partir de 1Fk , que estima um valor freqüente e 2Fk ,
que estima valor quase permanente, de uma ação que acompanha a a-
ção principal.

1.31
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___________________________________________________________________________

1.8.4.3 – Valores de cálculo

Os valores de cálculo Fd das ações são obtidos a partir dos valores represen-
tativos, multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de ponderação f definidos a
seguir.

1.8.5 – Coeficientes de ponderação das ações

As ações devem ser majoradas pelo coeficiente f dado por:


f = ( f1)x( f2)x( f3) (1.16)
Onde:
 f1 – parte do coeficiente de ponderação das ações f , que considera a variabili-
dade das ações
 f2 – parte do coeficiente de ponderação das ações f , que considera a simulta-
neidade de atuação das ações
 f3 – parte do coeficiente de ponderação das ações f , que considera os desvios
gerados nas construções e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista
das solicitações

1.8.5.1 – Coeficientes de ponderação das ações no ELU

Os valores base são os apresentados na tabela 1.6 para ( f1)x( f3) e na tabela
1.7 para f2 . Para pilares e pilares-paredes esbeltos com espessura inferior a 19 cm
e lajes em balanço com espessura menor que 19 cm, os esforços solicitantes de
cálculo devem ser multiplicados pelo coeficiente de ajustamento n (ver 13.2.3 e
13.2.4.1 da NBR 6118:2014). Essa correção se deve ao aumento da probabilidade
de ocorrência de desvios relativos e falhas na construção.

1.32
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___________________________________________________________________________

Tabela 1.6 – Valores de ( f1)x( f3) (Tab. 11.1 da NBR 6118:2014)

Ações
Combinações Permanentes Variáveis Protensão Recalques
de (g) (q) (p) de apoio e
ações retração
D F G T D F D F
Normais 1,4a 1,0 1,4 1,2 1,2 0,9 1,2 0
Especiais ou
1,3 1,0 1,2 1,0 1,2 0,9 1,2 0
de construção
Excepcionais 1,2 1,0 1,0 0 1,2 0,9 0 0
Onde: D é desfavorável,F é f avorável, G é geral e T é temperatura.
a
- Para as cargas permanentes de pequena variabilidade, como o peso próprio das estruturas,
especialmente as pré-moldadas, esse coeficiente pode ser reduzido para 1,3.

Tabela 1.7 – Valores do coeficiente f2 (Tab. 11.2 da NBR 6118:2014)

f2
AÇÕES 0 1
a
2

Locais em que não há predominância de


peso de equipamentos que permanecem
0,5 0,4 0,3
fixos por longos períodos de tempo, nem de
elevadas concentrações de pessoas b
Cargas acidentais Locais em que há predominância de pesos
de edifícios
de equipamentos que permanecem fixos
0,7 0,6 0,4
por longos períodos de tempo, ou de ele-
c
vada concentração de pessoas
Biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6
Pressão dinâmica do vento nas estruturas
Vento 0,6 0,3 0
em geral
Variações uniformes de temperatura em
Temperatura 0,6 0,5 0,3
relação à média anual local

1.33
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___________________________________________________________________________

a
Para os valores 1 relativos às pontes e principalmente aos problemas de fadiga,
ver seção 23 da NBR 6118:2014.
b
Edifícios residenciais
c
Edifícios comerciais, de escritórios, estações e edifícios públicos

1.8.5.2 – Coeficientes de ponderação no ELS

Em geral, o coeficiente de ponderação das ações para estados limites de ser-


viço é dado pela expressão:

f = f2 (1.17)

Onde f2 tem valor variável conforme a verificação que se deseja fazer (tab. 1.7)
 f2 =1 para combinações raras
 f2 = 1 para combinações frequentes
 f2 = 2 para combinações quase permanentes.

Os valores das tabelas 1.6 e 1.7 podem ser modificados em casos especiais aqui
não contemplados, de acordo com a NBR 8681:2003.

1.8.6 – Combinações de ações (NBR 6118:2014)

Um carregamento é definido pela combinação das ações que têm probabili-


dades não desprezíveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um
período preestabelecido.

1.8.6.1 – Combinações últimas

1. Combinações últimas normais – Em cada combinação devem estar incluídas


as ações permanentes e a ação variável principal, com seus valores característi-
cos e as demais ações variáveis, consideradas secundárias, com seus valores
reduzidos de combinação, conforme NBR-8681:2003.
1.34
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___________________________________________________________________________

2. Combinações últimas especiais ou de construção – Em cada combinação


devem estar presentes as ações permanentes e a ação variável especial, quando
existir, com seus valores característicos e as demais ações variáveis com proba-
bilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores reduzidos
de combinação, conforme NBR-8681:2003.
3. Combinações últimas excepcionais - Em cada combinação devem estar pre-
sentes as ações permanentes e a ação variável excepcional, quando existir, com
seus valores representativos e as demais ações variáveis com probabilidade não
desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores reduzidos de combina-
ção, conforme NBR-8681:2003. Nesse caso se enquadram, entre outras, sismo e
incêndio.
4. Combinações últimas usuais – para facilitar a visualização, essas combinações
estão listadas na tabela 11.3 da NBR-6118:2014, transcrita na tabela 1.8 abaixo.

Tabela 1.8 – Combinações últimas (Tab. 11.3 da NBR 6118:2014)

Combinações
últimas (ELU) Descrição Cálculo das solicitações
Esgotamento da
capacidade resis-
tente para elemen- Fd = g Fgk + εg Fεgk + q (Fq1k + Σ Ψ0j Fqjk) +
tos estruturais de
concreto armadoa εqΨ0ε εqk F
Esgotamento da Deve ser considerada, quando necessário, a
capacidade resis- força de protensão como carregamento externo
Normais tente para elemen- com os valores Pkmáx e Pkmin para a força desfa-
tos vorável e favorável, respectivamente, conforme
estruturais de con- definido na seção 9
creto protendido
S (F sd) ≥ S (Fnd)

Perda do equilíbrio Fsd = gs Gsk + Rd


como corpo rígido Fnd = gn Gnk + q Qnk - qs Qs,min ,
onde: Qnk = Q1k + Σ Ψ0j Qjk
Especiais ou
de constru- Fd = g Fgk + εg F ε gk + q (Fq1k + Σ Ψ0j Fqjk) + εq Ψ0ε Fεqk
çãob
Excepcionaisb Fd = g Fgk + εg F ε gk + Fq1ecx + q Σ Ψ0j Fqjk) + εqΨ0ε Fεqk

1.35
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Onde:
Fd - é o valor de cálculo das ações para combinação última;
Fgk - representa as ações permanentes diretas;
Fεk - representa as ações indiretas permanentes como a retração Fεgk e va-
riáveis como a temperatura Fεqk;
F - representa as ações variáveis diretas das quais F é escolhida prin-
qk q1k
cipal;
g, εg, q, εq - ver tabela 1.6;
Ψ0j, Ψε - ver tabela 1.7;
Fsd - representa as ações estabilizantes;
Fnd - representa as ações não estabilizantes;
Gsk - é o valor característico da ação permanente estabilizante;
Rd -é o esforço resistente considerado como estabilizante, quando houver;
Gnk - é o valor característico da ação permanente instabilizante;
m
Qnk  Q1k   Ψ 0jQ jk
j2

Qnk - é o valor característico das ações variáveis instabilizantes;


Q1k - é o valor característico da ação variável instabilizante considerada
como principal;
Ψ0j e Qjq - são as demais ações variáveis instabilizantes, consideradas com seu
valor reduzido;
Qs,min - é o valor característico mínimo da ação variável estabilizante que a-
companha obrigatoriamente uma ação variável instabilizante.
a
- No caso geral, devem ser consideradas inclusive combinações onde o
efeito favorável das cargas permanentes seja reduzido pela considera-
ção de g= 1. No caso de estruturas usuais de edifícios essas combina-

ções que consideram g reduzido (1,0) não precisam ser consideradas.


b
- Quando Fq1k ou Fq1exc atuarem em tempo muito pequeno ou tiverem
probabilidade de ocorrência muito baixa Ψ0j, pode ser substituído por
Ψ2j.

1.36
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___________________________________________________________________________

1.8.6.2 – Combinações de serviço

São classificadas de acordo com sua permanência na estrutura como:

1. Quase permanente – podem atuar durante grande parte do período de vida da


estrutura e sua consideração pode ser necessária na verificação do estado limite
de deformações excessivas (ELS-DEF);
2. Frequentes – se repetem muitas vezes durante o período de vida da estrutura e
sua consideração pode ser necessária na verificação dos estados limites de for-
mação de fissuras, de abertura de fissuras e de vibrações excessivas. Po-
dem também ser consideradas para verificações de ELS-DEF decorrentes de
vento ou temperatura que possam comprometer as vedações;
3. Raras – ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura e sua
consideração pode ser necessária na verificação do estado limite de formação
de fissuras.
4. Combinações de serviço usuais – para facilitar a visualização, essas combina-
ções estão listadas na tabela 11.4 da NBR 6118:2014, transcrita na tabela 1.9
abaixo:

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Tabela 1.9 – Combinações de serviço (Tab. 11.4 da NBR 6118:2014)

Combinações
de Descrição Cálculo das solicitações
serviço (ELS)

Combinações Nas combinações quase permanen-


quase perma- tes de serviço, todas as ações variá- Fd, ser = Σ Fgik + Σ Ψ2j Fqjk
nentes de servi- veis são consideradas com seus va-
ço (CQP) lores quase permanentes Ψ2 Fqk
Nas combinações frequentes de ser-
viço, a ação variável principal Fq1 é
Combinações tomada com seu valor frequente Ψ1 Fd,ser = Σ Fgik + ψ1 Fq1k +
freqüentes de Fq1k e todas
serviço (CF) Σ ψ2j Fqjk
as demais ações variáveis são toma-
das com seus valores quase perma-
nentes Ψ2 Fqk
Nas combinações raras de serviço, a
Combinações ação variável principal Fq1 é tomada
F = Σ Fgik + Fq1k +
raras de serviço com seu valor característico Fq1k e d,ser
Σ ψ 2j Fqjk
(CR) todas as demais ações são tomadas

Onde: com seus valores frequentes Ψ2 Fqk


Fd,ser - é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço;
Fq1k - é o valor característico das ações variáveis principais diretas;
ψ1 - é o fator de redução de combinação freqüente para ELS;
ψ2 - é o fator de redução de combinação quase permanente para ELS.

1.8.7 – Resistências

1.8.7.1 – Valores característicos

Os valores característicos fk das resistências são os que, num lote de materi-


al, têm uma determinada probabilidade de serem ultrapassados, no sentido desfavo-
rável para a segurança. Pode ser de interesse determinar a resistência característica
inferior fk,inf e a superior fk,sup , que são respectivamente menor e maior que a resis-
tência média fm . Para efeito da NBR-6118:2014, a resistência característica inferior

1.38
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é admitida como sendo o valor que tem apenas 5% de probabilidade de não ser a-
tingido pelos elementos de um dado lote de material.

1.8.7.2 – Valores de cálculo

1. Resistência de cálculo - a resistência de cálculo f é dada pela expressão:


d

fk
fd  (1.18)
γm

Onde m é o coeficiente de ponderação das resistências.

2. Resistência de cálculo do concreto - a resistência de cálculo do concreto


fcd é obtida em duas situações distintas:
 quando a verificação se faz em data j igual ou superior a 28 dias

f ck
f cd  (1.19)
γc

 quando a verificação se faz em data j inferior a 28 dias

f ckj f ck
f cd   β1 (1.20)
γc γc

sendo 1a relação ( fckj / fck ) dada por:


s 1
28 

 t 
β1  e (1.21)

Onde: s = 0,38 - para concreto de cimento CPIII e IV;


s = 0,25 - para concreto de cimento CPI e II;

1.39
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s = 0,20 - para concreto de cimento CPV-ARI;


t - é a idade efetiva do concreto, em dias.

1.8.7.3 – Coeficientes de ponderação das resistências

As resistências devem ser minoradas pelo coeficiente:

m = m1 . m2 . m3 (1.22)

Onde:

m1 - é a parte o coeficiente de ponderação das resistência m , que consi-


dera a variabilidade da resistência dos materiais envolvidos.

m2 - é a parte do coeficiente de ponderação das resistência m , que consi-


dera a diferença entre a resistência do material no corpo-de-prova e na
estrutura.

m3 - é a parte co coeficiente de ponderação das resistência m , que con-


sidera os desvios gerados na construção e as aproximações feitas em
projeto do ponto de vista das resistências.

1.8.7.3.1 - Coeficientes de ponderação das resistências no ELU

Os valores para verificação no estado limite último (ELU) estão indicados na


tabela 1.10.

1.40
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Tabela 1.10 – Valores dos coeficientes c e s

(Tab. 12.1 da NBR 6118:2014)

Concreto Aço
Combinações
c s

Normais 1.4 1.15


Especiais ou de
1.2 1.15
construção
Excepcionais 1.2 1

1.8.7.3.2 - Coeficientes de ponderação das resistências no ELS

Os limites estabelecidos para os estados limites de serviço (ELS) não neces-


sitam de minoração, portanto m = 1.

1.8.7.3.3 – Valores finais das resistências de cálculo do concreto e do aço

Para um concreto classe C20, por exemplo, cuja resistência característica fck
= 20 MPa = 200 kgf/cm2= 2 kN/cm2, a resistência de cálculo é fcd = (fck / c) = (2 /
2
1,4) = 1,429 kN/cm ( c conforme tabela 1.10). O valor da tensão de pico, quando se
usa o diagrama parábola-retângulo, a ser considerado nos cálculos deve ser afe-
tado pelo coeficiente de Rüsch resultando no valor final de cálculo σc = f c = 0,85fcd =
0,85 x 1,429 = 1,214 kN/cm2, independentemente do tipo de seção e da classe do
concreto.

Por facilidade nos cálculos, normalmente se utiliza o diagrama retangular


simplificado de tensões no concreto, com altura y = λ X e tensão constante e igual a
σc = fc = αc fcd quando a largura da seção transversal não diminui no sentido da li-
nha neutra para a borda mais comprimida. Caso contrário, como por exemplo, seção

1.41
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Materiais
___________________________________________________________________________

circular, a tensão constante deve ser σc = fc = 0,9 αc f cd. Os parâmetros λ e αc, que
serão vistos no capítulo 2 desta apostila, são dados por:

λ = 0,8 αc = 0,85 fck ≤ 50 MPa

λ = 0,8 – (f – 50) / 400 α = 0,85 [1 – (f – 50) / 200] f > 50 MPa


ck c ck ck

O valor σc = fc não aparece na NBR 6118:2014, mas de agora em diante nes-


ta apostila será adotado o valor fc para representar a resistência final de cálculo do
concreto.

Para um aço CA 50, por exemplo, cuja resistência característica ao escoa-


mento fyk = 50 kN/cm2 = 500 MPa = 5000 kgf/cm 2, a resistência de cálculo é fyd =
(fyk / s=1,15) = 4348 kgf/cm2 ≈ 435 MPa = 43,48 kN/cm 2 ≈ 43,5 kN/cm2.

Tabela 1.11 – Valores finais de cálculo para os concretos e aços usuais

Valores finais de cálculo para os concretos do grupo I - f c (kN/cm )


αc = 0,85

C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50


1,214 1,518 1,821 2,125 2,429 2,732 3,036
Valores finais de cálculo para os concretos do grupo II - f c (k N/cm )
αc = 0,85 [1 – (fck – 50) / 200]

C55 C60 C65 C70 C75 C80 C85 C90

3,256 3,461 3,650 3,825 3,984 4,129 4,258 4,371


Valores de cálculo para os aços - fyd (k N/cm )
CA 25 CA 50 CA 60
17,86 43,48 52,17

1.42
CONCRETO ARMADO I - CAPÍTULO 2

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Julho 2014

FLEXÃO NORMAL SIMPLES


__________________________________________________________________________

2.1 - Introdução

Dentre os esforços solicitantes (entes mecânicos aferidos ao centro geométri-


co da seção transversal, obtidos pela integração conveniente das tensões nesta se-
ção) o momento fletor M, é em condições normais, o esforço preponderante no di-
mensionamento de peças estruturais como lajes e vigas.

Quando o momento fletor atua segundo um plano que contenha um dos ei-
xos principais da seção transversal, a flexão é dita normal. Se este momento atua
isoladamente tem-se a flexão normal simples. Se simultaneamente atua uma força
normal N a flexão é dita normal composta. Quando o momento atuante têm com-
ponentes nos dois eixos principais da seção transversal a flexão é dita oblíqua e se
acompanhada de força normal é dita oblíqua composta.

Normalmente o momento fletor atua em conjunto com a força cortante V, po-


dendo, no entanto em situações especiais, ser o único esforço solicitante. Nesse
caso tem-se a flexão pura, situação ilustrada na figura 2.2, no trecho entre as car-
gas simétricas P, quando se despreza o peso próprio da viga.

Segundo o item 16.1 da NBR 6118:2014, o objetivo do dimensionamento, da


verificação e do detalhamento é garantir segurança em relação aos estados limites
último (ELU) e de serviço (ELS) da estrutura como um todo ou de cada uma de suas
partes. Essa segurança exige que sejam respeitadas condições analíticas do tipo:
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

Sd Rd (MSd MRd) (2.1)

Onde Sd é a solicitação externa de cálculo e Rd é a resistência interna de cálculo.

Como a solicitação estudada é o momento fletor a equação 2.1 no seu se-


gundo termo (entre parênteses) foi adaptada para o momento externo solicitante de

cálculo (MSd) ser menor ou igual ao momento interno resistente de cálculo ( MRd),
mostrados na figura 2.1 .

Figura 2.1 – Esforços solicitantes externos e i nternos na seção transversal

Na figura 2.1, a seção transversal retangular de uma viga é mostrada a es-


querda e parte da vista lateral é mostrada a direita onde estão concentrados em seu
centro geométrico (CG) os esforços externos solicitantes NSd e MSd. Como é flexão
simples a força normal solicitante é igual à zero. Por equilíbrio as resultantes inter-
nas de compressão no concreto Rcc e de tração no aço Rst são iguais. A resultante
no concreto é obtida pela integração das tensões normais de compressão do con-
creto (σc) na área com hachuras da seção transversal, definida pela profundidade x

da linha neutra (LN). A resultante no aço é obtida pelo produto da área de aço As
(steel) pela tensão de tração no aço σs.

Para garantir a segurança o momento externo solicitante de cálculo MSd tem


de ser menor ou igual ao momento interno resistente de cálculo MRd, que conforme

2.2
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

a figura 2.1 é dado pelo binário (duas forças iguais, paralelas e de sentidos opostos
separadas por uma distância, o braço de alavanca z) interno resistente MRd:

MSd ≤ MRd = .Rzcc . z = R st (2.2)

Quanto ao comportamento resistente à flexão pura, sabe-se que sendo o

concreto um material bem menos resistente à tração do que à compressão, tão logo
a barra seja submetida a um momento fletor capaz de produzir tensões de tração
superiores àquelas que o concreto pode suportar, surgem fissuras de flexão, trans-
versais ao eixo da barra, próximas ao centro da viga e fissuras inclinadas próximas
aos apoios, conforme mostrado na figura 2.2. As primeiras são devidas ao momento
fletor, maior no centro, e as últimas devido ao cisalhamento, maior nos apoios.

Figura 2.2 – Fissuras de flexão

Caso não existisse as armaduras de flexão e de cisalhamento estas fissuras


provocariam a ruptura total da viga. Os esforços internos de tração são transmitidos
às armaduras por meio da aderência aço-concreto. É como se as armaduras “cos-

2.3
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

turassem” as fissuras, conforme esquematicamente mostrado na figura 2.2, o que


impede que as mesmas cresçam indefinidamente. Conforme será visto adiante no
capítulo referente à fissuração, a abertura e o controle dessas fissuras dependerão
substancialmente das características e do detalhamento final da armadura de flexão.

A ruína de uma peça à flexão é um fenômeno de difícil caracterização, devido


basicamente à complexidade envolvida no funcionamento conjunto aço-concreto.
Portanto para que esta tarefa seja possível convenciona-se que a ruína de uma
seção à flexão é alcançada quando, pelo aumento da solicitação, é atingida a ruptu-
ra do concreto à compressão ou da armadura à tração.

2.2 – Solicitações normais

Por solicitação normal entende-se toda solicitação que produza na seção


transversal tensões normais. Neste grupo estão naturalmente a força normal, o mo-
mento fletor ou ambos atuando simultaneamente.

A ruptura do concreto à compressão é considerada atribuindo-se de forma


convencional encurtamentos últimos para o concreto. Para seções parcialmente
comprimidas, admite-se que a mesma ocorra quando o concreto atinge na sua fibra
mais comprimida o encurtamento limite último cu, ver equações (1.9b) e (1.9c). Para
seções totalmente comprimidas o encurtamento máximo da fibra mais comprimida
varia de c2 a cu (ver hipóteses básicas adiante).

Para o aço admite-se que a ruptura à tração ocorra quando se atinge um a-

longamento limite último su = 10 ‰ . O alongamento máximo de 10 ‰ deve-se a


uma limitação da fissuração no concreto que envolve a armadura e não ao alonga-
mento real de ruptura do aço, que é bem superior a este valor.

Atinge-se, então, o estado limite último - ELU, correspondente a ruptura do


concreto comprimido ou a deformação plástica excessiva da armadura. O momento

2.4
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

fletor solicitante de cálculo MSd é o momento de ruptura, enquanto o momento de


serviço será o de ruptura dividido pelo coeficiente de ponderação das ações f, ou
seja:

M Sd
M serv  (2.3)
γf

2.2.1 – Hipóteses básicas e domínios de deformação

Conforme o item 17.2 da NBR 6118:2014, na análise dos esforços resistentes


de uma seção de viga ou pilar, devem ser consideradas as seguintes hipóteses bá-
sicas:

1 As seções transversais se mantêm planas após a deformação, os vários casos


possíveis são ilustrados na figura 2.3 (como consequência a deformação em um
ponto é proporcional a sua distância a linha neutra);

2 a deformação das barras passivas aderentes em tração ou compressão deve ser


a mesma do concreto em seu entorno (perfeita aderência aço-concreto);
3 as tensões de tração no concreto, normais à seção transversal, devem ser des-
prezadas no ELU (resistência nula do concreto à tração);
4 Para o encurtamento de ruptura do concreto nas seções parcialmente compri-
midas considera-se o valor convencional de εcu (domínios 3, 4 e 4a da figura
2.3). Nas seções inteiramente comprimidas (domínio 5) admite-se que o encur-
tamento da borda mais comprimida, na ocasião da ruptura, varie de εcu a εc2,
mantendo-se inalterado e igual a εc2 a deformação a uma distância, a partir da
borda mais comprimida, a ser discutida adiante (ver figura 2.3);
5 Para o alongamento máximo de ruptura do aço considera-se o valor convencio-
nal de 10 ‰ (domínios 1 e 2 da figura 2.3) a fim de prevenir deformação plástica
excessiva;
6 A distribuição das tensões do concreto na seção se faz de acordo com o diagra-
ma parábola-retângulo da figura 2.4c, já definido na figura 1.2, com a tensão de
pico igual a fc=0,85fcd (ver tabela 1.11). Permite-se a substituição deste por um

2.5
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

diagrama retangular simplificado de altura y = λx (figura 2.4d), onde o parâmetro


λ pode ser tomado igual a:

λ = 0,8 para fck ≤ 50 MPa


(2.4)
λ = 0,8 - ( fck – 50 ) / 400 para fck > 50 MPa

Onde a tensão constante atuante até a profundidade y pode ser tomada igual a:

αcfcd quando a largura da seção, medida paralelamente à LN,


não diminuir a partir desta para a borda mais comprimida;
(2.5a)
0,9 αcfcd no caso contrário.

Sendo αc definido como:

αc = 0,85 para fck ≤ 50 MPa


(2.5b)
αc = 0,85 [1,0 – (fck – 50) / 200] para fck > 50 MPa

As diferenças de resultados obtidos com estes dois diagramas são pequenas e


aceitáveis, sem necessidade de coeficiente de correção adicional.

7 A tensão nas armaduras deve ser obtida a partir das suas deformações usando
os diagramas tensão-deformação, com seus valores de cálculo.

Na figura 2.4b mostra-se o diagrama de deformações para o ELU do concreto


com seção parcialmente comprimida. Se a deformação de ruptura do concreto εcu
corresponde à profundidade X, para uma deformação igual a εc2, por regra de três
simples, determina-se a distância ac2 = [( εcu - εc2) / εcu] X (ver figura 2.4d). O diagra-
ma de tensões parábola-retângulo fica dividido em dois trechos com alturas ac2 no
trecho parabólico e (X - ac2) no trecho com tensões constantes. A resultante total de

2.6
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

compressão no concreto Rcc é a soma das resultantes Rcc1 e Rcc2, dos trechos com
tensões constante e parabólico respectivamente.

Conforme a hipótese básica 6, para o diagrama parábola-retângulo, a tensão


constante é sempre igual a fc=0,85fcd. Considerando-se concretos do grupo I (até
classe C50) em que εcu = 3,5‰ e εc2 = 2‰ a distância ac2 = (4 / 7) X e a do trecho
constante (X – ac2) = (3 / 7) X . Para esta situação as resultantes Rcc1 e Rcc2 ficam:

3 9
R cc1  f c b X f c bX
7 21
17
R cc  f c bX  0,809fc bX
21
2 4 8
R cc2  fcb X f c bX
3 7 21

Na resultante R o valor (2/3) resulta da integração da parábola do segundo


cc2
grau (fck ≤ 50 MPa) σc no retângulo de largura b e altura ac2 = (4 / 7) X.

As resultantes totais Rcc das figuras 2.4c e 2.4d serão equivalentes se adicional-
mente, as distâncias Z até a LN nos dois casos forem as mesmas. Na figura 2.4c, o
equilíbrio exige que:

Rcc1 Z1 + Rcc2 Z2 = Rcc Z

1 4  11 R cc1Z 1  R cc2Z 2 139


Z1  X  X  X Z  X  0,584X
2 7  14 R cc 238

5 54 5
Z2  a c2  X X
8 87 14

2.7
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

O valor (5/8) em Z2 resulta do ponto de aplicação da resultante do diagrama


parabólico (segundo grau para fck ≤ 50 MPa) para as tensões no concreto.

Os valores 0,809 e 0,584 são aproximadamente iguais aos valores 0,8 e 0,6, que
representam respectivamente a altura do diagrama retangular e do ponto de aplica-
ção da resultante da figura 2.4d, diagrama retangular simplificado, quando f ck ≤ 50
MPa.

Na figura 2.3 a armadura tracionada ou menos comprimida é As e a mais


comprimida ou menos tracionada é A’s. A profundidade da linha neutra x é conside-
rada positiva da borda mais comprimida para baixo. A seção transversal mostrada a
esquerda é a representada na vista lateral a direita, onde os alongamentos são mar-
cados do seu lado esquerdo e os encurtamentos do lado direito.

Figura 2.3 – Domínios de deformação da NBR 6118:2014

2.8
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

Figura 2.4 – Diagramas tensão-deformação para o concreto

Figura 2.5 – Valores de fc para o diagrama σxε retangular simplif icado

Para a construção da figura 2.3 a seção transversal sem deformações, por-


tanto sem solicitação é inicialmente tracionada pelo seu centro geométrico produzin-
do tração uniforme. Nesta situação a seção solicitada desloca-se verticalmente para
a esquerda (alongamento) e como o concreto não resiste à tração (hipótese básica

2.9
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

3) a única possibilidade de se ter um estado limite último é tracionar igualmente as


duas armaduras com a deformação última do aço εsu=10‰ (hipótese básica 5). Com
isto a seção transversal é deslocada para a reta “a”, ou reta da tração centrada,
onde devem ser dimensionados os tirantes (peças preponderantemente solicitadas à
tração) sem momentos. Caso as armaduras não sejam simétricas haverá momento
fletor.

O domínio 1 de deformações começa na reta “a” quando a seção solicitada


é paralela à seção sem solicitação com ambas cruzando-se no infinito, onde a pro-
fundidade da linha neutra é x = - ∞(para cima). Continuando a solicitação da seção a
partir da reta “a”, pode-se dar uma pequena excentricidade da força normal de tra-
ção produzindo uma flexo-tração com alongamento maior na armadura As (mais tra-
cionada). Para que se tenha um estado limite último o alongamento nesta armadura
é εsu=10‰ representado pelo ponto A.

Girando-se em torno deste ponto, o domínio 1 abrange todas as solicitações


desde esta reta, onde x = - ∞ , até quando a linha neutra atingir a profundidade nula,
x=0. Neste domínio a seção está inteiramente tracionada com solicitações variando
desde a tração centrada até flexo-tração (tração não uniforme) sem compressão.

O domínio 2 é caracterizado também pelo ELU correspondente à deforma-


ção plástica excessiva do aço (ponto A), agora com a seção transversal parcialmen-
te comprimida até que simultaneamente seja atendido o ELU para a ruptura do con-
creto à compressão, neste caso, com εc = εcu . As solicitações possíveis neste domí-
nio são de flexo-tração com excentricidades maiores que as do domínio 2, flexão
simples pois tem-se simultaneamente resultantes de compressão (concreto) e de
tração (aço), e flexo-compressão com excentricidades pequenas, sem ruptura à
compressão do concreto, ou seja, εc ≤ εcu.

A profundidade da LN varia desde X=0 até a profundidade limite X=X2L que


por semelhança de triângulos na figura 2.6 resulta:

2.10
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___________________________________________________________________________

εcu εcu  10


 (2.6)
X2L d

3,5
X2L  d  0,259d para concretos de classes até C50 (2.6a)
3,5  10

ε cu
X2L  d para concretos de classes C55 até C90 (2.6b)
ε cu  10

Onde d é altura útil da seção, distância da borda mais comprimida da seção


até o centro da armadura mais tracionada As e εcu é o encurtamento de ruptura do
concreto, dado nas equações (1.9a) e (1.9b).

Por simplicidade os valores ‰ foram suprimidos da equação (2.6a). Nesta


equação tem-se o valor absoluto da profundidade X2L, que não depende do tipo de
aço usado, mas do grupo do concreto. Em muitos casos é conveniente usar o valor

relativo da profundidade limite do domínio 2, um valor adimensional dado por:

Figura 2.6 – Profundidade limite do domínio 2 (X 2L)

X 2L
ξ 2L   0,259 p/ concretos de classes até C50 (2.7a)
d

2.11
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___________________________________________________________________________

εcu
ξ 2L  p/ concretos de classes C55 até C90 (2.7b)
εcu  10

A partir do X2L não se pode mais girar a seção pelo ponto A, o que produziria
deformações superiores à εcu no concreto. Portanto a parir deste ponto a seção deve
girar pelo ponto B, desde a deformação εsu até a deformação εyd, correspondente a
tensão de escoamento de cálculo do aço. Este domínio particular de deformação é o
domínio 3 da figura 2.3, caracterizado basicamente pela flexão simples (seções
subarmadas) e flexo-compressão com ruptura à compressão do concreto e com o
escoamento da armadura As. A linha neutra varia desde a profundidade limite do
domínio 2 até ao valor limite do domínio 3, X3L (figura 2.7).

Como as deformações do aço neste domínio estão no intervalo εyd ≤ εs ≤10‰,


a tensão na armadura As é constante e igual a fyd (figura 1.4). Na figura 2.7 o valor
X3L também é obtido por semelhança de triângulos resultando:

εcu εcu  ε yd
 (2.8)
X3L d

X 3L 3,5
ξ 3L   p/ concretos de classes até C50 (2.9a)
d 3,5  ε yd

εcu
ξ 3L  p/ concretos de classes C55 até C90 (2.9b)
εcu  ε yd

Nota-se nas equações 2.8 e 2.9 que as profundidades absoluta e relativa limi-
tes do domínio 3 dependem do tipo de aço usado e do grupo do concreto. Esses

valores estão apresentados na tabela 2.1.

2.12
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___________________________________________________________________________

Figura 2.7 – Profundidade limite do domínio 3 (X 3L)

Tabela 2.1 – Valores limites de ε para o concreto e ξL para os domínios

Deformações limites do concreto e profundidades relativas dos domínios 2 e 3


ξ3L
εc2 εcu
CLASSE ξ2L CA 25 CA 50 CA 60
‰ ‰
εyd=1,035‰ εyd=2,070‰ εyd=2,484‰
Até C50 2,000 3,500 0,259 0,772 0,628 0,585
C55 2,199 3,125 0,238 0,752 0,602 0,557
C60 2,288 2,884 0,224 0,736 0,582 0,537

C65 2,357 2,737 0,215 0,726 0,569 0,524


C70 2,416 2,656 0,210 0,720 0,562 0,517
C75 2,468 2,618 0,207 0,717 0,558 0,513
C80 2,516 2,604 0,207 0,716 0,557 0,512
C85 2,559 2,600 0,206 0,715 0,557 0,511
C90 2,600 2,600 0,206 0,715 0,557 0,511

2.13
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___________________________________________________________________________

No domínio 4 a seção continua girando em torno do ponto B desde a posição


final do domínio 3 até que a deformação na armadura As seja nula. Embora possível,
neste domínio o dimensionamento à flexão simples (seções superarmadas) deve ser
evitado por questões econômicas, como será visto mais adiante. A armadura As tra-
balha com uma tensão de tração menor ou igual afyd, não aproveitando de forma
racional o material constituinte mais caro do concreto armado. Portanto a solicitação
preponderante deste domínio é a flexo-compressão.

A profundidade limite deste domínio é X4L=d, ficando a profundidade relativa


ξ 4L = 1.

Ainda pode-se girar em torno do ponto B até que seção tenha deformação
nula na fibra inferior mais tracionada. Isto caracteriza um domínio de deformação
muito pequeno que recebe um nome secundário de domínio 4a, caracterizado pela
flexo-compressão com armaduras comprimidas. A linha neutra varia de d até a altura
total da peça h.

Se continuasse a girar em torno do ponto B a seção transversal estaria intei-


ramente comprimida e nesta situação o encurtamento na fibra a [(εcu – εc2) / εcu] h
da borda mais comprimida seria maior que εc2, o que contraria a hipótese básica 4,
ou seja em peças inteiramente comprimidas o encurtamento da fibra mais comprimi-
da varia de εcu a εc2, desde que a [(ε cu – εc2) / εcu] h desta borda o encurtamento seja
constante e igual a εc2 (figura 2.8). Isto significa que no domínio 5 a seção gira em
torno do ponto C. Este domínio caracteriza-se por peças submetidas à flexo-
compressão com as armaduras comprimidas, até a compressão centrada (reta b).

A figura 2.8 representa a situação de deformação correspondente aos limites


entre o final do domínio 4a e o início do domínio 5. Nesta situação onde X = h, a dis-
tância a0-2 é obtida por regra de três simples resultando:

ε cu ε c2
 (2.10a)
h a 02

2.14
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4 3
a 0 2  h  a 2 u  h p/ concretos de classe até C50 (2.10b)
7 7

ε c2
a0 2  h  a 2 u  h  a0 2 p/ concretos de classe C55 até C90 (2.10c)
εcu

Figura 2.8 – Início do domínio 5 - Localização do ponto C

Naturamente neste domínio a flexão simples não é possível, sendo o mesmo


caracterizado pela flexo-compressão com excentricidades maiores e capazes de
comprimir inteiramente a seção transversal. Este domínio vai desde a situação mos-
trada na figura 2.8 até a reta “b”, da compressão centrada, onde a profundidade
limite da LN é X5L = + ∞.

2.15
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___________________________________________________________________________

2.3 - Seções subarmada, normalmente armada e superarmada

No caso particular da flexão simples, dos cinco domínios existentes ficam eli-
minados os de número 1 (seção totalmente tracionada), 4a e 5 (seção totalmente
comprimida), restando pois os domínios possíveis 2,3 e 4.

Os domínios 2 e 3 correspondem ao que se denomina seção subarmada on-


de a armadura escoa antes da ruptura do concreto à compressão, sd yd, com a
armadura tracionada trabalhando com a máxima tensão de cálculo, fyd. O domínio 4
corresponde ao que se denomina seção superarmada, onde o concreto atinge o
encurtamento convencional de ruptura εcu antes da armadura escoar, sd < yd, com
a armadura tracionada trabalhando com tensões inferiores a fyd.

Costuma-se chamar normalmente armada uma seção que funciona no limite


entre as duas situações acima, isto é, na qual, teoricamente, o encurtamento último
convencional do concreto comprimido e a deformação de escoamento do aço ocor-
ram simultaneamente. Na figura 2.3 a situação de peças normalmente armadas o-
corre no limite entre os domínios 3 e 4.

Segundo o professor Tepedino, J. M. (1980) em suas apostilas de notas de


aula, “em princípio, não há inconveniente técnico na superarmação, a não ser, tal-
vez, alguma deformação excessiva por flexão, fato que pode ser prevenido. No en-
tanto, a superarmação é antieconômica, pelo mau aproveitamento da resistência do
aço. Por isto mesmo, sempre que possível, devem-se projetar seções subarmadas
ou normalmente armadas, sendo a mesma desaconselhável pela NBR 6118 ”.

A NBR 6118:2014 prescreve no item 14.6.4.3 limites para redistribuição de


momentos e condições de dutilidade:

“A capacidade de rotação dos elementos estruturais é função da posição da linha


neutra no ELU. Quanto menor é x/d, tanto maior será essa capacidade.

2.16
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___________________________________________________________________________

Para proporcionar o adequado comportamento dútil em vigas e lajes, a posição da


linha neutra no E LU deve obedecer aos seguintes limites:

a) x/d 0,45 para concretos com f ck 50 MPa ; ou (2.11a)

≤ 90
b) x/d 0,35 para concretos com 50 MPa < f ck MPa; (2.11b)
Esses limites podem ser alterados se forem utilizados detalhes especiais de armadu-
ras, como, por exemplo, os que produzem confinamento nessas regiões.”

E no item 17.2.3, dutilidade de vigas:

“Nas vigas é necessário garantir boas condições de dutilidade respeitando os limites


de posição da linha neutra (x/d) dados em 14.6.4.3, sendo adotada, se necessário,
armadura de compressão.

A introdução da armadura de compressão para garantir o atendimento de valores


menores da posição da linha neutra x, que estejam nos domínios 2 ou 3, não conduz
a elementos estruturais com ruptura frágil. A ruptura frágil está associada a posições
da linha neutra no domínio 4, com ou sem armadura de compressão.”

Analisando-se a tabela 2.1 construída para concretos de classes C20 até C90
e os valores limites de (x/d) dados acima, para garantir o adequado comportamento
dútil, nota-se que para os três tipos de aços usados estas profundidades relativas
limites são maiores que os valores ξ2L e menores que os valores ξ3L da tabela. De
agora em diante os valores relativos limites serão ξL = (x/d)L = 0,45 para concretos
com fck ≤ 50 MPa e ξL = (x/d)L = 0,35 para concretos com 50 MPa < fck ≤ 90 MPa e
tanto um quanto outro estão localizados no domínio 3.

2.17
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___________________________________________________________________________

2.4 - Seção retangular submetida à flexão simples

Segundo Tepedino (1980) “no caso da seção retangular, pode-se, sem erro
considerável e obtendo-se grande simplificação, adotar, para os domínios 2 e 3 (se-
ção subarmada ou normalmente armada), o diagrama retangular para as tensões no
concreto, permitido pela NBR 6118”, representado na figura 2.4d.

Figura 2.9 – Seção retangular submetida à fl exão simples

Na figura 2.9 tem-se:


 b – largura da seção retangular (na NBR 6118:2014 é dado por bw)
 h – altura total da seção retangular
 d – altura útil da seçã transversal (profundidade da armadura As)
 d’ – profundidade da armadura A’s (borda mais comprimida até o CG de A’s)
 x – profundidade da linha neutra para o diagrama σxε parábola-retângulo
 y – profundidade da linha neutra para o diagrama σxε retangular
 z – braço de alavanca do binário interno resistido pelo concreto (distância en-
tre Rcc e Rst)
 λ– parâmetro de redução da altura do diagrama retangular simplificado, dado
nas equações (2.4)
 αc – parâmetro de redução da resistência do concreto na compressão, dado
nas equações (2.5)
2.18
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___________________________________________________________________________

 Rcc – resultante interna de compressão no concreto


 Rst – resultante interna de tração na armadura As
 R’sd – resultante interna de compressão na armadura A’ s
 Md - momento externo solicitante de cálculo (até agora dado por MSd)

A armadura tracionada As é racionalmente dimensionada na flexão simples


quando trabalha com a máxima tensão possível sd = fyd, ou seja, apenas nos domí-
nios 2 e 3, onde a profundidade relativa da linha neutra ( ξ =x/d) é menor ou igual à
profundidade relativa limite do domínio 3 ( ξ 3L). Atendendo esta premissa básica do
dimensionamento à flexão, a resultante de tração Rst deve ser obtida pelo produto
da área As (incógnita) pela tensão σs = fyd, conforme mostrado na figura 2.9.

Conforme a figura 2.9 a tensão do concreto no diagrama retangular deve ser


fc = αc fcd = 0,85 fcd, pois a seção dimensionada é retangular, equações (2.5a) e
(2.5b). Ainda de acordo com esta figura pode-se escrever duas equações de equilí-

brio: o somatório de momentos é nulo em relação ao ponto de aplicação de As (e-


quação 2.12) e o somatório de forças horizontais é nulo (equação 2.13).

 y
M d  f c by  d    As σ sd d  d  (2.12)
' ' '

 2

Nd  0  f cby  As σ s - As f yd (2.13)
' '

Onde: fcby = Rcc; A’sσ’sd = R’sd; Asfyd = Rst; (d-y/2) = z .

Na equação (2.12) os três termos representam momentos, o primeiro o mo-


mento fletor externo solicitante de cálculo e os dois da direita, momentos fletores
internos resistentes de cálculo devidos à resultante de compressão do concreto e à
resultante de compressão na armadura A’s, respectivamente. Ao dividir os termos
desta equação de equilíbrio por outro que tem a mesma dimensão de um momento,
por exemplo, (fc b d2), obtém-se uma nova equação de equilíbrio em termos adimen-
sionais, que depois das simplificações é dada por:
2.19
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___________________________________________________________________________

A' s σ'sd  d' 


K  K' 1   (2.14)
f c bd  d

Onde:
Md
K 2
(2.15)
f bd
c

é o parâmetro adimensional que mede a intensidade do momento fletor externo soli-


citante de cálculo;

 y
fcby  d  
 2 y y   α
K'  2
 1    α 1   (2.16)
fcbd d 2d   2

é o parâmetro adimensional que mede a intensidade do momento fletor interno resis-


tente de cálculo, devido ao concreto comprimido.

O terceiro termo de (2.14) é também adimensional e mede a intensidade do


momento fletor interno resistente de cálculo, devido à armadura A’s comprimida.

Na equação (2.16), é o valor da profundidade relativa da linha neutra refe-


rente ao diagrama retangular simplificado de tensões no concreto, dada por:

y λX
α   λξ (2.17)
d d

A equação (2.16) representa uma equação do segundo grau em e, portanto


conforme (2.17) em função da incógnita x (profundidade da linha neutra), que depois
de resolvida fornece entre as duas raízes do problema, o seguinte valor possível:

α  1  1  2K' (2.18)

2.20
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

A raiz com o sinal positivo foi descartada uma vez que o seu valor máximo ou
limite, para qualquer classe de concreto, é igual a αmax = λmax (x/d)L,max = λmax ξ L,max
= 0,8 x 0,45 = 0,36 < 1.

Da equação (2.14), multiplicando-se e dividindo-se o último termo simultane-

amente por fyd, obtém-se a expressão para o cálculo da armadura comprimida A’s:

f c bd K  K'
A' s  φ (2.19)
f yd d'
1
d

Onde φ representa o nível de tensão na armadura comprimida, que é sempre


menor ou igual a 1, dada por:

'
σ sd
φ 1 (2.20)
f yd

A partir da equação de equilíbrio (2.13) determina-se a armadura de tração As


dada por:

f c by A' s σ'sd
As   (2.21)
f yd f yd

Multiplicando-se e dividindo-se simultaneamente o segundo termo de (2.21)


por d e substituindo a relação ( ’sd / fyd) do terceiro termo pela equação (2.20), ob-

tém-se:

f c bd y
As   A' s φ (2.22)
f yd d

2.21
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Substituindo-se as equações (2.17), (2.18) e (2.19) na equação (2.22) obtém-


se:

As = As1 + As2 (2.23)

com

f c bd f c bd
A s1 
f yd
α
f yd
1  1  2K'  (2.24)

fcbd K  K'
As2  A's φ  (2.25)
f yd d'
1
d

Normalmente calcula-se primeiramente a armadura As. Caso a parcela As2


seja diferente de zero, calcula-se a armadura comprimida A’s, segundo (2.25), dada

por:

A s2
A' s  (2.26)
φ

2.4.1 – Seções com armaduras simples e dupla

A armadura de compressão A’s nem sempre é necessária para equilibrar o


momento externo solicitante Md (representado adimensionalmente por K), que nesse
caso será equilibrado internamente apenas pelo momento devido ao concreto com-
primido (representado adimensionalmente por K’). A única possibilidade matemática
de se ter armadura A’s nula e conseqüentemente também As2, é fazer em (2.19) ou
em (2.25), K’ = K. Essa igualdade tem uma explicação física coerente com a situa-
ção de armadura simples (sem armadura de compressão). Quando o momento ex-
terno Md (K), for equilibrado apenas pelo momento interno devido ao concreto com-

2.22
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

primido (K’), tem-se fisicamente K = K’, não sendo necessária portanto, armadura
de compressão A’s.

Conforme visto anteriormente na equação (2.9), a máxima profundidade rela-


tiva da linha neutra para se ter seção subarmada ou normalmente armada é a cor-
respondente ao limite do domínio 3. Com esta profundidade limite obtém-se o máxi-
mo momento interno resistente devido ao concreto K’L (sem necessidade de A’s),
que deve ser equilibrado pelo momento externo limite KL. Para essa situação limite,
a partir da equação (2.16), obtém-se:

 αL 
K L  K L  α L 1 - (2.27)
'

 2 

Com
y x
αL     λ   λξ 3L (2.28)
 L
d  d L

O valor de αL em (2.28) é função de 3L que depende do tipo de aço empre-


gado. Segundo a NBR 6118:2014, item 14.6.4.3, os valores limites L=0,45 ou
L=0,35 para proporcionar o adequado comportamento dútil , “podem ser alterados
se forem utilizados detalhes especiais de armaduras, como por exemplo, os que
produzem confinamento nessas regiões”. Este confinamento da região comprimida
da seção transversal pode ser obtido com os próprios estribos (armadura transversal
de combate ao cisalhamento) ou adicionalmente com estribos menores e menos es-
paçados cofinando apenas a área comprimida da seção transversal, Delalibera
(2002). Os valores alterados de αL e KL, sem o adequado comportamento dútil, para
os três tipos de aços usados estão listados na tabela 2.2.

2.23
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
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Tabela 2.2 – Valores de KL SEM o adequado comportamento dútil


(x/d)L = (x/d)3L
KL
CLASSE λ
CA 25 CA 50 CA 60
Até C50 0,8000 0,427 0,376 0,358

C55 0,7875 0,417 0,362 0,342


C60 0,7750 0,408 0,349 0,330
C65 0,7625 0,400 0,340 0,320
C70 0,7500 0,394 0,333 0,313
C75 0,7375 0,389 0,327 0,307
C80 0,7250 0,384 0,322 0,302
C85 0,7125 0,380 0,318 0,298
C90 0,7000 0,375 0,314 0,294

Tabela 2.3 – Valores de KL COM o adequado comportamento dútil

CLASSE λ ξL= (x/d)L αL= λ(x/d)L KL= αL(1- αL/2)

Até C50 0,8000 0,45 0,360 0,295


C55 0,7875 0,35 0,276 0,238
C60 0,7750 0,35 0,271 0,234
C65 0,7625 0,35 0,267 0,231
C70 0,7500 0,35 0,263 0,228

C75 0,7375 0,35 0,258 0,225


C80 0,7250 0,35 0,254 0,222
C85 0,7125 0,35 0,249 0,218
C90 0,7000 0,35 0,245 0,215

2.24
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

Na tabela 2.3 estão listados os valores de αL e KL, com o adequado compor-


tamento dútil, que dependem apenas do valor da resistência fck do concreto. Estes
serão os valores considerados nesta apostila.

A seção normalmente armada (x=x3L) descrita no item 2.3, resiste ao máximo


momento aplicado sem a necessidade de armadura de compressão (armadura sim-
ples), quando não se preocupa com o adequado comportamento dútil da viga. Esta
situação correspondente aos valores da tabela 2.2, não é mais possível quando se
deseja este comportamento, onde a necessidade de armadura de compressão acon-
tece para momentos aplicados menores, conforme os valores menores de KL apre-
sentados na tabela 2.3.

A partir da equação (2.15) e considerando-se os valores limites da tabela 2.3,


obtém-se:


MdL  K L f c bd
2
 (2.29)
ou
Md
dL  (2.30)
K Lfcb

onde:
 MdL é o máximo momento fletor de cálculo resistido com armadura sim-
ples
 dL é a altura útil mínima necessária para resistir ao Md com armadura
simples

Caso o momento de cálculo solicitante seja maior que MdL ou ainda que a al-
tura útil seja menor que dL, o que significa em ambos os casos K > KL, torna-se ne-
cessário adicionalmente para o equilíbrio, a armadura de compressão A’s. Essa situ-
ação, com a utilização simultânea de armaduras As e A’s, caracteriza seções dimen-
sionadas à flexão simples com armadura dupla.

2.25
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

Conforme já citado a superarmação deve sempre ser evitada, principalmente


por ser antieconômica. Na situação de armadura dupla para os valores da tabela
2.3, caso se pretenda absorver um momento solicitante superior ao MdL apenas com
armadura de tração, isto não significa necessariamente peças superarmadas (domí-
nio 4). Já com os valores da tabela 2.2, caso a mesma situação ocorra e seja possí-
vel o equilíbrio apenas com armadura simples (só As), esta seção será obrigatoria-
mente superarmada, uma vez que os limites da tabela 2.2 referem-se ao final do
domínio 3.

Na situação de armadura dupla K > KL (M d > MdL), basta fazer nas equações
de dimensionamento à flexão em seções retangulares ( 2.19), (2.24) e (2.25), K’ =
KL. Esta igualdade significa fisicamente que o momento interno resistente referente
ao concreto comprimido K’ é igual ao máximo momento fletor externo de cálculo
sem necessidade de armadura de compressão, KL.

Esta parcela (Md1=MdL=KL < Md=K) do momento total será resistida pelo bi-
nário interno formado pelas resultantes do concreto ( Rcc,max=fcbyL) (máxima área
comprimida do concreto) e do aço (Rst1=As1fyd). Na expressão de Rcc,max acima
yL=λXL, com λ e XL (0,45d ou 0,35d) dependendo do valor de fck. Com Md1 esgota-se
a capacidade resistente do concreto, a diferença ∆Md = Md–MdL = Md2 = K-KL, será
absorvida pelo binário interno formado pelas resultantes da segunda parcela da ar-
madura tracionada Rst2=As2fyd e da armadura comprimida R’sd = A’sσ’sd (ver figura
2.10).

Figura 2.10 – Seção retangular com armadura dupla

2.26
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

2.4.2 – Nível de tensão φ na armadura comprimida A’s

No cálculo da armadura comprimida A’s aparece o nível de tensão φ, equa-


ção (2.20), que normalmente vale 1, ou seja ’sd = fyd. A tensão na armadura com-
primida ’sd é função da deformação ’sd, que por sua vez depende da profundidade

relativa da linha neutra = (x/d). Na situação de armadura dupla (onde A’s 0) esta
profundidade relativa é constante e igual ao valor L = 0,45 ou L = 0,35 dado na ta-
bela 2.3, que conforme já visto situa-se no domínio 3, onde εc,max = εcu (figura 2.10).

A deformação ’s pode ser calculada a partir da equação (2.32), retirada por


semelhança de triângulos na figura 2.10:

ε's ε cu
 (2.31)
x L  d' xL

x d'
x L  d'  d  L  d
ε's  ε cu  ε cu (2.32)
xL x
 
 d L

Caso ’s seja menor que o valor da deformação de cálculo correspondente ao


escoamento yd, a tensão ’sd é obtida pela aplicação da Lei de Hooke, ’sd = E s. ’s,
o que implica em valor de φ menor que 1. Caso contrário ’sd = fyd, o que implica em
φ = 1. Fazendo-se na equação (2.32) ’s yd obtém-se a equação (2.33) que ex-
pressa a relação (d’/d) abaixo da qual se tem φ = 1:

 d'    x   1  ε yd  (2.33)
 d   d  lim  ε cu 

O aço CA-25 é pouco usado no Brasil, o CA-60 é normalmente usado para


flexão em lajes, onde não se usa armadura dupla, restando, pois o aço CA-50, que é

2.27
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___________________________________________________________________________

o mais utilizado para flexão em vigas. Os valores das relações (d’/d) e (d/d’) que
atendem à condição φ=1 estão indicados na tabela 2.4, para os três tipos de aço.

Tabela 2.4 – Valores das relações (d’/d) e (d/d’) para se ter φ = 1

εcu CA 25 CA 50 CA 60
CLASSE εyd = 1,035 ‰ εyd = 2,070 ‰ εyd = 2,484 ‰

(d’/d)≤ (d/d’)≥ (d’/d)≤ (d/d’)≥ (d’/d)≤ (d/d’)≥
Até C50 3,500 0,317 3,155 0,184 5,439 0,131 7,655
C55 3,125 0,234 4,272 0,118 8,460 0,072 13,929
C60 2,884 0,224 4,456 0,099 10,123 0,049 20,600
C65 2,737 0,218 4,595 0,085 11,724 0,032 30,909
C70 2,656 0,214 4,681 0,077 12,950 0,023 44,120
C75 2,618 0,212 4,725 0,073 13,650 0,018 55,820
C80 2,604 0,211 4,742 0,072 13,933 0,016 62,000

C85 2,600 0,211 4,747 0,071 14,016 0,016 64,039


C90 2,600 0,211 4,747 0,071 14,016 0,016 64,039

Os valores da tabela 2.4 para concretos com fck < 50 MPa são atendidos para
as vigas usuais de concreto armado, ou seja, geralmente o nível de tensão na arma-
dura comprimida é igual a 1. No entanto, a medida que a resistência do concreto
aumenta estes valores diminuem (d’/d) ou aumentam (d/d’) para valores não pratica-
dos usualmente nas vigas de concreto, o que significa valores de φ = ’sd / fyd < 1.
Nestes casos o valor de φ é dado por:

x d'
  
 d  L d ε cu E s
φ 1 (2.34a)
x f yd
 
 d L

2.28
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Particularizando os valores da tabela 2.4 e a equação (2.34a) para concretos


com fck ≤ 50 MPa e aço CA 50, obtém-se:

φ 1 para (d’/d) ≤ 0,184 ou (d/d’) ≥ 5,439 (2.34b)

 x   d'
 d L d
φ  1,6905 1 caso contrário (2.34c)
x
 
 d L
A tabela 2.5 foi construída agrupando-se os parâmetros usuais do concreto
para o cálculo à flexão.

Tabela 2.5 – Parâmetros do concreto para cálculo à flexão

Parâmetros usuais do concreto


(MPa)
fck (X/d) L εc2 (‰) εcu (‰) λ αc
≤ 50 0,45 2,000 3,500 0,8000 0,85000
55 0,35 2,199 3,125 0,7875 0,82875
60 0,35 2,288 2,884 0,7750 0,80750
65 0,35 2,357 2,737 0,7625 0,78625
70 0,35 2,416 2,656 0,7500 0,76500
75 0,35 2,468 2,618 0,7375 0,74375
80 0,35 2,516 2,604 0,7250 0,72250
85 0,35 2,529 2,600 0,7125 0,70125
90 0,35 2,600 2,600 0,7000 0,68000

Todo o dimensionamento de seções retangulares submetidas à flexão simples


encontra-se de forma resumida na próxima página.

2.29
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2.30
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2.5 – Seção T ou L submetidas à flexão simples

As vigas de concreto armado são normalmente construídas solidárias (monoli-


ticidade do CA) com as lajes que nelas apoiam. Ao trabalharem juntas as deforma-
ções e consequentemente as tensões nos pontos em comum das vigas e lajes são
as mesmas. Se estas tensões são de compressão as lajes colaboram na resistência
interna à compressão aumentando o desempenho final da viga. Se a contribuição
das lajes ocorre nas duas laterais da seção transversal tem-se uma viga de seção T
e quando ela é só de um lado, tem-se uma viga de seção L, situações ilustradas na
figura 2.11.

As vigas de concreto armado com seção geométrica em T ou L são compos-


tas de uma nervura ou alma (de largura bw) e uma mesa (de largura bf), conforme
ilustrado nas figuras 2.11 e 2.12. As mesmas só podem ser consideradas como tal
se a mesa estiver comprimida, caso contrário se comportarão como seção retangu-
lar de largura b=bw.

Por outro lado, caso a profundidade da linha neutra, considerando-se o dia-


grama retangular simplificado, seja menor ou igual à altura da mesa ( y hf), a seção
será tratada como retangular, de largura b=bw=bf.

Também no caso da seção em T ou L é válida e vantajosa a substituição do


diagrama parábola-retângulo pelo retangular simplificado. Para seções subarmadas
atendendo aos limites da NBR 6118:2014, (x/d)L=0,45 ou (x/d)L=0,35, tem-se ( yd ≤

s≤ 10‰) o que implica em ( s = fyd).

Conforme figura 2.12 podem ser montadas as equações de equilíbrio (2.35) e


(2.36) referentes, respectivamente, ao somatório de momentos em relação ao ponto
de aplicação da armadura As e ao somatório de forças horizontais. Nesta figura
fcbwy = Rcc1 e fc(bf-bw)hf = Rcc2 representam respectivamente as resultantes de
compressão do concreto na região da nervura (hachura mais intensa) e nas abas da

2.31
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mesa (hachura menos intensa). Os braços de alavanca destas resultantes são res-
pectivamente Z1 = d - (y/2) e Z2 = d - (h f/2).

Figura 2.11 – Aspectos geométricos das vigas de seção T ou L

Figura 2.12 – Seção T submetida à flexão simples

2.32
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___________________________________________________________________________

 y  hf 
M d  f c b w y d    f c b f  b w h f  d    A' s σ'sd d  d' (2.35)
 2  2 

N d  f c b w y  f c b f  b w h f  A' s σ'sd A s f yd  0 (2.36)

Dividindo-se todos os termos da equação (2.35), conforme procedimento aná-


logo ao da seção retangular, por um termo com a dimensão de momento (fc bw d2) e
lembrando-se que = y/d e φ = ( ’sd/fyd), obtém-se:

Md  α  b h  h  A' φf  d' 
2
 α 1     f  1 f  1  f   s yd  1   (2.37)
f cb w d  2   bw d 2d  f cb w d  d

Passando-se o terceiro termo da equação (2.37) para o lado esquerdo ao da


igualdade e fazendo-se

K Md   bf  1  hf  1  h f  (2.38)
f cb w d 2  b w d
  2d 

 α
K'  α 1   (2.39)
 2

obtém-se a mesma equação (2.14) deduzida para seção retangular.

O valor de K em (2.38) foi obtido diminuindo-se do momento total solicitante


de cálculo Md o momento interno resistido apenas pelas laterais (abas) da mesa
comprimida, terceira parcela de (2.38), o que transforma o problema da viga T em
uma flexão de seção retangular de largura bw.

Levando-se (2.38) e (2.39) em (2.37) obtém-se:

2.33
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___________________________________________________________________________

fcb wd K  K'
A's  φ (2.40)
f yd d'
1
d

Os critérios para limitação do valor de K são os mesmos da seção retangular,


portanto:

K KL K’ = K

K > KL K’ = KL

Da equação (2.36) obtém-se As, que multiplicada e dividida por d resulta:

fcb wd   bf h 
As  α    1  f   φA' s (2.41)
f yd  b
 w  d

O valor de pode ser obtido de (2.39) resultando como na seção retangular a


equação (2.18), que levada em (2.41) fica:

As  As1  A2 (2.42)

fcb wd   bf h 
A s1  1  1  2K'    1  f  (2.43)
f yd   bw  d

f c b w d K  K'
A s2  (2.44)
f yd d'
1
d

Da mesma forma que na seção retangular

A' s  A s2  φ (2.45)

2.34
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Fazendo-se bf = bw = b nas equações (2.42) a (2.45) elas se transformam nas


equações (2.23) a (2.26) para a seção retangular, como era de se esperar.

Analisando-se a equação (2.38) nota-se que quando K = 0, o momento exter-


no de cálculo Md é igual ao momento interno resistido apenas pelas abas comprimi-
das da mesa. Como nesse caso o trecho da mesa de largurabw ainda está compri-
mido, a profundidade da linha neutra, para se ter o equilíbrio, será menor que hf. Is-
so significa que mesmo para pequenos valores de K positivos, a linha neutra cortará
a mesa e o dimensionamento se fará como seção retangular de largura bf.

O valor positivo de K abaixo do qual a mesa estará parcialmente comprimida


é encontrado fazendo-se em (2.39) K = K’, uma vez que para pequenos valores de
K a armadura comprimida é igual a zero. Como K’ = (1- /2) e nesse caso y0 = hf,
tem-se:

 α0  hf  hf 
    
K0 K' α 0  1 2  d  1 2d  (2.46)

Para valores de K K0 o dimensionamento deve ser feito como seção retan-


gular bfh. Embora este seja o procedimento correto, sabe-se que usando o limite K
0 do Prof. Tepedino (1980), a armadura calculada como seção T com 0 K K0, dá
praticamente a mesma que como seção retangular bfh, neste mesmo intervalo. A
diferença entre estas duas armaduras é normalmente menor que a verificada quan-
do se escolhe o número de bitolas comerciais para atender à armadura efetivamente
calculada. Portanto, por simplicidade, para efeito desta apostila o limite K 0 será o
utilizado para se ter a mesa parcialmente comprimida, ou seja, dimensionamento
como se fosse uma seção retangular bfh.

Normalmente a largura colaborante da mesa bf (determinada no item seguin-


te) conduz a valores de momentos internos resistentes, que dificilmente precisam de
uma profundidade da linha neutra superior à hf. Nessa situação o melhor seria, de-

2.35
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___________________________________________________________________________

terminar o máximo momento interno de cálculo resistido pela mesa inteiramente


comprimida, denominado momento de referência MdRef, dado por:

 hf 
M dRef  f cb f h f  d   (2.47)
 2 

Conforme

Md MdRef y hf seção retangular b fh

Md > MdRef y > hf seção T ou L

Na maioria das vezes Md ≤ MdRef o que transforma o dimensionamento da viga


T ou L como se fosse uma viga de seção retangular bfh. A comparação entre os dois
momentos é o procedimento mais praticado no dimensionamento.

2.5.1 – Determinação da largura colaborante da mesa ( bf )

Quando uma viga submetida à flexão deforma, ela traz consigo a laje que lhe
é solidária, que se estiver comprimida auxiliará na absorção do momento fletor atu-
ante. Adotando-se o diagrama retangular simplificado da NBR-6118:2014, a tensão
na mesa comprimida correspondente ao trecho comum com a nervura (bw), deve ser
igual a fc = αc fcd.

Afastando-se desse trecho nos dois sentidos laterais da mesa, conforme mos-
trado na figura 2.13, a tensão de compressão deve diminuir até zero, para pontos na

laje bem distantes da nervura. Essa distribuição de tensões na mesa pode ser obtida
pela teoria da elasticidade, mas pela NBR-6118:2014 ela é substituída por uma dis-
tribuição uniforme simplificada, com tensão igual a fc, e com uma largura total cola-
borante igual a bf, de tal forma que as resultantes de compressão em ambas as dis-
tribuições sejam estaticamente equivalentes.

2.36
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___________________________________________________________________________

Figura 2.13 – Distribuição de tensões na mesa da seção T

Segundo a NBR-6118:2014, no item 14.6.2.2, “a largura colaborante bf deve


ser dada pela largura bw acrescida de no máximo 10% da distância (a) entre pontos
de momento fletor nulo, para cada lado da viga em que houver laje colaborante.

A distância a pode ser estimada, em função do comprimento do tramo con-


siderado, como se apresenta a seguir:

 viga simplesmente apoiada a = 1,00 ,


 tramo com momento em uma só extremidade a = 0,75 ;

 tramo com momentos nas duas extremidades a = 0,60 ;


 tramo em balanço a = 2,00 .

Alternativamente, o cômputo da distância a pode ser feito ou verificado mediante


exame dos diagramas de momentos fletores na estrutura ”.

2.37
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Na figura 2.14 apresenta-se um corte genérico de uma fôrma mostrando as


seções transversais de duas vigas T, a viga 1 com mísulas e a segunda normal. A
largura efetiva da nervura da viga com mísulas, ba, é a soma da largura bw com os
menores catetos dos triângulos formados pelas mesmas (ba = bw + a + c).

Figura 2.14 – Determinação da largura bf em vigas de seção T

Nesta figura b1 é a largura colaborante a ser considerada na lateral da viga T


do lado em que a laje tem continuidade e b3 é a usada do lado sem continuidade, ou
seja, laje em balanço. O limite do valor b1 é a metade da largura livre entre as faces
das duas vigas, dado por b2, e para b3 este limite é o valor disponível b4 da laje em
balanço. Naturalmente na viga com seção L os valores b3 = b4 = 0.

b1 0,5 b2 b1 0,1 a

(2.48)
b3 b4 b3 0,1 a

Todo o dimensionamento de vigas com seções T ou L submetidas à flexão


simples encontra-se de forma resumida na próxima página.

2.38
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2.39
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2.6 – Prescrições da NBR 6118:2014 referente às vigas

2.6.1 – Armadura longitudinal mínima de tração

De acordo o item 17.3.5.2 da NBR-6118:2014, a armadura mínima de tração,


em elementos estruturais armados ou protendidos deve ser determinada pelo di-
mensionamento da seção a um momento fletor mínimo dado pela expressão a se-
guir, respeitada a taxa mínima absoluta de 0,15 %.

Md,min = 0,8 W0 fctk,sup (2.49)

Onde:
 W0 é o módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto,
relativo à fibra mais tracionada;
 fctk,sup é a resistência característica superior do concreto à tração, e-
quação (1.13b), item 8.2.5 da NBR-6118:2014.

De acordo equações (1.13b) obtém-se:

fctk,sup = 1,3 fct,m = 0,39 (fck)2/3 (MPa) f ck ≤ 50 MPa


(2.50)
fctk,sup = 1,3 fct,m = 2,756 ln(1 + 0,11fck) (MPa) fck > 50 MPa

Alternativamente segundo a NBR 6118:2014 a armadura mínima pode ser


considerada atendida se forem respeitadas as taxas mínimas de armadura da tabela
2.6 abaixo.

2.40
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Tabela 2.6 – Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas


(Tab. 17.3 NBR 6118:2014)

Valores de ρmin a = (As,min/Ac)


fck
20 25 30 35 40 45 50
seção
Retangular 0,150 0,150 0,150 0,164 0,179 0,194 0,208
fck
55 60 65 70 75 80 85 90
seção
Retangular 0,211 0,219 0,226 0,233 0,239 0,245 0,251 0,256
a
Os valores de ρmin estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de
aço CA 50, (d/h) = 0,8, γc = 1,4 e γs = 1,15, seção retangular. Caso es-
ses fatores sejam diferentes, ρmin deve ser recalculado.

O dimensionamento para o momento Md,min dado em (2.49) deve conduzir a


um valor Kmin = (M d,min / f cbd2) < K L, portanto seção com armadura simples que nes-
te caso será: As = As,min. O valor de Kmin para seção retangular conforme tabela 2.6
é dado por:

 bh 2 
0,8f ctk,sup  
M d,min  6  0,8γ c f ctk,sup
K min   (2.51)
α c f cdbd/ h h  6 α c
2 2 2 2
f cbd d/h f ck

Com os valores de fctk,sup das equações (2.50), γc = 1,4, αc = 0,85 para fck ≤
50 MPa e αc = 0,85[1 – (fck – 50) / 200] para fck > 50 MPa, obtém-se os seguintes
valores de Kmin:
γc ( 1/3)
K min  0,052 f ck (MPa) fck ≤ 50 MPa
α c d/h 
2

(2.52)
γc ln1  0,11fck 
K min  0,367 (MPa) fck > 50 MPa
α c d/h 
2
f ck

2.41
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Conforme equação (2.24) a armadura mínima pode ser dada por:

α c f cd bd/h h
A s,min 
f yd
1   
1  2K min  α c d/h  1  1  2K min  Af f
c cd
(2.53a)
yd

ω min  A s,minf yd  ρ min f yd  α c d/h  1  1  2K min (2.53b)


A c f cd f cd  

A s,min
ρ min 
Ac

 α c d/h  1  1  2K min  ff cd
(2.53c)
yd

Onde ωmin e ρmin são respectivamente as taxas mecânica e geométrica de armadura


mínima.

Assim, exemplificando para um concreto fck = 35 MPa, do primeiro grupo da


tabela 2.6, αc = 0,85, γc = 1,4, (d/h) = 0,8, tem-se:

1,4 1/3
K min  0,052 35  0,0409
0,850,8
2

35/1,4

ρ min  0,85x0,8x 1  1  2x0,0409  500/1,15 
 0,001634 ≈ 0,164%, conforme tabela

2.6.

Para um concreto do segundo grupo da tabela 2.6, por exemplo f ck = 90 MPa,


tem-se:

α c  0,85 1 
90  50 
  0,68
 200 

1,4 ln1  0,11x90


K min  0,367  0,0314
0,680,8
2
90

2.42
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90/1,4

ρ min  0,680,8 1  1  2x0,0314  500/1,15  0,002564 ≈ 0,256%, conforme tabela 2.6.

Caso os parâmetros sejam diferentes dos que srcinaram a tabela 2.6 (aço
CA 50, d=0,8h, γc=1,4 e γs=1,15) as novas taxas de ρmin deverão ser recalculadas
conforme as equações e os dois exemplos acima, obedecido o limite mínimo de
0,15%. A tabela 2.7 relaciona as taxas de armaduras mínimas para seção retangular
com várias relações (d/h), aço CA 50 e CA 60.

Tabela 2.7 – Taxas de armaduras mínimas para vigas com seção retangular

Valores de ρmin = (As,min /Ac)


Seções retangulares, γc=1,4, γs=1,15
(d/h)=0,70 (d/h)=0,75 (d/h)=0,80 (d/h)=0,85 (d/h)=0,90 (d/h)=0,95
fck
CA 50 CA 60 CA 50 CA 60 CA 50 CA 60 CA 50 CA 60 CA 50 CA 60 CA 50 CA 60

20 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150

25 0,151 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150

30 0,170 0,150 0,158 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150

35 0,188 0,157 0,175 0,150 0,164 0,150 0,153 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150

40 0,205 0,171 0,191 0,159 0,179 0,150 0,168 0,150 0,158 0,150 0,150 0,150

45 0,222 0,185 0,206 0,172 0,194 0,161 0,181 0,151 0,171 0,150 0,161 0,150

50 0,238 0,198 0,221 0,184 0,208 0,172 0,194 0,162 0,183 0,153 0,173 0,150

55 0,241 0,201 0,225 0,187 0,211 0,175 0,197 0,164 0,186 0,155 0,176 0,150

60 0,251 0,209 0,233 0,194 0,219 0,182 0,205 0,171 0,193 0,161 0,183 0,152

65 0,259 0,216 0,241 0,201 0,226 0,188 0,212 0,176 0,200 0,166 0,189 0,157

70 0,267 0,222 0,248 0,207 0,233 0,194 0,218 0,182 0,206 0,172 0,195 0,162

75 0,274 0,229 0,255 0,213 0,239 0,199 0,224 0,187 0,212 0,176 0,199 0,166

80 0,282 0,235 0,262 0,218 0,245 0,204 0,230 0,192 0,217 0,181 0,203 0,169

85 0,288 0,240 0,268 0,224 0,251 0,209 0,236 0,196 0,222 0,185 0,210 0,175

90 0,295 0,245 0,274 0,228 0,256 0,214 0,241 0,201 0,227 0,189 0,215 0,179

2.43
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___________________________________________________________________________

2.6.2 – Armadura de pele

Segundo o item 17.3.5.2.3 da NBR-6118:2014, a armadura mínima lateral, ou


de pele, ou armadura de costela, deve ser 0,10 % Ac,alma em cada face da alma da
viga e composta por barras de aço CA 50 ou CA 60, dispostas longitudinalmente,
com espaçamento não maior que 20 cm ou d/3 (18.3.5), respeitado o disposto em
17.3.3.2 (toda armadura de pele tracionada deve manter um espaçamento menor ou
igual a 15 L, da bitola longitudinal).

“Em vigas com altura menor ou igual a 60 cm , pode ser dispensada a utilização de
armadura de pele.
As armaduras principais de tração e de compressão não podem ser computadas no
cálculo da armadura de pele”.

2.6.3 – Armadura total na seção transversal (tração e compressão)

De acordo o item 17.3.5.2.4 da NBR 6118:2014, “A soma das armaduras de


tração e de compressão (A s + A’s ) deve ser menor que 4%A c , calculada na região

fora da zona de emendas, devendo ser garantidas as condições de dutilidade reque-


ridas em 14.6.4.3”.

2.6.4 – Distribuição transversal das armaduras longitudinais em vigas

De acordo o item 18.3.2.2 da NBR 6118:2014 “O espaçamento mínimo livre


entre as faces das barras longitudinais, medido no plano da seção transversal, deve

ser igual ou superior ao maior dos seguintes valores:

 na direção horizontal ( ah)


- 20 mm;
- diâmetro da barra, do feixe ou da luva;
- 1,2 vez a dimensão máxima característica do agregado graúdo;

2.44
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___________________________________________________________________________

 na direção vertical ( av)


- 20 mm
- diâmetro da barra, do feixe ou da luva;
- 0,5 vez a dimensão máxima característica do agregado graúdo”.

Estes valores se aplicam também as regiões de emenda por traspasse das


barras.

Na figura 2.15 estão indicados os espaçamentos mínimos na direção horizon-


tal ( ah) e vertical (av). Com base nessa figura obtém-se a largura útil ( bútil) da viga
dada por:

bútil = bw – 2(c + t) (2.54)


Onde:
 c é o cobrimento nominal da armadura (cobrimento mínimo acrescido da
tolerância de execução)
 t é o diâmetro da armadura transversal (estribo)

O número máximo de barras longitudinais com diâmetro L que cabem em


uma mesma camada, atendendo ao espaçamento horizontal ah especificado acima,
fica:

bútil  ah
nΦ/cam  (2.55)
ah  ΦL

Adota-se como valor final do número de barras por camada, o calculado em


(2.55), arredondado para o número inteiro imediatamente inferior.

2.45
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Figura 2.15 – Distribuição transversal das armaduras longitudinais

2.6.5 – Armaduras de ligação mesa-nervura ou t alão-alma

Segundo o item 18.3.7 da NBR-6118:2014, “os planos de ligação entre mesas


e almas ou talões e almas devem ser verificados com relação aos efeitos tangenci-
ais decorrentes das variações de tensões normais ao longo do comprimento da viga,
tanto sob o aspecto de resistência do concreto, quanto das armaduras necessária
para resistir às trações decorrentes desses efeitos.

As armaduras de flexão da laje, existentes no plano de ligação, podem ser conside-


radas como parte da armadura de ligação, complementando-se a diferença entre
ambas, se necessário. A seção transversal mínima dessa armadura, estendendo-se
por toda a largura útil e ancorada na alma, deve ser de 1,5 cm2 por metro”.

2.46
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2.6.6 – Cobrimento mínimo das armaduras

O cobrimento mínimo das armaduras deve ser observado conforme o prescri-


to na NBR 6118:2014, no item 7.4.7.

“7.4.7.1 Para atender aos requisitos estabelecidos nesta Norma, o cobrimento mí-
nimo da armadura é o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o ele-
mento considerado. Isto constitui um critério de aceitação.
7.4.7.2 Para garantir o cobrimento mínimo (cmin) o projeto e a execução devem con-
siderar o cobrimento nominal (c nom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tole-
rância de execução (Δc). Assim, as dimensões das armaduras e os espaçadores
devem respeitar os cobrimentos nominais, estabelecidos na tabela 7.2, para Δ c = 10
mm.
7.4.7.3 Nas obras correntes o valor de Δc deve ser maior ou igual a 10 mm.
7.4.7.4 Quando houver um adequado controle de qualidade e rígidos limites de tole-
rância da variabilidade das medidas durante a execução pode ser adotado o valor

Δc = 5 mm, mas a exigência de controle rigoroso deve ser explicitada nos desenhos
de projeto. Permite-se, então, a redução dos cobrimentos nominais prescritos na
tabela 7.2 em 5 mm.
7.4.7.5 Os cobrimentos nominais e mínimos estão sempre referidos à superfície da
armadura externa, em geral à face externa do estribo. O cobrimento nominal de uma
determinada barra deve sempre ser:
a) cnom ≥ Φ barra;
b) cnom ≥ Φ feixe = Φ n = Φ (n)1/2;
c) cnom ≥ 0,5 Φ bainha.

7.4.7.6 A dimensão máxima característica do agregado graúdo utilizado no concreto


não pode superar em 20% a espessura nominal do cobrimento, ou seja:

dmáx ≤ 1,2 cnom

2.47
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Tabela 2.8 - Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobri-


mento nominal para Δc = 10mm (Tabela 7.2 NBR 6118:2014)

Classe de Agressividade Ambiental


Tabela 6.1 NBR 6118:2014
Componente
Tipo de Estrutura
ou
Elemento I II III IVc
Cobrimento Nominal - mm

Lajeb 20 25 35 45

Viga/Pilar 25 30 40 50
Concreto Armado
Elementos
estruturais em
contato com o
30 40 50
solod

Laje 25 30 40 50
Concreto Protendidoa
Viga/pilar 30 35 45 55

a - Cobrimento nominal da bainha ou dos fios, cabos e cordoalhas. O cobrimento da armadura passiva
deve respeitar os cobrimentos para o concreto armado.
b - Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com re-
vestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento tais
como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros tantos, as exigências
desta tabela podem ser substituídas por 7.4.7.5, respeitado um cobri
mento nominal ≥ 15 mm.
c –Nas superfícies expostas a ambientes agressivos, como reservatórios, estações de tratamento de
água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e
intensamente agressivos, devem ser atendidos os cobrimentos da classe de agressividade IV.
d – No trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura deve ter
cobrimento nominal ≥ 45 mm.

Para concretos de classe de resistência superior ao mínimo exigido, os cobrimentos


definidos na tabela 7.2 podem ser reduzidos em até 5 mm. ”

2.48
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2.7 – Exemplos de aplicação

Os exemplos de aplicação adiante apresentados servem para fixar os concei-


tos de solicitações normais e flexão simples em seções retangular e T ou L.

2.7.1 – Exemplos de solicitações normais

Traçar o diagrama de interação NxM que solicita a seção retangular 20x40


2
cm abaixo, com fck=25 MPa, aço CA 50, 6 bitolas longitudinais L =12,5 mm, con-
forme figura figura 2.16. Como a resistência do concreto deste exemplo é menor que
50 MPa (grupo I) εc2 = 2‰ , εcu = 3,5‰ , λ = 0,8 e αc = 0,85. Como é aço CA 50 εyd =
(50/1,15) / 21 = 2,07‰.

fc = 0,85x2,5 / 1,4 = 1,518 kN/cm2 (tabela 1.11)


fyd = 50 / 1,15 = 43,48 kN/cm2 (tabela 1.11)
2 2
AsΦ=12,5 = π Φ / 4 = 1,227 cm (tabela 1.4)

Para traçar o diagrama de forma mais simplificada determinam-se os pontos


correspondentes aos pares (N,M) para algumas posições da LN no estado limite úl-
timo ligando-os posteriormente. Os pontos escolhidos são aqueles correspondentes
às posições limites da LN que definem os domínios de deformação.

1) Profundidade x = - ∞ (início do domínio 1)

Para x = - ∞ a seção deformada no estado limite último (ELU) é a apresent a-


da na figura 2.16. Esta posição é correspondente à reta “a” dos domínios de defor-

mação, figura 2.3, onde todos os pontos da seção transversal têm a mesma defor-
mação εc=εs=10‰. Portanto:

εs1=εs2=εs3 = 10‰, σs1=σs2=σs3 = f yd=43,48 kN/cm2


As1=As2=As3=2x1,227 = 2,454 cm2 Rs1=Rs2=Rs3=2,454x43,48=106,70 kN

2.49
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Figura 2.16 – Seção com ELU correspondente ax = - ∞

Os sentidos positivos dos esforços solicitantes Nd e Md são os indicados na fi-


gura 2.16, normal de compressão e momento fletor tracionando os pontos da parte
inferior da seção. Os esforços internos, resultantes R s1, Rs2, Rs3, conforme indicados
são todos de tração. As equações de equilíbrio ficam:

∑Fh=0 Nd + Rs1 + Rs2 + Rs3 = 0 Nd = - 3x106,70 = - 320,10 kN

∑MCG=0 Md + Rs1(h/2 – d’) + Rs2(0) - R s3(h/2 – d’’) = 0 Md = 0

Na segunda equação de equilíbrio d’’=h-d, que neste caso do exemplo é o


mesmo valor de d’, representa a distância entre a face inferior da seção de concreto
e o centro da armadura A s. Os valores das solicitações de serviço N e M para x = - ∞
são obtidos dividindo-se os valores de cálculo Nd e M d pelo coeficiente de majoração
das ações f. Assim:

N = Nd / 1,4 = -320,10 / 1,4 ≈ - 229 kN (tração)


M = Md / 1,4 = 0

2.50
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Os valores de N e M acima são os mesmos desde a posição da LN variando


de x = - ∞ até x = x 1 (ver deformações na fig. 2.16), onde a deformação da armadu-
ra As1 chega ao valor εs1 = εyd = 2,07‰ (aço CA 50). Embora com a LN inclinada,
quando x = x1 tem-se as mesmas resultantes da figura 2.16 e, portanto o mesmo par
de esforços solicitantes. Nesta figura o valor de x1 é obtido fazendo-se semelhança
de triângulos obtidos com a linha tracejada que passa pelos pontos A e onde εs1=εyd.

ε s3  0,010 ε s1  ε yd dε s10,010d'
 x1   4,35 cm
x1  d x1  d' 0,010  ε s1

Para um valor no intervalo ( –x1 < x < 0), por exemplo x = - 2 cm, os valores
calculados são:

εs1=1,67‰<εyd εs2 = 5,79‰> εyd Rs1 = 86,06 kN Rs2= Rs3 = 106,7 kN


Nd= - 299,46 kN, N = - 214 kN (tração) Md=330,24 kNcm, M = 236 kNcm

2) Profundidade x = 0 (final domínio 1, início do domínio 2)

Para x = 0 a seção deformada no estado limite último (ELU) é a apresentada


na figura 2.17. Esta posição é correspondente aos limites entre os domínios 1 e 2,
figura 2.3, onde todos os pontos da seção transversal ainda estão tracionados. Nes-
te caso o ELU é definido pelo ponto A, deformação plástica excessiva do aço, fican-
do a armadura As3 com a deformação εs3 = εsu = 10‰ . As deformações εs1 e εs2 são
obtidas por semelhança de triângulos.

ε s3  0,010 ε s1 ε s2
  εs1=0,00111=1,11‰<εyd=2,07‰
     
d 36 d' 4 d d' 36 4 32
εs2=0,00888=8,88‰>εyd=2,07‰
2
σs1=Esεs1=21000x1,11‰=21x1,11 = 23,33 kN/cm Rs1=2,454x23,33 = 57,26 kN
2
σs2=σs3 = f yd=43,48 kN/cm Rs2= Rs3=106,70 kN

Escrevendo-se as equações de equilíbrio:

2.51
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___________________________________________________________________________

∑Fh=0 Nd + Rs1 + Rs2 + Rs3 = 0


Nd = - 57,26 – 2 x 106,70 = - 270,66 kN

∑MCG=0 Md + Rs1(h/2 – d’) + Rs2(0) - R s3(h/2 – d’’) = 0


Md = - 57,26x(20-4) + 106,70x(20-4) = 791,04 kNcm

Figura 2.17 – Seção com ELU correspondente ax = 0

Dividindo-se os valores de cálculo por f = 1,4 obtém-se os valores das solici-


tações de serviço N e M para x = 0.

N = Nd / 1,4 = -270,66 / 1,4 ≈ - 193 kN (tração)


M = Md / 1,4 = 1615,52 / 1,4 ≈ 565 kNcm

3) Profundidade x = x2L = 0,259 d = 0,259 x 36 = 9,33 cm (final domínio 2)

A figura 2.18 ilustra esta situação em que se tem comprimidas a região do


concreto com hachuras da seção transversal e a armadura A s1. A seção deformada
passa por dois dos pontos (A e B), que caracterizam o dimensionamento no ELU.
Embora existam na mesma seção transversal alongamentos (região tracionada) e
encurtamentos (região comprimida), os valores das deformações calculadas a se-
guir, estão desacompanhados de sinais, portanto em valores absolutos. Qualquer

2.52
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___________________________________________________________________________

dúvida sobre a natureza das deformações, tensões ou resultantes pode ser tirada na
figura 2.18.

Figura 2.18 – Seção com ELU correspondente ax2L = 9,33 cm

y=0,8 X =0,8 x 9,33 = 7,46 cm Rcc = fcby = 1,518 x 20 x 7,46 = 226,67 kN

ε s3  0,010 ε s1 ε s2
 
d  x  36  9,33 x  d'  9,33  4 (h/2)  x  20  9,33

Alternativamente neste caso as deformações podem ser calculadas a partir de


outra deformação prescrita εc,max=εcu=3,5‰.

ε cu  0,0035 ε s1 ε s2
 
x  9,33 x  d'  9,33  4 (h/2)  x  20  9,33

εs1=0,002=2‰<εyd=2,07‰ σs1=Esεs1=21000x2‰=21x2 = 42 kN/cm2 (compressão)


εs2=0,004=4‰>εyd=2,07‰ σs2= σs3 = fyd = 43,48 kN/cm2 (tração)
Rs1=2,454x42 = 103,07 kN (C) Rs2= Rs3=106,70 kN (T)

∑Fh=0 Nd - Rcc - Rs1 + Rs2 + Rs3 = 0

2.53
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___________________________________________________________________________

Nd = 266,67 + 103,07 – 2 x 106,70 = 156,34 kN N ≈ 112 kN (Compressão)

∑MCG=0 Md – Rcc(h/2-y/2) - Rs1(h/2 – d’) + Rs2(0) - R s3(h/2 – d’’) = 0


Md = 266,67(20-7,46/2)+103,07(20-4)+106,70(20-4) = 7695,20 kNcm
M ≈ 5497 kNcm

4) Profundidade x = x3L = 0,628 d = 0,628 x 36 = 22,62 cm (final domínio 3)

Figura 2.19 – Seção com ELU correspondente ax3L = 22,62 cm

A figura 2.19 ilustra esta situação em que se tem além da região comprimida
do concreto (parte com hachuras da seção transversal) as armaduras A s1 e As2.

y=0,8 X =0,8x22,62 = 18,10 cm Rcc=fcby=1,518x20x18,09 = 549,33 kN

ε cu  0,0035 ε s1 ε s2
 
x  22,62 x  d'  22,62  4 x  (h/2)  22,62  20

Alternativamente nesta situação as deformações poderiam ser calculadas a


partir de outra deformação prescrita, εs3 = εyd = 2,07‰.

εs1=0,00288=2,88‰>εyd=2,07‰ σs1= fyd = 43,48 kN/cm2 kN/cm2 (Compressão)

2.54
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___________________________________________________________________________

εs2=0,00041=0,41‰<εyd=2,07‰ σs2=21x0,41 = 8,61 kN/cm2 (Compressão)


Rs1= 106,70 kN (C) R s2=2 x1,227 x8,61 = 21,12 kN (C) Rs3 = 106,70 kN (T)

∑Fh=0 Nd - Rcc - Rs1 - Rs2 + Rs3 = 0


Nd = 549,33 + 106,70 + 21,12 - 106,70 = 570,45 kN N ≈ 407 kN (C)

∑MCG=0 Md - Rcc(h/2-y/2) - Rs1(h/2 – d’) + Rs2(0) - Rs3(h/2 – d’’) = 0


Md = 549,33(20-18,10/2)+106,70(20-4)+106,70(20-4) = 9531,75 kNcm
M ≈ 6736 kNcm

5) Profundidade x = x4L = d = 36 cm (final domínio 4)

Figura 2.20 – Seção com ELU correspondente a x4L = 36 cm

A região comprimida (figura 2.20) abrange quase toda a seção transversal, as


armaduras (As1) e (A s2) trabalham comprimidas e (As3) não sofre deformação, isto é
σs3=0.

y=0,8 X =0,8x36 = 28,8 cm Rcc=fcby=1,518x20x28,8 = 874,29 kN

ε cu  0,0035 ε s1 ε s2
 
x  36 x  d'  36  4 x  (h/2)  36  20

2.55
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

εs1=0,00311=3,11‰>εyd=2,07‰ σs1= f yd = 43,48 kN/cm2 (compressão)


2
εs2=0,00156=1,56‰<εyd=2,07‰ σs2=21 x1,56 = 32,67 kN/cm (compressão)
Rs1= 106,70 kN (C) R s2=2 x1,227 x32,67 = 80,16 kN (C) Rs3 = 0

∑Fh=0 Nd - Rcc - Rs1 - Rs2 + Rs3 = 0


Nd = 874,29 + 106,70 + 80,16 + 0 = 1061,15 kN N ≈ 758 kN (C)

∑MCG=0 Md – Rcc(h/2-y/2) - Rs1(h/2 – d’) + Rs2(0) - R s3(h/2 – d’’) = 0


Md = 874,29(20-28,8/2)+106,70(20-4) = 6601,60 kNcm
M ≈ 4715 kNcm

6) Profundidade x = x4aL = h = 40 cm (final domínio 4a)

Figura 2.21 – Seção com ELU correspondente a x4aL = 40 cm

A seção está inteiramente comprimida, a deformação na fibra inferior é nula e


em um ponto a [(εcu- εc2) / εcu] h = [(3,5-2) / 3,5] h = (3/7) h da borda mais comprimi-
da é igual a εc2 = 2‰, ponto C dos domínios de deformações (figura 2.3). Esta situa-
ção está ilustrada na figura 2.21.

2.56
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

y=0,8 X =0,8x40 = 32 cm Rcc=fcby=1,518x20x32 = 971,43 kN

ε cu  0,0035 ε s1 ε s2 ε s3
  
x  40 x  d'  40  4 x  (h/2)  40  20 x  d  40  36

εs1=0,00315=3,15‰>εyd=2,07‰ σs1= f yd = 43,48 kN/cm2 (compressão)


2
εs2=0,00175=1,56‰<εyd=2,07‰ σs2=21 x1,75 = 36,75 kN/cm (compressão)
2
εs3=0,00035=0,35‰<εyd=2,07‰ σs3=21 x0,35 = 7,35 kN/cm (compressão)

Rs1=106,70 kN (C) Rs2=2x1,227x36,75=90,18 kN (C) Rs3=2x1,227x7,35=18,04 kN

∑Fh=0 Nd - Rcc - Rs1 - Rs2 - Rs3 = 0


Nd = 971,43 + 106,70 + 90,18 + 18,04 = 1186,35 kN N ≈ 847 kN (C)

∑MCG=0 Md – Rcc(h/2-y/2) - Rs1(h/2 – d’) + Rs2(0) + Rs3(h/2 – d’’) = 0


Md = 971,43(20-32/2)+106,70(20-4)–18,04(20-4) = 5881,56 kNcm
M ≈ 4201 kNcm

7) Profundidade x = x5L = ∞ (final domínio 5)

A seção está inteiramente comprimida com a mesma deformação tanto para o


concreto quanto para o aço εs = εs = 2 ‰, correspondendo a reta “b” dos domínios
de deformações (figura 2.3).

y>h Rcc=fcby=1,518x20x40 = 1214,29 kN

εs1=εs2=εs3 = 2‰ < εyd, σs1=σs2=σs3 = 21 x2 = 42,00 kN/cm2

Rs1 = Rs2 = Rs3 = 2x1,227x42 = 103,07 kN (C)

∑Fh=0 Nd - Rcc - Rs1 - Rs2 - Rs3 = 0

2.57
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Nd = 1214,29 + 3x103,07 = 1523,49 kN N ≈ 1088 kN (C)

∑MCG=0 Md – Rcc(0) - R s1(h/2 – d’) + Rs2(0) + Rs3(h/2 – d’’) = 0


Md = 103,07(20-4) – 103,07(20-4) = 0
M=0

Com os pares (N,M) calculados nos itens 1 a 7 traça-se o diagrama de


interação mostrado na figura 2.22 em linha mais grossa. Foram traçados de forma
análoga, com linha fina, os outros diagramas para a mesma seção transversal de
concreto com 6Φ16, 6Φ10 e sem armação (As = 0). Nota-se que os quatros diagra-
mas de interação são semelhantes, sendo que a seção sem armadura não apresen-
ta força normal de tração. Para a seção com 6Φ12.5 os domínios de 1 a 5 foram
marcados nesta figura.

Figura 2.22 – Diagramas de interação

2.58
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Para um valor de força normal N só existe um único valor correspondente de


momento M que a seção, com geometria específica, suporta no estado limite último.
Já para um mesmo valor de M existem dois valores de N que podem solicitar a se-
ção no ELU. Assim fixando-se N=750 kN (compressão) existe apenas o valor
M≈4760 kNcm, obtido na escala, para a seção com 6Φ12.5 mm. Fixando-se para a
mesma seção M=4000 kNcm existem dois valores possíveis N≈19 kN e N≈859 kN,
ambos de compressão e obtidos na escala.

Ainda para uma força normal N=750 kN (C) os valores de momentos no ELU
para seções sem armadura, com 6Φ10 e com 6Φ16 são respectivamente M≈1885
kNcm, M≈4000 kNcm e M≈5675 kNcm.

Na figura 2.22 estão traçados quatro diagramas de interação de forma simpli-


ficada para a mesma seção transversal, um sem armadura e três com seis barras de
bitolas variadas localizadas nas mesmas posições, formando um ábaco. O comum é
que estes ábacos sejam construídos para uma seção retangular ( bxh) genérica com
relação (d’/h) prefixada, para um determinado tipo de aço e para uma quantidade e
distribuição das barras preestabelecidas.

No caso deste exemplo esta relação é igual a (d’/h)=(4/40)=0,10, o aço é CA


50, e as seis barras dão taxas mecânicas de armação, ω = (As f yd / Ac fcd), com ω=0
para a seção sem armadura, ω = [4,71x43,5 / 800x(2,5/1,4)] = 0,143 para 6Φ10mm,
ω = [7,362x43,5 / 800x(2,5/1,4)] = 0,224 para 6Φ12,5mm, ω = [12,066x43,5 /
800x(2,5/1,4)] = 0,367 para 6Φ16mm. Nos ábacos usualmente publicados a taxa ω
varia de zero, com intervalos ∆ω = 0, 10, até a taxa máxima, (As/Ac)max = 4%, permi-
tida pela NBR 6118:2014 (item 17.3.5.2.4).

2.7.2 – Exemplo de flexão normal simples com seção retangular

Calcular as armaduras de flexão para a viga da figura 2.23 abaixo para alguns
valores de momento fletor M.

2.59
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Figura 2.23 – Seção retangular do exemplo 2. 7.2

1) M=2000 kNcm

Md 2000x1,4
K 2
 2
 0,0368  K L  0,295 K’ = K = 0,0368
f c bd 1,214x20x56

fcbd
As  As1 
f yd
1  1  2K' 1,214x20x5
43,5
 6 1 1  2x0,0368  1,17cm
2

As2=A’s= 0

A armadura de tração calculada (A s,cal) tem de ser maior ou igual a armadura


mínima (As,min) dada na tabela 2.7, para (d/h) = (56/60) = 0,93 ≈ 0,95 e aço CA 50,
ρmin = 0,15%:

2.60
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As,min= ρmin Ac = 0,15% (20x60) = 1,8 cm2 > As,cal=1,17 cm2 As = As,min = 1,80 cm2

Para atender a armadura final pode-se usar uma das duas hipóteses de bito-
las abaixo:
4Φ8 mm As,e=4x0,503 = 2,01 cm2 > As = 1,80 cm2
2 2
3Φ10 mm As,e=3x0,785 = 2,36 cm > As = 1,80 cm

Onde As,e é a armadura efetivamente colocada ou existente.

Com o valor de K=0,0368 calcula-se o valor de = (y/d) pela equação (2.17)

  
α  1  1  2K'  1  1  2x0,0368  0,0375 y=λx= d=0,0375x56 = 2,10 cm

x=(y/λ)=(y/0,8)=(2,10/0,8) = 2,62 cm (para fck ≤ 50 MPa λ = 0,8)

ξ= (x/d)=( /0,8)=(2,62/56)=0,0468 < ξ 2L= 0,259

Como x = 2,62 cm < x 2L = 0,259x56 = 14,52 cm a seção trabalha no domínio 2


para o dimensionamento com M = 2000 kNcm.

Apenas para efeito de verificação das fórmulas de dimensionamento para


uma profundidade x = 2,62 cm no ELU, a seção resiste a um momento:

 y  0,8x2,62
f c by  d   1,214x20x0,8x2,62 56  
M Res,d  2  2   2797  2000kNcm
M Res   
γ f  1,4 1,4 1,4 1,4

2) M=6000 kNcm

K=0,134 < KL = 0,295 K’ = K = 0,134

2.61
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As=As1 = 4,51 cm2 > As,min = 1,8 cm2

Para atender a armadura final pode-se usar uma das hipóteses de bitolas a-
baixo:

2 2
6Φ10 mm As,e=6x0,785 = 4,71 cm > As =
4,51 cm
4Φ12,5 mm As,e=4x1,227 = 4,98 cm2 > As= 4,51 cm2
3Φ16 mm As,e=3x2,011 = 6,03 cm2 > As = 4,51 cm2

Considerando-se um cobrimento c = 2,5 cm (tabela 2.8) e estribo com Φt = 5


mm, o número máximo de barras longitudinais de flexão com ΦL = 12,5 mm que a
seção pode ter em uma única camada é dada pela equação (2.55), com b útil dada
por (2.54) e ah = 2 cm:

bútil = b w – 2(c + t) = 20 – 2 (2,5 + 0,5) = 14 cm

b útil  a h 14  2
n Φ/cam    4,9 4 barras Φ L = 12,5 mm / camada (OK)
a h  ΦL 2  1,25

= 0,144 x = (0,144x56)/0,8 = 10,10 cm < x2L = 14,52 cm domínio 2

3) M=15000 kNcm

K=0,276 < KL = 0,295 K’ = K = 0,276

As=As1 = 10,33 cm2 > As,min = 1,8 cm2

Para atender a armadura final pode-se usar uma das hipóteses de bitolas a-
baixo:

9Φ12,5 mm As,e=9x1,227 = 11,04 cm2 > As = 10,33 cm2

2.62
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6Φ16 mm As,e=6x2,011 = 12,07 cm2 > As = 10,33 cm2


4Φ20 mm As,e=4x3,142 = 12,57 cm2 > As = 10,33 cm2
Considerando-se os mesmos valores calculados no item anterior tem-se (ver
figura 2.24):

a a a
nΦ=12,5/cam = 4,9 4Φ12,5 mm (1 e 2 camadas), 1 Φ12,5 mm (3 camada)
nΦ=16/cam = 4,4 4Φ16 mm (1a camada), 2Φ16 mm (2a camada)
nΦ=20/cam = 4 4Φ20 mm (só uma camada) (OK)

Nota-se pela figura 2.24 que a distância da borda mais tracionada até o centro
da primeira camada para o detalhamento com 9Φ12,5 mm é dado por [(2,5 + 0,5 +
(1,25/2)] = 3,625 cm. Para as outras duas camadas, considerando o espaçamento
vertical (ah = 2,0 cm), determinam-se os valores 6,975 cm para a segunda camada e
10,125 para a terceira. O centro geométrico das nove barras distribuídas em três
camadas é dado por {[(4 x 3,625) + (4x6,875) + 1 x 10,125] / 9} ≈ 5,8 cm. Desta for-
ma a altura útil fica d = (60 – 5,8) = 54,2 cm, menor que o valor adotado.

Figura 2.24 – Detalhamento da Seção transversal para M = 15000 kNcm

2.63
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Para os outros detalhamentos, de forma análoga, determinam-se os valores


de d = 55 cm e d = 56 cm, para 6Φ16 mm e 4Φ20 mm, respectivamente. Redimen-
sionado apenas para os dois valores diferentes da altura útil adotada, encontra-se:

Φ12,5 mm
dreal = 54,2 cm Kreal = 0,294<KL= 0,295 A s,real = 10,86 cm2 < As,e = 11,04 cm2 (OK)
Φ16 mm
dreal = 55 cm Kreal = 0,286<KL= 0,295 A s,real = 10,62 cm2 < As,e = 12,07 cm2 (OK)

Embora diferentes, os novos valores das armaduras calculadas para os valo-


res corrigidos de d atendem aos detalhamentos para a altura útil adotada de 56 cm.

Φ12,5 mm K = 0,294 α = 0,358 X = (0,358 x 54,2) / 0,8 = 24,3 cm2 < X3L =
0,628 x 54,2 = 34,0 cm ξ = (24,3 / 54,2) = 0,448.

Φ16 mm K = 0,286 α = 0,346 X = (0,346 x 55,0) / 0,8 = 23,8 cm2 < X3L =
0,628 x 55,0 = 34,5 cm ξ = (23,8 / 55,0) = 0,433.

Φ20 mm K = 0,276 α = 0,331 X = (0,331 x 56,0) / 0,8 = 23,1 cm2 < X3L =
0,628 x 56,0 = 35,2 cm ξ = (23,1 / 56,0) = 0,413

Como todos os valores calculados de ξ estão no intervalo, ξ 2L=0,259 ≤ ξ ≤ ξ 3L=


0,628, a seção dimensionada para este momento, para os detalhamentos da figura
2.24), encontra-se no domínio 3.

4) M=20000 kNcm

K=0,381 >=K0,295
L d adot = 55 cm K’ = KL = 0,295

f c bd f c bd 1,214x20x55
A s1 
f yd
1  
1  2K' 
f yd
αL 
43,5
0,8x0,45  0,36  11,05cm2

2.64
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f c bd K  K' 1,214x20x55 0,381  0,295


A s2    2,85cm2
f yd d' 43,5 4
1 1
d 55

As = As1 + As2 = 11,05 + 2,85 = 13,90 cm2 > As,min

(d/d’) = (55/4) = 13,75 > 5,439 φ=1 (tabela 2.4)

A s2
A' s   2,85cm 2

Para atender a armadura final de tração As pode-se usar uma das hipóteses
de bitolas abaixo:

7Φ16 mm As,e=7x2,011 = 14,08 cm2 > As = 13,90 cm2 (3Φ na 2a camada)


5Φ20 mm As,e=5x3,142 = 15,71 cm2 > As = 13,90 cm2 (2Φ na 2a camada)
3Φ25 mm As,e=3x4,909 = 14,71 cm2 > As = 13,90 cm2 (só uma camada)

Para atender a armadura de compressão A’s pode-se usar uma das hipóteses
de bitolas abaixo:

4Φ10 mm A’s,e=4x0,785 = 3,14 cm2 > A’s = 2,85 cm2


3Φ12,5 mm A’s,e=3x1,227 = 3,68 cm2 > A’s = 2,85 cm2

b útil  a h 14  2
n Φ/cam   4 4 barras Φ L = 20 mm / camada
ah  ΦL 22

b útil  a h 14  2,5
n Φ/cam    3,3 3 barras Φ L = 25 mm / camada (OK)
a h  ΦL 2,5  2,5

O detalhamento com 5 Φ20 mm poderia ter apenas 1Φ20 mm na segunda


camada, mas da forma como foi detalhado na figura 2.25 é mais comum.

2.65
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Figura 2.25 – Detalhamento da Seção transversal para M = 20000 kNcm

Os valores de d, d’ e d” para os três detalhamentos estão mostrados na figu-


ra 2.25. Como todos os valores de d são maiores e os de d’ menores aos valores
adotados (d=55 cm e d’ = 4 cm), o cálculo efetuado das armaduras com estes últi-
mos estão a favor da segurança.

Fazendo-se o dimensionamento considerando-se KL = 0,376, como já discuti-


do anteriormente, obtém-se As = 15,41 cm2 e A’s = 0,17 cm2 dando As,total = 15,41 +
0,17 = 15,58 cm2 < 4% Ac = 48 cm 2. Comparando-a com a soma das armaduras ob-
tidas para KL = 0,295, As,total = 13,90 + 2,85 = 16,75 cm2 < 4% Ac = 48 cm2, observa-
se que a diferença entre ambas é menor que 7% e que ambas são menores que a
armadura total existente em qualquer um dos detalhamentos da figura 2.25. Portanto
do ponto de vista do consumo de aço os dois dimensionamentos são equivalentes
sendo que no dimensionamento com K L = 0,295 chega-se à armadura dupla para
momentos menores, melhorando assim a dutilidade da seção.

KL = 0,295 L = 0,8x(x/d)L= 0,8x0,45 = 0,36 xL = 0,45x55 = 24,75 cm

2.66
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O valor da profundidade relativa da LN ξ = ξ L= 0,45 está no intervalo ξ 2L=


0,259 ≤ ξ ≤ ξ = 0,628, portanto no domínio 3.
3L

4) Determinar o valor do momento interno resistente para a seção detalha-


da do exemplo anterio r com 3Φ25 mm (As) e 3Φ12,5 mm (A’ s).

Dados: As = 14,71 cm2, A’s = 3,68 cm2, d = 55,75 cm, d’ = 3,625 cm.

Como as armaduras existentes, ou efetivamente colocadas, são maiores ou i-


guais às armaduras calculadas, o momento interno resistente será sempre maior ou
igual ao momento externo solicitante. Supondo que as armaduras As e A’s trabalhem
com tensões σs = σ’s = fyd = 43,5 kN/cm2, a equação de equilíbrio de forças horizon-
tais fornece, para Nd = 0:

Rcc + A’s σ’s = As σs, fc b y = (As - A’s) fyd

y = [(14,71-3,68) x 43,5] / (1,214 x 20) = 19,8 cm x = y / 0,8 = 24,7 cm

ξ2L = 0,259 < ξ = x / d = 24,7 / 55,75 = 0,443 < ξ3L = 0,628 domínio 3

Neste domínio a tensão na armadura A s é igual a fyd e a deformação máxima


do concreto é igual a εcu = 3,5 ‰ (ponto B do dos domínios de deformação, figura
2.3). A deformação ε’s é obtida por semelhança de triângulos no diagrama de defor-
mações da seção no ELU:

(ε cu  3,5) ε's
    
(x  24,7) (x  d'  24,7  3,625) ε's 2,99‰ ε yd 2,07‰ , portanto σ’s=fyd

Como os valores previamente supostos das tensões nas armaduras se con-


firmaram, o valor de x é o correto para o equilíbrio. O valor do momento interno re-
sistente será dado por:

2.67
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Md,Resist=Rcc(d–y/2)+A’sfyd(d-d’)=1,214x20x19,8(55,75–19,8/2)+3,68x43,5(55,75-3,625)

Md,Resist= 30386 kNcm M Resist =(Md,Resist /1,4)=21704 kNcm > Msolic = 20000 kNcm

2.7.3 – Exemplos de flexão normal simples com seção T ou L

EXEMPLO 1
Calcular os valores da mesa colaborante bf para as vigas da forma apresen-
tada na figura 2.26.

Nesta forma as vigas V1, V2 e V3 têm dois tramos ou vãos, o primeiro com
comprimento (295+20/2+20/2) = 315 cm e o segundo com (365+20/2+20/2) = 385
cm. As vigas V3, V4 e V5 têm também dois vãos com comprimentos 315 cm e 400
cm. O diagrama genérico de momentos fletores para todas as vigas está apresenta-
do na figura 2.27.

Nesta figura M1 e M2 são os momentos positivos (tracionam a parte inferior


da viga) e X é o momento negativo (traciona a parte superior da viga). Os pontos de
momentos nulos do diagrama estão indicados na figura com as distâncias x1 e x2
referenciadas ao apoio central.

Viga V1 – A mesa está comprimida para os momentos M1 e M2 e tracionada para o


momento negativo X. Esta viga só pode funcionar como T , ou no caso L, apenas nos
trechos positivos do diagrama de momentos. Os valores de a1 e a2 não estão dis-
poníveis no diagrama de momentos, portanto serão obtidos pela recomendação da

NBR 6118:2014.

Para M1 a largura colaborante do lado da nervura em que a laje tem continui-


dade (b1) é dada por:

2.68
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
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Figura 2.26 – Forma para o exemplo 2.4.7.3

1 = 315 cm 2 = 385 cm
a1 = 0,75 1= 0,75x315 = 236,25 cm a2 = 0,75 2= 0,75x385 = 288,75 cm

b1 ≤ 0,10 a1 = 0,10x236 ≈ 24 cm
b1 = 24 cm
b1 ≤ (b2/2) = (380/2) = 190 cm

2.69
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
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Figura 2.27 – Diagrama genérico de momentos fletores

O lado oposto a b 1 não tem laje, portanto:

b3 = b4 = 0  b3 = 0

bf = bw + b1 + b3 = 20 + 24 + 0 = 44 cm (neste caso a viga tem seção L)

Para M2 a largura colaborante do lado da nervura em que a laje tem continui-


dade (b1) é dada por:

b1 ≤ 0,10 a2 = 0,10x289 ≈ 29 cm
b1 = 29 cm
b1 ≤ (b2/2) = (380/2) = 190 cm

b3 = b4 = 0  (não tem laje do lado oposto à b 1)  b3 = 0

bf = bw + b1 + b3 = 20 + 29 + 0 = 49 cm (neste caso a viga tem seção L)

2.70
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

Para o momento negativo X a seção só pode funcionar como seçãoretangu-


lar 20/40.

Viga V2 – De forma análoga ao calculado para V1, obtém-se:

1 = 315 cm 2 = 385 cm
a1 = 0,75 1= 0,75x315 = 236,25 cm a2 = 0,75 2 = 0,75x385 = 288,75 cm

Para M1 as larguras colaborante dos lados Esquerdo e Direito da nervura são


dadas por:

b1,E ≤ 0,10 a1 = 0,10x236 ≈ 24 cm


b1,E = 24 cm
b1,E ≤ (b2/2) = (295/2) = 147,5 cm

b1,D ≤ 0,10 a1 = 0,10x236 ≈ 24 cm


b1,D = 24 cm
b1,D ≤ (b2/2) = (380/2) = 190 cm

bf = bw + b1,E + b1,D = 20 + 24 + 24 = 68 cm

Para M2 tem-se:

b1,E ≤ 0,10 a2 = 0,10x289 ≈ 29 cm


b1,E = 29 cm
b1,E ≤ (b2/2) = (295/2) = 147,5 cm

b1,D ≤ 0,10 a2 = 0,10x289 ≈ 29 cm


b1,D = 29 cm
b1,D ≤ (b2/2) = (380/2) = 190 cm

bf = bw + b1,E + b1,D = 20 + 29 + 29 = 78 cm

2.71
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

Para o momento negativo X a seção só pode funcionar como seçãoretangu-


lar 20/40.

Viga V3 – Os valores de b1 e b3 são os mesmos que os calculados para a viga V1. A


diferença deve-se ao novo valor de b 2 = 295 cm, que não interfere nos resultados
finais de b1.

Para M1 tem-se:

bf = bw + b1 + b3 = 15 + 24 + 0 = 39 cm

Para M2 tem-se:

bf = bw + b1 + b3 = 15 + 29 + 0 = 44 cm

Para o momento negativo X a seção só pode funcionar como seçãoretangu-


lar 15/40.

Viga V4 – Esta viga tem um balanço do lado esquerdo da nervura que está 30 cm
abaixo do nível das demais lajes. Assim têm-se mesas tanto do lado superior direito
quanto do inferior esquerdo da nervura, fazendo a viga funcionar como seção L para
momentos positivos e negativos.

1 = 315 cm 2 = 400 cm
a1 = 0,75 =1 0,75x315 = 236,25 cm a 2= 0,75 2 = 0,75x400 = 300 cm
x1 = 0,25 1= 0,25x315 = 78,75 cm x2 = 0,25 2 = 0,25x400 = 100 cm

Para M1 tem-se:

b1 ≤ 0,10 a1 = 0,10x236 ≈ 24 cm
b1 = 24 cm
b1 ≤ (b2/2) = (295/2) = 147,5 cm

2.72
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___________________________________________________________________________

b3 = b4 = 0 (a laje L1 está invertida, portanto tracionada)  b3 = 0

bf = bw + b1 + b3 = 15 + 24 + 0 = 39 cm

Para M2 tem-se:

b1 ≤ 0,10 a2 = 0,10x300 ≈ 30 cm
b1 = 30 cm
b1 ≤ (b2/2) = (295/2) = 147,5 cm

b3 = b4 = 0 (a laje L1 está invertida, portanto tracionada)  b3 = 0

bf = bw + b1 + b3 = 15 + 30 + 0 = 45 cm

Para o momento negativo X, como a única laje comprimida (L1) está do lado
do balanço, sem continuidade, tem-se:

b3 ≤ 0,10 (x1 + x2) = 0,10x(78,75 + 100) ≈ 18 cm


b3 = 18 cm
b3 ≤ b4 = 30 cm

b1 = 0 (a laje L2 está tracionada)

bf = bw + b1 + b3 = 15 + 0 + 18 = 33 cm

Viga V5 – De forma análoga ao calculado para V2, obtém-se:

1 = 315 cm 2 = 400 cm
a1 = 0,75 =1 0,75x315 = 236,25 cm a 2 = 0,75 2 = 0,75x400 = 300 cm

Para M1 as larguras colaborante dos lados Esquerdo e Direito da nervura são


dadas por:

2.73
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

b1,E ≤ 0,10 a1 = 0,10x236 ≈ 24 cm


b1,E = 24 cm
b1,E ≤ (b2/2) = (295/2) = 147,5 cm

b1,D ≤ 0,10 a1 = 0,10x236 ≈ 24 cm


b1,D = 24 cm
b1,D ≤ (b2/2) = (380/2) = 190 cm

bf = bw + b1,E + b1,D = 20 + 24 + 24 = 68 cm

Para M2 tem-se:

b1,E ≤ 0,10 a2 = 0,10x300 = 30 cm


b1,E = 30 cm
b1,E ≤ (b2/2) = (295/2) = 147,5 cm

b1,D ≤ 0,10 a2 = 0,10x300 = 30 cm


b1,D = 30 cm
b1,D ≤ (b2/2) = (380/2) = 190 cm

bf = bw + b1,E + b1,D = 20 + 30 + 30 = 80 cm

Para o momento negativo X a seção só pode funcionar como seçãoretangu-


lar 20/40.

Viga V6

1 = 315 cm 2 = 400 cm
a1 = 0,75 =1 0,75x315 = 236,25 cm a 2 = 0,75 2 = 0,75x400 = 300 cm

Para M1

2.74
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

b1 ≤ 0,10 a1 = 0,10x236 ≈ 24 cm
b1 = 24 cm
b1 ≤ (b2/2) = (365/2) = 182,5 cm

b3 ≤ 0,10 a1 = 0,10x236 ≈ 24 cm
b3 = 24 cm
b3 ≤ b4 = 50 cm

bf = bw + b1 + b3 = 20 + 24 + 24 = 68 cm

Para M2

b1 ≤ 0,10 a2 = 0,10x300 = 30 cm
b1 = 30 cm
b1 ≤ (b2/2) = (365/2) = 182,5 cm

b3 ≤ 0,10 a2 = 0,10x300 = 30 cm
b3 = 30 cm
b3 ≤ b4 = 50 cm
bf = bw + b1 + b3 = 20 + 30 + 30 = 80 cm

Para o momento negativo X a seção só pode funcionar como seçãoretangu-


lar 20/40.

EXEMPLO 2
Calcular as armaduras para uma viga T, com b f = 90 cm, bw = 20 cm, h = 50 cm,
d = 45 cm, hf = 10 cm. Concreto f ck = 30 MPa, aço CA 50.

fc=0,85x3/1,4 = 1,821 kN/cm2 (tabela 1.11)


fyd=50/1,15 = 43,48 kN/cm2 (tabela 1.11)

 M = 15000 kNcm

2.75
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

Md b h  h  15000x1,4  90  10  10 
K 2
  f  1  f 1  f      1 1    0,285  0,691
fcb wd b
 w  d  2d  1,821x20x45 2  20  45  2x45 

K<0  seção retangular b fh = 90/50

Md 15000x1,4
K 90x50  f b d 2  1,821x90x45 2  0,0632  K < KL = 0,295  K’ = K = 0,0632
c f

fcbf d
A s  A s1 
f yd
1  1  2K'  1,821x90x4
43,5
 5 1 1  2x0,0632  11,09cm
2

A armadura As tem que ser maior ou igual a armadura mínima A s,min. Como os
valores das tabelas 2.6 e 2.7 só valem para seções retangulares, o valor mínimo da
armação em viga de seção T deve ser calculado como aquela necessária para com-
bater o momento mínimo dado na equação (2.49). O valor de fctk,sup é dado na e-
quação (2.50).

Md,min = 0,8 W0 f ctk,sup, W0 = (Ix,cg / ymax,trac), fctk,sup = 0,39 (fck)2/3 (fck < 50 MPa)

O centro geométrico para a seção T de concreto em relação ao limite inferior


da nervura bw (largura paralela ao eixo x da seção transversal) vale:

ycg = (90 x 10 x 45 + 20 x 40 x 20) / (90 x 10 + 20 x 40) = 33,24 cm

Ix,cg = [(90x503)/12+90 x50x(33,24-25)2]–[(70x403)/12+70x40x(33,24-20)2]=378873 cm4

fctk,sup = 0,39 x 302/3 = 3,77 MPa ≈ 0,38 k N/cm2

Md,min = 0,8 x [(378873) / 33,24] 0,38


x = 3443 kNcm M min = 2452 kNcm

KT < 0, K 90/50 = 0,0104 < KL = 0,295, A s,min = 1,77 cm2 < As,cal = 11,09 cm2
Com K = 0,0632  α = 0,0654  x = 0,0654x45 / 0,8 = 3,68 cm < hf = 10 cm.

2.76
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

Outra forma seria determinar o momento de referência, equação 2.47, e com-


pará-lo com o valor de Md.

 hf   10 
M dRef  f c b f h f  d    1,821x90x10x 45    65556kNcm
 2   2 

MdRef > Md = 15000x1,4 = 21000 kNcm  seção retangular b fh = 90/50

Se optasse por calcular a viga com seção retangular 20/50, desprezando-se a


contribuição da mesa, a armadura seria As,Ret = 12,96 cm2 > As,T = 11,09 cm2 mos-
trando que quando possível, o cálculo como seção T é sempre mais econômico.

 M = 40000 kNcm

Md = 56000 kNcm < M d,Ref = 65556 kNcm  seção retangular b fh = 90/50

K90/50 = 0,169 < KL = 0,295  K’ = K = 0,169  As,90/50 = As1 = 31,54 cm2

Calculando-se com as fórmulas da seção T obtém-se:

K0 = (hf/d) (1-h f/2d) = (10/45) [1-(10/2x45)] = 0,198


K = 0,759 – 0,691 = 0,0683 <
KL = 0,295  K’ = K = 0,0693

Como K < K0 a seção deve ser calculada como seção retangular 90/50, já cal-
culada acima, com As,90/50 = 31,54 cm2. Com o valor de K > 0, a armadura calculada
como seção T fica:

1,821x20x45   90  10 
A s,T  A s1  1  1  2x0,0683   20  1 45   31,97cm
2

43,5    

2.77
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

A armadura calculada com as fórmulas da seção T (A s,T = 31,97), embora er-


rada neste caso, dá praticamente o mesmo valor que a calculada como seção retan-
gular 90/50 (As,90/50 = 31,54), daí a generalização usada por Tepedino (1980) de se
usar a seção retangular (bf h) só quando K < 0.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

O cálculo como seção T consegue combater grandes momentos fletores ape-


nas com armadura simples (sem armadura de compressão). Isto pode levar a falsa
ideia que o simples atendimento ao ELU (dimensionamento) garanta também o es-
tado limite de deformação excessiva (ELS-DEF) do elemento estrutural em análise.
Neste exemplo usando-se a equação (2.38) para K=K L = 0,295 (valor de K a partir do
qual se tem armadura dupla) obtém-se o momento limite para seção T:

2
  bf
 hf  h f 
M dL
 f b d K   b w  1 d  1  2d   73751x0,295  0,691  727444kNcm
c w L

ML = 51960 kNcm

Supondo uma viga biapoiada com carga uniformemente distribuída de vão =


5m (h/ = 10%) submetida ao momento acima, a carga seria p = 8 x 519,60 / 52 =
166,3 kN/m. Considerando a rigidez à flexão da seção retangular geométrica (bruta)
de concreto EI, com I = (bh3/12) = (20x503/12) = 208333 cm4 e E = Ecs dado pela
equação (1.6a), onde Eci é obtido pela equação (1.5a) para αe = 1,0 (brita de granito
ou gnaisse).

Eci  α E 5600 f ck  1,0x5600 30  30672MPa 3067kN/cm


2

f ck 30
α i  0,8  0,2  0,8  0,2  0,875  1,0 equação (1.6b)
80 80

2.78
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Flexão Normal Simples
___________________________________________________________________________

Ecs  α i Eci  0,875x3067 2684kN/cm


2

EI = 2684 x 208333 = 5,59 x 108 kNcm2

O cálculo da flecha deve ser feito com a rigidez da seção fissurada (estádio

II), que no caso é uma seção T, levando-se em conta a flecha diferida no tempo (flu-
ência). Neste exemplo apenas para se ter uma noção da flecha máxima, será calcu-
lado como seção retangular 20x50 (inércia menor que a da seção T) com a seção
bruta (geométrica) de concreto (inércia maior que a da seção retangular fissurada).
A flecha máxima em uma viga biapoiada com carga uniformemente distribuída p =
166,3 kN/m = 1,66 kN/cm é dada por:

fmax = 5pl4 / 384EI = 5 x 1,66 x 5004 / 384 x 5,59 x 108 = 2,42 cm > 500 / 250 = 2 cm

Como a flecha máxima superou a flecha admissível fadm= (l/250) = 2 cm a vi-


ga não atenderia ao estado limite de serviço devido à deformação excessiva ELS-
DEF.

Considerando o cálculo da flecha como seção T (b f = 90 cm, bw = 20 cm, hf =


10 cm, As,cal = 31,97 cm2, n = Es / Ecs = 7,82) , no estádio II (xII = 13,58 cm, III =
321001 cm4), levando-se em conta a deformação lenta para carga permanente g =
0,7p = 0,7 x 1,66 = 1,16 kN/cm e carga acidental q = 0,3p = 0,50 kN/cm, com p∞ =
2,46g + 0,738q = 3,22 kN/cm (edifício residencial), obtém-se a flecha máxima:

f∞ = 5 x 3,22 x 5004 / 384 x 2684 x 321001 = 3,04 cm > fadm = 2 cm

confirmando, como esperado, o resultado anterior calculado com a seção retangular


geométrica.

Do exposto, justifica-se a preocupação que se deve ter no cálculo de seção T


com a verificação do ELS-DEF, preocupação redobrada no caso de se ter seção T
com armadura dupla, ou seja, K>KL = 0,295.

2.79
CONCRETO ARMADO I - CAPÍTULO 3

Departamento de Engenharia de Estruturas – EE-UFMG

Julho 2014

LAJES
__________________________________________________________________________

3.1 – Definição

Placa é um elemento estrutural laminar, uma dimensão (espessura) bem me-


nor que as outras duas em planta, solicitada predominantemente por cargas normais
ao seu plano. Quando a placa é de concreto armado ela normalmente é chamada de
laje. Como exemplo pode-se citar lajes de piso e forro dos edifícios, lajes de reser-
vatórios, muros de contenção.

3.2 – Histórico

As placas devido a sua importância como elemento de piso, vedação e de


transferência de cargas para a estrutura, tem merecido ao longo dos tempos grande
destaque dos pesquisadores e constitui ainda hoje um tema inesgotável de pesqui-
sas.

As placas podem ser classificadas segundo a relação entre sua espessura h

e sua menor dimensão em planta a, como:

 Placas muito esbeltas, quando ( h/a)  (1/100)

 Placas esbeltas, quando (1/100) < ( h/a)  (1/5)


 Placas espessas, quando ( h/a) < (1/5)
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

As placas de concreto, chamadas de lajes, se situam normalmente na faixa


de variação das placas esbeltas, cujo teoria clássica ou de Kirchhoff, interpreta ra-
zoavelmente os seus resultados, que são baseados na solução da equação diferen-
cial de quarta ordem (3.1). Uma apresentação detalhada da teoria de placas pode
ser encontrada em TIMOSHENKO (1940).
:

4w 4w 4w p


2 2 2  4  (3.1)
x 4
x y  y D
Onde:
 w é o deslocamento transversal (vertical) da placa;
 p é a carga normal distribuída, aplicada à placa;
 D é a rigidez da placa à flexão, dada por:

E csh 3
D (3.2)

12 1 - ν 2 

Onde Ecs e são respectivamente, o módulo de elasticidade e o coeficiente de Pois-


son do concreto, equações (1.6) e (1.7) respectivamente.

A solução analítica da equação (3.1) só é possível para situações particulares


de condições de contorno e de carregamento. Para a maioria dos casos recorre-se
aos métodos numéricos para a solução da placa baseada nos Método das Diferen-
ças Finitas ( MDF), Método dos Elementos Finitos ( MEF) e Método dos Elementos de
Contorno (MEC).

Normalmente as lajes dos edifícios residenciais são retangulares e para essas


foram produzidas desde o início tabelas para cálculo de reações de apoio e de mo-
mentos fletores. Estas tabelas foram elaboradas baseadas na teoria da elasticidade
usando-se integração numérica ou séries duplas de Fourier para a solução da equa-
ção (3.1).

3.2
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

As primeiras tabelas utilizadas foram produzidas por Marcus, que resolveu o


problema, substituindo a placa por uma grelha, com vigas ou faixas unitárias per-
pendiculares e independentes entre si, introduzindo coeficientes semi-empíricos pa-
ra levar em conta a torção entre as mesmas, contemplada na equação (3.1) pela
derivada cruzada, ou seja em x e y. O processo de cálculo desprezando-se a torção
entre as faixas perpendiculares é normalmente conhecido como teoria da grelha ou
dos quinhões de carga para cálculo de lajes retangulares.

Para o entendimento desse processo simples e normalmente utilizado para a


solução de lajes nervuradas, seja a figura 3.1 onde tem-se uma laje retangular axb,
simplesmente apoiada em todos os quatro lados e submetida a uma carga total p,
distribuída uniformemente em toda a sua superfície. Esta carga será dividida em du-
as parcelas ou quinhões pa e pb, que atuarão nas direções a e b respectivamente.
Trata-se de um problema estaticamente indeterminado cuja única equação de equi-
líbrio é dada por:

p = pa + pb (3.3)

Para a solução desse problema cujas incógnitas são as parcelas ou quinhões


de carga pa e pb deve-se lançar mão de uma equação de compatibilidade geométri-
ca, que neste caso consiste em igualar as flechas a e b no cruzamento das faixas
nas direções a e b, respectivamente ( ver figura 3.1).

5p a a 4 5p b b 4
δa   δb  (3.4)
384EI 384EI

A expressão genérica para a flecha máxima em uma viga biapoiada submeti-


da a uma carga vertical uniformemente distribuída é obtida da equação da linha e-
lástica em vigas, dada por δ = k(pl4) / (384EI), onde k depende dos tipos de apoios
da viga. Para dois apoios simples K = 5, para um apoio simples e o outro engastado
k = 2 (valor aproximado) e finalmente para dois engastes k = 1.

3.3
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

De (3.4) obtém-se:
4
b
p a  pb  (3.5)
a

Figura 3.1 – Quinhões de carga para lajes

Levando-se (3.5) em (3.3) obtém-se a expressão da parcela de carga na dire-


ção b:

p
pb  4
 k bp (3.6)
b
1 
a

3.4
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

1
kb  4
ka  1  kb (3.7)
b
1 
a
Onde ka e kb são os coeficientes para se determinar os quinhões de cargas
nas direções a e b respectivamente.

Para a determinação das reações e momentos fletores da laje basta calcular


isoladamente as vigas nas direções a e b, utilizando-se as parcelas ou quinhões de
carga obtidos.

Pela equação (3.7) para uma relação (b/a) = 2 o valor de kb = 1 / 17 0,06 e


consequentemente ka 0,94, indicando que a laje funciona praticamente na direção
menor a. Conforme será visto adiante, a partir da relação (b/a) > 2 a laje será consi-
derada armada em uma direção, ou seja a menor dimensão, sendo que para rela-
ções menores, a laje será considerada armada nas duas direções ou em cruz.

Outras tabelas para o cálculo de reações e momentos em lajes bastante utili-


zadas são as tabelas de Kalmanock, que integrou numericamente a equação dife-
rencial (3.1) e tabelou para diversos tipos de lajes retangulares e de relações (b/a),
variando de 0,5 a 2. Estas tabelas, como outras baseadas na teoria da elasticidade,
são utilizadas no cálculo de lajes em regime elástico.

Existem também as tabelas baseadas no regime rígido-plástico, ou das linhas


de ruptura, ou das charneiras plásticas Ingerslev (1923) e Johansen (1932), onde o
diagrama tensão-deformação do material constituinte da laje é rígido-plástico per-
feito, com um trecho sem deformações (rígido), seguido por um trecho perfeitamen-

te plástico. Este processo extremamente simples de cálculo pode ser visto na aposti-
la de lajes retangulares do Prof. José de Miranda Tepedino (1980), que srcinou tan-
to as tabelas para cálculo de momentos fletores no regime rígido-plástico, quanto no
elástico, mostradas adiante.

3.5
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

Esta análise plástica é também recomendada na NBR 6118:2014 no item


14.7.4:

“Para a consideração do estado limite último, a análise de esforços pode ser real i-
zada através da teoria das charneiras plásticas.
Para garantia de condições apropriadas de dutilidade, dispensando a verificação
explícita da capacidade de rotação plástica, prescrita em 14.6.4.4 deve-se ter a po-
sição da linha neutra limitada em:

x/d 0,25,
≤ se f ck ≤ 50 MPa

x/d ≤ 0,15, s e f ck > 50 MP a

Deve ser adotada, para lajes retangulares, razão mínima de 1,5:1 entre momentos
de borda (com continuidade e apoio indeslocável) e momentos no vão.
Cuidados especiais devem ser tomados em relação à fissuração e verificação das
flechas no ELS, principalmente quando se adota a relação entre momentos muito
diferente da que resulta de uma análise elástica.As verificações de serviço e de fadi-
ga devem ser feitas baseadas em uma análise elástica”.

De acordo com este item da NBR 6118:2014 caso o dimensionamento da laje


seja feito considerando o regime elástico deve-se adotar os valores de KL conforme
a tabela 2.3. Já se o regime adotado for o rígido-plástico os valores de KL serão
dados por:

 0,8x0,25 
K L  0,8x0,25 1    0,180 Para fck ≤ 50 MPa (3.8a)
 2 

 0,8x0,15 
K L  0,8x0,15 1    0,113 Para fck > 50 MPa (3.8b)
 2 

3.6
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

3.3 – Laje retangular armada em uma direção

Conforme visto no item anterior as lajes retangulares cuja relação entre os la-
dos for maior que 2, será calculada como laje armada em uma direção, no caso, a
direção menor. Estas lajes são calculadas supondo vigas de largura unitária com o
comprimento correspondente ao vão menor da laje e com as condições de contorno
iguais às do lado maior. Desta forma as configurações possíveis para lajes retangu-
lares armadas em uma direção estão indicadas na figura 3.2.

As reações RA (apoio), RE (engaste) e os momentos M (positivo), X (negativo)


para os três tipos de lajes da figura 3.2 estão apresentados na tabela 3.1 adiante,
para o cálculo no regime elástico e no regime rígido-plástico, com a carga total p
atuando na faixa unitária.

Na tabela 3.1 os valores das reações e dos momentos da coluna correspon-


dente ao regime elástico são os valores conhecidos da análise das estruturas, já os
valores do regime rígido–plástico dependem da relação adotada entre o momento
negativo (X) e o positivo ( M) atuantes em uma mesma direção. Esta relação para a
tabela 3.1 vale 1,5 (valor recomendado na NBR 6118:2014) e é a mesma adotada
na elaboração da tabela 3.9 de momentos fletores no regime rígido-plástico, para
lajes retangulares armadas em duas direções. Assim para a laje apoiada-engastada
o momento máximo positivo M, que ocorre onde a força cortante se anula, x0 = RA/p,
a partir do apoio simples, é dado por:

2 2
 pa X   pa 1,5M 
     
px0  R A
2 2

M  R Ax0     2 a

2 a 
(3.9)
2 2p 2p 2p

Resolvendo-se a equação (3.9) do segundo grau, chega-se à raiz possível de


M dada por:
pa 2
M (3.10)
13,33

3.7
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

Figura 3.2 – Tipos de lajes armadas em uma direção

Tabela 1 – Reações e momentos para laje armada em uma direção

Tipo da laje Regime elástico Regime rígido-plástico


R = 0,5 pa R = 0,5 pa
Apoiada-apoiada
R = 0,5 pa M = pa /8
R=A 0,375 pa = (3/8) pa R A = 0,387 pa
R=E 0,625 pa = (5/8) pa R E = 0,613 pa
Apoiada-engastada
M = pa2/14,22 M = pa2/13,33
X = pa /8 X = 1,5 M
R = 0,5 pa R = 0,5 pa
Engastada-engastada M = p a /24 M = p a /20
X = pa2/12 X = 1,5 M

3.8
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

Para a placa engastada-engastada com a relação (X/M) = 1,5, tem-se:

2
 pa 
2   2

 X     1,5M 
R 2 pa
M A
 1,5M (3.11)
2p 2p 8

De (3.11) obtém-se o valor de M:

pa 2
M (3.12)
20

3.4 – Laje retangular armada em duas direções ou em cruz

Conforme visto anteriormente, quando a relação entre os lados de uma laje


retangular é menor ou igual a 2, considera-se a mesma armada em duas direções

ou em cruz.

3.4.1 – Tipos de lajes retangulares

Os tipos possíveis de lajes retangulares estão mostrados na figura 3.3, onde


“a” é o vão cuja direção tem o maior número de engastes. Caso nas duas direções o
número de engastes seja o mesmo, “a” será considerado o menor vão.

3.4.2 – Reações de apoio

As reações de apoio para lajes maciças retangulares com carga uniforme-


mente distribuída podem ser calculadas, de acordo com o item 14.7.6 da NBR
6118:2014, com as seguintes aproximações:

“a) as reações em cada apoio são as correspondentes às cargas atuantes nos triâ n-
gulos ou trapézios determinados através das charneiras plásticas correspondentes à

3.9
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___________________________________________________________________________

análise efetivada com os critérios de 14.7.4, sendo que essas reações podem ser,
de maneira aproximada, consideradas uniformemente distribuídas sobre os elemen-
tos estruturais que lhes servem de apoio;
b) quando a análise plástica não for efetuada, as charneiras podem ser aproximadas
por retas inclinadas, a partir dos vértices com os seguintes ângulos:
− ° entre dois apoios do mesmo tipo;
45
− 60° a partir do apoio considerado engastado, se o outro for considerado simples-
mente apoiado;
− 90° a partir do apoio, quando a borda vizinha for livre”.

Figura 3.3 – Tipos de lajes retangulares armadas em cruz

3.10
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___________________________________________________________________________

A partir dos ângulos definidos acima é produzida a tabela 3.8 para os 6 tipos
de lajes retangulares da figura 3.3, com relações b/a dentro da faixa de validade das
lajes armadas em cruz. Nessas tabelas a reação em cada lado “a” ou “b” é obtida
multiplicando-se os coeficientes tabelados pelo produto pa.

Figura 3.4 – Reações de apoio para lajes retangulares armadas em cruz

3.11
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___________________________________________________________________________

3.4.3 – Momentos fletores

Os momentos fletores em lajes retangulares são calculados também através


de tabelas produzidas tanto para o regime elástico como para o regime rígido-
plástico. No regime elástico, para a obtenção dos valores dos momentos atuantes
nas duas direções, basta dividir o produto (p.a2) pelos valores tabelados para os
momentos positivos ma, mb (armadura de flexão na parte inferior da laje) e para os
momentos negativos na, nb (idem para a parte superior).

Já para o regime rígido-plástico apenas são tabelados os coeficientes ma,


mb, com os quais se calculam os momentos positivos nas duas direções, da mesma
forma que no regime elástico. Caso exista, o momento negativo em uma determina-
da direção será obtido multiplicando-se o momento positivo nesta direção pelo valor
1,5.

As tabelas 3.8 a 3.11 mostradas adiante, são as mesmas da apostila sobre la-
jes retangulares do Prof. José de Miranda Tepedino (1980), salientando-se que as
do regime rígido-plástico foram produzidas para uma variação contínua do índice de
ortotropia (relação entre os momentos de plastificação ou de ruptura nas duas dire-
ções ortogonais da laje) e para uma relação constante entre os momentos negativo
e positivo em uma mesma direção, adotada igual a 1,5.

3.5 – Cálculo da flecha em l ajes retangulares

O cálculo da flecha em lajes retangulares deve naturalmente obedecer ao es-

tado limite de serviço – ELS, nesse caso denominado ELS-DEF, ou seja, de defor-
mações excessivas, definido no item 3.2.4 da NBR-6118:2014.

As cargas para o cálculo em serviço devem ser afetadas pelo coeficiente de


ponderação, no caso minoração, das ações no ELS, correspondente às combina-

3.12
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___________________________________________________________________________

ções quase permanentes, f = f2 = 2, terceira coluna de f2 na tabela 1.7 desta


apostila

Conforme esta tabela, para cargas acidentais de edifícios, 2 = 0,3 para edifí-
cios residenciais, 2 = 0,4 para edifícios comerciais, de escritório, estações e edifí-

cios públicos e 2 = 0,6 para bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens. O momento


de serviço Mserv é obtido pela soma do momento total das cargas permanentes Mg
mais o momento das cargas acidentais Mq, minorado pelo coeficiente 2.

Mserv = Mg + 2 Mq (3.13)

Caso o momento de serviço dado em (3.13) seja menor que o momento de


fissuração Mr, determinado conforme o item 17.3.1 da NBR-6118:2014, a laje estará
trabalhando no Estádio I (concreto trabalhando simultaneamente à tração e com-
pressão – concreto não fissurado), caso contrário, no Estádio II (concreto traba-
lhando à compressão no regime elástico enquanto as tensões de tração são despre-
zadas – concreto fissurado). O momento de fissuração pode ser calculado pela se-
guinte expressão aproximada ( NBR 6118:2014):

Ic
M r  αf ct (3.14)
yt

“onde:
α = 1,2 para seções T ou duplo T;
α = 1,3 para seções I ou T invertido;
α = 1,5 para seções retangulares;
onde:
α é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na
flexão com a resistência à tração direta;
yt é a distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada;
Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
fct é a resistência à tração direta do concreto, conforme 8.2.5, com o
quantil apropriado a cada verificação particular.

3.13
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___________________________________________________________________________

Para determinação do momento de fissuração deve ser usado o f ctk,inf no estado li-
mite de formação de fissura e o f ctm no estado limite de deformação excessiva (ver
8.2.5).”

Para o cálculo de lajes, cuja seção transversal retangular é dada por 100h, o
valor de y no estádio I é aproximadamente igual a h/2, onde h é a altura da laje,
t
ficando a relação Ic/yt W0 (módulo de resistência à flexão) dada por:

100h 2
W0  (3.15)
6

O valor correto de yt é obtido do cálculo da seção homogeneizada, mas tendo


em vista a pequena quantidade de armadura das lajes, esse valor é muito próximo
ao da seção bruta de concreto, justificando-se pois adotar yt = h/2.

Levando-se os valores de , fct = fctm dado nas equações (1.12), e W0 em


(3.15) obtém-se finalmente o momento de fissuração para lajes maciças dado por:

150f ctmh 2
Mr   0,75h 2 f ck 2/3 , (kNcm) para fck ≤ 50 MPa (3.16a)
6x10

150.f ctm .h 2
Mr   5,3h 2 ln1  0,11f ck , ( kNcm) para fck> 50 MPa (3.16b)
6x10

As equações (3.16) foram desenvolvidas usando-se fck em MPa para obter Mr


em kNcm (por isto a divisão por 10). Deve-se salientar que as equações (3.16) refe-
rem-se a uma faixa de laje de largura b = 100 cm = 1 m .

3.5.1 – Flecha imediata em lajes retangulares armadas em uma direção

Para estas lajes as flechas são calculadas com as expressões obtidas da e-


quação da linha elástica em vigas, para os três tipos possíveis de condições de con-
3.14
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___________________________________________________________________________

torno ilustrados na figura 3.2, onde as flechas podem ser agrupadas em uma única
expressão genérica dada por:

pia4
fi  K (3.17)
384EI eq,t0

com K=5 para laje apoiada-apoiada


*
K=2 para laje apoiada-engastada
K=1 para laje engastada-engastada

(*)
o valor inteiro 2 foi adotado do valor correto dado por (2,079...).

Onde
 fi é a flecha imediata;
 pi = g + 2 q é a carga imediata de serviço;
 a é o vão da laje armada em uma direção;
 (E.I)eq,t0 é a rigidez equivalente para o tempo t 0.

Normalmente as lajes em edifícios residenciais armadas em uma direção têm


vãos pequenos e consequentemente momentos solicitantes em situação de serviço
menores que o momento de fissuração (equações 3.16), trabalhando, portanto no
estádio I. Nesse caso a rigidez equivalente é obtida considerando-se a seção homo-
geneizada, utilizando-se a relação entre os módulos de elasticidade do aço e do
concreto. Devido à pequena quantidade de armação utilizada nessas lajes, pode-se
usar o momento de inércia da seção bruta de concreto em substituição ao da seção
homogeneizada. Isso se justifica pela pequena diferença entre as duas.

Caso o momento em serviço supere o momento de fissuração, deve ser con-


siderado o estádio II. O item 19.3.1 da NBR-6118:2014, estado limite de deformação
em lajes, estabelece que devam ser usados os mesmos critérios adotados para as
vigas (item 17.3.2), tanto para o estádio I quanto para o estádio II.

3.15
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___________________________________________________________________________

Os critérios para a flecha imediata em vigas se baseiam no cálculo da rigidez


equivalente pela formulação de Branson (1966), dada na NBR-6118:2014 no item
17.3.2.1.1. Para lajes maciças, usuais dos edifícios residenciais, armadas em uma
ou duas direções, pode-se ter momento máximo menor que o momento de fissura-
ção, ou quando isso não ocorre apenas uma pequena área da laje, próxima ao mo-
mento máximo, encontra-se no estádio II. Grande parte da laje estará sempre no
estádio I. Mesmo a região que se encontra fissurada, segundo alguns autores, tem
uma contribuição mais efetiva para a rigidez equivalente que no caso das vigas, por-
tanto não seria muito correto usar o mesmo modelo para vigas e lajes. No entanto,
para efeito dessa apostila, deve-se considerar o estabelecido na NBR 6118:2014:

Estádio I - EI eq,t0  E csI c (3.18a)

 M  3   M  3  
Estádio II - EI eq,t0  E cs  r
 I c  1   r   I II   E cs I c (3.18b)
M M
      
a a

Onde:
 Ecs é o módulo de elasticidade secante do concreto;
 Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
 I II é o momento de inércia da seção fissurada de concreto no es-
tádio II, calculada com a relação entre os módulos ( n = Es / Ecs);
 Ma é o momento fletor na seção crítica do vão considerado, momen-
to máximo no vão para lajes biapoiadas ou contínuas e momento no
apoio para lajes em balanço, para a combinação de ações considera-

da nessa avaliação;
 Mr é o momento de fissuração do elemento estrutural;
 t0 é a idade em meses relativa à data de aplicação da carga de
longa duração.

3.16
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___________________________________________________________________________

3.5.1.1 – Momento de Inércia da seção fissurada para lajes

Conforme apresentado na figura 3.5 o diagrama de tensões de compressão


no concreto é linear e na tração é nulo, de acordo com a premissa básica do Estádio
II, seção fissurada. Como para um mesmo ponto, concreto e aço têm a mesma de-
formação ε = ε , pela lei de Hooke (σ /E ) = (σ /E ) de onde resulta σ = (E /E ) σ
c s c c s s s s c c
= n σc com n = (Es/Ec), relação entre os módulos de elasticidades do aço e do con-
creto. Com isto no diagrama de tensões a linha tracejada representa em uma escala
(1/ n) menor, as tensões no aço.

Para homogeneizar a seção transversal genérica da laje apresentada nesta


figura deve-se inicialmente transformar o material composto, concreto armado (con-
creto e aço), em um único material, normalmente no material com menor módulo de
elasticidade (concreto). A área de aço A s transforma-se em uma área equivalente
em concreto igual a (n As). O CG da seção homogeneizada encontra-se a uma pro-
fundidade xII obtida igualando-se o momento estático da área comprimida de concre-
to com o da área de aço homogeneizada (n As). Assim:

Figura 3.5 – Seção transversal para determinação de III em lajes

x II
bx II  nA s d  x II 
2

Resolvendo a equação do segundo grau em xII encontra-se:

3.17
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___________________________________________________________________________

x II   A  A 2  B

nA s 2nA s
A B
100 100

Calculando-se o momento em relação a LN obtém-se:

 σ c 100xII  2x II 
M LN      σ s nA s d  x II 
 2  3 

σc σs d  x II
  σs  σc
x II d  x II x II

100xII
2
nA s d  x II 
2
 100xII3 2 σ
M LN  σc  σc    nA s d  x II   c
3 x II  3  x II

M LN M LN
σc  x II  x II
 100x II3 2 I II
  nA s d  x II  
 3 

3
100xII
I II   nA s d  x II 
2
(3.19)
3

3.5.2 – Flecha imediata em lajes retangulares armadas em duas direções

Normalmente o valor da flecha imediata para estas lajes é obtido usando-se


tabelas para cálculo de flechas em lajes retangulares, baseadas em Bares (1972).
Tepedino (1980), por meio de regressão polinomial, ajustou para a flecha imediata fi,
a seguinte expressão:

3.18
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___________________________________________________________________________

pia4
f i  f1 (3.20a)
E cs .h 3

Onde pi é o mesmo usado na equação (3.17).

3 2

K 1  b   K 2  b   K 3  b   K 4
f1 
a a a (3.20b)
1000

Com K1, K2, K3 e K4 fornecidos na tabela 3.2 abaixo, não se adotando para o
cálculo valores de (b/a) fora do intervalo 0,5 ≤ (b/a) ≤2.

Com os valores de K1 a K4 tabelados abaixo, organizou-se a tabela 3.9, mos-


trada adiante, para o cálculo de flechas nos seis tipos de lajes retangulares da figura
3.3. Nesta tabela, a partir do tipo de laje e da relação (b/a), extrai-se o coeficiente f1
que permite o cálculo da flecha com o emprego da equação (3.20a).

A discussão sobre rigidez equivalente, feita anteriormente, é mais acentuada


nas lajes armadas em cruz, tendo em vista que para as lajes armadas em uma dire-
ção, o modelo estrutural aproxima-se mais do comportamento das vigas, onde se
aplica efetivamente a formulação de Branson (1966), equação (3.18b).

Para efeito desta apostila, quando o momento em serviço for menor que o de
fissuração, ou seja, estádio I, deve-se adotar para a rigidez equivalente a mesma
dada pela equação (3.18a). Quando ocorrer o estádio II, mesmo com toda esta dis-
cussão sobre a validade da rigidez equivalente de Branson (1966) para lajes arma-
das em cruz, deve-se seguir a recomendação da NBR 6118:2014, ou seja, adotar
Branson (1966) também para verificação de flechas nestas lajes.

3.19
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___________________________________________________________________________

Tabela 3.2 – Valores dos coeficientes para cálculo das flechas (Tepedino)

LAJE K1 K2 K3 K4

A 0,4 -29,6 156,8 -79,8

B -1,0 -16,0 79,3 -29,9

C 14,4 -84,3 182,1 -87,9

D 7,2 -42,1 83,8 -26,6

E 1,9 -21,2 60,9 -23,3

F 2,0 23,0 69,2 -33,3

Assim para lajes armadas em duas direções tem-se as mesmas equações


(3.18a)* e (3.18b)* definidas anteriormente:

Estádio I - EI eq,t0  E csI c (3.18a)*

 M  3  M 
3
 
Estádio II - EI eq,t0  E cs  r
 I c  1   r  I II   E cs I c (3.18b)*
 M a    M a   

3.20
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___________________________________________________________________________

A equação (3.19) que calcula a flecha em lajes retangulares, apresenta o va-


lor do produto Ecs.h3 e não a rigidez à flexão E . Portanto para levar em conta a rigi-
dez equivalente, conforme equações (3.18a) e (3.18b), basta usar o próprio valor de
h da laje no estádio I e para o estádio II o valor da altura equivalente heq em substi-
tuição a h, dada por:

12I eq
(cm)
h eq  3 (3.21)
100

Com eq obtido de (3.18b) e os valores de h e dados em cm .

3.5.3 – Flecha diferida no tempo para lajes de concreto armado

Segundo o item 17.3.2.1.2 da NBR-6118:2014, a flecha adicional diferida, de-


corrente das cargas de longa duração em função da fluência, pode ser calculada de
maneira aproximada pelo produto (fdif = f fi) da flecha imediata fi pelo fator f dado
pela expressão:

Δξ
αf  (3.22)
1  50ρ '

onde:
A 's
ρ'  (3.23)
b.d

é um coeficiente função do tempo, que pode ser obtido diretamente na tabela 3.3,

ou ser calculado pelas expressões seguintes:

Δξ  ξ(t) ξ(t 0 ) (3.24)

ξ(t)  0,680,996 t 0,32


t
para70
t meses
≤ (3.25)

3.21
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ξ(t)  2 para t > 70 meses (3.26)

Onde t é o tempo em meses em que se deseja o valor da flecha diferida

t0 é a idade em meses, relativa à data de aplicação da carga de longa

duração. No caso das parcelas das cargas de longa duração serem a-


plicadas em idades diferentes, pode-se tomar para t0 o valor ponderado
a seguir:

 Pi t 0i
t0  (3.27)
 Pi

Onde Pi representa a parcela de carga “i” e t0i é a idade em que se aplicou


esta parcela, em meses.

Tabela 3.3 – Valores do coeficiente em função do tempo

Tempo (t)
0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 70
- meses-
Coeficiente
0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
(t)

O valor da flecha total no tempo t é a soma da flecha imediata fi mais a parce-


la adicional diferida (fdif = f . f i) resultando ftot = f i + α ffi = (1 + αf) fi. Assim para situ-
ações normais em que se deseja a flecha no tempo infinito, para cargas aplicadas a

partir dos 14 dias, aproximadamente t0 = 0,5 mês, com ’ = 0 (não se tem armadura
dupla em lajes), obtém-se para f o seguinte valor:

f = ( ) - (0,5) 0,54
= 2 –= 1,46 (3.28)

Portanto, a flecha total será dada por:

3.22
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___________________________________________________________________________

ftotal = (1 + f) f i = 2,46 fi (3.29)

Na expressão (3.29) fi se refere à carga de serviço pi = g + 2.q (parcela


permanente mais a parcela quase permanente da carga acidental da laje), ou seja,
as parcelas afetadas pela fluência do concreto. Portanto, pode-se obter a flecha total

no tempo infinito f usando-se a mesma equação (3.20a) da flecha imediata, substi-


tuindo o valor da carga pi por p , da seguinte forma:

pa4
f   1  α f f i  f 1 (3.30)
E csh 3

Com
p = (1 + f) pi = (1 + α.f)q)
(g + 2 (3.31)

Para o valor (1 + ) = 2,46 e considerando-se edifícios residenciais 2 = 0,3,


f
obtém-se:

p= 2,46 (g + 0,3 q) = 2,46 g + 0,738 q (3.32)

3.6 – Prescrições da NBR 6118:2014 referentes às lajes

3.6.1 – Espessura mínima das lajes maciças

Segundo o item 13.2.4.1 da NBR-6118:2014, “nas lajes maciças devem ser res-
peitados os seguintes limites mínimos para a espessura h :

a) 7 cm para lajes de forro não em balanço;


b) 8 cm para lajes de piso não em balanço;
c) 10 cm para lajes em balanço;

3.23
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___________________________________________________________________________

d) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 KN;
e) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 KN;
f) 15 cm para lajes com protensão apoiadas em vigas, (l/42) para lajes de piso bia-
poiadas e (l/50) para lajes de piso contínuas;
g) 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes-cogumelo.

No dimensionamento das lajes em balanço, os esforços solicitantes de cálculo a se-


rem considerados devem ser multiplicados por um coeficiente adicional γn de acordo
com o indicado na tabela 13.2.”

Tabela 3.4 – Valores do coeficiente adicional γn para lajes em balanço


Tabela 13.2 da NBR 6118:2014
h
≥1918 17 16 15 14 13 12 11 10
(cm)
γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35 1,40 1,45
onde
γn = 1,95 – 0,05 h ;
h é a ltura da laje, expressa em centímetros (cm).
NOTA O coeficiente γn deve majorar os esforços solicitantes finais de cálculo na
lajes em balanço quando de seu dimensionamento.

Segundo o item 14.7.8 da NBR 6118:2014 lajes-cogumelo são lajes apoiadas di-
retamente em pilares com capitéis, enquanto lajes lisas são as apoiadas nos pilares
sem capitéis. Capitel é o engrossamento da espessura da laje na região dos pilares
efetivando melhorar sua resistência à punção.

3.6.2 – Deslocamentos limites

Segundo o item 13.3 da NBR-6118:2014, deslocamentos limites são valores


práticos para verificação em serviço do estado limite de deformações excessivas da
estrutura. Esses valores devem obedecer aos limites estabelecidos na tabela 13.3
da NBR-6118:2014. Para o caso das lajes, a flecha máxima em serviço quando atu-

3.24
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

ar a totalidade das cargas deve ser ( / 250 ), onde é o menor vão da laje retangu-
lar. Quando atuar apenas a carga acidental esse limite deve ser considerado igual a
( / 350 ). Para lajes em balanço o vão equivalente a ser considerado deve ser o do-
bro do comprimento do balanço, portanto a flecha na extremidade de um balanço
com vão ( ) deve ser menor que ( /125) quando atuar a carga total.

Deslocamentos excessivos podem ser parcialmente compensados por con-


traflechas, entretanto a sua atuação isolada não pode ocasionar um desvio do pla-
no da laje maior que ( / 350).

3.6.3 – Cobrimento nominal mínimo

Segundo o item 7.4.7.2 da NBR-6118:2014, cobrimento nominal cnom é o co-


brimento mínimo cmin acrescido da tolerância de execução c, que para obras cor-
rentes deve ser maior ou igual a 10 mm. Quando houver um adequado controle de

qualidade e rígidos limites de tolerância da variabilidade das medidas durante a exe-


cução pode ser adotado o valor c = 5 mm, mas a exigência de controle rigoroso
deve ser explicitada nos desenhos de projeto. Nesse caso permite-se, então, a re-
dução dos cobrimentos nominais dados na tabela 2.8 em 5 mm.

Nesta tabela os cobrimentos nominais para as lajes variam de 5 mm em 5


mm, desde a classe de agressividade CAA I até a classe CAA IV.

Segundo a tabela 7.2 da NBR 6118:2014, transcrita na tabela 2.8 desta apos-
tila “para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de
contrapiso, com revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa
de revestimento e acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos ce-
râmicos, pisos asfálticos e outros tantos, as exigências desta tabela podem ser
substituídas por 7.4.7.5, respeitado um cobrimento nominal ≥ 15 mm.”

O item 7.4.7.5 da NBR 6118:2014 estabelece que o cobrimento nominal de


uma barra deva sempre ser maior que o diâmetro da barra ( cnom barra).

3.25
Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs) Lajes
___________________________________________________________________________

3.6.4 – Vãos efetivos de lajes

Segundo o item 14.7.2.2 da NBR-6118:2014, quando os apoios puderem ser


considerados suficientemente rígidos quanto à translação vertical, o vão efetivo deve
ser calculado pela seguinte expressão:

ef = 0 + a1 + a 2 (3.33)

Onde:
 0 é o vão livre, ou seja, distância entre as faces dos apoios;
 a1 e a2 são em cada extremidade do vão o menor entre os valores:
0,3h e ti/2, com h a espessura da laje e ti a largura do apoio i.

3.6.5 – Aproximações para diagramas de momento fletor

Este é o item 14.7.6.2 da NBR-6118:2014, que trata da compensação de


negativos entre lajes contíguas.

“Quando houver predominância de cargas permanentes, as lajes vizinhas podem ser


consideradas como isoladas, realizando-se compatibilização dos momentos sobre
os apoios de forma aproximada.
No caso de análise plástica, a compatibilização pode ser realizada mediante altera-
ção das razões entre momentos de borda e vão, em procedimento iterativo, até a
obtenção de valores equilibrados nas bordas.
Permite-se, simplificadamente, a adoção do maior valor de momento negativo ao
invés de equilibrar os momentos de lajes diferentes sobre uma borda comum.”

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Figura 3.6 – Compensação de momentos negativos – Regime elástico

Na figura 3.6 está indicado esquematicamente o diagrama de momentos fleto-


res de duas lajes contíguas calculadas isoladamente no regime elástico e represen-
tado pelo diagrama tracejado. Os valores máximos dos momentos fletores sobre o
apoio central são respectivamente XL1 e XL2 para as lajes L1 e L2. Depois da com-
pensação dos negativos o diagrama final em linha cheia apresenta sobre o apoio
central o valor (XFinal compensado) dado pelo maior entre os valores:

XFinal ≥ 0,8 Xmax ou XFinal ≥ Xmed = (XL1 + XL2) /2 (3.34)

No caso das lajes no regime rígido-plástico o procedimento iterativo para a


obtenção dos valores equilibrados nos engastes por ser muito trabalhoso, normal-
mente é simplificado pela adoção do maior entre os momentos negativos das lajes
que chegam ao mesmo apoio (conforme recomendado na NBR 6118:2014).

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Na figura 3.6 o momento negativo final compensado é menor que o momento


negativo da laje L1 e maior que o da laje L2. No primeiro caso o diagrama final de
momentos positivos da L1 apresenta momento máximo maior que o diagrama da laje
isolada e no segundo caso ocorre exatamente o contrário. Desta forma deve-se au-
mentar o momento positivo da laje L1 isolada da diferença ∆ML1 e diminuir o da laje
L em ∆M .
2 L2

Na compensação dos momentos das lajes no regime elástico costuma-se a-


penas aplicar a diferença ∆MLi no caso do aumento do momento positivo. A diminui-
ção não se aplicaria, como medida adicional de segurança. A diferença ∆MLi é dada
genericamente pelo valor aproximado e usual: ∆MLi = 0,3 ∆XLi.

3.6.6 – Armadura longitudinal mínima

Os princípios básicos para o estabelecimento da armadura mínima para lajes


são os mesmos dados para elementos estruturais lineares, item 17.3.5.1 da NBR-
6118:2014. Como as lajes armadas em duas direções têm outros mecanismos resis-
tentes possíveis, os valores mínimos das armaduras positivas são reduzidos em re-
lação aos dados para elementos lineares (vigas).

Para melhorar o desempenho e a dutilidade à flexão, assim como controlar a


fissuração, são necessários valores mínimos de armadura passiva, dados na tabela
3.5. Essa armadura deve ser constituída preferencialmente por barras com alta ade-
rência ou por telas soldadas.

Nota-se na tabela 3.5 que os valores das taxas geométricas ρs para momen-

tos negativos das lajes em geral e do momento positivo apenas das lajes armadas
em uma direção obedecem aos mesmos valores mínimos ρmin que os praticados nas
vigas. Já para os momentos positivos das lajes armadas em duas direções e para os
momentos negativos de bordas sem continuidade este valor é reduzido em
(2/3)=0,67. Nas lajes armadas em duas direções isto se deve ao seu funcionamento,
ou seja, quando uma direção sofre flexão a outra solidariamente sofre torção, contri-

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buindo assim para um maior enrijecimento desta laje e diminuição dos momentos
fletores nas duas direções.

Tabela 3.5 – Valores mínimos para armadura passivas em lajes


Adaptada da tabela 19.1 da NBR 6118:2014

Elementos estruturais sem armaduras ati-


Tipo de armadura
vas
Armaduras negativas ρs ≥ ρmin
Armaduras negativas de bordas
ρs ≥ 0,67 ρmin
sem continuidade
Armaduras positivas de lajes
ρs ≥ 0,67 ρmin
armadas em duas direções
Armadura positiva ( principal) de
ρs ≥ ρmin
lajes armadas em uma direção
Armadura po sitiva (secundária) As,sec 0,20 As,princ
de lajes armadas em uma dire- As,sec 0,9 cm2/m
ção s 0,5 min

Onde:
As As
ρs   (3.35)
bh 100h

é a taxa geométrica de armadura da seção transversal genérica das lajes ( 100xh).


Os valores de min estão apresentados na tabela 2.6 (armadura mínima para vigas)
observando-se a relação (d/h) da laje considerada.

Os valores de ρmin da tabela 2.6 foram calculados para aços CA 50 e CA 60


(normalmente usado no dimensionamento das lajes) pressupondo coeficientes de
minoração dos materiais c = 1,4 e s = 1,15. Caso haja mudança em um dos parâ-

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